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INTRODUÇÃO À HERMENEUTICA

O QUE É A HERMENÊUTICA?

É uma ciência e uma arte

Por que é uma ciência?

Porque tem métodos, normas, princípios que regem a prática da hermenêutica

Por que é uma arte?

Porque exige ter: criatividade e juízo

Cada caso será tratado diferentemente para ver qual regra será usada

Se fosse só arte chegaria a qualquer lugar, pois não haveria normas

Se fosse apenas ciência chegaria as mesmas conclusões sempre por meio das mesmas
normas.

O OBJETIVO DA HERMENÊUTICA

Aproximar leitor ou escritor do texto bíblico.

• Para que tudo que o autor (texto) disse possa ser entendido pelo leitor

. • Diminuir a distância por questões de:

• Tempo • Cultura • Língua

DIVISÃO DA HERMENÊUTICA BÍBLICA

• 1. Geral – se aplica à Bíblia como um todo

a) Contexto literário (contexto imediato, contexto; remoto o livro, a bíblia,)

b) Cenário histórico-cultural (a mentalidade, os costumes, estrutura social)

c) Significados das palavras (significado muda com o passar do tempo)

d) gramática (fluxo de pensamento)

• 2. Especial - se aplica aos tipos específicos de literatura que se encontra na Bíblia

• A Bíblia é uma unidade, mas não uniforme:

• Poesia • Prosa • Parábolas • Profecia • Epistola (carta) • Evangelho

Língua – as línguas da bíblia são línguas antigas, com estruturas gramaticais, semânticas
e fonéticas totalmente estranhas ao português. Sem contar as inúmeras expressões
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idiomáticas que precisam ser traduzidas e interpretadas para uma boa compreensão do
texto bíblico.

EVIDÊNCIA BÍBLICA PARA A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA

• 2 Pedro 3:15-16 – as epistolas de Paulo eram difíceis de interpretar, entender. • Nem


tudo o que está na bíblia é simples e fácil.

• Há passagens que até hoje não entendemos. Há passagens difíceis de se traduzir.

• Lucas 24:27 - o próprio jesus sentiu necessidade de explicar as Escrituras.

• João 16:12 – A revelação é progressiva.

• João 12:16 – A compreensão é progressiva.

• 2 Coríntios 2:17 – Não devemos forçar nenhum texto.

CONTEXTO LITERÁRIO

Contexto é o todo no qual alguma parte se encontra. Em


Definição de contexto termos literários, o contexto é o todo maior dentro do qual o
texto ou passagem especifica se localiza.

A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO LITERÁRIO

Texto fora do contesto torna-se pretexto. Os equívocos geralmente acontece quando


ouvimos apenas parte do que foi falado e baseamos nosso entendimento nisso.

Exemplo: “Deus não existe” (Salmo 14.1)

Interpretar uma passagem de forma incorreta tem consequências sérias.

OS TRÊS PRINCÍPIOS DO CONTEXTO LITERÁRIO

1- O contexto trás o fluxo do pensamento

2- O contexto proporciona o sentido preciso das palavras


3- O contexto define os relacionamentos corretos entre os termos da oração: palavras,
as orações e os parágrafos

O CONTEXTO TRÁS O FLUXO DO PENSAMENTO


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O fluxo de pensamento é uma série de ideias relacionadas que o autor organiza para
comunicar um conteúdo especifico. Existe um fluxo de pensamento lógico. Todas as frases
buscam desenvolver um tema comum.

O CONTEXTO TRÁS O SENTIDO PRECISO DA PALAVRA

A Maioria das palavras tem mais de um significado. O contexto literário é o guia mais
confiável para determinar o seu sentido mais provável na situação. Em circunstâncias
normais a nossa mente automaticamente adota o sentido que mais combina com o
assunto em questão.

Exemplo: “Aquela foi a maior tromba que já vi.”, não teremos contexto literário suficiente
(na verdade não teremos contexto).

Será que está se referindo a tromba de agua ou de uma tromba de elefante? Mas se
estivermos lendo uma revista sobre animais no zoológico provavelmente visualizaríamos a
tromba de um elefante. Se estivéssemos num diálogo entre amigos provavelmente
visualizaríamos um rosto zangado, no entanto, se disséssemos “a erosão abriu uma
enorme tromba”. O contexto literário define o sentido preciso.

Tromba nesse caso seria = Desfiladeiro aberto pelas águas; grande erosão.

Os interpretes não possuem a liberdade de escolherem sentidos arbitrariamente para a


palavras polissêmicas.

O CONTEXTO LITERÁRIO DEFINE OS RELACIONAMENTOS CORRETOS ENTRE AS


UNIDADES: PALAVRAS, SENTENÇAS, PARÁGRAFOS

A maior parte dos livros bíblicos foi escrita como uma unidade. As frases individuais e
parágrafos individuais foram redigidos como parte de documentos maiores.

As frases e parágrafos compõem unidades individuais de obras literárias maiores, e os


intérpretes têm que entendê-los de acordo com sua relação com o argumento geral do
livro.

A divisão da bíblia hebraica em versículos que dura até hoje foi feita pela família massoreta
Ben Asher por volta do ano 900 d.C. E a divisão em capítulos do Novo Testamento foi feita
por Stephen Langton, professor da universidade de Paris e posteriormente Arcebispo da
Cantuária, em 1228. Três séculos depois, em 1560, Robert Estienne (Stephanus), um
editor e impressor parisiense, acrescentou a divisão atual de versículos em sua quarta
edição do Novo testamento grego.

Apesar destas divisões terem a intenção de ajudar, até mesmo a leitura casual da bíblia
revela que as divisões estão mal colocadas. Muitas vezes mudanças de capítulos
interrompem o pensamento de um parágrafo.
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O problema dessas divisões é que o leitor é tentado a ler cada versículo como uma
expressão completa da verdade. Os leitores tem que entenderem as afirmações bíblicas
como parte integrante da unidade maior que elas se encontram.

O contexto imediato

O contexto do livro

O contexto de todos os livros do autor

O contexto pertinente do testamento em questão

O contexto da bíblia

O CENÁRIO HISTÓRICO CULTURAL DA BÍBLIA

HISTÓRIA Registro de acontecimentos que se deram no passado


CULTURA Estilo de vida
Costumes
Sistema de valores
Economia

As passagens bíblicas não expressam somente o fluxo do pensamento do escritor, mas


também refletem o seu modo de vida, que muito diferente do nosso de hoje.

O autor e o leitor original viveram na mesma época da história. Se alguém nos mostrar
uma carta pessoal, mesmo se a carta for de uma amigo em comum, algumas coisas
precisarão ser explicadas, porque se referem à experiências vividas somente pelo autor e
o destinatário. Sem essa informação, a perspectiva correta sobre a situação, o outro leitor
terá dificuldade de entender.

Na maioria dos casos o autor e os destinatários passaram por experiências conhecidas:


eles falavam a mesma língua grega e possuíam informações um sobre o outro e sobre o
se mundo para interpretar corretamente o leitor precisa saber o máximo possível sobre os
detalhes desse cenário histórico e cultural.

A QUESTÃO DA CONTEXTUALIZAÇÃO

Conhecer o sentido proposto para os destinatários para expressar essa mensagem ao


mundo de hoje. Trazer do mundo ao antigo para o mundo moderno. Nossa interpretação
não deve permanecer no mundo antigo, pois a bíblia é a palavra de Deus para nós hoje.

O interprete tem que conhecer o mundo antigo e o mundo moderno e transpor a barreira
entre eles. Temos que evitar ir para a bíblia com os pressupostos da nossa cultura.
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PESQUISANDO O CENÁRIO HISTÓRICO CULTURAL

• Cultural – o mundo que a Bíblia foi escrita é muito diferente que o nosso.

• A cultura bíblica não existe mais, mesmo em Israel.

• Não basta resgatar a cultura do momento bíblico, temos que lembrar que estamos em
nossa cultura.

• Lemos a bíblia com nossa bagagem, com nossa cultura que nos diferencia do
pensamento bíblico.

PROBLEMAS CULTURAIS

• Costumes - os costumes de hoje não são iguais aos bíblicos. • o mundo bíblico era
essencialmente agrário, usavam um maquinário primitivo. Na bíblia encontramos
costumes, crenças e práticas que fazem pouco sentido para nós.

Por que as pessoas ungiam reis, sacerdote, reis e enfermos com óleo? Qual é o costume
da sandália para a redenção e transferência de propriedade mencionado em Rute 4.6-8?
Qual era o sentido das leis de purificação?

Por exemplo não usem roupas com dois tipos de tecido, levítico 19.19. Elas ainda são
proibidas?

• Forma de pensar – a nossa cosmovisão, a maneira de ver o mundo. Nosso pensamento


é um pensamento grego.

• Herdamos essa maneira de pensar dos romanos, que adotaram a filosofia grega
(platonismo).

• O pensamento hebraico é baseado na experiência, no todo. O pensamento grego é


baseado nas conjecturas
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POESIA – PARALELISMO

• Paralelismo sinônimo

– O pensamento da primeira linha é repetido na segunda linha em palavras diferentes:

• Isaías 2:17

A arrogância do homem será abatida,

e sua altivez será humilhada.

• PARALELISMO SINTÉTICO

Não é tão claro como os outros anteriores. Basicamente, a segunda linha desenvolve ou
completa o pensamento da primeira linha. Salmo 28:6

Bendito seja o SENHOR,

porque me ouviu as vozes súplices!

• Salmo 119:9

De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho?


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Observando-o segundo a tua palavra.

• Sintético

• Provérbios 16:25

Há caminho que parece direito ao homem, mas afinal são caminhos de morte.

• Antitético

Provérbios 1:20

Grita na rua a Sabedoria,

Nas praças levanta a voz.

•Sinônimo

EX / EGESE
• Exegese significar “levar para fora”. Ideia de saída.

• Ou seja, extrair o significado do texto.

• O que muitas vezes fazer é a eisegese, que significa “levar para dentro. Ideia de

chegada.

• Ou seja, colocar o significado do texto, lemos o que queremos que seja.

• Você tem que sair (extrair) o significado que o texto tem, e não colocar significado.

HERMENÊUTICA E EXEGESE

• “Como interpretar uma parábola?”

• Hermenêutica

• “O que é uma profecia apocalíptica?”

• Hermenêutica

• “O que Jesus quis dizer com esta citação?”


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• Exegese

• “Qual o significado dessa palavra?”

PRINCIPIOS DE INTERPRETEÇÃO DE POESIA

Os poemas surgiram como unidades completas, não interprete versos isolados.

Preste atenção nas hipérboles, especialmente nas canções de amor (“não há falha em
você”, Ct 4.7)

Leve em conta a estrutura do poema, para encontrar a ideia principal.

Figuras de linguagem. Identifique o tipo de figura (símile, metáfora, personificação etc.)

Interprete a figura de linguagem abstraindo seu sentido figurado a partir do seu sentido
literal (o objeto físico que o denota).

QUAL É O ASPECTO DO SENTIDO LITERAL QUE O AUTOR QUER DESTACAR?

O leitor terá que decidir vendo qual das varias ideias literais encaixam melhor no destaque
do contexto.

Exemplo:

Estou em meio a leões, ávidos para devorar;

 Seus dentes são lanças e flechas

Suas línguas são espadas afiadas (Sl 57.4)

Nas duas primeiras linhas o poeta está cercado de animais ferozes. Homens com “dentes”
e “línguas” nas 2 últimas linhas, contudo indicam calunia verbal.

As metáforas “lanças e flechas “e “espadas afiadas” referem-se a armas comuns daquela


época.

As últimas tem 3 características principais: (1) o inimigo lança de certa distância (lanças e
flechas) ou de perto (espadas afiadas);

(2) elas trazem feridas dolorosas, se não fatais, perfurando o corpo,

(3) uma pessoas comum não tem defesa contra elas.

Essas observações apontam o sentido figurado da metáfora, isto é, o que elas sugerem
sobre a calunia. Retratadas como palavras duras, agudas que ferem suas vítimas. elas
evocam imagens de uma vitima se retorcendo com dor contínua. As palavras também dão
à entender que a calúnia às vezes ataca repentinamente, “do nada”, são elaboradas no
oculto.
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Ao atacar repentinamente deixa a vítima sem defesa, não há meio de se proteger contra
ela. Resumindo, as armas literais figurativamente esclarecem o retrato do salmista da
calunia verbal.

Finalmente o leitor deve definir a função da figura no seu contexto. Em outras palavras por
que o poeta usou essa figura em particular? No que ela contribuiu para o sentido que ele
desejou transmitir?

ESTRUTURA QUIÁSTICA

Na estrutura quiástica, a segunda metade de uma composição utiliza as mesmas palavras,


os mesmos temas ou assuntos da primeira metade, mas na ordem inversa. Muitas vezes
essas partes se unem em torno de um centro. O quiasmo pode ter 2 ou 3 ou mais versos.

A Espera pelo Senhor;

B anima- te e fortalece o teu coração

A` espera, pois, pelo Senhor

A – Torna insensível o coração deste povo,


B – endurece-lhe os ouvidos
C – e fecha-lhe os olhos,

C – para que não venha ele a ver com os olhos,

B – a ouvir com os ouvidos


A – e a entender com o coração, e se converta e seja salvo. (Isaías 6:10).

AS NARRATIVAS HEBRAICAS
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Modos de narrativas

CONTOS

Contos podem ser pura ficção ou narrativas verdadeiras a respeito de pessoas e


acontecimentos reais. Os contos do Antigo Testamento sem dúvidas falam de fatos reais.
Tratam da vida real de pessoas reais.Um dos principais componentes de muitos contos do
Antigo Testamento é o discurso oral. Grande parte da narrativa patriarcal das aventuras de
José por exemplo, depende de discursos e diálogo.

Para entender uma narrativa bíblica e crucial identificar a trama dentro da narração. Para
descobrir a trama, deve-se perguntar: Qual é o conflito dessa história e qual seu
desenlace?

Todas as narrativas terão alguns dos seguintes componentes: uma ambiente para história,
alguns incidentes preliminares, o incidente que desencadeia o conflito cuja tensão cresce
até o apogeu, a virada no curso da narrativa para uma solução, a consequência e talvez o
desfecho.

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