ESPIRITO SANTO - ES
DIVERSIDADE LINGUISTICA
https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwi97PP_y-
O Brasil é um país que tem uma língua oficialmente reconhecida, que é o português,
falado pela imensa maioria de seus habitantes. A língua portuguesa foi herdada dos
colonizadores portugueses que aqui chegaram no século XVI. Por volta do ano de
1500, quando chegou a frota de Pedro Álvares Cabral, na costa do país que hoje
conhecemos como Brasil havia uma população estimada em cerca de seis milhões de
índios, organizados em diferentes povos indígenas, com diferentes culturas e
denominações. Cada povo portador de uma cultura tinha uma língua própria,
caracterizada por regras linguísticas, vocabulários, uma estrutura gramatical
particular. Por uma processo histórico que desenvolveu-se nos últimos 400 anos de
contatos destas sociedades indígenas primeiramente com os europeus e mais tarde
com a população nacional, a maioria destes povos desapareceu e a população
indígenas chegou a um número alarmante: apenas 300.000 pessoas, enquanto a
população nacional soma mais de 150 milhões de brasileiros. Houve um verdadeiro
genocídio neste período. Hoje, estima-se que a população indígena brasileira está se
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recuperando e que, pela primeira vez na história, os números experimentam um
aumento ao invés de uma diminuição.
Estima-se que atualmente existem, no Brasil, cerca de 200 línguas indígenas faladas
por quase igual número de povos que habitam este território. Estas línguas estão
filiadas a dois troncos linguísticos principais, o Tupi e o Macro-Jê, a duas famílias
linguísticas mais importantes, o Aruak e o Karib e a outras famílias menores.
Para saber o parentesco entre as línguas, os pesquisadores observam os cognatos,
que são palavras que línguas com a mesma origem conservam em comum e a
regularidade dos sons. Desta maneira o parentesco entre as línguas variam da
seguinte maneira: línguas pertencentes a um mesmo tronco têm entre si, 12% a 36%
de cognatos. Línguas da mesma família, têm entre 36% a 80% de cognatos e dialetos
tem 80% ou mais de semelhantes. O exemplo abaixo deixará mais claro o que se está
afirmando. Para tal, tomamos um caso que estamos mais familiarizados, qual seja, a
família linguística do Latim.
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HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
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quebrar o trabalho que ela havia acabado de terminar. No que a mulher índia
respondeu: "- Porque ele quer."
Podemos também obter algumas noções de como era feita a educação entre
os índios na série Xingu, produzida pela extinta Rede Manchete de Televisão. Neste
seriado podemos ver crianças indígenas subindo nas estruturas de madeira das
construções das ocas, numa altura inconcebivelmente alta.
Quando os jesuítas chegaram por aqui eles não trouxeram somente a moral,
os costumes e a religiosidade européia; trouxeram também os métodos pedagógicos.
Este método funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando
uma nova ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas
por Marquês de Pombal. Se existia alguma coisa muito bem estruturada em termos
de educação o que se viu a seguir foi o mais absoluto caos. Tentaram-se as aulas
régias, o subsídio literário, mas o caos continuou até que a Família Real, fugindo de
Napoleão na Europa, resolve transferir o Reino para o Novo Mundo.
Na verdade não se conseguiu implantar um sistema educacional nas terras
brasileiras, mas a vinda da Família Real permitiu uma nova ruptura com a situação
anterior. Para preparar terreno para sua estadia no Brasil D. João VI abriu Academias
Militares, Escolas de Direito e Medicina, a Biblioteca Real, o Jardim Botânico e, sua
iniciativa mais marcante em termos de mudança, a Imprensa Régia. Segundo alguns
autores o Brasil foi finalmente "descoberto" e a nossa História passou a ter uma
complexidade maior.
http://www.scielo.br/img/revistas/hcsm/v17n2/15f01.jpg
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A educação, no entanto, continuou a ter uma importância secundária. Basta
ver que enquanto nas colônias espanholas já existiam muitas universidades, sendo
que em 1538 já existia a Universidade de São Domingos e em 1551 a do México e a
de Lima, a nossa primeira Universidade só surgiu em 1934, em São Paulo.
Por todo o Império, incluindo D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, pouco se
fez pela educação brasileira e muitos reclamavam de sua qualidade ruim. Com a
Proclamação da República tentou-se várias reformas que pudessem dar uma nova
guinada, mas se observarmos bem, a educação brasileira não sofreu uma processo
de evolução que pudesse ser considerado marcante ou significativo em termos de
modelo.
Até os dias de hoje muito tem se mexido no planejamento educacional, mas
a educação continua a ter as mesmas características impostas em todos os países do
mundo, que é a de manter o "status quo" para aqueles que freqüentam os bancos
escolares.
Concluindo podemos dizer que a Educação Brasileira tem um princípio, meio
e fim bem demarcado e facilmente observável. Cada página representa um período
da educação brasileira cuja divisão foi baseada nos períodos que podem ser
considerados como os mais marcantes e os que sofreram as rupturas mais concretas
na nossa educação. Está dividida em texto e cronologia, sendo que o texto refere-se
ao mesmo período da Cronologia. A cronologia é baseada na Linha da Vida ou Faixa
do Tempo montessoriana. Neste método é feita uma relação de fatos históricos em
diferentes visões. No nosso caso realçamos fatos da História da Educação no Brasil,
fatos da própria História do Brasil, que não dizem respeito direto à educação, fatos
ocorridos na educação mundial e fatos ocorridos na História do Mundo como um todo.
Estes períodos foram divididos a partir das concepções do autor em termos
de importância histórica. Se considerarmos a História como um processo em eterna
evolução não podemos considerar este trabalho como terminado.
Novas rupturas estão acontecendo no exato momento em que esse texto está
sendo lido. A educação brasileira evolui em saltos desordenados, em diversas
direções.
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A RECONSTRUÇÃO EDUCACIONAL NO BRASIL – AO POVO E AO GOVERNO
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Filho, Carneiro Leão, Armando Hildebrand, Pachoal Leme, Paulo Freire, Lauro de
Oliveira Lima, Durmeval Trigueiro, entre outros.
Depois do golpe militar de 1964 muito educadores passaram a ser
perseguidos em função de posicionamentos ideológicos. Muito foram calados para
sempre, alguns outros se exilaram, outros se recolheram a vida privada e outros,
demitidos, trocaram de função.
O Regime Militar espelhou na educação o caráter anti-democrático de sua
proposta ideológica de governo: professores foram presos e demitidos; universidades
foram invadidas; estudantes foram presos, feridos, nos confronto com a polícia, e
alguns foram mortos; os estudantes foram calados e a União Nacional dos Estudantes
proibida de funcionar; o Decreto-Lei 477 calou a boca de alunos e professores; o
Ministro da Justiça declarou que "estudantes tem que estudar" e "não podem fazer
baderna". Esta era a prática do Regime.
Neste período deu-se a grande expansão das universidades no Brasil. E, para
acabar com os "excedentes" (aqueles que tiravam notas suficientes para serem
aprovados, mas não conseguiam vaga para estudar), foi criado o vestibular
classificatório.
Para erradicar o analfabetismo foi criado o Movimento Brasileiro de
Alfabetização – MOBRAL. Aproveitando-se, em sua didática, no expurgado Método
Paulo Freire, o MOBRAL propunha erradicar o analfabetismo no Brasil. não
conseguiu. E entre denúncias de corrupção... Foi extinto.
É no período mais cruel da ditadura militar, onde qualquer expressão popular
contrária aos interesses do governo era abafada, muitas vezes pela violência física,
que é instituída a Lei 5.692, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em
1971. A característica mais marcante desta Lei era tentar dar a formação educacional
um cunho profissionalizante. Dentro do espírito dos "slogans" propostos pelo governo,
como "Brasil grande", "ame-o ou deixe-o", "milagre econômico", etc., planejava-se
fazer com que a educação contribuísse, de forma decisiva, para o aumento da
produção brasileira.
A ditadura militar se desfez por si só. Tamanha era a pressão popular, de
vários setores da sociedade, que o processo de abertura política tornou-se inevitável.
Mesmo assim, os militares deixaram o governo através de uma eleição indireta,
mesmo que concorressem somente dois civis (Paulo Maluf e Tancredo Neves).
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RESGATANDO A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
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A produção colonial se ajustava às necessidades da procura europeia. Assim,
a economia colonial se desenvolveu sobre a agricultura e a mineração, exercida pela
mão-de-obra escrava, o que assegurava os interesses dos exploradores na lógica de
acumulação capitalista. Tal proposição econômica não era vislumbrada num modelo
de trabalhador assalariado, porque acreditava-se que, neste processo, os indivíduos,
diante da abundância de terra, optariam por produzir a sua subsistência,
desencadeando, assim, um descontrole da metrópole sobre a colônia.
A metrópole portuguesa, no Brasil, se estruturou pelo aparelho repressivo de
base militar, que garantia o aparato à estrutura administrativa (jurídica e fiscal) do
Estado, e o aparelho ideológico que se funda na Igreja Católica, com o propósito de
difundir a ideologia da exploração colonial, reforçando para a aceitação da dominação
e a “ressocialização” do índio para força de trabalho servil. É sobre este último
aparelho que se funda o processo de organização educacional na colônia.
Dentre as Ordens religiosas existentes no período, a de maior importância foi
a Companhia de Jesus, criada por Inácio de Loyola em 1540. Os primeiros padres
inacianos chegaram ao Brasil em 1549. Esta data é tida como marco do início da
história da educação no Brasil.
A Companhia de Jesus se organizou entre a atividade educacional tida como
a principal, voltada para a catequização (conversão) dos índios, e os serviços
religiosos voltados para os colonos. Para cumprir tal missão a companhia recebia
subsídio do Estado.
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Teologia. Toda esta organização perdurou até 1759, quando os padres jesuítas foram
expulsos do reino português e do Brasil. Ao longo destes duzentos anos de atividade,
a ordem de Inácio chegou a dirigir 578 colégios, 150 seminários e 728 casas de ensino
no mundo (FRANÇA, 1952).
A expulsão dos jesuítas dos territórios portugueses foi desencadeada por
inúmeros fatores dos quais apontaremos apenas alguns.
Desde o início da colonização, Estado e igreja, confundiam suas atribuições.
A Igreja sempre esteve presente no cotidiano da sociedade com funções que iam
desde catequizar e civilizar os índios, até instaurar todo o sistema de ensino, além de
outras funções que exerceram, conforme apresenta Gonçalves (1998, p. 38).
Além de educadores e missionários, os jesuítas fizeram sentir sua presença
no Brasil através de várias outras funções que exerceram durante todo o período
colonial: como conselheiros das principais autoridades administrativas, “como
construtores das maiores bibliotecas da colônia, como exploradores de sertões, e
como linguistas, historiadores, antropólogos, botânicos, farmacêuticos, médicos,
arquitetos e artesãos dos mais diversos tipos” (Grifos do autor).
No início do processo os jesuítas viviam de esmolas dadas pelos colonos e
de pensões da Coroa, o que era insuficiente para sua manutenção. Contudo,
posteriormente passaram a receber concessões territoriais como ajuda da Coroa, o
que lhes rendeu uma produção maior de capital, que foi revertido para aquisição de
lavouras de subsistência e canaviais com engenhos, colégios, inúmeras fazendas de
criação de gado, cavalos, porcos, ovelhas, cabras e aves, sem falar que a ordem
religiosa tornou-se uma das maiores proprietárias de escravos no Brasil. Isto veio
evidenciar, que os caminhos assumidos pelo clero deixavam de ter um caráter
puramente moral e missionário. Esta postura foi reforçada ainda, pelos conflitos
desencadeado entre colonos e jesuítas quando os jesuítas passaram a desviar
algumas mercadorias que chegavam ao porto para os seus armazéns,
comercializando-as com isenção de tributos alfandegários, isto significava uma
concorrência desleal com os colonos. Outro motivo de conflito foi o controle exercido
pelos jesuítas, sobre a mão-de-obra indígena.
Apesar das tensões já existirem a algum tempo, estas se acirraram na década
de 1750, com a substituição do Tratado de Tordesilhas de 1494, pelo Tratado de
Limites de 1750, entre Portugal e Espanha, o qual visava pôr fim às disputas territoriais
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dos referidos países, e que contudo agravou o conflito com os jesuítas na região das
Sete Missões, onde, após frustradas tentativas de inspeção territorial, deu-se início a
uma violenta batalha entre soldados dos dois países contra guerreiros guaranis
organizados pelos jesuítas.
Neste período, também, morreu D. João V e D. José I assumiu o trono. No
entanto, pouco familiarizado com os negócios do Estado, nomeia Sebastião José de
Carvalho e Mello para Secretário dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, e
gradativamente outros cargos. Em 1759, Carvalho e Mello recebeu o título de Conde
de Oeiras e mais tarde em 1770, o título de Marquês de Pombal, pelo qual se tornou
mais conhecido.
Tendo em vista que a prosperidade de Portugal dependia da economia
colonial, o Secretário implementou políticas econômicas, visando um aumento na
arrecadação real para reforçar o Estado, como verificamos em Gonçalves (1998, p.
45) “A política pombalina tinha como objetivo primordial o fortalecimento do Estado,
através da subordinação de todos os setores à Coroa, entre esses estavam o clero e
a nobreza, que gozavam, até então, de certa autonomia”.
Entretanto, tal medida provocou um descontentamento de um dos setores que
produziu um atentado (frustrado) contra o rei. O episódio serviu de pretexto contra a
nobreza e a Companhia de Jesus, quando a Companhia foi indicada como cúmplice
pela influência que exercia sobre a nobreza, repercutindo na expulsão dos jesuítas
em 1759. A Coroa ficou com todos os bens da ordem. Seus colégios e propriedades
foram leiloados ou usados para outros fins (Hospital Militar, Faculdade de Medicina, e
outros).
A política pombalina constituiu um conjunto de medidas para que Portugal
processasse uma indústria como da Inglaterra, numa tentativa de superar a
dominação.
Neste sentido é que um dos teóricos do período que ilustraram a Reforma
Pombalina, Antônio Nunes Ribeiro Sanches, concluiu que “domina os poderes da
sociedade quem tiver o poder do saber, isto é, as Luzes” (ALMEIDA, 2003, p. 105),
ou seja, só por meio de uma reforma educacional é que se poderia fortalecer o Estado.
Daí que o Alvará Régio de 1759 que extingue as Escolas Jesuítas, também
estabelece a Reforma dos estudos menores, criando, assim, a rede de Aulas Régias
para o Reino e colônias.
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A tônica da Reforma está na subordinação do estudo da Língua Latina pela
Língua Portuguesa, ou seja, os alunos só passavam para o ensino do latim depois de
dominar as operações básicas de ler, escrever e contar (em português). Isto porque o
Estado necessitava, para o seu quadro de funcionários, de trabalhadores que
soubessem ler e escrever em português e dominassem os cálculos, pois era o domínio
da língua portuguesa que iria possibilitar a ampliação das relações comerciais, o que
corresponderia à acumulação de capital ambicionada pelo Estado. Já no que diz
respeito à passagem para os Estudos Maiores, está só ocorria após requeridos os
conhecimentos que fundamentavam a religião cristã e as obrigações civis, o que vem
reforçar que a laicidade do ensino na Reforma foi parcial.
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A rede de Aulas Régias foi um esforço da coroa para suprir o vazio deixado
pelos jesuítas. Assim, o ensino passou a ser ministrado em aulas e escolas régias
por mestres nomeados pelos bispos, em geral mestres e capelães de engenho foram
os responsáveis pela educação.
As despesas geradas pela reforma fizeram com que os professores fossem
obrigados a cobrar emolumentos dos pais dos alunos até 1772, quando criou-se um
imposto específico para financiar a Reforma, o Subsídio Literário. O Subsídio Literário,
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além de suprir o ensino, também serviu para financiar a “ciência”, como nos casos da
construção de botica, fábricas de ferro e outras.
Como a Reforma de 1759 abarcou apenas o ensino das Humanidades, o
ensino voltado às Ciências ficou para as Reformas das Universidades de 1772, onde
foi integrado o curso de Filosofia. Temos aqui o marco para os primeiros cursos
superiores sem o caráter teológico, mas profissional, prático, para ocupar os cargos
administrativos e políticos, conforme expõe Romanelli.
A presença do príncipe Regente, D. João, por 12 anos, trouxe sensíveis
mudanças no quadro das instituições educacionais da época. A principal delas foi sem
dúvida, a criação dos primeiros cursos superiores (não-teológicos) na Colônia.
Embora organizados na base de aulas avulsas, esses cursos tinham um sentido
profissional prático. Dentre as escolas superiores, distinguiram-se a Academia Real
da Marinha e a Academia Real Militar, está mais tarde transformada em Escola Central
e Escola Militar de Aplicação, que tiveram a incumbência de formar engenheiros civis
e preparar a carreira das armas. Os cursos médico-cirúrgicos da Bahia e do Rio de
Janeiro foram às células das nossas primeiras Faculdades de Medicina. Não se pode
omitir a criação de um curso de Economia Política, que ficou a cargo de José da Silva
Lisboa. O Gabinete de Química organizado na Corte e o Curso de Agricultura criado
na Bahia, em 1812, foram duas tentativas de implantação do ensino técnico superior,
que, se não vingaram, pelo menos tiveram o mérito de trazer para a Colônia opções
diferentes em matéria de educação superior [...]. (1983, p. 38).
Os rumos dados à educação no Brasil durante o período colonial foram estes,
com políticas que sempre estiveram permeadas pelos interesses da igreja e da coroa
portuguesa. Pois, coube à igreja, através da ordem jesuíta, implantar todo o sistema
educacional na Colônia, o que serviu de suporte para o desenvolvimento da cultura
nestas terras.
O período que se segue é marcado pela vinda da família real para o Brasil.
Contexto no qual foi registrado a outorgação da 1ª Constituição Imperial em 1824.
Sobretudo, o maior destaque na educação se efetiva com o Ato Adicional à
Constituição, em 12 de novembro de 1834, o qual confere às províncias a
responsabilidade de promover e organizar o ensino primário e secundário, cabendo
ao poder central apenas a incumbência pela educação do município neutro e o ensino
superior.
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O monopólio do poder central sobre a regulamentação dos cursos superiores,
e em especial das faculdades de direito criadas nas décadas de 1820 de caráter
humanista, que era a preferência da população, influenciaram de forma significativa
na organização do currículo das escolas secundárias, levando-os a um caráter
propedêutico, isto é, preparatório para os cursos superiores. Romanelli (1983) diz que
o caráter que este nível de ensino assume, tem a ver com a aversão ao ensino
profissionalizante, isto é o reflexo de um sistema social escravocrata onde o trabalho
é visto como degradante e daí da mesma forma os cursos profissionalizantes.
A falta de recursos deixou ao abandono o ensino de primeiro e segundo graus,
com pouquíssimas escolas e entregue à iniciativa privada, o que reforçou ainda mais
o caráter propedêutico. Diferente do Ensino Superior, onde o Império despendeu
maior atenção, pois tinha interesse sobre a formação de mão-de-obra para a
ocupação das funções burocráticas.
Do período podemos acrescentar ainda, mesmo sem grandes alterações para
o quadro educacional, alguns encaminhamentos dados aos desassistidos, fatores
relevantes para registro, como o caso dos menores abandonados, órfãos, desvalidos,
que eram encaminhados aos Arsenais Militares e da Marinha para aprendizagem de
ofícios, e que acabavam por engrossar o contingente de trabalhadores. Nos
reformatórios e asilos o trabalho era tido como recurso moralizador e não como meio
de sustento.
Assim, os caminhos percorridos pela educação até este período do Império,
apontam para uma orientação que, conforme já constatamos, ora se deu para a
formação dos padres no exercício da atividade missionária, ou ora para a formação
dos quadros para o aparelho do Estado (oficias da justiça, fazenda e administração),
mas sempre para a formação dos filhos da classe dominante (proprietários de terras,
minas e mercadores), evidenciando que a educação não era para atender a todos,
mas apenas uma classe, a dominante.
O contexto que se segue com o século XIX na Europa, aponta para
discussões no âmbito de lutas por um Estado democrático, o que traz à tona princípios
como liberdade, igualdade e fraternidade. Tais princípios universais tencionaram os
antigos sistemas coloniais a superarem seus modos de produção estruturados sobre
a mão de obra escrava, adequando-se, portanto, às tendências do modo de produção
capitalista que se fundam na mão-de-obra livre. Neste sentido, à medida que esta
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organização de trabalho livre vai se incorporando ao sistema, em detrimento do
trabalho escravo, as atenções e críticas passam a centrar-se em torno das instituições
de regime monárquico, por serem estes regimes de caráter pouco democrático.
Este movimento internacional, endossado por mudanças que vinham
ocorrendo nas relações de trabalho, incidiu no Brasil ao final do século XIX, numa
reestruturação do Estado.
Esta articulação para a organização do novo regime conduziu os olhares das
políticas no Império para a abolição da Escravidão em 1888, e no que se refere à
educação, está passa a ser apontada como condição básica para garantir a
participação do povo, a condução do novo Estado. Neste período, são altos os
números do analfabetismo no país, o que exalta os ânimos dos democratas, que
conclamam tais índices como “vergonha nacional” (SCHELBAUER, 1998, p. 56),
acirrando ainda mais a crise do regime vigente.
A educação do povo, além de elemento fundamental na formação para a
cidadania, tinha por foco criar uma unidade nacional. Pois, o contingente de imigrantes
que adentravam o país era grande, o que inspirava uma insegurança nacional, num
período em que se acirravam as disputas imperialistas.
Entretanto, no que tange às propostas para educação no Brasil, estas foram
permeadas por intenso debate posto pelos positivistas (corrente positivista, baseia-se
na filosofia de Augusto Comte, que idealiza um homem prático, através de uma
educação utilitarista, onde há uma exaltação do cientificismo, critério fundamental
para a transformação da sociedade) que se colocaram contrários, aqui, àquelas
propostas difundidas na Europa.
Conforme nos apresenta Schelbauer (1998, p. 59), no Brasil, “os positivistas
são os mais ardentes opositores à intervenção do Estado na educação [...], à medida
que, na Europa, o princípio da intervenção do Estado era fortemente defendido pelos
positivistas [...]”. Além deste fator, a autora ainda apresenta outro que conduziu a este
episódio de conflito, a função da educação, que num primeiro momento teve uma
direção e depois (final de 1880) adquire outra: [...] as razões que motivaram as
primeiras discussões sobre a difusão da instrução pública elementar estavam
diretamente vinculadas ao processo, de transição do trabalho escravo para o trabalho
livre, por isso, atribuiu-se à educação a função de qualificar a mão-de-obra necessária
para efetivar essa transição, sem aprofundar a crise econômico-social. [...] As
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preocupações, que surgir uma estratificação social algo mais complexa do que a
predominante no período colonial.
A presença, pelo menos, de uma camada intermediária, se não surgida, mas
acentuada com a mineração, fez-se cada vez mais visível, principalmente na zona
urbana, onde se radicou. Sua participação na vida social passou então a ser mais
ativa, não tanto pelas atividades produtoras a que estava ligada – o artesanato, o
pequeno comércio, a burocracia – mas sobretudo pelo comprometimento político. Foi
nesta camada intermediária que se recrutaram os indivíduos ligados ao jornalismo, às
letras e principalmente à política. O período marcante de sua presença foi o da
Regência, por isso mesmo um dos períodos mais conturbados do século. O mercado
interno, criado e reforçado com a economia de mineração, foi um fator importante na
ascensão dessa classe intermediária, que Nelson Wernek Sodré prefere chamar de
pequena burguesia, pelas afinidades que teve com a mentalidade burguesa, também
em plena ascensão na Europa. Essa classe desempenhou relevante papel na
evolução da política no Brasil monárquico e nas transformações por que passou o
regime no final do século. E se ela pôde fazê-lo, isso se deve sobretudo ao instrumento
de que dispôs para afirmar-se como classe: a educação escolarizada.” (ROMANELLI,
1983, p. 37).
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Em meio a tudo isso, em 15 de novembro 1889, um golpe militar de apoio civil
extinguiu o Império e criou uma nova forma de governo: a República.
A construção do novo regime, segundo Benjamin Constant, passaria por dois
caminhos: “o Nós, isto é o poder de fato do Governo provisório nascido do fato do
golpe militar e um futuro poder de direito legitimado pelo voto popular e expresso em
uma Assembleia Constituinte” (FÁVERO, 1996, p. 69, grifos do autor).
No entanto, neste primeiro momento, o que surge é um governo provisório, o
qual teve por incumbência reordenar o país. Para isso, nomeou uma comissão para
elaborar o projeto constituinte. A constituição provisória foi outorgada em 22 de junho
de 1890, sob o decreto nº 510, como “Constituição dos Estados Unidos do Brasil”.
O novo regime supriu-se de grande apoio por parte do exército, de positivistas,
de republicanos, de maçons, de liberais e de trabalhadores.
Durante esta fase, foi decretada a separação da Igreja e do Estado, onde a
primeira passa para o âmbito das sociedades civil e privada.
No campo econômico e social o país não deixou de acenar, ainda que
timidamente, para a industrialização, bem como, contra a exploração do trabalho
infantil. O apoio internacional foi buscado junto ao compromisso do pagamento
integral da dívida externa. Já no que tange ao aspecto educacional, o decreto nº 6 de
19 de novembro de 1889 “extinguiu o voto censitário e impôs o saber ler e escrever
como condição do acesso a participação eleitoral” (FÁVERO, 1996, p. 72), enquanto
que outros decretos estabeleciam a laicização do ensino público e a competência às
unidades federadas (Estados e municípios) da instrução pública, como também a
regulamentação da existência de escolas, para além das oficiais: as livres e as
religiosas.
Medidas como a descentralização do ensino, onde o Ensino Superior e
Secundário passam a ser incumbência da União, enquanto que o Estado responde
pelo Ensino Primário e Profissional, foram reforçadas com a promulgação da
“Constituição da República Federativa dos Estados Unidos do Brasil” no dia 26 de
fevereiro de 1891, quando foi eleito como presidente constitucional o Marechal
Deodoro.
O país então passa a contar com uma nova ordem jurídica, que abarca a
divisão de poderes, direitos civis, políticos, e de caráter federalista. No que abrange
os assuntos da instrução, a autonomia dos Estados levou a um agravamento do
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Sistema Educacional Brasileiro, criando em todo o país propostas díspares, sem falar
na falta de recursos financeiros de alguns estados para equipar seus aparelhos
educacionais, o que reforçou ainda mais a dualidade do sistema de ensino. Contudo,
cabe ressaltar que a reforma do ensino não foi uma exclusividade dos mentores da
República, pois esta questão, como vimos, já se agitava durante o período
monárquico.
Todavia, ainda durante todo o período republicano, foram inúmeras as
discussões que se pautavam nos aspectos da instrução (principalmente elementar),
voltada, sobretudo, para uma base comum de conhecimento em torno dos
sentimentos nacionais. Este enfoque na questão nacional se deu principalmente
diante das circunstâncias em que o país vivia, de necessidade de afirmação do novo
regime republicano, e dos fatores que assolavam o mundo como a primeira Guerra
Mundial, o que imprimia um certo temor nos governantes, diante da grande colônia
alemã no sul do país. Não descartando, é claro, que, no que se refere aos
conhecimentos, estes eram tidos como de grande importância para o desenvolvimento
da nação, bem como, símbolo de status para a burguesia.
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mais tarde por volta de 1931, desesperando cafeicultores que pressionavam o
governo para criação de mecanismo de defesa, no que se referia o valor de seus
produtos no mercado. A carestia nas classes menos favorecidas se acentuava,
agitando o país socialmente.
Esta Primeira República, conhecida também por República Velha ou
República Oligárquica agroexportadora do café, foi cedendo espaço aos poucos aos
grupos tecnocratas, militares e empresários industriais. A economia que se voltava
para o mercado externo começa a se voltar para o mercado interno e para a
industrialização, ainda que de forma incipiente. O marco desta passagem foi o
Governo Provisório de Getúlio Vargas, governo de caráter populista, hábil, que soube
conquistar os diferentes setores da sociedade.
Este momento histórico é um marco na educação por conta dos vários
conflitos que se acirraram no âmbito educacional. No centro da disputa entre liberais
e católicos, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública (MESP), dirigido pelo
então Ministro Francisco Campos que promove a Reforma de 1931. Como vimos
anteriormente, não existia entre os estados uma articulação na organização do
sistema de ensino, e ainda diante dos outros problemas apresentados pela educação,
a proposta do ministro se estruturou através de decretos que passaram a ser
chamados de Reforma Francisco Campos.
Francisco Campos, ministro do recém-criado Ministério da Educação e Saúde
Pública (1930), procurou estruturar o sistema de ensino nacional através de cinco
decretos baixados entre abril e junho de 1931 e um outro complementar, datado de
1932. Foram eles:
23
Decreto que consolidou as disposições sobre o ensino secundário (nº 21.241,
14/4/1932) (PIMENTA, 1990, p. 30-31).
http://www.editoradobrasil.com.br/jimboe/img/galeria/historia/ano2/unidade4/JBH2228.jpg
28
Como exemplo deste poder estão as reformas de ensino produzidas no
período, estruturadas, sobretudo, nas orientações dos acordos firmados entre o
Ministério da Educação e Cultura (MEC) e a Agência Norte Americana para o
Desenvolvimento Internacional (USAID). Os princípios que nortearam tais diretrizes
apontavam para um atrelamento da escola com o mercado de trabalho. Segundo nos
coloca Ghiraldelli.
O ministro Roberto Campos, em palestra sobre “Educação e Desenvolvimento
Econômico”, procurou demonstrar a necessidade de atrelar a escola ao mercado de
trabalho. Sugeriu, então, um vestibular mais rigoroso para aquelas áreas do 3º grau
não atendentes às demandas do mercado. Para ele, toda a agitação estudantil
daqueles anos era devida a um ensino desvinculado do mercado de trabalho, um
ensino baseado em generalidades e, segundo suas próprias palavras, um ensino que,
“não exigindo praticamente trabalhos de laboratórios” deixava “vácuos de lazer”, que
estariam sendo preenchidos com “aventuras políticas”.
O ensino médio, segundo Campos, deveria atender à massa, enquanto o
ensino universitário fatalmente deveria continuar reservado às elites. Além do mais, o
ensino secundário deveria perder suas características de educação “propriamente
humanista” e ganhar conteúdos com elementos utilitários e práticos. Advogava-se
publicamente a profissionalização da escola média com objetivos de contenção das
aspirações ao ensino superior (2001, p. 169, grifos do autor).
É, portanto, sob estes referenciais que se teve a reordenação do ensino em
1968, que iniciou com a Reforma Universitária, pela Lei nº. 5.540, onde propôs dentro
de um viés empresarial, encaminhamentos a departamentalização dos cursos, a
matrícula por disciplina, o vestibular unificado e classificatório. Conforme expõe
Ghiraldelli.
A Lei 5.540/68 criou a departamentalização e a matrícula por disciplina,
instituindo o curso parcelado através do regime de créditos. Adotou-se o vestibular
unificado e classificatório, o que eliminou com um passe de mágica o problema dos
excedentes (aqueles que, apesar de aprovados no Vestibular, conforme a média
exigida, não podiam efetivar a matrícula por falta de vagas). Este problema dos
excedentes, na verdade, ficou longe de ser resolvido, uma vez que a nova lei apenas
usurpou o direito de matrícula dos estudantes já aprovados no Vestibular. De fato, o
problema de democratização do ensino superior foi “resolvido” pela ditadura militar
29
com o incentivo à privatização do ensino – na década de 70 o governo colaborou com
a abertura de cursos de 3º grau de duvidosa idoneidade moral. Aparentemente
simples, tais medidas provocaram, ao longo dos anos, uma profunda alteração na vida
universitária e na qualidade do ensino (2001, p. 175, grifos do autor).
Tal medida causou um certo descontentamento das frações de classe
(burguesia e classe média) que apoiaram o golpe, e as quais galgavam aquele nível
de ensino. Mobilizações de reivindicações por parte dos estudantes e trabalhadores
insurgiram neste momento, mesmo diante de tanta repressão, conforme explicita
Nadai (1990).
Em 1968 – ano marcado mundialmente pela ação política estudantil – o
movimento estudantil cresceu em resposta não só à repressão, mas também em
virtude da política educacional do governo, que já revelava a tendência, que iria se
acentuar cada vez mais, no sentido da privatização da educação, cujos efeitos são
sentidos até hoje. (p. 262).
E continua o autor referendando que:
A legislação autoritária da ditadura fazia tantas e tais restrições ao direito de
greve que, praticamente, proibia qualquer paralisação. Apesar disso, em maio
de 68, em Contagem, cidade de Minas Gerais, e em junho, em Osasco,
importante reduto industrial de São Paulo, os trabalhadores fizeram greve,
desafiando o poder policial da ditadura. [...] As lutas estudantis e operárias
contavam com apoio e colaboração de artistas e intelectuais (principalmente
os professores) que participavam sempre das manifestações públicas por
eles convocadas. (p. 263).
http://www.aldeiamaracu.org.br/imagens/aldeia/sirigipe.jpg
34
Todavia sabemos que as relações capital e trabalho destroem qualquer ilusão
de igualdade de oportunidade pela via educacional, ainda mais quando os geradores
desta desigualdade são respaldados pelo Estado.
Mas é em meio a estas relações econômicas, políticas e sociais, que a
educação está inserida, permeada por estes fatores, vai sendo delineada. Por isso,
após onze anos de tentativas e readequações, é que o dispositivo da
profissionalização compulsória, foi revogado. Está propositura se consolidou pela lei
nº 7.044 de 1982.
Há medida em que o modelo econômico entrou em recessão houve uma
desaceleração do desenvolvimento no país, a desigualdade social se acentuou,
surgem políticas assistencialistas. Em meio a esta crise econômica, uma proposta de
abertura política lenta e gradual. O descontentamento popular retoma a organização
dos movimentos sociais e as greves, conforme abordado por Nadai.
Entre 1981 e 1983, o Brasil havia mergulhado na sua pior crise econômica,
que ocasionara sérios efeitos sobre o conjunto da sociedade: reduziu o patamar geral
do investimento, concentrando-o na produção de gêneros para a exportação e para a
substituição das importações (“exportar é a solução” apregoavam os tecnocratas da
ditadura); provocou elevadíssimas taxas de inflação e de juros; acarretou significativas
perdas reais nos salários (sobretudo os médios), ocasionando redução do consumo
de bens duráveis. Além disso, a redução das atividades produtivas e a aceleração
inflacionária fizeram cair a receita tributária, ao mesmo tempo em que o governo
continuava a subsidiar determinados setores empresariais, surgindo, assim, um forte
déficit do chamado “orçamento monetário”, que era financiado pela expansão da
dívida pública interna. Tudo isso culminou com a expansão do setor financeiro,
fazendo com que o capital aplicado no “comércio de dinheiro” fosse o mais lucrativo.
Foi a montagem da chamada “ciranda financeira” que beneficiava os especuladores
em detrimento dos setores produtivos, principalmente da classe trabalhadora (1990,
p. 281, grifos do autor).
Com o desgaste do regime e a pressão popular, chegou-se às eleições diretas
para governadores dos estados em 1982. Delineou-se esta mesma proposta de
eleições diretas para a Presidência da República. Todos estes fatores levaram a forma
de governo autoritário, imperante, chegar ao fim em 1984. No ano seguinte foram
realizadas eleições indiretas para Presidência da República.
35
O período que se iniciou a partir de 1985 foi denominado de Nova República,
marcado por muitos acontecimentos, dentre eles, a retomada da economia às custas
do crescimento da inflação e da dívida externa do país. O que se constatou, segundo
Nadai, foi um desastre.
Os planos econômicos da Nova República foram desastrosos: não resolveram
o problema da inflação nem o das dívidas interna e externa; deterioraram os salários
e a economia popular; desorganizaram diversos setores produtivos; transformaram os
serviços públicos em caricaturas; feriram fundo a escola pública. Os especuladores,
os grandes grupos econômicos, os grandes bancos, os latifundiários e os grandes
proprietários urbanos tiveram as suas fortunas multiplicadas. (1990, p. 285).
Em meio a este emaranhado de acontecimentos econômicos e sociais, que o
país viveu, tivemos ainda a promulgação da Constituição Federal em 1988, a qual
aponta para a democratização do ensino, dando como princípios para a educação a
obrigatoriedade, configurada pelo acesso e a permanência na escola, garantida pela
gratuidade do ensino nos estabelecimento oficiais. A referida lei ainda estabelece um
Plano Nacional de Educação, que conduza à erradicação do analfabetismo, à
universalização e à melhoria da qualidade do ensino.
A lei maior do país foi seguida pela primeira eleição direta para presidência
da república, a qual foi realizada em 15 de novembro de 1989. As políticas que
transcorreram este contexto foram orientadas por princípios privatistas, bem como,
voltadas ao capital financeiro e estrangeiro, aprofundando ainda mais a dependência
econômica do país.
Os governantes da década seguinte, galgando desvencilhar se da crise dos
anos 80, buscaram mudanças pelas esferas social, política e ideológica. Sobretudo,
mudanças amarradas às diretrizes impostas pelos organismos internacionais.
O modelo instaurado é o neoliberalismo, que redefine a inserção do país na
economia, deflagrando um ajuste desta aos ditames da reestruturação global
econômica. Isto significou uma abertura do mercado nacional aos produtos
internacionais, o que desestruturou a indústria doméstica. Os paradigmas desta nova
lógica demandavam requisitos diferenciados de educação e qualificação profissional.
Disseminou se a ideia, segundo Shiroma, de que, “para ‘sobreviver’ à concorrência do
mercado, para conseguir ou manter um emprego, para ser cidadão do século XXI,
seria preciso dominar os códigos da modernidade” (2000, p. 56, grifos do autor).
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Atribuiu-se à educação um papel salvacionista. E uma vasta organização
internacional de organismos multilaterais propalou este ideário e exerceu importante
papel na definição das políticas públicas para a educação. Sobre o assunto Shiroma
nos traz que,
37
obrigatório. Muitas das orientações dos documentos voltavam-se para este nível,
visando à erradicação do analfabetismo, com a universalização do ensino.
O Ensino de 2º grau passou a ser denominado Ensino Médio, preservando
seu caráter histórico de formação geral preparatório para o Ensino Superior.
Já o Ensino Superior e mais extenso na sua estruturação, pois sofreu maior
interferência com a racionalização, flexibilização e parcerias na gestão dos recursos
financeiros. No que tange à Educação Profissional, esta foi regulamentada pelo
Decreto nº 2.208 de 1997, que desvincula-a necessariamente dos níveis de ensino.
Sofreu ainda uma divisão em 3 níveis: o Básico, que independe da escolaridade, o
Técnico, que requer nível médio e o Tecnológico, um curso superior de curta duração.
No entanto, como a prioridade estava no Ensino Fundamental, esta modalidade
acabou sendo atribuída novamente ao setor privado, ou conforme propôs os
documentos, as parcerias. Acompanhemos o exposto por Shiroma,
O governo esclarece que só destinará recursos para a expansão de prédios e
instalações mediante contrapartida de outros recursos que as escolas granjearem. Os
convênios com empresas e as vendas de serviços crescem assustadoramente nesse
nível de ensino. Cumpre destacar que o co-financiamento transfere parcial ou
totalmente a gestão de projetos às empresas que os financiam, ou seja, como
patrocinadoras acabam definindo e administrando os projetos que lhes interessam
utilizando equipamentos, professores, técnicos e alunos das escolas públicas.
Finalmente, tal separação configurou-se numa estratégia de lidar com a expansão do
ensino médio sem onerar o ensino superior (2000, p. 92).
Portanto, o que não se implementou, através das diretrizes do ensino, o
governo buscou junto aos inúmeros programas criados no contexto. Assim, a
educação tomou rumos alicerçados numa proposta de racionalização dos custos, num
horizonte de parcerias, aliada ao desenvolvimento das habilidades e competências,
que as políticas orientadoras do período reforçaram.
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MOVIMENTO BRASILEIRO DE ALFABETIZAÇÃO MOBRAL
Estrutura
A estrutura do MOBRAL era uma árvore de siglas, propiciando o empreguismo
característico das repartições públicas. A estrutura administrativa propunha-se a ser
descentralizada e subdividida em quatro níveis: a secretaria executiva (SEXEC), as
coordenações regionais (COREG), as coordenações estaduais (COEST) e as
comissões municipais (COMUN). A estrutura organizacional dividia-se em gerências
pedagógicas (GEPED), mobilização comunitária (GEMOB), financeira (GERAF),
atividades de apoio (GERAP) e em assessoria de organização e métodos (ASSOM) e
assessoria de supervisão e planejamento (ASSUP). Essa estrutura foi alterada por
três vezes entre os anos de 1970 e 1978, sempre criando mais cargos.
Em 1973, só no MOBRAL central estavam alocados 61 técnicos de formação
acadêmica (Quadro 3). Neste corpo consta inclusive cinco técnicos de formação
militar "para uma salutar visão multidisciplinar do problema" (CORRÊA, 1979, p. 126).
39
O MOBRAL foi se modificando aos poucos e cada vez mais buscando novas
saídas para garantir sua continuidade. Assim, depois do começo com a campanha de
alfabetização de adultos, descobriu que a Lei de sua implantação referia-se a
"educação continuada de adolescentes e adultos " (grifo meu) e criou o Plano de
Educação Continuada para Adolescentes e Adultos. E daí o Programa de Educação
Integrada, o Programa Cultural e o Programa de Profissionalização. Vindo depois o
Programa de Diversificação Comunitária, o Programa de Educação Comunitária para
a Saúde e o Programa de Esporte. E na área da educação geral é lançado o Programa
de Autodidatismo. O corpo técnico do MOBRAL fez de tudo para que a instituição
permanecesse na sua dinâmica da coisa nenhuma. E fez tanto, que em 1975, teve
que enfrentar uma Comissão Parlamentar de Inquérito - CPI, instaurada pelo Senado
Federal, após discursos dos Senadores João Calmon, Luiz Viana, Jarbas Passarinho
e Eurico Rezende, em função da denúncia de atendimento a crianças de nove a
quatorze anos. Na época dizíamos que era o "MOBRALZINHO".
Metodologia do MOBRAL
40
A se empenharem na conservação da saúde e melhoria das condições
de higiene pessoal, familiar e da comunidade;
A se certificarem da responsabilidade de cada um, na manutenção e
melhoria dos serviços públicos de sua comunidade e na conservação
dos bens e instituições;
A participarem do desenvolvimento da comunidade, tendo em vista o
bem-estar das pessoas (CORRÊA, 1979, p. 152).
41
3. Decomposição silábica da palavra geradora;
4. Estudo das famílias silábicas, com base nas palavras geradoras;
5. Formação e estudos de palavras novas;
6. Formação e estudos de frases e textos (CORRÊA, 1979, p. 153).
Este Programa foi implantado em 1971, tendo seu período de expansão entre
os anos de 1972 e 1976 e, segundo os técnicos do MOBRAL, revitalizou-se em 1977.
Foi criado para dar continuidade ao Programa de Alfabetização Funcional,
imbuídos do sentimento de educação permanente. Ou seja, o aluno considerado
alfabetizado recebia uma espécie de promoção passando para uma fase onde teria
continuidade e progressividade das condições educativas.
Para este Programa foram criados os seguintes objetivos gerais:
42
E para complementar instituiu os seguintes objetivos específicos:
43
Este Programa foi lançado em 1973 e, segundo seus técnicos, como
complementação da ação pedagógica. Seu objetivo era o de: "concorrer de maneira
informal e dinâmica para difundir a cultura do povo brasileiro e para a ampliação do
universo cultural do mobralense e da comunidade a que ele pertence" (CORRÊA,
1979, p. 243).
Como o Programa Cultural também tinha o interesse de reforçar sua ação nos
aspectos de alfabetização, levava em conta que deveria:
Mais uma vez a atividade era imposta pelos planejadores, onde as atividades
culturais eram oferecidas aos mobralenses como forma de sensibilização para o
trabalho exercido.
a) Democratização da cultura
b) Dinamização da criatividade e intercâmbio cultural;
c) Valorização do homem e da cultura local e,
d) Preservação da cultura (CORRÊA, 1979, p. 244).
44
Programa de Profissionalização
45
escolaridade e em horários compatíveis com as necessidades de uma
clientela adulta (CORRÊA, 1979, p. 301-302).
46
Integrar esforços aos de entidades que atuam na área de saúde e outras,
a fim de maximizar recursos para uma efetiva melhoria das condições
de saúde, saneamento e alimentação (CORRÊA, 1979, p. 314).
Este programa assumia como estratégia uma ação típica de quem assume a
incompetência dos serviços públicos no atendimento à população. Assim, propunha
como exercício que a própria comunidade resolvesse seus problemas de saneamento
básico, o que caberia a administração pública.
Programa de Autodidatismo
48
Como insinua seu próprio nome este Programa foi criado para propiciar aos
indivíduos condições que os fizessem agentes de sua própria educação. Era dirigido
a ex-alunos e a toda a comunidade.
Os objetivos gerais deste Programa eram:
Proporcionar alternativa educacional, através de atendimento numa
linha de autoditaxia, às camadas menos favorecidas da população;
Ampliar a atuação do Posto Cultural, imprimindo-lhe características de
uma agência de educação permanente, com programas voltados para
um aperfeiçoamento constante da população (CORRÊA, 1979, p. 358).
Finalidade de Educar
O MOBRAL assume a educação como investimento, qualificação de mão-de-
obra para o desenvolvimento econômico. A atividade de pensar proposta é
direcionada para motivar e preparar o indivíduo para o desenvolvimento, segundo o
Modelo Brasileiro em vigor no período estudado de 1970 a 1975. Sendo assim, não
pode visar a reflexão radical da realidade existencial do alfabetizando porque é por
em perigo seus objetivos.
Método
49
O método do MOBRAL não parte do diálogo, pois concebe a educação como
investimento, visando a formação de mão-de-obra com uma ação pedagógica pré-
determinada. Isso faz impedir a horizontalidade elite e povo, colocando a discussão
só nos melhores meios para atingir objetivos previamente estabelecidos pela equipe
central.
O momento pedagógico proposto é autoritário, porque ele (MOBRAL) acredita
que sabe o que é melhor para o povo, trazendo com isso a descrença, a falta de fé na
historicidade do povo na sua possibilidade de construir um mundo junto com a elite.
http://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/imagens/dossies/jk/fotos/10_Diversas/GCFOTO564_14.jpg
Síntese
A metodologia de alfabetização do MOBRAL não se diferenciava
sobremaneira do método proposto por Paulo Freire. Parece mesmo que os
planejadores do MOBRAL copiaram uma série de procedimentos do educador
nordestino perseguido pelo sistema imposto. A diferença estava, e muito nítida, na
visão do homem. Paulo Freire idealizou a palavra geradora como marco inicial de seu
processo de alfabetização e o MOBRAL também.
Só que existia uma pequena, sutil e marcante diferença: no método de Paulo
Freire, a palavra geradora era subtraída do universo vivencial do alfabetizando,
enquanto no MOBRAL esta palavra era imposta pelos tecnocratas a partir de "um
estudo preliminar das necessidades humanas básicas". Em Paulo Freire a educação
é conscientização. É reflexão rigorosa e conjunta sobre a realidade em que se vive,
de onde surgirá o projeto de ação. A palavra geradora de Paulo Freire era pesquisada
com os alunos. Assim, para o camponês, as palavras geradoras poderiam ser enxada,
terra, colheita, etc.; para o operário poderia ser tijolo, cimento, obra, etc.; para o
mecânico poderia ser outras e assim por diante.
Já no MOBRAL esta palavra era imposta a partir da definição dos tecnocratas
de zona sul do Rio de Janeiro (Quadro 2). Assim, podemos afirmar que o método de
Paulo Freire foi "refuncionalizado como prática, não de liberdade, mas de integração
ao 'Modelo Brasileiro' ao nível das três instâncias: infra-estrutura, sociedade política e
sociedade civil" (FREITAG, 1986, p. 93).
Mas não foi só de Paulo Freire que o MOBRAL tirou inspiração para criar seus
programas. Também do extinto programa do MEB, quando conveniou-se com o
51
Projeto Minerva, desenvolvido pelo Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério
da Educação e Cultura. Conveniou-se inclusive com o próprio MEB, que passou a se
servir das cartilhas do MOBRAL, já que as suas (do MEB) eram subversivas, para
continuar realizando seu trabalho de alfabetização.
O tempo que vai de 1500 a 1808 no Brasil é defi nido genericamente como
período colonial, o qual se distingue da época do Brasil-Império (1808-1889) e Brasil-
República (1889 até nossos dias). As datas, na verdade, mais do que indicar uma
rígida separação de épocas, são marcos de movimentos que começam bem antes e
terminam depois delas. É o caso da divisão política acima, em cuja distinção os
historiadores se baseiam para periodizar a história do Brasil. Dessa forma, a rigor, as
condições gerais do Brasil Colônia são aquelas que se estabelecem nos séculos XVI,
XVII e XVIII, principalmente em sua primeira metade, uma vez que, a partir de suas
últimas décadas, o que vemos é um movimento preliminar à separação da Colônia
Brasil e da Metrópole Portugal.
Quando os portugueses chegaram aos trópicos americanos, depararam-se
com um mundo estranho e desconhecido. A presença portuguesa foi transformando
gradativamente o Brasil. No entanto, esses europeus, ao fazê-lo, também foram,
gradativamente, se transformando. Assim, de fato, não podemos falar de uma cultura
brasileira no período colonial, mas sim de uma cultura, distinta daquela que existia em
Portugal, que foi sendo construída ao longo do período colonial: uma cultura
portuguesa nos trópicos.
Previamente à exposição sobre a educação no Brasil Colônia, consideramos
importante explicitar o que entendemos por educação.
A educação talvez seja a atividade mais tipicamente “humana” que a
humanidade realiza. A partir do momento em que os bebês esboçam os primeiros
sinais de que são capazes de “aprender”, inicia-se um processo pedagógico que
persiste por toda a sua vida. Assim, a todo o momento estamos sendo “educados”. A
princípio pelos nossos pais e familiares mais próximos, posteriormente pelos meios
52
de comunicação de massas (rádio, televisão, jornais, revistas etc.), pelas pessoas
com as quais convivemos, enfi m, pela sociedade.
Nos tempos mais remotos da história, a educação restringia-se ao fl uir normal
das atividades do dia-a-dia e caracterizava-se pelo “aprender fazendo”. Entre os
índios que viviam no Brasil à época da chegada dos primeiros europeus, o
conhecimento era ensinado na vida prática do dia-a-dia pelo conjunto da tribo. Os
mais velhos ensinavam aos mais novos as regras de convívio social, os rituais, o
trabalho e a guerra, entre outras atividades.
De acordo com o exposto e comparando-se com o que ocorreu nos tempos
posteriores, podemos afi rmar que além desse tipo de educação, identifi cado como
informal, existe também um outro, denominado formal. A educação formal, aquela que
ocorre no âmbito das instituições escolares, distingue-se da informal em razão de sua
sistematização. Ou seja, nas escolas utiliza-se um método (pedagógico) para atingir
objetivos previamente traçados, executa-se um plano de estudos anteriormente
elaborado. Trataremos primeiramente da educação informal no Brasil Colônia – a
catequização dos índios –, depois apresentaremos a educação formal – nos colégios
– e fi nalmente retomaremos a educação informal – dos engenhos, particularmente
dos negros escravos.
Falar de educação na sociedade colonial brasileira é falar de como os homens
se educavam, os valores e virtudes a serem favorecidos, os vícios a serem evitados,
os saberes considerados fundamentais para o exercício da vida comum ou da vida
letrada, tudo isso em meio a um contexto em que o Brasil, enquanto nação, não existia
ainda, pois predominavam a política, a economia, as culturas portuguesas.
Como já postulamos, não podemos falar de uma educação legitimamente
brasileira, uma vez que a cultura era predominantemente portuguesa; entretanto,
podemos falar em uma educação no Brasil Colonial com especifi cidades próprias e
distintas da educação portuguesa: enfrentavam-se aqui situações inexistentes em
Portugal, as quais necessitavam de uma abordagem específica.
OS JESUÍTAS
[...] nestas partes depois que para cá viemos caríssimos Padres e Irmãos, se
fez muito fruto. Os Gentios, que parece que colocavam sua bem-aventurança
em matar os contrários e comer carne humana e ter muitas mulheres, se vão
emendando, e todo o nosso trabalho consiste em apartá-los disto, porque
todos os demais é fácil, pois não têm ídolos, ainda que haja entre eles alguns
[os pajés] que se fazem de santos, e lhes prometem saúde e vitória contra
seus inimigos ( NÓBREGA, 1988, p. 114).
A terceira forma de educação à qual nos referimos ocorreu fora dos colégios
e das missões e sobretudo dentro dos engenhos nos dois primeiros séculos da
colonização.
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principais acontecimentos sociais – ocorriam no engenho. As missas aconteciam na
capela do engenho. Era obrigação do senhor de engenho não apenas construir uma
capela, mas também pagar ao padre para rezar a missa dominical.
Nesse mundo rural, poucos eram os letrados, a circulação de livros era quase
inexistente. A Colônia não conhecia a imprensa e não produzia jornais. Em razão
disso, a cultura colonial tinha como característica a oralidade. Isto é, grande parte do
que era escrito o era para ser falado.
Nesse contexto, o sermão – escrito para ser lido no púlpito – não era somente
o gênero literário mais adequado ao meio social (CÂNDIDO, 1993), como também um
poderoso veículo para a exposição das mais diferentes questões. Assim, os sermões
eram utilizados como um instrumento da educação dos ouvintes, fossem os
proprietários de escravos, fossem os próprios escravos.
Nesse caso, cumpre-nos destacar padre Antonio Vieira (1608-1697). Esse
jesuíta discutiu quase tudo em seus sermões. A corrupção dos administradores
coloniais, a defesa dos índios, a necessidade de uma reforma tributária e a escravidão
dos africanos foram questões tratadas com a sua inigualável engenhosidade barroca.
De sua extensa obra cumpre ressaltar, para as fi nalidades deste capítulo, os sermões
vigésimo e vigésimo sétimo da série Maria, a Rosa Mística (VIEIRA, 1959).
Nesses sermões, pregados à irmandade dos negros de um engenho da Bahia,
Antonio Vieira promovia uma identifi cação entre a escravidão do corpo e a libertação
da alma e buscava ensinar a seu público – os escravos – a importância da escravidão
no Brasil.
O MARQUÊS DE POMBAL
65
BIBLIOGRAFIA
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cultura da esquerda. São Paulo: Proposta Editorial, 1982.
67