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Professor
COMO PENSAR TUDO ISTO?
Filosofia 11.o Ano
Domingos Faria / Luís Veríssimo / Rolando Almeida
INCLUI:
Apresentação do projeto 3
WůanŝĮĐação anƵaů 6
Aǀaůŝação
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ 1 ʹ >ſŐŝĐĂ ƐŝůŽŐşƐƟĐĂ ĂƌŝƐƚŽƚĠůŝĐĂ 22
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ 2 ʹ >ſŐŝĐĂ ƉƌŽƉŽƐŝĐŝŽŶĂů ĐůĄƐƐŝĐĂ 25
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ 3 ʹ ƌŐƵŵĞŶƚĂĕĆŽ Ğ ƌĞƚſƌŝĂ 28
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ ϰ ʹ ƌŐƵŵĞŶƚĂĕĆŽ Ğ ĮůŽƐŽĮĂ 31
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ 5 ʹ ĞƐĐƌŝĕĆŽ Ğ ŝŶƚĞƌƉƌĞƚĂĕĆŽ ĚĂ ĂƟǀŝĚĂĚĞ ĐŽŐŶŽƐĐŝƟǀĂ 33
dĞƐƚĞ ƐƵŵĂƟǀŽ 6 ʹ K ĞƐƚĂƚƵƚŽ ĚŽ ĐŽŶŚĞĐŝŵĞŶƚŽ ĐŝĞŶơĮĐŽ 36
dĞƐƚĞƐ ƐƵŵĂƟǀŽƐ ʹ ƉƌŽƉŽƐƚĂƐ ĚĞ ĐŽƌƌĞĕĆŽ 39
Daterŝaŝs Đoŵpůeŵentares
ArŐƵŵentação e ůſŐŝĐa Ĩorŵaů
džƚĞŶƐƁĞƐ ă ůſŐŝĐĂ ƐŝůŽŐşƐƟĐĂ ϰ6
ŝĂŐƌĂŵĂƐ ĚĞ sĞŶŶ ϰ8
ƌǀŽƌĞƐ ĚĞ ƌĞĨƵƚĂĕĆŽ 51
&ŽƌŵĂƐ ĚĞ ŝŶĨĞƌġŶĐŝĂ ǀĄůŝĚĂ ;ůŝƐƚĂ ŵĂŝƐ ĐŽŵƉůĞƚĂͿ 5ϰ
ĞƌŝǀĂĕƁĞƐ Ğ ƌĞĨƵƚĂĕƁĞƐ 56
ŝŵƉŽƌƚąŶĐŝĂ ĚĂ >ſŐŝĐĂ͗ ƵŵĂ ĞŶƚƌĞǀŝƐƚĂ Ă ,ĂƌƌLJ 'ĞŶƐůĞƌ 60
“
De mim não aprendereis filosofia, mas antes como filosofar, não
aprendereis pensamentos para repetir, mas antes como pensar.
Immanuel Kant
”
Como Pensar Tudo Isto?
Ž ĚĞƐĞŶǀŽůǀĞƌŵŽƐ Ž ŵĂŶƵĂů ĚĞ &ŝůŽƐŽĮĂ ĚŽ 11Ǒ ĂŶŽ Como Pensar tudo Isto? ƉƌŽĐƵƌĄŵŽƐ ĨƵŶĚĂŵĞŶƚĄͲůŽ
Ğŵ ƚƌġƐ ƉƌŝŶĐŝƉĂŝƐ ƉŝůĂƌĞƐ ƉĂƌĂ ŚĂǀĞƌ ƵŵĂ ĂƉƌĞŶĚŝnjĂŐĞŵ ďĞŵͲƐƵĐĞĚŝĚĂ ĚĂ ĮůŽƐŽĮĂ͗
diĨerenĐiados. K ŵaŶƵaů ĐŽŶƚa ĐŽŵ ;ŝͿ tedžtos ĮůosſĮĐos ĐůĄssŝĐŽs e ĐŽŶƚeŵƉŽƌąŶeŽs͕ ƋƵe ƉŽĚeŵ seƌ aůǀŽ
Ěe Ƶŵa aŶĄůŝse Ěŝƌeƚa eŵ saůa Ěe aƵůa; ŵas ƚaŵďĠŵ ĐŽŶƚa ĐŽŵ Ƶŵa ;ŝŝͿ edžposição Đůara e sisteŵĄƟĐa͕ eŵ
ƚŽŵ ĚŝaůŽŐaŶƚe ĐŽŵ Žs aůƵŶŽs͕ Ěas ƉƌŝŶĐŝƉaŝs ŝĚeŝas e aƌŐƵŵeŶƚŽs ŝŶĐůƵşĚŽs Ŷesses ƚedžƚŽs; ďeŵ ĐŽŵŽ ĐŽŵ
a ;ŝŝŝͿ ĨorŵƵůação edžpůşĐita Ŷa ĨŽƌŵa ĐaŶſŶŝĐa ĚŽs aƌŐƵŵeŶƚŽs ĐeŶƚƌaŝs sŽď aŶĄůŝse͘ K ƉƌŽĨessŽƌ ƉŽĚe ŽƉƚaƌ
ƉŽƌ edžƉůŽƌaƌ ĐaĚa Ƶŵa Ěesƚas ƚƌġs ƉŽssŝďŝůŝĚaĚes ŝsŽůaĚaŵeŶƚe͕ ŽƵ ĐŽŵďŝŶĄͲůas ĚŽ ŵŽĚŽ ƋƵe ĐŽŶsŝĚeƌe
ŵaŝs adeƋƵado ăs neĐessidades dos seƵs aůƵnos͘
COMPONENTES DO PROJETO
K ƉƌŽũeƚŽ Como pensar tudo isto? Ġ ĐŽŶsƟƚƵşĚŽ ƉŽƌ͗
AůƵno ProĨessor
• DaŶƵaů • DaŶƵaů͕ eĚŝĕĆŽ ĚŽ ƉƌŽĨessŽƌ
• ^eďeŶƚa ĚŽ ůƵŶŽ • ^eďeŶƚa Ěe ZesŽůƵĕƁes
• ;oŋine e onlineͿ • ^eďeŶƚa ĚŽ ůƵŶŽ
• 'Ƶŝa ĚŽ WƌŽĨessŽƌ
• Site Ěe aƉŽŝŽ͗ ǁǁǁ͘ĮůŽsŽĮa11͘seďeŶƚa͘Ɖƚ
• ;oŋine e onlineͿ
• No Įnal de cada secção encontram-se sínteses por esquema e sínteses por tópicos, bem como sugestões
para aprofundar o tema em estudo (como livros, Įlmes e links da internet).
• Também no Įnal das principais unidades temáƟcas há um teste formaƟvo para testar os conhecimentos
dos alunos.
Sebenta do Aluno
• Conselhos sobre como estudar ĮlosoĮa.
• Orientações para a redação de ensaios ĮlosóĮcos.
• Exemplos de ensaios ĮlosóĮcos.
• Resumo de toda a matéria sujeita a avaliação externa (matéria de 10º ano disponível em 20 Aula Digital)
• Provas modelo de exame e respeƟvas resoluções*.
Guia do Professor
• PlaniĮcações*
• Propostas de testes sumaƟvos* e respeƟvas resoluções
• Materiais complementares de lecionação
• Manual Digital
• Sebenta do Aluno Digital
• 3 SoŌwares de lógica: Logicamente - simulador de lógica, Calculadora de silogismos e Calculadora de tabelas
de verdade
• Animações/vídeos
• PowerPoints
• Documentos com materiais complementares
• O problema da guerra justa? – exploração de mais um Tema/Problema da Cultura CienơĮco-Tecnológica
• Dezenas de links para Įlmes, séries ou documentários e para sites de internet com informação relevante para
o aluno
• Podcasts com os resumos de todas as matérias
1.2 Opção A: Lógica SilogísƟca • Adquirir instrumentos cogniƟvos, • IdenƟĮcar as quatro formas da • Diálogo 4 aulas
Aristotélica conceptuais e metodológicos linguagem da lógica silogísƟca. • Manual
1.2.1 As quatro formas da fundamentais para o • Traduzir frases em linguagem • Glossário
linguagem da lógica desenvolvimento do trabalho comum para as correspondentes •
silogísƟca ĮlosóĮco e transferíveis para formas canónicas. – PowerPoint: Lógica SilogísƟca
1.2.2 DeĮnição de silogismo outras aquisições cogniƟvas. • DeĮnir silogismo. Aristotélica
1.2.3 Modos e Įguras dos • Iniciar à discursividade ĮlosóĮca, • IdenƟĮcar diferentes modos e – Vídeo: Como determinar a
silogismos prestando parƟcular atenção, Įguras dos silogismos. validade de um argumento na
1.2.4 Distribuição dos termos nos discursos/textos, à análise • IdenƟĮcar a distribuição dos lógica silogísƟca aristotélica?
1.2.5 Regras de validade das arƟculações lógico-sintáƟcas termos nas quatro formas da – Podcast: Ideias básicas de lógica
silogísƟca e falácias e à análise dos procedimentos linguagem da lógica silogísƟca. silogísƟca
1.2.6 Teste Estrela (opção) retórico-argumentaƟvos. • Avaliar a validade de silogismos – Links para Įlmes/séries e sites
• Desenvolver aƟvidades de análise aplicando regras tradicionais de sugeridos no manual
e confronto de argumentos. validade silogísƟca. – Logicamente (soŌware de lógica)
• IdenƟĮcar as principais falácias – Calculadora de silogismos
do silogismo. (soŌware de lógica)
• Sebenta do Aluno: resumos
Conteúdos ObjeƟvos gerais (do Programa) Competências Recursos Aulas
• Avaliar a validade de silogismos • Guia do Professor:
através do Teste Estrela. – Materiais complementares
– Teste SumaƟvo 1
1.2 Opção B: Lógica Proposicional • Adquirir instrumentos cogniƟvos, • IdenƟĮcar os seis operadores • Diálogo 4 aulas
Clássica conceptuais e metodológicos proposicionais verofuncionais da • Manual
1.2.1 PráƟca de formalização fundamentais para o lógica proposicional clássica. • Glossário
em linguagem lógica desenvolvimento do trabalho • Traduzir expressões da linguagem •
proposicional ĮlosóĮco e transferíveis para comum em Īī (fórmulas bem – PowerPoint: Lógica Proposicional
• Formalizações simples outras aquisições cogniƟvas. formadas) da lógica proposicional Clássica
• Formalizações • Iniciar à discursividade ĮlosóĮca, clássica. – Vídeo: Como determinar a
complexas prestando parƟcular atenção, • Representar as funções de validade de um argumento na
1.2.2 Funções de verdade e nos discursos/textos, à análise verdade dos seis operadores lógica proposicional?
tabelas de verdade das arƟculações lógico-sintáƟcas proposicionais verofuncionais – Podcast: Ideias básicas de lógica
• Tabelas de verdade e à análise dos procedimentos da lógica proposicional clássica proposicional
simples retórico-argumentaƟvos. através de tabelas de verdade. – Links para Įlmes/séries e sites
• Avaliação de fórmulas • Desenvolver aƟvidades de análise • Avaliar a validade de formas sugeridos no manual
proposicionais simples e confronto de argumentos. argumentaƟvas recorrendo a – Logicamente (soŌware de lógica)
• Tabelas de verdade inspetores de circunstâncias. – Calculadora de tabelas de
complexas • IdenƟĮcar as principais formas de verdade (soŌware de lógica)
• Avaliação de fórmulas inferência válidas. • Sebenta do Aluno: resumos
de verdade complexas • IdenƟĮcar as principais formas • Guia do Professor:
• Inspector de de inferência inválidas – falácias – Materiais complementares
circunstâncias formais. – Teste SumaƟvo 2
• PráƟca de avaliação
de argumentos em
ĮlosoĮa
1.2.3 Formas de inferência
válidas
1.2.4 Formas de inferência
inválidas – falácias
formais
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IV – O CONHECIMENTO E A RACIONALIDADE CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA Problema 1: Será o aborto moralmente permissível?
Problema 2: Será a eutanásia moralmente permissível?
3. Temas / problemas da cultura cienơĮco-tecnológica no mundo contemporâneo
Problema 3: Será que existem guerras justas? *
(*Em )
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V – UNIDADE FINAL: DESAFIOS E HORIZONTES DA FILOSOFIA
Opção 1: A ĮlosoĮa e os outros saberes
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20
V – UNIDADE FINAL: DESAFIOS E HORIZONTES DA FILOSOFIA
Opção 3: A ĮlosoĮa e o senƟdo
Ž ůŽŶŐŽ ĚŽ ŵaŶƵaů omo Wensar duĚo /sƚo͍ ƵsaŵŽs ĨƌeƋƵeŶƚeŵeŶƚe edžƉeƌŝġŶĐŝas ŵeŶƚaŝs ;ŽƵ edžƉeƌŝġŶĐŝas
Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽͿ͕ Ƶŵ ƌeĐƵƌsŽ a seƌ edžƉůŽƌaĚŽ Ŷa saůa Ěe aƵůa ŽƵ eŵ Đasa͕ ĐŽŵŽ aƵdžŝůŝaƌ ĚŽ esƚƵĚŽ͘
esĚe seŵƉƌe ƋƵe ĐŝeŶƟsƚas e ĮůſsŽĨŽs ƚġŵ ƌeĐŽƌƌŝĚŽ a esƚe ƟƉŽ Ěe ĐeŶĄƌŝŽs ŝŵaŐŝŶĄƌŝŽs Ɖaƌa aĮŶaƌ as sƵas
ŝĚeŝas e ƚesƚaƌ as sƵas ƚeŽƌŝas͘ K ƉƌŽƉſsŝƚŽ Ěe ƚaŝs edžƉeƌŝġŶĐŝas Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽ Ġ Đƌŝaƌ ĐŽŶĚŝĕƁes Ɖaƌa ƋƵe ŶŽs
ƉŽssaŵŽs ĐŽŶĐeŶƚƌaƌ ŶŽs asƉeƚŽs esseŶĐŝaŝs Ěe Ƶŵ ƉƌŽďůeŵa͘ daů ĐŽŵŽ aĐŽŶƚeĐe ĐŽŵ as edžƉeƌŝġŶĐŝas ĐŝeŶơĮĐas͕
as edžƉeƌŝġŶĐŝas ŵeŶƚaŝs ƉeƌŵŝƚeŵͲŶŽs ŝsŽůaƌ Ěŝǀeƌsas ǀaƌŝĄǀeŝs e edžaŵŝŶaƌ Ž ƉaƉeů ƋƵe esƚas ĚeseŵƉeŶŚaŵ Ŷas
ŶŽssas ƚeŽƌŝas e Ŷa ŶŽssa ĐŽŵƉƌeeŶsĆŽ ĚŽ ŵƵŶĚŽ͘
WŽƌ edžeŵƉůŽ͕ Ƶŵ Ěŝůeŵa ĠƟĐŽ Ěa ǀŝĚa ƌeaů Ġ seŵƉƌe ŵƵŝƚŽ ĐŽŵƉůŝĐaĚŽ ĚeǀŝĚŽ a ĨaƚŽƌes ĐŽŶƟŶŐeŶƚes
esƉeĐşĮĐŽs Ěe ĐaĚa ĐŽŶƚedžƚŽ͘ ssŝŵ͕ se ƋƵeƌeŵŽs ƌeŇeƟƌ sŽďƌe ĠƟĐa͕ ƉŽĚeŵŽs ŝŵaŐŝŶaƌ sŝƚƵaĕƁes eŵ ƋƵe
aƉeŶas Ƶŵ ĚŽs ĨaƚŽƌes ƌeůeǀaŶƚes ĚŝĨeƌe eŶƚƌe ĚŽŝs ĐeŶĄƌŝŽs aůƚeƌŶaƟǀŽs͕ Ɖaƌa ĚeƚeƌŵŝŶaƌ Ž seƵ ƉesŽ ƌeůaƟǀŽ Ŷa
ŶŽssa aǀaůŝaĕĆŽ ŵŽƌaů Ěesse ƟƉŽ Ěe ĐasŽs͘ /ssŽ ƉŽĚe ůeǀaƌͲŶŽs a ƌeĨŽƌĕaƌ a ŶŽssa ĐŽŶĮaŶĕa ŶƵŵa ĚeƚeƌŵŝŶaĚa
ƚeŽƌŝa ŵŽƌaů͕ a aĮŶaƌ a ŶŽssa ƉeƌsƉeƟǀa sŽďƌe Ž assƵŶƚŽ ŽƵ aƚĠ ŵesŵŽ a ƌeǀġͲůa ƉŽƌ ĐŽŵƉůeƚŽ͘
esƚe ŵŽĚŽ͕ esƚe ƟƉŽ Ěe ĐeŶĄƌŝŽs ƉeƌŵŝƚeͲŶŽs ƚesƚaƌ as ŶŽssas ŝŶƚƵŝĕƁes aĐeƌĐa ĚŽ ĐŽŵƉŽƌƚaŵeŶƚŽ Ěe
ĐeƌƚŽs ƉƌŝŶĐşƉŝŽs͕ aƌŐƵŵeŶƚŽs ŽƵ ƚeŽƌŝas eŵ ĐasŽs ŚŝƉŽƚĠƟĐŽs͕ ĐŽŶsŝĚeƌaŶĚŽ as sƵas ŝŵƉůŝĐaĕƁes eŵ sŝƚƵaĕƁes
ĐŽŵ ĐaƌaĐƚeƌşsƟĐas ŵƵŝƚŽ esƉeĐşĮĐas͕ ĐŽŵ as ƋƵaŝs ƉŽssŝǀeůŵeŶƚe ũaŵaŝs ŶŽs ĚeƉaƌaƌşaŵŽs Ŷa ǀŝĚa ƌeaů͘
ůĠŵ ĚŝssŽ͕ as edžƉeƌŝġŶĐŝas Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽ ƉeƌŵŝƚeŵͲŶŽs ƌeŇeƟƌ sŽďƌe ĐŽŝsas ƋƵe ŶĆŽ ƉŽĚeƌşaŵŽs eͬŽƵ
ŶĆŽ ĚeǀeƌşaŵŽs ƚesƚaƌ Ŷa ǀŝĚa ƌeaů͘ EŽ eŶƚaŶƚŽ͕ ŵesŵŽ ƋƵaŶĚŽ esƚaŵŽs a ĐŽŶsŝĚeƌaƌ ĐeŶĄƌŝŽs ŝŵƉŽssşǀeŝs͕ a
ƵƟůŝĚaĚe Ěas edžƉeƌŝġŶĐŝas ŵeŶƚaŝs Ġ ŝŶƋƵesƟŽŶĄǀeů͕ ƉŽƌƋƵe Ž seƵ ŽďũeƟǀŽ ŶĆŽ Ġ ĚesĐƌeǀeƌ a ƌeaůŝĚaĚe͕ ŵas sŝŵ
aũƵĚaƌͲŶŽs a ĨŽĐaƌ a ŶŽssa aƚeŶĕĆŽ ŶŽs asƉeƚŽs ĐƌƵĐŝaŝs͕ Ěe ŵŽĚŽ a ƉeŶsaƌ ĐŽŵ ŵaŝs Đůaƌenja sŽďƌe Žs assƵŶƚŽs͘
Ea seŐƵŶĚa seĐĕĆŽ ĚŽ aƉşƚƵůŽ 1 ĚŽ deŵa ϰ͕ ĐŽŵeĕaŵŽs ĐŽŵ a edžƉeƌŝġŶĐŝa Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽ Η ǀŝĚa ŶƵŵa
ĐƵďa Ěe ǀŝĚƌŽΗ͘ sƚa edžƉeƌŝġŶĐŝa Ěe ƉeŶsaŵeŶƚŽ aƉaƌeĐe ŶŽ ůŝǀƌŽ Zanjão͕ serdade e ,istſria ;Žŵ YƵŝdžŽƚe͕ 1992Ϳ͕
Ěe ,ŝůaƌLJ WƵƚŶaŵ͕ e ƉeƌŵŝƚeͲŶŽs ƋƵesƟŽŶaƌ sŽďƌe as ƉŽssŝďŝůŝĚaĚes ĚŽ ĐŽŶŚeĐŝŵeŶƚŽ͘ ^e ŶŽs ƉŽsŝĐŝŽŶaƌŵŽs Ŷa
sŝƚƵaĕĆŽ Ěe Ƶŵ ĐĠƌeďƌŽ ůŝŐaĚŽ a Ƶŵ sƵƉeƌĐŽŵƉƵƚaĚŽƌ ƋƵe sŝŵƵůa edžƉeƌŝġŶĐŝas ĐŽŵŽ se ĨŽsseŵ ƌeaŝs e ŶŽs
eŶŐaŶa sŽďƌe a ŶŽssa ƉeƌĐeĕĆŽ Ěa ƌeaůŝĚaĚe͕ seƌĄ ƋƵe Ŷesse ĐasŽ ƉŽĚeƌşaŵŽs eŵ ƌŝŐŽƌ aĮƌŵaƌ ƋƵe ĐŽŶŚeĐeŵŽs
aůŐƵŵa ĐŽŝsa͍ ĮŶaů͕ ƉŽĚeŵŽs ŶĆŽ Ɖassaƌ Ěe ĐĠƌeďƌŽs ŶƵŵa ĐƵďa Ěe ǀŝĚƌŽ͘
WŽĚeŵŽs Ƶsaƌ Ŷas aƵůas ŵƵŝƚas edžƉeƌŝġŶĐŝas ŵeŶƚaŝs͕ aƚĠ ƉŽƌƋƵe sĆŽ esƚƌaƚĠŐŝas ƋƵe ĐaƟǀaŵ ŵƵŝƚŽ Žs aůƵŶŽs͘
hŵa Ěas ƉƌŝŶĐŝƉaŝs ĚŝĮĐƵůĚaĚes ƋƵe se ĐŽůŽĐa Ġ Žs aůƵŶŽs ŝŵaŐŝŶaƌeŵ sŝƚƵaĕƁes ŶĆŽ Ɖƌeǀŝsƚas Ŷa sŝƚƵaĕĆŽ ŝŶŝĐŝaů
Ěa edžƉeƌŝġŶĐŝa ŵeŶƚaů͘ ŽŶǀĠŵ͕ Ŷesƚes ĐasŽs͕ saůŝeŶƚaƌ ƋƵe as ǀaƌŝaĕƁes Ěeǀeŵ seƌ ŝŶƚƌŽĚƵnjŝĚas ĐŽŵ ĐaƵƚeůa͕
sŽď ƉeŶa Ěe seƌŵŽs ŝŶĐaƉanjes Ěe ĚeƚeƌŵŝŶaƌ ƋƵaů Ěeůas esƚĄ a ĚeseŵƉeŶŚaƌ Ƶŵ ƉaƉeů ŵaŝs aƟǀŽ ŶŽs ŶŽssŽs
ǀeƌeĚŝƚŽs͘
'Ƶŝa ĚŽ WƌŽĨessŽƌ Ͳ ŽŵŽ ƉeŶsaƌ ƚƵĚŽ ŝsƚŽ͍ • K ƋƵe Ġ Ƶŵa edžƉeƌġŶĐŝa ŵeŶƚaů e Ɖaƌa ƋƵe seƌǀe͍ 21
LÓGICA SILOGÍSTICA ARISTOTÉLICA TESTE SUMATIVO 1
Nome
1. Analisa as aĮrŵações ƋƵe se segƵeŵ e indiĐa͕ ă Ĩrente de Đada Ƶŵa͕ se são ǀerdadeiras ;VͿ oƵ Ĩalsas ;&Ϳ.
Corrige as aĮrŵações Ĩalsas.
E. O seguinte argumento é inválido: “Alguns heróis não são mortais. Alguns bombeiros são heróis.
Logo, alguns bombeiros não são mortais”.
&. O seguinte argumento é válido: “Alguns números são números primos. Alguns números primos
são algarismos. Logo, alguns algarismos são números”.
1. Considerando as regras dos silogisŵos͕ deterŵina se os segƵintes argƵŵentos são ǀĄlidos oƵ inǀĄlidos
e idenƟĮĐa o seƵ ŵodo e ĮgƵra͗
2. Nos argƵŵentos do edžerĐşĐio anterior ŚĄ algƵŵa ĨalĄĐia Ĩorŵal? Se siŵ͕ eŵ ƋƵe argƵŵentos?
Corrige esses argƵŵentos de ŵodo a sereŵ ǀĄlidos.
3. Constrſi Ƶŵ silogisŵo ĐategſriĐo ǀĄlido͕ da 2ǐ ĮgƵra e do ŵodo AEE͕ ƵƟlinjando os terŵos apresentados.
Termo maior: Ηcoisas ĮnitasΗ
Termo médio: "material"
Termo menor: "alma"
4. A parƟr das segƵintes preŵissas indiĐa ƋƵe ĐonĐlƵsão ǀĄlida se pode oďter e assinala ƋƵal Ġ o ŵodo
e a ĮgƵra desse argƵŵento.
Nenhum estudioso tem negaƟva em lógica.
Alguns estudiosos são programadores de computadores.
1. Analisa as aĮrŵações ƋƵe se segƵeŵ e indiĐa͕ ă Ĩrente de Đada Ƶŵa͕ se são ǀerdadeiras ;VͿ oƵ Ĩalsas ;&Ϳ.
Corrige as aĮrŵações Ĩalsas.
1. (PїY), P Y
2. (PY) P
3. (PїY), Y P
4. (PY) Y
1. (PY), Y P
2. (PїY), (P¬Y) R
3. (PўY), (PїR), ¬R ¬P
4. (Pї(YR)) ((PїY)(PїR))
1. (Pї(YR)), (YR) P
2. (PY) P
3. P (PY)
4. (PїY), P Y
1. (PY), ¬Y P
2. (PїY), (PїR) R
3. (PўY), (PўR), ¬R (¬PR)
4. (Pї(YR)) ((PїY)(PїR))
2. Nos argƵŵentos do edžerĐşĐio anterior ŚĄ algƵŵa ĨalĄĐia Ĩorŵal? Se siŵ͕ eŵ ƋƵe argƵŵento?
Corrige esse argƵŵento de ŵodo a ser ǀĄlido.
3. Apresenta as ĐonĐlƵsões ƋƵe se segƵeŵ ǀalidaŵente das proposições de Đada das alşneas e indiĐa a
inĨerġnĐia ƋƵe apliĐaste͗
A. Se tudo está determinado, o livre-arbítrio não existe. Se o livre-arbítrio não existe, então não há
responsabilidade moral.
B. É aceitável silenciar uma opinião só se somos infalíveis. Mas não somos infalíveis.
1. Uŵa deŵonstração͗
A. torna uma proposição provável.
B. estabelece conclusivamente a verdade de uma proposição.
C. conclui que pelo menos uma das premissas é verdadeira.
D. conclui que pelo menos uma das premissas é falsa.
2. Na argƵŵentação͗
A. a verdade das premissas é suficiente para a verdade da conclusão.
B. a verdade das premissas garante que a conclusão é falsa.
C. a verdade das premissas não é suficiente para a verdade da conclusão.
D. a verdade da conclusão implica a verdade das premissas.
1. Aǀalia os segƵintes argƵŵentos͕ enƵnĐiando a ĨalĄĐia inĨorŵal ƋƵe estĄ presente eŵ Đada Ƶŵ deles͗
A. Os médicos costumam dizer que devemos deixar de fumar, mas eles próprios fumam. Logo, não temos
razão para largar o tabaco.
B. Se não podemos provar conclusivamente a existência de factos morais, então é porque na verdade
os factos morais não existem.
C. Os trabalhadores querem reduzir o horário de trabalho, pois o que eles querem é boa vida e não querem
trabalhar. Logo não se deve reduzir o horário de trabalho.
D. O melhor é ires à praia, pois ou vais à praia ou vais ter muito azar durante todo o dia.
“Por retórica pode-se entender um conjunto de regras que têm por objetivo tornar mais clara a
expressão dos argumentos; este sentido de «retórica» coincide com o que hoje se chama «lógica in-
formal». Mas por «retórica» pode entender-se outra coisa: a arte de persuadir independentemente
da validade dos argumentos.”
A parƟr da leitƵra do tedžto͕ edžpliĐa o seƵ senƟdo. Na tƵa resposta reĨere os segƵintes tſpiĐos͗
• Importância do auditório.
• DisƟnção entre argumentação e demonstração.
1. Se o aƵditſrio não Ġ enĐarado Đoŵo Ƶŵ Įŵ eŵ si ŵesŵo͕ então não estĄ a ser ŵanipƵlado.
ConĐordas? JƵsƟĮĐa.
2. Pela persƵasão raĐional proĐƵra-se ĐonǀenĐer o aƵditſrio a aĐeitar a ǀerdade de Ƶŵa proposição
por ŵeio de ranjões. ConĐordas? JƵsƟĮĐa.
3. EdžpliĐa a relação edžistente entre retſriĐa dos soĮstas e relaƟǀisŵo.
“Numa típica conversa socrática, Sócrates mostrava aos seus interlocutores, para manifesto desa-
grado destes, que todas as suas opiniões eram erradas. (…) O seu legado reside numa convicção
inabalável de que mesmo as questões mais abstratas admitem uma análise racional. O que é a jus-
tiça? Será que a alma é imortal? Poderá alguma vez ser certo maltratar alguém? Será possível saber
o que é certo fazer e, ainda assim, proceder de outro modo? Sócrates pensava que estes problemas
não eram meras questões de opinião. Existem respostas verdadeiras para eles, que podemos des-
cobrir se pensarmos de uma forma suficientemente profunda.”
James Rachels, Problemas da filosofia. Trad. Pedro Galvão. Gradiva: 2009, p. 17-18
De Ĩorŵa ĐrşƟĐa e argƵŵentada͕ opõe o ŵĠtodo de SſĐrates ao ŵĠtodo dos soĮstas na Ĩorŵa Đoŵo se
posiĐionaǀaŵ relaƟǀaŵente ă ǀerdade. Na tƵa resposta deǀes ter eŵ atenção os segƵintes aspetos͗
• O papel da ironia.
• O papel da maiêuƟca.
• O papel do diálogo.
4. QƵal das segƵintes aĮrŵações pode ser ƵƟlinjada para ĨorŵƵlar Ƶŵa oďjeção ao ĐeƟĐisŵo?
A. Todas as nossas crenças são falsas.
B. Todas as nossas crenças são verdadeiras.
C. Se suspendermos todas as nossas crenças em simultâneo, não podemos recorrer a nenhuma crença
para defender seja o que for.
D. Se o conhecimento fosse impossível não existiriam proposições verdadeiras, nem falsas.
6. QƵal dos segƵintes argƵŵentos não Ĩoi apresentado por DesĐartes Đoŵo Ƶŵa ranjão para dƵǀidar?
A. Argumento da Marca.
B. Argumento da indistinção vigília-sono.
C. Argumento das ilusões dos sentidos.
D. Argumento baseado na hipótese do génio maligno.
7. O ĐirĐƵlo Đartesiano Ġ͙
A. um argumento apresentado por Descartes a favor da existência de Deus.
B. uma objeção ao dualismo cartesiano.
C. uma objeção ao argumento da indistinção vigília-sono.
D. uma objeção que consiste em acusar Descartes de cometer uma petição de princípio.
8. ͞As nossas ideias são Đſpias das nossas iŵpressões.͕͟ para HƵŵe͕ esta Ĩrase Ġ͙
A. verdadeira, porque de outro modo, um cego de nascença, sem qualquer impressão de azul,
poderia ter uma ideia dessa cor; mas isso não se verifica.
B. falsa, pois embora um cego de nascença não tenha qualquer impressão da cor azul, pode formar
uma ideia dessa cor.
C. falsa, porque as impressões é que são cópias das ideias.
D. falsa, porque nem todas as nossas ideias são cópias de impressões.
1. SerĄ ƋƵe para terŵos ĐonŚeĐiŵento proposiĐional ďasta terŵos Đrenças ǀerdadeiras? PorƋƵġ?
4. Por ƋƵe ranjão HƵŵe Đonsidera ƋƵe a Đrença no ŵƵndo edžterior não Ġ raĐionalŵente jƵsƟĮĐĄǀel?
“[S]e não partíssemos de algum facto presente à memória ou aos sentidos, os nossos raciocínios
seriam puramente hipotéticos, e por mais que os elos individuais pudessem estar ligados uns aos
outros a cadeia de inferências, como um todo, nada teria que a pudesse sustentar, e jamais pode-
ríamos, por meio dela, chegar ao conhecimento de qualquer existência real. Se vos perguntar por
que acreditais em algum facto particular que me contais, tereis de me apresentar alguma razão, e
essa razão será algum outro facto ligado ao primeiro. Mas como não se pode proceder dessa manei-
ra in infinitum, tereis por fim de chegar a algum facto que está presente na vossa memória ou nos
vossos sentidos, ou então admitir que a vossa crença é inteiramente destituída de fundamento.”
David Hume, Investigação sobre o Entendimento Humano. Trad. João Paulo Monteiro.
INCM: Lisboa, 2002, p. 60.
6. QƵal das segƵintes aĮrŵações não ĐonsƟtƵi Ƶŵa oďjeção ă ĐonĐeção indƵƟǀista da ĐiġnĐia?
A. A observação não é o ponto de partida para a ciência.
B. Não é razoável abandonar uma teoria apenas porque foi refutada por um teste experimental.
C. As inferências indutivas não são racionalmente justificáveis.
D. A atitude de verificabilidade é autodefensiva, uma ameaça à racionalidade e dogmática.
8. Presta atenção ăs desĐrições ƋƵe se segƵeŵ e depois seleĐiona a alternaƟǀa ŵais de aĐordo Đoŵ
a perspeƟǀa de TŚoŵas <ƵŚn aĐerĐa do desenǀolǀiŵento ĐienơĮĐo͗
1. Por ƋƵe ranjão <arl Popper Đonsidera ƋƵe a oďserǀação pƵra͕ iŵparĐial e desinteressada dos ĨaĐtos não
pode ser o ponto de parƟda para a inǀesƟgação ĐienơĮĐa?
3. Por ƋƵe ranjão se pode dinjer ƋƵe a lſgiĐa sƵďjaĐente ao proĐesso de ǀeriĮĐação edžperiŵental Ġ ĨalaĐiosa?
4. EdžpliĐa o senƟdo da segƵinte aĮrŵação de <arl Popper͗ ͞Se todas as oďserǀações ĐonĐeďşǀeis ĐonĐordaŵ
Đoŵ a ŵinŚa teoria͕ então não posso aĮrŵar ƋƵe Ƶŵa oďserǀação eŵ parƟĐƵlar apoia eŵpiriĐaŵente a
ŵinŚa teoria͟.
5. Por ƋƵe ranjão TŚoŵas <ƵŚn Đonsidera ƋƵe não Ġ ranjoĄǀel aďandonar Ƶŵa teoria apenas porƋƵe Ĩoi
reĨƵtada por Ƶŵ teste edžperiŵental?
“Quando os cientistas têm de escolher entre teorias rivais, dois homens completamente compro-
metidos com a mesma lista de critérios de escolha podem, contudo, chegar a conclusões diferentes.
Talvez interpretem o critério da simplicidade de maneira diferente ou tenham convicções diferen-
tes sobre os campos a que o critério de consistência se deva aplicar. Ou talvez concordem sobre
estas matérias, mas divirjam quanto a pesos relativos a atribuir a esses e a outros critérios. No que
respeita a divergências deste género, nenhum conjunto de critérios de escolha já proposto é útil.
Quer dizer, há que lidar com características que variam de um cientista para outro.”
Thomas Kuhn, A Tensão Essencial. Ed. 70: Lisboa, 1989, p. 388 (adaptado)
TESTE SUMATIVO 1 O argumento 1.5 comete a falácia da ilícita maior, uma vez que
o termo maior “europeus” está distribuído na conclusão
LÓGICA SILOGÍSTICA ARISTOTÉLICA mas não na premissa maior. Para o argumento 1.3 ser válido,
teríamos de o reformular, por exemplo, da seguinte forma:
GRUPO I “Todos os pianos têm teclado. Alguns computadores não
1. têm teclado. Logo, alguns computadores não são pianos”.
A. Falso. As premissas dos argumentos válidos podem ser Do mesmo modo, para o argumento 1.5 ser válido, teríamos
verdadeiras ou falsas ʹ o que não pode haver são premissas de o reformular, por exemplo, do seguinte modo: “Todos os
verdadeiras e conclusão falsa em argumentos válidos. portugueses são europeus. Todos os lisboetas são portugueses.
Logo, todos os lisboetas são europeus”.
B. Verdadeiro.
C. Falso. Na segunda figura, o termo médio é predicado em ambas
3. O argumento construído com esses termos, e pertencendo ao
as premissas.
modo AEE da 2ǐ Įgura, seria o seguinte: “Todas as coisas Įnitas
D. Falso. Um silogismo com o modo AAA na terceira figura é são materiais. Nenhuma alma é material. Logo, nenhuma alma é
inválido, pois comete a falácia da ilícita menor. uma coisa Įnita”.
E. Verdadeiro.
F. Falso. Esse argumento é inválido, pois comete a falácia do 4. A parƟr das premissas “Nenhum estudioso tem negaƟva
termo médio não distribuído. em lógica” e “Alguns estudiosos são programadores de
computadores”, pode-se concluir validamente que “Alguns
2. programadores de computadores não têm negaƟva em lógica”.
2.1 C. Assim, construímos um argumento válido do modo EIO da 3ǐ
Įgura.
2.2 D.
2.3 B.
2.4 A. TESTE SUMATIVO 2
LÓGICA PROPOSICIONAL
GRUPO II
1. GRUPO I
1.1 Este argumento, que pertence ao modo AAA da 1ǐ figura, 1.
é válido, pois satisfaz todas as regras de validade silogística. A. Falso. As premissas dos argumentos válidos podem ser
1.2 Este argumento, que pertence ao modo AAA da 1ǐ figura, verdadeiras ou falsas ʹ o que não pode haver são premissas
é válido, pois satisfaz todas as regras de validade silogística. verdadeiras e conclusão falsa em argumentos válidos.
1.3 Este argumento, que pertence ao modo AAA da 2ǐ figura, B. Falso. A formalização correta é (¬P ї (¬Y V ¬R))
é inválido, pois não satisfaz todas as regras de validade C. Verdadeiro
silogística, nomeadamente, desrespeita a regra de que
D. Verdadeiro
“o termo médio tem de ser distribuído em pelo menos uma
premissa”. E. Verdadeiro.
1.4 Este argumento, que pertence ao modo EIO da 4ǐ figura, F. Falso. Esse argumento é válido. Aliás, é uma instância de
é válido, pois satisfaz todas as regras de validade silogística. silogismo disjuntivo.
G. Falso. Essa inferência é um exemplo de silogismo disjuntivo.
1.5 Este argumento, que pertence ao modo AOO da 1ǐ figura,
H. Falso. Essa inferência é um exemplo da inferência de
é inválido, pois não satisfaz todas as regras de validade
contraposição.
silogística, nomeadamente, desrespeita a regra de que “cada
termo distribuído na conclusão tem de ser distribuído nas
premissas”. 2.
1.6 Este argumento, que pertence ao modo AII da 3ǐ figura, 2.1 B.
é válido, pois satisfaz todas as regras de validade silogística. 2.2 D.
2.3 C.
2. Nos argumentos anteriores encontramos falácias nos 2.4 A.
argumentos 1.3 e 1.5. O argumento 1.3 comete a falácia do
termo médio não distribuído, porque o termo médio “teclado”
não está, pelo menos, uma vez distribuído nas premissas.
Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção 39
TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO
Avaliação do argumento F F F F V
Formalização Formalização
P, (P ї ¬Y), (¬Y ї ¬R) ¬R P, (P ї Y), (Y ї ¬R) ¬R
V V F V F V V V V F V V V V
V F V V V F F V F V V F V F
V F F V V V V V F F V F V V
F V V F V V F F V V F V F F
F V F F V V V F V F F V V V
F F V F V F F F F V F V V F
F F F F V V V F F F F V V V
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TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO
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TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO
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TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO
Ou GRUPO II
1. Porque, no momento em que o cientista parte para a
Fundacionalismo cartesiano ʹ O conhecimento é possível porque observação já dispõe de um conjunto de teorias e de
existem crenças básicas fornecidas pela razão. expectativas. O verdadeiro ponto de partida para a ciência
é o problema que surge quando uma observação entra em
Ou
confronto com as teorias e expectativas de que dispomos.
Fundacionalismo clássico ʹ O conhecimento é possível porque Além disso, o trabalho científico não é imparcial, uma vez que
existem crenças básicas fornecidas pela experiência. as teorias e expectativas de que o cientista dispõe condicionam
a sua interpretação dos factos. Por fim, importa ainda notar
Argumentos a favor que, sobretudo no contexto científico, são precisamente essas
Ceticismo ʹ Regressão infinita. teorias e expectativas prévias que permitem selecionar os
aspetos da realidade que devem ser observados.
Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção 43
TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO
2. O método científico proposto por <arl Popper, conhecido como um teste ou uma observação que, caso se confirme, prove a
Falsificacionismo ou Método das Conjeturas e Refutações, falsidade da teoria. Este critério evita alguns inconvenientes
consiste nas três etapas que se seguem: da verificação experimental, pois prescinde do recurso à
indução, substitui a estrutura falaciosa de raciocínio subjacente
1. Problema: o trabalho científico começa por um problema
à verificação empírica, por uma forma lógica validada o
(que resulta do confronto entre uma observação e teorias
modus tollens e salvaguarda o domínio da ciência de todo
e expectativas prévias);
um conjunto de teorias formuladas em termos tão vagos que
2. Conjetura: depois de se deparar com um problema, são absolutamente à prova de toda e qualquer tentativa de
o cientista concebe uma explicação imaginativa e arrojada refutação.
para os factos observados;
5. Porque o facto de um procedimento experimental não decorrer
3. Refutação: são realizados testes experimentais para tentar de acordo com o que era previsto por uma dada teoria, ou
mostrar que a conjetura é falsa, isto é, para tentar refutá-la. hipótese, não é suficiente para estabelecer de modo conclusivo
Isso levará ao aperfeiçoamento da conjetura ou à sua a sua falsidade. O problema pode estar precisamente no
substituição por outra que esteja mais apta a resistir às processo de falsificação e não na teoria. Na verdade, para além
tentativas de refutação. da hipótese ou teoria (T), existem vários fatores envolvidos
num procedimento experimental que podem ser responsáveis
3. Porque, uma vez que os enunciados gerais que correspondem
pelo seu fracasso, como, por exemplo, as hipóteses auxiliares
às teorias científicas incluem um número demasiado vasto
(HA), os instrumentos utilizados (I), os fatores pessoais e sociais
de casos, não podem ser objeto de uma observação direta,
(F), entre outros. Assim, caso uma previsão (P) validamente
pelo que a única forma de estes serem verificados é através
deduzida de uma teoria não se confirme, o problema pode
da dedução de previsões particulares a ele associadas, para
não estar na teoria, mas sim num desses outros fatores. Ou
posteriormente procurar determinar se estas se confirmam ou
seja, quanto muito, poderíamos concluir que um dos fatores
não. Os indutivistas encarariam a confirmação dessas previsões
envolvidos no procedimento experimental falhou, ou seja, “Ou
como prova conclusiva do enunciado geral de onde foram
não T, ou não HA, ou não I, ou não F”, mas, sem mais dados, não
deduzidas. A estrutura subjacente a este tipo de raciocínio é a
estaríamos em condições de afirmar com toda a segurança que
seguinte:
foi a hipótese ou teoria a responsável pelo fracasso do teste,
Sendo T, a teoria a ser testada e P, uma previsão deduzida a nem teríamos uma boa razão para a rejeitar, apenas porque um
partir dela. procedimento experimental não correu de acordo com as suas
previsões.
(1) Se T é verdadeira, então P.
(2) Ora, P. GRUPO III
(3) Logo, T é verdadeira.
Problema
No entanto, esta estrutura argumentativa é inválida. A primeira O problema discutido no texto é o problema da objetividade
premissa diz-nos apenas que a verdade de T é uma condição científica: Será a ciência objetiva?
suficiente para P, não nos diz que é uma condição necessária.
Teses a defender
Assim sendo, P pode ocorrer por qualquer outro motivo,
sem que isso implique a verdade de T. Esta forma lógica Popper: Sim, cada vez que falsificamos uma conjetura alargamos a
corresponde a uma falácia formal conhecida como Falácia da nossa compreensão daquilo que a realidade objetivamente não
Afirmação da Consequente. é, aproximando-nos progressivamente e de modo irregular do
modo como ela objetivamente é.
4. Esta afirmação traduz a crítica de Popper ao verificacionismo
Kuhn: Não, a ciência é uma investigação influenciada, não apenas
e a certas teorias que este encara como pseudocientíficas,
por critérios objetivos, mas também por elementos irracionais
por não cumprirem os requisitos estipulados pelo seu critério
e subjetivos (pessoais, socioculturais, económicos, etc.), acerca
de demarcação. Com efeito, Popper considerava que o facto
de determinados modelos explicativos da realidade, histórica
de haver observações que concordam com uma teoria não
e culturalmente contextualizados, e não acerca da realidade
é suficiente para fazer dela uma teoria científica, pois as
como ela objetivamente é.
teorias podem ser formuladas de modo tão vago que qualquer
observação serviria de confirmação experimental das mesmas. Argumentos
O que é o mesmo que dizer que nenhuma observação em
Popper: Se substituirmos a lógica falaciosa da verificação
concreto a confirma. Assim, Popper sugere um novo critério de
experimental pela lógica subjacente ao falsificacionismo,
demarcação, a falsificabilidade: uma teoria só é científica se, à
podemos estabelecer conclusiva e objetivamente a falsidade
partida, é falsificável, isto é, se, à partida, é possível conceber
44 Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção
TESTES SUMATIVOS | PROPOSTAS DE CORREÇÃO
Guia do Professor - Como pensar tudo isto? • Testes sumaƟvos / Propostas de correção 45
MATERIAIS COMPLEMENTARES
Como determinar a validade deste silogismo tendo em conta que o indexical “eu” é um termo singular?
Para resolver este problema, optou-se tradicionalmente por usar termos singulares como se fossem termos
gerais. Assim, na segunda premissa, a proposição “eu penso” seria do Ɵpo A (uma universal aĮrmaƟva). Mas
esta opção conduz a alguns problemas: será que aquilo que se quer exprimir nessa proposição é que tudo
aquilo que eu sou é pensante ou, por outras palavras, que todo o meu eu é pensamento? Além disso, qual
seria a negação de “eu penso”? Essa negação seria uma proposição do Ɵpo E ou do Ɵpo O? Ora, como resolver
isto sem cair em equívocos?
Na realidade, as proposições (P2) e (C) do silogismo não parecem ser nem universais nem parƟculares,
mas sim de outro Ɵpo, ou seja, proposições singulares. Assim, para lidar adequadamente com proposições
singulares consƟtuídas com termos singulares é necessário adicionar mais quatro proposições na lógica
silogísƟca, para além das quatro proposições gerais do Ɵpo A, E, I e O que já aprendeste. Para isso, vamos
uƟlizar letras minúsculas (x, LJ ou outras) para termos singulares e letras maiúsculas (S, P, Y ou outras) para
termos gerais. O quadro global de proposições, com os termos distribuídos sublinhados, é o seguinte:
A diferença entre proposições gerais e singulares é a seguinte: as proposições gerais não mencionam nenhum
indivíduo especíĮco (por exemplo: “alguns homens são sábios” ou “tudo o que pensa existe”), enquanto as
proposições singulares mencionam um indivíduo especíĮco (por exemplo: “Sócrates é sábio” ou “eu penso”).
Agora estamos habilitados para traduzir adequadamente o argumento de Descartes em linguagem silogísƟca.
Recorrendo à letra “P” para o termo geral “coisa que pensa”, “T” para o termo geral “existente” e à letra
minúscula “e” para o termo singular “eu”, podemos formalizar:
Todo P Ġ T.
e Ġ P.
e Ġ T.
Será este argumento válido? Para isso pode-se aplicar o Teste Estrela:
Todo PΎ Ġ T.
e Ġ P.
eΎ Ġ TΎ.
Ora, constatamos que o argumento é válido, pois respeita as duas condições do Teste Estrela. Respeita a
condição 2, porque do lado direito do silogismo temos apenas uma estrela. Respeita também a condição 1,
porque cada termo geral (P, T) tem uma estrela em pelo menos uma das suas ocorrências (quanto aos termos
singulares, é indiferente terem ou não estrelas). Num outro exemplo, Descartes, nas Meditações, após provar
que ele exisƟa, tenta provar que Deus existe. O argumento pode ser reconstruído deste modo:
Todo PΎ Ġ T.
d Ġ P.
dΎ Ġ TΎ.
Outro pormenor que é necessário pensar na lógica silogísƟca é que nem todos os argumentos ĮlosóĮcos
têm duas premissas. Muitos argumentos têm mais de duas premissas e outros têm apenas uma premissa.
Como analisar, então, argumentos com mais de duas premissas? Por exemplo, o Įlósofo Michael TooleLJ
argumenta da seguinte forma a favor da permissibilidade do aborto:
(P1) Todos os seres com direito moral à vida são capazes de desejar conƟnuar a viver.
(P2) Todo o ser capaz de desejar conƟnuar a viver tem um conceito de si próprio como um sujeito
conơnuo de experiências.
(P3) Nenhum feto humano tem um conceito de si mesmo como um sujeito conơnuo de experiências.
(C) Logo, nenhum feto humano tem direito moral à vida.
Será este argumento válido? Ao formularmos em linguagem lógica e aplicando o Teste Estrela conseguimos
examinar a validade desse argumento:
Todo DΎ Ġ V.
Todo VΎ Ġ E.
Nenhum FΎ Ġ E*.
Nenhum F Ġ D.
Como podemos veriĮcar, o argumento é válido porque respeita as duas condições do Teste Estrela. Este
procedimento para determinar a validade funciona igualmente com argumentos só com uma premissa. É
verdade que nestes casos não estamos a falar de silogismos em senƟdo estrito, mas é bastante úƟl englobar nas
nossas ferramentas lógicas noções mais abrangentes de silogismo para podermos analisar um número maior de
argumentos (que incluam também termos singulares e de várias premissas) com estes instrumentos que vêm
desde Aristóteles.
1. Desenha três círculos sobrepostos, rotulando cada um deles com cada um dos termos gerais presentes no
silogismo. Por exemplo, se Ɵveres no silogismo os termos gerais “A”, “B”, e “C”, podes desenhar o diagrama
deste modo:
A
B C
Visualiza o círculo A como contendo todos os As, o círculo B, todos os Bs e o C, todos os Cs. Além disso, dentro
dos círculos podes visualizar sete áreas diferentes, nomeadamente: há uma área central (a intersecção
entre A, B e C), há três áreas intermédias (que contêm, por exemplo, A e B mas não C, etc.) e, por Įm,
existem três áreas exteriores (contêm, por exemplo, A mas não B nem C, etc.).
2. Depois de se desenhar os três círculos é preciso representar as premissas do silogismo. Para isso, deves
saber que cada uma das sete áreas do diagrama pode ser vazia ou não-vazia. As áreas que se sabe estarem
vazias devem ser sombreadas. Naquelas áreas que se sabe que contêm pelo menos um elemento, coloca-se
um “y”. Aquelas áreas que não estão sombreadas, nem têm um “y” designam-se áreas não especiĮcadas
e podem ser tanto vazias como não-vazias. Atendendo a esta informação, as quatro proposições da lógica
aristotélica são desenhadas desta forma:
Todo A Ġ B Nenhum A Ġ B
A B A B
A B A B
3. Para se desenhar as premissas, deves começar pelas proposições universais (em que se sombreia uma certa
área). Por exemplo, no argumento
(P1) Todo B é R.
(P2) Algum t não é R.
(P3) Algum t não é B.
deves começar pela primeira premissa, pois é universal. Assim, ao representar essa premissa, Įcaríamos
com o seguinte resultado:
R W
4. Depois, pode-se avançar para o desenho das premissas parƟculares, em que se marca uma determinada
área com um “y”. Assim, ao desenhar a segunda premissa do argumento em análise, Įcamos com o seguinte
resultado:
B
R W
5. Mas será que o argumento em análise Ġ válido ou inválido? Para isso, precisamos de quesƟonar: será que
ao desenhar as premissas, se desenha automaƟcamente a conclusão? Se sim, o argumento é válido; se
não, o argumento é inválido. Assim, se a parƟr do desenho das premissas se desenha imediatamente a
conclusão, então o argumento é válido. Caso contrário é inválido. O argumento que estamos a analisar é
válido, pois, ao desenharem-se as premissas, desenha-se automaƟcamente a conclusão “Algum t não é B”.
(P1) Todo R é S.
(P2) Nenhum S é T.
(C) Nenhum T é R.
T R
Um outro exemplo:
(P1) Nenhum D é F
(P2) Nenhum F é G
(C) Nenhum G é D
F G
Neste úlƟmo caso, o argumento é inválido pois, ao desenharem-se as premissas, não se desenha
automaƟcamente a conclusão de que “Nenhum G é D”. Ou seja, é possível desenhar as premissas sem
desenhar a conclusão.
É também importante salientar que para os Diagramas de Venn funcionarem bem na lógica tradicional
Aristotélica, por vezes é necessário seguir uma regra adicional, que pode ser formulada do seguinte modo:
se houver um círculo com apenas uma área não sombreada, coloque y nessa área (ora, isto é equivalente
a supor que o círculo em questão não é inteiramente vazio). Deste modo, com esta regra, os Diagramas de
Venn indicam como válidos os silogismos do modo AAI da 1ǐ Įgura.
UƟlizar inspetores de circunstâncias é muito úƟl para testar a validade de argumentos. Mas já imaginaste
tentar examinar a validade de um argumento com 8 variáveis proposicionais (que corresponderia a um
inspetor de circunstâncias com 256 linhas)? Seria certamente uma tarefa pouco práƟca, demasiado fasƟdiosa
e morosa.
Um método diferente, bastante simples e rápido, para examinar a validade dos argumentos é o método
das árvores de refutação, também designado por árvores lógicas ou demonstrações em árvore (tree proofs).
A principal caracterísƟca deste método é proceder por redução ao absurdo (em que se nega uma proposição
que se quer provar, mostrando que isso dá origem a uma inconsistência ou absurdo). Assim, o primeiro passo,
quando temos uma determinada forma lógica, é negar a conclusão e juntá-la às premissas. Seguidamente,
procura-se analisar se o conjunto de proposições (as premissas e a negação da conclusão) é inconsistente ou
não. Se for inconsistente, então a forma lógica do argumento é válida. Se não for inconsistente, então a forma
lógica do argumento é inválida.
Para se examinar se existe inconsistência ou não, é preciso fazer a simpliĮcação das fórmulas complexas.
Por exemplo, (P Y) é uma forma complexa que precisa ser simpliĮcada. Só existe uma maneira correta de
simpliĮcar as fórmulas complexas: seguir as regras das árvores de refutação. Este método termina quando se
encontra uma inconsistência (isto é, contradição como P e ¬P), ou quando não existem mais fórmulas para
simpliĮcar. As regras de simpliĮcação das fórmulas são as seguintes:
2. A (1) 2A (1)
3. 2B (1) B (1)
Tendo em conta estas regras e o que já se elucidou sobre as árvores de refutação, tentemos ver se a
seguinte forma argumentaƟva é válida ou não:
(P A Q), ¬Q ¬P
Para isso, começa-se por escrever a primeira premissa, na linha abaixo escreve-se a segunda premissa e
na linha seguinte escreve-se a negação da conclusão. Por uma questão de orientação, cada linha (ou passo de
raciocínio) que se escreve deve ser numerada com o ponto (1., 2., 3., etc.).
O passo seguinte é simpliĮcar a fórmula (P A Y), devendo escrever-se entre parênteses, ao lado do resultado
da simpliĮcação, o número de onde esta resulta. Com isto, já simpliĮcámos a fórmula complexa existente. Agora,
resta quesƟonar se existe inconsistência ou não. Isto é, temos de procurar contradições. Yuando encontramos
uma contradição num determinado ramo da árvore, o ramo Įca fechado; por isso, assinalamos com um “y”
por debaixo do ramo onde existe tal contradição e escrevemos entre parênteses as linhas onde ocorre essa
contradição.
A forma argumentaƟva só é válida se todos os ramos da árvore fecharem. Se exisƟr pelo menos um ramo
que não feche, então o argumento será inválido.
(P A Q), ¬Q ¬P
1. (P A Y)
2. 2Y
3. P
Como se pode constatar, as linhas 1 e 2 são as premissas, a linha 3 é a negação da conclusão e na linha 4 está
presente a simpliĮcação da condicional da linha 1. Agora, é importante quesƟonar: será que todos os ramos da
árvore fecham? Ou seja, será que existe inconsistência em todos os ramos da árvore? Sim, de facto estão patentes
contradições: nas linhas 3 e 4 vemos uma contradição de P com ¬P. Por isso, esse ramo pode fechar com um “y”.
E nas linhas 2 e 4 existe uma contradição de ¬Y com Y. Por isso, este ramo também pode fechar com um “y”.
Ora, se todos os ramos da árvore fecham, então esta forma argumentaƟva é válida.
Outro exemplo: será que a forma argumentaƟva (P A Q), ¬Q P é válida? Ao seguir-se o mesmo método,
chega-se ao seguinte resultado:
(P A Q), ¬Q P
1. (P A Y)
2. 2Y
3. 2P
Neste caso, a forma argumentaƟva é inválida, pois há pelo menos um ramo da árvore que não fechou.
Analisemos de seguida, uƟlizando o método das árvores de refutação, se a seguinte fórmula argumentaƟva
é válida ou inválida:
1. (P Y)
2. (P A R)
3. (Y A S)
4. ¬S
5. ¬P
Como se pode veriĮcar, as linhas 1 a 4 são as premissas e a linha 5 é a negação da conclusão. Por isso, nos
passos seguintes deve-se fazer as simpliĮcações das fórmulas complexas.
Deste modo, o passo 6 consiste na simpliĮcação da disjunção da linha 1. Ora, como encontramos uma
contradição entre ¬P e P nas linhas 5 e 6, devemos fechar com um y esse ramo da esquerda. Assim, conƟnuamos
as restantes simpliĮcações no ramo da direita ainda em aberto.
No passo seguinte, linha 7, procedemos à simpliĮcação da condicional da linha 2. Uma vez que não se
encontrou qualquer contradição nesses ramos, devemos conƟnuar a fazer a simpliĮcação que ainda resta.
Por Įm, é preciso quesƟonar: será que todos os ramos da árvore fecham? Sim. Então, o argumento é válido.
Silogismo conjunƟvo
No silogismo conjunƟvo, a primeira premissa apresenta a negação da conjunção. A segunda premissa aĮrma
(diz o mesmo que) uma das conjuntas. E a conclusão nega (diz o oposto de) a outra conjunta.
Redução ao absurdo
Uma forma argumentaƟva válida por redução ao absurdo parte do oposto do que se quer provar e mostra
que, se parƟrmos dessa suposição, gera-se um absurdo ou, por outras palavras, uma contradição (como “B”
e “¬B”). Ora, como uma suposição que leva a uma contradição tem de ser falsa, então na conclusão rejeita-se
a suposição inicial. Portanto, a ideia fundamental é que uma suposição é falsa se conduz a uma contradição.
Redução ao Absurdo
Suposição Inicial A
A suposição leva a: B
A suposição leva a: ¬B
A suposição inicial é falsa ¬A
SimpliĮcações
Existem algumas formas de inferência válidas que nos ajudam a simpliĮcar proposições complexas sem
cometermos qualquer erro de raciocínio lógico. É úƟl conheceres as seguintes inferências:
SimpliĮcação da Conjunção
(A B) Se Ɵvermos uma aĮrmação da conjunção, podemos concluir a
A aĮrmação de qualquer uma das conjuntas.
B
SimpliĮcação da Bicondicional
(ACB) Se Ɵvermos uma aĮrmação da bicondicional, podemos concluir
(AAB) duas condicionais: uma com a antecedente a implicar a
(BAA) consequente e outra com o inverso.
1
Esta inferência aplica-se quer a disjunção seja inclusiva, quer seja exclusiva.
2
É preciso saber disƟnguir, por exemplo, “¬¬(AB)” de “¬(¬AB)”. No primeiro caso, temos dupla negação, enquanto no segundo
caso temos apenas negação.
Haverá então outro método que explicite todos os passos argumentaƟvos para se chegar a uma dada
conclusão? Sim, as derivações ou provas formais, que, além de serem um bom método para testares a
validade dos argumentos, também te ajudam a desenvolver as tuas competências de raciocínio.
Para realizar esta tarefa, vamos seguir o método simples de derivações do Įlósofo HarrLJ Gensler. Este é um
procedimento que divide um argumento complexo numa série de pequenos passos inferenciais. Uma vez que
esses passos são baseados nas principais formas de inferência válidas, convém relembrá-las:
Com apenas estas 12 formas de inferência válidas vais conseguir fazer qualquer derivação. Para isso, iremos
usar uma estratégia indireta de prova, onde primeiro supomos o oposto do que queremos provar. Ou seja,
vamos fazer derivações uƟlizando a estratégia de redução ao absurdo. Para isso, basta negar a conclusão da
forma argumentaƟva e ajustá-la às premissas de modo a encontrar-se uma contradição. A conclusão negada
designa-se por “suposição”.
“
Se nós temos sensações de alegados objetos materiais e os objetos
materiais não existem, então Deus é um enganador. Ora, temos
sensações de alegados objetos materiais. Mas, Deus não é um en-
ganador. Logo, os objetos materiais existem.
”
René Descartes, Discurso do Método. Trad. João Gama, Lisboa, Edições 70
Na derivação deste argumento, para provar que os objetos materiais existem e para testar a validade
deste argumento, vamos supor o oposto da conclusão (isto é, que os objetos materiais não existem). Caso
o argumento seja válido, concluiremos que essa suposição é falsa, porque nos leva a uma contradição. A
derivação em linguagem natural tem a seguinte estrutura:
1. Se nós temos sensações de alegados objetos materiais e os objetos materiais não existem, então Deus
é um enganador.
2. Ora, temos sensações de alegados objetos materiais.
3. Mas Deus não é um enganador.
Logo, os objetos materiais existem.
4. No entanto, vamos supor que os objetos materiais não existem.
5. Daqui se segue, por modus tollens de 1 e 3, que não é verdade que nós temos sensações de alegados
objetos materiais e que os objetos materiais não existem.
6. Segue-se também, pela inferência de silogismo conũunƟvo de 4 e 5, que não temos sensações de alegados
objetos materiais.
7. Contudo, uma vez que 2 e 6 se contradizem, a suposição 4 é falsa; concluímos, assim, por redução ao
absurdo, que os objetos materiais existem.
Começámos por supor que os objetos materiais não existem (linha 4). Então, derivámos uma contradição
(nas linhas 2 e 6). Assim, dadas as premissas do argumento de Descartes, a suposição que Įzemos é falsa. Por
isso, se as premissas do argumento são verdadeiras, a sua conclusão também será. Deste modo, o argumento
é válido. Em linguagem lógica proposicional, a forma do argumento de Descartes é: ((P¬Y)AR), P, ¬R Y.
Para construir facilmente uma derivação desta forma argumentaƟva, recorremos a uma estratégia com três
etapas:
1. ((P 2Y) AR
2. P
Primeira
3. 2R etapa
|Y
4. Sup:2Y
5. |2(P 2Y) [MT, de 1 e 3] Segunda
6. |2P [SC, de 4 e 5] etapa
7. Y [RA 4, de 2 e 6] Terceira etapa
Na primeira etapa, começamos por escrever as premissas e a conclusão do argumento em cada uma das
linhas. Depois, bloqueamos a linha da conclusão com o símbolo “|”, para nos lembrar que não a podemos usar
para derivar os passos seguintes. De seguida, acrescentamos uma linha com “Sup:” (de “suposição”), onde
escrevemos o oposto da conclusão (por exemplo, se na conclusão está “P”, na suposição escreve-se “¬P”; se
na conclusão está “¬P”, na suposição escreve-se “P”).
Na segunda etapa, uƟlizamos as “formas de inferência válidas”, de modo a derivar novas linhas até se
encontrar uma contradição (ou seja, a aĮrmação e a negação da mesma proposição). A contradição pode
ocorrer em qualquer lugar na derivação (nas premissas, na suposição ou nas linhas derivadas) menos nas
linhas bloqueadas (como é o caso da conclusão original). Na fórmula argumentaƟva em análise usamos o
modus tollens e o silogismo conjunƟvo até surgir a contradição. Para se saber que formas de inferência se
uƟlizaram e em que linhas se aplicam, é importante colocar essa informação entre parênteses retos “[ ]”.
Yuando encontramos uma contradição, entramos na terceira etapa. Nesta úlƟma etapa, uƟlizamos a regra
da redução ao absurdo para derivarmos a conclusão original. Por Įm, devemos bloquear as linhas derivadas
que foram uƟlizadas para se gerar a contradição, com o símbolo “|”, de modo a não serem mais uƟlizadas. E,
deste modo, a derivação Įca concluída.
Neste caso, a derivação é válida pois, parƟndo das premissas e da suposição e uƟlizando as formas de
inferência válidas, chegamos à conclusão original do argumento. Aliás, a contradição encontrada nas linhas 2 e
6 evidencia que é impossível uma circunstância em que todas as premissas são verdadeiras e a conclusão falsa.
Porém, se o argumento fosse inválido, não conseguiríamos chegar a qualquer contradição e, por conseguinte,
não poderíamos aplicar a regra de redução ao absurdo de modo a derivar a conclusão original do argumento.
Ou seja, resultaria uma situação em que seria possível termos premissas verdadeiras e a conclusão falsa.
Um outro exemplo: será que a fórmula argumentaƟva “(¬P¬Y), ¬(RY) (¬PA¬R)” é válida?
Podemos construir a seguinte derivação:
1. (2P 2Y)
2. 2(R Y)
|(2P A2R)
3. Sup:2(2P A2R)
4. 2P [SNC, de 3]
5. R [SNC, de 3]
6. 2Y [SC, de 2 e 5]
Neste caso, depois de aplicarmos todas as possíveis formas de inferência, não conseguimos chegar a
qualquer contradição e, por isso, não podemos aplicar a regra de redução ao absurdo para concluir a conclusão
original. Para nos cerƟĮcarmos que o argumento é inválido, podemos fazer uma refutação, que consiste num
conjunto de condições de verdade que mostram uma circunstância em que todas as premissas são verdadeiras
e a conclusão falsa.
Para fazer isso, começamos por registar todas as fórmulas simples das linhas não bloqueadas:
¬P, R, ¬Q
Estas letras apresentam as condições de verdade para se refutar o argumento. Se a letra não Ɵver o símbolo
de negação, tem valor de verdade “V”, e caso tenha símbolo de negação, tem valor de verdade “F”. Assim, a
letra “R” é verdadeira e as letras “P” e “Y” são falsas. Ou seja:
RсV
P, Q = F
Tendo em conta estas informações voltamos a escrever o argumento e subsƟtuímos as letras pelos
correspondentes valores de verdade da derivação anterior. A seguir, fazemos todas as operações das conecƟvas
proposicionais (uƟlizando as informações que aprendeste nas tabelas de verdade) até obtermos o valor de
verdade de cada premissa e da conclusão:
Como podemos constatar, o argumento é inválido, pois as condições de verdade dadas por “¬P, R, ¬Y”
fazem as premissas verdadeiras e a conclusão falsa. Portanto, “¬P, R, ¬Y” apresentam uma circunstância em
que todas as premissas do argumento são verdadeiras e a conclusão falsa.
Esta estratégia para derivar e refutar funciona com a grande maioria das formas argumentaƟvas
proposicionais. No entanto, em alguns argumentos mais complexos poderá ser necessário uƟlizar múlƟplas
suposições para conseguires fazer derivações e refutações. De qualquer modo, uƟlizando apenas a estratégia
simples para fazer derivações que aqui aprendeste, já consegues testar a validade dos argumentos, formalizáveis
em lógica proposicional, presentes neste manual.
TEXTO COMPLEMENTAR
A importąncia da lſgica: uma entrevista a Harry Gensler
+DUU\*HQVOHUpXP¿OyVRIRFRQWHPSRUkQHRHVSHFLDOLVWDVREUHWXGRHPOyJLFDpWLFDH¿ORVR¿DGD
UHOLJLmR(QVLQDOyJLFDKiPDLVGHWUrVGpFDGDVWHQGRLQYHQWDGRXPPpWRGRPXLWRVLPSOHVSDUDWHVWDU
DYDOLGDGHVLORJtVWLFDR7HVWH(VWUHODHFRQFHEHXXPPpWRGREDVWDQWHDFHVVtYHOSDUDVHID]HUHP
GHULYDo}HV TXH IXQFLRQD HP OyJLFD SURSRVLFLRQDO GH SUHGLFDGRV PRGDO GH{QWLFD HSLVWpPLFD
HWF$OpPGLVVRGHVHQYROYHXXPSURJUDPDGHFRPSXWDGRUPXLWRSRSXODUSDUDVHDSUHQGHUOyJLFD
FKDPDGR³/RJL&ROD´
(QWUHRVVHXVSULQFLSDLVOLYURVSRGHPRVHQFRQWUDU
'HYLGRjVXDH[SHULrQFLDHPOyJLFDGHFLGLPRVIDODUFRPHVWH¿OyVRIRSDUDQRVHVFODUHFHUVREUH
DOJXQVSRUPHQRUHVQRHQVLQRGDOyJLFDQR(QVLQR6HFXQGiULR
DOMINGOS FARIA (DF): e LPSRUWDQWH HQVLQDU OyJLFD QD GLVFLSOLQD GH ¿ORVR¿D QR
6HFXQGiULR" 3RUTXr" (P 3RUWXJDO RV SURIHVVRUHV GH )LORVR¿D GR 6HFXQGiULR SRGHP
optar por lecionar lógica silogística ou lógica proposicional. Qual delas acha que é
melhor e adequada para o Secundário?
(PVHJXQGROXJDUDOyJLFDpXPDERDSUHSDUDomRSDUDD¿ORVR¿D$FKRLPSRUWDQWHTXHSHORPHQRV
DOJXQVDUJXPHQWRVTXHHOHVHVWXGHPOLGHPFRPTXHVW}HV¿ORVy¿FDVPDLVSURIXQGDVFRPRROLYUH
DUEtWULRDH[LVWrQFLDGH'HXVRXDQDWXUH]DGDPRUDOLGDGH6HEHPTXHDOyJLFDQmRQRVGrWRGDVDV
UHVSRVWDVDYHUGDGHpTXHIRUQHFHIHUUDPHQWDV~WHLVSDUDSHQVDUVREUHDVTXHVW}HVSURIXQGDVGDYLGD
(PWHUFHLUROXJDUSDUDPXLWRVHVWXGDQWHVDOyJLFDpWmRGLYHUWLGDTXDQWRMRJDURXID]HUpuzzles
0XLWRVGHOHVDFKDPQDGHVD¿DQWHIDVFLQDQWHHPXLWRDJUDGiYHO
$FKR TXH WDQWR D OyJLFD VLORJtVWLFD FRPR D OyJLFD SURSRVLFLRQDO EiVLFD FRPR VH HQFRQWUD QRV
FDStWXORVHGRPHXOLYURIntroduction to LogicHGLomR5RXWOHGJH3UHVVVHDGHTXDP
SHUIHLWDPHQWH HYLWDQGR WDOYH] iUHDV WDLV FRPR H[SUHVV}HV FRPSOH[DV H FRQIXVDV TXH RV DOXQRV
FRQVLGHUDPHVSHFLDOPHQWHGLItFHLV6XJLURH[SHULPHQWDUTXDOTXHUGHODVSDUDYHUDTXLORGHTXHR
JUXSRpFDSD]FRPTXHUDSLGH]pSRVVtYHODYDQoDURTXHpSUHFLVRUHYHUHWF2XWUDiUHDDFRQVLGHUDU
VmR DV IDOiFLDV LQIRUPDLV WDLV FRPR apelo à multidão e a post hoc ergo propter hoc YHU
FDStWXORGRPHXOLYUR8PJUXSRPDLVPRWLYDGRSRGHUiHVWDUSURQWRSDUDDVSURYDVIRUPDLVRX
PHVPRSDUDDOyJLFDPRGDOEiVLFDFRPRVHHQFRQWUDQRVFDStWXORVHGRPHXOLYUR&RQWXGRp
LPSRUWDQWHH[SHULPHQWDUFRLVDVGLIHUHQWHVSDUDYHUFRPRRVHVWXGDQWHVWUDEDOKDP
DF: No seu livro, Introduction to Logic, na secção de lógica silogística fala do Teste
Estrela. Porque é que este método é melhor do que as regras medievais? Poderia explicar
aos professores portugueses como funciona o Teste Estrela? Considera ser uma boa
estratégia ensinar o Teste EstrelaHP¿ORVR¿DQR6HFXQGiULR"
1R LQtFLR GR PHX FDStWXOR H[SOLFR R Teste Estrela 3ULPHLUR GH¿QR XPD )%) ³IyUPXOD EHP
IRUPDGD´ FRPRTXDOTXHUVHTXrQFLDGHTXDOTXHUGDVRLWRIRUPDVVHJXLQWHVQDVTXDLVSRGHPVHU
XVDGDVRXWUDVOHWUDVPDL~VFXODVHPLQ~VFXODV
todo A é B
nenhum A é B
algum A é B
algum A não é B
xéA
x não é A
xéLJ
x não é LJ
$TXLDVPDL~VFXODVVmRXVDGDVSDUDRVWHUPRVJHUDLVWHUPRVTXHGHVFUHYHPRXIRUPXODPXPD
FDWHJRULDFRPR³VHUKXPDQR´³¿OyVRIR´³EHEpHQFDQWDGRU´RX³IDODSRUWXJXrV´$VPLQ~VFXODV
DSOLFDPVHDRVWHUPRVVLQJXODUHVWHUPRVDSOLFDGRVDXPDSHVVRDRXFRLVDHVSHFt¿FDFRPR³'DYLG´
³HVWDFULDQoD´RX³REHEpPDLVHQFDQWDGRUGRPXQGR´
$VHJXLUGH¿QR6,/2*,602FRPRXPDVHTXrQFLDYHUWLFDOGHXPRXPDLV)%)VQDTXDOFDGDOHWUD
RFRUUHGXDVYH]HVHDVOHWUDV³IRUPDPXPDFDGHLD´FDGD)%)WHPSHORPHQRVXPDOHWUDHPFRPXP
FRPD)%)LPHGLDWDPHQWHDEDL[RVHHVWDH[LVWLUHDSULPHLUD)%)WHPSHORVPHQRVXPDOHWUDHP
FRPXPFRPD~OWLPD)%)9HMDPRVWUrVH[HPSORV
1
(PLQJOrV:))±ZHOOGH¿QHGIRUPXOD
2
2VtPERORLQGLFDDFRQFOXVmR
$VHJXLUVXEOLQKDPRVDVOHWUDVGLVWULEXtGDV
todo A é B
nenhum A é B
algum A é B
algum A não é B
xéA
x não é A
xéLJ
x não é LJ
)LQDOPHQWH R Teste Estrela DSOLFDVH GD VHJXLQWH IRUPD D VLORJLVPRV LQVHUHVH XPD HVWUHOD QDV
OHWUDV GDV SUHPLVVDV TXH HVWmR GLVWULEXtGDV H QDV OHWUDV GD FRQFOXVmR TXH QmR HVWmR GLVWULEXtGDV
2VLORJLVPRpYiOLGRVHHVyVHFDGDOHWUDPDL~VFXODWLYHUDSHQDVXPDHVWUHODHVHKRXYHUDSHQDV
XPDHVWUHODGRVHXODGRGLUHLWR3
6XJLURSDUDDVSULPHLUDVYH]HVTXHVHDSOLFDURTeste EstrelaXVDUXPSURFHGLPHQWRHPWUrVHWDSDV
(1) VXEOLQKDUDVOHWUDVGLVWULEXtGDV(2)LQVHULUDVHVWUHODVH (3)FRQWDUDVHVWUHODV(LVXPH[HPSOR
YiOLGR
todo A Ġ B
algum C Ġ A
algum C Ġ B
(1)3ULPHLURVXEOLQKDPRVDVOHWUDVGLVWULEXtGDVDSHQDVRSULPHLUR³$´pGLVWULEXtGR
todo A é B
algum C é A
algum C é B
(2)$VHJXLULQVHULPRVHVWUHODVQDVOHWUDVGDVSUHPLVVDVTXHHVWmRVXEOLQKDGDVHQDVOHWUDVGD
FRQFOXVmRTXHQmRHVWmRVXEOLQKDGDV
todo AΎ é B
algum C é A
algum CΎ é BΎ
(3) )LQDOPHQWHFRQWDPRVDVHVWUHODV&DGDOHWUDPDL~VFXODWHPH[DWDPHQWHXPDHVWUHODHKi
H[DWDPHQWHXPDHVWUHODGRODGRGLUHLWRGRVLORJLVPR3RULVVRRDUJXPHQWRp9È/,'2
8PVHJXQGRH[HPSORGHVWDYH]LQYiOLGR
nenhum A Ġ B
nenhum C Ġ A
nenhum C Ġ B
3
(VWDIRUPXODomRGR Teste EstrelaSUHVVXS}HDLQWHUSUHWDomRPRGHUQDGDOyJLFDVLORJtVWLFDHPTXHpDEDQGRQDGDDLPSOLFDomR
H[LVWHQFLDOSDUDXPDLQWHUSUHWDomRWUDGLFLRQDODULVWRWpOLFDHPTXHVHDFHLWDDLPSOLFDomRH[LVWHQFLDOFRORTXHVHDH[SUHVVmR
VHFDGDOHWUDPDL~VFXODWLYHUSHORPHQRVXPDHVWUHODHPYH]GHVHFDGDOHWUDPDL~VFXODWLYHUDSHQDVXPDHVWUHOD2Teste
EstrelapIDFLOPHQWHDGDSWiYHOWDQWRjYHUVmRPRGHUQDFRPRjWUDGLFLRQDO
(1) 3
ULPHLURVXEOLQKDPRVDVOHWUDVGLVWULEXtGDVDTXLWRGDVDVOHWUDVHVWmRGLVWULEXtGDVYLVWRTXH
WRGDVRFRUUHPGHSRLVGH³QHQKXP´
nenhum A é B
nenhum C é A
nenhum C é B
(2) 'HSRLV LQVHULPRV HVWUHODV QDV OHWUDV VXEOLQKDGDV H QDV OHWUDV GD FRQFOXVmR TXH QmR HVWmR
VXEOLQKDGDV
nenhum AΎé B*
nenhum C*é A*
nenhum C é B
(3) )LQDOPHQWHFRQWDPRVDVHVWUHODV$PDL~VFXOD³$´RFRUUHFRPGXDVHVWUHODVHKiGXDVHVWUHODV
QRODGRGLUHLWR3RULVVRRDUJXPHQWRp,19È/,'2
1RPHXOLYURDSUHVHQWRPDLVSRUPHQRUHV(VLPVXJLURTXHVHMDHQVLQDGRRTeste EstrelaDRVDOXQRV
GR6HFXQGiULRTXHHVWXGHPOyJLFDVLORJtVWLFD
DF: No seu livro de lógica, também explica uma nova maneira de fazer derivações lógicas
DSHQDVFRP³UHJUDVVLPSOL¿FDGRUDV´H³UHJUDVGHLQIHUrQFLD´3RGHH[SOLFDUEUHYHPHQWH
aos professores portugueses o seu método de construir provas lógicas ou derivações?
Porque pensa que este seu método é melhor do que os métodos tradicionais (como o
método de Gentzen)?
(P Y) P, Y
2(P Y) 2P, 2Y
2(P A Y) P, 2Y
22PP
(P C Y) (P A Y), (Y A P)
2(P C Y) (P Y), 2(P Y)
2(P Y) 2Y
2(P Y),Y 2P
(P Y), 2P Y
(P Y), 2Y P
(P A Y), P Y
(P A Y), 2Y 2P
1. T
2. (T A (B M))
3. (M A H)
4. 2H
[B
5. | sup: 2B
6. | (B M) de 1 e 2
7. | M !de 5 e 6
8. | H !de 3 e 7
9. B !de 5; 4 contradiz 8
2 PHX VLVWHPD GH SURYD DSUHVHQWD GLYHUVDV YDQWDJHQV UHODWLYDPHQWH DRV VLVWHPDV KDELWXDLV XVD
XP FRQMXQWR GH UHJUDV PHQRU H PDLV XQL¿FDGR WHP XPD HVWUDWpJLD GH SURYD SUHFLVD H FRQGX] D
XPD SURYD RX D XPD UHIXWDomR VH QmR VH REWLYHU XPD FRQWUDGLomR (VWH VLVWHPD GH SURYD SRGH
VHU DPSOLDGR SDUD RXWURV VLVWHPDV PDLV FRPSOH[RV FRPR OyJLFD TXDQWL¿FDGD PRGDO GH{QWLFD H
HSLVWpPLFD
&DVRHVWHMDPKDELWXDGRVDRXWURVLVWHPDGHSURYDWDOYH]QHFHVVLWHPGHDOJXPDSUiWLFDSDUDDOFDQoDU
DOJXPDUDSLGH]9HMDPRPHXOLYURFDStWXORHH[SHULPHQWHPRPHXsoftwareGLGiWLFRLogiCola ±
LQIHOL]PHQWHDSHQDVGLVSRQtYHOHPLQJOrV
$SURYDSURSRVLFLRQDOWDOYH]VHMDGHPDVLDGRDYDQoDGDSDUDDOXQRVGR6HFXQGiULRPDVWXGRGHSHQGH
GRJUXSR0DLVXPDYH]WHUmRGHDYDOLDUDTXLORGHTXHHOHVVmRFDSD]HV
DF: Que conselho pode dar aos professores do Secundário para ensinar lógica com sucesso?
HG: (QVLQHP FRP FODUH]D H HQWXVLDVPR XVHP H[HPSORV FRQFUHWRV H LQWHUHVVDQWHV WHQWHP
FRPSUHHQGHUTXHiUHDVVmRPDLVGLItFHLVSDUDRVYRVVRVDOXQRVFHQWUHPVHQHODVHIDoDPPXLWDV
UHYLV}HV,UmRGDUVHFRQWDTXHDOJXQVDOXQRVDSUHQGHPOyJLFDFRPPXLWDUDSLGH]HQTXDQWRRXWURVD
DFKDPH[WUHPDPHQWHGLItFLO7HQKDPDDEHUWXUDSDUDXVDUWHPSRVXSOHPHQWDUFRPRVDOXQRVPDLV
OHQWRV VHMDP SDFLHQWHV FRP HOHV H HQWHQGDP TXH RV HVWXGDQWHV WrP GLIHUHQWHV SRWHQFLDOLGDGHV H
HVWLORVGHDSUHQGL]DJHP(PDLVXPDYH]VHMDPSDFLHQWHVHJHQWLVQDYRVVDOHFLRQDomR
(Entrevista disponível em ǁǁǁ.manualescolar2.0.sebenta.pt, na página de FilosoĮa 11Ǒ ano, onde encontra link
para o soŌǁare LogiCola)
Para os coerenƟstas, o problema reside na segunda premissa, que aĮrma que: “se as nossas crenças se
jusƟĮcam com base noutras crenças, então caímos numa cadeia de jusƟĮcações”. Apesar de aceitarem que as
crenças se jusƟĮcam com outras crenças, os coerenƟstas rejeitam uma conceção linear da jusƟĮcação, onde
cada crença é inferida de outra crença, que por sua vez é inferida de outra crença, e assim sucessivamente. Para
os coerenƟstas, nenhuma crença isolada serve, por si só, de jusƟĮcação seja para o que for, pois a jusƟĮcação
deve ser entendida numa perspeƟva holşsƟca (do grego holos = inteiro/todo; privilegia o todo relaƟvamente
às partes), em que cada crença faz parte de sistema de crenças que se apoiam e suportam mutuamente.
Assim, os coerenƟstas sustentam que:
Uma dada crença A está jusƟĮcada, se, e sſ se, for coerente com a totalidade do nosso sistema de crenças.
A
D B
C
E N
F G
I H M
J L
K
Mas o que signiĮca exatamente dizer que uma crença é coerente com a totalidade do nosso sistema
de crenças? Em traços gerais, pode-se dizer que, para que um conjunto de crenças possa ser considerado
coerente, tem de formar um todo coeso, isto é, não pode conter contradições internas e os seus elementos
têm de estar em estreita ligação uns com os outros. Assim sendo, torna-se manifesto que a coerência é uma
propriedade que apenas se pode atribuir a conjuntos de crenças e não a crenças isoladas. Não tem senƟdo
perguntar se uma crença é, em si mesma, coerente, têm de exisƟr outros elementos, outras crenças, com os
quais ela se relaciona de modo, mais ou menos, arƟculado.
Visto que nenhum conjunto coerente de crenças pode conter contradições internas, podemos considerar
que a consistência é uma condição necessária para a coerência. Num certo senƟdo, dizemos que:
Duas ou mais crenças são consistentes se, e sſ se, podem ser todas simultaneamente verdadeiras.
Inversamente:
Duas ou mais crenças são inconsistentes se, e sſ se, não podem ser todas simultaneamente verdadeiras.
Será que podemos acreditar nas quatro aĮrmações anteriores sem cair em contradição? Obviamente que não͊
Não preciso de saber quem é o Álvaro, nem se estuda no 11.Ǒ ano, nem preciso de nenhuma outra informação
adicional, para saber que estas aĮrmações não podem ser todas simultaneamente verdadeiras. Basta-me reŇeƟr
sobre elas para perceber que pelo menos uma delas terá de ser falsa. Assim, o conjunto de crenças 1–4 não é
consistente. Ora, muito diĮcilmente um conjunto inconsistente de crenças oferece uma boa jusƟĮcação para
acreditarmos seja no que for, pois a Įabilidade do próprio conjunto é imediatamente posta em causa.
Existe um senƟdo mais fraco das noções de “consistência/inconsistência”, segundo o qual para que duas ou
mais crenças sejam inconsistentes não é necessário que a sua verdade se exclua de modo deĮniƟvo, basta que
isso aconteça de um modo probabilísƟco. De acordo com esta aceção pode-se dizer que:
Duas ou mais crenças são probabilisƟcamente inconsistentes se, e sſ se, Ġ improvável Ƌue sejam todas
simultaneamente verdadeiras.
Por exemplo, a crença de que acabei de ver o primeiro-ministro britânico sozinho a tomar café na esquina de
minha casa é inconsistente (neste senƟdo probabilísƟco) com muitas outras crenças que possuo, nomeadamente
a crença de que este vive no Reino Unido, a crença de que este se faz, geralmente, acompanhar de uma
equipa de segurança, etc. Isto signiĮca que, embora não seja impossível que estas sejam simultaneamente
verdadeiras, é seguramente improvável que o sejam. Assim, para que o meu sistema mantenha a consistência,
devo reŇeƟr sobre qual (ou quais) das minhas crenças é (ou são) mais provável(eis) e abandonar aquela(s) que
a(s) contraria(m).
Mas será a consistência, em qualquer das suas aceções, tudo o que se exige para que um conjunto de
crenças seja coerente? Para responder a esta questão vamos analisar o conjunto de crenças que se segue:
Este conjunto é consistente, mas será coerente? Não, pois conforme vimos anteriormente, para que
um conjunto de crenças seja coerente é necessário que os seus elementos se relacionem entre si de modo
relaƟvamente arƟculado e, apesar de não exisƟr nenhuma espécie de inconsistência interna, também é
evidente que não existe qualquer Ɵpo de ligação entre as crenças que compõem este conjunto. Assim, para
que um conjunto de crenças seja coerente é também exigido que as crenças que o compõem mantenham
algum Ɵpo de ligação entre si. Exige-se, nomeadamente, que estas estabeleçam relações de explicação e/ou
implicação (ou consequência lógica) entre si, isto é, que cada crença do conjunto sirva para explicar ou seja
explicada por outra(s) crença(s) do conjunto e/ou seja uma implicação lógica ou tenha por implicação lógica
outra(s) crença(s) do conjunto. Deste modo, podemos aĮrmar que:
Um dado conjunto de crenças Ġ coerente, se, e sſ se, i) Ġ consistente e ii) as crenças Ƌue o compõem
se explicam eͬou implicam mutuamente.
Em suma, para os coerenƟstas não existem crenças básicas ou fundacionais, todas as crenças se jusƟĮcam
com base noutras crenças, mais propriamente, com base num sistema ou teia de crenças com o qual formam
um todo coerente. Por isso, os coerenƟstas rejeitam a metáfora arquitetural do fundacionalismo, comparando
o nosso conhecimento, não a um ediİcio com os seus alicerces, mas a uma embarcação que se mantém à
superİcie graças à forma como as suas partes se apoiam mutuamente (e não graças à ação de certas peças
fundacionais) e se vê forçada a fazer as suas reparações em alto mar: não podendo aportar e reconstruir de
base toda a sua estrutura de uma só vez, vai-se subsƟtuindo gradualmente as tábuas daniĮcadas.
Contextualismo
Outra resposta possível para o problema do ceƟcismo é o contextualismo. Tal como o fundacionalismo,
esta perspeƟva considera que existem exceções ă primeira premissa do argumento céƟco, segundo a qual as
nossas crenças se jusƟĮcam com base noutras crenças.
No entanto, enquanto os fundacionalistas reservam esse estatuto para crenças cuja veracidade não possa
ser posta em causa, seja em que circunstância for, o contextualismo assume que as jusƟĮcações Ƌue se exigem
devem adeƋuar-se aos diferentes contextos onde se formam as nossas crenças. Assumimos diferentes ideias
como estando jusƟĮcadas em função dos contextos em que nos movimentamos, sem exigir jusƟĮcações
adicionais. Por exemplo, se tenciono viajar de carro até Madrid, fazendo o menor número de paragens
possível, basta-me veriĮcar a distância num mapa e medir o meu depósito de gasóleo, para considerar que
tenho uma boa jusƟĮcação para acreditar que devo atestar o depósito. No entanto, se me encontrar numa
aula de FilosoĮa a discuƟr o problema do ceƟcismo, posso não aceitar que essa crença esteja devidamente
jusƟĮcada, por considerar que este contexto tem critérios de jusƟĮcação diferentes.
InĮniƟsmo
O inĮniƟsmo é um desenvolvimento relaƟvamente recente em epistemologia. O seu alvo é a premissa
seis do argumento céƟco, segundo a qual se uma cadeia de jusƟĮcações regredir inĮnitamente, então não
serve de jusƟĮcação para as nossas crenças. Segundo o inĮniƟsmo, uma cadeia de jusƟĮcações inĮnita pode
perfeitamente fornecer jusƟĮcação para as nossas crenças, pois tudo o que se exige para que se possa
considerar que “S sabe que p” é que S seja, à parƟda, capaz de responder a todos os ͞porƋuês͟ com que
depare na cadeia de jusƟĮcações que o leva a acreditar em p. Claro que esta tarefa é demasiado enfadonha e
de tal forma demorada que nenhum de nós teria alguma vez tempo de vida suĮciente para a levar a cabo. No
entanto, tal não signiĮca que não seríamos, à parƟda, capazes de fornecer essas respostas à medida que nos
fossem sendo exigidas por pessoas de espírito críƟco e inquisiƟvo, e isso é, para os inĮniƟstas, tudo o que é
requerido para que haja conhecimento.
Assim, os inĮniƟstas concordam com os contextualistas na medida em que aceitam que, geralmente,
assumimos certas ideias como inquesƟonáveis em determinados contextos. No entanto, não acreditam que
isso coloque um ponto Įnal no assunto e sustentam que só podemos considerar que temos conhecimento se
formos capazes de fornecer jusƟĮcações mais aprofundadas para as nossas crenças sempre que for necessário.
Externismo Epistemolſgico
No âmbito da epistemologia, é comum disƟnguir-se as perspeƟvas externistas das internistas. Segundo
o internismo epistemolſgico, para que eu possa considerar que estou jusƟĮcado a acreditar seja no que
for, tenho de ter acesso cogniƟvo a essa jusƟĮcação, isto é, tenho de compreender em que consiste essa
jusƟĮcação. Pelo contrário, para os externistas epistemolſgicos podemos considerar que as nossas crenças
são jusƟĮcadas desde que exista uma jusƟĮcação para as mesmas, ainda que não tenhamos qualquer acesso
cogniƟvo a essa jusƟĮcação. Entre as diversas abordagens ao externismo epistemológico, iremos analisar a
Įabilista a ơtulo de exemplo.
O Įabilismo epistemológico sustenta que, para que as nossas crenças estejam jusƟĮcadas, basta que
tenham sido adƋuiridas por processos relaƟvamente Įáveis, isto é, por processos que tendencialmente
conduzem à formação de crenças verdadeiras.
Por exemplo, imaginemos que, embora nunca tenhas frequentado nenhum curso de música, és capaz
de idenƟĮcar notas musicais com bastante facilidade, ou seja tens aquilo que vulgarmente se designa por
“bom ouvido”. Raramente te enganas a respeito de uma nota musical e és capaz de idenƟĮcar as notas de
músicas inteiras “de ouvido” sem ter de as ouvir mais do que uma ou duas vezes. Não sabes de onde vem esta
capacidade, nem compreendes muito bem o seu misterioso funcionamento. Mas a verdade é que, de cada
vez que te desaĮam a idenƟĮcar notas musicais, tu saďes exatamente de que notas se trata. Por exemplo, na
semana passada, no recreio quando o Francisco levou a guitarra para a escola e tocou a nota lá, tu saďias que
se tratava de um lá.
1. S acredita em p.
2. p é verdadeira.
3. S tem jusƟĮcação para acreditar em p, pois p foi adquirida através de processos que conduzem
Įavelmente à verdade.
No exemplo anterior, pode-se considerar que tu sabias que a nota tocada pelo Francisco era um lá, porque:
Ora, se os Įabilistas têm razão, é possível que uma crença esteja jusƟĮcada sem que seja necessário
apresentar nenhuma crença adicional que a jusƟĮque. Assim, uma vez mais, a primeira premissa do argumento
céƟco está posta em causa, pelo que, ainda que o argumento seja válido, não somos obrigados a aceitar a sua
conclusão.
Cenário de Pesadelo
Lucy estava a ter um terrível pesadelo. Ela por que tinha acabado de passar. Os seus
estava a sonhar que monstros que se as- gritos misturavam-se com um soluçar à
semelhavam a lobos irromperam através medida que se apercebia do quão deses-
das janelas do seu quarto e começaram perante era a sua situação.
a despedaçá-la. Ela lutava e gritava mas E aí, acordou, a suar ainda mais e com
não conseguia deixar de sentir as suas a respiração ainda mais acelerada. Mas
presas e as suas garras a rasgar a sua carne. que absurdo! Ela tinha acabado de so-
Foi nesse momento que acordou, inun- nhar dentro de um sonho e, por isso, da
dada em suor e com uma respiração ofe- primeira vez que lhe pareceu acordar, na
gante. Olhou em redor do quarto,apenas realidade, ainda estava dentro do sonho.
para se certificar, e soltou um suspiro de Olhou mais uma vez à volta do quarto. A
alívio, pois afinal tudo não tinha passado janela estava intacta, não havia monstros
de um sonho. à vista. Mas como poderia saber se des-
ta vez tinha mesmo acordado? Esperou,
Nesse instante, num estrondo capaz de aterrorizada, até que o tempo o dissesse.
provocar um ataque cardíaco, monstros
Julian Baggini (2005)
irrompem das suas janelas e começam a The Pig That Wants To Be Eaten
atacá-la, tal como no seu sonho. O terror And 99 Other Thought Experiments.
Granta Books: Londres, 2010.
foi ampliado pela memória do pesadelo Tradução do excerto de Luís Veríssimo.
Poderá Lucy alguma vez estar certa de que não está apenas a sonhar? Porquê?
“
A isto acrescentei que, visto eu conhecer algumas perfeições que não
possuía, não era o único ser que existia (…), mas que necessariamente
devia existir algum outro mais perfeito, do qual eu dependesse e de
quem tivesse recebido tudo o que tinha. Pois, se eu fosse o único ser
e independente de qualquer outro, de modo que houvesse recebido
de mim todo esse pouco pelo qual eu participava do ser perfeito,
poderia, pela mesma razão, ter tido de mim próprio todo excedente
que reconhecia faltar-me, e ser assim infinito, imutável, omnisciente,
omnipotente, em suma, ter todas as perfeições que em Deus podia
descobrir.
” René Descartes, Discurso do Método. Trad. João Gama. Lisboa, Edições 70, 2013
(1) Ou venho do nada, ou sou a minha própria causa, ou existe um ser mais perfeito que eu ʹ um ser
necessário que se criou a si mesmo e do qual depende tudo quanto existe.
(2) O nada não pode dar origem seja ao que for.
(3) Se eu fosse a minha própria causa, teria todas as perfeições que sou capaz de conceber.
(4) Não tenho todas as perfeições que sou capaz de conceber.
(5) Não sou a minha própria causa.
(6) Logo, existe um ser mais perfeito que eu ʹ um ser necessário que se criou a si mesmo e do qual
depende tudo quanto existe.
Tanto este argumento quanto o anterior dependem, de alguma forma, da aceitação de um princípio geral,
segundo o qual uma causa tem de ter tanta realidade quanto os seus efeitos. Assim, qualquer refutação deste
princípio deita por terra ambos os argumentos. Será Descartes capaz de apresentar uma prova da existência
de Deus que não se apoie no referido princípio?
Argumento Ontolſgico
Uma terceira via encontrada por Descartes para estabelecer a existência de Deus é o chamado “Argumento
Ontológico”. Este argumento foi formulado pela primeira vez por Santo Anselmo, numa obra inƟtulada
Proslogion, e Descartes reformula-o nos seguintes termos:
“
Quis procurar, depois disso, outras verdades e, tendo escolhido o
objeto dos geómetras (…) revi algumas das suas demonstrações
mais simples. E, tendo notado que a grande certeza, que todos lhes
atribuem, se funda apenas em serem concebidas com evidência,
segundo a regra por mim há pouco indicada, notei também que
não existia nelas absolutamente nada que me assegurasse da
existência do seu objeto. Pois, por exemplo, via bem que, ao supor
um triângulo, era necessário que os seus três ângulos fossem iguais
a dois retos; mas, apesar disso, nada via que me garantisse que no
mundo exterior existisse algum triângulo. Ao passo que, voltando
a examinar a ideia que eu tinha de um ser perfeito, descobria
que a existência estava nela contida, do mesmo modo, ou mais
evidentemente ainda, que na de um triângulo está compreendido
que os seus três ângulos são iguais a dois retos, ou na de uma esfera,
que todos os seus pontos são equidistantes do centro; e que, por
conseguinte, é pelo menos tão certo como qualquer demonstração
de geometria que Deus, que é o ser perfeito, é ou existe.
”
René Descartes, Discurso do Método. Trad. João Gama. Lisboa, Edições 70, 2013
A ideia subjacente a este argumento é a de que exisƟr é claramente mais perfeito do que não exisƟr;
portanto, um ser perfeito é, por deĮnição, um ser que existe, caso contrário já não seria perfeito, faltar-lhe-ia
a existência. Ou seja, tal como não podemos conceber uma montanha sem um vale, um triângulo cuja soma
dos seus ângulos internos seja diferente de 180o, ou um círculo quadrado, também não podemos conceber
um ser perfeito como não exisƟndo, pois isso implicaria uma contradição nos termos. O argumento pode ser
formulado assim:
Além desta objeção, este argumento enfrenta alguns problemas comuns ao Argumento da Marca, pois também
pressupõe que duvidar é menos perfeito do que conhecer e que uma causa tem de ser, pelo menos, tão perfeita,
quanto os seus efeitos. Já vimos que estas duas ideias estão longe de ser evidências inquesƟonáveis, sobretudo se
considerarmos que a Hipótese do Génio Maligno ainda não Ɵnha sido refutada.
Em segundo lugar, tal como Gaunilo de MarmouƟers, um monge contemporâneo de Sto. Anselmo, fez notar
no seu escrito Livro em Favor de um Insensato, se aceitássemos o Argumento Ontológico como uma prova da
existência de Deus, estaríamos condenados a encher o mundo de uma imensidão de coisas perfeitas. Por exemplo,
uma Ilha Perfeita seria, por deĮnição, perfeita. Ora, se é perfeita não lhe pode faltar nenhuma perfeição. Uma vez
que, se essa ilha não exisƟsse, já não seria perfeita, ela tem necessariamente de exisƟr. Yuem diz Ilha Perfeita pode
dizer Casa Perfeita, Namorado(a) Perfeito(a), Pai Natal Perfeito, etc. Isto parece ser suĮciente para mostrar que há
algo de profundamente errado com o argumento, mas o que será?
Como vários autores Įzeram notar, desde Immanuel <ant a Bertrand Russell, a existência não pode ser encarada
como um predicado real, que, à semelhança dos outros predicados, pode ser uƟlizado numa deĮnição. DeĮnimos
conceitos apresentando um conjunto de caracterísƟcas comuns aos elementos a que se aplicam, mas não tem
senƟdo incluir a existência nesse conjunto. A existência (ou inexistência) depende do confronto com a realidade,
isto é, do facto de exisƟr (ou não) alguma coisa que efeƟvamente tenha esse conjunto de caracterísƟcas.
O Įlósofo Simon BlacŬburn torna esta ideia bastante clara ao dizer que se colocássemos um anúncio no jornal à
procura de um(a) namorado(a) perfeito(a), apresentando, em seguida, uma lista de caracterísƟcas, não estaríamos a
fazer nada de relevante se acrescentássemos à lista qualquer coisa como: “͙ e tem de exisƟr”. Yualquer pessoa que
esƟvesse em condições de responder ao anúncio, depois de acrescentarmos “͙ e tem de exisƟr”, estaria igualmente
em condições de responder ao anúncio sem esse acréscimo. Podemos decidir o que incluir na descrição, mas é o
mundo que decide se há, ou não, alguém que preenche os nossos requisitos.
Penso; logo?
O meu nome é René. Lembro-me de ter ber que posso estar certa da minha própria
lido uma vez que se há alguma coisa da qual existência dá-me uma certa segurança. En-
posso estar certo é que enquanto eu pensar, quanto me passeio pelos Champs-Elysées
eu existo. Se eu, David, estou, neste mo- todas as manhãs, interrogo-me muitas vezes
mento, a pensar, eu tenho de existir para que se o mundo real existe. Será que vivo mesmo
o pensamento se possa desenrolar. Isso é em Charlottesville, como penso? Os meus
óbvio, não é? Eu posso estar a sonhar, posso amigos costumam dizer-me “Madeleine,
ter enlouquecido, ou posso até não viver em ainda vais enloquecer com essas especula-
Taunton, mas enquanto eu estiver a pensar, ções!” Mas eu não acho que esteja a enlo-
eu sei que a Lucy (que é quem eu sou) existe. quecer. Eu encontrei a certeza num mundo
Isto parece-me reconfortante. A minha vida incerto. Cogito, ergo sum. Eu, Nigel, penso;
em Munique pode ser muito stressante e sa- logo, eu, Cedric, existo.
Julian Baggini (2005) The Pig That Wants To Be Eaten And 99 Other Thought Experiments. Granta Books: Londres, 2010.
Tradução do excerto de Luís Veríssimo.
Será que a consciência de que existe pensamento é suficiente para provar que
existe um Eu a quem esse pensamento pertence? Porquê?
O Escorregadio Eu
Aqui está uma coisa que podes experi- ouvir os sons à tua volta e assim por dian-
mentar fazer em casa. Ou no autocarro, te. Não te estou a pedir que localizes os
para todos os efeitos. Podes fazê-lo com teus sentimentos, as tuas sensações e os
os olhos fechados ou abertos, numa sala teus pensamentos, mas sim a pessoa, o Eu
sossegada ou numa rua barulhenta. Tudo a quem pertencem.
o que tens de fazer é o seguinte: identifi- Devia ser fácil. Afinal de contas, o que
ca-te. pode ser mais certo neste mundo do que
Não quero dizer para te levantares e di- a tua existência? Ainda que tudo à tua
zeres o teu nome. O que quero dizer é volta seja um sonho ou uma ilusão, tu
para captares aquilo que tu és, não apenas tens de existir para que possas ter esse so-
aquilo que tu fazes ou experiencias. Para nho, ou essa alucinação. Assim, se voltares
o fazeres, foca a tua atenção em ti mesmo. a tua mente para o teu interior e te con-
Tenta localizar na tua consciência o “Eu” centrares apenas em ti mesmo, não deve
que tu és, a pessoa que está a sentir o calor demorar muito até que o encontres.
ou o frio, a pensar os teus pensamentos, a Alguma sorte?
Julian Baggini (2005) The Pig That Wants To Be Eaten And 99 Other Thought Experiments. Granta Books: Londres, 2010.
Tradução do excerto de Luís Veríssimo.
O problema da indução
De acordo com uma tese amplamente aceite — e a que aqui nos oporemos —, as ciências empíricas
podem caracterizar-se pelo facto de empregarem os chamados métodos indutivos. Segundo esta
SHUVSHWLYDDOyJLFDGDLQYHVWLJDomRFLHQWt¿FDVHULDLGrQWLFDjOyJLFDLQGXWLYDRXVHMDjDQiOLVHOyJLFD
de tais métodos indutivos.
eKDELWXDOFKDPDU©LQGXWLYDªDXPDLQIHUrQFLDTXDQGRSDVVDGHD¿UPDo}HVVLQJXODUHVSRUYH]HV
FKDPDGDV©SDUWLFXODUHVªWDLVFRPRGHVFULo}HVGRVUHVXOWDGRVGHREVHUYDo}HVRXGHH[SHULrQFLDV
SDUDD¿UPDo}HVXQLYHUVDLVWDLVFRPRKLSyWHVHVHWHRULDV
2UDEHPGHXPSRQWRGHYLVWDOyJLFRHVWiORQJHGHVHUyEYLRTXHDLQIHUrQFLDGHD¿UPDo}HV
XQLYHUVDLV D SDUWLU GH D¿UPDo}HV SDUWLFXODUHV SRU PDLV HOHYDGR TXH VHMD R VHX Q~PHUR HVWHMD
MXVWL¿FDGDSRLVTXDOTXHUFRQFOXVmRDTXHFKHJXHPRVSRUHVWDYLDFRUUHVHPSUHRULVFRGHXPGLD
VHWRUQDUIDOVDVHMDTXDOIRURQ~PHURGHH[HPSODUHVGHFLVQHVEUDQFRVTXHWHQKDPRVREVHUYDGR
LVVRQmRMXVWL¿FDDFRQFOXVmRGHTXHWRGRVRVFLVQHVVHMDPEUDQFRV
$TXHVWmRGHVDEHUVHDVLQIHUrQFLDVLQGXWLYDVHVWmRMXVWL¿FDGDVRXVRETXHFRQGLo}HVRHVWmRp
conhecida como o problema da indução.
O problema da indução pode também ser formulado como a questão de saber como estabelecer a
YHUGDGHGHD¿UPDo}HVXQLYHUVDLVEDVHDGDVQDH[SHULrQFLDFRPRDVKLSyWHVHVHRVVLVWHPDVWHyULFRV
GDVFLrQFLDVHPStULFDV3RLVPXLWDVSHVVRDVDFUHGLWDPTXHDYHUGDGHGHVWDVD¿UPDo}HVXQLYHUVDLVp
©FRQKHFLGDSRUH[SHULrQFLDªFRQWXGRpFODURTXHDLQIRUPDomRREWLGDGHXPDH[SHULrQFLD²XPD
REVHUYDomRRXRUHVXOWDGRGDH[SHULPHQWDomR²SRGHHPSULPHLUROXJDUVHUDSHQDVXPDD¿UPDomR
VLQJXODUHQXQFDXPDXQLYHUVDO3RULVVRDTXHOHVTXHGL]HPTXHVDEHPRVSHODH[SHULrQFLDDYHUGDGH
GHXPDD¿UPDomRXQLYHUVDOKDELWXDOPHQWHTXHUHPGL]HUTXHDYHUGDGHGHVWDD¿UPDomRXQLYHUVDO
SRGHGHDOJXPPRGRVHUUHGX]LGDjYHUGDGHGHRXWUDVD¿UPDo}HVDVTXDLVVmRVLQJXODUHVHTXH
VDEHPRVTXHHVWDVD¿UPDo}HVVLQJXODUHVVmRYHUGDGHLUDVSHODH[SHULrQFLDRTXHHTXLYDOHDGL]HU
TXH D D¿UPDomR XQLYHUVDO VH EDVHLD QD LQIHUrQFLD LQGXWLYD $VVLP SHUJXQWDU VH Ki OHLV QDWXUDLV
que sabemos serem verdadeiras parece ser apenas outra maneira de perguntar se as inferências
LQGXWLYDVHVWmRORJLFDPHQWHMXVWL¿FDGDV
6H TXLVHUPRV SRGHPRV GLVWLQJXLU TXDWUR SURFHGLPHQWRV GLIHUHQWHV SDUD WHVWDU WHRULDV (P
SULPHLUR OXJDU Ki D FRPSDUDomR OyJLFD GDV FRQFOXV}HV XPDV FRP DV RXWUDV WHVWDQGRVH DVVLP D
FRQVLVWrQFLDLQWHUQDGRVLVWHPD(PVHJXQGROXJDUKiRHVWXGRGDIRUPDOyJLFDGDWHRULDFRPR
REMHWLYRGHGHWHUPLQDUVHWHPRFDUiWHUGHXPDWHRULDHPStULFDRXFLHQWt¿FDRXVHpSRUH[HPSOR
WDXWROyJLFD(PWHUFHLUROXJDUKiDFRPSDUDomRFRPRXWUDVWHRULDVSULQFLSDOPHQWHFRPRREMHWLYR
GHGHWHUPLQDUVHDWHRULDFRQVWLWXLULDXPDYDQoRFLHQWt¿FRQRFDVRGHVREUHYLYHUDRVWHVWHV3RU¿P
KiRWHVWHGDWHRULDDWUDYpVGDVDSOLFDo}HVHPStULFDVGDVFRQFOXV}HVTXHGHODSRGHPVHUGHULYDGDV
2SURSyVLWRGHVWH~OWLPRWLSRGHWHVWHpGHVFREULUDWpTXHSRQWRDVQRYDVFRQVHTXrQFLDVGDWHRULD
² VHMD TXDO IRU D QRYLGDGH GR TXH p D¿UPDGR ² VDWLVID]HP RV UHTXLVLWRV GD SUiWLFD SURYHQKDP
HOHVGHH[SHULrQFLDVSXUDPHQWHFLHQWt¿FDVRXGHDSOLFDo}HVWHFQROyJLFDVSUiWLFDV7DPEpPDTXLR
SURFHGLPHQWR GH WHVWH DFDED SRU VHU GHGXWLYR &RP D DMXGD GH RXWUDV D¿UPDo}HV DQWHULRUPHQWH
DFHLWHV FHUWDV D¿UPDo}HV VLQJXODUHV ² D TXH SRGHPRV FKDPDU ©SUHYLV}HVª ² VmR GHGX]LGDV GD
WHRULDHVSHFLDOPHQWHSUHYLV}HVTXHVmRIDFLOPHQWHWHVWiYHLVRXDSOLFiYHLV6mRVHOHFLRQDGDVHQWUH
HVWDV D¿UPDo}HV DTXHODV TXH QmR VmR GHULYiYHLV GD WHRULD YLJHQWH HVSHFLDOPHQWH DTXHODV TXH D
WHRULD YLJHQWH FRQWUDGL] 6HJXLGDPHQWH WUDWDPRV GH WRPDU XPD GHFLVmR DFHUFD GHVWDV H RXWUDV
D¿UPDo}HVGHGX]LGDVFRPSDUDQGRDVFRPRVUHVXOWDGRVGDVDSOLFDo}HVSUiWLFDVHGDVH[SHULrQFLDV
6HHVWDGHFLVmRIRUSRVLWLYDLVWRpVHDVFRQFOXV}HVVLQJXODUHVVHWRUQDPDFHLWiYHLVRXYHUL¿FDGDV
HQWmRDWHRULDSDVVRXWHPSRUDULDPHQWHRWHVWHQmRHQFRQWUiPRVTXDOTXHUUD]mRSDUDGHVFDUWi
OD 0DV VH D GHFLVmR IRU QHJDWLYD RX VHMD VH DV FRQFOXV}HV WLYHUHP VLGR IDOVL¿FDGDV HQWmR D VXD
IDOVL¿FDomRIDOVL¿FDWDPEpPDWHRULDGDTXDOHODVIRUDPORJLFDPHQWHGHGX]LGDV
Deve-se notar que uma decisão positiva apenas temporariamente pode apoiar a teoria, pois as
GHFLV}HV QHJDWLYDV SRVWHULRUHV SRGHP VHPSUH ID]rOD FDLU (QTXDQWR XPD WHRULD UHVLVWH D WHVWHV
PLQXFLRVRV H H[LJHQWHV H QmR p VXEVWLWXtGD SRU RXWUD WHRULD QR GHFXUVR GR SURJUHVVR FLHQWt¿FR
podemos dizer que «demonstrou a sua índole» ou que é «corroborada».
Nada que se pareça com a lógica indutiva se encontra no procedimento que acabei de esboçar.
Nunca supus que podemos argumentar a favor da verdade das teorias a partir da verdade de
D¿UPDo}HVVLQJXODUHV1XQFDVXSXVTXHSHODIRUoDGHFRQFOXV}HV©YHUL¿FDGDVªDVWHRULDVSRGHP
VHUHVWDEHOHFLGDVFRPR©YHUGDGHLUDVªRXVHTXHUFRPRVLPSOHVPHQWH©SURYiYHLVª
2. [manual: p. 195-231]
([LVWHLQIHOL]PHQWHXPDIDOWDGHFRQVFLrQFLDJHQHUDOL]DGDVREUHRSURFHVVRHPHFDQLVPRVTXH
OHYDP XPD IDL[D GH FRQKHFLPHQWR D SRGHU VHU FRQVLGHUDGD FLHQWt¿FD (VVH SURFHVVR TXH QD HUD
PRGHUQDFRPHoDDHVERoDUVHFRP*DOLOHXH%DFRQHIRLUH¿QDGRSRUXPDORQJDHLOXVWUHOLQKDJHP
GH SHQVDGRUHV H SUiWLFDV HVWi KRMH VROLGDPHQWH LQVWLWXtGR DWUDYpV GH XP FRQMXQWR GH SUiWLFDV H
regras próprias a que chamarei o código da ciência e passarei a descrever.
2FyGLJRGDFLrQFLDDOyJLFDTXHGHVFUHYHDDWLYLGDGHFLHQWL¿FDHSHUPLWHFDUDFWHUL]DUXPDIDL[DGH
FRQKHFLPHQWRFRPRFLHQWt¿FRHQFRQWUDVHGHVFULWRQDH[WUDRURGLQiULDREUDGR¿OyVRIRDXVWUtDFR.DUO
Raimund Popper $/yJLFDGD'HVFREHUWD&LHQWt¿FD,QGHSHQGHQWHPHQWHGHSHTXHQDVREVHUYDo}HV
SRQWXDLVTXHIRUDPIHLWDVDHVWDREUDSXEOLFDGDHPRIDFWRpTXHHODFRQWpPRFUHGREiVLFR
GHWRGRVRVFLHQWLVWDVSUDWLFDQWHV$VFRQYLFo}HVLQWtPDVGHSHORPHQRVGRVFLHQWLVWDVVREUHR
VLJQL¿FDGRGDVXDSUiWLFDGLiULDGHLQYHVWLJDomRPHVPRTXHGLVVRQmRWHQKDPFRQVFLrQFLDVmRDV
descritas por Popper.
(RFyGLJRGDFLrQFLDHPWUDoRVJHUDLVpRVHJXLQWH(PSULPHLUROXJDUQXQFDVHSRGHSURYDU
TXHXPDWHRULDFLHQWt¿FDpYHUGDGHLUD8PDWHRULDFLHQWt¿FDSRGHFRPRDPHFkQLFDQHZWRQLDQD
QR VHX DXJH GHVFUHYHU WRGD D UHDOLGDGH LPHGLDWDPHQWH DFHVVtYHO H ID]HU SUHYLV}HV VREUH QRYDV
VLWXDo}HV FRPSRUWDPHQWRV GH YLJDV RX WUDMHWyULDV GH SODQHWDV RX GH IRJXHW}HV UHDOL]DQGR
VHH[SHULrQFLDVTXHFRQ¿UPDPHVVDVSUHYLV}HV6HUiTXHLVVRSHUPLWHD¿UPDUTXHHVVDWHRULDp
YHUGDGHLUD"$UHVSRVWDpQmR1mRH[LVWHXPWHVWH~QLFRTXHSHUPLWDFRQFOXLUGHXPDYH]SRUWRGDV
VHXPDWHRULDpYHUGDGHLUDRXQmR$~QLFDD¿UPDomROyJLFDTXHVHSRGHID]HUDRUHDOL]DUXPWHVWH
H[SHULPHQWDORXFRQFHSWXDOSRXFRLPSRUWDDXPDWHRULDTXHEDWHFHUWRFRPDVSUHYLV}HVpDGH
TXHHVVDWHRULDGHQWURGRVOLPLWHVHPTXHIRLWHVWDGDVHDGHTXDjUHDOLGDGH2XVHMDpXPERP
PRGHOR3RUH[HPSORDPHFkQLFDQHZWRQLDQDpXPERPPRGHORSDUDHVFDODVQmRPLFURVFySLFDV
RQGHLPSHUDPIHQyPHQRVTXkQWLFRVYHORFLGDGHVEDL[DVUHODWLYDPHQWHjGDOX]IHQyPHQRVGH
UHODWLYLGDGHUHVWULWDHFDPSRVJUDYLWDFLRQDLVSRXFRLQWHQVRVIHQyPHQRVGHUHODWLYLGDGHJHUDO
$VVLPQXQFDVHSRGHSURYDUQHPD¿UPDUTXHXPDWHRULDFLHQWt¿FDpYHUGDGHLUD4XDQWRPXLWR
SRGH SURYDUVH TXH p IDOVD ± VH VH UHDOL]DU XP WHVWH FXMRV UHVXOWDGRV VHMDP FRQWUiULRV jV VXDV
SUHYLV}HV2VWHVWHVSRVLWLYRVQDGDSURYDPGRSRQWRGHYLVWDOyJLFRGHPRQVWUDPTXDQWRPXLWR
XPDH[WHQVmRGRGRPtQLRGHDSOLFDELOLGDGHGDWHRULD
A ideia seminal de Popper foi precisamente a de tomar esta característica de uma teoria como
VHQGRDGH¿QLomRGRVHXFDUiFWHUFLHQWt¿FR,VWRpXPDWHRULDpFLHQWt¿FDVHHVyVHID]SUHYLV}HV
inequívocas sobre um fenómeno, esse fenómeno pode ser testado, os resultados podem ser negativos
HDWHRULDSRGHSRUWDQWRVHULQ¿UPDGD2XVHMDVHSRGHPVHUFRQFHELGRVWHVWHVTXHSURYHPTXHD
WHRULDpIDOVD(VWHFULWpULRpKRMHXQLYHUVDOPHQWHFRQKHFLGRFRPRRFULWpULRGHIDOVL¿FDELOLGDGHGH
3RSSHUXPDWHRULDpFLHQWt¿FDVHHVyVHpIDOVL¿FiYHO
Jorge Buescu20LVWpULRGR%LOKHWHGH,GHQWLGDGHH2XWUDV+LVWyULDV&UyQLFDVGDV)URQWHLUDVGD&LrQFLD
*UDGLYD(GSS
3. [manual: p. 218-231]
2 TXH DTXL WHPRV p XPD PDJQt¿FD UHMHLomR GR LGHDO UDFLRQDOLVWD (P VHX OXJDU SDUHFH TXH
¿FiPRV DSHQDV FRP VLVWHPDV PDLV RX PHQRV IDPLOLDUHV $ FDGD PRPHQWR RV VLVWHPDV FRP RV
TXDLVQRVVHQWLPRVFRQIRUWiYHLVIRUQHFHP©SDUDGLJPDVªRXVLVWHPDVFRPRVTXDLVFRPSDUDPRV
RXWURVVLVWHPDV'HWHUPLQDPRQRVVRFULWpULRGRTXHSRGHUiFRQWDUFRPRH[SOLFDomRVDWLVIDWyULD
0DVVHPRLGHDOUDFLRQDOLVWDWRPDPRVFRQVFLrQFLDGHTXHHVVHFULWpULRpHPVLYDULiYHO6HUiTXH
VHVXEVWLWXLUPRV©UD]mRªSRU©KiELWRHFRVWXPHªQmRSRGHUmRPXGDUWDPEpPRVQRVVRVKiELWRVH
FRVWXPHV"2IDPRVR¿OyVRIRGDFLrQFLD7KRPDV.XKQGHIHQGHXTXHQDYHUGDGHSRGHP
PXGDU$FLrQFLD©QRUPDOªGHVHQYROYHVHjOX]GHXPFRQMXQWRGHSDUDGLJPDVRXGHSHUVSHWLYDV
LPSOtFLWDVDFHUFDGRWLSRGHH[SOLFDo}HVTXHGHYHPRVSURFXUDU2VSHUtRGRVGHFLrQFLDUHYROXFLRQiULD
ocorrem quando os próprios paradigmas são colocados em causa. A ciência deve ser vista como
©XPDVpULHGHLQWHUO~GLRVSDFt¿FRVLQWHUURPSLGRVSRUUHYROXo}HVLQWHOHFWXDOPHQWHYLROHQWDVª
'HSRLVGDVUHYROXo}HVPXGDDQRVVDFRQFHomRGRTXHpXPDH[SOLFDomRVDWLVIDWyULDGDUD]mRSHOD
TXDODVFRLVDVHQFDL[DPXPDVQDVRXWUDV
$OJXPDVSHVVRDV¿FDPPXLWRHPRFLRQDGDVGHPDVLDGRGHSUHVVDFRPHVWHWLSRGHSHQVDPHQWR
Interpretam-no como se sugerisse uma espécie de «relativismo», segundo o qual algumas pessoas
têm os seus «paradigmas» e outras pessoas têm outros, não sendo possível avaliar qual é o melhor.
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com buracos através dos quais vemos pedaços dos céus foi um paradigma ou modelo da natureza
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aos paradigmas que mostrem o seu valor e alguns não conseguem fazê-lo.
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particular de categorias preferidas, estabelecidas parcialmente pela nossa cultura e pela nossa
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