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Alfabetização e Escola

em Portugal na
transição de século
António Cadeias
Unidade Curricular de Políticas Educativas
Licenciatura em Educação (3º ano)
Docente: Esmeraldina Veloso
Discentes:
Diana Ferreira (A98914)
Maria Alice Fernandes (A92447)
Conceitos basilares
Alfabelização Escolaridade
obrigatória
·Não ocorre num contexto
formal, é caracterizada por ser É Tutelada pelo Estado;
a procura de conhecimentos
escritos, de cálculo, noutros
contextos;
Logica alfabetizadora
Há uma motivação individual para aprender a ler e a
escrever, ou seja, as pessoas procuram
conhecimento fora da idade escolar, já na idade
adulta e fora do contexto formal. Regem-me por
interesses concretos.
Logica de escolarização
Realiza-se a partir dos 6/7 anos e existe
uma obrigação imposta pelo Estado, de
todos os alunos daquela idade
frequentarem a escola. Assim sendo, é a
Educação Estatal Obrigatória.
RELIGIÃO E CAPITALISMO NO
RELANÇAMENTO DA ESCRITA

O texto inicia-se com a constatação de que as sociedades ocidentais se


alfabetizaram do século XVI ao século XIX e se escolarizaram durante e a
partir do século XIX (Candeias, 1998)
Religião
Reforma protestante e a Contra
Reforma Católica (em algumas zonas
da europa);
Capitalismo
Aumento exponencial do comércio europeu e
mundial a partir da expansão marítima começada
no século XV, que inicia um período de mudança
que se estende pela revolução Industrial e pela
construção em termos contemporâneos do
conceito de Estado Nação;
Reforma protestante e
Contra Reforma Católica

As igrejas protestantes, como a Igreja Luterana, promoveram a leitura


direta da Bíblia por parte de todos, terminando com o seguimento
linear daquilo que os sacerdotes diziam em latim, fazendo com que a
Bíblia fosse traduzida para a língua nacional das pessoas para que
estas conseguissem efetuar as suas interpretações.

(Candeias, 1998).
Reforma protestante e
Contra Reforma Católica
A Contra Reforma, por sua vez, também promoveu a alfabetização, mas com um
objetivo diferente:

Combater a Reforma protestante

As igrejas católicas criaram escolas e catecismos para instruir os fiéis nos princípios da fé
católica. Assim sendo, como refere Candeias (1998) a Contra Reforma também faz uso
das letras para a evangelização, sobretudo nas zonas onde se sente mais ameaçada, por
exemplo, em algumas regiões francesas e do Norte e Centro da Europa.
Aumento exponencial do
comércio europeu e mundial

O aumento exponencial do comércio europeu e mundial a


partir da expansão marítima, no século XV, promoveu a
alfabetização, pois as pessoas precisavam de saber ler e
escrever para negociar, realizar contratos e manter registros.
Assim, sentiram a necessidade de aprender a ler e a escrever
para comerciar.
Da Alfabetização
Informal e Autónoma à
Escolaridade
obrigatória nas
sociedades ocidentais
De facto, o surto alfabetizador não se deve unicamente ao sentimento religioso de
católicos e de protestantes, mas também ao facto de em muitas cidades, aldeias e
vilas se terem verificado

“autênticas vagas de escolarização e alfabetização cujas origens se devem encontrar


nas próprias populações” (Candeias, 1998,p.4).
Período de Alfabetização Informal e
Autónoma
(do século XVI ao século XIX)
Instalaram-se escolas com professores contratados, pelas paróquias,
famílias e Câmaras Municipais.

Segundo Candeias (1998) estas escolas abrangiam sobretudo crianças,


com critérios de idade ainda vagos e optavam por currículos imprecisos
e diversificados, sustentando-se sobretudo na instrução religiosa e na
leitura e escrita.
Período de Alfabetização Informal e
Autónoma
(do século XVI ao século XIX)

Os professores ensinavam alunos no campo, um a um ou dois a dois, e


o último domingo de mês estava destinado à coleta do ordenado
(Candeias, 1998).
Neste tópico Candeias (1998) ao
afirmar que estas escolas não
combinavam com currículos
extensos crítica, de uma forma
implícita, os currículos extensos da
escolaridade obrigatória

os alunos aproveitam deles apenas


aquilo que querem e precisam
Na nossa perspetiva...
Concordamos com o autor na medida em que ao longo da nossa
escolaridade obrigatória nos deparamos com um vasto leque de conteúdos
lecionados, não vendo, em alguns deles, a priori uma utilidade clara para a
nossa vida quotidiana, fazendo com que a nossa atenção para esses tópicos
fosse diminuta.

Sabemos hoje, que os objetivos se prendiam com um


desenvolvimento intelectual e holístico, mas em idades mais
jovens isto não é tao fácil assim de concluir.
Escolaridade obrigatória
(século XIX e princípios do século XX)
Caracteriza-se por ser uma transição para uma educação estandardizada,
estatal, obrigatória e compulsiva. A escolaridade estatal obrigatória representa o
triunfo da noção de Estado Nação.

Redimensionamento do poder:

Família

Estado
O caso português

Antônio Bernardo da Costa


Cabral, ex-primeiro-ministro de
Portugal, em 1844 elaborou
uma lei que introduziu o
princípio da escolaridade
obrigatória.
De facto, “tratava-se de uma obrigatoriedade legislada que se aplicava a
crianças que se encontrassem a viver em povoações onde existissem escolas de
instrução primária (…) ou que vivessem apenas a 1,250 m de tais escolas”
(Candeias, 1998, p.9).

Ora, entre escolas para raparigas e para rapazes existiam, em 1840, apenas 991,
o que revelava que tal lei não era, efetivamente, para cumprir (Candeias, 1998).
Além disso, estava legislado que aqueles que vivessem dentro do raio
geográfico que determinava a obrigatoriedade de frequentar uma escola e que
a ela não enviassem os seus “filhos ou outros subordinados desde os 7 aos 15
anos” estavam sujeitos a “primeiro a aviso, depois a intimidação (…) e por fim a
multa… “. Ainda, ficariam exemptos do cumprimento da lei aqueles que
“provassem que os meninos já possuíam os conhecimentos daquele grau de
ensino, ou que poderiam obtê-los de outra forma sem recorrer ao ensino
oficial, ou ainda que por sua excessiva pobreza não os pudessem enviar à
escola… “ (Carvalho, 1986, 578).
De facto, Portugal foi dos países pioneiros (1844) na determinação da
escolaridade obrigatória primária, mas entre a sua consagração em lei e a sua
concretização existiram vastos anos de processo (CNE, 2017).
Basta observarmos o Quadro I, Portugal em 1870, ou seja, 26 anos após a
elaboração da lei tomada pelo governo de Cabral, estava juntamente com
países como a Grécia e a Itália, no conjunto dos menos escolarizados
(Candeias, 1998).
Algumas das razões que levaram ao atraso de
Portugal em concretizar a escola obrigatória:

·Portugal não tinha necessidade de usar a escola como


estratégia de violência simbólica, porque não tinha diversidade
étnica. Assim sendo, éramos um país relativamente
homogéneo ao nível de língua e de cultura;

O facto de Portugal ter mantido as fronteiras sem grandes


guerras é uma das causas.
Algumas das razões que levaram ao atraso de
Portugal em concretizar a escola obrigatória:

·Portugal era um país pobre, não tinha condições para


implementar a escola para todos.

Apesar de ter sido um país precoce ao nível da lei, só em 1950


com á ditadura de Salazar vai haver uma vontade política de
tornar a escola obrigatória para todos.
1950

Até 1950 em Portugal este movimento de alfabetização informal e autónoma


dominou porque as taxas de frequência da escola obrigatória eram inferiores
à taxa da frequência dos adultos à procura da alfabetização. As pessoas
procuram a alfabetização em outros contextos que não a escola e não na idade
que o Estado propõe.
1950

Os Censos Populacionais, de 1890 a 1940, corroboram esta informação já que


se verifica que as idades de escolarização e alfabetização da população
portuguesa são tardios relativamente à norma que fixava a escolaridade
obrigatória “entre os 7 e os 11 anos ou entre os 7 e os 13 anos conforme as
épocas, e que o número de alfabetizados crescia quer em percentagem quer
em números absolutos muito para além de tais idades”

(Candeias, 1998, p.17)..


LÓGICA ALFABELIZADORA
Ocorreu na década de 50 do
século XX, com a ditadura de
Salazar por questões políticas,
LÓGICA DE ESCLARIZAÇÃO
externas e internas. Neste
período cedeu-se a pressões
externas económicas da OCDE e
houve uma vontade política de
tornar a escolaridade obrigatória,
pois se percebeu que através da
educação era possível moldar as
pessoas e transmitir a doutrina
do Estado
r o s p a í s e s . . .
Nout
a d o ra p a r a u m a
ló g ic a a lf a b e tiz
ag e m d e u m a d o
A pass v e u -s e à c o n st ru ç ã o
sc o la riz a ç ã o , de
lógic a de e in s t â n c ia d e
s c o la c o m o u m a
d o N a ç ã o e à e a
Es ta da p a r a c r ia r u m
ó li c a , p r o p o s it a
vio lê n cia - sim b r e l a c io n ou
is s o , ta m b é m s e
a c io n a l . A lé m d se
identid a d e n se v a lo r e s q u e
a d ã o , im p o n d o -
s tru ç ã o d o cid lo gia
com a con co n h e c e r , lig a d o s à id e o
q u e e s te t e m d e
pressupõ e t e .
s s e d o m in an
da cla
Conclusão
Referências
Bibliográficas
https://www.cnedu.pt/content/noticias/geral/.pdf

Carvalho, R. (1986. História do ensino em Portugal desde a


fundação até ao fim do Regime de Salazar- Caetano.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian

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