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FACULDADE FUTURA

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

VOTUPORANGA – SP

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AULAS 31 A 40

1 OS JESUÍTAS E O INÍCIO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Fonte: slideplayer.com.br

Agora que já estudamos a história da educação de forma geral, vamos nos


aprofundar no início da educação no Brasil.
Como era a educação oferecida pelos jesuítas? Percebemos que a educação
jesuíta pode ser interpretada a partir de dois grandes objetivos: a colonização (Estado)
e o missionário (Igreja). Assim, a missão jesuíta tem como projeto manter e propagar
a fé católica em uma fase em que ela é contestada pela Reforma, pelas religiões
orientais e dos povos do Novo Mundo, mas também internamente.
Os jesuítas procuraram através da catequização, apagar as diferenças, negar
a alteridade, a existência do outro. Os jesuítas querem tornar o outro, o não cristão -
seja indígena, seja infiel ou herege -, em cristãos, para tornar os homens o mais
possível igual.

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1.1 Duas fases da educação jesuítica

Fonte: wendellbatista.blogspot.com.br

1.2 Período “Heróico” (1549-70)

Nesta fase, os jesuítas vivem nas aldeias com os índios, adotam seus
costumes. Não reconhecem a existência de diferentes culturas indígenas e entre os
brancos. A catequese se fazia por contato e convencimento, através de alianças com
os chefes indígenas e a utilização de interpretes mamelucos. Há adaptação e
permeabilidade nos comportamentos de ambas as partes.
No entanto, os índios são resistentes à catequização, levando os jesuítas a
utilizarem novas metodologias, passando a transformar, suprimir a cultura indígena,
para depois ensinar a doutrina.
Surgem a partir daí os aldeamentos de adultos e os recolhimentos de
crianças, as chamadas missões, iniciadas pelo padre Nóbrega e com o apoio da Coroa
Portuguesa. Essa fase do ensino jesuíta aos índios, especificamente as “casas de
meninos”, oferece atividades de aprendizado oral do português e do contar, cantar,
tocar flauta e outros instrumentos musicais, catecismo e a doutrina cristã. Mais tarde,
ler e escrever português e o ensino profissional artesanal e agrícola.

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1.3 Período de Consolidação (1570-1759)

Instalados nas principais vilas da colônia os colégios foram viabilizados


porque, em troca dessa tarefa de educar os meninos brancos, a Coroa, já dominada
pela burguesia mercantil ofereceu para o sustento da ação missionária nessas
instituições, uma taxa que era arrecadada sobre 10% das dízimas que recolhia.
Os estudos permitidos pelos jesuítas eram aqueles relacionados às
humanidades e estavam reunidos na Ratio Studiorum (Ibid. 08). Todos os professores
deveriam seguir tal plano de estudos, podendo até mesmo serem expulsos da
docência caso se afastassem das orientações ali previstas. A educação promovida
pelos padres jesuítas se dava de forma tradicional.
O professor centralizava o processo educacional na sua pessoa, não havendo
oportunidade para debates e discordâncias. Quanto à educação feminina, esta
limitava-se ao aprendizado das boas maneiras e dos afazeres domésticos. Em 1759,
os jesuítas são expulsos pelo Marquês de Pombal (Sebastião José de Carvalho e
Melo) e são criadas as Aulas Régias de latim, grego, retórica e filosofia. Deixam de
existir dezoito estabelecimentos de ensino secundário e vinte e cinco escolas de ler e
escrever.

2 O PERÍODO IMPERIAL E A EDUCAÇÃO

Com a vinda da Família Real para o Brasil, apenas o ensino superior é


impulsionado. Dom João cria diferentes cursos com a finalidade de viabilizar a vida
dos nobres instalados na nova terra.

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Não houve interesse na criação de uma universidade. O ensino superior no
Brasil desde o seu princípio se constituiu de cursos e escolas isoladas. Os ensinos
secundário e primário carecem de articulações, prejudicando o sistema educacional.
Os currículos dos diversos níveis não se relacionam entre si, criando
disciplinas dissociadas e privilegiando um ensino propedêutico, preparatório para a
faculdade. Apesar de toda uma influência religiosa, percebemos algumas iniciativas de
inspiração positivista, criadas geralmente por médicos e engenheiros.
O ensino elementar não é prioridade, visto que a grande população rural
analfabeta é composta, sobretudo, por escravos. Inicialmente destinada apenas aos
rapazes, somente 30 anos após sua criação, a escola normal de São Paulo é oferecida
para o segmento feminino. Quanto ao ensino secundário e elementar, são deixados ao
encargo das províncias.
Algumas razões pelas quais este nível de ensino mostra-se pouco difundido
são os orçamentos escassos das províncias, a proibição da frequência dos escravos à
escola e a falta de exigência do curso primário para o ingresso no secundário.
O ensino técnico-profissional e o ensino normal também foram relegados à
segundo plano. Os concluintes destas modalidades de ensino não podiam ingressar
nos cursos superiores; somente os concluintes do ensino secundário possuíam tal
direito.

2.1 E os conteúdos de ensino?

Os conteúdos deste nível de ensino enfatizavam as Humanidades e


consistiam no ensino de latim, retórica, filosofia, geometria, francês e comércio. A
tônica do ensino secundário era o ingresso no curso superior, ou seja, possuía fim
eminentemente propedêutico.
O Ato Adicional de 1834 instituiu uma divisão das competências educacionais
muito parecida com a de hoje, pois o poder central cuidava especialmente do ensino
superior e as províncias deveriam se responsabilizar pelo ensino primário e
secundário. Um sistema de ensino integrado ainda estava muito longe de ser
alcançado. Em relação ao acesso à escola, apenas 15% da população em idade
escolar estavam inscritas.

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3 A EDUCAÇÃO NO PERÍODO REPUBLICANO

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As transformações que ocorrem no período de 1870- 1920 acabam por marcar


significativamente o contexto educacional do Brasil. São eles:
 A remodelagem das relações de trabalho do regime escravo para o do
trabalho livre e assalariado, defendida e praticada pelos cafeicultores-
empresários do centro-oeste paulista. Praticando o imigrantismo, eles
fazem de São Paulo o novo polo econômico da Nação
 O crescimento dos setores de prestação de serviços e da pequena indústria
(têxtil, por exemplo), associada ao início da urbanização, ao crescimento das
camadas médias e ao aparecimento de um proletariado urbano formado
pelos imigrantes que, chegados ao país, abandonam o trabalho na zona
rural e passam ás cidades
 A presença forte do capital estrangeiro: no início, capitais ingleses e, depois,
norte-americanos, o que ajuda a entender a 'aproximação' a Washington nos
campos da política e da cultura que ocorre no período
 A intensa circulação de novas tendências de pensamento. Uma delas é o
positivismo, que teve ampla aceitação na sociedade brasileira, não apenas
pelo seu cientificismo, isto é, enquanto proposta de cultivo das ciências

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modernas como base do progresso, como ainda pela sua ética cívica de
respeito à lei e ao princípio do bem comum. Outra é o industrialismo
cosmopolita, do qual são exemplares as ações de Rui Barbosa no Ministério
da Fazenda e a de Benjamin Constant no Ministério da Educação, os quais,
já nos anos 1890- 91, promoveram iniciativas econômicas e educacionais
de interesse dos industriais, desviando a ênfase na agricultura
 O fim da monarquia, cuja causa pode ser relacionada às disputas pelo poder
político entre segmentos das classes dirigentes, com os militares
compondo-se com os cafeicultores organizados nos Partidos Republicanos
provinciais e com uma pequena parcela de representantes das camadas
médias urbanas.

3.1 A educação na primeira república

Fonte: pt.slideshare.net

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Podemos perceber maior movimentação em termos de ideias no campo
educacional. Estas ideias, por exemplo, o direito de todos à educação, a gratuidade e
obrigatoriedade do ensino de primeiro grau e a liberdade de ensino, ainda hoje são
discutidas e vistas como ideais a serem alcançados. No entanto, parece-nos que
teremos um longo caminho a ser percorrido até que esses ideais sejam garantidos à
maioria da população brasileira.
Neste período, surgem dois importantes movimentos de educação: o
entusiasmo pela educação e o otimismo pedagógico. O primeiro movimento divulgava
a ideia de que os problemas do país poderiam ser resolvidos por meio da extensão
da escola elementar a todos. Já o segundo movimento, preconizava a questão da
qualidade do ensino, ou seja, não bastava apenas garantir matrículas para o povo,
era preciso cuidar também da qualidade do ensino oferecido.
O período republicano marca a presença da preocupação, tanto de intelectuais
quanto de políticos, com as taxas elevadas de analfabetismo. No ano de 1920, 75%
da população eram analfabetas. A classe política possuía um grande interesse ao
combater o analfabetismo, visto que os analfabetos não podiam votar. Em termos
pedagógicos, três correntes representam os diferentes setores da sociedade da
época: a Pedagogia Tradicional, a Pedagogia Nova e a Pedagogia Libertária.
A Pedagogia Tradicional estava ligada às oligarquias dirigentes e à Igreja. A
disciplina rígida, o cultivo da atenção e a emulação, ou seja, a competição, individual
ou coletiva, entre outros, caracterizavam esta corrente, que sofreu importante
influência da pedagogia dos jesuítas. No entanto, a Pedagogia Tradicional brasileira
foi também influenciada pelas teorias pedagógicas modernas americanas e alemãs,
fundamentadas no pensamento do filósofo alemão Johann Friedrich Herbart.
A Pedagogia Libertária baseava-se em: educação de base científica; dicotomia
entre educação e instrução; educação moral mais prática; adaptação do ensino ao
nível psicológico das crianças; coeducação; criatividade; livre expressão; contato com
a natureza; produção de textos críticos etc.
A Pedagogia Nova, baseada nos estudos de John Dewey, enfatizou os
métodos ativos de ensino-aprendizagem, a liberdade e interesse das crianças, o
trabalho em equipe e a prática dos trabalhos manuais. O centro do processo ensino-
aprendizagem passava a ser o aluno e não mais o professor, como na Pedagogia
Tradicional.

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3.2 A educação na segunda república

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Assim como na Primeira República, as forças sociais da Segunda República


se identificaram com determinadas correntes pedagógicas. O objetivo de Vargas se
deu no sentido de conquistar esses vários setores sociais, em especial, as facções
conservadoras e os grupos ligados às vanguardas dos educadores brasileiros.
Neste sentido, o Ministro da Educação de Vargas, Francisco Campos, é
nomeado, por transitar muito bem entre liberais e conservadores. A reforma
promovida por Campos é imposta a todo território nacional. No entanto, não soluciona
as mazelas do ensino popular e nem se preocupa com a expansão e melhoria do
curso primário.
A instalação da Assembleia Nacional Constituinte e a consequente
Constituição de 1934 refletem o debate das forças sociais em questão. Tal
constituição, apesar de ser a mais progressista em matéria de educação, pois não é
omissa em relação a este tema, opta por uma solução de conciliação quando o assunto
se mostra polêmico. Um exemplo disso refere-se ao projeto de laicidade do ensino
que é substituído pela inserção do ensino religioso na escola.
Quanto ao progressismo da Carta, podemos lembrar o artigo que torna o
ensino primário obrigatório e gratuito e, ainda, a fixação dos recursos orçamentários
destinados à educação de 10% para a União e 20% para os estados.

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Sem dúvida, a Segunda República apresenta avanços reais em termos
educacionais. Neste período começam a ser criadas e a funcionar, de fato, as
universidades no Brasil.
O ensino secundário passa a ter como objetivo a formação geral, junto ao
preparo para o ensino superior. Sua duração de sete anos é dividida em: fundamental
e complementar. Este último oferecia três modalidades que atendiam aos candidatos
aos estudos jurídicos, aos estudos médicos e farmacêuticos e também àqueles que
se destinassem aos cursos de Engenharia e Arquitetura.

4 ESTADO NOVO X REDEMOCRATIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO

Fonte: pt.slideshare.net

O Estado Novo é instituído a pretexto de combater as ideias comunistas. Na


verdade, fora criado com a finalidade de perpetuar Getúlio Vargas no poder,
suspendendo, assim, as eleições presidenciais que aconteceriam em janeiro de 1938.
Até mesmo um falso plano (Plano Cohen) foi elaborado para justificar a atitude
anti democrática de Vargas.

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O Plano Cohen foi elaborado prevendo a instalação de um governo comunista
e o assassinato de vários políticos brasileiros. Com isso, Getúlio Vargas decreta estado
de guerra, podendo, então, centralizar o poder em suas mãos.
O Estado Novo também procurava orientar a mentalidade da sociedade para
instruir a moderna nação brasileira. Assim, a educação escolar procura promover os
valores, como patriotismo, mulher-mãe, trabalhador-herói, nação eugênica; valores
esses atribuí- dos à família, à religião, à pátria e ao trabalho.
Com o advento do Estado Novo e a imposição da Constituição de 1937, você
poderá perceber que o governo deixa de se comprometer com a educação pública
assumindo, assim, papel suplementar. Tanto é assim que a Carta Magna de 1937, só
garante ensino público para aqueles que demonstrassem falta ou insuficiência de
recursos. Essa situação permanece até 1945. A partir daí o país vive quase duas
décadas de regime democrático.

4.1 Estado novo e educação

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Para a educação, o Estado Novo significou um retrocesso. O direito de todos


à educação passa a ser pouco explícito. Somente aqueles alunos que não
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possuíssem recursos para custear sua educação em instituições particulares teriam
direito ao ensino em instituições públicas. Logo, podemos observar que a ênfase
estava situada nas escolas particulares, o Estado eximia-se das responsabilidades
quanto à educação do povo.
Outro aspecto a ser ressaltado, e que confirma a ideia contida no parágrafo
acima, refere-se ao estabelecimento de uma contribuição – a caixa escolar – por parte
daqueles que não pudessem alegar falta de recursos. Contraditoriamente, a
Constituição afirma ser o ensino primário obrigatório e gratuito.
No entanto, o artigo mais polêmico da Constituição de 1937 refere-se ao
ensino vocacional. Tal modalidade de ensino passa a ser destinado às classes menos
favorecidas e a ser o primeiro dever do Estado. Sendo assim, o sistema dual e elitista
de educação é consagrado pela Constituição.
O governo do Estado Novo dá continuidade às reformas da legislação
educacional iniciadas com a Revolução de 1930. O ensino secundário sofre uma nova
reforma e acontece a regulamentação dos diversos ramos do ensino técnico-
profissional: industrial, comercial e agrícola. O ensino primário, o ensino normal e o
agrícola só foram regulamentados após a queda de Getúlio. No entanto, os decretos-
leis referentes a esses cursos foram elaborados no decorrer do Estado Novo, não
fugindo ao espírito do modelo antidemocrático, característico do período.

5 REDEMOCRATIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO: A QUARTA REPÚBLICA

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Neste período, equivalente à Quarta República, alguns fatos devem ser
destacados: a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN) e os movimentos de educação popular. Entre os movimentos acima
mencionados, citamos o Programa Nacional de Alfabetização, onde se desenvolveu
o Método Paulo Freire de Alfabetização de Adultos.
A Constituição de 1946 traz de volta o regime democrático ao país. No capítulo
referente à educação, princípios que antes pertenciam à Constituição de 1934 passam
agora a ser novamente lei. São exemplos dessa afirmação: o direito de todos à
educação, ao ensino primário obrigatório e gratuito na rede oficial e à assistência aos
estudantes. Apesar dessas mudanças, a legislação educacional anterior vigora até
1961, quando é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
A LDBEN/61 apresenta avanços, pois pela primeira vez temos uma lei que se
preocupa com todos os níveis escolares, embora tenha ficado no Congresso Nacional
por treze anos, tempo suficiente para grandes transformações das necessidades
educacionais. Além disso, o ensino técnico-profissional consegue sua equivalência
legal ao secundário. Vale lembrar que antes de 1961, os estudantes desta modalidade
de ensino não podiam prestar exames vestibulares.
Dois grandes debates agitam a nova lei: monopólio do Estado quanto à
educação X iniciativa privada e ensino religioso obrigatório X ensino laico. Novamente,
a solução a que se chega é conciliatória; a educação será oferecida nas escolas
públicas e também será livre à iniciativa privada, fiscalizada pelos órgãos
governamentais. O ensino religioso será obrigatório para a escola e facultativo para
os alunos. A estrutura do sistema escolar brasileiro sofre modificações. Passa a se
constituir de educação pré-primária, ensino primário, ensino médio (ginasial e colegial)
e ensino superior.
O Programa Nacional de Alfabetização, apesar da sua curta duração obteve
sucesso, graças à utilização do Método de Paulo Freire. O Método Paulo Freire
preconizava a alfabetização de adultos a partir das situações do cotidiano dos
educandos. Utilizando palavras-geradoras, retiradas deste cotidiano, a equipe de
Paulo Freire propunha o debate crítico das situações sugeridas. O método visava a
conscientização dos educandos, a partir do diálogo estabelecido entre educando e
educador. Todo saber era valorizado. Para Paulo Freire, não é possível que haja um

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ser completamente ignorante. Todas as pessoas têm sempre algo para ensinar e para
aprender.

5.1 A ditadura militar e consequências na educação

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O período de redemocratização da sociedade brasileira teve seu fim com o


Golpe Militar de março de 1964.Todos os setores da sociedade foram atingidos
duramente, inclusive a educação. Professores, alunos e funcionários das instituições
escolares tiveram sua liberdade controlada e foram punidos quando discordavam do
governo. Neste sentido, o Decreto-Lei 477, de 26 de fevereiro de 1969, torna legítimo
tal controle.
A universidade brasileira, participante engajada da vida política e social, foi
imediatamente alvo de reforma. O vestibular classificatório e o regime de créditos
foram instituídos como forma repressora de resolver os problemas. O primeiro teve
como meta acabar com a figura do “excedente” e o segundo dificultou a organização
dos discentes. Outras grandes transformações aconteceram na universidade

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brasileira. Entre elas, podemos citar: a substituição da cátedra pelos departamentos;
o fim do modelo da Faculdade de Filosofia e a instituição regular dos cursos de
Mestrado e Doutorado.
Além dessas transformações, a ditadura militar “resolve” o problema da
democratização do nível superior, a partir do incentivo à privatização deste grau de
ensino. Pode-se dizer que essa privatização se deu de maneira desordenada,
prejudicando a qualidade dos estudos deste grau.
Todas essas mudanças foram frutos dos acordos assinados pelo Brasil e os
Estados Unidos. Estes acordos tornaram-se conhecidos como Acordos MEC - USAID.
A comunidade universitária não fica satisfeita com tais reorganizações, porém seu
poder de reivindicação é podado pelo aparato repressor instaurado com a Ditadura
Militar. O 1º e o 2º graus também são atingidos, passando agora a oferecer ensino
profissionalizante obrigatório como forma de controle do acesso ao ensino superior.
Somente em 1982 o ensino profissionalizante deixa de ser obrigatório. Enfim,
os resultados da política educacional da ditadura militar são os que ainda hoje vemos:
alto índice de evasão e repetência, deficiência de recursos materiais e humanos,
professores mal remunerados e alto índice de analfabetismo.

6 A NOVA REPÚBLICA

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A herança educacional deixada pela ditadura militar é composta por inúmeros
problemas, que hoje lutamos para transformar. No campo econômico, o fracasso do
Plano Cruzado, e das iniciativas subsequentes, contribuiu decisivamente para reduzir
a quase zero a credibilidade governamental para resolver os problemas da área.
Desse modo, sob a capa da Nova República, abrigaram-se os velhos políticos e o
clientelismo e a corrupção, nossos velhos conhecidos, continuaram tão ou mais
desenvoltos que antes, conspurcando de alto a baixo a política nacional e elevando
os interesses particulares muito acima dos interesses globais da sociedade.
Não podendo ser diferente no campo educacional, pode-se dizer que a
situação nesta área prescindiu uma transformação mais radical. No entanto, não
podemos negar certas conquistas na educação básica. Citamos como exemplo, o fato
da Constituição de 1988 garantir o direito ao ensino fundamental para todos os
cidadãos, de forma gratuita e obrigatória, independentemente da idade.
Lembre-se que, antes de 1988, o Estado previa apenas o ensino de 1.º grau,
obrigatório e gratuito, para os alunos na faixa dos 07 aos 14 anos. Podemos citar
também a conquista dos 200 dias letivos e a preocupação com a valorização do
magistério e a qualidade do ensino, mesmo que, estes últimos, ainda não ultrapassem
de fato os fundamentos legais. Tais conquistas encontram-se na recente LDB
promulgada em 20 de dezembro de 1996.
Quanto à LDB/96 temos a dizer que muitas entidades participaram, propondo
soluções, como é o caso da ANDES (Associação Nacional de Docentes do Ensino
Superior). Infelizmente, as soluções propostas não foram levadas a sério e o projeto
de lei inicial ficou bastante distorcido. Mais uma vez, não podemos esquecer que as
soluções conciliatórias foram as vencedoras. É o caso do ensino público X particular
e também do ensino laico X religioso. O primeiro será livre à iniciativa privada e o
último será facultativo apenas para os alunos.
A tendência à privatização da educação se mantém, especialmente a partir da
implantação das políticas neoliberais na educação, pois um dos princípios básicos do
neoliberalismo é a tese do Estado-Mínimo. Vale lembrar que a política neoliberal se
releva como perspectiva internacional cada dia mais difícil de ser combatida pelos
meios sindicais.

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