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carla rodrigues
A
carla santos
lúcia miguelote
paulo santos
DOMÍNIO
EQUILÍBRIO QUÍMICO
ASPETOS QUANTITATIVOS DAS REAÇÕES
SUBDOMÍNIO
1.
QUÍMICAS
REAÇÕES QUÍMICAS
Uma reação química é uma transformação através da qual uma ou mais substâncias são convertidas
em uma ou mais substâncias diferentes através do rearranjo dos átomos dos reagentes com forma-
ção de novas combinações químicas que individualizam os produtos da reação.
De acordo com a Lei da Conservação de Massa ou Lei de Lavoisier, em qualquer reação química a
soma das massas dos reagentes e dos produtos da reação mantém-se sempre constante. Por conse-
guinte, o número de átomos de cada elemento químico existente no início da reação tem que ser
igual ao número de átomos desse elemento no fim da reação.
Equações químicas
Uma reação química é vulgarmente representada por meio de uma equação química, representação
abreviada de uma reação química onde os reagentes e os produtos são representados pelas respetivas
fórmulas químicas ou símbolos químicos, precedidas pelos coeficientes estequiométricos que esta-
belecem a proporção em que os reagentes se combinam e se formam os produtos.
Além de garantir que o número total de átomos de cada elemento químico é igual nos reagentes e
nos produtos da reação, os coeficientes indicam a proporção em que cada substância participa na
reação.
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1 Aspetos quantitativos das reações químicas
NOTA
Quando uma reação envolve substâncias iónicas ou ionizadas em água, além da equação química
global, a equação que mostra todos os reagentes e produtos na forma não dissociada, pode escrever-
-se a equação iónica completa, a equação que mostra separadamente todas as espécies (tanto iões
como átomos ou moléculas) tal como estão presentes em solução.
EXEMPLO
Reagente Produtos
1 N (× 2) 2N Acerto dos átomos de N: 2 NH3 (g) + O2 (g) → N2 O (g) + H2 O (ℓ)
No acerto de uma equação iónica deve não só garantir-se que o número total de átomos de cada elemento
químico é o mesmo nos reagentes e nos produtos, mas também verificar que a carga total se mantém.
Mg (s) + 2 H (aq) → Mg (aq) + H2 (g)
+ 2+
Relações estequiométricas
Através da leitura de uma equação química é possível conhecer as substâncias envolvidas na reação
(informação qualitativa) e as quantidades relativas em que os reagentes se combinam e se formam
os produtos da reação (informação quantitativa).
De acordo com a Lei de Proust ou Lei das Proporções Definidas, em qualquer reação química, a pro-
porção em que os reagentes se combinam entre si, bem como a proporção em que se formam os
produtos, é sempre a mesma e é diretamente proporcional aos respetivos coeficientes estequiométri-
cos da equação acertada.
Essas relações permitem calcular as quantidades de reagentes necessárias para obter uma quanti-
dade desejada do produto da reação química ou prever as quantidades de produto que se vão formar
a partir das quantidades iniciais de reagentes. Também pode ser usada para prever a quantidade de
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1 Aspetos quantitativos das reações químicas
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Estratégia para Resolução de Problemas de Estequiometria
Etapa 1: Escrever a equação química acertada.
Etapa 2: Exprimir os valores relativos às substâncias de partida em quantidade de matéria.
Etapa 3: Identificar a razão molar entre as substâncias referidas e efetuar os cálculos respetivos.
Etapa 4: Exprimir o resultado nas unidades solicitadas no enunciado.
m=nM
Massa ou V = n Vm Massa ou
volume de A volume de B
Etapa 3
Escrita da equação Quantidade de Quantidade de
Etapa 1 Etapa 2 Etapa 4
química acertada matéria de A Razão molar matéria de B
Átomos ou Átomos ou
moléculas de A N = n NA moléculas de B
EXEMPLO
O alumínio obtém-se fazendo reagir alumina, A ℓ2 O3 (M = 101,96 g mol ), com carvão, como mostra a se-
− 1
Os cálculos estequiométricos permitem determinar a quantidade de cada reagente que é necessária para
que todos os reagentes se combinem entre si completamente. Contudo, em termos práticos, nem sempre
é possível determinar rigorosamente esses valores e, por vezes, é mesmo desnecessário. Em termos in-
dustriais, por exemplo, é impraticável gastar tempo e dinheiro de modo a assegurar que os reagentes es-
tejam presentes em quantidades estequiométricas. Aliás, é até frequente a adição do reagente mais barato
em excesso, de forma a assegurar a maior conversão possível do reagente mais dispendioso.
O reagente que apresenta a menor quantidade de matéria em relação à proporção estequiométrica
de uma mistura de reagentes e, consequentemente, limita a quantidade de produtos formados
numa reação química é designado reagente limitante. Pelo contrário, denomina-se reagente em ex-
cesso o reagente presente em quantidade superior à necessária para reagir com a quantidade de
reagente limitante presente.
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1 Aspetos quantitativos das reações químicas
EXEMPLO
O reagente limitante está para uma reação, assim como as fatias de pão estão para a preparação de sandes de
queijo no exemplo seguinte.
Admitindo que para fazer uma sande de queijo são necessárias duas fatias de pão e uma fatia de queijo,
quantas sandes de queijo se podem preparar com 6 fatias de pão e 5 fatias de queijo?
A quantidade de queijo é suficiente para preparar 5 sandes, no entanto, só existem 6 fatias de pão. Conse-
quentemente, apenas se poderá preparar 3 sandes de queijo. As fatias de queijo estão, assim, em excesso e
as fatias de pão limitam o número de sandes que se podem preparar.
EXEMPLO
O cloreto de prata pode ser obtido numa reação traduzida pela seguinte equação química:
ZnCℓ2(s) + 2 Ag+(aq) → Zn2+(aq) + 2 AgCℓ(s)
− 2 − 1
Quando 6,00 × 10 mol de Ag+ reagem com 12,3 g de ZnCℓ2 (M = 136,31 g mol ) verifica-se que o reagente
limitante é…:
m = n M ⇒ n( ZnC ℓ2 ) = ______
12,3 − 2
= 9,02 × 10 mol
136,31
Como a razão molar é 1 mol ZnCℓ2: 2 mol Ag+, então:
n (Ag ) = 2 × n(ZnCℓ2) = 2 × 9,02×10 ⇔
+ − 2
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1 Aspetos quantitativos das reações químicas
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1.3 GRAU DE PUREZA DE UMA AMOSTRA
O grau de pureza corresponde ao quociente entre a massa da substância (pura) e a massa total da
amostra.
msubstância (pura)
Grau de pureza = ____________
mamostra
O grau de pureza é tradicionalmente expresso em percentagem. Varia entre 0% (que significaria que
a substância em causa não estava presente na amostra) e 100% (que corresponde a uma amostra
exclusivamente constituída por essa substância).
EXEMPLO
Se uma amostra de nitrogénio é 99% pura significa que, em cada 100 g de amostra, 99 g são de nitrogénio e
1 g será de outras substâncias, as impurezas, o que também é equivalente a dizer que a amostra apresenta
1% de impurezas.
Os reagentes podem apresentar diferentes graus de pureza, devendo ser escolhidos consoante as fi-
nalidades de uso e custo.
Nos cálculos estequiométricos deve começar por determinar-se a massa de reagente puro que existe
na amostra, a partir do grau de pureza, uma vez que apenas a parte pura da amostra é consumida na
reação em estudo.
Por uma questão de simplificação, os cálculos estequiométricos são, geralmente, efetuados admi-
tindo reações completas, ou seja, reações em que pelo menos um dos reagentes (o reagente limi-
tante) se esgota completamente.
No entanto, a maioria das reações que ocorrem em sistema fechado são reações incompletas, em
que nenhum dos reagentes se esgota, mesmo quando misturados em proporções estequiométricas.
No fim da reação, reagentes e produtos coexistem na presença uns dos outros.
O rendimento da reação avalia a conversão de reagentes em produtos da reação e pode ser determi-
nado pela razão entre a quantidade realmente obtida de um produto e a quantidade do mesmo pro-
duto prevista estequiometricamente ou comparando a massa ou o volume de um produto realmente
obtidos com a massa ou o volume, respetivamente, previstos estequiometricamente.
O valor do rendimento pode variar entre 0% (se não se forma produto nenhum) e 100% (se se tratar
de uma reação completa, com conversão total do reagente limitante no produto pretendido).
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1 Aspetos quantitativos das reações químicas
EXEMPLO
Quando a reação se realiza com um rendimento de 92,8%, da mistura de 4,99 g de P4 (M = 123,88 g mol- 1)
com excesso de cloro, obtém-se 20,5 g de PCℓ3 (M = 137,32 g mol- 1), como se comprova pelos cálculos se-
guintes:
m = n M ⇒ n(P4) = ______
4,99
= 0,0403 mol
123,88
+ + +
Resíduos
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Para se conseguir um processo eficiente, deve ainda atender-se à perigosidade e toxicidade do produto
obtido ou dos reagentes utilizados, ao consumo de energia e à utilização ou não de solventes orgânicos.
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DOMÍNIO
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EQUILÍBRIO QUÍMICO
ASPETOS QUANTITATIVOS DAS REAÇÕES
SUBDOMÍNIO
2.
QUÍMICAS
3.
REAÇÕES QUÍMICAS
Numa reação completa, em que pelo menos um dos reagentes se esgota na reação, o símbolo usado
para separar os reagentes dos produtos da reação na equação química é uma única seta (→).
Uma reação química incompleta é uma reação onde nenhum reagente se esgota ao longo da reação.
Uma reação química incompleta de equilíbrio é uma reação que, em sistema fechado, ocorre nos
dois sentidos, isto é, não só os reagentes se combinam entre si para dar origem aos produtos da rea-
ção, como estes também se combinam entre si regenerando os reagentes. A ocorrência simultânea
das reações direta e inversa conduz à formação de alguns produtos, mas impede que os reagentes se
gastem completamente. O resultado final é uma mistura de reagentes e produtos da reação e o sis-
tema acaba por atingir um estado de equilíbrio.
Para indicar a ocorrência de duas reações opostas a ocorrer em simultâneo, o símbolo que separa os
reagentes dos produtos da reação, numa equação química de uma reação incompleta de equilíbrio, é
a dupla meia seta (⇌).
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2 Equilíbrio químico e extensão das reações químicas
NOTA
1. A + 2B → 3C 2. A ⇌ 2B
c c
C B
A
A
B
t1 t t2 t
Reação direta
Concentração
Reação inversa
0 te Tempo 0 te Tempo
Gráficos da variação da concentração dos reagentes e dos produtos da reação e da velocidade das reações, direta e
inversa, ao longo do tempo.
Para qualquer sistema em equilíbrio químico, conhecendo a quantidade inicial dos reagentes e a
quantidade de uma das espécies no equilíbrio (reagente ou produto), é possível calcular a quantidade
de todas as outras espécies presentes no estado de equilíbrio atendendo aos coeficientes estequiomé-
tricos da reação.
Pode criar-se uma tabela “iVe” (inicial, Variação, equilíbrio) para ajudar a organizar a informação.
Numa tabela “iVe” os sinais “−” e “+” na linha da variação indicam, respetivamente, as substâncias
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2 Equilíbrio químico e extensão das reações químicas
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EXEMPLO
Se num recipiente com o volume de 1,00 dm3 se introduzirem 0,750 mol de tetróxido de dinitrogénio e a
quantidade de dióxido de nitrogénio presente no estado de equilíbrio for 0,058 mol, é possível determinar a
quantidade de reagente nesse estado de equilíbrio.
n ( NO2) = 0,058 mol = 2 x ⇔ x = _____
0,058
= 0,029 mol
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Constante de equilíbrio
A constante de equilíbrio (Kc) é uma grandeza adimensional e a sua expressão é igual ao produto das
concentrações de equilíbrio dos produtos de reação, elevadas aos respetivos coeficientes estequiomé-
tricos, a dividir pelo produto das concentrações de equilíbrio dos reagentes igualmente elevadas aos
respetivos coeficientes estequiométricos:
c d
[C] [D]
aA+bB⇌cC+dD c = ___
K a b
[A] [B]
Esta expressão matemática traduz a Lei da ação das massas ou Lei de Guldberg-Waage - para siste-
mas químicos suficientemente diluídos, o valor da constante de equilíbrio não depende das concen-
trações iniciais da mistura reacional. Para uma determinada reação incompleta de equilíbrio a tem-
peratura constante, o valor da constante de equilíbrio é sempre o mesmo para todos os estados de
equilíbrio.
Embora a constante de equilíbrio seja um valor que caracteriza o equilíbrio de uma reação química
e não dependa das concentrações das substâncias inicialmente presentes, depende da temperatura.
10
2 Equilíbrio químico e extensão das reações químicas
Assim:
• Se a constante de equilíbrio for elevada (Kc >> 1), isso significa que, no equilíbrio, a concentração
dos produtos da reação é maior que a concentração dos reagentes. Os reagentes têm grande ten-
dência para reagirem entre si e a reação ocorre extensamente no sentido direto. As reações em que
Kc é maior do que 1010 são geralmente consideradas completas.
• Se a constante de equilíbrio for pequena (Kc << 1), isso significa que, no equilíbrio, a concentração
dos reagentes é superior à concentração dos produtos da reação. Os reagentes não têm grande ten-
dência para reagirem entre si e a reação ocorre em pequena extensão no sentido direto.
Considera-se que praticamente não há reação para sistemas com Kc menor do que 10–10.
Para qualquer reação química incompleta de equilíbrio, o valor da constante de equilíbrio da reação
direta é o inverso do valor da constante de equilíbrio da reação inversa.
Deste modo, quanto mais extensa for uma reação, menos extensa é a sua reação inversa, ou seja:
• Se Kc, direta << 1 ⇒
Kc, inversa >> 1 • Se Kc, direta >> 1 ⇒ Kc, inversa << 1
EXEMPLO
− 2 − 2
Num reator com capacidade de 1,00 L, foram inicialmente introduzidas 9 ,00 × 10 mol de SO2 e 5,00 × 10
− 2
mol de O2, à temperatura de 600 ºC, tendo-se formado 4,50 × 10 mol de SO3, de acordo com a equação
química seguinte:
2 SO2(g) + O2(g) ⇌2 SO3(g)
2.° Usando uma tabela “iVe” e representando por 2x a concentração de SO2 que reagiu, obtém-se:
− 2
4,50 × 10
[SO3] = 2 x = 4,50 × 10 ⇔ x = _______________
− 2 − 2 − 3
= 2,25 × 10 mol dm
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2 Equilíbrio químico e extensão das reações químicas
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3.° Sabendo o valor de x, pode calcular-se a concentração de todos os intervenientes no equilíbrio e a cons-
tante de equilíbrio:
− 2 − 3
[SO3] = 2 x = 4,50 × 10 mol dm
− 2 − 2 − 2 − 2 − 3
[O2] = 5,00 × 10 − x = 5,00 × 10 − 2,25 × 10 = 2,75 × 10 mol dm
− 2 − 2 − 2 − 2 − 3
[SO2] = 9,00 × 10 − 2 x = 9,00 × 10 − 2 × 2,25 × 10 = 4,50 × 10 mol dm
c = ___________
K ________________________
⇔
= 36,4
[SO2] × [O2 ] (4,50 × 10 ) × (2,75 × 10 )
2 − 2 2 − 2
Como Kc, direta > 1, trata-se de uma reação extensa no sentido direto.
Quociente da reação
Um modo de determinar se um sistema está ou não em equilíbrio e, caso não esteja, prever o sen-
tido de evolução da reação até atingir o equilíbrio, consiste em comparar a constante de equilíbrio,
Kc, com o chamado quociente da reação, Q c. O valor do quociente de uma reação é obtido a partir de
uma expressão idêntica à da constante de equilíbrio, utilizando concentrações que podem ou não ser
as concentrações em equilíbrio.
O sistema evoluirá sempre de modo a que o valor de Q c se aproxime do valor de Kc, pelo que podem
ocorrer três situações:
• Se Q c < Kc, o sistema não está em equilíbrio. Para atingir o equilíbrio, a reação deve evoluir no
sentido direto, convertendo reagentes em produtos da reação (o denominador na expressão de Q c
diminui e o numerador aumenta) até Q c igualar o valor de Kc.
• Se Q c = Kc, o sistema está em equilíbrio e, portanto, as concentrações não variam (a reação direta e
a reação inversa ocorrem com a mesma velocidade).
• Se Q c > Kc, o sistema não está em equilíbrio. Para atingir o equilíbrio, os produtos da reação devem
formar reagentes, ou seja, a reação deve progredir no sentido inverso (o denominador na expressão
de Q c aumenta e o numerador diminui) até Q c igualar o valor de Kc.
EXEMPLO
[SO3] (0,097)
2 2
2.° Como Q c < Kc, para atingir um estado de equilíbrio o sistema irá deslocar-se no sentido direto aumen-
tando a concentração de produtos e diminuindo a concentração de reagentes de forma a aumentar Q c até
igualar o valor de Kc.
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2 Equilíbrio químico e extensão das reações químicas
Sempre que se provoca uma perturbação no estado de equilíbrio a reação vai evoluir, num ou noutro
sentido, até que um novo estado de equilíbrio seja novamente estabelecido. Os fatores externos que
podem provocar perturbações ao estado de equilíbrio são:
• alteração da concentração de uma ou mais substâncias envolvidas no equilíbrio;
• alteração da pressão total de um sistema em fase gasosa;
• alteração da temperatura do sistema.
Qc passará a ser menor que Kc no momento da Qc passará a ser maior que Kc no momento da
perturbação e a reação evoluirá no sentido direto, ou perturbação e a reação evoluirá no sentido inverso, ou
seja, no sentido da formação dos produtos e do seja, no sentido da regeneração dos reagentes, até que Qc
consumo dos reagentes, até que Qc iguale o valor de Kc. iguale o valor de Kc.
Princípio de Le Châtelier
O Princípio de Le Châtelier afirma que se um sistema fechado em equilíbrio for submetido a uma
perturbação o equilíbrio desloca-se de modo a contrariar o efeito dessa perturbação.
Efeito da concentração:
• a adição de reagentes ou de produtos da reação desloca o equilíbrio no sentido de os consumir
parcialmente (tendendo a minimizar o efeito da adição) evoluindo, respetivamente, no sentido di-
reto ou no sentido inverso;
• a remoção de reagentes ou de produtos da reação desloca o equilíbrio no sentido de os repor par-
cialmente (tendendo a minimizar o efeito produzido) evoluindo, respetivamente, no sentido in-
verso ou no sentido direto.
NOTA
O estado de equilíbrio de um sistema químico descrito por uma equação química onde a soma dos coefi-
cientes estequiométricos das espécies gasosas é igual nos reagentes e nos produtos não é afetado por varia-
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ções de pressão.
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2 Equilíbrio químico e extensão das reações químicas
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Efeito da temperatura:
• se a temperatura diminuir, a reação evolui no sentido de compensar essa diminuição, libertando
energia – favorece a reação exotérmica;
• se a temperatura aumentar, a reação evolui no sentido de compensar esse aumento, absorvendo
energia – favorece a reação endotérmica.
Nas modificações da posição de equilíbrio devido a variações da concentração ou da pressão, o valor
da constante de equilíbrio mantém-se, pois, a temperatura, a grandeza que afeta o valor da constante
de equilíbrio, permanece constante.
Quando um sistema químico em equilíbrio é perturbado por uma variação de temperatura, a evo-
lução do equilíbrio é acompanhada, simultaneamente, pela alteração do valor de Kc da reação.
Reações Reações
Kc endotérmicas Kc exotérmicas
O valor de Kc O valor de Kc
aumenta com diminui com
o aumento da o aumento da
temperatura. temperatura.
T T
Variação de Kc com a temperatura para reações endotérmicas e exotérmicas.
EXEMPLO
O dióxido de carbono pode ser utilizado para produzir metano, de acordo com a equação química seguinte:
CO2(g) + 4 H2(g) ⇌ CH4(g) + 2 H2O(g) ∆H = - 165 kJ
Como aumentar a quantidade de metano produzido?
De acordo com o Princípio de Le Châtelier:
• uma diminuição da temperatura favorece a reação exotérmica, assim, sendo a reação direta exotérmica, a
diminuição da temperatura deslocará o equilíbrio no sentido direto, favorecendo a formação de metano,
logo o valor de Kc aumenta com a diminuição da temperatura;
• um aumento da pressão, deslocará o equilíbrio no sentido direto pois é o que conduz a uma diminuição do
número total de moléculas gasosas, favorecendo a formação de metano;
• a utilização de excesso de dióxido de carbono faz deslocar o equilíbrio no sentido direto, uma vez que a
adição de um reagente desloca o equilíbrio no sentido de o consumir parcialmente, assim é possível obter
uma maior quantidade de metano.
EXEMPLO
Em 1904, Fritz Haber conseguiu produzir amoníaco (NH3) à escala laboratorial, por combinação direta de
nitrogénio, N2, e hidrogénio, H2.
N2(g) + 3 H2(g) ⇌ 2 NH3(g) ∆H < 0
• Sendo uma reação exotérmica, a diminuição da temperatura favorece a formação de amoníaco, aumen-
tando a constante de equilíbrio da reação de síntese, no entanto, diminui a velocidade da reação;
• O uso de um catalisador de óxido de ferro permite otimizar o processo à temperatura de 500 ºC;
• Uma vez que a formação de amoníaco se traduz numa redução do número de moléculas gasosas, a reação
é também favorecida por um aumento de pressão - o processo de Haber-Bosch ocorre geralmente para
valores de pressão entre 2,0 × 107 Pa a 2,5 × 107 Pa, pois pressões mais elevadas tornariam o processo de-
masiado dispendioso.
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DOMÍNIO
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS
REAÇÕES ÁCIDO-BASE
SUBDOMÍNIO
4.
REAÇÕES DE OXIDAÇÃO-REDUÇÃO
SUBDOMÍNIO
5.
6.
Evolução histórica
Os ácidos e as bases começaram a desper- Lavoisier concluiu que o oxi- Ao analisar as soluções aquosas de
tar o interesse da comunidade científica a génio era o “elemento acidifi- um conjunto alargado de ácidos e de
partir de meados do século XVII com os cante” das substâncias ácidas, bases, Arrhenius concluiu que os áci-
trabalhos do químico alemão-holandês tendo sugerido que o oxigénio dos apresentavam um ião comum, H+,
Johann Rudolph Glauber. Reconheceu era o elemento comum a to- enquanto as bases apresentavam um
que os ácidos diferiam entre si pela força dos os ácidos. Acabou por anião comum, OH-. Desse modo, foi
com que o caráter ácido era manifestado e combinar duas palavras gregas possível propor uma definição para os
que os sais eram constituídos por duas oxýs + génos para formar o ácidos e bases tendo em consideração
partes, uma proveniente de um ácido e a nome oxigénio, que significa a composição química das substân-
outra de um metal ou de um óxido metá- “gerador de ácidos”. cias e o seu comportamento em água.
lico (alcali).
Johann Glauber Robert Boyle Antoine Lavoisier Humphry Davy e Pierre Dulong Svante Arrhenius Brönsted e Lowry
(1604-1670) (1627-1691) (1743-1794) (1778-1829) (1785-1838) (1859-1927) (1879-1947) (1874-1936)
Boyle enunciou, pela primeira vez, as ca- Davy e Dulong propuseram, Em 1923, Brönsted e Lowry
racterísticas de identificação de um ácido e ainda que vagamente, que apresentaram uma teoria
de uma base. Os ácidos, além do seu sabor fosse o hidrogénio o elemento mais ampla e baseada no
azedo, tinham excelente poder de solubili- acidificante, mas como nem facto da reação de ácido-
zação, apesar de corrosivos, e uma extraor- todos os hidrogénios são áci- -base envolver a transferên-
dinária capacidade para avermelhar a solu- dos, como acontece com o cia do ião hidrogénio entre
ção azul de tornesol. Por sua vez, as bases, metano (CH4), a proposta não duas substâncias.
além de serem amargas, eram escorregadias foi aceite.
ao tato, exibiam excelente poder de disso-
lução de óleos e gorduras, mudavam a cor
vermelha que o tornesol adquiria em meio
ácido para azul e podiam combinar-se com
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os ácidos, neutralizando-os.
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1 Reações ácido-base
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Segundo a teoria de ácido-base de Arrhenius:
• Um ácido é uma substância que contém hidrogénio na sua composição e se dissocia em água para
formar o ião hidrogénio, H+.
• Uma base é uma substância que contém o anião OH– na sua composição e se dissocia em água
para formar o ião hidróxido, OH–.
EXEMPLO
H2 O H2 O
H+(aq) + Cℓ–(aq)
HCℓ(g) ⎯ → Na+(aq) + OH–(aq)
NaOH(s) ⎯ →
De acordo com Arrhenius, a neutralização ocorre quando o ião hidrogénio, H+, proveniente do ácido,
e o ião hidróxido, OH–, proveniente da base, se combinam para formar a água, H2O.
H+(aq) + OH–(aq) → H2O(ℓ)
Segundo a Teoria de Brönsted e Lowry uma espécie ácida apenas doa o protão, H+, na presença de
uma base aceitadora desse protão, e vice-versa, de tal modo que as reações ácido-base são reações de
transferência de protões:
• Um ácido de Brönsted e Lowry é toda a espécie química (molecular ou iónica) capaz de ceder pro-
tões a uma outra.
• Uma base de Brönsted e Lowry é toda a espécie química capaz de captar protões.
EXEMPLO
+ +
H H
+ - - +
+ H2O(ℓ) ⇌ NH 4 (aq) + OH (aq)
NH3(aq) + H2 O(ℓ) → Cℓ (aq) + H3 O (aq)
HCℓ(g)
Base Ácido Ácido Base
(aceitador
(dador de
(dador de
(aceitador
de protões) protões) protões) de protões)
Autoionização da água
A autoionização da água é o processo pelo qual a água forma espontaneamente iões H3O+ e OH–, em
extensão reduzida, por transferência de um protão de uma molécula de água para outra.
-
H2 O(ℓ) + H2 O(ℓ) ⇌ H
3O (aq) + OH (aq) ∆H > 0
+
Ácido Base
(dador de
(aceitador
protões) de protões)
O produto iónico da água é o produto das concentrações dos iões H3O+ e OH-, a uma dada tempera-
tura. Corresponde à constante de equilíbrio da reação de autoionização da água.
Kw = [H3O+] [OH–] = 1,0 × 10–14, a 25 ºC
16
1 Reações ácido-base
De acordo com a estequiometria da autoionização da água (1:1), no caso em que a água é a única
fonte de proveniência dos iões, as concentrações dos iões H3O+ e OH– são iguais, o que permite a
determinação de cada uma delas no equilíbrio através de Kw.
_________
Kw = [H3 O ] ⇔ [H3 O ] = √
+ 2 + − 14 − 7 − 3
1,0 ×
10 = 1,0 × 10 mol dm
Em soluções aquosas de ácidos ou de bases, as concentrações de equilíbrio dos iões H3O+ e OH– são
diferentes e inversamente proporcionais, pois o seu produto continua a ser igual a Kw.
T/ºC 0 10 20 25 30 40 50 60
Kw/× 10–14 0,11 0,29 0,68 1,01 1,47 2,92 5,47 9,61
Escala de pH de Sorensen
O pH de uma solução corresponde ao simétrico do expoente da potência de base 10 da concentração
de H3O+, expressa em mol dm–3, também designada concentração hidrogeniónica:
[H3O+] = 10-pH ⇔ pH = – log [H3O+]
Quando a concentração de H3O+ aumenta o pH diminui.
Tal como acontece com a concentração de catião oxónio, a concentração do anião hidróxido pode ser
expressa por notação logarítmica através do cálculo do pOH:
pOH = – log [OH–-]
Para qualquer solução aquosa:
pKw = pH + pOH
E à temperatura de 25 ºC, obtém-se:
pH + pOH = 14,00
Partindo dos valores de pH ou pOH, é possível calcular a [H3 O ] ou [OH ] encontrando o antiloga-
+ −
[OH–] = 10–pOH
[H3O+] = 10–pH
pH pOH
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pH + pOH = 14,00
17
1 Reações ácido-base
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Na água, os catiões H3O+ e os aniões OH– apresentam a mesma concentração e um valor de pH e
pOH igual a 7,00 (a 25 ºC). Noutras soluções aquosas, quanto maior a [H3O+], menor a [OH–], menor
é o pH, maior é o pOH e mais ácida é a solução. Pelo contrário, o aumento da basicidade de uma
solução é acompanhado por um aumento da [OH–], pela diminuição da [H3O+], pela diminuição no
valor do pOH e por um aumento do valor de pH.
Assim, a 25 ºC:
pH 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
[H3O+] 1,0 10–1 10–2 10–3 10–4 10–5 10–6 10–7 10–8 10–9 10–10 10–11 10–12 10–13 10–14
Uma vez que o produto iónico da água aumenta com o aumento da temperatura, aumentando as
concentrações dos iões H3O+ e OH- em solução, o aumento da temperatura origina uma diminuição
no valor do pH da água, embora esta continue neutra, uma vez que as concentrações dos iões H3O+
e OH- permanecem iguais entre si.
Dissociação e Ionização
Dissociação Ionização
É o processo que ocorre quando uma substância iónica, É a reação de uma substância molecular (ácido ou base)
um sal ou uma base de Arrhenius se dissolve em água, com a água da qual resulta a formação de iões por transfe-
quebrando a sua estrutura cristalina e se separa em rência de protões.
catiões e aniões individuais rodeados por moléculas de
água.
Exemplos: Exemplos:
H2 O(ℓ)
NaCℓ(s) ⎯ → Na (aq) + Cℓ (aq) HCℓ(g) + H2O(ℓ) → Cℓ–(aq) + H3O+(aq)
+ –
H2 O(ℓ)
NaOH(s) ⎯ → Na (aq) + OH (aq) CH3COOH(aq) + H2O(ℓ) ⇌ CH3COO–(aq) + H3O+(aq)
+ –
Alguns ácidos, chamados ácidos polipróticos, podem transferir mais do que um protão quando se
ionizam. É o caso de uma solução aquosa de ácido sulfúrico em que o ácido cede dois protões à água:
2− +
H2 SO4 (ℓ ) + 2 H2 O(ℓ) ⇌ SO 4 (aq) + 2 H3 O (aq)
18
1 Reações ácido-base
A base amoníaco, substância molecular, sofre ionização quando dissolvida em água, formando os
iões amónio e hidróxido:
Par conjugado ácido-base
H+ ácido 2 H+ base 2
As duas espécies que na reação química estão relacionadas pela perda e ganho de um protão consti-
tuem um par conjugado ácido-base. No caso do exemplo anterior, os pares conjugados ácido-base
envolvidos são:
+ −
NH 4 / NH3 e H2 O / OH
Note-se que na representação do par conjugado ácido-base ( HA / A )surge primeiro a forma ácida
−
−
HAe só depois a forma básica A , que resulta da primeira por perda de um protão.
Uma espécie química anfotérica é uma espécie que, segundo a teoria de Brönsted e Lowry, tanto
pode funcionar como ácido ou como base, por ter a capacidade de ceder ou captar protões, depen-
dendo do comportamento ácido-base da partícula com que reage. A água é um exemplo de uma es-
pécie anfotérica.
a = _
K
[HA]
O valor numérico de Ka é uma medida quantitativa da força do ácido.
Exemplos: HBr; H2SO4; HCℓ; HNO3 Exemplos: HCN; CH3COOH; HF; HNO2
EXEMPLO
Extensão da
Ionização do ácido Ka Força do ácido
ionização
HCℓ(g) + H2O(ℓ) → Cℓ-(aq) + H3O+(aq) Elevado Forte Muito extensa
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19
1 Reações ácido-base
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Tal como os ácidos, as bases também podem ser fortes ou fracas, conforme se dissociam ou ioni-
zam total ou parcialmente em água. Para a ionização da base genérica B, representada pela equa-
ção química:
B(aq) + H2O(ℓ) ⇌ BH+(aq) + OH–(aq)
EXEMPLO
Extensão
Dissociação/ionização da base Kb Força da base
da reação
H2O(ℓ)
NaOH(s) ⎯ →
Na+(aq) + OH–(aq) Elevado Forte Muito extensa
NH3(aq) + H2O(ℓ) ⇌ NH +4 (aq) + OH–(aq) 1,8 × 10–5 Fraca Pouco extensa
• Um ácido ou uma base são considerados fracos quando se verifica que Ka << 1 ou Kb << 1, respe-
tivamente.
• Os termos forte e fraco não estão associados à reatividade química do ácido ou da base, mas apenas
à extensão da sua ionização ou dissociação. Por exemplo, um ácido fraco também pode ter efeito
corrosivo se a sua concentração for elevada pois, nessas circunstâncias, o pH da solução pode ser
suficientemente baixo.
• As soluções de ácidos fracos têm valores de pH mais elevados do que os das soluções de ácidos
fortes de igual concentração.
Cálculo do pH de uma solução aquosa de hidróxido de sódio, NaOH, 0,136 mol dm- 3, a 25 ºC:
H2 O(ℓ)
→
NaOH(s) ⎯ Na+(aq) + OH–(aq)
Como, em água, o hidróxido de sódio é uma base forte a dissociação é total dando origem a OH– numa pro-
porção de 1:1.
n(OH–) = n(NaOH)
Assim, desprezando o efeito da autoprotólise da água, a concentração obtida de anião hidróxido para a solu-
ção diluída é numericamente igual à concentração de hidróxido de sódio nessa solução:
[OH–] = [NaOH] = 0,136 mol dm–3
pOH = – log [OH-] ⇒ pOH = – log (0,136) = 0,866
14,00 = pH + pOH ⇒ pH = 14,00 – 0,866 = 13,13
20
1 Reações ácido-base
EXEMPLO
[NH 4 ] [OH ]
+ − 2
Kb = ___________ ⇒ 1,8 × 10 = _________
− 5 x − 5 − 6
⇔ x + 1,8 × 10 x − 2,4 × 10 = 0 ⇔
2
[NH3] 0,136 − x
− 3 − 3
⇔ x = − 1,6 × 10 ∨ x = 1,5 × 10
Note-se que apenas o valor positivo tem significado, pois não existem concentrações negativas.
− − 3 − 3
[OH ] = x = 1,5 × 10 mol dm
− 14
= [H3 O ] [OH ] ⇒ [H3 O ] = ____________
+ − + 1,0 × 10 − 12
KW − 3
= 6,7 × 10
1,5 × 10
pH = − log [H3 O ] ⇒ pH = − log (6,7 × 10 ) = 11,17
+ − 12
O pH desta solução é inferior ao pH da solução de NaOH do exemplo anterior pois, apesar de possuírem a
mesma concentração, sendo o hidróxido de sódio uma base mais forte origina uma maior concentração de
anião hidróxido em solução.
Quanto mais forte é o ácido (maior Ka), mais fraca é a base conjugada (menor Kb) e vice-versa. Assim:
• A base conjugada de um ácido muito forte será muito fraca, não apresentando qualquer tendência
para reagir com a água;
• A base conjugada de um ácido muito fraco será muito forte, reagindo de forma completa com a
água, pelo que não existe em solução aquosa;
• A base conjugada de um ácido fraco será igualmente fraca, mas, dentro dos fracos, quanto mais
forte for o ácido mais fraca será a base conjugada.
4
anião de um ácido fraco
HCO −3 (aq) + H2O(ℓ) ⇌ H2CO3(aq) + OH–(aq) Básico, se Ka < Kb
21
1 Reações ácido-base
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EXEMPLO
• KBr, NaCℓO4 e Ca(NO3)2 são exemplos de sais que originam soluções aquosas neutras.
• NH4Cℓ, NH4Br e N2H5Cℓ são exemplos de sais que originam soluções aquosas ácidas.
• NaNO2, Ca(CH3COO)2 e KF são exemplos de sais que originam soluções aquosas básicas.
• NH4F, NH4CH3COO ou NH4NO2 são exemplos de sais em que o catião é um ácido conjugado de uma base
fraca e o anião é uma base conjugada de um ácido fraco, pelo que ambos reagem com a água dependendo
o caráter ácido ou base da extensão dessas reações.
Reações ácido-base
Da reação, em meio aquoso, entre um ácido e uma base, em proporções estequiométricas obtém-se
um sal e água (no caso de se tratar de uma base de Arrhenius).
EXEMPLO
A neutralização corresponde à reação entre os iões H3O+ e OH- durante uma reação ácido-base.
Quando se misturam quantidades estequiométricas de uma solução aquosa de um ácido forte com
uma solução aquosa de uma base forte obtém-se uma solução aquosa neutra de um sal e água, logo
pH = 7, a 25 ºC.
Das reações de neutralização entre ácidos e bases de forças diferentes, em condições estequiométri-
cas, resultam soluções aquosas de sais com pH diferente de 7, a 25 ºC:
Reação ácido fraco – base forte Reação ácido forte – base fraca Reação ácido fraco - base fraca
– ocorre a neutralização com – o corre a neutralização com – o corre a neutralização com
formação de H2O; formação de H2O; formação de H2O;
– forma-se uma solução aquosa de – forma-se uma solução aquosa de – forma-se uma solução aquosa de
um sal com carácter básico. um sal com carácter ácido. um sal, que poderá ser ácida,
básica ou neutra.
Uma titulação ácido-base é um procedimento de análise química que permite determinar a concen-
tração desconhecida de um ácido (ou base) em solução através da reação de neutralização com outra
solução de uma base (ou ácido) e cuja concentração é rigorosamente conhecida. A solução de con-
centração conhecida, que é adicionada em pequenos incrementos a partir da bureta, designa-se titu-
lante e a solução à qual se adiciona o titulante e que está contida num balão de Erlenmeyer, designa-
-se titulado.
O ponto de equivalência, numa titulação ácido-base, atinge-se quando as quantidades de ácido e base
estão nas proporções estequiométricas da reação de neutralização, evidenciadas pela respetiva equa-
ção química. Numa titulação ácido forte - base forte corresponde a pH = 7, a 25 ºC.
22
1 Reações ácido-base
O ponto final de uma titulação é o ponto de interrupção de uma titulação ácido-base e que é assina-
lado pela mudança brusca de cor do indicador. Em geral, difere do ponto de equivalência, mas é
imperativo que sejam tão próximos quanto possível. Um indicador ácido-base é um indicador colo-
rimétrico constituído por um ácido fraco ou uma base fraca em que o par conjugado ácido-base
apresenta cor diferente.
par conjugado
Tipo de
ácido forte – base fraca ácido forte – base forte ácido fraco – base forte
titulação
pH no ponto
de <7 =7 >7
equivalência
Entidade que
origina o pH ácido conjugado base conjugada do
autoionização da água
no ponto de da base fraca ácido fraco
equivalência
pH
pH pH
13 13 13 Ponto de
equivalência
Ponto de
equivalência
Exemplo de
7 7 7
curva de Ponto de
titulação equivalência
1 1 1
0 5 10 0 5 10 0 5 10
Vtitulante / mL Vtitulante / mL Vtitulante / mL
EXEMPLO
Para titular 20 cm3 de uma solução de um ácido forte genérico HA, consumiu-se 25 cm3 de uma solução
padrão de hidróxido de sódio, NaOH, 0,096 mol dm- 3.
Para determinar a concentração desconhecida do ácido HA na solução aquosa inicial deve-se:
1.° Escrever as equações químicas que traduzem a ionização do ácido HA, a dissociação do NaOH e a reação
de neutralização:
HA(ℓ) + H2O(ℓ) → H3O+(aq) + A–(aq) H3O+(aq) + OH–(aq) → 2 H2O(ℓ)
NaOH(s) → Na+(aq) + OH–(aq)
23
1 Reações ácido-base
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3.° Calcular a quantidade de matéria de OH–:
n(OH–) = n(NaOH) = 2,4 × 10–3 mol
4.° C
alcular a concentração de HA na solução aquosa inicial:
n (HA) ___________
− 3
[HA] = ______
2,4 × 10
n(H3O+) = n(OH–) = 2,4 × 10–3 mol =
− 3
⇔
V 20 × 10
- 3
n(HA) = n(H3O+) = 2,4 × 10–3 mol ⇔ [HA] = 0,12 mol dm
A chuva normal apresenta um valor de pH de cerca de 5,6, devido à dissolução do dióxido de carbono
presente na atmosfera, que origina ácido carbónico em água.
CO2(g) + H2O(ℓ) ⇌ H2CO3(aq)
O ácido carbónico é um ácido fraco que se ioniza parcialmente em água, provocando o aumento da
concentração de H3O+ na água da chuva.
H2CO3(aq) + H2O(ℓ) ⇌ HCO −3 (aq) + H3O+(aq)
A reação global é traduzida pela equação:
CO2(g) + 2 H2O(ℓ) ⇌ HCO −3 (aq) + H3O+(aq)
A chuva ácida é caracterizada por apresentar um valor de pH inferior a 5,0, devido à presença de
poluentes antropogénicos na atmosfera.
Os principais poluentes, de origem natural ou antropogénica, responsáveis pela chuva ácida são os
óxidos de nitrogénio (NO e NO2), que dão origem ao ácido nítrico, e os óxidos de enxofre (SO2 e SO3),
que dão origem ao ácido sulfúrico, ácidos fortes que se ionizam completamente em água aumen-
tando a concentração de catiões oxónio.
• utilizando conversores catalíticos nos gases de • instalando filtros nas chaminés das indústrias e
escape dos veículos motorizados, que convertem centrais produtoras de energia, humedecidos com
cerca de 90% dos gases nocivos libertados a gases substâncias alcalinas que fazem a retenção química
menos prejudiciais através de reações químicas dos gases prejudiciais emitidos:
catalisadas por metais:
CaO(s) + SO2(g) → CaSO3(s)
CO(g) + __
1 O2(g) → CO2(g)
2 Ca(OH)2(s) + SO2(g) → CaSO3(s) + H2O(ℓ)
2 NO2(g) → N2(g) + 2 O2(g) CaCO3(s) + SO2(g) → CaSO3(s) + CO2(g)
24
DOMÍNIO
REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS
REAÇÕES ÁCIDO-BASE
SUBDOMÍNIO
7.
REAÇÕES DE OXIDAÇÃO-REDUÇÃO
SUBDOMÍNIO
8.
9.
Oxidantes e redutores
Inicialmente, o termo oxidação significava “combinação com o oxigénio” e o termo redução signifi-
cava “remoção do oxigénio”. Após a descoberta dos eletrões, concluiu-se que o que está em causa é a
perda e o ganho de eletrões. Assim:
• a oxidação corresponde a um processo no qual uma espécie química cede eletrões;
• a redução corresponde a um processo no qual uma espécie química ganha eletrões.
Uma oxidação é sempre acompanhada de uma redução, uma vez que uma espécie química só pode
captar eletrões se existir outra que os ceda. Por isso, uma reação de oxidação-redução ou, mais sim-
plesmente, reação redox, pode ser definida como uma reação de transferência de eletrões de uma
espécie para outra.
EXEMPLO
Redução
Reação entre o zinco e o cloro com formação
de cloreto de zinco. reduzido a
Pares de oxidação-redução:
(Cℓ2/Cℓ–) e (Zn2+/Zn). Zn(s) + C’2(g) Zn2+(aq) + 2 C’–(aq)
Semiequação de redução:
Cℓ2(g) + 2 e– → 2 Cℓ–(aq) oxidado a
Semiequação de oxidação:
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25
2 Reações de oxidação-redução
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A semiequação de oxidação e a semiequação de redução apresentam, de forma explícita, os eletrões
envolvidos. As semirreações ocorrem em simultâneo durante o processo e a sua soma é igual à rea-
ção global.
Cada uma das semiequações evidencia também um par conjugado de oxidação-redução, represen-
tado na forma oxidante/redutor.
Números de oxidação
O estado de oxidação é uma medida do grau de oxidação de um átomo de um elemento químico
numa substância, quantificado pelo número de oxidação desse átomo na referida substância.
O número de oxidação (n.o) é um número inteiro, positivo ou negativo, atribuído a um elemento de
uma molécula ou ião e que representa a carga que o átomo desse elemento teria se os seus eletrões
compartilhados fossem atribuídos ao átomo que os atrai mais fortemente.
1.
Para os elementos do grupo 1, excetuando o hidrogénio:
n.o. = + 1, em todas as substâncias compostas
2. Para os elementos do grupo 2: n.o. = + 2, em todas as substâncias compostas
3. Para os elementos do grupo 17 (à exceção do flúor):
n.o. = - 1, em todas as substâncias compostas, com exceção dos compostos onde se combinam com o oxigénio
ou com outros halogéneos de número atómico inferior
4. Para o flúor: n.o. = - 1, em todas as substâncias compostas
5. Para o hidrogénio:
n.o. = - 1, em combinação com metais e boro, formando hidretos
n.o. = + 1, nas restantes substâncias compostas
6. Para o oxigénio:
n.o. = - 1, nos peróxidos
n.o. = - 2, nas restantes substâncias compostas, com exceção dos compostos onde se combina com flúor
26
2 Reações de oxidação-redução
EXEMPLO
oxidado a
Oxidação
Série eletroquímica
Para que uma reação de oxidação-redução ocorra com uma extensão apreciável terão que estar presen-
tes, entre os reagentes, o redutor mais forte e o oxidante mais forte de dois pares oxidante/redutor.
EXEMPLO
oxidado a
Oxidação
Conclui-se que:
• O catião Cu2+ é um oxidante mais forte do que o catião Mg2+, ou seja, o catião Cu2+ aceita mais facilmente
eletrões que o catião Mg2+.
• O Mg é um redutor mais forte do que o Cu, o que significa que o magnésio cede mais facilmente eletrões
do que o cobre.
Colocando fio de cobre numa solução de cloreto de magnésio, não se observam alterações - não ocorre reação.
Conclui-se que:
- O oxidante Mg2+ não tem força suficiente para oxidar espontaneamente o Cu.
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27
2 Reações de oxidação-redução
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A série eletroquímica é uma tabela onde se encontram ordenadas diversas espécies químicas em
função do seu poder oxidante/redutor. É um instrumento útil pois permite prever se uma determi-
nada reação de oxidação-redução ocorre de forma espontânea sem ser necessário proceder à sua ob-
servação experimental.
2e– + Sn2+ Sn
Quanto maior o
2e– + Pb2+ Pb
poder oxidante
menor é o poder
redutor do seu 2e– + 2 H+ H2
conjugado e
vice-versa.
2e– + Cu2+ Cu
As setas coloridas sobre o extrato da série eletroquímica indicam o sentido em que se prevê a ocor-
rência espontânea da reação de oxidação-redução. Por exemplo, o estanho, Sn, sofrerá oxidação na
presença do catião cobre, Cu2+, que, simultaneamente, sofrerá redução.
Reação ácido-metal
Uma reação ácido-metal, é uma reação de oxidação-redução, em que o agente redutor é o metal e o
agente oxidante é o ião hidrogénio, H+, proveniente do ácido. Quando um metal é oxidado pelo H+,
há libertação de hidrogénio, H2.
A série eletroquímica permite identificar os elementos metálicos que podem ser oxidados pelo ião
H+ de um ácido. Apenas os metais que exibem um poder redutor superior ao do H2 são capazes de
reagir espontaneamente com os ácidos, reduzindo o H+ a H2 ao mesmo tempo que são oxidados ao
respetivo catião metálico.
Reatividade aumenta
Au < Hg < Ag < Cu < H2 < Pb < Sn < Ni < Fe < Cr < Zn < Aℓ < Mg < Na < Ca < K < Li
28
2 Reações de oxidação-redução
EXEMPLO
Mergulhando um fio de cobre e uma fita de magnésio em dois tubos de ensaio diferentes, contendo cada
um uma solução aquosa de ácido clorídrico, verifica-se que apenas o magnésio reage com o ácido. Além da
corrosão do magnésio, que provoca o seu consumo, observa-se a formação de pequenas bolhas de hidrogé-
nio à superfície da fita.
Redução
reduzido a
Mg(s) + 2 H+(aq) Mg2+(aq) + H2(g)
n.o. (0) (+1) (+2) (0)
Agente Agente
redutor oxidante
oxidado a
Oxidação
Corrosão de metais
A oxidação dos metais, pela ação conjunta de diversas substâncias existentes no meio ambiente, é
vulgarmente conhecida por corrosão. Conforme se pode constatar através da série eletroquímica, são
poucos os metais que escapam à forte ação oxidante do oxigénio, a segunda substância mais abun-
dante na atmosfera terrestre. Além disso, como são vários os metais com um poder redutor superior
ao hidrogénio, também a chuva ácida favorece a corrosão dos metais, causando prejuízos incalculá-
veis em muitas estruturas metálicas.
EXEMPLO
A corrosão (enferrujamento) do ferro e das suas ligas é uma transformação química que depende das condi-
ções ambientais e que culmina na formação de um composto iónico com coloração castanho-avermelhado,
o óxido de ferro(III) hidratado, vulgarmente designado de ferrugem.
A formação de ferrugem só ocorre na presença do ar em meios húmidos, podendo ainda ser favorecida em
meios ácidos.
A equação química global que pode, de forma muito simplificada, representar a corrosão do ferro evidencia
o processo de oxidação-redução que ocorre:
Redução
reduzido a
oxidado a
Oxidação
Exemplo: Ferro em banho de ouro. Exemplo: Alumínio anodizado. Exemplo: Ferro coberto com zinco.
29
DOMÍNIO
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REAÇÕES EM SISTEMAS AQUOSOS
REAÇÕES ÁCIDO-BASE
SUBDOMÍNIO
10.
REAÇÕES DE OXIDAÇÃO-REDUÇÃO
SUBDOMÍNIO
11.
12.
A água do mar é salgada devido à quantidade relativamente elevada de sais minerais dissolvidos
(mais de 3%), em especial cloreto de sódio.
Além do cloreto de sódio, os principais sais dissolvidos na água do mar são o cloreto de magnésio, o
sulfato de magnésio, o sulfato de cálcio e o cloreto de potássio.
Chama-se salinidade à massa de resíduo seco, expressa em gramas por quilograma de água do mar.
Nos oceanos é aproximadamente igual a 35 g kg–1, o que significa que existem cerca de 35 g de sais
dissolvidos por cada kg de água do mar.
Os principais gases dissolvidos na água do mar são o oxigénio e o dióxido de carbono. Embora o ni-
trogénio seja o gás mais abundante na atmosfera, a quantidade dissolvida na água do mar é muito
reduzida porque é pouco solúvel em água.
A solubilidade do dióxido de carbono em água é superior à da generalidade dos gases pelo facto de
reagir quimicamente com a água de acordo com a equação química seguinte:
CO2(aq) + 2 H2O(ℓ) ⇌ HCO −3 (aq) + H3O+(aq)
ou
H2CO3(aq) + H2O(ℓ) ⇌ HCO −3 (aq) + H3O+(aq)
Processo de dissolução
O processo de dissolução corresponde à mistura espontânea de duas substâncias distribuídas por
duas fases distintas, o soluto e o solvente, com a formação de uma fase única homogénea, a solução.
30
3 Soluções e equilíbrio de solubilidade
A solvatação é o processo pelo qual um ião ou uma molécula fica rodeado por moléculas de solvente,
em consequência do estabelecimento de novas interações soluto-solvente, suficientemente fortes e
estabilizadoras, que mantêm as partículas do soluto afastadas. Quando o solvente é a água, a solvata-
ção é também designada por hidratação.
Para tornar mais rápida a dissolução de um sólido num líquido deve proceder-se:
– à redução previa do tamanho das partículas do sólido (o ideal é que esteja em pó);
– à agitação da solução (para facilitar a dispersão do soluto por toda a solução).
É possível obter uma solução sobressaturada quando uma solução saturada sob certas condições é
colocada a uma diferente temperatura na qual o soluto é menos solúvel, sem que ocorra a sua preci-
pitação imediata, retendo assim mais soluto do que reteria se a solução fosse originalmente prepa-
rada a essa temperatura.
Chama-se solubilidade, S, à quantidade de uma substância que se dissolve numa dada quantidade
de solvente, a uma dada temperatura e pressão. Pode exprimir-se como concentração ou em massa
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31
3 Soluções e equilíbrio de solubilidade
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Tendo em conta a sua solubilidade, os sais podem dividir-se em:
• solúveis, quando têm uma solubilidade em água, a 25 ºC, igual ou superior a 0,1 mol dm–3;
• pouco solúveis, quando têm uma solubilidade em água, a 25 ºC, inferior a 0,1 mol dm–3.
2-
Anião sulfato, SO 4 Sulfatos diversos: de cálcio, CaSO4; de
estrôncio, SrSO4; de bário, BaSO4; de
chumbo(II), PbSO4; de prata, Ag2SO4, e de
dimercúrio(I), Hg2SO4
Aniões nitrato, NO -3 , clorato, CℓO -3 , perclorato, CℓO -4 , e acetato, CH3COO- Perclorato de potássio, KCℓO4, acetato de
dimercúrio(I), Hg2(CH3COO)2
100
S / * 10–3 mol dm–3
CH4
S / g de sal em 100 cm3 de H2O
3
NO
80 Na 2,0
O2
2
3)
O
2
7
C’
O
(N
r2
Pb
Ca
KN
2C
60
K
CO
KC’ 1,0
40 NaC’
’O
3
He
20 KC
Ce2(SO4)3
0
0 20 40 60 80 100 0 10 20 30 40 50
T / ºC T / ºC
Efeito da temperatura na solubilidade em água de alguns sais (A) e de compostos gasosos (B).
32
3 Soluções e equilíbrio de solubilidade
Para uma determinada temperatura, quando se adiciona a 100 g de água uma quantidade de soluto:
• igual ao valor da curva de solubilidade, a solução resultante fica saturada (a concentração é igual à
solubilidade), obtendo-se uma mistura homogénea;
• inferior ao valor da curva de solubilidade, a solução resultante estará não saturada e a mistura é
igualmente homogénea;
• superior ao valor da curva de solubilidade, a solução resultante fica saturada (a concentração é igual
à solubilidade) com sólido em suspensão, obtendo-se uma mistura heterogénea.
O equilíbrio de solubilidade é um equilíbrio químico que se estabelece entre um sal e uma sua solu-
ção saturada. É um equilíbrio químico heterogéneo em que se distinguem duas fases: a fase sólida
do sal e a fase líquida da solução.
Este equilíbrio é atingido quando as velocidades de precipitação e de dissolução do sólido se tornam
iguais:
A concentração de um
Velocidade
t Tempo
EXEMPLO
O valor de Kps é constante para cada substância, para uma dada temperatura e para um dado sol-
vente.
Recorrendo a uma tabela “iVe” com a equação química que traduz o equilíbrio de solubilidade de um
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sal, pode estabelecer-se a relação entre as concentrações de equilíbrio e as iniciais para todas as espé-
cies envolvidas no equilíbrio de solubilidade.
33
3 Soluções e equilíbrio de solubilidade
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EXEMPLO
inicial constante 0 0
Variação ———— +S +2 S
equilíbrio constante S 2S
Reações de precipitação
No contexto da solubilidade, o quociente da reação permite averiguar se uma dada solução está ou
não saturada e, além disso, determinar se, nas condições consideradas, haverá formação de um pre-
cipitado. Assim:
• Se Q < Kps → solução não saturada ⇒ não há formação de precipitado
• Se Q = Kps → solução saturada
• Se Q > Kps → solução sobressaturada ⇒ A remoção dos iões da solução é assegurada pela preci-
pitação do composto iónico.
Uma situação comum, que envolve o estudo das reações de precipitação, surge quando se misturam
duas soluções de sais solúveis. Nessa situação poderá suceder que alguns dos iões em solução rea-
jam entre si com a formação de um composto iónico de baixa solubilidade – precipitado.
EXEMPLO
O nitrato de chumbo e o iodeto de potássio são sais bastante solúveis. Como resultado da dissolução, pas-
sam a existir em solução aquosa apenas os iões hidratados desses sais.
Pb(NO3)2(s) → Pb2+(aq) + 2 NO −3 (aq)
KI(s) → K+(aq) + I–(aq)
Para certas condições experimentais, a mistura das duas soluções aquosas forma um precipitado de iodeto
de chumbo, PbI2, sal pouco solúvel. A reação de equilíbrio químico que traduz o equilíbrio de solubilidade
do iodeto de chumbo pode ser descrita pela equação química seguinte:
PbI2(s) ⇌ Pb2+(aq) + 2 I–(aq)
Assim, haverá formação de precipitado se as concentrações dos iões Pb2+ e I– em solução forem tais que:
Q = [Pb2+] [I–]2 > Kps(PbI2)
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3 Soluções e equilíbrio de solubilidade
Além da temperatura, há outras condições que podem afetar a dissolução de um sal e o valor da so-
lubilidade desse sal em água, a uma dada temperatura, sem que a constante de produto de solubili-
dade seja alterada. O Princípio de Le Châtelier permite uma análise qualitativa desses efeitos, uma
vez que se trata de alterações a um equilíbrio químico.
• Efeito do ião comum: origina a diminuição da solubilidade do composto uma vez que, tendo em
conta o Princípio de Le Châtelier, o aumento da concentração de um dos iões em solução faz o equi-
líbrio evoluir no sentido da diminuição da concentração desse ião, isto é, no sentido da precipitação.
EXEMPLO
Se uma solução de BaSO4 for preparada numa solução de sulfato de potássio, K2SO4 (sal bastante solúvel,
que provoca o aumento da concentração de K+ e SO 4 em solução), o anião sulfato participa no equilíbrio de
2−
solubilidade dos dois sais (efeito do ião comum). O aumento da sua concentração em solução de acordo com
o Princípio de Le Châtelier, faz deslocar o equilíbrio de dissociação do sal BaSO4 no sentido inverso, de
forma a contrariar a perturbação, diminuindo a solubilidade do composto comparativamente à sua solubili-
dade em água.
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3 Soluções e equilíbrio de solubilidade
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3.5 DESMINERALIZAÇÃO DE ÁGUAS
A dureza total de uma água corresponde à soma das durezas temporária e permanente da água e
equivale à concentração total de catiões Ca2+ e Mg2+ presentes na água.
Atendendo à sua dureza, as águas podem ser classificadas como macias, moderadamente duras,
duras ou muito duras:
Para minimizar a dureza de uma água é possível recorrer a processos como sistemas de permuta
iónica, adição de agentes precipitantes e aditivos anticalcário.
Além dos iões metálicos, como Ca2+ e Mg2+, que provocam a dureza da água, muitos outros poluen-
tes são encontrados nas águas residuais, quer municipais quer das empresas, nomeadamente iões
fosfato e iões de metais pesados, que podem ser removidos recorrendo a reações de precipitação.
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