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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO - ISERJ

PEDAGOGIA

MARIA ISABEL MIRANDA AMARAL

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO E DA PEDAGOGIA - GERAL E BRASIL


FICHAMENTO DE CITAÇÃO

RIO DE JANEIRO
2023
INTRODUÇÃO

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. São


Paulo: Moderna, 2006.

Uma breve introdução à obra com uma definição metódica do que seria a história e
uma contextualização bastante ampla e precisa. O texto conta com fatos históricos e
cita diversas vezes o processo de polimento desde o surgimento da História como
um conceito, até que se tornasse uma ciência de fato.

● Cada geração assimila a herança cultural dos antepassados e estabelece


projetos de mudança. Ou seja, estamos inseridos no tempo: o presente não se
esgota na ação que realiza, mas adquire sentido pelo passado e pelo futuro
desejado. Pensar o passado, porém, não é um exercício de saudosismo,
curiosidade ou erudição: o passado não está morto, porque nele se fundam as
raízes do presente. (ARANHA, 2006, p.6)

● A história resulta da necessidade de reconstituirmos o passado, relatando os


acontecimentos que decorreram da ação transformadora dos indivíduos no
tempo[...] (ARANHA, 2006, p.7)

● [...]Heródoto de Halicarnasso, grego nascido na Jônia no século V a.C., ousou


abordar a mudança, o tempo, procurando descrever os fatos, de modo que os
grandes eventos gloriosos e extraordinários não fossem esquecidos. Naquele
tempo, o termo grego historiê significava na verdade “investigação”, tendo por
base o próprio testemunho de alguém ou o relato oral de outras pessoas.
(ARANHA, 2006, p.9)

● [...]o que permaneceu na Antiguidade e na Idade Média foi a visão


platônico-aristotélica de um mundo estático em que se buscava o universal, o
que não garantia à história o status de ciência (episteme), sendo vista,
portanto, como uma forma menor de retórica destituída de rigor e na qual,
segundo alguns, eram feitas concessões de- mais à imaginação no relato dos
fatos. (ARANHA, 2006, p.9)

● Karl Marx (1818-1883) apropriou-se da dialética hegeliana, mas contrapôs ao


idealismo de seu antecessor uma concepção materialista da história.
Enquanto para Hegel o mundo é a manifestação da Ideia, para Marx a história
deve ser analisada a partir da infraestrutura (fatores materiais, econômicos,
técnicos) e da luta de classes.(ARANHA, 2006, p.11)

● O risco dessa concepção sobre o progresso está em, por exemplo, nos
referirmos aos sucessos da expansão da civilização dos romanos (e, por
extensão, de qualquer civilização) esquecendo que o sentido da chamada
“paz romana” é a paz dos cemitérios, a paz imposta pela força, que faz calar
os vencidos.(ARANHA, 2006, p.11)

● A partir de 1929 (data da fundação da revista francesa Annales) começou o


movimento conhecido como Escola dos Anais, do qual participaram diversas
gerações de historiadores que buscavam o intercâmbio da história com as
diversas ciências sociais e psicológicas, ampliando o campo da pesquisa
histórica, ao mesmo tempo que abriam fecundo debate teórico metodológico
para a renovação dos estudos historiográficos.(ARANHA, 2006, p.13)

● Nas décadas de 1980 e 1990, com o pós-modernismo, alguns pensadores


criticaram os métodos anteriores. Assim comenta Luz Helena Toro Zequera:
“Segundo essas teorias (Barthes, Der- rida, White e LaCapra), a historiografia
deve ser entendida como um gênero puramente literário, com uma linguagem
que conserva uma estrutura sintática em si mesma. O texto não guarda
relação com o mundo exterior, não faz referência à realidade, nem depende de
seu autor.(ARANHA, 2006, p.14)

● Outra dificuldade deve-se ao fato de serem recentes entre nós os cursos


específicos de educação. As escolas normais (de magistério) criadas no
século XIX tinham baixíssima frequência, e o ensino de história da educação
não constava no currículo. Quando muito, era oferecida história geral e do
Brasil. Naqueles cursos, a atenção maior estava centrada nas matérias de
cultura geral, descuidando-se das que poderiam propiciar a formação
profissional. Apenas a partir das reformas de 1930 a disciplina de história da
educação passou a fazer parte do currículo dos cursos de magistério.
(ARANHA, 2006, p.16)

É interessante observar a formação da História de um ponto de vista onde o


acesso a tal ciência se encontra muito mais intrínseco às vidas das pessoas nos
tempos atuais. A introdução do livro evidencia vários pontos importantes para a
estruturação da História como ciência, sendo um dos mais importantes, em minha
opinião, o fundamento onde o presente não se esgota, pois o passado é sua base,
assim como o presente servirá como a base do futuro. A História é sobre reconstruir os
fatos de maneira linear e precisa. É muito curioso ver como tudo surgiu a partir dos
pensamentos de Heródoto, e como o berço de tal ciência era pautado - e ouso dizer
que para alguns ainda é realidade - puramente em razões religiosas de todas as
formas, considerando figuras de idolatria como participantes reais e como isso foi
sendo dissolvido ao longo dos séculos de aprendizado e moldagem.
A ótica de Karl Marx também é algo curioso a se pensar, pois talvez tenha sido
uma das únicas grandes influências a pensar de um ponto de vista inclusivo ao povo e
às minorias, entendendo onde as raízes dos preconceitos estão pautadas. O povo
constitui a maior parte da História, ora. História é sobre considerar todos os fatos para
que não hajam pontas soltas, gostaria de evidenciar as citações no próprio livro onde é
dada mais luz aos casos dos cemitérios romanos lotados de inocentes que tiveram
suas vidas tiradas, assim como o incidente de Hiroshima e Nagasaki, dois eventos que
embora sejam constantemente atingidos por tentativas de ofuscamento, não podem ser
apagados.
Indo para o ponto de vista prático, se torna mais esclarecedor para o povo da
época entender o que é o conceito de escola após a fundação da revista Anales, o que
impulsionou a tendência das indagações, a busca e a sede por um porquê. Os
métodos de Marx também foram peneirados, sendo aprimorados e aplicados. Com o
passar dos anos e a vinda do pós-modernismo, vieram as críticas à histologia - isto é, o
antigo conceito de História quando ainda estava em seu berço. Diversos estudiosos
apontavam que a História não deve depender de seu autor para que funcione, e sim
que seja pautada em fatos reais e precisos, não em “achismos”.
Por fim, o texto evidencia o quanto a História da educação - tanto no mundo
afora, quanto no Brasil - ainda era algo de difícil acesso há não muito tempo atrás. Por
ser considerada parte da História, era colocada na mesma caixinha ocupada pela
Filosofia da educação, sem possuir sua autonomia própria. A posterior formação de
cursos a favor da promoção do tema trouxeram várias consequências positivas ao
aprendizado.
CAPÍTULO 1 - Comunidades tribais: educação difusa

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia. São


Paulo: Moderna, 2006.

Uma contextualização sobre a educação em comunidades tribais e como ela


acontece, analisando por uma ótica onde o contexto tribal é visto como algo
“primitivo” e muito marcado pela oralidade e observação.

● Segundo o etnólogo francês Pierre Clastres, explicar as sociedades tribais


pelo que lhes falta impede compreender melhor a sua realidade e, em muitos
casos, até tem justificado a atitude paternalista e missionária de “levar o
progresso, a cultura e a verdadeira fé” ao povo “atrasado”. Uma abordagem
mais adequada, no entanto, consideraria esses povos diferentes de nós, e não
inferiores. Mesmo porque, afinal, nem sempre ausência significa
necessariamente falta. Aliás, o antropólogo Lévi-Strauss lembra como nós,
urbanos, se por um lado ganhamos muito com a tecnologia, por outro
perdemos algumas de nossas capacidades, por exemplo, por utilizarmos
consideravelmente menos as nossas percepções sensoriais.(ARANHA, 2006,
p.32)

● Os mitos e os ritos são transmitidos oralmente, e a tradição se impõe por meio


da crença, permitindo a coesão do grupo e a repetição dos comportamentos
considerados desejáveis. Assim são constituídas comunidades estáveis, no
sentido de que nelas as mudanças acontecem muito lentamente.(ARANHA,
2006, p.33)

● As oposições, inexistentes na própria comunidade, geralmente surgem entre


as tribos em guerra, ocasião em que o chefe assume a vontade que a
sociedade tem de aparecer como una e autônoma, falando em nome dela.
Aliás, o “primitivo” é guerreiro por excelência, e dessa disposição decorrem os
valores apreciados pela comunidade e que são objeto da educação.(ARANHA,
2006, p.34)

● A formação é integral — abrange todo o saber da tribo — e universal, porque


todos podem ter acesso ao saber e ao fazer apropriados pela
comunidade.(ARANHA, 2006, p.35)

● Finalmente o saber, antes aberto a todos, tornou-se patrimônio e privilégio da


classe dominante. Nesse momento surgiu a necessidade da escola, para que
apenas alguns iniciados tivessem acesso ao conhecimento. Se analisarmos
atentamente a história da educação, veremos como a escola, ao elitizar o
saber, tem desempenhado um papel de exclusão da maioria.(ARANHA, 2006,
p.36)

O primeiro capítulo apresenta um desenvolvimento bastante simples de


entender, exemplificando sobre como funciona o contexto acadêmico, de certa forma,
dentro das realidades tribais. Tratando o “primitivo” como algo apenas diferente, afinal,
com o passar dos anos inseridos em um contexto social mais modernizado, perdemos
muitas das capacidades físicas para realizar uma caça, por exemplo. O texto evidencia
bem o quanto as tradições tribais lutaram muito para que se mantivessem ao longo das
eras.
O texto evidencia muito a questão da oralidade presente na cultura tribal em sua
maioria, onde histórias, lições e o aprendizado no geral é passado de geração para
geração por meio de palavras. A observação também se torna muito presente em tal
contexto, sendo muito valorizada principalmente pelas crianças em processo de
desenvolvimento, espalhada de maneira uniforme para todos que precisam, de
maneira a que ninguém fique por fora do conhecimento. Tais métodos podem acabar
sendo um tanto desprezados por pessoas que vivem e respiram a modernidade,
primeiro por vivermos em um contexto onde a didática escrita está mais presente em
nossas culturas. Segundo, pois é evidente que a sociedade moderna atual, no contexto
acadêmico, torna difícil o acesso ao conhecimento e cultura à maioria das classes
afastadas do topo privilegiado, se tornando algo elitizado.

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