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Exclusivo do Professor

Guia do
Professor
COMO PENSAR TUDO ISTO?
Filosofia 11.o Ano
Domingos Faria / Luís Veríssimo / Rolando Almeida

INCLUI:

> Planificação anual

> Testes sumativos adicionais

> Materiais complementares para lecionação


em sala de aula
fjdghjghjjhgjjfjghgfhfdgfhfgghhfdhthgfghdsfghsdhsdfh
ÍNDICE

Apresentação do projeto 3

WůanŝĮĐação anƵaů 6

K ƋƵe Ġ Ƶŵa edžperŝġnĐŝa ŵentaů e para ƋƵe serǀe 21

Aǀaůŝação
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ 1 ʹ >ſŐŝĐĂ ƐŝůŽŐşƐƟĐĂ ĂƌŝƐƚŽƚĠůŝĐĂ 22
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ 2 ʹ >ſŐŝĐĂ ƉƌŽƉŽƐŝĐŝŽŶĂů ĐůĄƐƐŝĐĂ 25
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ 3 ʹ ƌŐƵŵĞŶƚĂĕĆŽ Ğ ƌĞƚſƌŝĂ 28
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ ϰ ʹ ƌŐƵŵĞŶƚĂĕĆŽ Ğ ĮůŽƐŽĮĂ 31
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ 5 ʹ ĞƐĐƌŝĕĆŽ Ğ ŝŶƚĞƌƉƌĞƚĂĕĆŽ ĚĂ ĂƟǀŝĚĂĚĞ ĐŽŐŶŽƐĐŝƟǀĂ 33
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ 6 ʹ K ĞƐƚĂƚƵƚŽ ĚŽ ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ ĐŝĞŶơĮĐŽ 36
dĞƐƚĞƐ ƐƵŵĂƟǀŽƐ ʹ ƉƌŽƉŽƐƚĂƐ ĚĞ ĐŽƌƌĞĕĆŽ 39

Daterŝaŝs Đoŵpůeŵentares
ArŐƵŵentação e ůſŐŝĐa Ĩorŵaů
džƚĞŶƐƁĞƐ ă ůſŐŝĐĂ ƐŝůŽŐşƐƟĐĂ ϰ6
ŝĂŐƌĂŵĂƐ ĚĞ sĞŶŶ ϰ8
ƌǀŽƌĞƐ ĚĞ ƌĞĨƵƚĂĕĆŽ 51
&ŽƌŵĂƐ ĚĞ ŝŶĨĞƌġŶĐŝĂ ǀĄůŝĚĂ ;ůŝƐƚĂ ŵĂŝƐ ĐŽŵƉůĞƚĂͿ 5ϰ
ĞƌŝǀĂĕƁĞƐ Ğ ƌĞĨƵƚĂĕƁĞƐ 56
 ŝŵƉŽƌƚąŶĐŝĂ ĚĂ >ſŐŝĐĂ͗ ƵŵĂ ĞŶƚƌĞǀŝƐƚĂ Ă ,ĂƌƌLJ 'ĞŶƐůĞƌ 60

esĐrŝção e ŝnterpretação da aƟǀŝdade ĐoŐnosĐŝƟǀa


ůŐƵŵĂƐ ƌĞƐƉŽƐƚĂƐ ĂŽ ĂƌŐƵŵĞŶƚŽ ĐĠƟĐŽ ĚĂ ƌĞŐƌĞƐƐĆŽ ŝŶĮŶŝƚĂ 65
 ŝŶĚŝƐƟŶĕĆŽ ǀŝŐşůŝĂ ƐŽŶŽ ʹ ĞdžƉĞƌŝġŶĐŝĂ ŵĞŶƚĂů ĐŽŵƉůĞŵĞŶƚĂƌ 69
 ŝĚĞŝĂ ĚĞ ĞƵƐ ʹ ŽƵƚƌŽƐ ĂƌŐƵŵĞŶƚŽƐ ĐĂƌƚĞƐŝĂŶŽƐ Ğ ƌĞƐƉĞĐƟǀĂƐ ŽďũĞĕƁĞƐ 70
džƉĞƌŝġŶĐŝĂƐ ŵĞŶƚĂŝƐ ĐŽŵƉůĞŵĞŶƚĂƌĞƐ 73

K estatƵto do ĐonŚeĐŝŵento ĐŝenơĮĐo


dĞdžƚŽƐ ĐŽŵƉůĞŵĞŶƚĂƌĞƐ 75

2 'ƵŝĂ ĚŽ WƌŽĨĞƐƐŽƌ Ͳ ŽŵŽ WĞŶƐĂƌ dƵĚŽ /ƐƚŽ͍ • ƉƌĞƐĞŶƚĂĕĆŽ ĚĞ WƌŽũĞƚŽ


APRESENTAÇÃO DO PROJETO


De mim não aprendereis filosofia, mas antes como filosofar, não
aprendereis pensamentos para repetir, mas antes como pensar.
Immanuel Kant

Como Pensar Tudo Isto?
Ž ĚĞƐĞŶǀŽůǀĞƌŵŽƐ Ž ŵĂŶƵĂů ĚĞ &ŝůŽƐŽĮĂ ĚŽ 11Ǒ ĂŶŽ Como Pensar tudo Isto? ƉƌŽĐƵƌĄŵŽƐ ĨƵŶĚĂŵĞŶƚĄͲůŽ
Ğŵ ƚƌġƐ ƉƌŝŶĐŝƉĂŝƐ ƉŝůĂƌĞƐ ƉĂƌĂ ŚĂǀĞƌ ƵŵĂ ĂƉƌĞŶĚŝnjĂŐĞŵ ďĞŵͲƐƵĐĞĚŝĚĂ ĚĂ ĮůŽƐŽĮĂ͗

1. hŵ ŵanƵaů Đentrado eŵ proďůeŵas


dĂů ĐŽŵŽ Ġ ƐƵŐĞƌŝĚŽ ƉĞůĂ ĐŝƚĂĕĆŽ ĚĞ <ĂŶƚ Ğ ƉĞůŽ ƉƌſƉƌŝŽ ơƚƵůŽ ĚŽ ŵĂŶƵĂů͕ ĂĐƌĞĚŝƚĂŵŽƐ ƋƵĞ͕ ŶŽ ĞŶƐŝŶŽ ĚĂ
ĮůŽƐŽĮĂ͕ Ž ƋƵĞ ŝŵƉŽƌƚĂ ŶĆŽ Ġ ĚŝnjĞƌ ĂŽƐ ĂůƵŶŽƐ o que pensar͕ ŵĂƐ Ɛŝŵ como pensar͕ ŽƵ ƐĞũĂ͕ ŵƵŶŝͲůŽƐ ĚĞ Ƶŵ
ĐŽŶũƵŶƚŽ ĚĞ ĨĞƌƌĂŵĞŶƚĂƐ ƋƵĞ ŽƐ ĂũƵĚĞŵ Ă ƉĞŶƐĂƌ ĚĞ ŵŽĚŽ ĐrşƟĐo e ĨƵndaŵentado ĂĐeƌĐĂ ĚĂ ŶĂƚƵƌenjĂ ĚĂ
ƌeĂůŝĚĂĚe͕ ĚŽ ĐŽŶŚeĐŝŵeŶƚŽ e ĚŽƐ ǀĂůŽƌeƐ͕ ĚeƐeŶǀŽůǀeŶĚŽ ƵŵĂ ĐŽŵƉƌeeŶƐĆŽ ŵĂŝƐ ƉƌŽĨƵŶĚĂ Ěe Ɛŝ ƉƌſƉƌŝŽƐ
e ĚĂ ƌeĂůŝĚĂĚe ƋƵe ŽƐ ƌŽĚeŝĂ͘
WŽƌ eƐƚe ŵŽƟǀŽ͕ ĐŽŶƐŝĚeƌĂŵŽƐ ƋƵe Ġ eƐƐeŶĐŝĂů ŶĆŽ ƉeƌĚeƌ Ěe ǀŝƐƚĂ ŽƐ proďůeŵas͕ ƵŵĂ ǀenj ƋƵe ƐĆŽ eůeƐ Ž
ponto de parƟda ƉĂƌĂ ƚŽĚŽ Ž ƚƌĂďĂůŚŽ ĮůŽƐſĮĐŽ͘ Ɛ teorias e ŽƐ arŐƵŵentos eƐƚƵĚĂĚŽƐ Ěeǀeŵ Ɛeƌ eŶƚeŶͲ
ĚŝĚŽƐ ĐŽŵŽ possşǀeis respostas ƉĂƌĂ ŽƐ ŵeƐŵŽƐ e͕ ƉŽƌ ŝƐƐŽ͕ ƐƵďŵeƟĚŽƐ Ă ƵŵĂ ĐƵŝĚĂĚŽƐĂ aǀaůiação ĐrşƟĐa
ʹ e ŶĆŽ Ɛeƌ eŶƐŝŶĂĚĂƐ ĐŽŵŽ ƵŵĂ ƐŝŵƉůeƐ ĐŽůeĕĆŽ Ěe ŝĚeŝĂƐ ƉĂƌĂ ĚeĐŽƌĂƌ͘
WĂƌĂ ĨĂǀŽƌeĐeƌ eƐƚe ƟƉŽ Ěe eŶƐŝŶŽ͕ e ŶĆŽ ƵŵĂ ŵeƌĂ ƌeƚƌŽƐƉeƟǀĂ ĚĂ ŚŝƐƚſƌŝĂ ĚŽ ƉeŶƐĂŵeŶƚŽ e ĚĂƐ ŝĚeŝĂƐ͕
ƚŽĚĂƐ ĂƐ ƐeĐĕƁeƐ ĚeƐƚe ŵĂŶƵĂů Ɛe ĚeƐeŶƌŽůĂŵ eŵ ƚŽƌŶŽ Ěe proďůeŵas ĮůosſĮĐos ĨƵndaŵentais edžƉƌeƐƐĂͲ
ŵeŶƚe ĨŽƌŵƵůĂĚŽƐ ŶĂƐ ƉĄŐŝŶĂƐ Ěe ĂďeƌƚƵƌĂ͕ ƐeŶĚŽ ŽƐ tedžtos e as opiniões ĚŽs ĮůſsŽĨŽs eŶĐaƌaĚŽs ĐŽŵŽ
Ƶŵ ĐŽŶƚƌŝďƵƚŽ ǀaůŝŽsŽ Ɖaƌa a disĐƵssão ĐrşƟĐa e inĨorŵada ĚŽs ŵesŵŽs͘

• ssŝŵ͕ Žs ƚƌġs ƉƌŝŵeŝƌŽs ĐaƉşƚƵůŽs ĚeĚŝĐaŵͲse edžƉƌessaŵeŶƚe a ƉƌŽďůeŵas ƌeůaĐŝŽŶaĚŽs ĐŽŵ


ĐoŵpetġnĐias arŐƵŵentaƟǀas ĨƵndaŵentais͕ ĚesŝŐŶaĚaŵeŶƚe͗ Como determinar a validade de
arŐumentos? Como Đonstruir e avaliar arŐumentos de um Ɖonto de vista inĨormal? Como disƟnŐuir
a boa da má argumentação?
• ŵ seŐƵŝĚa͕ ĚeĚŝĐaŵŽͲŶŽs a proďůeŵas Đentrais de episteŵoůoŐia e de ĮůosoĮa da ĐiġnĐia͗ O que
Ġ o ĐonŚeĐimento? ^erá o ĐonŚeĐimento Ɖossşvel? Como disƟnguir ĐiġnĐia de senso Đomum? m que
Đonsiste o mĠtodo ĐienơĮĐo? Como disƟnguir teorias ĐienơĮĐas de nãoͲĐienơĮĐas? ^erá a ĐiġnĐia
obũeƟva?
• eƉŽŝs͕ ƉƌŽƉŽŵŽs ;eŵ ŽƉĕĆŽͿ ĚŽŝs proďůeŵas ŵorais assoĐiados ao desenǀoůǀiŵento ĐienơĮĐo͗
Žs ƉƌŽďůeŵas Ěa ŵŽƌaůŝĚaĚe ĚŽ aďŽƌƚŽ e Ěa eƵƚaŶĄsŝa͘
• WŽƌ Įŵ͕ aƉƌeseŶƚaŵŽs Ɖaƌa ĚŝsĐƵssĆŽ ;eŵ ŽƉĕĆŽͿ Žs seŐƵŝŶƚes ƉƌŽďůeŵas͗ Serão os factos depenͲ
dentes dos seres humanos? ʹ ƚſƉŝĐŽ  &ŝůosoĮa e Kuƚros ^aďeres; Deverão ser impostos limites à
liberdade de expressão? ʹ ƚſƉŝĐŽ  &ŝůosoĮa na ŝĚaĚe; Poderá uma vida humana ter obũeƟvamente
senƟdo? ʹ ƚſƉŝĐŽ  &ŝůosoĮa e o ^enƟĚo͘

2. hŵ ŵanƵaů adaptĄǀeů aos ǀĄrios Đontedžtos


Waƌa aůĠŵ Ěa sƵa esƚƌƵƚƵƌa ŽƌŐaŶŝnjaĚa eŵ ƚŽƌŶŽ Ěe ƉƌŽďůeŵas͕ ƉƌŽĐƵƌĄŵŽs Đƌŝaƌ Ƶŵ ŝŶsƚƌƵŵeŶƚŽ Ěe ƚƌaͲ
ďaůŚŽ ƋƵe se aũƵsƚe ăs ĚŝĨeƌeŶƚes ŶeĐessŝĚaĚes Ěe ĐaĚa ƉƌŽĨessŽƌ e Ěe ĐaĚa ƚƵƌŵa͕ ĨŽƌŶeĐeŶĚŽ perĐƵrsos

'Ƶŝa ĚŽ WƌŽĨessŽƌ Ͳ ŽŵŽ WeŶsaƌ dƵĚŽ /sƚŽ͍ • ƉƌeseŶƚaĕĆŽ Ěe WƌŽũeƚŽ 3


APRESENTAÇAO DO PROJETO

diĨerenĐiados. K ŵaŶƵaů ĐŽŶƚa ĐŽŵ ;ŝͿ tedžtos ĮůosſĮĐos ĐůĄssŝĐŽs e ĐŽŶƚeŵƉŽƌąŶeŽs͕ ƋƵe ƉŽĚeŵ seƌ aůǀŽ
Ěe Ƶŵa aŶĄůŝse Ěŝƌeƚa eŵ saůa Ěe aƵůa; ŵas ƚaŵďĠŵ ĐŽŶƚa ĐŽŵ Ƶŵa ;ŝŝͿ edžposição Đůara e sisteŵĄƟĐa͕ eŵ
ƚŽŵ ĚŝaůŽŐaŶƚe ĐŽŵ Žs aůƵŶŽs͕ Ěas ƉƌŝŶĐŝƉaŝs ŝĚeŝas e aƌŐƵŵeŶƚŽs ŝŶĐůƵşĚŽs Ŷesses ƚedžƚŽs; ďeŵ ĐŽŵŽ ĐŽŵ
a ;ŝŝŝͿ ĨorŵƵůação edžpůşĐita Ŷa ĨŽƌŵa ĐaŶſŶŝĐa ĚŽs aƌŐƵŵeŶƚŽs ĐeŶƚƌaŝs sŽď aŶĄůŝse͘ K ƉƌŽĨessŽƌ ƉŽĚe ŽƉƚaƌ
ƉŽƌ edžƉůŽƌaƌ ĐaĚa Ƶŵa Ěesƚas ƚƌġs ƉŽssŝďŝůŝĚaĚes ŝsŽůaĚaŵeŶƚe͕ ŽƵ ĐŽŵďŝŶĄͲůas ĚŽ ŵŽĚŽ ƋƵe ĐŽŶsŝĚeƌe
ŵaŝs adeƋƵado ăs neĐessidades dos seƵs aůƵnos͘

3. hŵ ŵanƵaů Đoŵ reĐƵrsos didĄƟĐos diǀersiĮĐados


dŝǀeŵŽs aŝŶĚa a ƉƌeŽĐƵƉaĕĆŽ Ěe Ĩanjeƌ Ƶŵ ŵaŶƵaů ƋƵe ƉŽƚeŶĐŝe a eĮĐĄĐŝa ĚŽ eŶsŝŶŽͲaƉƌeŶĚŝnjaŐeŵ͗
• eǀŝĚeŶĐŝa as aƉƌeŶĚŝnjaŐeŶs ĨƵŶĚaŵeŶƚaŝs ŶŽ ĮŶaů Ěe ĐaĚa seĐĕĆŽ aƚƌaǀĠs Ěe esƋƵeŵas e Ěe sşnteses
ĚeƚaůŚaĚas;
• şŶĐůƵŝ Ƶŵ ǀasƚŽ ŶƷŵeƌŽ Ěe ƋƵestões de reǀisão e Ěe disĐƵssão aŽ ůŽŶŐŽ Ěa edžƉŽsŝĕĆŽ ĚŽs ĐŽŶƚeƷͲ
ĚŽs͕ ďeŵ ĐŽŵŽ testes ĨorŵaƟǀos ŶŽ ĮŶaů Ěe ĐaĚa ƵŶŝĚaĚe Ěe aƉƌeŶĚŝnjaŐeŵ͕ ƋƵe ƚŽƌŶaŵ esƚe ŵaŶƵaů
aƵƚŽssƵĮĐŝeŶƚe Ɖaƌa Ž ƚƌaďaůŚŽ ĚŝĄƌŝŽ e Ɖaƌa a ƉƌeƉaƌaĕĆŽ Ěa ƉƌŽǀa Ěe aǀaůŝaĕĆŽ edžƚeƌŶa;
• ŽĨeƌeĐe Ƶŵ ǀasƚŽ ĐŽŶũƵŶƚŽ Ěe reĐƵrsos ŵƵůƟŵĠdia ʹ ĚesĚe Ƶŵ siŵƵůador de ůſŐiĐa aƚĠ ǀşdeos e aniŵa-
ções ʹ ƋƵe͕ eŵ esƚƌeŝƚa ůŝŐaĕĆŽ ĐŽŵ a edžƉŽsŝĕĆŽ Ěe ĐŽŶƚeƷĚŽs e as edžƉeƌŝġŶĐŝas Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽ͕ ƉeƌŵŝͲ
ƚeŵ esĐůaƌeĐeƌ ĐŽŶĐeŝƚŽs͕ ƚesƚaƌ ƚeŽƌŝas͕ aƌŐƵŵeŶƚŽs e as ƌesƉeƟǀas ŝŵƉůŝĐaĕƁes͕ ďeŵ ĐŽŵŽ edžƉůŽƌaƌ as
ŶŽssas ŝŶƚƵŝĕƁes ƌeůaƟǀaŵeŶƚe aŽs ŵesŵŽs͘

COMPONENTES DO PROJETO
K ƉƌŽũeƚŽ Como pensar tudo isto? Ġ ĐŽŶsƟƚƵşĚŽ ƉŽƌ͗

AůƵno ProĨessor
• DaŶƵaů • DaŶƵaů͕ eĚŝĕĆŽ ĚŽ ƉƌŽĨessŽƌ
• ^eďeŶƚa ĚŽ ůƵŶŽ • ^eďeŶƚa Ěe ZesŽůƵĕƁes
• ;oŋine e onlineͿ • ^eďeŶƚa ĚŽ ůƵŶŽ
• 'Ƶŝa ĚŽ WƌŽĨessŽƌ
• Site Ěe aƉŽŝŽ͗ ǁǁǁ͘ĮůŽsŽĮa11͘seďeŶƚa͘Ɖƚ
• ;oŋine e onlineͿ

• Site Ěe ĐŽŵƵŶŝĐaĕĆŽ ĐŽŵ aƵƚŽƌes e eĚŝƚŽƌa


ǁǁǁ͘ŵaŶƵaůesĐŽůaƌ2͘0͘seďeŶƚa͘Ɖƚ
ManƵaů
• K ŵaŶƵaů Como pensar tudo isto? esƚĄ ĚŝǀŝĚŝĚŽ eŵ ƚƌġs ƚeŵas͕ ƋƵe͕ ƉŽƌ sƵa ǀenj͕ se ĚŝǀŝĚeŵ eŵ ĐaƉşƚƵůŽs
e esƚes eŵ seĐĕƁes͕ seŐƵŝŶĚŽ ĚŝƌeƚaŵeŶƚe Ž WƌŽŐƌaŵa e as ŽƌŝeŶƚaĕƁes Ɖaƌa Ž edžaŵe ŶaĐŝŽŶaů͘
• EŽ ŝŶşĐŝŽ ĚŽ ŵaŶƵaů ŚĄ Ƶŵ ƚesƚe ĚŝaŐŶſsƟĐŽ͕ Ɖaƌa aǀaůŝaƌ Ž ŐƌaƵ Ěe ĚeseŶǀŽůǀŝŵeŶƚŽ Ěas ĐŽŵƉeƚġŶĐŝas
ĮůŽsſĮĐas ĚŽs aůƵŶŽs͘
• aĚa seĐĕĆŽ ĐŽŵeĕa seŵƉƌe ĐŽŵ Ƶŵ ƉƌŽďůeŵa͕ ďeŵ ĐŽŵŽ ĐŽŵ Ƶŵ esơŵƵůŽ ŝŶŝĐŝaů ;Ƶŵa edžƉeƌŝġŶĐŝa
Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽ͕ Ƶŵ edžĐeƌƚŽ Ěe Ƶŵ Įůŵe ŽƵ Ěe Ƶŵ ůŝǀƌŽͿ͕ Ɖaƌa ŝŶƚƌŽĚƵnjŝƌ e ŵŽƟǀaƌ Žs aůƵŶŽs ŶŽs ƚeŵas
a seƌ ƚƌaƚaĚŽs͘
• ,Ą ŶŽƚas ůaƚeƌaŝs Ɖaƌa Ž aůƵŶŽ e Ɖaƌa Ž ƉƌŽĨessŽƌ ƋƵe aũƵĚaŵ a esĐůaƌeĐeƌ ŵeůŚŽƌ ĐeƌƚŽs ĐŽŶĐeŝƚŽs ŽƵ
ĨŽƌŶeĐeŵ ŝŶĨŽƌŵaĕƁes sŽďƌe ŽƵƚƌŽs asƉeƚŽs ƌeůeǀaŶƚes͘
• Ž ůŽŶŐŽ Ěas ƉĄŐŝŶas Ěe edžƉŽsŝĕĆŽ ĚŽs ƉƌŽďůeŵas͕ ƚeŽƌŝas e aƌŐƵŵeŶƚŽs͕ sƵƌŐe Ƶŵ ůeƋƵe ŵƵŝƚŽ ĚŝǀeƌsŝͲ
ĮĐaĚŽ Ěe ƋƵesƚƁes Ěe ŝŶƚeƌƉƌeƚaĕĆŽ e ƉƌŽƉŽsƚas Ɖaƌa ĚŝsĐƵssĆŽ͘

ϰ 'Ƶŝa ĚŽ WƌŽĨessŽƌ Ͳ ŽŵŽ WeŶsaƌ dƵĚŽ /sƚŽ͍ • ƉƌeseŶƚaĕĆŽ Ěe WƌŽũeƚŽ


APRESENTAÇAO DO PROJETO

• No Įnal de cada secção encontram-se sínteses por esquema e sínteses por tópicos, bem como sugestões
para aprofundar o tema em estudo (como livros, Įlmes e links da internet).
• Também no Įnal das principais unidades temáƟcas há um teste formaƟvo para testar os conhecimentos
dos alunos.

Sebenta do Aluno
• Conselhos sobre como estudar ĮlosoĮa.
• Orientações para a redação de ensaios ĮlosóĮcos.
• Exemplos de ensaios ĮlosóĮcos.
• Resumo de toda a matéria sujeita a avaliação externa (matéria de 10º ano disponível em 20 Aula Digital)
• Provas modelo de exame e respeƟvas resoluções*.

Guia do Professor
• PlaniĮcações*
• Propostas de testes sumaƟvos* e respeƟvas resoluções
• Materiais complementares de lecionação

* Materiais disponíveis em formato editável

• Manual Digital
• Sebenta do Aluno Digital
• 3 SoŌwares de lógica: Logicamente - simulador de lógica, Calculadora de silogismos e Calculadora de tabelas
de verdade
• Animações/vídeos
• PowerPoints
• Documentos com materiais complementares
• O problema da guerra justa? – exploração de mais um Tema/Problema da Cultura CienơĮco-Tecnológica
• Dezenas de links para Įlmes, séries ou documentários e para sites de internet com informação relevante para
o aluno
• Podcasts com os resumos de todas as matérias

Guia do Professor - Como Pensar Tudo Isto? • Apresentação de Projeto 5


6
PLANIFICAÇÃO ANUAL
III – RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA
1. Argumentação e lógica formal

Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas


1.1 DisƟnção entre validade e • Reconhecer o trabalho ĮlosóĮco • Reconhecer a importância/ • Diálogo 2 aulas
verdade como aƟvidade interpretaƟva e uƟlidade da Lógica. • Manual
1.1.1 DeĮnição de argumento argumentaƟva. • DeĮnir argumento. • Glossário
1.1.2 ReconsƟtuição de • Reconhecer o caráter linguísƟco- • IdenƟĮcar premissas e •
argumentos -retórico e lógico-argumentaƟvo conclusões de argumentos. – Links para Įlmes/séries e sites
1.1.3 Validade: o que se segue do discurso ĮlosóĮco. • ReconsƟtuir argumentos na sugeridos no manual
do quê? forma canónica.
1.1.4 Bons argumentos: • DeĮnir validade.
validade, solidez e • Avaliar argumentos.
cogência • DisƟnguir validade de verdade.

Guia do Professor - Como Pensar Tudo Isto? • PlaniĮcação anual


1.1.5 DisƟnção entre validade e
verdade

1.2 Opção A: Lógica SilogísƟca • Adquirir instrumentos cogniƟvos, • IdenƟĮcar as quatro formas da • Diálogo 4 aulas
Aristotélica conceptuais e metodológicos linguagem da lógica silogísƟca. • Manual
1.2.1 As quatro formas da fundamentais para o • Traduzir frases em linguagem • Glossário
linguagem da lógica desenvolvimento do trabalho comum para as correspondentes •
silogísƟca ĮlosóĮco e transferíveis para formas canónicas. – PowerPoint: Lógica SilogísƟca
1.2.2 DeĮnição de silogismo outras aquisições cogniƟvas. • DeĮnir silogismo. Aristotélica
1.2.3 Modos e Įguras dos • Iniciar à discursividade ĮlosóĮca, • IdenƟĮcar diferentes modos e – Vídeo: Como determinar a
silogismos prestando parƟcular atenção, Įguras dos silogismos. validade de um argumento na
1.2.4 Distribuição dos termos nos discursos/textos, à análise • IdenƟĮcar a distribuição dos lógica silogísƟca aristotélica?
1.2.5 Regras de validade das arƟculações lógico-sintáƟcas termos nas quatro formas da – Podcast: Ideias básicas de lógica
silogísƟca e falácias e à análise dos procedimentos linguagem da lógica silogísƟca. silogísƟca
1.2.6 Teste Estrela (opção) retórico-argumentaƟvos. • Avaliar a validade de silogismos – Links para Įlmes/séries e sites
• Desenvolver aƟvidades de análise aplicando regras tradicionais de sugeridos no manual
e confronto de argumentos. validade silogísƟca. – Logicamente (soŌware de lógica)
• IdenƟĮcar as principais falácias – Calculadora de silogismos
do silogismo. (soŌware de lógica)
• Sebenta do Aluno: resumos
Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas
• Avaliar a validade de silogismos • Guia do Professor:
através do Teste Estrela. – Materiais complementares
– Teste SumaƟvo 1

1.2 Opção B: Lógica Proposicional • Adquirir instrumentos cogniƟvos, • IdenƟĮcar os seis operadores • Diálogo 4 aulas
Clássica conceptuais e metodológicos proposicionais verofuncionais da • Manual
1.2.1 PráƟca de formalização fundamentais para o lógica proposicional clássica. • Glossário
em linguagem lógica desenvolvimento do trabalho • Traduzir expressões da linguagem •
proposicional ĮlosóĮco e transferíveis para comum em Īī (fórmulas bem – PowerPoint: Lógica Proposicional
• Formalizações simples outras aquisições cogniƟvas. formadas) da lógica proposicional Clássica
• Formalizações • Iniciar à discursividade ĮlosóĮca, clássica. – Vídeo: Como determinar a
complexas prestando parƟcular atenção, • Representar as funções de validade de um argumento na
1.2.2 Funções de verdade e nos discursos/textos, à análise verdade dos seis operadores lógica proposicional?
tabelas de verdade das arƟculações lógico-sintáƟcas proposicionais verofuncionais – Podcast: Ideias básicas de lógica
• Tabelas de verdade e à análise dos procedimentos da lógica proposicional clássica proposicional
simples retórico-argumentaƟvos. através de tabelas de verdade. – Links para Įlmes/séries e sites
• Avaliação de fórmulas • Desenvolver aƟvidades de análise • Avaliar a validade de formas sugeridos no manual
proposicionais simples e confronto de argumentos. argumentaƟvas recorrendo a – Logicamente (soŌware de lógica)
• Tabelas de verdade inspetores de circunstâncias. – Calculadora de tabelas de
complexas • IdenƟĮcar as principais formas de verdade (soŌware de lógica)
• Avaliação de fórmulas inferência válidas. • Sebenta do Aluno: resumos
de verdade complexas • IdenƟĮcar as principais formas • Guia do Professor:
• Inspector de de inferência inválidas – falácias – Materiais complementares
circunstâncias formais. – Teste SumaƟvo 2
• PráƟca de avaliação
de argumentos em
ĮlosoĮa
1.2.3 Formas de inferência
válidas
1.2.4 Formas de inferência
inválidas – falácias
formais

Guia do Professor - Como Pensar Tudo Isto? • PlaniĮcação anual


7
8
III – RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA
2. Argumentação e retórica

Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas


2.1 O domínio do discurso • Adquirir instrumentos cogniƟvos, • DisƟnguir demonstração de • Diálogo 2 aulas
argumentaƟvo – a procura da conceptuais e metodológicos argumentação. • Manual
adesão do auditório fundamentais para o • Mostrar a insuĮciência da • Glossário
2.1.1 DisƟnção entre desenvolvimento do trabalho lógica formal para tratar a •
demonstração e ĮlosóĮco e transferíveis para argumentação. – PowerPoint: Pathos, ethos e
argumentação outras aquisições cogniƟvas. • Explicitar a relação entre a logos
2.1.2 A relação necessária ao • Iniciar à discursividade ĮlosóĮca, argumentação e o auditório. – Podcast: Argumentação e
auditório no discurso prestando parƟcular atenção, • Mostrar o papel do ethos, do retórica
argumentaƟvo nos discursos/textos, à análise pathos e do logos no contexto da – Links para Įlmes/séries
2.1.3 Aspetos a ter em das arƟculações lógico-sintáƟcas retórica. sugeridos no manual
conta para uma boa e à análise dos procedimentos • Sebenta do Aluno: resumos
argumentação retórico-argumentaƟvos.

Guia do Professor - Como Pensar Tudo Isto? • PlaniĮcação anual


• Desenvolver práƟcas de
exposição (oral e escrita) e
de intervenção num debate,
aprendendo a apresentar de
forma metódica e compreensível
as suas ideias.
Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas
2.2 O discurso argumentaƟvo • Adquirir instrumentos cogniƟvos, • Caracterizar, idenƟĮcar e • Diálogo 3 aulas
– principais Ɵpos de conceptuais e metodológicos avaliar argumentos induƟvos, • Manual
argumentos e de falácias fundamentais para o por analogia e argumentos de • Glossário
informais desenvolvimento do trabalho autoridade. •
2.2.1 Principais Ɵpos de ĮlosóĮco e transferíveis para • Apresentar exemplos de cada um – PowerPoint: Principais Ɵpos de
argumentos outras aquisições cogniƟvas. destes Ɵpos de argumento. argumentos não deduƟvos e
• Argumentos induƟvos • Desenvolver aƟtudes de • Explicar em que consiste uma falácias informais
• Argumentos por discernimento críƟco perante falácia informal. – Podcast: Argumentação e
analogia a informação e os saberes • Caracterizar e idenƟĮcar os retórica
• Argumentos de transmiƟdos. principais Ɵpos de falácias – Links para site sugerido no
autoridade • Reconhecer o contributo informais. manual
• O papel dos enƟmemas especíĮco da FilosoĮa para • Apresentar exemplos de falácias • Sebenta do Aluno: resumos
na argumentação o desenvolvimento de um informais. • Guia do Professor:
2.2.2 Principais falácias pensamento informado, • Analisar um discurso Teste SumaƟvo 3
informais metódico e críƟco. argumentaƟvo.
• PeƟção de princípio • Desenvolver aƟtudes de • Redigir um texto argumentaƟvo.
• Falso dilema curiosidade, honesƟdade e rigor
• Apelo à ignorância intelectuais.
• Ataque à pessoa • Iniciar à comunicação ĮlosóĮca,
(ad hominem) desenvolvendo de forma
• Derrapagem (bola de progressiva as capacidades
neve de expressão pessoal, de
• Boneco de palha comunicação e de diálogo.
(espantalho) • Desenvolver aƟvidades de análise
e confronto de argumentos.
• Analisar a estrutura lógico-
argumentaƟva de um texto,
pesquisando os argumentos,
dando conta do percurso
argumentaƟvo, explorando
possíveis objeções e refutações.

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9
10
III – RACIONALIDADE ARGUMENTATIVA E FILOSOFIA
3. Argumentação e ĮlosoĮa

Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas


3.1 DisƟnção entre persuasão e • Adquirir instrumentos cogniƟvos, • DisƟnguir persuasão de • Diálogo 3 aulas
manipulação conceptuais e metodológicos manipulação. • Manual
fundamentais para o • Caracterizar a retórica soĮsta • Glossário
3.2 FilosoĮa, retórica e
desenvolvimento do trabalho (manipulação e relaƟvismo). •
democracia
ĮlosóĮco e transferíveis para • Caracterizar a retórica socráƟca – Vídeo: Experiência de
• SoĮstas: um exemplo do mau
outras aquisições cogniƟvas. (ironia, maiêuƟca e diálogo). Pensamento: O poder da retórica
uso da retórica
• Desenvolver aƟtudes de • JusƟĮcar a oposição dos Įlósofos – Podcast: Argumentação e
• Sócrates: um exemplo do
discernimento críƟco perante (como Sócrates) à retórica ĮlosoĮa
bom uso da retórica
a informação e os saberes soĮsta. – Links para Įlmes/séries
3.3 Argumentação, verdade e ser transmiƟdos. • Explicitar a relação entre sugeridos no manual
• Desenvolver aƟtudes de argumentação, verdade e ser. • Sebenta do Aluno: resumos
curiosidade, honesƟdade e rigor • Guia do Professor:

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intelectuais. Teste SumaƟvo 4
• Reconhecer o contributo
especíĮco da FilosoĮa para
o desenvolvimento de um
pensamento informado,
metódico e críƟco.
• Iniciar à discursividade ĮlosóĮca,
prestando parƟcular atenção,
nos discursos/textos, à análise
das arƟculações lógico-sintáƟcas
e à análise dos procedimentos
retórico-argumentaƟvos.
• Desenvolver o respeito pelas
convicções e aƟtudes dos outros,
descobrindo as razões dos que
pensam de modo disƟnto.
• Comprometer-se na
compreensão críƟca do outro, no
respeito pelos seus senƟmentos,
ideias e comportamentos.
IV – O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA
1. Descrição e interpretação da aƟvidade cognosciƟva

Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas


1.1 Estrutura do ato de conhecer • QuesƟonar ĮlosoĮcamente as • Formular explicitamente o • Diálogo 2 aulas
1.1.1 O que é o conhecimento? pseudoevidências da opinião problema da natureza do • Manual
• A deĮnição triparƟda corrente, por forma a ultrapassar conhecimento. • Glossário
de conhecimento o nível do senso comum na • Descrever o conhecimento como •
(proposicional) abordagem dos problemas. um processo relacional entre um – Vídeo: Experiência de
• Objeções à deĮnição • Determinar e formular sujeito e um objeto. Pensamento: Preto, branco e
triparƟda de adequadamente os principais • Caracterizar diferentes Ɵpos de vermelho em toda a parte
conhecimento problemas que se colocam conhecimento (objeto): saber- – Documento: A deĮnição de
no âmbito do conhecimento -fazer (conhecimento práƟco), conhecimento no Teeteto
humano. conhecimento por contacto – Podcast: O que é o
• Desenvolver aƟvidades e saber-que (conhecimento conhecimento?
especíĮcas de clariĮcação proposicional). – Links para Įlmes/séries e sites
conceptual: aproximação • Reconhecer que, por oposição sugeridos no manual
eƟmológica, aproximação ao saber-fazer (conhecimento • Sebenta do Aluno: resumos
semânƟca, aproximação práƟco) e ao conhecimento
predicaƟva, deĮnição, por contacto, o conhecimento
classiĮcação. proposicional é o único Ɵpo
• IdenƟĮcar e clariĮcar de forma de conhecimento diretamente
correta os conceitos nucleares transmissível.
relaƟvos ao conhecimento • Explicitar as relações entre
humano. conhecimento, crença, verdade e
jusƟĮcação.
• Formular explicitamente
a deĮnição triparƟda de
conhecimento.
• Apresentar contraexemplos
à deĮnição triparƟda de
conhecimento.

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12
Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas
1.2 Análise comparaƟva de • Desenvolver aƟvidades de análise • Formular explicitamente o • Diálogo 10 aulas
teorias explicaƟvas do e confronto de argumentos. problema da possibilidade do • Manual
conhecimento • Confrontar as teses e a conhecimento. • Glossário
1.2.1 A resposta céƟca argumentação de um texto com • Caracterizar, em traços gerais, a •
• O argumento da teses e argumentos alternaƟvos. resposta céƟca ao problema da – Vídeos: Experiências de
regressão inĮnita • Assumir posição pessoal possibilidade do conhecimento. Pensamento: A vida numa cuba
• Objeções ao ceƟcismo relaƟvamente às teses e aos • Formular objeções ao ceƟcismo. de vidro; Cenário de pesadelo;
1.2.2 A resposta argumentos em confronto. • Indicar o objeƟvo do O Génio Maligno; Penso;
fundacionalista • Redigir composições de análise fundacionalismo cartesiano. Logo?; O Escorregadio Eu; Um
• O fundacionalismo e de interpretação de textos • DisƟnguir a dúvida metódica Adão inexperiente; Tom azul
cartesiano que incidam sobre problemas cartesiana da dúvida céƟca. desconhecido
• O fundacionalismo epistemológicos fundamentais. • Explicitar as razões para duvidar – PowerPoints: Ilusões de óƟca;
clássico (ou empirista) apresentadas por Descartes: O Argumento da Marca
ilusões dos senƟdos, indisƟnção – Documentos: Guia didáƟco –
vigília-sono, erros de raciocínio, a O Argumento da Marca; Outros

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hipótese do Deus Enganador e a argumentos a favor da existência
hipótese do Génio Maligno. de Deus – o Argumento
• Evidenciar o papel da experiência Ontológico; Objeções aos outros
mental do génio maligno, argumentos a favor da existência
do cogito e de Deus no de Deus
fundacionalismo cartesiano. – Podcast: O que é o
• IdenƟĮcar o critério de verdade conhecimento?
do fundacionalismo cartesiano: – Links para Įlmes/séries e sites
clareza e disƟnção. sugeridos no manual
• Formular o Argumento da Marca • Sebenta do Aluno: resumos
a favor da crença na existência • Guia do Professor
de Deus. – Materiais complementares
• Avaliar criƟcamente o – Teste SumaƟvo 5
fundacionalismo cartesiano.
• Esclarecer o papel da experiência
sensível no fundacionalismo
empirista de David Hume.
• DisƟnguir impressões e ideias,
bem como ideias simples e
complexas.
Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas
• Apresentar a Bifurcação de
Hume entre relações de ideias e
questões de facto.
• Explicitar os princípios de
associação de ideias propostos
por Hume: semelhança,
conƟguidade e causalidade.
• Formular explicitamente o
Problema da causalidade.
• Caracterizar a resposta de Hume
para o problema da causalidade.
• Explicitar as razões que levam
Hume a considerar que as
nossas crenças na uniformidade
da natureza e na existência
do mundo exterior são
racionalmente injusƟĮcáveis.
• Caracterizar o ceƟcismo
moderado de Hume.
• Avaliar criƟcamente o
fundacionalismo empirista de
David Hume.

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IV – O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA
2. O estatuto do conhecimento cienơĮco

Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas


2.1 Conhecimento vulgar (ou • QuesƟonar ĮlosoĮcamente as • Enunciar as principais diferenças • Diálogo 2 aulas
senso comum) conhecimento pseudoevidências da opinião entre o conhecimento vulgar e o • Manual
cienơĮco corrente, por forma a ultrapassar conhecimento cienơĮco. • Glossário
2.1.1 DisƟnção entre o nível do senso comum na • Formular explicitamente o
conhecimento vulgar e abordagem dos problemas problema da demarcação.
conhecimento cienơĮco levantados pelo conhecimento
• Ponto de parƟda para a cienơĮco.
disƟnção • Determinar e formular
• Caracterização dos dois adequadamente os principais
Ɵpos de conhecimento problemas que se colocam
2.1.2 Origem e objeƟvo do no âmbito do conhecimento
senso comum e da cienơĮco.
ciência • Desenvolver aƟvidades

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especíĮcas de clariĮcação
conceptual: aproximação
eƟmológica, aproximação
semânƟca, aproximação
predicaƟva, deĮnição,
classiĮcação.
2.2 Ciência e construção – • IdenƟĮcar e clariĮcar de forma • ClariĮcar a abordagem • Diálogo 3 aulas
validade e veriĮcabilidade correta os conceitos nucleares posiƟvista/induƟvista em relação • Manual
das hipóteses relaƟvos ao conhecimento ao problema da demarcação. • Glossário
2.2.1 InduƟvismo cienơĮco. • Reconhecer as insuĮciências da •
• Em que consiste o • Desenvolver aƟvidades de análise abordagem posiƟvista. – Vídeo: Experiência de
método cienơĮco e confronto de argumentos. • Caracterizar o método cienơĮco pensamento: A galinha induƟva
segundo a conceção • Confrontar as teses e a segundo a conceção induƟvista. – PowerPoint: Karl Popper
induƟvista? argumentação de um texto com • Compreender o critério de – Podcast: O estatuto do
• DisƟnção entre teorias teses e argumentos alternaƟvos. demarcação sugerido por uma conhecimento cienơĮco
cienơĮcas e teorias • Assumir posição pessoal conceção induƟvista da ciência: o – Links para Įlmes/séries
não-cienơĮcas na relaƟvamente às teses e aos critério de veriĮcabilidade. sugeridos no manual
conceção induƟvista argumentos em confronto. • Avaliar criƟcamente a conceção • Sebenta do Aluno: resumos
• Objeções à conceção • Redigir composições de análise induƟvista da ciência.
induƟvista de ciência e de interpretação de textos
que incidam sobre problemas
epistemológicos fundamentais.
Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas
2.2.2 FalsiĮcacionismo • Mostrar em que consiste o
• Em que consiste a critério de demarcação proposto
abordagem do método por Popper: o critério da
cienơĮco proposto por falsiĮcabilidade
Karl Popper? • Mostrar em que medida o
• Como se disƟnguem as falsiĮcacionismo ultrapassa as
teorias cienơĮcas das limitações do veriĮcacionismo
teorias não-cienơĮcas • Caracterizar o método das
no falsiĮcacionismo de conjeturas e refutações.
Popper? • Avaliar criƟcamente o
• Objeções ao falsiĮcacionismo.
falsiĮcacionismo
2.3 A racionalidade cienơĮca • IdenƟĮcar e clariĮcar de forma • Formular expressamente o • Diálogo 3 aulas
e a questão da objeƟvidade correta os conceitos nucleares problema da objeƟvidade da • Manual
2.3.1 A perspeƟva de relaƟvos ao conhecimento ciência. • Glossário
Popper acerca do cienơĮco. • Esclarecer o signiĮcado da noção •
desenvolvimento • Desenvolver aƟvidades de análise de verosimilhança. – PowerPoint: Thomas Kuhn
cienơĮco e confronto de argumentos. • ClariĮcar a perspeƟva de Kuhn – Podcast: O estatuto do
2.3.2 A perspeƟva de • Confrontar as teses e a acerca do desenvolvimento conhecimento cienơĮco
Kuhn acerca do argumentação de um texto com cienơĮco. – Links para Įlmes/séries
desenvolvimento teses e argumentos alternaƟvos. • Descrever as diferentes etapas sugeridos no manual
cienơĮco • Assumir posição pessoal do desenvolvimento cienơĮco, • Sebenta do Aluno: resumos
• A (r)evolução da ciência relaƟvamente às teses e aos segundo Kuhn. • Guia do Professor
segundo Kuhn argumentos em confronto. • ClariĮcar as noções de – Materiais complementares
• A noção de • Redigir composições de análise paradigma, anomalia, crise – Teste SumaƟvo 6
incomensurabilidade e de interpretação de textos cienơĮca, revolução cienơĮca e
• Objeções à tese da que incidam sobre problemas incomensurabilidade.
incomensurabilidade epistemológicos fundamentais. • Formular argumentos a favor da
tese da incomensurabilidade.
• Avaliar criƟcamente a
posição de Kuhn no que diz
respeito à objeƟvidade das
teorias cienơĮcas e à tese da
incomensurabilidade.
• Comparar as posições de Popper
e Kuhn no que diz respeito
à objeƟvidade das teorias

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cienơĮcas.

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IV – O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA Problema 1: Será o aborto moralmente permissível?
Problema 2: Será a eutanásia moralmente permissível?
3. Temas / problemas da cultura cienơĮco-tecnológica no mundo contemporâneo
Problema 3: Será que existem guerras justas? *
(*Em )

Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas


Problema A: • Adquirir instrumentos cogniƟvos, • Apresentar com clareza o • Manual 8 aulas
O problema moral do aborto conceptuais e metodológicos problema a debater. • Livros
fundamentais para o • Apresentar com clareza a posição • Revistas
desenvolvimento do trabalho defendida. • Internet
OU ĮlosóĮco e transferíveis para • Argumentar a favor da posição • Entrevistas
outras aquisições cogniƟvas. defendida. • Glossário
• Adquirir informações seguras e • Avaliar criƟcamente os •
Problema B: relevantes para a compreensão argumentos expostos. – PowerPoints: Exposição do
O problema moral da eutanásia dos problemas e dos desaĮos • Respondera às questões problema do aborto; Ideias
que se colocam às sociedades levantadas pela avaliação críƟca. básicas sobre a eutanásia
contemporâneas. • Extrair a conclusão do debate – Links para Įlmes/séries
OU • Desenvolver um pensamento desenvolvido ao longo do ensaio. sugeridos no manual

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autónomo e emancipado que, • Usar uma linguagem clara. • Sebenta do Aluno:
por integração progressiva e • Conduzir logicamente as ideias – Como estudar FilosoĮa
Problema C: criteriosa dos saberes parcelares, apresentadas. – Como escrever um ensaio
O problema da guerra justa permita a elaboração de sínteses • Pensar de maneira autónoma. ĮlosóĮco
(disponível em ) reŇexivas pessoais, construƟvas e
abertas.
• Adquirir hábitos de estudo e de
trabalho autónomo.
• Desenvolver aƟtudes de
discernimento críƟco perante
a informação e os saberes
transmiƟdos.
• Desenvolver aƟtudes de
curiosidade, honesƟdade e rigor
intelectuais.
• Desenvolver uma consciência
críƟca e responsável que,
mediante a análise fundamentada
da experiência, atenta aos
desaĮos e aos riscos do presente,
tome a seu cargo o cuidado éƟco
pelo futuro.
Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas
• Assumir o exercício da cidadania,
informando-se e parƟcipando
no debate dos problemas de
interesse público, nacionais e
internacionais.
• Iniciar ao conhecimento e
uƟlização criteriosa das fontes
de informação, designadamente
obras de referência e novas
tecnologias.
• Dominar metodologias e
técnicas de trabalho intelectual
que potenciem a qualidade
das aquisições cogniƟvas e
assegurem a autoformação e a
educação permanente.
• Desenvolver práƟcas de
exposição (oral e escrita) e
de intervenção num debate,
aprendendo a apresentar de
forma metódica e compreensível
as ideias próprias ou os
resultados de consultas ou notas
de leitura.
• IdenƟĮcar e clariĮcar de forma
correta os conceitos nucleares
relaƟvos aos temas/problemas
propostos à reŇexão.
• Desenvolver aƟvidades de análise
e confronto de argumentos.
• Desenvolver, seguindo planos/
guiões ou modelos simples,
temas/problemas programáƟcos.
• Promover a integração
de saberes (perspeƟva
interdisciplinar).
• Desenvolver a capacidade de

Guia do Professor - Como Pensar Tudo Isto? • PlaniĮcação anual


problemaƟzação.

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V – UNIDADE FINAL: DESAFIOS E HORIZONTES DA FILOSOFIA
Opção 1: A ĮlosoĮa e os outros saberes

Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas


A. A ĮlosoĮa e os outros saberes • QuesƟonar ĮlosoĮcamente as • Caracterizar o princípio da igual • Diálogo 8 aulas
A.1 Plurivocidade da verdade: pseudoevidências da opinião validade. • Manual
igual validade e construção corrente, por forma a ultrapassar • DeĮnir construção social. • Glossário
social o nível do senso comum na • Conhecer as teses em confronto: •
A.2 Argumentos a favor do abordagem dos problemas. o construƟvismo e o objeƟvismo – PowerPoint: Ideias básicas sobre
construƟvismo sobre os • Determinar e formular sobre os factos. a plurivocidade da verdade: igual
factos adequadamente os principais • Examinar as razões a favor e validade e construção social
• Argumento da problemas que se colocam no contra o construƟvismo sobre os – Podcast: A ĮlosoĮa e os outros
dependência da descrição âmbito das teorias da verdade e factos. saberes
• Argumento do relaƟvismo da racionalidade. • Assumir uma posição pessoal em – Links para Įlmes/séries e site
global • Desenvolver aƟvidades relação ao problema inicial. sugeridos no manual
A.3 Argumentos contra o especíĮcas de clariĮcação • Sebenta do Aluno:

Guia do Professor - Como Pensar Tudo Isto? • PlaniĮcação anual


construƟvismo sobre os conceptual: aproximação – Como estudar FilosoĮa
factos eƟmológica, aproximação – Como escrever um ensaio
• Três problemas da semânƟca, aproximação ĮlosóĮco
dependência da descrição predicaƟva, deĮnição,
• RelaƟvismo global: uma classiĮcação.
posição coerente? • IdenƟĮcar e clariĮcar de forma
correta os conceitos nucleares
relaƟvos a teorias da verdade e
da racionalidade.
• Desenvolver aƟvidades de análise
e confronto de argumentos.
• Confrontar as teses e a
argumentação de um texto com
teses e argumentos alternaƟvos.
• Assumir posição pessoal
relaƟvamente às teses e aos
argumentos em confronto.
• Redigir composições de análise
e de interpretação de textos que
incidam sobre teorias da verdade
e da racionalidade.
V – UNIDADE FINAL: DESAFIOS E HORIZONTES DA FILOSOFIA
Opção 2: A ĮlosoĮa na cidade

Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas


B. A ĮlosoĮa na cidade • QuesƟonar ĮlosoĮcamente as • Compreender o problema da • Diálogo 8 aulas
B.1 O problema da liberdade de pseudoevidências da opinião liberdade de expressão. • Manual
expressão. corrente, por forma a ultrapassar • ProblemaƟzar a relação entre • Glossário
• A resposta de Stuart Mill o nível do senso comum na infalibilidade e liberdade de •
• Duas Objeções à teoria da abordagem dos problemas. expressão. – PowerPoint: Democracia e
liberdade de expressão de • Determinar e formular • Avaliar criƟcamente o princípio liberdade de expressão
Stuart Mill adequadamente os principais do dano de Stuart Mill. – Podcast: A ĮlosoĮa na cidade
problemas que se colocam – Links para Įlmes/séries e sites
no âmbito da liberdade de sugeridos no manual
expressão. • Sebenta do Aluno:
• Desenvolver aƟvidades – Como estudar FilosoĮa
especíĮcas de clariĮcação – Como escrever um ensaio
conceptual: aproximação ĮlosóĮco
eƟmológica, aproximação
semânƟca, aproximação
predicaƟva, deĮnição,
classiĮcação.
• IdenƟĮcar e clariĮcar de forma
correta os conceitos nucleares
relaƟvos ao problema da
liberdade de expressão
• Desenvolver aƟvidades de análise
e confronto de argumentos.
• Confrontar as teses e a
argumentação de um texto com
teses e argumentos alternaƟvos.
• Assumir posição pessoal
relaƟvamente às teses e aos
argumentos em confronto.
• Redigir composições de análise
e de interpretação de textos que
incidam sobre o problema da

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liberdade de expressão.

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V – UNIDADE FINAL: DESAFIOS E HORIZONTES DA FILOSOFIA
Opção 3: A ĮlosoĮa e o senƟdo

Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas


C. A ĮlosoĮa e o senƟdo • QuesƟonar ĮlosoĮcamente as • Formular explicitamente o • Diálogo 8 aulas
C.1 O problema do senƟdo da pseudoevidências da opinião problema do senƟdo da vida. • Manual
vida corrente, por forma a ultrapassar • Explicitar a relação entre a • Glossário
C.2 Finitude e temporalidade o nível do senso comum na Įnitude humana e o problema do •
– a resposta pessimista e a abordagem dos problemas. senƟdo da existência. – Vídeo: Experiência de
tarefa de ser no mundo • Determinar e formular • Caracterizar a resposta de Camus Pensamento: O mito de Sísifo
• Camus e o absurdo adequadamente os principais ao problema do senƟdo da – PowerPoint: Poderá uma vida
• SenƟdo de um ponto de problemas que se colocam no existência. humana ter objeƟvamente
vista subjeƟvo âmbito do senƟdo da vida. • Caracterizar a resposta senƟdo?
C.3 Pensamento e memória • Desenvolver aƟvidades subjeƟvista ao problema do – Podcast: A ĮlosoĮa e o senƟdo
– a resposta oƟmista e a especíĮcas de clariĮcação senƟdo da existência. – Links para Įlmes/séries sugeridos
responsabilidade pelo futuro conceptual: aproximação • Caracterizar a resposta teísta no manual

Guia do Professor - Como Pensar Tudo Isto? • PlaniĮcação anual


• Deus e o senƟdo da eƟmológica, aproximação ao problema do senƟdo da • Sebenta do Aluno:
existência semânƟca, aproximação existência. – Como estudar FilosoĮa
predicaƟva, deĮnição, • Caracterizar a resposta – Como escrever um ensaio
classiĮcação. objeƟvista ao problema do ĮlosóĮco
• IdenƟĮcar e clariĮcar de forma senƟdo da existência.
correta os conceitos nucleares • Avaliar criƟcamente as diferentes
relaƟvos ao problema do senƟdo respostas ao problema do
da vida. senƟdo da existência.
• Desenvolver aƟvidades de análise
e confronto de argumentos.
• Confrontar as teses e a
argumentação de um texto com
teses e argumentos alternaƟvos.
• Assumir posição pessoal
relaƟvamente às teses e aos
argumentos em confronto.
• Redigir composições de análise
e de interpretação de textos que
incidam sobre o problema do
senƟdo da vida.
O QUE É UMA EXPERIÊNCIA MENTAL E PARA QUE SERVE?

Ž ůŽŶŐŽ ĚŽ ŵaŶƵaů omo Wensar duĚo /sƚo͍ ƵsaŵŽs ĨƌeƋƵeŶƚeŵeŶƚe edžƉeƌŝġŶĐŝas ŵeŶƚaŝs ;ŽƵ edžƉeƌŝġŶĐŝas
Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽͿ͕ Ƶŵ ƌeĐƵƌsŽ a seƌ edžƉůŽƌaĚŽ Ŷa saůa Ěe aƵůa ŽƵ eŵ Đasa͕ ĐŽŵŽ aƵdžŝůŝaƌ ĚŽ esƚƵĚŽ͘

esĚe seŵƉƌe ƋƵe ĐŝeŶƟsƚas e ĮůſsŽĨŽs ƚġŵ ƌeĐŽƌƌŝĚŽ a esƚe ƟƉŽ Ěe ĐeŶĄƌŝŽs ŝŵaŐŝŶĄƌŝŽs Ɖaƌa aĮŶaƌ as sƵas
ŝĚeŝas e ƚesƚaƌ as sƵas ƚeŽƌŝas͘ K ƉƌŽƉſsŝƚŽ Ěe ƚaŝs edžƉeƌŝġŶĐŝas Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽ Ġ Đƌŝaƌ ĐŽŶĚŝĕƁes Ɖaƌa ƋƵe ŶŽs
ƉŽssaŵŽs ĐŽŶĐeŶƚƌaƌ ŶŽs asƉeƚŽs esseŶĐŝaŝs Ěe Ƶŵ ƉƌŽďůeŵa͘ daů ĐŽŵŽ aĐŽŶƚeĐe ĐŽŵ as edžƉeƌŝġŶĐŝas ĐŝeŶơĮĐas͕
as edžƉeƌŝġŶĐŝas ŵeŶƚaŝs ƉeƌŵŝƚeŵͲŶŽs ŝsŽůaƌ Ěŝǀeƌsas ǀaƌŝĄǀeŝs e edžaŵŝŶaƌ Ž ƉaƉeů ƋƵe esƚas ĚeseŵƉeŶŚaŵ Ŷas
ŶŽssas ƚeŽƌŝas e Ŷa ŶŽssa ĐŽŵƉƌeeŶsĆŽ ĚŽ ŵƵŶĚŽ͘

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ŶŽssa aǀaůŝaĕĆŽ ŵŽƌaů Ěesse ƟƉŽ Ěe ĐasŽs͘ /ssŽ ƉŽĚe ůeǀaƌͲŶŽs a ƌeĨŽƌĕaƌ a ŶŽssa ĐŽŶĮaŶĕa ŶƵŵa ĚeƚeƌŵŝŶaĚa
ƚeŽƌŝa ŵŽƌaů͕ a aĮŶaƌ a ŶŽssa ƉeƌsƉeƟǀa sŽďƌe Ž assƵŶƚŽ ŽƵ aƚĠ ŵesŵŽ a ƌeǀġͲůa ƉŽƌ ĐŽŵƉůeƚŽ͘

esƚe ŵŽĚŽ͕ esƚe ƟƉŽ Ěe ĐeŶĄƌŝŽs ƉeƌŵŝƚeͲŶŽs ƚesƚaƌ as ŶŽssas ŝŶƚƵŝĕƁes aĐeƌĐa ĚŽ ĐŽŵƉŽƌƚaŵeŶƚŽ Ěe
ĐeƌƚŽs ƉƌŝŶĐşƉŝŽs͕ aƌŐƵŵeŶƚŽs ŽƵ ƚeŽƌŝas eŵ ĐasŽs ŚŝƉŽƚĠƟĐŽs͕ ĐŽŶsŝĚeƌaŶĚŽ as sƵas ŝŵƉůŝĐaĕƁes eŵ sŝƚƵaĕƁes
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ůĠŵ ĚŝssŽ͕ as edžƉeƌŝġŶĐŝas Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽ ƉeƌŵŝƚeŵͲŶŽs ƌeŇeƟƌ sŽďƌe ĐŽŝsas ƋƵe ŶĆŽ ƉŽĚeƌşaŵŽs eͬŽƵ
ŶĆŽ ĚeǀeƌşaŵŽs ƚesƚaƌ Ŷa ǀŝĚa ƌeaů͘ EŽ eŶƚaŶƚŽ͕ ŵesŵŽ ƋƵaŶĚŽ esƚaŵŽs a ĐŽŶsŝĚeƌaƌ ĐeŶĄƌŝŽs ŝŵƉŽssşǀeŝs͕ a
ƵƟůŝĚaĚe Ěas edžƉeƌŝġŶĐŝas ŵeŶƚaŝs Ġ ŝŶƋƵesƟŽŶĄǀeů͕ ƉŽƌƋƵe Ž seƵ ŽďũeƟǀŽ ŶĆŽ Ġ ĚesĐƌeǀeƌ a ƌeaůŝĚaĚe͕ ŵas sŝŵ
aũƵĚaƌͲŶŽs a ĨŽĐaƌ a ŶŽssa aƚeŶĕĆŽ ŶŽs asƉeƚŽs ĐƌƵĐŝaŝs͕ Ěe ŵŽĚŽ a ƉeŶsaƌ ĐŽŵ ŵaŝs Đůaƌenja sŽďƌe Žs assƵŶƚŽs͘

Ea seŐƵŶĚa seĐĕĆŽ ĚŽ aƉşƚƵůŽ 1 ĚŽ deŵa ϰ͕ ĐŽŵeĕaŵŽs ĐŽŵ a edžƉeƌŝġŶĐŝa Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽ Η ǀŝĚa ŶƵŵa
ĐƵďa Ěe ǀŝĚƌŽΗ͘ sƚa edžƉeƌŝġŶĐŝa Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽ aƉaƌeĐe ŶŽ ůŝǀƌŽ Zanjão͕ serdade e ,istſria ;Žŵ YƵŝdžŽƚe͕ 1992Ϳ͕
Ěe ,ŝůaƌLJ WƵƚŶaŵ͕ e ƉeƌŵŝƚeͲŶŽs ƋƵesƟŽŶaƌ sŽďƌe as ƉŽssŝďŝůŝĚaĚes ĚŽ ĐŽŶŚeĐŝŵeŶƚŽ͘ ^e ŶŽs ƉŽsŝĐŝŽŶaƌŵŽs Ŷa
sŝƚƵaĕĆŽ Ěe Ƶŵ ĐĠƌeďƌŽ ůŝŐaĚŽ a Ƶŵ sƵƉeƌĐŽŵƉƵƚaĚŽƌ ƋƵe sŝŵƵůa edžƉeƌŝġŶĐŝas ĐŽŵŽ se ĨŽsseŵ ƌeaŝs e ŶŽs
eŶŐaŶa sŽďƌe a ŶŽssa ƉeƌĐeĕĆŽ Ěa ƌeaůŝĚaĚe͕ seƌĄ ƋƵe Ŷesse ĐasŽ ƉŽĚeƌşaŵŽs eŵ ƌŝŐŽƌ aĮƌŵaƌ ƋƵe ĐŽŶŚeĐeŵŽs
aůŐƵŵa ĐŽŝsa͍ ĮŶaů͕ ƉŽĚeŵŽs ŶĆŽ Ɖassaƌ Ěe ĐĠƌeďƌŽs ŶƵŵa ĐƵďa Ěe ǀŝĚƌŽ͘

WŽĚeŵŽs Ƶsaƌ Ŷas aƵůas ŵƵŝƚas edžƉeƌŝġŶĐŝas ŵeŶƚaŝs͕ aƚĠ ƉŽƌƋƵe sĆŽ esƚƌaƚĠŐŝas ƋƵe ĐaƟǀaŵ ŵƵŝƚŽ Žs aůƵŶŽs͘
hŵa Ěas ƉƌŝŶĐŝƉaŝs ĚŝĮĐƵůĚaĚes ƋƵe se ĐŽůŽĐa Ġ Žs aůƵŶŽs ŝŵaŐŝŶaƌeŵ sŝƚƵaĕƁes ŶĆŽ Ɖƌeǀŝsƚas Ŷa sŝƚƵaĕĆŽ ŝŶŝĐŝaů
Ěa edžƉeƌŝġŶĐŝa ŵeŶƚaů͘ ŽŶǀĠŵ͕ Ŷesƚes ĐasŽs͕ saůŝeŶƚaƌ ƋƵe as ǀaƌŝaĕƁes Ěeǀeŵ seƌ ŝŶƚƌŽĚƵnjŝĚas ĐŽŵ ĐaƵƚeůa͕
sŽď ƉeŶa Ěe seƌŵŽs ŝŶĐaƉanjes Ěe ĚeƚeƌŵŝŶaƌ ƋƵaů Ěeůas esƚĄ a ĚeseŵƉeŶŚaƌ Ƶŵ ƉaƉeů ŵaŝs aƟǀŽ ŶŽs ŶŽssŽs
ǀeƌeĚŝƚŽs͘

ůŐƵŶs edžeŵƉůŽs Ěe edžƉeƌŝġŶĐŝas ŵeŶƚaŝs͗


O paradodžo de enão ;ŵeƚaİsŝĐaͿ O adão inedžperiente ;eƉŝsƚeŵŽůŽŐŝaͿ
O naǀio de TeseƵ ;ŵeƚaİsŝĐa͕ ƉƌŽďůeŵa Ěa O toŵ de anjƵů desĐonŚeĐido ;eƉŝsƚeŵŽůŽŐŝaͿ
ŝĚeŶƟĚaĚeͿ O ƋƵarto ĐŚinġs ;ĮůŽsŽĮa Ěa ŵeŶƚe e Ěa ůŝŶŐƵaŐeŵͿ
O ŵito de SşsiĨo ;ŵeƚaİsŝĐa͕ ƉƌŽďůeŵa ĚŽ seŶƟĚŽ A ŵĄƋƵina de edžperiġnĐias ;ĠƟĐa͕ ĮůŽsŽĮa ŵŽƌaůͿ
Ěa ǀŝĚaͿ O diůeŵa do trſůei ;ĠƟĐa͕ ĮůŽsŽĮa ŵŽƌaůͿ
A MarLJ ŵonoĐroŵĄƟĐa ;eƉŝsƚeŵŽůŽŐŝaͿ O Đaso do ǀioůinista ;ĠƟĐa͕ ƉƌŽďůeŵa ĚŽ aďŽƌƚŽͿ
O ĐĠreďro nƵŵa ĐƵďa ;eƉŝsƚeŵŽůŽŐŝaͿ A posição original ;ĮůŽsŽĮa ƉŽůşƟĐaͿ
O ŐĠnio ŵaůiŐno ;eƉŝsƚeŵŽůŽŐŝaͿ

'Ƶŝa ĚŽ WƌŽĨessŽƌ Ͳ ŽŵŽ ƉeŶsaƌ ƚƵĚŽ ŝsƚŽ͍ • K ƋƵe Ġ Ƶŵa edžƉeƌġŶĐŝa ŵeŶƚaů e Ɖaƌa ƋƵe seƌǀe͍ 21
LÓGICA SILOGÍSTICA ARISTOTÉLICA TESTE SUMATIVO 1
Nome

Ano പTurma പProfessor പData / /

'RUPO I ʹ Responde de Ĩorŵa direta

1. Analisa as aĮrŵações ƋƵe se segƵeŵ e indiĐa͕ ă Ĩrente de Đada Ƶŵa͕ se são ǀerdadeiras ;VͿ oƵ Ĩalsas ;&Ϳ.
Corrige as aĮrŵações Ĩalsas.

A. As premissas dos argumentos válidos são sempre verdadeiras.

B. O termo predicado apenas está distribuído nas proposições negativas.

C. Na segunda figura, o termo médio é sujeito em ambas as premissas.

D. Um silogismo com o modo AAA na terceira figura é válido.

E. O seguinte argumento é inválido: “Alguns heróis não são mortais. Alguns bombeiros são heróis.
Logo, alguns bombeiros não são mortais”.

&. O seguinte argumento é válido: “Alguns números são números primos. Alguns números primos
são algarismos. Logo, alguns algarismos são números”.

2. SeleĐiona a opção Đorreta.


2.1 onsidera as seguintes formas argumentaƟvas silogísƟcas:

1. Algum A é B. Nenhum C é A. ‘ nenhum C é B.


2. Nenhum A é B. Todo C é A. ‘ todo C é B.
3. Todo A é B. Algum C é A. ‘ algum C é B.
4. Nenhum A é B. Algum C é A. ‘ algum C não é B.

A. 1 é válida; 2, 3 e 4 são inválidas.


B. 1 e 2 são válidas; 3 e 4 são inválidas.
C. 1 e 2 são inválidas; 3 e 4 são válidas.
D. 1 é inválida; 2, 3 e 4 são válidas.

22 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 1


TESTE SUMATIVO ͮ LÓGICA SILOGÍSTICA ARISTOTÉLICA 1

2.2 Considera as seguintes formas argumentaƟvas silogísƟcas:

1. Todo A é B. Todo C é B. ‘ todo C é A.


2. Todo A é B. Algum C não é B. ‘ algum C não é A.
3. Todo A é B. Nenhum C é B. ‘ nenhum C é A.
4. Nenhum A é B. Algum C é B. ‘ algum C não é A.

A. 1 é válida; 2, 3 e 4 são inválidas.


B. 1 e 2 são válidas; 3 e 4 são inválidas.
C. 1 e 2 são inválidas; 3 e 4 são válidas.
D. 1 é inválida; 2, 3 e 4 são válidas.

2.3 Considera as seguintes formas argumentaƟvas silogísƟcas:

1. Nenhum A é B. Algum A é C. ‘ algum C não é B.


2. Todo A é B. Algum A é C. ‘ algum C é B.
3. Todo A é B. Algum A é C. ‘ todo C é B.
4. Algum A não é B. Algum A é C. ‘ algum C não é B.

A. 1 é válida; 2, 3 e 4 são inválidas.


B. 1 e 2 são válidas; 3 e 4 são inválidas.
C. 1 e 2 são inválidas; 3 e 4 são válidas.
D. 1 é inválida; 2, 3 e 4 são válidas.

2.4 Considera as seguintes formas argumentaƟvas silogísƟcas:

1. Algum A é B. Todo B é C. ‘ algum C é A.


2. Algum A é B. Todo B é C. Logo, todo C é A.
3. Todo A é B. Todo B é C. Logo, todo C é A.
4. Todo A é B. Todo B é C. Logo, algum C não é A.

A. 1 é válida; 2, 3 e 4 são inválidas.


B. 1 e 2 são válidas; 3 e 4 são inválidas.
C. 1 e 2 são inválidas; 3 e 4 são válidas.
D. 1 é inválida; 2, 3 e 4 são válidas.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 1 23


TESTE SUMATIVO ͮ LÓGICA SILOGÍSTICA ARISTOTÉLICA 1

'RUPO II ʹ Responde de Ĩorŵa direta e oďjeƟǀa

1. Considerando as regras dos silogisŵos͕ deterŵina se os segƵintes argƵŵentos são ǀĄlidos oƵ inǀĄlidos
e idenƟĮĐa o seƵ ŵodo e ĮgƵra͗

1.1 Todos os direitos são alienáveis.


Toda a vida humana é um direito.
Logo, toda a vida humana é alienável.

1.2 Todas as barras de metal dilatam ao serem aquecidas.


Os carris ferroviários portugueses são barras de metal.
Logo, os carris ferroviários portugueses dilatam ao serem aquecidos.

1.3 Todos os pianos têm teclado.


Todos os computadores têm teclado.
Logo, todos os computadores são pianos.

1.4 Nenhuns humanos são políƟcos.


Alguns políƟcos são políƟcos de esquerda.
Logo, alguns políƟcos de esquerda não são humanos.

1.5 Todos os portugueses são europeus.


Alguns lisboetas não são portugueses.
Logo, alguns lisboetas não são europeus.

1.6 Todos os pintores são arƟstas.


Alguns pintores são expressionistas.
Logo, alguns expressionistas são arƟstas.

2. Nos argƵŵentos do edžerĐşĐio anterior ŚĄ algƵŵa ĨalĄĐia Ĩorŵal? Se siŵ͕ eŵ ƋƵe argƵŵentos?
Corrige esses argƵŵentos de ŵodo a sereŵ ǀĄlidos.

3. Constrſi Ƶŵ silogisŵo ĐategſriĐo ǀĄlido͕ da 2ǐ ĮgƵra e do ŵodo AEE͕ ƵƟlinjando os terŵos apresentados.
Termo maior: Ηcoisas ĮnitasΗ
Termo médio: "material"
Termo menor: "alma"

4. A parƟr das segƵintes preŵissas indiĐa ƋƵe ĐonĐlƵsão ǀĄlida se pode oďter e assinala ƋƵal Ġ o ŵodo
e a ĮgƵra desse argƵŵento.
Nenhum estudioso tem negaƟva em lógica.
Alguns estudiosos são programadores de computadores.

24 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 1


LÓGICA PROPOSICIONAL CLÁSSICA TESTE SUMATIVO 2
Nome

Ano പTurma പProfessor പData / /

GRUPO I ʹ Responde de Ĩorŵa direta

1. Analisa as aĮrŵações ƋƵe se segƵeŵ e indiĐa͕ ă Ĩrente de Đada Ƶŵa͕ se são ǀerdadeiras ;VͿ oƵ Ĩalsas ;&Ϳ.
Corrige as aĮrŵações Ĩalsas.

A. As premissas dos argumentos válidos são sempre verdadeiras.


B. A formalização da proposição “Se não é verdade que a vida faz sentido, então Deus não existe
ou não é sumamente bom” é ;щPїщ;YR))
C. A formalização da proposição “Se os fetos humanos são pessoas e têm direito à vida, então
o aborto não é permissível” é ((PŽY)їщR)

D. A seguinte formula proposicional expressa uma contingência ¬((PŽY)ї(RS))

E. A seguinte forma argumentativa é inválida: ((PўY)ї(RŽS)), (RŽS) ‘ (PўY)


&. O seguinte argumento é inválido: “Ou Deus não existe, ou o sofrimento é uma ilusão.
Consequentemente, Deus não existe. Dado que, o sofrimento não é uma ilusão.”

G. A inferência seguinte é um silogismo hipotético: ((PŽY)R), ¬(PŽY) ‘ R

H. A inferência seguinte é um modus tollens: (Pї(YR)) ‘ (¬(YR)ї¬P)

2. SeleĐiona a opção Đorreta.


2.1 Considera as seguintes formas argumentaƟvas:

1. (PїY), P ‘ Y
2. (PŽY) ‘ P
3. (PїY), Y ‘ P
4. (PY) ‘ Y

A. 1 é válida; 2, 3 e 4 são inválidas.


B. 1 e 2 são válidas; 3 e 4 são inválidas.
C. 1 e 2 são inválidas; 3 e 4 são válidas.
D. 1 é inválida; 2, 3 e 4 são válidas.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 2 25


TESTE SUMATIVO ͮ LÓGICA PROPOSICIONAL CLÁSSICA 2

2.2 Considera as seguintes formas argumentaƟvas:

1. (PY), Y ‘ P
2. (PїY), (PŽ¬Y) ‘ R
3. (PўY), (PїR), ¬R ‘ ¬P
4. (Pї(YR)) ‘ ((PїY)(PїR))

A. 1 é válida; 2, 3 e 4 são inválidas.


B. 1 e 2 são válidas; 3 e 4 são inválidas.
C. 1 e 2 são inválidas; 3 e 4 são válidas.
D. 1 é inválida; 2, 3 e 4 são válidas.

2.3 Considera as seguintes formas argumentaƟvas:

1. (Pї(YR)), (YR) ‘ P
2. (PY) ‘ P
3. P ‘ (PY)
4. (PїY), P ‘ Y

A. 1 é válida; 2, 3 e 4 são inválidas.


B. 1 e 2 são válidas; 3 e 4 são inválidas.
C. 1 e 2 são inválidas; 3 e 4 são válidas.
D. 1 é inválida; 2, 3 e 4 são válidas.

2.4 Considera as seguintes formas argumentaƟvas:

1. (PY), ¬Y ‘ P
2. (PїY), (PїR) ‘ R
3. (PўY), (PўR), ¬R ‘ (¬PŽR)
4. (Pї(YR)) ‘ ((PїY)Ž(PїR))

A. 1 é válida; 2, 3 e 4 são inválidas.


B. 1 e 2 são válidas; 3 e 4 são inválidas.
C. 1 e 2 são inválidas; 3 e 4 são válidas.
D. 1 é inválida; 2, 3 e 4 são válidas.

26 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 2


TESTE SUMATIVO ͮ LÓGICA PROPOSICIONAL CLÁSSICA 2

GRUPO II ʹ Responde de Ĩorŵa direta e oďjeƟǀa

1. Coŵ reĐƵrso de inspetores de ĐirĐƵnstąnĐias͕ deterŵina e jƵsƟĮĐa se os segƵintes argƵŵentos são


ǀĄlidos oƵ inǀĄlidos͗
1.1 Se as nossas crenças não estão jusƟĮcadas, então não temos conhecimento.
As nossas crenças não estão jusƟĮcadas.
Logo, não temos conhecimento.

1.2 Os nossos senƟdos enganam-nos algumas vezes.


Se os nossos senƟdos nos enganam algumas vezes, então não podemos saber se nos estão a enganar
neste momento.
Se não podemos saber se os nossos senƟdos nos estão a enganar neste momento, então não podemos
conĮar nas informações adquiridas através deles. Logo, não podemos conĮar nas informações adquiridas
através dos senƟdos.

1.3 Se as touradas não ofendem as pessoas, então devem ser permiƟdas.


Ora, as touradas devem ser permiƟdas.
Logo, estas não ofendem as pessoas.

1.4 A jusƟĮcação de qualquer crença é inferida de outras crenças.


Se a jusƟĮcação de qualquer crença é inferida de outras crenças, então dá-se uma regressão inĮnita.
Se há uma regressão inĮnita, as nossas crenças não estão jusƟĮcadas.
Logo, as nossas crenças não estão jusƟĮcadas.

2. Nos argƵŵentos do edžerĐşĐio anterior ŚĄ algƵŵa ĨalĄĐia Ĩorŵal? Se siŵ͕ eŵ ƋƵe argƵŵento?
Corrige esse argƵŵento de ŵodo a ser ǀĄlido.

3. Apresenta as ĐonĐlƵsões ƋƵe se segƵeŵ ǀalidaŵente das proposições de Đada das alşneas e indiĐa a
inĨerġnĐia ƋƵe apliĐaste͗

A. Se tudo está determinado, o livre-arbítrio não existe. Se o livre-arbítrio não existe, então não há
responsabilidade moral.
B. É aceitável silenciar uma opinião só se somos infalíveis. Mas não somos infalíveis.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 2 27


ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA TESTE SUMATIVO 3
Nome

Ano പTurma പProfessor പData / /

GRUPO I ʹ Responde de Ĩorŵa direta

1. Uŵa deŵonstração͗
A. torna uma proposição provável.
B. estabelece conclusivamente a verdade de uma proposição.
C. conclui que pelo menos uma das premissas é verdadeira.
D. conclui que pelo menos uma das premissas é falsa.

2. Na argƵŵentação͗
A. a verdade das premissas é suficiente para a verdade da conclusão.
B. a verdade das premissas garante que a conclusão é falsa.
C. a verdade das premissas não é suficiente para a verdade da conclusão.
D. a verdade da conclusão implica a verdade das premissas.

3. A argƵŵentação dĄ espeĐial atenção͗


A. só aos aspetos formais dos argumentos.
B. não apenas aos aspetos formais, mas também aos aspetos informais dos argumentos.
C. nem aos aspetos formais nem aos aspetos informais dos argumentos.
D. apenas à solidez dos argumentos.

4. A proǀa pelo logos reĨere-se ;seleĐiona a alternaƟǀa ĨalsaͿ͗


A. à argumentação bem construída do ponto de vista lógico.
B. à argumentação na qual se consegue provar ou convencer logicamente da verdade de uma conclusão.
C. à argumentação que tenha em conta aspetos emocionais e de caráter do orador.
D. ao cuidado lógico na construção dos argumentos.

5. O ethos reĨere-se ;seleĐiona a alternaƟǀa ĨalsaͿ͗


A. à imagem que o auditório faz do orador.
B. à demonstração dada pelo discurso.
C. à confiança que o auditório deposita no orador.
D. ao caráter do orador.

28 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 3


TESTE SUMATIVO ͮ ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA 3

6. O pathos reĨere-se ;seleĐiona a alternaƟǀa ĨalsaͿ͗


A. à adequação do discurso ao auditório.
B. às emoções que o discurso desperta no auditório.
C. à atenção dada à sensibilidade emocional do auditório.
D. à validade dos argumentos apresentados ao auditório.

7. NƵŵ argƵŵento por generalinjação indƵƟǀa͗


A. a conclusão é mais geral do que as premissas.
B. a conclusão é verdadeira se as premissas forem verdadeiras.
C. a conclusão é mais particular do que as premissas.
D. as premissas são mais gerais do que a conclusão.

8. Uŵ argƵŵento indƵƟǀo por analogia Ġ ĨraĐo ƋƵando͗


A. se baseia em semelhanças relevantes nas premissas.
B. se baseia em semelhanças relevantes na conclusão.
C. não se baseia em semelhanças relevantes nas premissas.
D. se baseia pelo menos numa semelhança numa das premissas.

GRUPO II ʹ Responde de Ĩorŵa direta e oďjeƟǀa

1. Aǀalia os segƵintes argƵŵentos͕ enƵnĐiando a ĨalĄĐia inĨorŵal ƋƵe estĄ presente eŵ Đada Ƶŵ deles͗

A. Os médicos costumam dizer que devemos deixar de fumar, mas eles próprios fumam. Logo, não temos
razão para largar o tabaco.
B. Se não podemos provar conclusivamente a existência de factos morais, então é porque na verdade
os factos morais não existem.
C. Os trabalhadores querem reduzir o horário de trabalho, pois o que eles querem é boa vida e não querem
trabalhar. Logo não se deve reduzir o horário de trabalho.
D. O melhor é ires à praia, pois ou vais à praia ou vais ter muito azar durante todo o dia.

2. Analisa as segƵintes deĮnições e idenƟĮĐa ƋƵal a ĨalĄĐia inĨorŵal ƋƵe reĨereŵ͗

A. Procura-se descredibilizar uma proposição ou argumento atacando a credibilidade do seu autor.


B. Consiste em tentar provar que uma proposição é verdadeira porque ainda não se provou que é falsa,
ou que é falsa porque ainda não se provou que é verdadeira.
C. Pressupõe-se nas premissas aquilo que se pretende provar na conclusão.
D. Procura mostrar-se que se refutou um argumento ou uma teoria através da refutação de uma versão
distorcida e enfraquecida do(a) mesmo(a).

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 3 29


TESTE SUMATIVO ͮ ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA 3

GRUPO III ʹ Analisa o tedžto e responde

“Por retórica pode-se entender um conjunto de regras que têm por objetivo tornar mais clara a
expressão dos argumentos; este sentido de «retórica» coincide com o que hoje se chama «lógica in-
formal». Mas por «retórica» pode entender-se outra coisa: a arte de persuadir independentemente
da validade dos argumentos.”

Desidério Murcho, O lugar da lógica na filosofia, Plátano Ed.,2003, p. 138

A parƟr da leitƵra do tedžto͕ edžpliĐa o seƵ senƟdo. Na tƵa resposta reĨere os segƵintes tſpiĐos͗
• Importância do auditório.
• DisƟnção entre argumentação e demonstração.

30 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 3


ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA TESTE SUMATIVO 4
Nome

Ano പTurma പProfessor പData / /

GRUPO I ʹ Responde de Ĩorŵa direta

1. ManipƵlação disƟngƵe-se de persƵasão pois͗


A. a manipulação implica raciocínios dedutivos e a persuasão não.
B. manipulação significa dar boas razões para que alguém aceite uma tese e persuasão não.
C. a persuasão tem em vista a verdade, mas a manipulação não.
D. a manipulação tem em consideração as características do auditório, mas a persuasão não.

2. A persƵasão Đonsiste eŵ͗


A. oferecer boas razões para que alguém seja conduzido a aceitar uma determinada tese.
B. saber testar a validade dedutiva de um argumento.
C. oferecer boas razões para que um argumento dedutivo seja aceite.
D. oferecer boas técnicas para detetar falácias.

3. DeĮne-se aƵditſrio Đoŵo͗


A. o conjunto de premissas que constitui um argumento.
B. o conjunto de pessoas que não conhecem um argumento.
C. o conjunto de pessoas a quem se destina um argumento.
D. um conjunto de pessoas que gosta de argumentar.

4. Os soĮstas são aĐƵsados de tereŵ Ĩeito Ƶŵ ŵaƵ Ƶso da retſriĐa porƋƵe͗


A. apresentavam um interesse genuíno na verdade.
B. apresentavam uma arte de pensar e de estimular um pensamento crítico e racional.
C. preparavam os seus alunos para a boa argumentação.
D. desejavam ganhar a todo o custo uma discussão, nem que para tal recorressem a falácias e manipulações.

5. A ĐĠleďre Ĩrase de ProtĄgoras͕ ͞O Śoŵeŵ Ġ a ŵedida de todas as Đoisas͟ signiĮĐa ƋƵe͗


A. a verdade é relativa ao ponto de vista de cada sujeito.
B. não existe qualquer verdade.
C. a verdade é objetiva e independente do ponto de vista de cada sujeito.
D. a verdade é uma ficção.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 4 31


TESTE SUMATIVO ͮ ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA 4

6. Eŵ ĮlosoĮa reĐorre-se ă argƵŵentação͕ ao diĄlogo e ă disĐƵssão raĐional para͗


A. descobrir como as coisas realmente são.
B. descobrir como prever o futuro.
C. descobrir a opinião de cada um.
D. descobrir como as coisas são para cada um.

GRUPO II ʹ Responde de Ĩorŵa direta e oďjeƟǀa

1. Se o aƵditſrio não Ġ enĐarado Đoŵo Ƶŵ Įŵ eŵ si ŵesŵo͕ então não estĄ a ser ŵanipƵlado.
ConĐordas? JƵsƟĮĐa.
2. Pela persƵasão raĐional proĐƵra-se ĐonǀenĐer o aƵditſrio a aĐeitar a ǀerdade de Ƶŵa proposição
por ŵeio de ranjões. ConĐordas? JƵsƟĮĐa.
3. EdžpliĐa a relação edžistente entre retſriĐa dos soĮstas e relaƟǀisŵo.

GRUPO III ʹ Analisa o tedžto e responde

“Numa típica conversa socrática, Sócrates mostrava aos seus interlocutores, para manifesto desa-
grado destes, que todas as suas opiniões eram erradas. (…) O seu legado reside numa convicção
inabalável de que mesmo as questões mais abstratas admitem uma análise racional. O que é a jus-
tiça? Será que a alma é imortal? Poderá alguma vez ser certo maltratar alguém? Será possível saber
o que é certo fazer e, ainda assim, proceder de outro modo? Sócrates pensava que estes problemas
não eram meras questões de opinião. Existem respostas verdadeiras para eles, que podemos des-
cobrir se pensarmos de uma forma suficientemente profunda.”

James Rachels, Problemas da filosofia. Trad. Pedro Galvão. Gradiva: 2009, p. 17-18

De Ĩorŵa ĐrşƟĐa e argƵŵentada͕ opõe o ŵĠtodo de SſĐrates ao ŵĠtodo dos soĮstas na Ĩorŵa Đoŵo se
posiĐionaǀaŵ relaƟǀaŵente ă ǀerdade. Na tƵa resposta deǀes ter eŵ atenção os segƵintes aspetos͗
• O papel da ironia.
• O papel da maiêuƟca.
• O papel do diálogo.

32 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 4


DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA TESTE SUMATIVO 5
Nome

Ano പTurma പProfessor പData / /

GRUPO I ʹ Responde de Ĩorŵa direta

1. QƵal das segƵintes aĮrŵações eǀidenĐia ĐonŚeĐiŵento proposiĐional?


A. Eu sei jogar futebol.
B. Eu conheço a Angelina Jolie.
C. Eu sei conduzir.
D. Eu sei que, num automóvel, o pedal mais à direita é o travão.

2. O oďjeto do ĐonŚeĐiŵento prĄƟĐo Ġ...


A. uma pessoa, lugar ou objeto.
B. uma proposição.
C. uma proposição verdadeira.
D. uma atividade.

3. SegƵndo EdŵƵnd Geƫer a DeĮnição TriparƟda de ĐonŚeĐiŵento Ġ͙


A. verdadeira, pois a crença, a verdade e a justificação são condições necessárias e suficientes
para o conhecimento.
B. falsa, pois a crença, a verdade e a justificação não são condições necessárias, nem suficientes
para o conhecimento.
C. verdadeira, pois embora a crença, a verdade e a justificação possam ser necessárias, não são
condições suficientes para o conhecimento.
D. falsa, pois embora a crença, a verdade e a justificação possam ser necessárias, não são condições
suficientes para o conhecimento.

4. QƵal das segƵintes aĮrŵações pode ser ƵƟlinjada para ĨorŵƵlar Ƶŵa oďjeção ao ĐeƟĐisŵo?
A. Todas as nossas crenças são falsas.
B. Todas as nossas crenças são verdadeiras.
C. Se suspendermos todas as nossas crenças em simultâneo, não podemos recorrer a nenhuma crença
para defender seja o que for.
D. Se o conhecimento fosse impossível não existiriam proposições verdadeiras, nem falsas.

5. O ĨƵndaĐionalisŵo deĨende ƋƵe͙


A. o conhecimento não é possível.
B. todas as nossas crenças são básicas.
C. não há conhecimento empírico.
D. nem todas as crenças se justificam com base noutras crenças.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 5 33


TESTE SUMATIVO ͮ DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA 5

6. QƵal dos segƵintes argƵŵentos não Ĩoi apresentado por DesĐartes Đoŵo Ƶŵa ranjão para dƵǀidar?
A. Argumento da Marca.
B. Argumento da indistinção vigília-sono.
C. Argumento das ilusões dos sentidos.
D. Argumento baseado na hipótese do génio maligno.

7. O ĐirĐƵlo Đartesiano Ġ͙
A. um argumento apresentado por Descartes a favor da existência de Deus.
B. uma objeção ao dualismo cartesiano.
C. uma objeção ao argumento da indistinção vigília-sono.
D. uma objeção que consiste em acusar Descartes de cometer uma petição de princípio.

8. ͞As nossas ideias são Đſpias das nossas iŵpressões.͕͟ para HƵŵe͕ esta Ĩrase Ġ͙
A. verdadeira, porque de outro modo, um cego de nascença, sem qualquer impressão de azul,
poderia ter uma ideia dessa cor; mas isso não se verifica.
B. falsa, pois embora um cego de nascença não tenha qualquer impressão da cor azul, pode formar
uma ideia dessa cor.
C. falsa, porque as impressões é que são cópias das ideias.
D. falsa, porque nem todas as nossas ideias são cópias de impressões.

9. SegƵndo HƵŵe͕ a ideia de ĐaƵsalidade͙


A. não provém da experiência pois não há qualquer impressão que lhe corresponda.
B. provém da experiência, embora não exista uma impressão que lhe corresponda.
C. provém da razão, pois é contraditório pensar que um efeito não se segue à sua causa.
D. provém da nossa experiência da conexão necessária entre dois objetos.

GRUPO II ʹ Responde de Ĩorŵa direta e oďjeƟǀa

1. SerĄ ƋƵe para terŵos ĐonŚeĐiŵento proposiĐional ďasta terŵos Đrenças ǀerdadeiras? PorƋƵġ?

2. Eŵ ƋƵe Đonsiste a edžperiġnĐia ŵental do gĠnio ŵaligno?

3. QƵal Ġ a iŵportąnĐia de DeƵs͕ no ĨƵndaĐionalisŵo Đartesiano?

4. Por ƋƵe ranjão HƵŵe Đonsidera ƋƵe a Đrença no ŵƵndo edžterior não Ġ raĐionalŵente jƵsƟĮĐĄǀel?

5. Eŵ ƋƵe Đonsiste o Đontraedžeŵplo do ͞Toŵ de AnjƵl DesĐonŚeĐido͟?

34 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 5


TESTE SUMATIVO ͮ DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA 5

GRUPO III ʹ Analisa o tedžto e responde

“[S]e não partíssemos de algum facto presente à memória ou aos sentidos, os nossos raciocínios
seriam puramente hipotéticos, e por mais que os elos individuais pudessem estar ligados uns aos
outros a cadeia de inferências, como um todo, nada teria que a pudesse sustentar, e jamais pode-
ríamos, por meio dela, chegar ao conhecimento de qualquer existência real. Se vos perguntar por
que acreditais em algum facto particular que me contais, tereis de me apresentar alguma razão, e
essa razão será algum outro facto ligado ao primeiro. Mas como não se pode proceder dessa manei-
ra in infinitum, tereis por fim de chegar a algum facto que está presente na vossa memória ou nos
vossos sentidos, ou então admitir que a vossa crença é inteiramente destituída de fundamento.”

David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano. Trad. João Paulo Monteiro.
INCM: Lisboa, 2002, p. 60.

ConĐordas Đoŵ a tese deĨendida pelo aƵtor do tedžto? PorƋƵġ?


Na tƵa resposta deǀes ter eŵ atenção os segƵintes aspetos͗
• idenƟĮcar o problema em questão;
• idenƟĮcar a tese presente no texto;
• apresentar inequivocamente a tua posição em relação ao problema em questão;
• apresentar argumentos a favor da tua posição;
• apresentar pelo menos uma objeção à(s) tese(s) a que te opões.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 5 35


O ESTATUTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO TESTE SUMATIVO 6
Nome

Ano പTurma പProfessor പData / /

GRUPO I ʹ Responde de Ĩorŵa direta

1. Atenta ăs ĐaraĐterşsƟĐas ƋƵe se segƵeŵ e seleĐiona a alternaƟǀa ŵais adeƋƵada͗

1. Saber bastante estático e incompleto.


2. Utiliza uma linguagem vaga e imprecisa, inadequada para processos de controlo experimental.
3. Saber organizado de forma sistemática e unificada com grande poder explicativo.
4. Saber crítico e metódico.

A. 1 e 2 referem-se ao senso comum; 3 e 4 referem-se ao conhecimento científico.


B. 1 e 2 referem-se ao conhecimento científico; 3 e 4 referem-se ao senso comum.
C. 1 refere-se ao senso comum; 2, 3 e 4 referem-se ao conhecimento científico.
D. 1 refere-se ao conhecimento científico; 2, 3 e 4 referem-se ao senso comum.

2. SegƵndo a perspeƟǀa indƵƟǀista as teorias oƵ leis ĐienơĮĐas͗


A. podem ser conclusivamente comprovados pela experiência, pois podemos observar diretamente
os factos que elas enunciam.
B. não podem ser conclusivamente comprovados pela experiência, pois não podemos observar
diretamente os factos que elas enunciam.
C. podem ser conclusivamente comprovados pela experiência, embora não possamos observar
diretamente os factos que elas enunciam.
D. não podem ser conclusivamente comprovados pela experiência, pois não podemos observar
diretamente os factos que elas enunciam.

3. SegƵndo a perspeƟǀa indƵƟǀista a dedƵção͗


A. não desempenha qualquer papel na ciência.
B. é utilizada para fazer previsões com base nos enunciados gerais das teorias científicas.
C. é utilizada para formular uma teoria científica com base nos enunciados particulares recolhidos
através da observação pura e imparcial da natureza.
D. serve para generalizar a partir de uma grande repetição de casos observados uma lei da natureza.

4. SegƵndo <arl Popper͕ a ĐiġnĐia͗


A. deve recorrer à indução para justificar os enunciados gerais das teorias científicas.
B. não deve recorrer à indução para justificar os enunciados gerais das teorias científicas.
C. recorre legitimamente à indução para justificar os enunciados particulares das teorias científicas.
D. recorre ilegitimamente à indução para justificar os enunciados particulares das teorias científicas.

36 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 6


TESTE SUMATIVO ͮ O ESTATUTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO 6

4. SegƵndo <arl Popper͕ a ĐiġnĐia͗


A. deve recorrer à indução para justificar os enunciados gerais das teorias científicas.
B. não deve recorrer à indução para justificar os enunciados gerais das teorias científicas.
C. recorre legitimamente à indução para justificar os enunciados particulares das teorias científicas.
D. recorre ilegitimamente à indução para justificar os enunciados particulares das teorias científicas.

5. Popper Đonsidera ƋƵe a ǀeriĮĐação edžperiŵental de Ƶŵa teoria ĐienơĮĐa Ġ͙


A. impossível, pois as teorias científicas expressam-se em enunciados particulares que não podem
ser conclusivamente comprovados pela experiência.
B. possível, pois as teorias científicas expressam-se em enunciados particulares que podem ser
conclusivamente comprovados pela experiência.
C. impossível, pois as teorias científicas expressam-se em enunciados gerais que não podem ser
conclusivamente comprovados pela experiência.
D. possível, pois as teorias científicas expressam-se em enunciados gerais que podem ser
conclusivamente comprovados pela experiência.

6. QƵal das segƵintes aĮrŵações não ĐonsƟtƵi Ƶŵa oďjeção ă ĐonĐeção indƵƟǀista da ĐiġnĐia?
A. A observação não é o ponto de partida para a ciência.
B. Não é razoável abandonar uma teoria apenas porque foi refutada por um teste experimental.
C. As inferências indutivas não são racionalmente justificáveis.
D. A atitude de verificabilidade é autodefensiva, uma ameaça à racionalidade e dogmática.

7. QƵal das segƵintes aĮrŵações não ĐonsƟtƵi Ƶŵa oďjeção ao ĨalsiĮĐaĐionisŵo?


A. Há teorias científicas bastante falsificáveis.
B. Não é razoável abandonar uma teoria apenas porque foi refutada por um teste experimental.
C. Nem todas as teorias científicas são falsificáveis.
D. Subestima o papel das confirmações experimentais no progresso científico.

8. Presta atenção ăs desĐrições ƋƵe se segƵeŵ e depois seleĐiona a alternaƟǀa ŵais de aĐordo Đoŵ
a perspeƟǀa de TŚoŵas <ƵŚn aĐerĐa do desenǀolǀiŵento ĐienơĮĐo͗

1. A confiança no paradigma é abalada por uma série de anomalias.


2. Matriz disciplinar que orienta toda uma forma de se fazer ciência numa dada área.
3. Investigação centrada na resolução de enigmas orientada por um paradigma.
4. Período do desenvolvimento científico marcado pela cisão da comunidade científica.

A. 1 refere-se à ciência normal; 2 à ciência extraordinária; 3 à crise científica; e 4 ao paradigma.


B. 1 refere-se à crise científica; 2 ao paradigma; 3 à ciência extraordinária; e 4 à ciência normal.
C. 1 refere-se à ciência normal; 2 à crise científica; 3 ao paradigma; e 4 à ciência extraordinária.
D. 1 refere-se à crise científica; 2 ao paradigma; 3 à ciência normal; e 4 à ciência extraordinária.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 6 37


TESTE SUMATIVO ͮ O ESTATUTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO 6

GRUPO II ʹ Responde de Ĩorŵa direta e oďjeƟǀa

1. Por ƋƵe ranjão <arl Popper Đonsidera ƋƵe a oďserǀação pƵra͕ iŵparĐial e desinteressada dos ĨaĐtos não
pode ser o ponto de parƟda para a inǀesƟgação ĐienơĮĐa?

2. Eŵ ƋƵe Đonsiste o ŵĠtodo ĐienơĮĐo proposto por <arl Popper?

3. Por ƋƵe ranjão se pode dinjer ƋƵe a lſgiĐa sƵďjaĐente ao proĐesso de ǀeriĮĐação edžperiŵental Ġ ĨalaĐiosa?

4. EdžpliĐa o senƟdo da segƵinte aĮrŵação de <arl Popper͗ ͞Se todas as oďserǀações ĐonĐeďşǀeis ĐonĐordaŵ
Đoŵ a ŵinŚa teoria͕ então não posso aĮrŵar ƋƵe Ƶŵa oďserǀação eŵ parƟĐƵlar apoia eŵpiriĐaŵente a
ŵinŚa teoria͟.

5. Por ƋƵe ranjão TŚoŵas <ƵŚn Đonsidera ƋƵe não Ġ ranjoĄǀel aďandonar Ƶŵa teoria apenas porƋƵe Ĩoi
reĨƵtada por Ƶŵ teste edžperiŵental?

GRUPO III ʹ Analisa o tedžto e responde

“Quando os cientistas têm de escolher entre teorias rivais, dois homens completamente compro-
metidos com a mesma lista de critérios de escolha podem, contudo, chegar a conclusões diferentes.
Talvez interpretem o critério da simplicidade de maneira diferente ou tenham convicções diferen-
tes sobre os campos a que o critério de consistência se deva aplicar. Ou talvez concordem sobre
estas matérias, mas divirjam quanto a pesos relativos a atribuir a esses e a outros critérios. No que
respeita a divergências deste género, nenhum conjunto de critérios de escolha já proposto é útil.
Quer dizer, há que lidar com características que variam de um cientista para outro.”

Thomas Kuhn, A Tensão Essencial. Ed. 70: Lisboa, 1989, p. 388 (adaptado)

ConĐordas Đoŵ a tese deĨendida pelo aƵtor do tedžto? PorƋƵġ?


Na tƵa resposta deǀes ter eŵ atenção os segƵintes aspetos͗
• idenƟĮcar o problema em questão;
• idenƟĮcar a tese presente no texto;
• apresentar inequivocamente a tua posição em relação ao problema em questão;
• apresentar argumentos a favor da tua posição;
• apresentar pelo menos uma objeção à(s) tese(s) a que te opões.

38 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Teste sumaƟvo 6


TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO

TESTE SUMATIVO 1 O argumento 1.5 comete a falácia da ilícita maior, uma vez que
o termo maior “europeus” está distribuído na conclusão
LÓGICA SILOGÍSTICA ARISTOTÉLICA mas não na premissa maior. Para o argumento 1.3 ser válido,
teríamos de o reformular, por exemplo, da seguinte forma:
GRUPO I “Todos os pianos têm teclado. Alguns computadores não
1. têm teclado. Logo, alguns computadores não são pianos”.
A. Falso. As premissas dos argumentos válidos podem ser Do mesmo modo, para o argumento 1.5 ser válido, teríamos
verdadeiras ou falsas ʹ o que não pode haver são premissas de o reformular, por exemplo, do seguinte modo: “Todos os
verdadeiras e conclusão falsa em argumentos válidos. portugueses são europeus. Todos os lisboetas são portugueses.
Logo, todos os lisboetas são europeus”.
B. Verdadeiro.
C. Falso. Na segunda figura, o termo médio é predicado em ambas
3. O argumento construído com esses termos, e pertencendo ao
as premissas.
modo AEE da 2ǐ Įgura, seria o seguinte: “Todas as coisas Įnitas
D. Falso. Um silogismo com o modo AAA na terceira figura é são materiais. Nenhuma alma é material. Logo, nenhuma alma é
inválido, pois comete a falácia da ilícita menor. uma coisa Įnita”.
E. Verdadeiro.
F. Falso. Esse argumento é inválido, pois comete a falácia do 4. A parƟr das premissas “Nenhum estudioso tem negaƟva
termo médio não distribuído. em lógica” e “Alguns estudiosos são programadores de
computadores”, pode-se concluir validamente que “Alguns
2. programadores de computadores não têm negaƟva em lógica”.
2.1 C. Assim, construímos um argumento válido do modo EIO da 3ǐ
Įgura.
2.2 D.
2.3 B.
2.4 A. TESTE SUMATIVO 2
LÓGICA PROPOSICIONAL
GRUPO II
1. GRUPO I
1.1 Este argumento, que pertence ao modo AAA da 1ǐ figura, 1.
é válido, pois satisfaz todas as regras de validade silogística. A. Falso. As premissas dos argumentos válidos podem ser
1.2 Este argumento, que pertence ao modo AAA da 1ǐ figura, verdadeiras ou falsas ʹ o que não pode haver são premissas
é válido, pois satisfaz todas as regras de validade silogística. verdadeiras e conclusão falsa em argumentos válidos.
1.3 Este argumento, que pertence ao modo AAA da 2ǐ figura, B. Falso. A formalização correta é (¬P ї (¬Y V ¬R))
é inválido, pois não satisfaz todas as regras de validade C. Verdadeiro
silogística, nomeadamente, desrespeita a regra de que
D. Verdadeiro
“o termo médio tem de ser distribuído em pelo menos uma
premissa”. E. Verdadeiro.
1.4 Este argumento, que pertence ao modo EIO da 4ǐ figura, F. Falso. Esse argumento é válido. Aliás, é uma instância de
é válido, pois satisfaz todas as regras de validade silogística. silogismo disjuntivo.
G. Falso. Essa inferência é um exemplo de silogismo disjuntivo.
1.5 Este argumento, que pertence ao modo AOO da 1ǐ figura,
H. Falso. Essa inferência é um exemplo da inferência de
é inválido, pois não satisfaz todas as regras de validade
contraposição.
silogística, nomeadamente, desrespeita a regra de que “cada
termo distribuído na conclusão tem de ser distribuído nas
premissas”. 2.
1.6 Este argumento, que pertence ao modo AII da 3ǐ figura, 2.1 B.
é válido, pois satisfaz todas as regras de validade silogística. 2.2 D.
2.3 C.
2. Nos argumentos anteriores encontramos falácias nos 2.4 A.
argumentos 1.3 e 1.5. O argumento 1.3 comete a falácia do
termo médio não distribuído, porque o termo médio “teclado”
não está, pelo menos, uma vez distribuído nas premissas.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção 39
TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO

GRUPO II Avaliação do argumento


1. O argumento é válido, pois não há qualquer circunstância (linha)
em que as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa.
1.1
Dicionário
1.3
P с as nossas crenças estão justificadas.
Dicionário
Y с temos conhecimento.
P = as touradas ofendem as pessoas.
Formalização Y = as touradas devem ser permitidas.
(¬P ї ¬Y), ¬P ‘ ¬Y
Formalização
Inspetor de circunstâncias (¬P ї Y), Y ‘ ¬P

P Q (2P ї 2Q), 2P ‘2Q Inspetor de circunstâncias


V V V F F
P Q (2P ї Q), Q ‘2P
V F V F V
V V V V F
F V F V F
V F V F F
F F V V V
F V V V V

Avaliação do argumento F F F F V

O argumento é válido, pois não há qualquer circunstância (linha)


em que as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa. Avaliação do argumento
O argumento é inválido, pois há uma circunstância (linha) em que
as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa.
1.2
Dicionário
P с os nossos sentidos enganam-nos algumas vezes. 1.4
Dicionário
Y с podemos saber se os nossos sentidos nos estão a enganar
neste momento. P = A justificação de qualquer crença é inferida de outras crenças.
R с podemos confiar nas informações adquiridas através dos Y = há uma regressão infinita.
nossos sentidos. R = as nossas crenças estão justificadas.

Formalização Formalização
P, (P ї ¬Y), (¬Y ї ¬R) ‘¬R P, (P ї Y), (Y ї ¬R) ‘¬R

Inspetor de circunstâncias Inspetor de circunstâncias

P Q Q P, (P ї 2Q), (2Q ї 2R) ‘2R P Q R P, (P ї Q), (Q ї 2R) ‘2R


V V V V F V F V V V V V F F

V V F V F V V V V F V V V V

V F V V V F F V F V V F V F

V F F V V V V V F F V F V V

F V V F V V F F V V F V F F

F V F F V V V F V F F V V V

F F V F V F F F F V F V V F

F F F F V V V F F F F V V V

40 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção
TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO

Avaliação do argumento GRUPO III


O argumento é válido, pois não há qualquer circunstância (linha) O que o texto sugere é que a lógica formal, que se centra nos
em que as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa. aspetos formais dos argumentos, é insuficiente para uma boa
argumentação. Daí a importância da lógica informal, que tem
2. O argumento 1.3 do exercício anterior comete uma falácia em conta aspetos que vão além da demonstração lógica.
formal da afirmação da consequente. Para esse argumento ser A demonstração lógica faz derivar uma conclusão necessária
válido, uma das hipóteses poderá ser negar a consequente, dadas certas premissas, isto é, extrai uma conclusão das premissas
fazendo um argumento por modus tollens. Assim, o argumento de modo conclusivo. Já na argumentação, temos de analisar se
ficaria desta forma: “Se as touradas não ofendem as pessoas, os argumentos são ou não persuasivos e se partem de premissas
então devem ser permitidas. Ora, as touradas não devem ser plausíveis que conduzam à aceitação da conclusão. Por isso,
permitidas. Logo, estas ofendem as pessoas”. a atenção que na lógica informal ou retórica se dá ao auditório
é fundamental, já que temos de considerá-lo para que a persuasão
3. seja eficaz.

A. A conclusão que se segue dessas premissas, utilizando a


inferência de silogismo hipotético, é a seguinte: “Se tudo está
determinado, então não há responsabilidade moral”.
TESTE SUMATIVO 4
B. A conclusão que se segue dessas premissas, utilizando a
ARGUMENTAÇÃO E FILOSOFIA
inferência de modus tollens, é a seguinte: “Não é aceitável
silenciar uma opinião”. GRUPO I
1. C.
2. A.
TESTE SUMATIVO 3 3. C.
ARGUMENTAÇÃO E RETÓRICA 4. D.
5. A.
GRUPO I
6. A.
1. B.
7. A.
2. C.
3. B.
GRUPO II
4. C.
1. Não. Yuando se usa a manipulação, o auditório não é visado
5. B. como um fim em si mesmo, mas como um meio para se
6. D. alcançar um qualquer outro fim. Não se está a respeitar a
7. A. autonomia intelectual das pessoas que constituem o auditório,
8. C. isto é, a capacidade de cada um pensar por si mesmo.
A manipulação visa somente que se aceite acriticamente
uma tese.
GRUPO II
2. Sim. A persuasão racional respeita a autonomia do auditório
1.
e orienta-se por um critério de razoabilidade, pois o objetivo
A. Ad hominem ou ataque à pessoa. não é impor uma tese por parte do orador, isto é, manipular,
B. Apelo à ignorância. mas conduzir o auditório a refletir por si próprio acerca da
C. Boneco de palha ou espantalho. razoabilidade de determinadas crenças.
D. Falso dilema. 3. O objetivo dos sofistas não era persuadir pela verdade, mas
sim vencer a qualquer custo através do discurso. Yualquer
meio, que incluíam o recurso a falácias ou a manipulação
2.
argumentativa, era válido para cumprir esses objetivos. Assim,
A. Ad hominem ou ataque à pessoa. o que era verdade num dado contexto, passaria a ser falso
B. Apelo à ignorância. noutro, uma vez que a verdade não era o principal objetivo dos
C. Petição de princípio. sofistas. Assim, para os sofistas, a verdade dependia sempre de
outros objetivos que não ela mesma.
D. Boneco de palha ou espantalho.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção 41
TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO

GRUPO III GRUPO II


Sócrates opƀs-se à estratégia de manipulação retórica dos 1. Não, porque podemos ter uma crença verdadeira por mero
sofistas. O interesse de Sócrates era que os seus discípulos acaso, mas isso não é conhecimento. Para que essa crença
pensassem de forma autónoma. Para Sócrates, a discussão livre pudesse constituir-se como conhecimento seria necessário
e o respeito intelectual pela autonomia de cada um conduz que, para além de ser verdadeira, tivéssemos boas razões para
a uma maior aproximação à verdade. Esta postura contrasta acreditar nela.
com a ideia dos sofistas de que a verdade é relativa.
Não, porque uma crença pode ser acidentalmente verdadeira,
Para a busca da verdade, a retórica socrática obedece a três isto é, pode ser verdadeira por mero acaso e isso não é
características principais: suficiente para termos conhecimento. Não tem sentido dizer
que sei algo se não tenho boas razões para acreditar que
O papel da ironia
isso é verdadeiro e se não é apenas por acaso que aquilo em
Pela ironia, Sócrates praticava uma interrogação continuada, que acredito é verdadeiro. Yuando sabemos algo, é racional
ao mesmo tempo que analisava cuidadosamente cada guiarmo-nos por esse conhecimento, mas seria irracional
conceito, procurando defini-lo com rigor e tentando depurar guiarmos o nosso comportamento por crenças injustificadas,
a argumentação de erros e falácias. Sócrates passava grande mesmo que se venham a revelar verdadeiras. Por exemplo,
parte dos seus diálogos a pressupor, ou mesmo a fingir, que nada até verificar a chave não tem sentido dizer que sei que me vai
sabia sobre o assunto em debate, assumindo uma atitude de sair o Euromilhões. Ainda que esta crença se viesse a revelar
permanente questionamento. verdadeira, ela não constituiria conhecimento até eu ter uma
justificação para a aceitar.
O papel da maiêutica
A ironia socrática constitui um processo de descoberta da verdade 2. A Hipótese do Génio Maligno é uma experiência mental
por parte dos seus interlocutores. Esta descoberta, através concebida por Descartes para pƀr à prova as proposições mais
da qual cada um pensa por si mesmo, é semelhante a um parto, certas e indubitáveis da geometria e da aritmética. Consiste
em que se dá à luz (significado de “maiêutica”) a verdade. em imaginar que existe um ser tão poderoso quanto perverso,
que se diverte a usar os seus poderes para nos induzir em erro
O papel do diálogo
relativamente a tudo. Uma vez que não podemos saber se o
É através do diálogo que Sócrates convida os seus interlocutores Génio Maligno existe ou não, a maioria das nossas crenças são
a pensar cuidadosamente nas suas opiniões, a refletirem melhor falsas, ou, ainda que sejam verdadeiras, são-no apenas por
nas suas crenças, no que pensam saber. É pelo diálogo que se faz acaso (pois não temos nenhuma justificação para acreditar
o exame crítico das opiniões acerca dos problemas debatidos, que não se trata de mais uma das suas maquinações). Logo,
se reconhecem os erros e se procede à sua correção, distinguindo não temos qualquer espécie de conhecimento (pois só temos
também as crenças verdadeiras da mera opinião infundada. conhecimento se tivermos crenças verdadeiras justificadas).
Enquanto a Hipótese do Génio Maligno não for afastada, não
podemos, aparentemente, estar certos de nada, nem mesmo
TESTE SUMATIVO 5 das verdades matemáticas.
DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO
3. Deus desempenha um papel fundamental no fundacionalismo
DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA
cartesiano porque, uma vez que Deus existe e não é enganador,
garante a verdade das nossas ideias claras e distintas atuais e
GRUPO I passadas. Sem esta garantia, seríamos incapazes de avançar
1. D. um argumento, pois a verdade das premissas deixaria de ser
2. D. assegurada no momento em que deixássemos de as conceber
3. D. clara e distintamente para conceber a conclusão (ou outras
premissas do argumento). Assim, é Deus que garante que
4. C.
podemos confiar nos nossos raciocínios apoiados em premissas
5. D. claras e distintas.
6. A.
Deus também nos assegura da existência das coisas materiais,
7. D. porque Deus não nos teria criado de modo a que estivéssemos
8. A. permanentemente a representar-nos como existentes coisas
9. B. que não passam de fantasias. Pelo contrário, trataria de nos
criar de modo a que a nossa mente recebesse do corpo as
sensações adequadas à sua preservação.

42 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção
TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO

Deus permite resolver o problema da indistinção vigília-sono. Ou


Uma vez provada a existência de Deus e afastada a hipótese
do Génio Maligno, já podemos evitar o risco de cometer erros Fundacionalismo cartesiano ʹ Indubitabilidade do cogito.
devido à indistinção vigília-sono, visto que:
Ou
a. quer estejamos a dormir, quer estejamos acordados, se
concebemos algo de modo claro e distinto, a sua verdade Fundacionalismo clássico ʹ Argumento do Cego de Nascença e o
está assegurada; desafio de encontrar uma ideia sem qualquer impressão que lhe
corresponda.
b. nos sonhos não é muito claro como é que os acontecimentos
se articulam entre si e com os outros acontecimentos das Objeções
nossas vidas;
Ceticismo ʹ Autorrefutante e/ou fundacionalismo.
c. nos sonhos acontecem coisas demasiado insólitas para serem
reais. Ou

Fundacionalismo cartesiano ʹ Objeções ao cogito e/ou objeções


4. Hume conclui que, uma vez que os objetos reais não mudam
ao dualismo e/ou objeções ao argumento da marca e/ou círculo
de tamanho, nem de forma, em função da nossa perspetiva,
cartesiano.
aquilo que está presente nas nossas mentes aquando da
experiência não são os objetos reais, mas sim uma imagem Ou
ou representação mental dos mesmos. Ora, se a nossa
mente não tem qualquer acesso direto aos objetos reais do Fundacionalismo clássico ʹ O contraexemplo do matiz de azul
mundo exterior, então não temos forma de saber se a nossa desconhecido e/ou objeção à imagem da mente como tábua
experiência corresponde a esses objetos, se eles realmente rasa e/ou objeção do homúnculo e/ou objeção baseada na
existem e se são eles a causa das nossas experiências. argumentação por abdução.

5. Trata-se de um contraexemplo ao Princípio da Cópia, segundo


o qual todas as nossas ideias são cópias de impressões. Neste TESTE SUMATIVO 6
contraexemplo imaginamos que, perante uma lacuna numa
determinada gradação de tons da cor azul, alguém poderia
ESTATUTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
imaginar o tom em falta, mesmo na ausência de uma impressão
que lhe corresponda.
GRUPO I
1. A.
2. C.
GRUPO III
3. B.
Tese defendida no texto 4. B.
Fundacionalismo clássico ʹ O conhecimento é possível porque 5. C.
existem crenças básicas fornecidas pela experiência.
6. B.
Teses a defender 7. A.
Ceticismo ʹ O conhecimento não é possível (no caso de concordar 8. D.
com a tese do texto).

Ou GRUPO II
1. Porque, no momento em que o cientista parte para a
Fundacionalismo cartesiano ʹ O conhecimento é possível porque observação já dispõe de um conjunto de teorias e de
existem crenças básicas fornecidas pela razão. expectativas. O verdadeiro ponto de partida para a ciência
é o problema que surge quando uma observação entra em
Ou
confronto com as teorias e expectativas de que dispomos.
Fundacionalismo clássico ʹ O conhecimento é possível porque Além disso, o trabalho científico não é imparcial, uma vez que
existem crenças básicas fornecidas pela experiência. as teorias e expectativas de que o cientista dispõe condicionam
a sua interpretação dos factos. Por fim, importa ainda notar
Argumentos a favor que, sobretudo no contexto científico, são precisamente essas
Ceticismo ʹ Regressão infinita. teorias e expectativas prévias que permitem selecionar os
aspetos da realidade que devem ser observados.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção 43
TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO

2. O método científico proposto por <arl Popper, conhecido como um teste ou uma observação que, caso se confirme, prove a
Falsificacionismo ou Método das Conjeturas e Refutações, falsidade da teoria. Este critério evita alguns inconvenientes
consiste nas três etapas que se seguem: da verificação experimental, pois prescinde do recurso à
indução, substitui a estrutura falaciosa de raciocínio subjacente
1. Problema: o trabalho científico começa por um problema
à verificação empírica, por uma forma lógica validada o
(que resulta do confronto entre uma observação e teorias
modus tollens e salvaguarda o domínio da ciência de todo
e expectativas prévias);
um conjunto de teorias formuladas em termos tão vagos que
2. Conjetura: depois de se deparar com um problema, são absolutamente à prova de toda e qualquer tentativa de
o cientista concebe uma explicação imaginativa e arrojada refutação.
para os factos observados;
5. Porque o facto de um procedimento experimental não decorrer
3. Refutação: são realizados testes experimentais para tentar de acordo com o que era previsto por uma dada teoria, ou
mostrar que a conjetura é falsa, isto é, para tentar refutá-la. hipótese, não é suficiente para estabelecer de modo conclusivo
Isso levará ao aperfeiçoamento da conjetura ou à sua a sua falsidade. O problema pode estar precisamente no
substituição por outra que esteja mais apta a resistir às processo de falsificação e não na teoria. Na verdade, para além
tentativas de refutação. da hipótese ou teoria (T), existem vários fatores envolvidos
num procedimento experimental que podem ser responsáveis
3. Porque, uma vez que os enunciados gerais que correspondem
pelo seu fracasso, como, por exemplo, as hipóteses auxiliares
às teorias científicas incluem um número demasiado vasto
(HA), os instrumentos utilizados (I), os fatores pessoais e sociais
de casos, não podem ser objeto de uma observação direta,
(F), entre outros. Assim, caso uma previsão (P) validamente
pelo que a única forma de estes serem verificados é através
deduzida de uma teoria não se confirme, o problema pode
da dedução de previsões particulares a ele associadas, para
não estar na teoria, mas sim num desses outros fatores. Ou
posteriormente procurar determinar se estas se confirmam ou
seja, quanto muito, poderíamos concluir que um dos fatores
não. Os indutivistas encarariam a confirmação dessas previsões
envolvidos no procedimento experimental falhou, ou seja, “Ou
como prova conclusiva do enunciado geral de onde foram
não T, ou não HA, ou não I, ou não F”, mas, sem mais dados, não
deduzidas. A estrutura subjacente a este tipo de raciocínio é a
estaríamos em condições de afirmar com toda a segurança que
seguinte:
foi a hipótese ou teoria a responsável pelo fracasso do teste,
Sendo T, a teoria a ser testada e P, uma previsão deduzida a nem teríamos uma boa razão para a rejeitar, apenas porque um
partir dela. procedimento experimental não correu de acordo com as suas
previsões.
(1) Se T é verdadeira, então P.
(2) Ora, P. GRUPO III
(3) Logo, T é verdadeira.
Problema
No entanto, esta estrutura argumentativa é inválida. A primeira O problema discutido no texto é o problema da objetividade
premissa diz-nos apenas que a verdade de T é uma condição científica: Será a ciência objetiva?
suficiente para P, não nos diz que é uma condição necessária.
Teses a defender
Assim sendo, P pode ocorrer por qualquer outro motivo,
sem que isso implique a verdade de T. Esta forma lógica Popper: Sim, cada vez que falsificamos uma conjetura alargamos a
corresponde a uma falácia formal conhecida como Falácia da nossa compreensão daquilo que a realidade objetivamente não
Afirmação da Consequente. é, aproximando-nos progressivamente e de modo irregular do
modo como ela objetivamente é.
4. Esta afirmação traduz a crítica de Popper ao verificacionismo
Kuhn: Não, a ciência é uma investigação influenciada, não apenas
e a certas teorias que este encara como pseudocientíficas,
por critérios objetivos, mas também por elementos irracionais
por não cumprirem os requisitos estipulados pelo seu critério
e subjetivos (pessoais, socioculturais, económicos, etc.), acerca
de demarcação. Com efeito, Popper considerava que o facto
de determinados modelos explicativos da realidade, histórica
de haver observações que concordam com uma teoria não
e culturalmente contextualizados, e não acerca da realidade
é suficiente para fazer dela uma teoria científica, pois as
como ela objetivamente é.
teorias podem ser formuladas de modo tão vago que qualquer
observação serviria de confirmação experimental das mesmas. Argumentos
O que é o mesmo que dizer que nenhuma observação em
Popper: Se substituirmos a lógica falaciosa da verificação
concreto a confirma. Assim, Popper sugere um novo critério de
experimental pela lógica subjacente ao falsificacionismo,
demarcação, a falsificabilidade: uma teoria só é científica se, à
podemos estabelecer conclusiva e objetivamente a falsidade
partida, é falsificável, isto é, se, à partida, é possível conceber

44 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção
TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO

de certas teorias com recurso à experiência. Deste modo, Objeções


estaremos racionalmente justificados a defender que certas Objeções a Popper: nem todas as teorias científicas são
teorias científicas são objetivamente preferíveis a outras, falsificáveis; o falsificacionismo não está de acordo com a prática
em virtude do seu maior grau de verosimilhança (explica um científica; não é razoável abandonar uma teoria apenas porque
grande número de factos e implica menos falsidades do que as foi refutada por um teste experimental; e/ou o falsificacionismo
suas rivais). subestima a importância das confirmações no progresso
Kuhn: Argumentos a favor da tese da incomensurabilidade: científico.
(1) Se os paradigmas fossem comensuráveis, seria possível Objeções à tese da incomensurabilidade de <uhn:
justificar a preferência por um paradigma através de 1. Objeção baseada na resolução de anomalias.
critérios puramente objetivos.
(1) Se um paradigma resolve as anomalias de outro, então é
(2) Não é possível justificar a preferência por um paradigma falso que os paradigmas são incomensuráveis.
através de critérios puramente objetivos.
(2) Frequentemente um paradigma resolve as anomalias do seu
(3) Logo, os paradigmas são incomensuráveis. antecessor (por exemplo, a órbita de Mercúrio constituía
uma anomalia para a teoria de Neǁton, mas não constitui
e/ou
uma anomalia para a de Einstein).
(1) Se o significado dos termos científicos deve ser entendido (3) Logo, é falso que os paradigmas são incomensuráveis.
numa perspetiva holística e varia de um paradigma para
outro, então os paradigmas são incomensuráveis. e/ou
(2) O significado dos termos científicos deve ser entendido 2. Objeção baseada no crescente sucesso da ciência.
numa perspetiva holística e varia de um paradigma para
(1) Se os paradigmas são incomensuráveis, então não podemos
outro (por exemplo, o termo “massa” tem um significado
dizer que as teorias científicas atuais estão mais próximas da
diferente na teoria de Neǁton daquele que possui na teoria
verdade do que as suas antecessoras.
de Einstein).
(2) Mas as teorias científicas atuais têm uma maior capacidade
(3) Logo, os paradigmas são incomensuráveis.
de prever o comportamento da natureza do que as suas
Yualquer dos argumentos anteriores implica que a nossa intuição antecessoras.
de que a ciência progride com base em processos racionais em
(3) Se as teorias científicas atuais têm uma maior capacidade
direção a uma verdade objetiva é falsa, porque se os paradigmas
de prever o comportamento da natureza do que as suas
são incomensuráveis, então não podemos saber se as teorias
antecessoras, é porque estão mais próximas da verdade do
científicas atuais estão mais próximas da verdade do que as suas
que as suas antecessoras.
antecessoras.
(4) Logo, os paradigmas não são incomensuráveis. (De 1 e 3)

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção 45
MATERIAIS COMPLEMENTARES

ARGUMENTAÇÃO E LÓGICA FORMAL


1.2 SilogşsƟca AristotĠlica ʹ Opção A
Extensões ă lſgica silogşsƟca ΀manual: p. 3Ϭ΁
Muitos argumentos ĮlosóĮcos, que se podem estruturar em forma de silogismo, usam termos singulares.
Ora, se a lógica aristotélica só dá conta de termos gerais (como vimos em 1.2.1), então como lidar com um
silogismo que tem termos singulares? Por exemplo, Descartes, depois de tentar colocar em dúvida todas as
crenças, descobriu uma crença de que não pode duvidar. Para isso apresenta um argumento que se pode
formular deste modo:

(P1) Tudo o que pensa existe.


(P2) Eu penso.
(C) Logo, eu existo.

Como determinar a validade deste silogismo tendo em conta que o indexical “eu” é um termo singular?
Para resolver este problema, optou-se tradicionalmente por usar termos singulares como se fossem termos
gerais. Assim, na segunda premissa, a proposição “eu penso” seria do Ɵpo A (uma universal aĮrmaƟva). Mas
esta opção conduz a alguns problemas: será que aquilo que se quer exprimir nessa proposição é que tudo
aquilo que eu sou é pensante ou, por outras palavras, que todo o meu eu é pensamento? Além disso, qual
seria a negação de “eu penso”? Essa negação seria uma proposição do Ɵpo E ou do Ɵpo O? Ora, como resolver
isto sem cair em equívocos?

Na realidade, as proposições (P2) e (C) do silogismo não parecem ser nem universais nem parƟculares,
mas sim de outro Ɵpo, ou seja, proposições singulares. Assim, para lidar adequadamente com proposições
singulares consƟtuídas com termos singulares é necessário adicionar mais quatro proposições na lógica
silogísƟca, para além das quatro proposições gerais do Ɵpo A, E, I e O que já aprendeste. Para isso, vamos
uƟlizar letras minúsculas (x, LJ ou outras) para termos singulares e letras maiúsculas (S, P, Y ou outras) para
termos gerais. O quadro global de proposições, com os termos distribuídos sublinhados, é o seguinte:

Proposições Gerais Proposições Singulares


Todo S é P. Nenhum S é P. x é S. x é LJ.
Algum S é P. Algum S não é P. x não é S. x não é y.

A diferença entre proposições gerais e singulares é a seguinte: as proposições gerais não mencionam nenhum
indivíduo especíĮco (por exemplo: “alguns homens são sábios” ou “tudo o que pensa existe”), enquanto as
proposições singulares mencionam um indivíduo especíĮco (por exemplo: “Sócrates é sábio” ou “eu penso”).
Agora estamos habilitados para traduzir adequadamente o argumento de Descartes em linguagem silogísƟca.
Recorrendo à letra “P” para o termo geral “coisa que pensa”, “T” para o termo geral “existente” e à letra
minúscula “e” para o termo singular “eu”, podemos formalizar:

Todo P Ġ T.
e Ġ P.
‘ e Ġ T.

46 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Será este argumento válido? Para isso pode-se aplicar o Teste Estrela:

Todo PΎ Ġ T.
e Ġ P.
‘ eΎ Ġ TΎ.

Ora, constatamos que o argumento é válido, pois respeita as duas condições do Teste Estrela. Respeita a
condição 2, porque do lado direito do silogismo temos apenas uma estrela. Respeita também a condição 1,
porque cada termo geral (P, T) tem uma estrela em pelo menos uma das suas ocorrências (quanto aos termos
singulares, é indiferente terem ou não estrelas). Num outro exemplo, Descartes, nas Meditações, após provar
que ele exisƟa, tenta provar que Deus existe. O argumento pode ser reconstruído deste modo:

(P1) Todas as enƟdades absolutamente perfeitas existem.


(P2) Deus é uma enƟdade absolutamente perfeita.
(C) Logo, Deus existe.

Aplicando o Teste Estrela:

Todo PΎ Ġ T.
d Ġ P.
‘ dΎ Ġ TΎ.

O argumento é válido porque respeita as duas condições do Teste Estrela.

Outro pormenor que é necessário pensar na lógica silogísƟca é que nem todos os argumentos ĮlosóĮcos
têm duas premissas. Muitos argumentos têm mais de duas premissas e outros têm apenas uma premissa.
Como analisar, então, argumentos com mais de duas premissas? Por exemplo, o Įlósofo Michael TooleLJ
argumenta da seguinte forma a favor da permissibilidade do aborto:

(P1) Todos os seres com direito moral à vida são capazes de desejar conƟnuar a viver.
(P2) Todo o ser capaz de desejar conƟnuar a viver tem um conceito de si próprio como um sujeito
conơnuo de experiências.
(P3) Nenhum feto humano tem um conceito de si mesmo como um sujeito conơnuo de experiências.
(C) Logo, nenhum feto humano tem direito moral à vida.

Será este argumento válido? Ao formularmos em linguagem lógica e aplicando o Teste Estrela conseguimos
examinar a validade desse argumento:

Todo DΎ Ġ V.
Todo VΎ Ġ E.
Nenhum FΎ Ġ E*.
‘ Nenhum F Ġ D.

Como podemos veriĮcar, o argumento é válido porque respeita as duas condições do Teste Estrela. Este
procedimento para determinar a validade funciona igualmente com argumentos só com uma premissa. É
verdade que nestes casos não estamos a falar de silogismos em senƟdo estrito, mas é bastante úƟl englobar nas
nossas ferramentas lógicas noções mais abrangentes de silogismo para podermos analisar um número maior de
argumentos (que incluam também termos singulares e de várias premissas) com estes instrumentos que vêm
desde Aristóteles.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 47


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Diagramas de Venn ΀manual: p. 39΁


No manual estão presentes dois métodos para testar a validade dos silogismos: as regras medievais e o
Teste Estrela. Agora vamos expor mais um método bastante intuiƟvo para testar a validade. Este novo método
baseia-se num procedimento conhecido por Diagramas de Venn, desenvolvido pelo matemáƟco John Venn
para representar graĮcamente alguns aspetos fundamentais da teoria dos conjuntos. Este Ɵpo de diagramas
pode ser uƟlizado para representar as premissas e a conclusão de silogismos e avaliá-los quanto à validade.
Para uƟlizares este método podes seguir os seguintes passos:

1. Desenha três círculos sobrepostos, rotulando cada um deles com cada um dos termos gerais presentes no
silogismo. Por exemplo, se Ɵveres no silogismo os termos gerais “A”, “B”, e “C”, podes desenhar o diagrama
deste modo:
A

B C

Visualiza o círculo A como contendo todos os As, o círculo B, todos os Bs e o C, todos os Cs. Além disso, dentro
dos círculos podes visualizar sete áreas diferentes, nomeadamente: há uma área central (a intersecção
entre A, B e C), há três áreas intermédias (que contêm, por exemplo, A e B mas não C, etc.) e, por Įm,
existem três áreas exteriores (contêm, por exemplo, A mas não B nem C, etc.).

2. Depois de se desenhar os três círculos é preciso representar as premissas do silogismo. Para isso, deves
saber que cada uma das sete áreas do diagrama pode ser vazia ou não-vazia. As áreas que se sabe estarem
vazias devem ser sombreadas. Naquelas áreas que se sabe que contêm pelo menos um elemento, coloca-se
um “y”. Aquelas áreas que não estão sombreadas, nem têm um “y” designam-se áreas não especiĮcadas
e podem ser tanto vazias como não-vazias. Atendendo a esta informação, as quatro proposições da lógica
aristotélica são desenhadas desta forma:

Todo A Ġ B Nenhum A Ġ B

A B A B

Algum A Ġ B Algum A não Ġ B

A B A B

48 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

3. Para se desenhar as premissas, deves começar pelas proposições universais (em que se sombreia uma certa
área). Por exemplo, no argumento

(P1) Todo B é R.
(P2) Algum t não é R.
(P3) Algum t não é B.

deves começar pela primeira premissa, pois é universal. Assim, ao representar essa premissa, Įcaríamos
com o seguinte resultado:

R W

4. Depois, pode-se avançar para o desenho das premissas parƟculares, em que se marca uma determinada
área com um “y”. Assim, ao desenhar a segunda premissa do argumento em análise, Įcamos com o seguinte
resultado:
B

R W

5. Mas será que o argumento em análise Ġ válido ou inválido? Para isso, precisamos de quesƟonar: será que
ao desenhar as premissas, se desenha automaƟcamente a conclusão? Se sim, o argumento é válido; se
não, o argumento é inválido. Assim, se a parƟr do desenho das premissas se desenha imediatamente a
conclusão, então o argumento é válido. Caso contrário é inválido. O argumento que estamos a analisar é
válido, pois, ao desenharem-se as premissas, desenha-se automaƟcamente a conclusão “Algum t não é B”.

Vejamos agora alguns exemplos. Será que o seguinte argumento é válido?

(P1) Todo R é S.
(P2) Nenhum S é T.
(C) Nenhum T é R.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 49


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Ao desenharmos ambas as premissas, obtemos o seguinte resultado:

T R

Como se pode constatar, o argumento é válido pois, se desenhamos as premissas, desenhamos


automaƟcamente a conclusão de que “Nenhum T é R”.

Um outro exemplo:

(P1) Nenhum D é F
(P2) Nenhum F é G
(C) Nenhum G é D

Ao desenharem-se as premissas, temos o seguinte resultado:

F G

Neste úlƟmo caso, o argumento é inválido pois, ao desenharem-se as premissas, não se desenha
automaƟcamente a conclusão de que “Nenhum G é D”. Ou seja, é possível desenhar as premissas sem
desenhar a conclusão.

É também importante salientar que para os Diagramas de Venn funcionarem bem na lógica tradicional
Aristotélica, por vezes é necessário seguir uma regra adicional, que pode ser formulada do seguinte modo:
se houver um círculo com apenas uma área não sombreada, coloque y nessa área (ora, isto é equivalente
a supor que o círculo em questão não é inteiramente vazio). Deste modo, com esta regra, os Diagramas de
Venn indicam como válidos os silogismos do modo AAI da 1ǐ Įgura.

50 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

1.2 Lſgica Proposicional Clássica ʹ Opção B


rvores de Refutação ΀manual: p. 63΁

UƟlizar inspetores de circunstâncias é muito úƟl para testar a validade de argumentos. Mas já imaginaste
tentar examinar a validade de um argumento com 8 variáveis proposicionais (que corresponderia a um
inspetor de circunstâncias com 256 linhas)? Seria certamente uma tarefa pouco práƟca, demasiado fasƟdiosa
e morosa.

Um método diferente, bastante simples e rápido, para examinar a validade dos argumentos é o método
das árvores de refutação, também designado por árvores lógicas ou demonstrações em árvore (tree proofs).

A principal caracterísƟca deste método é proceder por redução ao absurdo (em que se nega uma proposição
que se quer provar, mostrando que isso dá origem a uma inconsistência ou absurdo). Assim, o primeiro passo,
quando temos uma determinada forma lógica, é negar a conclusão e juntá-la às premissas. Seguidamente,
procura-se analisar se o conjunto de proposições (as premissas e a negação da conclusão) é inconsistente ou
não. Se for inconsistente, então a forma lógica do argumento é válida. Se não for inconsistente, então a forma
lógica do argumento é inválida.

Para se examinar se existe inconsistência ou não, é preciso fazer a simpliĮcação das fórmulas complexas.
Por exemplo, (P  Y) é uma forma complexa que precisa ser simpliĮcada. Só existe uma maneira correta de
simpliĮcar as fórmulas complexas: seguir as regras das árvores de refutação. Este método termina quando se
encontra uma inconsistência (isto é, contradição como P e ¬P), ou quando não existem mais fórmulas para
simpliĮcar. As regras de simpliĮcação das fórmulas são as seguintes:

REGRAS DAS ÁRVORES DE REFUTAÇÃO


Conjunção Negação Dupla
1. AŽB 1. 22A
2. A (1) 2. A (1)
3. B (1)
Negação da Conjunção
Disjunção 1. 2(AŽB)
1. AB
2. 2A (1) 2B (1)
2. A (1) B (1)
Negação da Disjunção
Condicional 1. 2(AB)
1. AAB 2. 2A (1)
3. 2B (1)
2. 2A (1) B (1)
Negação da Condicional
Bicondicional 1. 2(AAB)
1. ACB 2. A (1)
3. 2B (1)
2. A (1) 2A (1)
Negação da Bicondicional
3. B (1) 2B (1)
1. 2(ACB)

2. A (1) 2A (1)
3. 2B (1) B (1)

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 51


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Tendo em conta estas regras e o que já se elucidou sobre as árvores de refutação, tentemos ver se a
seguinte forma argumentaƟva é válida ou não:

(P A Q), ¬Q ‘ ¬P

Para isso, começa-se por escrever a primeira premissa, na linha abaixo escreve-se a segunda premissa e
na linha seguinte escreve-se a negação da conclusão. Por uma questão de orientação, cada linha (ou passo de
raciocínio) que se escreve deve ser numerada com o ponto (1., 2., 3., etc.).

O passo seguinte é simpliĮcar a fórmula (P A Y), devendo escrever-se entre parênteses, ao lado do resultado
da simpliĮcação, o número de onde esta resulta. Com isto, já simpliĮcámos a fórmula complexa existente. Agora,
resta quesƟonar se existe inconsistência ou não. Isto é, temos de procurar contradições. Yuando encontramos
uma contradição num determinado ramo da árvore, o ramo Įca fechado; por isso, assinalamos com um “y”
por debaixo do ramo onde existe tal contradição e escrevemos entre parênteses as linhas onde ocorre essa
contradição.
A forma argumentaƟva só é válida se todos os ramos da árvore fecharem. Se exisƟr pelo menos um ramo
que não feche, então o argumento será inválido.

Vejamos, então, se a forma argumentaƟva em análise é válida ou não:

(P A Q), ¬Q ‘ ¬P

1. (P A Y)
2. 2Y
3. P

4. 2P (1) Y (1)


y y
(3,4) (2,4)

Como se pode constatar, as linhas 1 e 2 são as premissas, a linha 3 é a negação da conclusão e na linha 4 está
presente a simpliĮcação da condicional da linha 1. Agora, é importante quesƟonar: será que todos os ramos da
árvore fecham? Ou seja, será que existe inconsistência em todos os ramos da árvore? Sim, de facto estão patentes
contradições: nas linhas 3 e 4 vemos uma contradição de P com ¬P. Por isso, esse ramo pode fechar com um “y”.
E nas linhas 2 e 4 existe uma contradição de ¬Y com Y. Por isso, este ramo também pode fechar com um “y”.
Ora, se todos os ramos da árvore fecham, então esta forma argumentaƟva é válida.

Outro exemplo: será que a forma argumentaƟva (P A Q), ¬Q ‘ P é válida? Ao seguir-se o mesmo método,
chega-se ao seguinte resultado:

(P A Q), ¬Q ‘ P

1. (P A Y)
2. 2Y
3. 2P

4. 2P (1) Y (1)


 y
 (2,4)

52 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Neste caso, a forma argumentaƟva é inválida, pois há pelo menos um ramo da árvore que não fechou.

Analisemos de seguida, uƟlizando o método das árvores de refutação, se a seguinte fórmula argumentaƟva
é válida ou inválida:

(P  Q), (P A R), (Q A S), ¬S ‘P

A árvore pode construir-se da seguinte forma:

(P  Q), (P A R), (Q A S), ¬S ‘P

1. (P  Y)
2. (P A R)
3. (Y A S)
4. ¬S
5. ¬P

6. P (1)    Y (1)


y    
(5,6)
7.  ¬P (2)   R (2)

8.  ¬Y (3) S (3)  ¬Y (3) S (3)


y y  y y
(6,8) (4,8) (6,8) (4,8)

Como se pode veriĮcar, as linhas 1 a 4 são as premissas e a linha 5 é a negação da conclusão. Por isso, nos
passos seguintes deve-se fazer as simpliĮcações das fórmulas complexas.

Deste modo, o passo 6 consiste na simpliĮcação da disjunção da linha 1. Ora, como encontramos uma
contradição entre ¬P e P nas linhas 5 e 6, devemos fechar com um y esse ramo da esquerda. Assim, conƟnuamos
as restantes simpliĮcações no ramo da direita ainda em aberto.

No passo seguinte, linha 7, procedemos à simpliĮcação da condicional da linha 2. Uma vez que não se
encontrou qualquer contradição nesses ramos, devemos conƟnuar a fazer a simpliĮcação que ainda resta.

Dessa forma, na linha 8 realizou-se a simpliĮcação da condicional da linha 3. E aqui encontramos


contradições, nomeadamente entre Y e ¬Y (nas linhas 6 e 8) e entre ¬S e S (nas linhas 4 e 8). Por isso, esses
ramos devem-se fechar com y.

Por Įm, é preciso quesƟonar: será que todos os ramos da árvore fecham? Sim. Então, o argumento é válido.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 53


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Formas de Inferência Válidas (lista mais completa) ΀manual: p. 67΁


No manual estão presentes as seguintes formas de inferência válida:

Modus ponens (AAB), A ‘ B


Modus tollens (AAB), ¬B ‘ ¬A
Silogismo hipotĠƟco (AAB), (BAC) ‘ (AAC)
Silogismo disjunƟvo (AB), ¬A ‘ B
Leis de Morgan ¬(AB) ‘ (¬AŽ¬B)
¬(AŽB) ‘ (¬A¬B)
Contraposição (AAB) ‘ (¬BA¬A)

As inferências que se seguem são também úteis para se fazer derivações.

Silogismo conjunƟvo
No silogismo conjunƟvo, a primeira premissa apresenta a negação da conjunção. A segunda premissa aĮrma
(diz o mesmo que) uma das conjuntas. E a conclusão nega (diz o oposto de) a outra conjunta.

Silogismo ConjunƟvo Exemplos


Nega a conjunção ¬(AŽB) ¬(AŽB) ¬((PAQ)Ž¬(RAS))
AĮrma uma conjunta A B ¬(RAS)
‘ Nega a outra conjunta ‘ ¬B ‘ ¬A ‘ ¬(PAQ)

Redução ao absurdo
Uma forma argumentaƟva válida por redução ao absurdo parte do oposto do que se quer provar e mostra
que, se parƟrmos dessa suposição, gera-se um absurdo ou, por outras palavras, uma contradição (como “B”
e “¬B”). Ora, como uma suposição que leva a uma contradição tem de ser falsa, então na conclusão rejeita-se
a suposição inicial. Portanto, a ideia fundamental é que uma suposição é falsa se conduz a uma contradição.

Redução ao Absurdo
Suposição Inicial A
A suposição leva a: B
A suposição leva a: ¬B
‘A suposição inicial é falsa ‘ ¬A

54 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

SimpliĮcações
Existem algumas formas de inferência válidas que nos ajudam a simpliĮcar proposições complexas sem
cometermos qualquer erro de raciocínio lógico. É úƟl conheceres as seguintes inferências:

SimpliĮcação da Negação da Condicional


¬(AAB) Se Ɵvermos uma negação de uma condicional, podemos concluir a
‘A aĮrmação da antecedente, bem como a negação do consequente.
‘ ¬B

SimpliĮcação da Negação da Disjunção1


¬(A  B) Se Ɵvermos uma negação de uma disjunção, podemos concluir a
‘¬A negação de qualquer uma das disjuntas.
‘ ¬B

SimpliĮcação da Conjunção
(A Ž B) Se Ɵvermos uma aĮrmação da conjunção, podemos concluir a
‘A aĮrmação de qualquer uma das conjuntas.
‘B

SimpliĮcação da Bicondicional
(ACB) Se Ɵvermos uma aĮrmação da bicondicional, podemos concluir
‘(AAB) duas condicionais: uma com a antecedente a implicar a
‘(BAA) consequente e outra com o inverso.

SimpliĮcação da Negação da Bicondicional


¬(ACB) Se Ɵvermos uma negação da bicondicional, podemos concluir
‘ (A  B) uma disjunção e uma negação da conjunção. Dizer “¬(ACB)” é
‘ ¬ (A Ž B) dizer que A e B têm diferentes valores de verdade (assim, A ou B é
verdadeiro, mas não ambos).

SimpliĮcação da Dupla Negação2


¬ ¬P De uma fórmula com dupla negação podemos inferir a sua
‘P aĮrmação.

1
Esta inferência aplica-se quer a disjunção seja inclusiva, quer seja exclusiva.
2
É preciso saber disƟnguir, por exemplo, “¬¬(AŽB)” de “¬(¬AŽB)”. No primeiro caso, temos dupla negação, enquanto no segundo
caso temos apenas negação.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 55


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Derivações e Refutações Simples ΀manual: p. 67΁

Os inspetores de circunstâncias são um método mecânico para se determinar a validade argumentaƟva.


Porém, com isso não se examina a jusƟĮcação passo a passo para uma determinada conclusão. Ou seja, com
estes métodos o raciocínio não se exibe.

Haverá então outro método que explicite todos os passos argumentaƟvos para se chegar a uma dada
conclusão? Sim, as derivações ou provas formais, que, além de serem um bom método para testares a
validade dos argumentos, também te ajudam a desenvolver as tuas competências de raciocínio.

Para realizar esta tarefa, vamos seguir o método simples de derivações do Įlósofo HarrLJ Gensler. Este é um
procedimento que divide um argumento complexo numa série de pequenos passos inferenciais. Uma vez que
esses passos são baseados nas principais formas de inferência válidas, convém relembrá-las:

12 FORMAS DE INFERÊNCIA VLIDAS


INFERÊNCIAS SIMPLIFICAÇÃO
Modus Ponens [MP] SimpliĮcação da Negação da Condicional [SNC]
(AAB), A ‘ B ¬(AAB) ‘ A, ¬B

Modus Tollens [MT] SimpliĮcação da Negação da Disjunção [SND]


(AAB), ¬B ‘ ¬A ¬ (AB) ‘ ¬A, ¬B

Silogismo HipotéƟco [SH] SimpliĮcação da Conjunção [SDC]


(AAB), (BAC) ‘ (AAC) (AŽB) ‘ A, B

Silogismo DisjunƟvo [SD] SimpliĮcação da Bicondicional [SDB]


(AB), ¬A ‘ B (ACB) ‘ (AAB), (BAA)
(AB), ¬B ‘ A
Silogismo ConjunƟvo [SC] SimpliĮcação da Negação da Bicondicional [SNB]
¬(AŽB), A ‘¬B ¬(ACB) ‘ (AB), ¬(AŽB)
¬(AŽB), B ‘¬A
Redução ao Absurdo [RA] SimpliĮcação da Dupla Negação [SDN]
A B, ¬B ‘ ¬A ¬¬ A ‘A

Com apenas estas 12 formas de inferência válidas vais conseguir fazer qualquer derivação. Para isso, iremos
usar uma estratégia indireta de prova, onde primeiro supomos o oposto do que queremos provar. Ou seja,
vamos fazer derivações uƟlizando a estratégia de redução ao absurdo. Para isso, basta negar a conclusão da
forma argumentaƟva e ajustá-la às premissas de modo a encontrar-se uma contradição. A conclusão negada
designa-se por “suposição”.

Yuando, ao longo da derivação, se chega à contradição, nega-se a “suposição” e deriva-se assim a


conclusão Įnal. Caso a suposição nos conduza a uma contradição, o argumento é válido, mas se não levar a
uma contradição, o argumento é inválido (pois as premissas podem ser verdadeiras e a conclusão falsa). Por
exemplo, depois de Descartes argumentar a favor da existência de Deus, apresenta um argumento no qual
conclui que os objetos materiais existem:

56 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES


Se nós temos sensações de alegados objetos materiais e os objetos
materiais não existem, então Deus é um enganador. Ora, temos
sensações de alegados objetos materiais. Mas, Deus não é um en-
ganador. Logo, os objetos materiais existem.


René Descartes, Discurso do Método. Trad. João Gama, Lisboa, Edições 70

Na derivação deste argumento, para provar que os objetos materiais existem e para testar a validade
deste argumento, vamos supor o oposto da conclusão (isto é, que os objetos materiais não existem). Caso
o argumento seja válido, concluiremos que essa suposição é falsa, porque nos leva a uma contradição. A
derivação em linguagem natural tem a seguinte estrutura:

1. Se nós temos sensações de alegados objetos materiais e os objetos materiais não existem, então Deus
é um enganador.
2. Ora, temos sensações de alegados objetos materiais.
3. Mas Deus não é um enganador.
Logo, os objetos materiais existem.
4. No entanto, vamos supor que os objetos materiais não existem.
5. Daqui se segue, por modus tollens de 1 e 3, que não é verdade que nós temos sensações de alegados
objetos materiais e que os objetos materiais não existem.
6. Segue-se também, pela inferência de silogismo conũunƟvo de 4 e 5, que não temos sensações de alegados
objetos materiais.
7. Contudo, uma vez que 2 e 6 se contradizem, a suposição 4 é falsa; concluímos, assim, por redução ao
absurdo, que os objetos materiais existem.

Começámos por supor que os objetos materiais não existem (linha 4). Então, derivámos uma contradição
(nas linhas 2 e 6). Assim, dadas as premissas do argumento de Descartes, a suposição que Įzemos é falsa. Por
isso, se as premissas do argumento são verdadeiras, a sua conclusão também será. Deste modo, o argumento
é válido. Em linguagem lógica proposicional, a forma do argumento de Descartes é: ((PŽ¬Y)AR), P, ¬R ‘ Y.
Para construir facilmente uma derivação desta forma argumentaƟva, recorremos a uma estratégia com três
etapas:

1. ((P Ž 2Y) AR
2. P
Primeira
3. 2R etapa
|‘Y
4. Sup:2Y
5. |‘2(P Ž2Y) [MT, de 1 e 3] Segunda
6. |‘2P [SC, de 4 e 5] etapa
7. ‘Y [RA 4, de 2 e 6] Terceira etapa

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 57


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Na primeira etapa, começamos por escrever as premissas e a conclusão do argumento em cada uma das
linhas. Depois, bloqueamos a linha da conclusão com o símbolo “|”, para nos lembrar que não a podemos usar
para derivar os passos seguintes. De seguida, acrescentamos uma linha com “Sup:” (de “suposição”), onde
escrevemos o oposto da conclusão (por exemplo, se na conclusão está “P”, na suposição escreve-se “¬P”; se
na conclusão está “¬P”, na suposição escreve-se “P”).

Na segunda etapa, uƟlizamos as “formas de inferência válidas”, de modo a derivar novas linhas até se
encontrar uma contradição (ou seja, a aĮrmação e a negação da mesma proposição). A contradição pode
ocorrer em qualquer lugar na derivação (nas premissas, na suposição ou nas linhas derivadas) menos nas
linhas bloqueadas (como é o caso da conclusão original). Na fórmula argumentaƟva em análise usamos o
modus tollens e o silogismo conjunƟvo até surgir a contradição. Para se saber que formas de inferência se
uƟlizaram e em que linhas se aplicam, é importante colocar essa informação entre parênteses retos “[ ]”.

Yuando encontramos uma contradição, entramos na terceira etapa. Nesta úlƟma etapa, uƟlizamos a regra
da redução ao absurdo para derivarmos a conclusão original. Por Įm, devemos bloquear as linhas derivadas
que foram uƟlizadas para se gerar a contradição, com o símbolo “|”, de modo a não serem mais uƟlizadas. E,
deste modo, a derivação Įca concluída.

Neste caso, a derivação é válida pois, parƟndo das premissas e da suposição e uƟlizando as formas de
inferência válidas, chegamos à conclusão original do argumento. Aliás, a contradição encontrada nas linhas 2 e
6 evidencia que é impossível uma circunstância em que todas as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa.
Porém, se o argumento fosse inválido, não conseguiríamos chegar a qualquer contradição e, por conseguinte,
não poderíamos aplicar a regra de redução ao absurdo de modo a derivar a conclusão original do argumento.
Ou seja, resultaria uma situação em que seria possível termos premissas verdadeiras e a conclusão falsa.

Um outro exemplo: será que a fórmula argumentaƟva “(¬P¬Y), ¬(RŽY) ‘ (¬PA¬R)” é válida?
Podemos construir a seguinte derivação:

1. (2P 2Y)
2. 2(R ŽY)
|‘(2P A2R)
3. Sup:2(2P A2R)
4. 2P [SNC, de 3]
5. R [SNC, de 3]
6. 2Y [SC, de 2 e 5]

Neste caso, depois de aplicarmos todas as possíveis formas de inferência, não conseguimos chegar a
qualquer contradição e, por isso, não podemos aplicar a regra de redução ao absurdo para concluir a conclusão
original. Para nos cerƟĮcarmos que o argumento é inválido, podemos fazer uma refutação, que consiste num
conjunto de condições de verdade que mostram uma circunstância em que todas as premissas são verdadeiras
e a conclusão falsa.

Para fazer isso, começamos por registar todas as fórmulas simples das linhas não bloqueadas:

¬P, R, ¬Q

58 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Estas letras apresentam as condições de verdade para se refutar o argumento. Se a letra não Ɵver o símbolo
de negação, tem valor de verdade “V”, e caso tenha símbolo de negação, tem valor de verdade “F”. Assim, a
letra “R” é verdadeira e as letras “P” e “Y” são falsas. Ou seja:

RсV
P, Q = F

Tendo em conta estas informações voltamos a escrever o argumento e subsƟtuímos as letras pelos
correspondentes valores de verdade da derivação anterior. A seguir, fazemos todas as operações das conecƟvas
proposicionais (uƟlizando as informações que aprendeste nas tabelas de verdade) até obtermos o valor de
verdade de cada premissa e da conclusão:

(¬PF ¬YF) = (¬F ¬F) = (V V) =V


¬(RV ŽYF) = ¬(V ŽF) = ¬F =V
‘(¬PF A¬RV) = (¬F A¬V) = (V AF) =F

Como podemos constatar, o argumento é inválido, pois as condições de verdade dadas por “¬P, R, ¬Y”
fazem as premissas verdadeiras e a conclusão falsa. Portanto, “¬P, R, ¬Y” apresentam uma circunstância em
que todas as premissas do argumento são verdadeiras e a conclusão falsa.

Esta estratégia para derivar e refutar funciona com a grande maioria das formas argumentaƟvas
proposicionais. No entanto, em alguns argumentos mais complexos poderá ser necessário uƟlizar múlƟplas
suposições para conseguires fazer derivações e refutações. De qualquer modo, uƟlizando apenas a estratégia
simples para fazer derivações que aqui aprendeste, já consegues testar a validade dos argumentos, formalizáveis
em lógica proposicional, presentes neste manual.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 59


MATERIAIS COMPLEMENTARES

TEXTO COMPLEMENTAR
A importąncia da lſgica: uma entrevista a Harry Gensler
+DUU\*HQVOHUpXP¿OyVRIRFRQWHPSRUkQHRHVSHFLDOLVWDVREUHWXGRHPOyJLFDpWLFDH¿ORVR¿DGD
UHOLJLmR(QVLQDOyJLFDKiPDLVGHWUrVGpFDGDVWHQGRLQYHQWDGRXPPpWRGRPXLWRVLPSOHVSDUDWHVWDU
DYDOLGDGHVLORJtVWLFD R7HVWH(VWUHOD HFRQFHEHXXPPpWRGREDVWDQWHDFHVVtYHOSDUDVHID]HUHP
GHULYDo}HV TXH IXQFLRQD HP OyJLFD SURSRVLFLRQDO GH SUHGLFDGRV PRGDO GH{QWLFD HSLVWpPLFD
HWF$OpPGLVVRGHVHQYROYHXXPSURJUDPDGHFRPSXWDGRUPXLWRSRSXODUSDUDVHDSUHQGHUOyJLFD
FKDPDGR³/RJL&ROD´

(QWUHRVVHXVSULQFLSDLVOLYURVSRGHPRVHQFRQWUDU

• The A to Z of Logic 


• Introduction to Logic 
• Ethics: A Contemporary Introduction 
• Ethics and the Golden Rule 

'HYLGRjVXDH[SHULrQFLDHPOyJLFDGHFLGLPRVIDODUFRPHVWH¿OyVRIRSDUDQRVHVFODUHFHUVREUH
DOJXQVSRUPHQRUHVQRHQVLQRGDOyJLFDQR(QVLQR6HFXQGiULR

DOMINGOS FARIA (DF): e LPSRUWDQWH HQVLQDU OyJLFD QD GLVFLSOLQD GH ¿ORVR¿D QR
6HFXQGiULR" 3RUTXr" (P 3RUWXJDO RV SURIHVVRUHV GH )LORVR¿D GR 6HFXQGiULR SRGHP
optar por lecionar lógica silogística ou lógica proposicional. Qual delas acha que é
melhor e adequada para o Secundário?

HARRY GENSLER (HG): eLPSRUWDQWHRVMRYHQVHVWXGDUHPOyJLFDHPSULPHLUROXJDUSRUTXHRV


DMXGDDSHQVDUFRPPDLRUULJRUHGLVFLSOLQD(QVLQDRVDFHUFDGRUDFLRFtQLRDMXGDRVDGHIHQGHUHP
VH GD SHUVXDVmR LUUDFLRQDO H GD SURSDJDQGD H HQFRUDMDRV D VHUHP DWHQWRV DR SRUPHQRU 1HVWH
VHQWLGRDOyJLFDSRGHDMXGDURVDOXQRVSDUDRXWURVWLSRVGHHVWXGR

(PVHJXQGROXJDUDOyJLFDpXPDERDSUHSDUDomRSDUDD¿ORVR¿D$FKRLPSRUWDQWHTXHSHORPHQRV
DOJXQVDUJXPHQWRVTXHHOHVHVWXGHPOLGHPFRPTXHVW}HV¿ORVy¿FDVPDLVSURIXQGDVFRPRROLYUH
DUEtWULRDH[LVWrQFLDGH'HXVRXDQDWXUH]DGDPRUDOLGDGH6HEHPTXHDOyJLFDQmRQRVGrWRGDVDV
UHVSRVWDVDYHUGDGHpTXHIRUQHFHIHUUDPHQWDV~WHLVSDUDSHQVDUVREUHDVTXHVW}HVSURIXQGDVGDYLGD

(PWHUFHLUROXJDUSDUDPXLWRVHVWXGDQWHVDOyJLFDpWmRGLYHUWLGDTXDQWRMRJDURXID]HUpuzzles
0XLWRVGHOHVDFKDPQDGHVD¿DQWHIDVFLQDQWHHPXLWRDJUDGiYHO

$FKR TXH WDQWR D OyJLFD VLORJtVWLFD FRPR D OyJLFD SURSRVLFLRQDO EiVLFD FRPR VH HQFRQWUD QRV
FDStWXORVHGRPHXOLYURIntroduction to LogicHGLomR5RXWOHGJH3UHVV VHDGHTXDP
SHUIHLWDPHQWH HYLWDQGR WDOYH] iUHDV WDLV FRPR H[SUHVV}HV FRPSOH[DV H FRQIXVDV  TXH RV DOXQRV
FRQVLGHUDPHVSHFLDOPHQWHGLItFHLV6XJLURH[SHULPHQWDUTXDOTXHUGHODVSDUDYHUDTXLORGHTXHR
JUXSRpFDSD]FRPTXHUDSLGH]pSRVVtYHODYDQoDURTXHpSUHFLVRUHYHUHWF2XWUDiUHDDFRQVLGHUDU
VmR DV IDOiFLDV LQIRUPDLV WDLV FRPR apelo à multidão e a post hoc ergo propter hoc YHU
FDStWXORGRPHXOLYUR 8PJUXSRPDLVPRWLYDGRSRGHUiHVWDUSURQWRSDUDDVSURYDVIRUPDLVRX
PHVPRSDUDDOyJLFDPRGDOEiVLFD FRPRVHHQFRQWUDQRVFDStWXORVHGRPHXOLYUR &RQWXGRp
LPSRUWDQWHH[SHULPHQWDUFRLVDVGLIHUHQWHVSDUDYHUFRPRRVHVWXGDQWHVWUDEDOKDP

60 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

DF: No seu livro, Introduction to Logic, na secção de lógica silogística fala do Teste
Estrela. Porque é que este método é melhor do que as regras medievais? Poderia explicar
aos professores portugueses como funciona o Teste Estrela? Considera ser uma boa
estratégia ensinar o Teste EstrelaHP¿ORVR¿DQR6HFXQGiULR"

HG: 2PHXTeste EstrelapGHIDFWRXPDIRUPDPDLVIiFLOGHDSUHQGHUWRGDVDVUHJUDVPHGLHYDLV


$OpPGHVHUPDLVIiFLOGHDSUHQGHURTeste EstrelaSRGHVHUIHLWRFRPPDLRUSUHFLVmRHDSOLFDGRD
DUJXPHQWRVVLORJtVWLFRVFRPTXDOTXHUQ~PHURGHSUHPLVVDV DRSDVVRTXHDVUHJUDVPHGLHYDLVVH
DSOLFDPDDUJXPHQWRVFRPDSHQDVGXDVSUHPLVVDV 

1R LQtFLR GR PHX FDStWXOR  H[SOLFR R Teste Estrela 3ULPHLUR GH¿QR XPD )%) ³IyUPXOD EHP
IRUPDGD´  FRPRTXDOTXHUVHTXrQFLDGHTXDOTXHUGDVRLWRIRUPDVVHJXLQWHV QDVTXDLVSRGHPVHU
XVDGDVRXWUDVOHWUDVPDL~VFXODVHPLQ~VFXODV 

todo A é B
nenhum A é B
algum A é B
algum A não é B
xéA
x não é A
xéLJ
x não é LJ

$TXLDVPDL~VFXODVVmRXVDGDVSDUDRVWHUPRVJHUDLV WHUPRVTXHGHVFUHYHPRXIRUPXODPXPD
FDWHJRULD FRPR³VHUKXPDQR´³¿OyVRIR´³EHEpHQFDQWDGRU´RX³IDODSRUWXJXrV´$VPLQ~VFXODV
DSOLFDPVHDRVWHUPRVVLQJXODUHV WHUPRVDSOLFDGRVDXPDSHVVRDRXFRLVDHVSHFt¿FD FRPR³'DYLG´
³HVWDFULDQoD´RX³REHEpPDLVHQFDQWDGRUGRPXQGR´

$VHJXLUGH¿QR6,/2*,602FRPRXPDVHTXrQFLDYHUWLFDOGHXPRXPDLV)%)VQDTXDOFDGDOHWUD
RFRUUHGXDVYH]HVHDVOHWUDV³IRUPDPXPDFDGHLD´ FDGD)%)WHPSHORPHQRVXPDOHWUDHPFRPXP
FRPD)%)LPHGLDWDPHQWHDEDL[RVHHVWDH[LVWLUHDSULPHLUD)%)WHPSHORVPHQRVXPDOHWUDHP
FRPXPFRPD~OWLPD)%) 9HMDPRVWUrVH[HPSORV

nenhum P é B aéC todo G é F


algum C é B b não é C ‘ todo F é G
‘ algum C não é P2 ‘ a não é b

$QWHVGHID]HUPRVRTeste EstrelaWHPRVGHDSUHQGHUDWpFQLFDGRWHUPR³GLVWULEXtGR´ TXHYHP


GDVUHJUDVPHGLHYDLV 8PH[HPSORGHXPDOHWUD',675,%8Ë'$QXPD)%)pVHRFRUUHUORJRDSyV
³WRGR´RXHPTXDOTXHUODGRGHSRLVGH³QHQKXP´RX³QmR´

1
(PLQJOrV:))±ZHOOGH¿QHGIRUPXOD
2
2VtPEROR‘LQGLFDDFRQFOXVmR

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 61


MATERIAIS COMPLEMENTARES

$VHJXLUVXEOLQKDPRVDVOHWUDVGLVWULEXtGDV

todo A é B
nenhum A é B
algum A é B
algum A não é B
xéA
x não é A
xéLJ
x não é LJ

)LQDOPHQWH R Teste Estrela DSOLFDVH GD VHJXLQWH IRUPD D VLORJLVPRV LQVHUHVH XPD HVWUHOD QDV
OHWUDV GDV SUHPLVVDV TXH HVWmR GLVWULEXtGDV H QDV OHWUDV GD FRQFOXVmR TXH QmR HVWmR GLVWULEXtGDV
2VLORJLVPRpYiOLGRVHHVyVHFDGDOHWUDPDL~VFXODWLYHUDSHQDVXPDHVWUHODHVHKRXYHUDSHQDV
XPDHVWUHODGRVHXODGRGLUHLWR3

6XJLURSDUDDVSULPHLUDVYH]HVTXHVHDSOLFDURTeste EstrelaXVDUXPSURFHGLPHQWRHPWUrVHWDSDV
(1) VXEOLQKDUDVOHWUDVGLVWULEXtGDV(2)LQVHULUDVHVWUHODVH (3)FRQWDUDVHVWUHODV(LVXPH[HPSOR
YiOLGR

todo A Ġ B
algum C Ġ A
‘ algum C Ġ B

(1)3ULPHLURVXEOLQKDPRVDVOHWUDVGLVWULEXtGDV DSHQDVRSULPHLUR³$´pGLVWULEXtGR 

todo A é B
algum C é A
‘ algum C é B

(2)$VHJXLULQVHULPRVHVWUHODVQDVOHWUDVGDVSUHPLVVDVTXHHVWmRVXEOLQKDGDVHQDVOHWUDVGD
FRQFOXVmRTXHQmRHVWmRVXEOLQKDGDV

todo AΎ é B
algum C é A
‘ algum CΎ é BΎ

(3) )LQDOPHQWHFRQWDPRVDVHVWUHODV&DGDOHWUDPDL~VFXODWHPH[DWDPHQWHXPDHVWUHODHKi
H[DWDPHQWHXPDHVWUHODGRODGRGLUHLWRGRVLORJLVPR3RULVVRRDUJXPHQWRp9È/,'2

8PVHJXQGRH[HPSORGHVWDYH]LQYiOLGR

nenhum A Ġ B
nenhum C Ġ A
‘ nenhum C Ġ B

3
(VWDIRUPXODomRGR Teste EstrelaSUHVVXS}HDLQWHUSUHWDomRPRGHUQDGDOyJLFDVLORJtVWLFD HPTXHpDEDQGRQDGDDLPSOLFDomR
H[LVWHQFLDO SDUDXPDLQWHUSUHWDomRWUDGLFLRQDODULVWRWpOLFD HPTXHVHDFHLWDDLPSOLFDomRH[LVWHQFLDO FRORTXHVHDH[SUHVVmR
VHFDGDOHWUDPDL~VFXODWLYHUSHORPHQRVXPDHVWUHODHPYH]GHVHFDGDOHWUDPDL~VFXODWLYHUDSHQDVXPDHVWUHOD2Teste
EstrelapIDFLOPHQWHDGDSWiYHOWDQWRjYHUVmRPRGHUQDFRPRjWUDGLFLRQDO

62 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

(1) 3
 ULPHLURVXEOLQKDPRVDVOHWUDVGLVWULEXtGDV DTXLWRGDVDVOHWUDVHVWmRGLVWULEXtGDVYLVWRTXH
WRGDVRFRUUHPGHSRLVGH³QHQKXP´ 

nenhum A é B
nenhum C é A
‘ nenhum C é B

(2) 'HSRLV LQVHULPRV HVWUHODV QDV OHWUDV VXEOLQKDGDV H QDV OHWUDV GD FRQFOXVmR TXH QmR HVWmR
VXEOLQKDGDV

nenhum AΎé B*
nenhum C*é A*
‘ nenhum C é B

(3) )LQDOPHQWHFRQWDPRVDVHVWUHODV$PDL~VFXOD³$´RFRUUHFRPGXDVHVWUHODVHKiGXDVHVWUHODV
QRODGRGLUHLWR3RULVVRRDUJXPHQWRp,19È/,'2

1RPHXOLYURDSUHVHQWRPDLVSRUPHQRUHV(VLPVXJLURTXHVHMDHQVLQDGRRTeste EstrelaDRVDOXQRV
GR6HFXQGiULRTXHHVWXGHPOyJLFDVLORJtVWLFD

DF: No seu livro de lógica, também explica uma nova maneira de fazer derivações lógicas
DSHQDVFRP³UHJUDVVLPSOL¿FDGRUDV´H³UHJUDVGHLQIHUrQFLD´3RGHH[SOLFDUEUHYHPHQWH
aos professores portugueses o seu método de construir provas lógicas ou derivações?
Porque pensa que este seu método é melhor do que os métodos tradicionais (como o
método de Gentzen)?

HG: (QWmRFRPRIXQFLRQDRPHXVLVWHPDGHSURYD"7RGDVDVSURYDVVmR5$$ reductio ad absurdum


±UHGXomRDRDEVXUGR $VVXPHVHRRSRVWRGDFRQFOXVmRHDVHJXLUXVDVHDVUHJUDVGHLQIHUrQFLD
QDVSUHPLVVDVSDUDGHULYDUDFRQWUDGLomRGHULYDUDFRQWUDGLomRPRVWUDTXHGDGDVDVSUHPLVVDVD
FRQFOXVmRQmRSRGHVHUIDOVDHSRULVVRWHPGHVHUYHUGDGHLUD±SRULVVRRDUJXPHQWRRULJLQDOpYiOLGR

2PHXVLVWHPDGHSURYDXVDUHJUDV6HUHJUDV,$VVHLVUHJUDV6 GHVLPSOL¿FDomR VmRDVVHJXLQWHV

(P Ž Y) ‘ P, Y
2(P  Y) ‘ 2P, 2Y
2(P A Y) ‘ P, 2Y
22P‘P
(P C Y) ‘(P A Y), (Y A P)
2(P C Y) ‘(P  Y), 2(P Ž Y)

$VVHLVUHJUDV, GHLQIHUrQFLD VmRDVVHJXLQWHV

2(P Ž Y) ‘ 2Y
2(P Ž Y),Y ‘2P
(P  Y), 2P ‘Y
(P  Y), 2Y ‘P
(P A Y), P ‘Y
(P A Y), 2Y ‘2P

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 63


8PH[HPSORGHSURYD

1. T
2. (T A (B M))
3. (M A H)
4. 2H
[‘B
5. | sup: 2B
6. | ‘(B M) ΂de 1 e 2΃
7. | ‘M !de 5 e 6΃
8. | ‘H !de 3 e 7΃
9. ‘B !de 5; 4 contradiz 8΃

,QLFLDPRVDSURYDVXSRQGRRRSRVWRGDFRQFOXVmR SDVVR 'HSRLVGHULYDPRVWXGRRTXHIRUSRVVtYHO


XVDQGRDVUHJUDV6H,DWpVHHQFRQWUDUDFRQWUDGLomR SDVVRVD )LQDOPHQWHGHULYDPRVDFRQFOXVmR
RULJLQDO SDVVR 

2 PHX VLVWHPD GH SURYD DSUHVHQWD GLYHUVDV YDQWDJHQV UHODWLYDPHQWH DRV VLVWHPDV KDELWXDLV XVD
XP FRQMXQWR GH UHJUDV PHQRU H PDLV XQL¿FDGR WHP XPD HVWUDWpJLD GH SURYD SUHFLVD H FRQGX] D
XPD SURYD RX D XPD UHIXWDomR VH QmR VH REWLYHU XPD FRQWUDGLomR  (VWH VLVWHPD GH SURYD SRGH
VHU DPSOLDGR SDUD RXWURV VLVWHPDV PDLV FRPSOH[RV FRPR OyJLFD TXDQWL¿FDGD PRGDO GH{QWLFD H
HSLVWpPLFD

&DVRHVWHMDPKDELWXDGRVDRXWURVLVWHPDGHSURYDWDOYH]QHFHVVLWHPGHDOJXPDSUiWLFDSDUDDOFDQoDU
DOJXPDUDSLGH]9HMDPRPHXOLYUR FDStWXOR HH[SHULPHQWHPRPHXsoftwareGLGiWLFRLogiCola ±
LQIHOL]PHQWHDSHQDVGLVSRQtYHOHPLQJOrV 

$SURYDSURSRVLFLRQDOWDOYH]VHMDGHPDVLDGRDYDQoDGDSDUDDOXQRVGR6HFXQGiULRPDVWXGRGHSHQGH
GRJUXSR0DLVXPDYH]WHUmRGHDYDOLDUDTXLORGHTXHHOHVVmRFDSD]HV

DF: Que conselho pode dar aos professores do Secundário para ensinar lógica com sucesso?

HG: (QVLQHP FRP FODUH]D H HQWXVLDVPR XVHP H[HPSORV FRQFUHWRV H LQWHUHVVDQWHV WHQWHP
FRPSUHHQGHUTXHiUHDVVmRPDLVGLItFHLVSDUDRVYRVVRVDOXQRVFHQWUHPVHQHODVHIDoDPPXLWDV
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(Entrevista disponível em ǁǁǁ.manualescolar2.0.sebenta.pt, na página de FilosoĮa 11Ǒ ano, onde encontra link
para o soŌǁare LogiCola)

64 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

DESCRIÇÃO E INTERPRETAÇÃO DA ATIVIDADE COGNOSCITIVA


1.2 Análise comparaƟva de teorias explicaƟvas do conhecimento
Algumas respostas ao argumento cĠƟco da regressão inĮnita [manual: p. 137]
CoerenƟsmo
Os coerenƟstas seguem outro rumo na rejeição do ceƟcismo. Para estes autores, não há nada de errado
com a primeira premissa do argumento céƟco. Isto acontece porque estes autores rejeitam a disƟnção entre
crenças básicas e não-básicas. Para estes autores, não existem crenças fundacionais, autoevidentes, que se
jusƟĮcam a si mesmas. A única forma de jusƟĮcar uma crença é dizer por que razão devemos considerar que
ela é verdadeira, ou seja, invocar outras crenças para a sustentar. Mas, se não há nada de errado na primeira
premissa, qual é, então, o problema do argumento céƟco?

Para os coerenƟstas, o problema reside na segunda premissa, que aĮrma que: “se as nossas crenças se
jusƟĮcam com base noutras crenças, então caímos numa cadeia de jusƟĮcações”. Apesar de aceitarem que as
crenças se jusƟĮcam com outras crenças, os coerenƟstas rejeitam uma conceção linear da jusƟĮcação, onde
cada crença é inferida de outra crença, que por sua vez é inferida de outra crença, e assim sucessivamente. Para
os coerenƟstas, nenhuma crença isolada serve, por si só, de jusƟĮcação seja para o que for, pois a jusƟĮcação
deve ser entendida numa perspeƟva holşsƟca (do grego holos = inteiro/todo; privilegia o todo relaƟvamente
às partes), em que cada crença faz parte de sistema de crenças que se apoiam e suportam mutuamente.
Assim, os coerenƟstas sustentam que:

Uma dada crença A está jusƟĮcada, se, e sſ se, for coerente com a totalidade do nosso sistema de crenças.

Contrariamente aos esquemas em cadeia anteriormente apresentados (p.135) a perspeƟva coerenƟsta da


jusƟĮcação assume a forma de uma rede ou teia de crenças, isto é, de um conjunto de crenças que se apoiam
mutuamente, sem que exista nenhuma espécie de hierarquia previamente deĮnida:

A
D B
C
E N
F G
I H M

J L
K

Mas o que signiĮca exatamente dizer que uma crença é coerente com a totalidade do nosso sistema
de crenças? Em traços gerais, pode-se dizer que, para que um conjunto de crenças possa ser considerado
coerente, tem de formar um todo coeso, isto é, não pode conter contradições internas e os seus elementos
têm de estar em estreita ligação uns com os outros. Assim sendo, torna-se manifesto que a coerência é uma
propriedade que apenas se pode atribuir a conjuntos de crenças e não a crenças isoladas. Não tem senƟdo
perguntar se uma crença é, em si mesma, coerente, têm de exisƟr outros elementos, outras crenças, com os
quais ela se relaciona de modo, mais ou menos, arƟculado.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 65


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Visto que nenhum conjunto coerente de crenças pode conter contradições internas, podemos considerar
que a consistência é uma condição necessária para a coerência. Num certo senƟdo, dizemos que:

Duas ou mais crenças são consistentes se, e sſ se, podem ser todas simultaneamente verdadeiras.

Inversamente:

Duas ou mais crenças são inconsistentes se, e sſ se, não podem ser todas simultaneamente verdadeiras.

Atentemos nas aĮrmações que se seguem:

1. O Álvaro é um aluno do 11.Ǒ ano.


2. Todos os alunos do 11.Ǒ ano têm classiĮcações altas na disciplina de FilosoĮa.
3. 7 valores não é uma classiĮcação alta na disciplina de FilosoĮa.
4. O Álvaro teve 7 valores a FilosoĮa.

Será que podemos acreditar nas quatro aĮrmações anteriores sem cair em contradição? Obviamente que não͊
Não preciso de saber quem é o Álvaro, nem se estuda no 11.Ǒ ano, nem preciso de nenhuma outra informação
adicional, para saber que estas aĮrmações não podem ser todas simultaneamente verdadeiras. Basta-me reŇeƟr
sobre elas para perceber que pelo menos uma delas terá de ser falsa. Assim, o conjunto de crenças 1–4 não é
consistente. Ora, muito diĮcilmente um conjunto inconsistente de crenças oferece uma boa jusƟĮcação para
acreditarmos seja no que for, pois a Įabilidade do próprio conjunto é imediatamente posta em causa.

Existe um senƟdo mais fraco das noções de “consistência/inconsistência”, segundo o qual para que duas ou
mais crenças sejam inconsistentes não é necessário que a sua verdade se exclua de modo deĮniƟvo, basta que
isso aconteça de um modo probabilísƟco. De acordo com esta aceção pode-se dizer que:

Duas ou mais crenças são probabilisƟcamente inconsistentes se, e sſ se, Ġ improvável Ƌue sejam todas
simultaneamente verdadeiras.

Por exemplo, a crença de que acabei de ver o primeiro-ministro britânico sozinho a tomar café na esquina de
minha casa é inconsistente (neste senƟdo probabilísƟco) com muitas outras crenças que possuo, nomeadamente
a crença de que este vive no Reino Unido, a crença de que este se faz, geralmente, acompanhar de uma
equipa de segurança, etc. Isto signiĮca que, embora não seja impossível que estas sejam simultaneamente
verdadeiras, é seguramente improvável que o sejam. Assim, para que o meu sistema mantenha a consistência,
devo reŇeƟr sobre qual (ou quais) das minhas crenças é (ou são) mais provável(eis) e abandonar aquela(s) que
a(s) contraria(m).

Mas será a consistência, em qualquer das suas aceções, tudo o que se exige para que um conjunto de
crenças seja coerente? Para responder a esta questão vamos analisar o conjunto de crenças que se segue:

1. O Álvaro é aluno do 11.Ǒ ano.


2. A Terra é um planeta dos sistema solar.
3. Os gatos são felinos.
4. A Ana gosta de FilosoĮa.

Este conjunto é consistente, mas será coerente? Não, pois conforme vimos anteriormente, para que
um conjunto de crenças seja coerente é necessário que os seus elementos se relacionem entre si de modo
relaƟvamente arƟculado e, apesar de não exisƟr nenhuma espécie de inconsistência interna, também é
evidente que não existe qualquer Ɵpo de ligação entre as crenças que compõem este conjunto. Assim, para
que um conjunto de crenças seja coerente é também exigido que as crenças que o compõem mantenham
algum Ɵpo de ligação entre si. Exige-se, nomeadamente, que estas estabeleçam relações de explicação e/ou

66 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

implicação (ou consequência lógica) entre si, isto é, que cada crença do conjunto sirva para explicar ou seja
explicada por outra(s) crença(s) do conjunto e/ou seja uma implicação lógica ou tenha por implicação lógica
outra(s) crença(s) do conjunto. Deste modo, podemos aĮrmar que:

Um dado conjunto de crenças Ġ coerente, se, e sſ se, i) Ġ consistente e ii) as crenças Ƌue o compõem
se explicam eͬou implicam mutuamente.

Em suma, para os coerenƟstas não existem crenças básicas ou fundacionais, todas as crenças se jusƟĮcam
com base noutras crenças, mais propriamente, com base num sistema ou teia de crenças com o qual formam
um todo coerente. Por isso, os coerenƟstas rejeitam a metáfora arquitetural do fundacionalismo, comparando
o nosso conhecimento, não a um ediİcio com os seus alicerces, mas a uma embarcação que se mantém à
superİcie graças à forma como as suas partes se apoiam mutuamente (e não graças à ação de certas peças
fundacionais) e se vê forçada a fazer as suas reparações em alto mar: não podendo aportar e reconstruir de
base toda a sua estrutura de uma só vez, vai-se subsƟtuindo gradualmente as tábuas daniĮcadas.

Contextualismo
Outra resposta possível para o problema do ceƟcismo é o contextualismo. Tal como o fundacionalismo,
esta perspeƟva considera que existem exceções ă primeira premissa do argumento céƟco, segundo a qual as
nossas crenças se jusƟĮcam com base noutras crenças.

No entanto, enquanto os fundacionalistas reservam esse estatuto para crenças cuja veracidade não possa
ser posta em causa, seja em que circunstância for, o contextualismo assume que as jusƟĮcações Ƌue se exigem
devem adeƋuar-se aos diferentes contextos onde se formam as nossas crenças. Assumimos diferentes ideias
como estando jusƟĮcadas em função dos contextos em que nos movimentamos, sem exigir jusƟĮcações
adicionais. Por exemplo, se tenciono viajar de carro até Madrid, fazendo o menor número de paragens
possível, basta-me veriĮcar a distância num mapa e medir o meu depósito de gasóleo, para considerar que
tenho uma boa jusƟĮcação para acreditar que devo atestar o depósito. No entanto, se me encontrar numa
aula de FilosoĮa a discuƟr o problema do ceƟcismo, posso não aceitar que essa crença esteja devidamente
jusƟĮcada, por considerar que este contexto tem critérios de jusƟĮcação diferentes.

Assim, o contextualismo opõe-se às chamadas “epistemologias invarianƟstas”: o primeiro considera que os


critérios de conhecimento variam consoante o contexto; estas úlƟmas defendem que existe um único conjunto
de critérios comum a todas as nossas aspirações ao conhecimento.

InĮniƟsmo
O inĮniƟsmo é um desenvolvimento relaƟvamente recente em epistemologia. O seu alvo é a premissa
seis do argumento céƟco, segundo a qual se uma cadeia de jusƟĮcações regredir inĮnitamente, então não
serve de jusƟĮcação para as nossas crenças. Segundo o inĮniƟsmo, uma cadeia de jusƟĮcações inĮnita pode
perfeitamente fornecer jusƟĮcação para as nossas crenças, pois tudo o que se exige para que se possa
considerar que “S sabe que p” é que S seja, à parƟda, capaz de responder a todos os ͞porƋuês͟ com que
depare na cadeia de jusƟĮcações que o leva a acreditar em p. Claro que esta tarefa é demasiado enfadonha e
de tal forma demorada que nenhum de nós teria alguma vez tempo de vida suĮciente para a levar a cabo. No
entanto, tal não signiĮca que não seríamos, à parƟda, capazes de fornecer essas respostas à medida que nos
fossem sendo exigidas por pessoas de espírito críƟco e inquisiƟvo, e isso é, para os inĮniƟstas, tudo o que é
requerido para que haja conhecimento.

Assim, os inĮniƟstas concordam com os contextualistas na medida em que aceitam que, geralmente,
assumimos certas ideias como inquesƟonáveis em determinados contextos. No entanto, não acreditam que

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 67


MATERIAIS COMPLEMENTARES

isso coloque um ponto Įnal no assunto e sustentam que só podemos considerar que temos conhecimento se
formos capazes de fornecer jusƟĮcações mais aprofundadas para as nossas crenças sempre que for necessário.

Externismo Epistemolſgico
No âmbito da epistemologia, é comum disƟnguir-se as perspeƟvas externistas das internistas. Segundo
o internismo epistemolſgico, para que eu possa considerar que estou jusƟĮcado a acreditar seja no que
for, tenho de ter acesso cogniƟvo a essa jusƟĮcação, isto é, tenho de compreender em que consiste essa
jusƟĮcação. Pelo contrário, para os externistas epistemolſgicos podemos considerar que as nossas crenças
são jusƟĮcadas desde que exista uma jusƟĮcação para as mesmas, ainda que não tenhamos qualquer acesso
cogniƟvo a essa jusƟĮcação. Entre as diversas abordagens ao externismo epistemológico, iremos analisar a
Įabilista a ơtulo de exemplo.

O Įabilismo epistemológico sustenta que, para que as nossas crenças estejam jusƟĮcadas, basta que
tenham sido adƋuiridas por processos relaƟvamente Įáveis, isto é, por processos que tendencialmente
conduzem à formação de crenças verdadeiras.

Por exemplo, imaginemos que, embora nunca tenhas frequentado nenhum curso de música, és capaz
de idenƟĮcar notas musicais com bastante facilidade, ou seja tens aquilo que vulgarmente se designa por
“bom ouvido”. Raramente te enganas a respeito de uma nota musical e és capaz de idenƟĮcar as notas de
músicas inteiras “de ouvido” sem ter de as ouvir mais do que uma ou duas vezes. Não sabes de onde vem esta
capacidade, nem compreendes muito bem o seu misterioso funcionamento. Mas a verdade é que, de cada
vez que te desaĮam a idenƟĮcar notas musicais, tu saďes exatamente de que notas se trata. Por exemplo, na
semana passada, no recreio quando o Francisco levou a guitarra para a escola e tocou a nota lá, tu saďias que
se tratava de um lá.

Segundo o Įabilista, S sabe que p se, e só se,

1. S acredita em p.
2. p é verdadeira.
3. S tem jusƟĮcação para acreditar em p, pois p foi adquirida através de processos que conduzem
Įavelmente à verdade.

No exemplo anterior, pode-se considerar que tu sabias que a nota tocada pelo Francisco era um lá, porque:

1. tu acreditavas que se tratava de um lá;


2. tratava-se efeƟvamente de um lá e;
3. tu Ɵnhas jusƟĮcação para acreditar nisso, pois essa crença foi adquirida através de processos que
conduzem Įavelmente à verdade.

Ora, se os Įabilistas têm razão, é possível que uma crença esteja jusƟĮcada sem que seja necessário
apresentar nenhuma crença adicional que a jusƟĮque. Assim, uma vez mais, a primeira premissa do argumento
céƟco está posta em causa, pelo que, ainda que o argumento seja válido, não somos obrigados a aceitar a sua
conclusão.

68 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

A indisƟnção vigília-sono [manual: p. 145]


Experiência mental complementar

Cenário de Pesadelo
Lucy estava a ter um terrível pesadelo. Ela por que tinha acabado de passar. Os seus
estava a sonhar que monstros que se as- gritos misturavam-se com um soluçar à
semelhavam a lobos irromperam através medida que se apercebia do quão deses-
das janelas do seu quarto e começaram perante era a sua situação.
a despedaçá-la. Ela lutava e gritava mas E aí, acordou, a suar ainda mais e com
não conseguia deixar de sentir as suas a respiração ainda mais acelerada. Mas
presas e as suas garras a rasgar a sua carne. que absurdo! Ela tinha acabado de so-
Foi nesse momento que acordou, inun- nhar dentro de um sonho e, por isso, da
dada em suor e com uma respiração ofe- primeira vez que lhe pareceu acordar, na
gante. Olhou em redor do quarto,apenas realidade, ainda estava dentro do sonho.
para se certificar, e soltou um suspiro de Olhou mais uma vez à volta do quarto. A
alívio, pois afinal tudo não tinha passado janela estava intacta, não havia monstros
de um sonho. à vista. Mas como poderia saber se des-
ta vez tinha mesmo acordado? Esperou,
Nesse instante, num estrondo capaz de aterrorizada, até que o tempo o dissesse.
provocar um ataque cardíaco, monstros
Julian Baggini (2005)
irrompem das suas janelas e começam a The Pig That Wants To Be Eaten
atacá-la, tal como no seu sonho. O terror And 99 Other Thought Experiments.
Granta Books: Londres, 2010.
foi ampliado pela memória do pesadelo Tradução do excerto de Luís Veríssimo.

Poderá Lucy alguma vez estar certa de que não está apenas a sonhar? Porquê?

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 69


MATERIAIS COMPLEMENTARES

A ideia de Deus – Outros argumentos cartesianos e respeƟvas objeções [manual: p. 154]


Argumento Baseado na ConƟgência do Espşrito
O Argumento da Marca não é a única forma de chegar à existência de Deus. A constatação de que não é
perfeito é, na opinião de Descartes, o suĮciente para demonstrar que a sua mente não é a única coisa que
existe. Isto porque, conforme vimos, Descartes acredita que não pode ter vindo do nada e, uma vez que não
é perfeito, não pode ser a sua própria causa, pois um ser que se Ɵvesse criado a si mesmo possuiria todas as
perfeições que fosse capaz de conceber. Assim, Descartes conclui que, uma vez que não é perfeito, não se
criou a si mesmo e, por conseguinte, não é um ser necessário, mas sim conƟngente (que tanto poderia exisƟr
como não), cuja existência é inteiramente dependente. Simultaneamente, constata que tem de exisƟr um ser
que se cria a si mesmo e, por conseguinte, que existe necessariamente, sem depender de nenhum outro para
exisƟr, do qual provém e do qual depende tudo o que existe, incluindo ele próprio. Nas suas palavras:


A isto acrescentei que, visto eu conhecer algumas perfeições que não
possuía, não era o único ser que existia (…), mas que necessariamente
devia existir algum outro mais perfeito, do qual eu dependesse e de
quem tivesse recebido tudo o que tinha. Pois, se eu fosse o único ser
e independente de qualquer outro, de modo que houvesse recebido
de mim todo esse pouco pelo qual eu participava do ser perfeito,
poderia, pela mesma razão, ter tido de mim próprio todo excedente
que reconhecia faltar-me, e ser assim infinito, imutável, omnisciente,
omnipotente, em suma, ter todas as perfeições que em Deus podia
descobrir.

” René Descartes, Discurso do Método. Trad. João Gama. Lisboa, Edições 70, 2013

Podemos formular explicitamente este argumento do seguinte modo:

(1) Ou venho do nada, ou sou a minha própria causa, ou existe um ser mais perfeito que eu ʹ um ser
necessário que se criou a si mesmo e do qual depende tudo quanto existe.
(2) O nada não pode dar origem seja ao que for.
(3) Se eu fosse a minha própria causa, teria todas as perfeições que sou capaz de conceber.
(4) Não tenho todas as perfeições que sou capaz de conceber.
(5) Não sou a minha própria causa.
(6) Logo, existe um ser mais perfeito que eu ʹ um ser necessário que se criou a si mesmo e do qual
depende tudo quanto existe.

Tanto este argumento quanto o anterior dependem, de alguma forma, da aceitação de um princípio geral,
segundo o qual uma causa tem de ter tanta realidade quanto os seus efeitos. Assim, qualquer refutação deste
princípio deita por terra ambos os argumentos. Será Descartes capaz de apresentar uma prova da existência
de Deus que não se apoie no referido princípio?

70 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Argumento Ontolſgico
Uma terceira via encontrada por Descartes para estabelecer a existência de Deus é o chamado “Argumento
Ontológico”. Este argumento foi formulado pela primeira vez por Santo Anselmo, numa obra inƟtulada
Proslogion, e Descartes reformula-o nos seguintes termos:


Quis procurar, depois disso, outras verdades e, tendo escolhido o
objeto dos geómetras (…) revi algumas das suas demonstrações
mais simples. E, tendo notado que a grande certeza, que todos lhes
atribuem, se funda apenas em serem concebidas com evidência,
segundo a regra por mim há pouco indicada, notei também que
não existia nelas absolutamente nada que me assegurasse da
existência do seu objeto. Pois, por exemplo, via bem que, ao supor
um triângulo, era necessário que os seus três ângulos fossem iguais
a dois retos; mas, apesar disso, nada via que me garantisse que no
mundo exterior existisse algum triângulo. Ao passo que, voltando
a examinar a ideia que eu tinha de um ser perfeito, descobria
que a existência estava nela contida, do mesmo modo, ou mais
evidentemente ainda, que na de um triângulo está compreendido
que os seus três ângulos são iguais a dois retos, ou na de uma esfera,
que todos os seus pontos são equidistantes do centro; e que, por
conseguinte, é pelo menos tão certo como qualquer demonstração
de geometria que Deus, que é o ser perfeito, é ou existe.


René Descartes, Discurso do Método. Trad. João Gama. Lisboa, Edições 70, 2013

A ideia subjacente a este argumento é a de que exisƟr é claramente mais perfeito do que não exisƟr;
portanto, um ser perfeito é, por deĮnição, um ser que existe, caso contrário já não seria perfeito, faltar-lhe-ia
a existência. Ou seja, tal como não podemos conceber uma montanha sem um vale, um triângulo cuja soma
dos seus ângulos internos seja diferente de 180o, ou um círculo quadrado, também não podemos conceber
um ser perfeito como não exisƟndo, pois isso implicaria uma contradição nos termos. O argumento pode ser
formulado assim:

(1) Deus é, por deĮnição, o Ser Perfeito.


(2) Se Deus não exisƟsse, não seria o Ser Perfeito.
(3) Logo, Deus existe.

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 71


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Objeções ao Argumento Baseado na ConƟngência do Espşrito


A primeira premissa do Argumento Baseado na ConƟngência do Espírito aĮrma o seguinte: “Ou venho do nada,
ou sou a minha própria causa, ou existe um ser mais perfeito que eu ʹ um ser necessário que se criou a si mesmo e
do qual depende tudo quanto existe”. É possível encararmos esta premissa como um falso trilema, pois apresenta
três alternaƟvas como se fossem as únicas disponíveis, quando, na realidade, existem outras possibilidades que
não estão a ser contempladas. Por exemplo, se aceitarmos a teoria evolucionista, temos de admiƟr a possibilidade
de não nos termos criado a nós próprios nem termos sido criados por um ser mais perfeito do que nós ʹ um ser
necessário que se criou a si mesmo e do qual depende tudo quanto existe.

Além desta objeção, este argumento enfrenta alguns problemas comuns ao Argumento da Marca, pois também
pressupõe que duvidar é menos perfeito do que conhecer e que uma causa tem de ser, pelo menos, tão perfeita,
quanto os seus efeitos. Já vimos que estas duas ideias estão longe de ser evidências inquesƟonáveis, sobretudo se
considerarmos que a Hipótese do Génio Maligno ainda não Ɵnha sido refutada.

Objeções ao Argumento Ontolſgico


O Argumento Ontológico também enfrenta várias objeções. Em primeiro lugar, a primeira premissa aĮrma que
“Deus é, por deĮnição, perfeito”. Mas será que podemos ter algum entendimento do signiĮcado desta proposição?
AĮnal de contas, conforme vimos anteriormente, existem perspeƟvas religiosas que defendem que a perfeição de
Deus está simplesmente para além do alcance de seres Įnitos e limitados como nós.

Em segundo lugar, tal como Gaunilo de MarmouƟers, um monge contemporâneo de Sto. Anselmo, fez notar
no seu escrito Livro em Favor de um Insensato, se aceitássemos o Argumento Ontológico como uma prova da
existência de Deus, estaríamos condenados a encher o mundo de uma imensidão de coisas perfeitas. Por exemplo,
uma Ilha Perfeita seria, por deĮnição, perfeita. Ora, se é perfeita não lhe pode faltar nenhuma perfeição. Uma vez
que, se essa ilha não exisƟsse, já não seria perfeita, ela tem necessariamente de exisƟr. Yuem diz Ilha Perfeita pode
dizer Casa Perfeita, Namorado(a) Perfeito(a), Pai Natal Perfeito, etc. Isto parece ser suĮciente para mostrar que há
algo de profundamente errado com o argumento, mas o que será?

Como vários autores Įzeram notar, desde Immanuel <ant a Bertrand Russell, a existência não pode ser encarada
como um predicado real, que, à semelhança dos outros predicados, pode ser uƟlizado numa deĮnição. DeĮnimos
conceitos apresentando um conjunto de caracterísƟcas comuns aos elementos a que se aplicam, mas não tem
senƟdo incluir a existência nesse conjunto. A existência (ou inexistência) depende do confronto com a realidade,
isto é, do facto de exisƟr (ou não) alguma coisa que efeƟvamente tenha esse conjunto de caracterísƟcas.

O Įlósofo Simon BlacŬburn torna esta ideia bastante clara ao dizer que se colocássemos um anúncio no jornal à
procura de um(a) namorado(a) perfeito(a), apresentando, em seguida, uma lista de caracterísƟcas, não estaríamos a
fazer nada de relevante se acrescentássemos à lista qualquer coisa como: “͙ e tem de exisƟr”. Yualquer pessoa que
esƟvesse em condições de responder ao anúncio, depois de acrescentarmos “͙ e tem de exisƟr”, estaria igualmente
em condições de responder ao anúncio sem esse acréscimo. Podemos decidir o que incluir na descrição, mas é o
mundo que decide se há, ou não, alguém que preenche os nossos requisitos.

72 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

Experiências mentais e complementares [manual: p. 158]

Penso; logo?
O meu nome é René. Lembro-me de ter ber que posso estar certa da minha própria
lido uma vez que se há alguma coisa da qual existência dá-me uma certa segurança. En-
posso estar certo é que enquanto eu pensar, quanto me passeio pelos Champs-Elysées
eu existo. Se eu, David, estou, neste mo- todas as manhãs, interrogo-me muitas vezes
mento, a pensar, eu tenho de existir para que se o mundo real existe. Será que vivo mesmo
o pensamento se possa desenrolar. Isso é em Charlottesville, como penso? Os meus
óbvio, não é? Eu posso estar a sonhar, posso amigos costumam dizer-me “Madeleine,
ter enlouquecido, ou posso até não viver em ainda vais enloquecer com essas especula-
Taunton, mas enquanto eu estiver a pensar, ções!” Mas eu não acho que esteja a enlo-
eu sei que a Lucy (que é quem eu sou) existe. quecer. Eu encontrei a certeza num mundo
Isto parece-me reconfortante. A minha vida incerto. Cogito, ergo sum. Eu, Nigel, penso;
em Munique pode ser muito stressante e sa- logo, eu, Cedric, existo.
Julian Baggini (2005) The Pig That Wants To Be Eaten And 99 Other Thought Experiments. Granta Books: Londres, 2010.
Tradução do excerto de Luís Veríssimo.

Será que a consciência de que existe pensamento é suficiente para provar que
existe um Eu a quem esse pensamento pertence? Porquê?

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 73


MATERIAIS COMPLEMENTARES

O Escorregadio Eu
Aqui está uma coisa que podes experi- ouvir os sons à tua volta e assim por dian-
mentar fazer em casa. Ou no autocarro, te. Não te estou a pedir que localizes os
para todos os efeitos. Podes fazê-lo com teus sentimentos, as tuas sensações e os
os olhos fechados ou abertos, numa sala teus pensamentos, mas sim a pessoa, o Eu
sossegada ou numa rua barulhenta. Tudo a quem pertencem.
o que tens de fazer é o seguinte: identifi- Devia ser fácil. Afinal de contas, o que
ca-te. pode ser mais certo neste mundo do que
Não quero dizer para te levantares e di- a tua existência? Ainda que tudo à tua
zeres o teu nome. O que quero dizer é volta seja um sonho ou uma ilusão, tu
para captares aquilo que tu és, não apenas tens de existir para que possas ter esse so-
aquilo que tu fazes ou experiencias. Para nho, ou essa alucinação. Assim, se voltares
o fazeres, foca a tua atenção em ti mesmo. a tua mente para o teu interior e te con-
Tenta localizar na tua consciência o “Eu” centrares apenas em ti mesmo, não deve
que tu és, a pessoa que está a sentir o calor demorar muito até que o encontres.
ou o frio, a pensar os teus pensamentos, a Alguma sorte?
Julian Baggini (2005) The Pig That Wants To Be Eaten And 99 Other Thought Experiments. Granta Books: Londres, 2010.
Tradução do excerto de Luís Veríssimo.

O que é mais evidente: que existem pensamentos, ou que existe um Eu


(ou substância pensante)? Porquê?

74 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares


MATERIAIS COMPLEMENTARES

O ESTATUTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO


TEXTOS COMPLEMENTARES
1. [manual: p. 195-212]

O problema da indução
De acordo com uma tese amplamente aceite — e a que aqui nos oporemos —, as ciências empíricas
podem caracterizar-se pelo facto de empregarem os chamados métodos indutivos. Segundo esta
SHUVSHWLYDDOyJLFDGDLQYHVWLJDomRFLHQWt¿FDVHULDLGrQWLFDjOyJLFDLQGXWLYDRXVHMDjDQiOLVHOyJLFD
de tais métodos indutivos.

eKDELWXDOFKDPDU©LQGXWLYDªDXPDLQIHUrQFLDTXDQGRSDVVDGHD¿UPDo}HVVLQJXODUHV SRUYH]HV
FKDPDGDV©SDUWLFXODUHVª WDLVFRPRGHVFULo}HVGRVUHVXOWDGRVGHREVHUYDo}HVRXGHH[SHULrQFLDV
SDUDD¿UPDo}HVXQLYHUVDLVWDLVFRPRKLSyWHVHVHWHRULDV

2UDEHPGHXPSRQWRGHYLVWDOyJLFRHVWiORQJHGHVHUyEYLRTXHDLQIHUrQFLDGHD¿UPDo}HV
XQLYHUVDLV D SDUWLU GH D¿UPDo}HV SDUWLFXODUHV SRU PDLV HOHYDGR TXH VHMD R VHX Q~PHUR HVWHMD
MXVWL¿FDGDSRLVTXDOTXHUFRQFOXVmRDTXHFKHJXHPRVSRUHVWDYLDFRUUHVHPSUHRULVFRGHXPGLD
VHWRUQDUIDOVDVHMDTXDOIRURQ~PHURGHH[HPSODUHVGHFLVQHVEUDQFRVTXHWHQKDPRVREVHUYDGR
LVVRQmRMXVWL¿FDDFRQFOXVmRGHTXHWRGRVRVFLVQHVVHMDPEUDQFRV

$TXHVWmRGHVDEHUVHDVLQIHUrQFLDVLQGXWLYDVHVWmRMXVWL¿FDGDVRXVRETXHFRQGLo}HVRHVWmRp
conhecida como o problema da indução.

O problema da indução pode também ser formulado como a questão de saber como estabelecer a
YHUGDGHGHD¿UPDo}HVXQLYHUVDLVEDVHDGDVQDH[SHULrQFLDFRPRDVKLSyWHVHVHRVVLVWHPDVWHyULFRV
GDVFLrQFLDVHPStULFDV3RLVPXLWDVSHVVRDVDFUHGLWDPTXHDYHUGDGHGHVWDVD¿UPDo}HVXQLYHUVDLVp
©FRQKHFLGDSRUH[SHULrQFLDªFRQWXGRpFODURTXHDLQIRUPDomRREWLGDGHXPDH[SHULrQFLD²XPD
REVHUYDomRRXRUHVXOWDGRGDH[SHULPHQWDomR²SRGHHPSULPHLUROXJDUVHUDSHQDVXPDD¿UPDomR
VLQJXODUHQXQFDXPDXQLYHUVDO3RULVVRDTXHOHVTXHGL]HPTXHVDEHPRVSHODH[SHULrQFLDDYHUGDGH
GHXPDD¿UPDomRXQLYHUVDOKDELWXDOPHQWHTXHUHPGL]HUTXHDYHUGDGHGHVWDD¿UPDomRXQLYHUVDO
SRGHGHDOJXPPRGRVHUUHGX]LGDjYHUGDGHGHRXWUDVD¿UPDo}HVDVTXDLVVmRVLQJXODUHVHTXH
VDEHPRVTXHHVWDVD¿UPDo}HVVLQJXODUHVVmRYHUGDGHLUDVSHODH[SHULrQFLDRTXHHTXLYDOHDGL]HU
TXH D D¿UPDomR XQLYHUVDO VH EDVHLD QD LQIHUrQFLD LQGXWLYD $VVLP SHUJXQWDU VH Ki OHLV QDWXUDLV
que sabemos serem verdadeiras parece ser apenas outra maneira de perguntar se as inferências
LQGXWLYDVHVWmRORJLFDPHQWHMXVWL¿FDGDV

Teste dedutivo de teorias


'HDFRUGRFRPDSHUVSHWLYDTXHLUiVHUDTXLDSUHVHQWDGDRPpWRGRGHWHVWDUFULWLFDPHQWHDV
teorias e de as escolher conforme os resultados dos testes procede sempre da maneira seguinte.
8PDYH]DSUHVHQWDGDXPDQRYDLGHLDDWtWXORSURYLVyULRHDLQGDQmRMXVWL¿FDGDGHIRUPDDOJXPD
²VHMDXPDDQWHFLSDomRXPDKLSyWHVHXPVLVWHPDWHyULFRRXRTXHVHTXHLUD²H[WUDHPVHGHOD
FRQFOXV}HV DWUDYpV GD GHGXomR OyJLFD (VWDV FRQFOXV}HV VmR HQWmR FRPSDUDGDV HQWUH VL H FRP
RXWUDV D¿UPDo}HV UHOHYDQWHV GH PRGR D GHVFREULU TXH UHODo}HV OyJLFDV WDLV FRPR HTXLYDOrQFLD
GHULYDELOLGDGHFRPSDWLELOLGDGHRXLQFRPSDWLELOLGDGH H[LVWHPHQWUHHODV

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 75


MATERIAIS COMPLEMENTARES

6H TXLVHUPRV SRGHPRV GLVWLQJXLU TXDWUR SURFHGLPHQWRV GLIHUHQWHV SDUD WHVWDU WHRULDV (P
SULPHLUR OXJDU Ki D FRPSDUDomR OyJLFD GDV FRQFOXV}HV XPDV FRP DV RXWUDV WHVWDQGRVH DVVLP D
FRQVLVWrQFLDLQWHUQDGRVLVWHPD(PVHJXQGROXJDUKiRHVWXGRGDIRUPDOyJLFDGDWHRULDFRPR
REMHWLYRGHGHWHUPLQDUVHWHPRFDUiWHUGHXPDWHRULDHPStULFDRXFLHQWt¿FDRXVHpSRUH[HPSOR
WDXWROyJLFD(PWHUFHLUROXJDUKiDFRPSDUDomRFRPRXWUDVWHRULDVSULQFLSDOPHQWHFRPRREMHWLYR
GHGHWHUPLQDUVHDWHRULDFRQVWLWXLULDXPDYDQoRFLHQWt¿FRQRFDVRGHVREUHYLYHUDRVWHVWHV3RU¿P
KiRWHVWHGDWHRULDDWUDYpVGDVDSOLFDo}HVHPStULFDVGDVFRQFOXV}HVTXHGHODSRGHPVHUGHULYDGDV

2SURSyVLWRGHVWH~OWLPRWLSRGHWHVWHpGHVFREULUDWpTXHSRQWRDVQRYDVFRQVHTXrQFLDVGDWHRULD
² VHMD TXDO IRU D QRYLGDGH GR TXH p D¿UPDGR ² VDWLVID]HP RV UHTXLVLWRV GD SUiWLFD SURYHQKDP
HOHVGHH[SHULrQFLDVSXUDPHQWHFLHQWt¿FDVRXGHDSOLFDo}HVWHFQROyJLFDVSUiWLFDV7DPEpPDTXLR
SURFHGLPHQWR GH WHVWH DFDED SRU VHU GHGXWLYR &RP D DMXGD GH RXWUDV D¿UPDo}HV DQWHULRUPHQWH
DFHLWHV FHUWDV D¿UPDo}HV VLQJXODUHV ² D TXH SRGHPRV FKDPDU ©SUHYLV}HVª ² VmR GHGX]LGDV GD
WHRULDHVSHFLDOPHQWHSUHYLV}HVTXHVmRIDFLOPHQWHWHVWiYHLVRXDSOLFiYHLV6mRVHOHFLRQDGDVHQWUH
HVWDV D¿UPDo}HV DTXHODV TXH QmR VmR GHULYiYHLV GD WHRULD YLJHQWH HVSHFLDOPHQWH DTXHODV TXH D
WHRULD YLJHQWH FRQWUDGL] 6HJXLGDPHQWH WUDWDPRV GH WRPDU XPD GHFLVmR DFHUFD GHVWDV H RXWUDV 
D¿UPDo}HVGHGX]LGDVFRPSDUDQGRDVFRPRVUHVXOWDGRVGDVDSOLFDo}HVSUiWLFDVHGDVH[SHULrQFLDV
6HHVWDGHFLVmRIRUSRVLWLYDLVWRpVHDVFRQFOXV}HVVLQJXODUHVVHWRUQDPDFHLWiYHLVRXYHUL¿FDGDV
HQWmRDWHRULDSDVVRXWHPSRUDULDPHQWHRWHVWHQmRHQFRQWUiPRVTXDOTXHUUD]mRSDUDGHVFDUWi
OD 0DV VH D GHFLVmR IRU QHJDWLYD RX VHMD VH DV FRQFOXV}HV WLYHUHP VLGR IDOVL¿FDGDV HQWmR D VXD
IDOVL¿FDomRIDOVL¿FDWDPEpPDWHRULDGDTXDOHODVIRUDPORJLFDPHQWHGHGX]LGDV

Deve-se notar que uma decisão positiva apenas temporariamente pode apoiar a teoria, pois as
GHFLV}HV QHJDWLYDV SRVWHULRUHV SRGHP VHPSUH ID]rOD FDLU (QTXDQWR XPD WHRULD UHVLVWH D WHVWHV
PLQXFLRVRV H H[LJHQWHV H QmR p VXEVWLWXtGD SRU RXWUD WHRULD QR GHFXUVR GR SURJUHVVR FLHQWt¿FR
podemos dizer que «demonstrou a sua índole» ou que é «corroborada».

Nada que se pareça com a lógica indutiva se encontra no procedimento que acabei de esboçar.
Nunca supus que podemos argumentar a favor da verdade das teorias a partir da verdade de
D¿UPDo}HVVLQJXODUHV1XQFDVXSXVTXHSHODIRUoDGHFRQFOXV}HV©YHUL¿FDGDVªDVWHRULDVSRGHP
VHUHVWDEHOHFLGDVFRPR©YHUGDGHLUDVªRXVHTXHUFRPRVLPSOHVPHQWH©SURYiYHLVª

Karl Popper$/yJLFDGD,QYHVWLJDomR&LHQWt¿FD  in7H[WRVH3UREOHPDVGD)LORVR¿D


RUJ$LUHV$OPHLGDH'HVLGpULR0XUFKR /LVERD3OiWDQRSS

2. [manual: p. 195-231]

([LVWHLQIHOL]PHQWHXPDIDOWDGHFRQVFLrQFLDJHQHUDOL]DGDVREUHRSURFHVVRHPHFDQLVPRVTXH
OHYDP XPD IDL[D GH FRQKHFLPHQWR D SRGHU VHU FRQVLGHUDGD FLHQWt¿FD (VVH SURFHVVR TXH QD HUD
PRGHUQDFRPHoDDHVERoDUVHFRP*DOLOHXH%DFRQHIRLUH¿QDGRSRUXPDORQJDHLOXVWUHOLQKDJHP
GH SHQVDGRUHV H SUiWLFDV HVWi KRMH VROLGDPHQWH LQVWLWXtGR DWUDYpV GH XP FRQMXQWR GH SUiWLFDV H
regras próprias a que chamarei o código da ciência e passarei a descrever.

2FyGLJRGDFLrQFLDDOyJLFDTXHGHVFUHYHDDWLYLGDGHFLHQWL¿FDHSHUPLWHFDUDFWHUL]DUXPDIDL[DGH
FRQKHFLPHQWRFRPRFLHQWt¿FRHQFRQWUDVHGHVFULWRQDH[WUDRURGLQiULDREUDGR¿OyVRIRDXVWUtDFR.DUO
Raimund Popper $/yJLFDGD'HVFREHUWD&LHQWt¿FD,QGHSHQGHQWHPHQWHGHSHTXHQDVREVHUYDo}HV
SRQWXDLVTXHIRUDPIHLWDVDHVWDREUDSXEOLFDGDHPRIDFWRpTXHHODFRQWpPRFUHGREiVLFR

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MATERIAIS COMPLEMENTARES

GHWRGRVRVFLHQWLVWDVSUDWLFDQWHV$VFRQYLFo}HVLQWtPDVGHSHORPHQRVGRVFLHQWLVWDVVREUHR
VLJQL¿FDGRGDVXDSUiWLFDGLiULDGHLQYHVWLJDomRPHVPRTXHGLVVRQmRWHQKDPFRQVFLrQFLDVmRDV
descritas por Popper.

(RFyGLJRGDFLrQFLDHPWUDoRVJHUDLVpRVHJXLQWH(PSULPHLUROXJDUQXQFDVHSRGHSURYDU
TXHXPDWHRULDFLHQWt¿FDpYHUGDGHLUD8PDWHRULDFLHQWt¿FDSRGHFRPRDPHFkQLFDQHZWRQLDQD
QR VHX DXJH GHVFUHYHU WRGD D UHDOLGDGH LPHGLDWDPHQWH DFHVVtYHO H ID]HU SUHYLV}HV VREUH QRYDV
VLWXDo}HV FRPSRUWDPHQWRV GH YLJDV RX WUDMHWyULDV GH SODQHWDV RX GH IRJXHW}HV  UHDOL]DQGR
VHH[SHULrQFLDVTXHFRQ¿UPDPHVVDVSUHYLV}HV6HUiTXHLVVRSHUPLWHD¿UPDUTXHHVVDWHRULDp
YHUGDGHLUD"$UHVSRVWDpQmR1mRH[LVWHXPWHVWH~QLFRTXHSHUPLWDFRQFOXLUGHXPDYH]SRUWRGDV
VHXPDWHRULDpYHUGDGHLUDRXQmR$~QLFDD¿UPDomROyJLFDTXHVHSRGHID]HUDRUHDOL]DUXPWHVWH
H[SHULPHQWDORXFRQFHSWXDOSRXFRLPSRUWD DXPDWHRULDTXHEDWHFHUWRFRPDVSUHYLV}HVpDGH
TXHHVVDWHRULDGHQWURGRVOLPLWHVHPTXHIRLWHVWDGDVHDGHTXDjUHDOLGDGH2XVHMDpXPERP
PRGHOR3RUH[HPSORDPHFkQLFDQHZWRQLDQDpXPERPPRGHORSDUDHVFDODVQmRPLFURVFySLFDV
RQGHLPSHUDPIHQyPHQRVTXkQWLFRV YHORFLGDGHVEDL[DVUHODWLYDPHQWHjGDOX] IHQyPHQRVGH
UHODWLYLGDGHUHVWULWD HFDPSRVJUDYLWDFLRQDLVSRXFRLQWHQVRV IHQyPHQRVGHUHODWLYLGDGHJHUDO 

$VVLPQXQFDVHSRGHSURYDUQHPD¿UPDUTXHXPDWHRULDFLHQWt¿FDpYHUGDGHLUD4XDQWRPXLWR
SRGH SURYDUVH TXH p IDOVD ± VH VH UHDOL]DU XP WHVWH FXMRV UHVXOWDGRV VHMDP FRQWUiULRV jV VXDV
SUHYLV}HV2VWHVWHVSRVLWLYRVQDGDSURYDPGRSRQWRGHYLVWDOyJLFRGHPRQVWUDPTXDQWRPXLWR
XPDH[WHQVmRGRGRPtQLRGHDSOLFDELOLGDGHGDWHRULD

A ideia seminal de Popper foi precisamente a de tomar esta característica de uma teoria como
VHQGRDGH¿QLomRGRVHXFDUiFWHUFLHQWt¿FR,VWRpXPDWHRULDpFLHQWt¿FDVHHVyVHID]SUHYLV}HV
inequívocas sobre um fenómeno, esse fenómeno pode ser testado, os resultados podem ser negativos
HDWHRULDSRGHSRUWDQWRVHULQ¿UPDGD2XVHMDVHSRGHPVHUFRQFHELGRVWHVWHVTXHSURYHPTXHD
WHRULDpIDOVD(VWHFULWpULRpKRMHXQLYHUVDOPHQWHFRQKHFLGRFRPRRFULWpULRGHIDOVL¿FDELOLGDGHGH
3RSSHUXPDWHRULDpFLHQWt¿FDVHHVyVHpIDOVL¿FiYHO

Jorge Buescu20LVWpULRGR%LOKHWHGH,GHQWLGDGHH2XWUDV+LVWyULDV&UyQLFDVGDV)URQWHLUDVGD&LrQFLD
*UDGLYD(GSS

3. [manual: p. 218-231]

2 TXH DTXL WHPRV p XPD PDJQt¿FD UHMHLomR GR LGHDO UDFLRQDOLVWD (P VHX OXJDU SDUHFH TXH
¿FiPRV DSHQDV FRP VLVWHPDV PDLV RX PHQRV IDPLOLDUHV $ FDGD PRPHQWR RV VLVWHPDV FRP RV
TXDLVQRVVHQWLPRVFRQIRUWiYHLVIRUQHFHP©SDUDGLJPDVªRXVLVWHPDVFRPRVTXDLVFRPSDUDPRV
RXWURVVLVWHPDV'HWHUPLQDPRQRVVRFULWpULRGRTXHSRGHUiFRQWDUFRPRH[SOLFDomRVDWLVIDWyULD
0DVVHPRLGHDOUDFLRQDOLVWDWRPDPRVFRQVFLrQFLDGHTXHHVVHFULWpULRpHPVLYDULiYHO6HUiTXH
VHVXEVWLWXLUPRV©UD]mRªSRU©KiELWRHFRVWXPHªQmRSRGHUmRPXGDUWDPEpPRVQRVVRVKiELWRVH
FRVWXPHV"2IDPRVR¿OyVRIRGDFLrQFLD7KRPDV.XKQ  GHIHQGHXTXHQDYHUGDGHSRGHP
PXGDU$FLrQFLD©QRUPDOªGHVHQYROYHVHjOX]GHXPFRQMXQWRGHSDUDGLJPDVRXGHSHUVSHWLYDV
LPSOtFLWDVDFHUFDGRWLSRGHH[SOLFDo}HVTXHGHYHPRVSURFXUDU2VSHUtRGRVGHFLrQFLDUHYROXFLRQiULD
ocorrem quando os próprios paradigmas são colocados em causa. A ciência deve ser vista como
©XPDVpULHGHLQWHUO~GLRVSDFt¿FRVLQWHUURPSLGRVSRUUHYROXo}HVLQWHOHFWXDOPHQWHYLROHQWDVª

Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares 77


MATERIAIS COMPLEMENTARES

'HSRLVGDVUHYROXo}HVPXGDDQRVVDFRQFHomRGRTXHpXPDH[SOLFDomRVDWLVIDWyULDGDUD]mRSHOD
TXDODVFRLVDVHQFDL[DPXPDVQDVRXWUDV

$OJXPDVSHVVRDV¿FDPPXLWRHPRFLRQDGDVGHPDVLDGRGHSUHVVDFRPHVWHWLSRGHSHQVDPHQWR
Interpretam-no como se sugerisse uma espécie de «relativismo», segundo o qual algumas pessoas
têm os seus «paradigmas» e outras pessoas têm outros, não sendo possível avaliar qual é o melhor.
0DVLVVRQmRVHMXVWL¿FD3RGHKDYHUSDUDGLJPDVPHOKRUHVRXSLRUHV9HURFpXFRPRXPYpXRSDFR
com buracos através dos quais vemos pedaços dos céus foi um paradigma ou modelo da natureza
GRVFpXV1yVSHQVDPRVTXHFRQKHFHPRVPHOKRUDVFRLVDVHHXWDPEpPSHQVRLVVR3RGHVHH[LJLU
aos paradigmas que mostrem o seu valor e alguns não conseguem fazê-lo.

$VVLPVXSRQKDVHTXHpYHUGDGHTXHDERUGDPRVLQHYLWDYHOPHQWHRPXQGRFRPXPFRQMXQWR
particular de categorias preferidas, estabelecidas parcialmente pela nossa cultura e pela nossa
KLVWyULD1mRVHVHJXHTXHWRGRVHVVHVFRQMXQWRVVmRLJXDOPHQWH©ERQVª$OJXQVFRQMXQWRVIRUDP
DEDQGRQDGRVSRUUD]}HVERDVHVX¿FLHQWHV8PDPELHQWHFLHQWt¿FRp LGHDOPHQWH XPDPELHQWHQR
TXDORSURFHVVRFRQVWDQWHGHID]HUH[SHULrQFLDVSUHYLV}HVHWHVWHVHOLPLQDDVLGHLDVPiV6yDVLGHLDV
TXHVREUHYLYHPSDVVDPjJHUDomRVHJXLQWH,VWRQmRTXHUGL]HUTXHRVDPELHQWHVFLHQWt¿FRVHIHWLYRV
VmRDVVLPWmRLGHDLVVHPG~YLGDTXHDFLrQFLDSRGHDTXDOTXHUPRPHQWRDODUGHDUDVXDTXRWDSDUWH
GHFHJXHLUDVSUHFRQFHLWRVHGLVWRUo}HV0DVRSURFHVVRFRQWpPHPVLRVPHFDQLVPRVGHFRUUHomR

Simon Blackburn3HQVH8PDLQWURGXomRj)LORVR¿DGradivaSS

78 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Materiais Complementares

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