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DIRETRIZES PARA
OS CONTEXTOS
IMEDIATO E DO LIVRO
Não existe doutrina, por absurda, imoral ou herética que seja, em favor da qual
não se possa citar um versículo da Bíblia. Como pode ser isso? A Bíblia contém mais
de 777 mil palavras e 31.400 versículos. É tão grande o conteúdo, e por demais
variado, que qualquer herege astuto conseguirá achar ao menos um, dentre os muitos
milhares de versículos, para apoiar sua crença preconcebida. Mesmo nas mãos de
crentes sinceros, a Bíblia é freqüentemente citada de modo errôneo por aqueles que
repetem de cor um versículo isolado sem prestar atenção cuidadosa ao seu contexto.
Na lição anterior, aprendemos que uma palavra solitária pode ter muitos
significados, mas que quando é usada em uma determinada frase, passa a ter apenas
uma conotação. Esta verdade é válida para versículos avulsos da Bíblia: fora do
contexto, pode parecer que há muitos significados possíveis, mas o sentido exato é
descoberto quando da leitura do contexto total. Nesta lição estudaremos exemplos
deste princípio.
Quando você terminar esta lição, deverá ser capaz de: Objetivos da Lição
Na realidade, a Bíblia, para ser estudada com exatidão, deve ser considerada uma
tapeçaria dentro da qual cada versículo se torna parte da trama do pensamento e todos eles
revelam uma única mensagem harmoniosa. Considerar um versículo fora de seu contexto
seria como arrancar parte do tecido para fora da tapeçaria; a mensagem ficaria distorcida!
uma regra, mas a idéia não deixa de ser boa. O leitor deve sempre lembrar-se de que
as divisões da Bíblia em versículos e capítulos são inovações modernas, criadas para
nos ajudar a achar textos, não a interpretá-los. Os escritores antigos não usavam
pontuação, nem deixavam espaços entre pensamentos-chave; os manuscritos custavam
caro demais para isso. Mas a leitura de um livro de certo tamanho, tal qual o de Isaías,
é difícil sem algumas divisões. Por isso, um estudioso chamado Stephen Langton
acrescentou as divisões em capítulos em 1228, e Robert Stephenus sugeriu as divisões
em versículos em 1560 (Jensen 1969, 17).
Posto que não podemos confiar nas divisões entre os versículos para delinear
com exatidão pensamentos completos, precisamos procurar outros métodos. Quero
sugerir dois métodos óbvios. Primeiro: note se o versículo começa com uma conjunção
(VIDE palavras de conexão, Lição 4) e se ele termina com um ponto final ou um ponto
de interrogação. Segundo: acrescente à sua biblioteca uma Bíblia cujo texto seja
dividido em parágrafos. Isto lhe ajudará a ver blocos de pensamentos ao invés de
versículos separados.
3. Cl 3.18 começa com uma série de instruções a respeito de regras para o lar cristão.
Onde termina esta lista de regras?
É interessante notar que o título indica que este Salmo é um cântico dos
degraus. Estes cânticos eram entoados à medida que as pessoas viajavam através dos
montes da Judéia a caminho de Jerusalém para uma festa especial ou um dia santo.
Certamente, tinha sempre em mente os perigos da estrada.
5. Rm 13.4 diz: “Por que ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal,
teme, pois não traz debalde a espada”. Este versículo dá ao pastor o direito de
castigar fisicamente um membro desviado da igreja? Procure a unidade completa
de pensamento e responda. Responda em seu caderno.
Um pai proibiu seu filho de estudar teologia, com base em Lc 16.15: “Vós sois os
que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece o vosso coração,
porque o que entre os homens é elevado perante Deus é abominação”. Esse pai
arrazoava que por ser estimado entre os homens, um curso de teologia era detestável
diante de Deus. Saúde e beleza, por exemplo, podem ser altamente estimadas tanto por
Deus quanto pelos homens. Aquele pai desenvolvera uma atitude errônea por suas
técnicas errôneas de interpretação. Se tivesse considerado o contexto anterior, teria
descoberto que aquilo que é elevado entre os homens e odiado por Deus é o amor ao
dinheiro (vs. 13 e 14). Jesus até mesmo se referiu a essa cobiça pelas riquezas em termos
de um senhor que concorre com Deus para obter a atenção dos homens.
6. 1Co 2.9 diz: “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido
não ouviu, e não subiram ao coração do homem, são as que Deus preparou para
os que o amam”. Leia este versículo no seu contexto imediato, prestando bastante
atenção ao v. 10. Nessa ocasião, Paulo se refere
a) às maravilhas da mensagem inspirada da Bíblia.
b) às alegrias que provêm da comunhão com outros crentes.
c) às maravilhas da vida após morte para o crente.
d) ao milagre do arrebatamento da igreja por Cristo.
É possível que você tenha ouvido partes desses versículos citados em defesa
da não-preparação prévia para as pregações e estudos bíblicos. Mas veremos, ao
examiná-los no seu contexto imediato e amplo, que estes não são seu verdadeiro
significado.
Procure conjunções
“ovelhas ao meio de lobos”, (v. 16) “odiados de todos sereis” (v. 22)
“Acautelai-vos” (v. 17) “[...] vos perseguirem” (v. 23)
“e os açoitarão” (v. 17) “não os temais” (v. 26)
“quando vos entregarem” (v. 19) “espada” (v. 34)
“e os matarão” (v. 21) “toma a sua cruz” (v. 38)
Resumindo Mt 10, vemos que começa quando Jesus chama seus discípulos a
fim de mandá-los por todo o Israel, proclamando que está próximo o reino dos céus.
Sabendo que eles podem ter medo de testemunhar, por causa da possível perseguição
pelas autoridades, Jesus os anima a não adiarem a pregação por causa de possíveis e
prováveis perseguições. O Mestre indica que, no caso de tais emergências, eles
receberão socorro divino! Isto não sugere que não devemos estudar cuidadosamente
a Palavra de Deus antes de pregarmos; simplesmente significa que não devemos ter
medo de pregar por causa da possível perseguição. Jesus também explica que é
inevitável a perseguição, como também é inevitável a recompensa a ser dada às suas
testemunhas fiéis.
Um contexto ainda maior dessa seção, revela que esse texto e capítulo fazem
parte de um fluxo de pensamentos ainda maior no livro. Cristo veio com milagres a
fim de comprovar seu Messiado (Mt 8 e 9). Ele envia os seus discípulos a fim de
desafiar o povo de Israel a recebê-lo como seu rei (Mt 10). O povo em geral rejeita a
mensagem (Mt 11), e os líderes até mesmo acusam Cristo de ter parte com o Diabo
(Mt 12). Finalmente, o Messias é rejeitado por Israel e Cristo explica em parábolas o
futuro do seu reino (Mt 13).
Figura 5.1
A pergunta: “Por que esse livro ou epístola foi escrito?” subentende várias
perguntas correlatas, como:
1. Quem escreveu esse livro e a quem ele escrevia?
2. Qual situação histórica deu ensejo ao livro?
3. Quais temas (ou tema) são ressaltados?
Imagine que você descobriu uma carta do século passado. A primeira pergunta
que você faria seria: “Quem escreveu essa carta e para quem escreveu?”
Semelhantemente, no caso das cartas e livros da Bíblia, devemos fazer perguntas tais
como: “O autor é um apóstolo que escreve uma carta de exortação aos cristãos (tais
como as epístolas de Paulo, de Tiago, e de João?)”; “O escritor é um profeta que
conclama uma nação pecaminosa a voltar para Deus (Isaías, Ezequiel)?”
É um bom exercício começar seu estudo de livros com uma epístola pequena.
Inicie seu estudo com várias leituras da carta, e procure referências à identidade dos
leitores e da situação histórica que ensejou a composição da epístola. A segunda carta
de Paulo aos crentes de Tessalônica, por exemplo, parece ser uma carta de correção
quanto a falsos conceitos a respeito da volta de Cristo. Filipenses é uma carta alegre,
escrita da prisão, para agradecer os cristãos filipenses pela ajuda.
Tendo em mãos todos esses dados a respeito do autor, dos leitores originais e
da situação histórica, o passo final é resumir todas as informações obtidas e fazer uma
declaração do propósito da obra. A partir desta, você poderá produzir uma declaração
mais concisa do tema.
Um dos alvos no estudo de um livro da Bíblia deve ser declarar o tema do autor
em uma frase breve com cerca de quinze palavras – sem o emprego da conjunção e.
Alguns podem argumentar que cada livro na Bíblia compartilha do grande propósito
conjunto de revelar a Deus e à salvação nEle. Dentro deste tema grandioso, no entanto,
há sessenta e seis temas individuais, sendo que cada um tem uma mensagem específica
para enfatizar. Uma vez compreendida esta mensagem, o leitor ficará atônito ao ver quão
grande será a compreensão dos trechos individuais estudados.
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10. Leia cada trecho individual das Escrituras e responda à pergunta relacionada.
a) Quem é o autor original e quais são os seus leitores (Tg 1.1)?
c) Aliste vários problemas que os leitores estão enfrentando (Tg 1.2; 2.1; 3.14; 4.1; 5.3,4).
Figura 5.1
Depois de haver terminado seu próprio esboço, verifique-o à luz dos esboços
dados na sua Bíblia, nos comentários bíblicos e nos livros de introdução bíblica. Quero
exortar você a passar pelo processo de delinear por conta própria todos os livros da
Bíblia, sem consultar um comentário antes de terminar tudo. O próprio processo de
descobrir uma estrutura em cada livro será para você uma tremenda experiência de
aprendizagem, um alicerce excelente para o estudo de textos menores dentro de cada
livro (consulte o Apêndice para exemplos de esboços).
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11. Leia a epístola a Filemom e, a seguir, descubra cada um dos quatro elementos
abaixo. Indique os versículos em que cada um se localiza.
1. Saudação/oração: ____________
2. Ensino: ____________
3. Aplicação: ____________
4. Encerramento: ____________
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12. Se você estudasse um livro da Bíblia a fim de achar a estrutura do mesmo, que
tipo de mudanças e pensamentos de ligação você procuraria?
1. Embora o tema de um livro se refira ao resumo daquilo que ele diz, o propósito é
uma declaração a respeito
a) da razão histórica pela qual o autor escreveu originalmente.
b) da aplicação moderna do trecho, que avança além das suas raízes históricas.
c) de como o livro se encaixa no plano global da salvação na Bíblia.
d) do tipo de argumento usado pelo autor ao estruturar o seu livro.
____ 6. A Lei do Contexto declara que um texto deve ser aplicado à vida do leitor
no contexto da sua própria cultura e necessidades.
____ 7. O contexto de um trecho inclui o âmbito histórico do autor quando
escreveu o seu livro.
____ 8. As divisões em versículos são ferramentas excelentes para ajudar o
intérprete a descobrir as idéias-chave de um texto e não devem ser
desconsideradas no estudo da Bíblia.
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11. Qual foi o propósito histórico e o tema global desta carta?
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12. Se você fosse estudar um livro da Bíblia e procurasse esboçar a sua estrutura, que
tipos de coisas você procuraria para demonstrar uma ligação ou divisão entre os
pensamentos de maior importância?
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13. Sugira um esboço, com mais de cinco temas, para a epístola a Filemom.
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14. Na declaração: “Mas nada quis fazer sem o teu parecer, para que o teu benefício
não fosse como por força, mas voluntário”, (Fm 14), qual é a menor unidade
completa de pensamento que você deve localizar a fim de estudar esse versículo?
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15. Leia Fm 16 no seu contexto imediato e identifique qual favor Paulo estava
pedindo.
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17. Leia Ef 6 na sua Bíblia. Qual você acha que deve ser o primeiro versículo do
capítulo? Explique a sua resposta.
6. a) está correta.
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10. a) Tiago, o meio-irmão de Cristo, é o autor; os
leitores são cristãos judeus.
b) Esses leitores tinham duplicidade espiritual.
Escutavam a Palavra de Deus, mas não obedeciam a ela.
c) Esses leitores tinham problemas com
provações, favoritismo, atitudes impróprias,
dissensões e falta de eqüidade.