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FACULDADE ÚNICA

DE IPATINGA

1
Gleysson Morais Andrade

Especialista em Ensino de Física pela Faculdade Única de Ipatinga (2021). Possui


graduação em Engenharia Mecânica pelo Centro Universitário do Leste de Minas Gerais
(2018) e Licenciado em Física pela Faculdade Única de Ipatinga (FUNIP). Possui experiência
como Professor na educação básica e na educação superior, atuando no curso de
Licenciatura em Física e Engenharia Mecânica. Além dessa obra, “Mecânica dos Sólidos”,
também redigiu “Termodinâmica” para os cursos de Física e Engenharia da Faculdade
Única de Ipatinga.

MECÂNICA DOS SÓLIDOS I

1ª edição
Ipatinga – MG
2022

2
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL

Diretor Geral: Valdir Henrique Valério


Diretor Executivo: William José Ferreira
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos
Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira
Revisão Gramatical e Ortográfica: Naiana Leme Camoleze
Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luiza Mendes Leite
Fernanda Cristine Barbosa
Guilherme Prado Salles
Lívia Batista Rodrigues
Design: Bárbara Carla Amorim O. Silva
Élen Cristina Teixeira Oliveira
Maria Eliza Perboyre Campos

© 2021, Faculdade Única.

Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autorização
escrita do Editor.

Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.

NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA


Rua Salermo, 299
Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG
Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300
www.faculdadeunica.com.br

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Menu de Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles
são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um
com uma função específica, mostradas a seguir:

São sugestões de links para vídeos, documentos


científicos (artigos, monografias, dissertações e teses),
sites ou links das Bibliotecas Virtuais (Minha Biblioteca e
Biblioteca Pearson) relacionados com o conteúdo
abordado.
Trata-se dos conceitos, definições ou afirmações
importantes nas quais você deve ter um maior grau de
atenção!

São exercícios de fixação do conteúdo abordado em


cada unidade do livro.

São para o esclarecimento do significado de


determinados termos/palavras mostradas ao longo do
livro.
Este espaço é destinado para a reflexão sobre
questões citadas em cada unidade, associando-o a
suas ações, seja no ambiente profissional ou em seu
cotidiano.

4
SUMÁRIO

UNIDADE MECÂNICA GERAL .................................................................................... 8

01
1.1 VETORES...................................................................................................................... 8
1.2 OPERAÇÕES COM VETORES ............................................................................... 9
1.3 INTRODUÇÃO À MECÂNICA............................................................................. 10
1.3.1 A Primeira Lei de Newton (Lei Da Inércia)................................................11
1.3.2 Definição de Força .........................................................................................12
1.3.3 A Segunda Lei de Newton............................................................................13
1.3.4 Força Gravitacional (𝐅𝐠) E Força Peso. .....................................................13
1.4 CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO EM ESTÁTICA DOS SÓLIDOS............................... 14
1.5 PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DE UMA ÁREA ................................................ 18
1.5.1 Centroide de uma Área ................................................................................18
1.5.2 Áreas Compostas ............................................................................................19
1.5.3 Exemplo Resolvido ..........................................................................................19
1.5.4 Momento de Inércia de uma Área ............................................................21
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 23

UNIDADE ESTUDO DAS TENSÕES ............................................................................. 28

02
2.1 FORÇA VERSUS TENSÃO .................................................................................... 28
2.2 TENSÕES NORMAIS (𝛔) ...................................................................................... 37
2.3 TENSÕES DE CISALHAMENTO (𝛕)....................................................................... 40
2.4 TENSÕES DE ESMAGAMENTO ............................................................................ 44
2.5 TENSÃO ÚLTIMA – TENSÃO ADMISSÍVEL – FATOR DE SEGURANÇA ................ 45
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 49

UNIDADE TENSÃO X DEFORMAÇÃO ...................................................................... 55

03
3.1 INTRODUÇÃO À DEFORMAÇÃO ....................................................................... 55
3.2 DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO ............................................................ 57
3.3 MÉTODO DA DEFORMAÇÃO RESIDUAL ............................................................ 63
3.4 FRAGILIDADE VS DUCTILIDADE ......................................................................... 64
3.5 LEI DE HOOKE ..................................................................................................... 65
3.6 COEFICIENTE DE POISSON ................................................................................ 67
3.7 TENSÃO – DEFORMAÇÃO DE CISALHAMENTO ................................................ 68
3.8 FALHA POR FLUÊNCIA E FADIGA ...................................................................... 70
3.9 PRINCÍPIO DE SAINT-VENANT ........................................................................... 73
3.10 DEFORMAÇÃO ELÁSTICA EM BARRAS SUJEITA A CARREGAMENTO AXIAL .. 75
3.11 BARRA SUBMETIDA A CARREGAMENTO ESTATICAMENTE INDETERMINADO.. 77
3.12 CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO EM ESFORÇOS AXIAIS .................................... 79
3.12.1 Exemplo Resolvido: ..........................................................................................81
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 83

ESTUDO DA TORÇÃO PURA .................................................................... 88


UNIDADE

04
4.1 INTRODUÇÃO À TORÇÃO ................................................................................. 88
4.2 ÂNGULO DE TORÇÃO (𝛉), DISTRIBUIÇÃO DE TENSÃO E DEFORMAÇÃO NA
SECÇÃO. ............................................................................................................ 89
4.3 A FÓRMULA DA TENSÃO DE CISALHAMENTO NA TORÇÃO............................ 91
4.4 TENSÃO DE CISALHAMENTO NA TORÇÃO (EXEMPLO RESOLVIDO) ............... 93
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................... 96

5
UNIDADE ESTUDO DA FLEXÃO PURA .................................................................... 101

05
5.1 INTRODUÇÃO À FLEXÃO ................................................................................. 101
5.2 CONVENÇÃO DE SINAIS NA ANÁLISE DE FLEXÃO EM VIGAS ...................... 104
5.3 CÁLCULO DE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR (EXEMPLO RESOLVIDO
I) ........................................................................................................................ 105
5.4 CÁLCULO DE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR (EXEMPLO RESOLVIDO
II) ....................................................................................................................... 111
5.5 TENSÃO E DEFORMAÇÃO NA FLEXÃO. .......................................................... 117
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................. 120

UNIDADE PROJETO DE VIGAS E EIXOS ................................................................. 125

06
6.1 DIMENSIONAMENTO DE EIXO (EXEMPLO RESOLVIDO I). .............................. 125
6.2 DIMENSIONAMENTO DE EIXO (EXEMPLO RESOLVIDO II). ............................. 126
6.3 DIMENSIONAMENTO DE VIGA (EXEMPLO RESOLVIDO III). ........................... 127
FIXANDO O CONTEÚDO .................................................................................. 133

RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO ............................................. 138

REFERÊNCIAS ......................................................................................... 139

6
CONFIRA NO LIVRO

Prezado estudante, nesta unidade você irá relembrar conceitos de


Mecânica Newtoniana, com ênfase em estática. Iremos abordar
conceitos de mecânica geral, como por exemplo, força, equações
de equilíbrio de força e momento, propriedades de figuras planas
como centroide e momento de inércia. O objetivo é prepará-lo
para a introdução nos conceitos de resistência dos materiais.

Nesta unidade iremos apresentar o estudo das tensões.


Abordaremos a tensão normal, a tensão de cisalhamento e a
tensão de esmagamento. Iremos adotar conceitos fundamentais
em projetos de máquinas e estruturas como tensão admissível,
coeficiente de segurança, dentre outros.

Nesta unidade iremos apresentar o estudo das tensões e


deformações, com ênfase em esforços axiais. Abordaremos o
diagrama de tensão x deformação, como elemento indispensável
em projetos estruturais. Estudaremos diversas propriedades dos
materiais, bem como os ensaios mecânicos. Apresentaremos o
estudo da tensão e deformação normal.

Nesta unidade iremos apresentar o estudo dos esforços de torção


pura. Abordaremos conceitos associados ao ângulo de torção e da
distribuição das tensões e deformações ao longo da secção
transversal de um eixo sujeito a um torque externo.

Nesta unidade iremos apresentar o estudo dos esforços de flexão


pura. Discutiremos os cálculos de força cortante e momento fletor
em vigas e eixos submetidos à flexão pura. Apresentaremos a
fórmula da tensão na flexão. Por fim, serão discutidos alguns
exemplos resolvidos.

Dedicamos essa unidade exclusivamente à apresentação de


cálculos de dimensionamento de vigas e eixos, sujeitos a esforços
de torção ou flexão.

7
MECÂNICA GERAL UNIDADE

VETORES
01
Um vetor é objeto matemático apresentado como um segmento de reta,
basicamente uma “seta”. Esse segmento de reta representa uma grandeza física
vetorial, pode ser a velocidade, a aceleração, a posição o deslocamento de um
móvel, um campo elétrico, qualquer grandeza vetorial. Daremos um enfoque maior
na grandeza física vetorial força (𝐹⃗ ), que estudaremos a seguir. Um vetor possui
origem e fim e é representado por uma letra minúscula. O tamanho do vetor está
relacionado com a intensidade da grandeza medida. Em uma mesma escala, o
vetor que representa a força peso de um semáforo de 3 𝑘𝑁 deverá ser menor que o
vetor que representa o peso de uma carreta de 100 𝑘𝑁.
Observe a figura 1 abaixo, onde temos o Vetor ̅̅̅̅
𝐀𝐁 ou simplesmente vetor 𝐯⃗⃗. A
origem do vetor em 𝐀, e termina em 𝐁. O seu módulo pode ser representado da
seguinte forma:

Vetor Módulo do vetor

𝐯⃗⃗ |𝐯⃗⃗|

Figura 1: Representação de um vetor no plano

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

8
OPERAÇÕES COM VETORES

Podemos somar dois ou mais vetores, subtrair dois ou mais vetores e até mesmo
multiplicar dois vetores. Também podemos multiplicar ou dividir grandezas vetoriais
por grandezas escalares. Para isso, precisamos utilizar as figuras para que consigamos
visualizar a operação.
Na figura 2 abaixo, temos três imagens com situações diferentes. Podemos
perceber que ao inverter o sentido do vetor, devemos trocar o sinal do mesmo. Ou
seja, o vetor −i⃗ representa o vetor de mesmo módulo (tamanho) na mesma direção,
porém, sentido contrário do vetor ⃗i. Também podemos perceber que a soma de dois
vetores resulta em um terceiro vetor. Ao somarmos os vetores v
⃗⃗ e u
⃗⃗ obtemos um
terceiro vetor, a⃗⃗. Neste caso em questão, a extremidade final do vetor v
⃗⃗ coincide com
a origem do vetor u
⃗⃗. Vale ressaltar que, se invertermos o sentido do vetor, então o seu
sinal também será invertido. Também é representada na figura 2 a soma entre dois
vetores ⃗j e ⃗l que possuem a mesma origem em comum, o ponto 𝐃. Neste caso,
utilizamos a regra do paralelogramo. Para isso, basta representar em linhas
pontilhadas a projeção dos vetores ⃗j e ⃗l. A partir de então, traçamos o vetor
resultante, conforme a figura 2.

Figura 2: Representação da soma de vetores

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

9
A soma dos vetores (v ⃗⃗) e (j⃗ + ⃗l) é expressa abaixo:
⃗⃗ + u

a⃗⃗ = v
⃗⃗ + u
⃗⃗ (1)

⃗⃗ = ⃗j + ⃗l
k (2)

Ao invertemos todos os vetores, obtemos a mesma relação, porém, com sinal


trocado:

−a⃗⃗ = −v
⃗⃗ − u
⃗⃗ (3)

⃗⃗ = −j⃗ − ⃗l
−k (4)

A estática é a área da mecânica que estuda a condição de equilíbrio das


partículas ou de um corpo rígido. A figura 3 a seguir apresenta as ramificações da
mecânica, por vezes, chamada de Mecânica Newtoniana.

Figura 3: Ramificações da Mecânica

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

INTRODUÇÃO À MECÂNICA

A Mecânica é dividida em três grandes áreas, são elas, a Cinemática, a


Dinâmica e a Estática. Nesta unidade, estudaremos as três leis de Newton, com
enfoque maior na segunda lei em situações em que a aceleração é igual a zero, ou
seja, na estática, bem como na terceira lei. O estudo das relações entre força e
aceleração é o que chamamos de Mecânica Newtoniana.

10
O que é força?

Um móvel que apresenta variação de velocidade está realizando um


movimento acelerado ou retardado. Dizemos que quando uma partícula recebe a
ação de uma força, ela sofre variação em sua velocidade ou, simplesmente, sofre
uma aceleração. Podemos definir força de maneira grosseira, como um puxão ou
um empurrão que aplicamos em um objeto, fazendo variar a sua velocidade, para
mais (acelerando-o) ou para menos (desacelerando-o).
Um carro quando colide em uma parede, realiza uma força sobre a parede.
Quando chutamos uma bola de futebol, fazemos variar a velocidade da bola, de
𝐳𝐞𝐫𝐨 para 𝐯⃗⃗, logo, aplicamos uma força sobre a bola.

1.3.1 A primeira Lei de Newton (Lei da Inércia)

Antes dos estudos de Isaac Newton, os cientistas acreditavam que o estado


natural de um corpo é o repouso (parado), logo, para que um corpo se
movimentasse com velocidade constante, era necessário que uma força atuasse
continuamente sobre ele. Essa ideia fazia todo sentido, pois quando observamos um
disco deslizando em uma superfície, rapidamente o disco fica em repouso. Porém, se
colocarmos esse mesmo disco em uma pista de patinação de gelo, a distância
percorrida pelo disco era muito maior, logo, se imaginarmos uma superfície em que
não existe atrito, podemos presumir que o disco nunca entraria em repouso. Isso levou
à primeira lei de Newton, enunciada abaixo:
Primeira Lei de Newton: Se nenhuma força atua sobre um corpo, sua
velocidade não pode mudar, ou seja, o corpo não pode sofrer aceleração.
Logo, um corpo em repouso tende a permanecer em repouso e se estiver em
movimento, tende a permanecer em movimento com a mesma velocidade
(módulo, direção e sentido).
No espaço sideral, por exemplo, afastado de qualquer objeto com massa,
uma partícula em movimento tende a permanecer eternamente em movimento, até
que uma força atue sobre ele.
Essa é a famosa lei da inércia. Na figura 4 abaixo, a bicicleta sofre a ação de
uma força, provocando uma aceleração (negativa). O ciclista tende a permanecer
em movimento, portanto, ele é arremessado para frente.

11
Figura 4: A Primeira Lei de Newton

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3ufxPkW. Acesso em março de 2022.

1.3.2 Definição de força

Imagine que apliquemos uma força em um corpo de massa 1 Kg em um


ambiente sem atrito, de maneira que a sua aceleração seja de 1 m⁄ 2 . Assim, foi
s
definida o Newton (N) a unidade de medida da força. Ou seja, a força necessária
para provocar aceleração de 1 m⁄ 2 em um corpo de massa igual a 1 m⁄ 2 é de 1 N,
s s
logo:
m
1 N = 1 Kg ∙ (5)
s2

Figura 5: Definição de força

Fonte: Halliday Volume 1 (2010)

Quando uma ou mais forças atua em um corpo, podemos calcular a força


resultante ou força total através de uma soma vetorial. A força é uma grandeza
vetorial, logo, ela assume todas as características de um vetor, estudadas na secção
anterior.

12
1.3.3 A Segunda Lei de Newton

A Segunda Lei de Newton: A força resultante que age sobre um corpo, é igual
ao produto da massa do corpo pela sua aceleração.

⃗⃗R = m ∙ a⃗⃗
F (6)

Eventualmente, a segunda lei pode ser expressa com a notação a seguir:

∑ ⃗F⃗ = m ∙ a⃗⃗ (7)

Em que:
F⃗⃗R → Soma vetorial de todas as forças que atuam no corpo [N]
m → Massa do corpo [Kg]
⃗⃗⃗ → Aceleração do corpo [𝑚⁄ 2 ]
a
𝑠
Caso tenhamos três dimensões (x, y e z), devemos considerar a força resultante
em cada uma dessas direções, sendo:
Na direção x: FRx = m ∙ 𝑎𝑥 ou ∑ Fx = m ∙ 𝑎𝑥
Na direção y: FRy = m ∙ 𝑎𝑦 ou ∑ Fy = m ∙ 𝑎𝑦
Na direção z: FRz = m ∙ 𝑎𝑧 ou ∑ Fz = m ∙ 𝑎𝑧

1.3.4 Força gravitacional (𝐅⃗𝐠 ) e Força Peso

A força gravitacional é a força com que a terra1 atrai os objetos em sua


superfície. O sentido dessa força é sempre vertical, para baixo, apontando para o
centro da terra. Se soltarmos um objeto de massa 𝐦 em queda livre, desprezando as
forças de resistência do ar atmosférico, como este corpo sofrerá a ação da força
gravitacional (F
⃗⃗g) então ele terá uma aceleração, que neste caso é a própria

aceleração gravitacional do planeta terra (g


⃗⃗).
Como temos apenas a força gravitacional atuando no objeto, então essa

1De acordo com a lei da Gravitação Universal de Newton, qualquer corpo que possui massa
(M), exerce uma força gravitacional (F
⃗⃗g ) sobre outro corpo qualquer de massa (m) a uma
distância d.

13
força será a força resultante, logo, pela segunda lei de Newton:

⃗⃗g = m ∙ ⃗g⃗
F (8)

CONDIÇÕES DE EQUILÍBRIO EM ESTÁTICA DOS SÓLIDOS

A estática é a área da mecânica que estuda os sistemas de corpos rígidos em


equilíbrio, ou seja, que atende duas condições principais:
O somatório algébrico das forças que atuam em um corpo deve ser nulo, pois
não há aceleração, logo:

∑ ⃗F⃗ = 0 (9)

Em situações com duas dimensões do espaço, podemos escrever:

⃗⃗x = 0
∑F (10)

∑ ⃗F⃗y = 0 (11)

Para espaços tridimensionais, podemos escrever o equilíbrio na terceira


dimensão do espaço,

∑ ⃗F⃗z = 0 (12)

Outra condição fundamental na a estática dos sólidos é o equilíbrio rotacional,


e não apenas o translacional relacionada pelas equações anteriores, logo, como
não há rotação, podemos escrever que a soma algébrica dos momentos deverá ser
nula,

14
∑ M0 = 0 (13)

O exemplo resolvido a seguir apresenta uma aplicação dos conceitos de


equilíbrio, reações de apoio, forças internas em elementos estruturais
Considere a treliça mostrada na Figura 6. Determine as forças e as reações nos
apoios, em todas as barras, em função da carga externa aplicada P.

Figura 6: Equilíbrio de força e momento em uma treliça

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3eQmwvq. Acesso em: 08 ago. 2022.

O apoio C é do tipo articulado fixo, ou seja, permite apenas a rotação da


treliça, esse apoio é denominado de 2° gênero, logo, haverá duas reações nesse
ponto, uma horizontal 𝑹𝒄(𝒙) e uma vertical 𝑹𝒄(𝒚) . Já apoio F é do tipo rolete, de 1°
gênero, e limita o movimento da treliça apenas na direção x, no ponto. Logo, haverá
apenas uma reação, 𝑹𝑭(𝒙).
A imagem abaixo apresenta o diagrama de corpo livre da treliça

Figura 7: Reações de apoio em uma treliça

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3BdPdK9. Acesso em: 08 ago. 2022.

15
Pelas condições de equilíbrio da estática:
Equilíbrio da direção 𝑥,

⃗⃗x = 0
∑F (14)

Logo,

R F(x) = R c(x) (15)

Equilíbrio da direção y,

∑ ⃗F⃗y = 0 (16)

R c(y) = P (17)

Equilíbrio de momento em um ponto arbitrário, (escolhendo o ponto 𝑐


convenientemente),

∑ Mc = 0 (18)

P ∙ (2a) − R F(x) ∙ (a) = 0 (19)

R F(x) = 2P (20)

A próxima etapa consiste em isolar a treliça, cada nó, iniciando-se


preferencialmente pelos nós próximos às reações de apoio, a fim de se obter as
relações de semelhança nos triângulos.
Isolando o nó 𝐹;

Figura 8: Nós de uma treliça

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

16
Após o desenvolvimento do diagrama de corpo livre DCL, verificamos que os
esforços internos atuam ao longo do eixo de cada barra, logo, podemos relacionar
o polígono de forças por meio de uma semelhança de triângulo, uma vez que os
ângulos internos do polígono de forças e os ângulos internos da estrutura são os
mesmos.
Podemos relacionar os esforços internos nas barras, com o comprimento
correspondente, da seguinte maneira;

R F(x) R EF
=a (21)
a ⁄2
Sendo, portanto,

R EF = 2R F(x) (22)

R EF = 2P (23)

O esforço interno na barra DF pode obtido pelo teorema de Pitágoras;

R FD = √P 2 + (2P)2 (24)

R FD = √5P (25)

Por se tratar de uma barra submetida a compressão, podemos escrever o


esforço interno na barra FD sendo −√5𝑃, em que o sinal negativo indica um esforço
axial de compressão na barra.
Seguindo o mesmo raciocínio para as demais barras, os valores obtidos estão
relacionados a seguir;

Figura 9: Esforços internos em barras de uma treliça

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3U9SfYE. Acesso em: 08 ago. 2022.

17
PROPRIEDADES GEOMÉTRICAS DE UMA ÁREA

1.5.1 Centroide de uma área

O centroide de uma área é definido como sendo o centro geométrico dessa


área. Para encontrar o centroide de uma figura plana como um retângulo ou uma
circunferência, o procedimento é geometricamente simples. Em casos em que a
forma da figura não é bem definida, as coordenadas do centroide podem ser
obtidas pelas relações abaixo:

∫A xdA ∫A ydA
x̅ = e y̅ = (26)
∫A dA ∫A dA

Os numeradores estão associados ao momento das áreas com relação aos


eixos x e y, respectivamente. Os denominadores são as áreas das figuras. A figura 10
abaixo apresenta um sistema de coordenadas cartesianas de eixos 𝑥 e 𝑦, área 𝐴 de
centóide 𝐶, em relação ao sistema de coordenada estabelecido.

Figura 10: Centroide de uma área

Fonte: Hibbeler (2010)

18
Nos casos em que a área apresenta simetria, o centroide estará exatamente
sob o eixo de simetria da figura. A figura 11 abaixo apresenta a posição do centroide
em duas áreas que são simétricas em relação ao eixo 𝑦.

Figura 11: Centroide em áreas simétricas

Fonte: Hibbeler (2010)

1.5.2 Áreas compostas

Em diversas situações, a área total de uma determinada figura pode ser


dividida em áreas menores com geometrias simples para definição do centroide.
Neste caso, basta que a área e o centroide de cada uma dessas figuras sejam
conhecidos, podemos aplicar a equação abaixo:

∑ x̅A ∑ y̅A
x̅ = e y̅ = (27)
∑A ∑A

1.5.3 Exemplo resolvido

Localizando o centroide no ponto 𝐶 da área da secção transversal de uma


viga, cujas dimensões são apresentadas abaixo:

19
Figura 12: Exemplo de cálculo de centroide em área composta

Fonte: Hibbeler (2010)

Perceba a simetria das figuras. O eixo de simetria de ambas as figuras coincide


com o eixo das ordenadas 𝑦, logo, o centóide encontra-se sobre esse eixo e,
portanto, 𝑥̅ = 0.

∑ x̅A
x̅ = =0 (28)
∑A

Para obter a coordenada 𝑦̅ do centroide da figura total, calculamos o produto


𝑦̅𝐴 de cada área separadamente e, por fim, realizamos a soma desse produto para
todas as áreas. O resultado desse somatório é divido pelo somatório das áreas. A
razão entre o somatório do produto 𝑦̅𝐴 e o somatório das áreas fornece à
coordenada 𝑦̅ do centroide em relação ao eixo de referência.

∑ y̅A (5 cm)(10 cm)(2 cm) + (11,5 cm)(3 cm)(8 cm)


y̅ = = (29)
∑A (10 cm)(2 cm) + (3 cm)(8 cm)

y̅ = 8,55 cm (30)

Logo, as coordenadas do centroide em relação ao sistema de coordenadas


cartesianas da figura 12 são (𝑥̅ = 0, 𝑦̅ = 8,55)

20
1.5.4 Momento de inércia de uma área

Para o cálculo do centroide de uma área utilizamos um momento de primeira


ordem da área em relação a um eixo de referência. Em certas situações, em
resistência dos materiais, iremos nos deparar com momentos de segunda ordem de
uma área em relação a um eixo de referência x e ou y. Denominamos esses
momentos de segunda ordem como momento de inércia, e representamos o
momento de inércia de uma elemento de área infinitesimal como 𝑑𝐼𝑥 = 𝑦 2 𝑑𝐴 e 𝑑𝐼𝑦 =
𝑥 2 𝑑𝐴, integrando essas relações, podemos encontrar o momento de inércia de toda
a área da figura em torno dos eixos 𝑥 e 𝑦, respectivamente.

Ix = ∫ y 2 dA (31)
A

Iy = ∫ x 2 dA (32)
A

𝑰𝒙 representa o momento de inércia da área A em relação ao eixo x, e 𝑰𝒚 o


momento de inércia da área 𝐴 em relação ao eixo 𝑦. A figura 13 abaixo apresenta a
área A e os eixos 𝑥 e 𝑦 como referências.

Figura 13: Momento de inércia de uma área

Fonte: Hibbeler (2010)

21
O momento polar de inércia representa o momento da área em relação ao
polo O, logo, se a relação 𝑟 2 = 𝑥 2 + 𝑦 2 é verdadeira, podemos escrever o momento
polar de inércia em temos dos momentos de inércia, sendo:

J0 = ∫ r 2 dA = Ix + Iy (33)
A

22
FIXANDO O CONTEÚDO

1. Na figura, um corpo massa m = 12232,41 g encontra-se em equilíbrio estático,


suspenso por um conjunto de três fios ideais A, B e C. Calcule as intensidades das
trações TA , TB e TC , respectivamente, nos fios A, B e C. Use sin θ = 0,6 e cos θ = 0,8.

a) TA = 120 N, TB = 0 e Tc = 60 N
b) TA = 200 N, TB = 120 N e Tc = 200N
c) TA = 120 N, TB = 160 N e Tc = 200 N
d) TA = 200 N, TB = 120 N e Tc = 160 N
e) TA = 240 N, TB = 320 N e Tc = 400 N

2. Um homem levanta uma viga de 10 kg e 10 m de comprimento puxando uma


corda. Encontre a força de tração T na corda e a reação em A. Suponha a
aceleração da gravidade igual a 9,81 m⁄ 2.
s

a) T = 245,7 N e R = 163,8 N
b) T = 81,9 N e R = 245,7 N

23
c) T = 163,8 N e R = 148 N
d) T = 81,9 N e R = 148 N
e) T = 163,8 N e R = 81,9 N

3. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). Uma carga P á aplicada a rótula C


da treliça abaixo. Determine as reações em A e B com: (a) α = 0º e (b) α = 45º. (V =
vertical, H = horizontal).

a) Para α = 0°; VA = −P; HA = P; VB = P


Para α = 45; VA = 0; HA = 0,7P; VB = 0,7P
b) Para α = 0°; VA = P; HA = P; VB = P
Para α = 45; VA = P; HA = 0,7P; VB = 0,7P
c) Para α = 0°; VA = −P; HA = −P; VB = −P
Para α = 45; VA = −P; HA = 0,7P; VB = 0,7P
d) Para α = 0°; VA = P; HA = P; VB = P
Para α = 45; VA = 0; HA = 0,7P; VB = −0,7P
e) Para α = 0°; VA = −P; HA = −P; VB = P
Para α = 45; VA = P; HA = 0,7P; VB = 0,7P

4. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). Observe-se na figura abaixo, três


cargas aplicadas a uma viga. A viga é apoiada em um rolete em A (Reação
apenas na vertical) e em uma articulação em B (uma reação de apoio na
horizontal e outra na vertical). Desprezando o peso próprio da viga, determine as
reações em A e B quando Q = 75 kN.

24
a) R A = 30 kN (↓); R B(y) = 105 kN (↓); R B(x) = 30 kN (←)
b) R A = 105 kN (↑); R B(y) = 30 kN (↑); R B(x) = 0
c) R A = 60 kN (↑); R B(y) = 210 kN (↓); R B(x) = 0
d) R A = 105 kN (↓); R B(y) = 30 kN (↑); R B(x) = 30 (→)
e) R A = 30 kN (↑); R B(y) = 105 kN (↑); R B(x) = 0

5. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). Um guindaste montado em um


caminhão é utilizado para erguer um compressor de 3 kN. O peso da lança AB e
do caminhão estão indicados na figura abaixo, e o ângulo que a lança faz com a
horizontal α é de 45º. Determine a reação em cada uma das rodas: (a) traseiras C
e dianteiras D.

a) R C = 19645 kN e R D = 25000 kN
b) R C = 26250 kN e R D = 9605 kN
c) R C = 19645 kN e R D = 9605 kN
d) R C = 9605 e R D = 19645 kN
e) R C = 26250 kN e R D = 25000 kN

25
6. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). A estrutura da figura suporta parte
do telhado de um pequeno edifício. Sabendo que a tração no cabo é de 150 kN,
determine a reação no extremo fixo E.

a) R E(y) = 400 kN (↑); R E(x) = 90 kN (←); ME = 180 kN. m (antihorário)


b) R E(y) = 150 kN (↑); R E(x) = 70 kN (→); ME = 180 kN. m (horário)
c) R E(y) = 250 kN (↑); R E(x) = 90 kN (←); ME = 180 kN. m (antihorário)
d) R E(y) = 200 kN (↑); R E(x) = 90 kN (←); ME = 180 kN. m (antihorário)
e) R E(y) = 300 kN (↓); R E(x) = 80 kN (→); ME = 180 kN. m (horário)

7. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). Uma treliça pode ser apoiada de
duas maneiras, conforme figura. Determine as reações nos apoios nos dois casos.

26
a) Caso I: R A = 5,27 kN e R B = 5,4 kN
Caso II: R A = 2,50 kN e R B = 2,06 kN
b) Caso I: R A = 6,24 kN e R B = 5,4 kN
Caso II: R A = 2,50 kN e R B = 2,06 kN
c) Caso I: R A = 6,24 kN e R B = 4,5 kN
Caso II: R A = 1,50 kN e R B = 4,5 kN
d) Caso I: R A = 3,52 kN e R B = 4,5 kN
Caso II: R A = 1,50 kN e R B = 4,27 kN
e) Caso I: R A = 4,27 kN e R B = 4,5 kN
Caso II: R A = 1,50 kN e R B = 6,02 kN

8. (Adaptada de Mecânica dos Sólidos, PUCRS). Uma empilhadeira de 2500 kgf é


utilizada para levantar uma caixa de 1200 kgf. Determine a reação em cada par
de rodas: (a) dianteiras e (b) traseiras.

a) R A = 2566 kN e R B = 1134 kN
b) R A = 1134 kN e R B = 2566 kN
c) R A = 5112 kN e R B = 2268 kN
d) R A = 1200 kN e R B = 2400 kN
e) R A = 3566 kN e R B = 1134 kN

27
ESTUDO DAS TENSÕES UNIDADE

02
A resistência dos materiais ou mecânica dos materiais é a ciência que estuda
as tensões internas atuantes nos corpos e as deformações decorrentes da aplicação
de cargas externas.
Na Física Clássica, normalmente, trabalha-se com o conceito de corpo rígido.
Por definição, um corpo rígido não se deforma quando submetido a uma carga
externa. Neste caso, não são objeto de estudo da física clássica as tensões e
deformações. Já na resistência dos materiais, essas tensões internas e as
consequentes deformações são extremamente relevantes, uma vez que o
entendimento e a compreensão destes conceitos servirão como ferramental teórico
para projeto de máquinas, projeto de construções civis, desenvolvimento de
materiais etc.

FORÇA VERSUS TENSÃO

Pela Segunda Lei de Newton podemos desenvolver um bom conceito de


força. Força é o agente capaz de promover a aceleração de um corpo. Se um corpo
está se movimentando com variação positiva ou negativa de velocidade, então ele
está sujeito à ação de uma força resultante. Neste caso, a força resultante é diferente
de zero, o corpo não está em equilíbrio estático. Todavia, ainda que o corpo esteja
em equilíbrio estático, não significa que ele esteja livre de forças. Nesta obra, por
vezes, substituiremos palavra força por carga.
As cargas externas que atuam em um corpo poderão ser de duas naturezas
distintas, são elas: forças de corpo ou força de superfície.
As forças de superfícies são forças de contato, ou seja, para que elas existam
deve ocorrer a interação física entre os corpos. Por exemplo, ao empurrarmos uma
mesa, estamos exercendo uma força de superfície. As forças de superfície podem ser
distribuídas linearmente w(s) ou podem ser idealmente concentradas em um único
ponto. A carga distribuída w é função do comprimento s, por isso, escrevemos w(s).

28
Podemos de maneira simplista, porém, eficaz, substituir a carga distribuída w(s)
por uma única força concentrada FR no centroide ou centro geométrico do corpo.
As forças de corpos são forças oriundas da presença de um campo. Por
exemplo, a força gravitacional, força essa que a terra, por meio do campo
gravitacional exerce sobre corpos massivos, é uma força de ação a distância, não
precisa de interação física. A essa força chamamos de força Peso. A força
gravitacional é matematicamente equacionada pela lei da gravitação universal de
Isaac Newton.
A força elétrica também é uma força de corpo, ou seja, uma força de ação
a distância, uma vez que, um corpo eletricamente carregado produz um campo
elétrico em sua vizinhança, de tal forma que, um outro corpo carregado na presença
deste campo elétrico é submetido a uma força elétrica. A força eletricamente foi
matematicamente equacionada pela lei de Coulomb.
A figura 14 apresenta um corpo e as diversas possibilidades de atuação de
forças externas.

Figura 14: Forças de superfície e forças de corpo

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Na figura 15 abaixo observamos uma estrutura metálica, formada por duas


barras, uma de secção circular (barra BC) e outra de seção retangular (barra AB).
Essa estrutura está fixada por meio de pinos a uma estrutura fixa na terra. Será que a
estrutura abaixo suporta o carregamento de 50 KN apresentado?

29
Figura 15: Análise de carregamento

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A estrutura representada pela figura 15 encontra-se em equilíbrio estático,


portanto, podemos assumir que cada componente dessa estrutura também se
encontra em equilíbrio.
Isolando o pino B e observando as forças externas que atuam sobre o Pino B,
podemos esboçar o diagrama de corpo livre (DCL) da estrutura, com ênfase no pino
B, que também está em equilíbrio estático. A carga externa de intensidade 50 KN
força o pino B na direção vertical sentido para baixo, para tanto, uma vez que existe
o equilíbrio estático, deve haver uma componente de força em sentido contrário.
Sob essa ótica e com os conhecimentos da estática, deduzimos que as barras AB e
BC exercem sobre o pino B forças cuja direção e sentido são apresentados na figura
16
Figura 16: Diagrama de corpo livre representando o pino B e o polígono de forças atuante

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

30
Para responder à pergunta capital do nosso problema, devemos identificar
qual a intensidade das forças FBC e FAB , pois a partir delas, encontraremos as tensões
atuantes em ambas as barras.
Podemos analisar o problema acima sob duas perspectivas. A primeira,
aplicando a semelhança de triângulo no nosso polígono de forças. Dizemos que a
carga de 50 KN está para 2,5 m assim como FAB está para 3,0 m, assim como FBC está

para √32 + 2,52 , logo:

50 KN FAB FBC
= = (34)
2,5 m 3,0 m (√32 + 2,52 ) m

Logo:

FAB = 60KN e FBC ≅ 78,1 KN (35)

A segunda possibilidade de análise é a partir da decomposição do vetor força


FBC em suas componentes ortogonais, é apresentada na figura 17 abaixo.

Figura 17: Decomposição em componentes ortogonais

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Do equilíbrio estático podemos assumir que o somatório das forças em todas


direções do espaço devem ser nulas. Como estamos trabalhando com uma situação

31
problema bidimensional (em duas dimensões), portanto, com vetores de forças
coplanares, podemos escrever as expressões abaixo:

∑ FY = 0 (36)

Logo:

FBCY − 50 = 0 (37)

FBCY = 50 KN (38)

FBC ∙ sin θ = 50 KN (39)

50 KN
FBC = (40)
sin θ

Voltando à figura 16, verificamos que:

2,5
sin θ = (41)
√32 + 2,52

Logo:

√32 + 2,52
FBC = 50 ∙ (42)
2,5

𝐅𝐁𝐂 ≅ 𝟕𝟖, 𝟏𝐊𝐍 (43)

De maneira análoga, para a direção 𝑋, temos:

∑ FX = 0 (44)

FAB − FBCX = 0 (45)

FAB = FBCX = FBC ∙ cos θ (46)

3
FAB = 78,1KN ∙ (47)
√32 + 2,52

FAB = 60 KN (48)

Obtemos, então, por meio da análise estática da estrutura, que a força


atuante na barra BC é de 78,1 KN e a força atuante na barra AB é de 60 KN. A priori,
não podemos determinar se a estrutura será capaz de suportar a carga vertical de

32
50 KN apenas com o cálculo das forças internas atuantes em ambas as barras.
Perceba também, que a ruptura ou não das barras, não está condicionada apenas
às cargas atuantes, mas, também à área da secção transversal, bem como as
características mecânicas do material em que as barras foram construídas. Quanto
maio a área de secção transversal, maior será a carga necessária levar a barra a sua
ruptura. Quanto maior a resistência mecânica da barra, maior será também a carga
necessária para romper a barra. A força interna que encontramos para as barras AB
e BC representam a resultante das forças elementares atuantes ao longo de toda a
secção transversal da barra.
Imagine um corte na barra BC, seccionando-a no ponto Z, conforme
esboçado na figura 18 abaixo.

Figura 18: Seccionamento da barra BC

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A barra BC encontra-se em equilíbrio estático, logo, as suas partes formadas


pelas barras CZ e BZ, obrigatoriamente, devem estar em equilíbrio e, para tal, o ponto
Z é submetido a um esforço de tração. Concluímos então que, a barra BC está
submetida a um esforço de tração. Da mesma forma, perceba que a barra AB
exerce esforço sobre o pino B, logo, o pino B realiza compressão sobre a barra AB,
portando, a barra AB está submetida a um esforço de compressão.

33
Figura 19: Esforço de tração x compressão

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Conforme exposto acima, para afirmamos que as barras são capazes de


suportar os esforços solicitantes, devemos obter além do valor dos esforços internos,
a área de seção transversal, bem como conhecer o material cuja estrutura foi
fabricada. A figura 20 abaixo demonstra que a força interna obtida, anteriormente,
por meio da análise estática, representa a soma de todos os elementos infinitesimais
de força que atuam ao longo de toda a secção transversal da barra. Ao dividirmos
a força resultante desses elementos de força pela área total (𝐀) da secção
transversal, obtemos então a tensão atuante, comumente designada pela letra
grega sigma (𝛔), nesta obra será utilizada essa nomenclatura. Se chamarmos de 𝐏, a
força interna resultante atuante na secção transversal de área 𝐀, escrevemos
matematicamente que a tensão atuante será:

P
σatuante = (49)
A

34
Figura 20: Força atuante por unidade de área

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A Unidade de medida para tensão no sistema internacional de unidades (S.I.U)


é o Pascal2;

N
σ=[ ] = [Pa] (50)
m2

Na engenharia os cálculos estruturais, via de regra, apresentam valores


grandes de tensão, portanto, faz sentido lançar mão dos múltiplos, sendo o
quilopascal (KPa), Megapascal (MPa) e o Gigapascal (GPa).

1 Kpa = 103 Pa (51)

1 Mpa = 106 Pa (52)

1 Gpa = 109 Pa (53)

2Blaise Pascal foi um grande matemático e físico francês, com enormes contribuições para as ciências
naturais e ciências aplicadas, em especial para a mecânica dos fluidos.

35
Digamos que as barras que compõem a estrutura da figura 19 sejam
fabricadas em aço, e que a barra BC possua um diâmetro de 30 mm. Logo, qual a
tensão atuante na barra BC?
Ora, sem a tensão atuante a razão entre a carga resultante e a área da
secção transversal, escrevemos;

P
σatuante = (54)
A

78,1 x 103 N
σatuante = π (55)
(30x10−3 m)2
4

σatuante = 110488898,3 Pa (56)

Utilizando o múltiplo apropriado,

σatuante = 110,49 MPa (57)

Será que a barra suporta essa tensão? Devemos comparar o valor da tensão
atuante na barra com o valor da máxima tensão admissível3 suportada pelo aço.
Este valor é encontrado em tabelas de propriedades dos materiais. A tensão
admissível máxima para o aço é de 160 Mpa. Como σatuante < σadm depreendemos
que a barra suportará com segurança os esforços solicitados. Mas, e quanto aos
demais componentes da estrutura? Essa estrutura não é composta apenas pela barra
BC. Deve-se realizar o cálculo para cada componente, levando-se em conta o tipo
de esforço solicitante. No caso dessa barra BC, verificamos que ela se encontra sob
a ação de cargas axiais4 que promovem a tração, mas existem outros tipos de

3A tensão admissível corresponde a uma fração do limite de resistência de um material e seu valor
depende do coeficiente de segurança (CS) adotado no projeto.
4 As cargas axiais serão estudadas no tópico 1.2

36
esforços em que os elementos que compõem uma estrutura podem ser submetidos,
como por exemplo, esforços de compressão, esmagamento, cisalhamento, dentre
outros. Cada um desses esforços será trabalhado nesta obra.

TENSÕES NORMAIS (𝛔)

Imagine uma barra prismática conforme a figura 21. Essa barra pode ser
submetida a esforços atuantes em qualquer direção (axial, oblíqua, transversal). No
caso da figura 21, dizemos que a barra está submetida a esforços axiais, ou seja, a
linha de ação da força possui a mesma direção do eixo da barra. Neste caso, onde
a barra é submetida a esforços axiais, cuja ação das linhas de forças possuem a
mesma direção do eixo da barra e, simultaneamente, são perpendiculares à secção
transversal da barra, promovem o surgimento de tensões normais na secção
transversal da barra. Por definição, tensões normais são originadas por forças
perpendiculares a área da secção transversal. A palavra normal já carrega esse
significado por si só.
A figura 21 abaixo representa um elemento de força axial ∆𝐅 atuando no
elemento de área ∆𝐀, gerando uma tensão normal média na área ∆A.

Figura 21: Tensões normais

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Para obtermos o valor real da tensão no ponto P, devemos fazer a área ∆A


tender a zero, com isso, matematicamente, podemos escrever a expressão:

37
∆F
σ = lim (58)
∆A→0 ∆A

O limite de ∆F quando ∆A tende a zero, é a derivada da força com relação à


área, logo:

dF
σ= (59)
dA

Multiplicando de maneira cruzada, têm-se:

dF = σ ∙ dA (60)

Integrando ambos os lados:

∫ dF = ∫ σ ∙ dA (61)
A

Em decorrência do equilíbrio estático da barra, a soma das forças elementares


em cada secção transversal que compõe a barra deve ser igual a força externa P,
portanto:

P = ∫ dF (62)

Logo,

P = ∫ σ ∙ dA (63)
A

Ao longo de uma mesma secção transversal podemos encontrar pontos com


tensões diferentes, mas o somatório das forças elementares corresponde a nossa
força resultante P. A distribuição real das tensões em uma secção transversal não
pode ser obtida pela estática. O índice 𝐀 representado na integral indica que a
integral é realizada ao longo da área da secção transversal.
Uma pequena força ∆𝐅 pode atuar em uma direção oblíqua ao elemento de
área ∆𝐀, portanto, em uma direção inclinada em relação às três direções do espaço
(x, y e z). Neste caso, devemos realizar a decomposição das componentes ortogonais

38
do vetor de força, obtendo então três novos vetores de força, nas três direções do
espaço. Observe a figura 22. Perceba que o vetor de força ∆F foi decomposto nas
componentes ∆Fx , ∆Fy e ∆Fz nas direções 𝑥, 𝑦 𝑒 𝑧, respectivamente.

Figura 22: Decomposição das componentes ortogonais

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A componente de força do vetor ∆F que atua na direção normal ao elemento


de área ∆A é ∆Fz , logo, podemos estabelecer qual a tensão normal provocada pela
força ∆F no elemento de área ∆A pode ser expressa matematicamente pela relação,

∆Fz
σz = lim (64)
∆A→0 ∆A

39
TENSÕES DE CISALHAMENTO (𝝉)

Observe novamente a figura 22. O vetor de força ∆F quando decomposto nas


três componentes, originou uma componente normal ao elemento de área ∆A ao
passo que também originou duas componentes de forças tangenciais ao elemento
de área ∆A, são elas, ∆Fx e ∆Fy nas direções x e y, respectivamente. Dizemos que essas
forças provocam o surgimento de tensões de cisalhamento5 no elemento de área
∆A. Como são duas tensões em direções diferentes, devemos lançar mão de uma
nova forma de representar essas tensões, matematicamente, exprimindo também a
sua direção.
Tensão de cisalhamento na direção 𝑥,

∆Fx
τzx = lim (65)
∆A→0 ∆A

Tensão de cisalhamento na direção y,

∆Fy
τzy = lim (66)
∆A→0 ∆A

Neste caso, utiliza-se a letra grega 𝝉 (tau) e observa-se dois índices. O primeiro
índice, a letra z nos mostra que a tensão de cisalhamento atua no elemento de área
∆𝐀 que é perpendicular ao eixo z. O segundo índice (x ou y) de cada expressão, nos
diz a direção em que a tensão atua.
A figura 23 esboça uma situação prática de surgimento de uma tensão de
cisalhamento. Observe uma chapa metálica AB, submetida a duas forças, P e P’.
Essas forças agem perpendicularmente ao eixo longitudinal 6 da chapa.

5 Muitos autores chamam as tensões de cisalhamento por tensões tangenciais.


6 Mesma direção do eixo da peça.

40
Figura 23: Tensão de cisalhamento simples

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Quando as forças p e p’ são aplicadas na chapa, observamos o surgimento


de uma força cortante ao longo da linha de corte, que atua na secção transversal
da chapa metálica. Essa força cortante possui o mesmo valor da força P. Uma vez
que a força cortante age ao longo da secção transversal da chapa de área A,
haverá então uma tensão de cisalhamento ao longo da secção transversal sob o
plano de corte. A tensão de cisalhamento é diferente em cada ponto da área A da
secção transversal. Ela é menor nas regiões periféricas e maior no interior da chapa,
de modo que podemos inicialmente obter apenas a tensão de cisalhamento média
atuante na chapa em decorrência das forças cisalhantes atuantes.

P
τméd = (67)
A

41
Em que 𝑃 é dado em Newtons [𝑁] 𝑒 𝐴 em metro quadrado [𝑚2 ]. No sistema
internacional, a relação 𝑁⁄ 2 é denominada de Pascal [𝑃𝑎]. Em cálculos estruturais,
𝑚
via de regra lidamos com valores de tensão elevados, o que justifica a utilização de
múltiplos da unidade, como por exemplo; quilopascal [𝑘𝑃𝑎], Megapascal [𝑀𝑃𝑎] e o
Gigapascal [𝐺𝑃𝑎], que equivalem, 103 𝑃𝑎, 106 𝑃𝑎, 109 𝑃𝑎, respectivamente.
A figura 23 representa um cisalhamento simples, uma vez que, a chapa
metálica é submetida a apenas uma carga de cisalhamento. Mas podemos ter um
carregamento que submeta a peça em questão a um cisalhamento duplo, como
por exemplo, na figura 24 abaixo.

Figura 24: Cisalhamento duplo

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Observe que neste caso, a chapa metálica é submetida a uma força externa
F. A configuração do carregamento indica o surgimento de força cortante P na
secção transversal da chapa relativa à linha de corte 1 e na secção transversal da
chapa relativa a linha de corte 2. Logo, podemos relacionar a tensão de
cisalhamento na chapa através das equações abaixo:
Na seção transversal 1, têm-se:

42
P
τméd = (68)
A

Analogamente, na seção transversal 2, têm-se:

P
τméd = (69)
A
Como,

F = 2P (70)

A tensão de cisalhamento na chapa será:

F
τméd = (71)
2A

A figura 23 apresenta também um elemento de volume extraído da chapa


metálica, onde podemos observar as tensões de cisalhamento média em cada face.
Por meio do equilíbrio de forças na direção 𝑦, por exemplo:

∑ Fy = 0 (72)

Logo:

τzy ∙ ∆y ∙ ∆x = τ′zy ∙ ∆y ∙ ∆x (73)

τzy = τ′zy (74)


Analogamente,

τyz = τ′yz (75)

Por meio do equilíbrio de momento em relação ao eixo 𝒙, têm-se:

∑ Mx = 0 (76)

−τzy ∙ (∆x ∙ ∆y)∆z + τyz ∙ (∆x ∙ ∆z)∆y = 0 (77)

Logo:

τzy = τ′zy = τ′yz = τyz = τ (78)

43
As tensões de cisalhamento em cada face do elemento de volume são iguais,
e em sentidos opostos para as faces paralelas.

TENSÕES DE ESMAGAMENTO

Discutimos na secção anterior dois tipos de tensões. São as tensões normais


podendo ser de tração ou de compressão, e as tensões de cisalhamento. Pinos,
parafusos e rebites são submetidos a um tipo de esforço superficial que denominamos
de esmagamento. Imagine um rebite como na figura 25, de geometria cilíndrica,
diâmetro d e altura t, a mesma espessura t da chapa. Esse rebite quando inserido na
“sede” da chapa e submetido à uma carga F, origina tensões superficiais que são
proporcionais a intensidade da força exercida. Os cálculos das tensões reais são de
grande complexidade e, neste caso, utiliza-se uma tensão média, a tensão de
esmagamento (σE ). A área utilizada na expressão diz respeito à área da projeção
planificada do semicilindro sob a vista frontal da figura 25, portando, um retângulo
de altura t e base d.

F F
σE = = (79)
A t∙d

Figura 25: Tensão de esmagamento

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

44
TENSÃO ÚLTIMA – TENSÃO ADMISSÍVEL – FATOR DE SEGURANÇA

Nas secções anteriores apresentamos o conceito de cargas axiais, cargas


tangenciais, bem como as tensões normais, tensões de cisalhamento e tensões de
esmagamento. Acontece que o cálculo das tensões representa apenas uma parte
de um todo na análise e desenvolvimento de projeto de estruturas e máquinas. Saber
qual a tensão atuante em uma barra cilíndrica de aço é de fundamental
importância, mas não suficiente para o dimensionamento de elementos de máquinas
ou estruturas.
Conhecer as propriedades mecânicas dos materiais é extremamente
necessário quando o assunto é projeto de estruturas e máquinas. Nesta secção
buscaremos compreender alguns conceitos associados aos projetos estruturais, com
ênfase em três principais, são eles, a tensão última (𝜎𝑈 ), a tensão admissível (𝜎𝑎𝑑𝑚 ) e
o fator de segurança (𝐶. 𝑆 𝑜𝑢 𝐹. 𝑆).
Um material muito utilizado na indústria metal-mecânica é o aço carbono SAE
10207. Imagine uma barra cilíndrica deste aço submetida a um esforço axial de
tração em uma máquina universal de ensaios de materiais8. Inicialmente, a carga
aplicada parece não causar nenhum efeito na barra (visualmente). De maneira
progressiva, aumenta-se a carga de trabalho. Em um dado momento, a barra
cilíndrica de aço irá sofrer uma redução abrupta no diâmetro da secção transversal
(fenômeno chamado de Estricção) acompanhado de uma deformação perceptível
visualmente e até finalmente a ruptura do material. A carga registrada no momento
da ruptura é a carga última (PU ).
A razão entre a carga última e a área da secção transversal fornece o valor
da tensão última. Neste caso, onde o esforço foi na direção axial, atribui-se o nome
de tensão normal última ou tensão última à tração.

PU
σU = (80)
A

7 Aço carbono SAE 1020 é um aço “macio” dúctil, de ampla utilização em peças mecânicas
em geral, com porcentagem de carbono entre 0,15% e 0,30%.
8 Realiza ensaio de tração em amplas variedades de materiais, como metais, borrachas,

concretos etc.

45
Caso a barra cilíndrica estivesse sob a ação de uma força cisalhante, como
por exemplo, na figura 26, a razão entre a carga de cisalhamento última pela área
da secção transversal da barra configura a tensão de cisalhamento última.

PU(tangencial)
τU = (81)
A

Figura 26: Ensaio de cisalhamento

Fonte: Adaptado Beer & Russell (2008)

Via de regra, projetamos estruturas para que não sofram ruptura em nenhuma
hipótese, para isso, adota-se nos projetos uma carga de trabalho máxima,
denominada de carga admissível ou carga de projeto, ou ainda carga de utilização.
Uma vez definida a carga admissível, não se pode em nenhuma circunstância
submeter uma estrutura a uma carga superior a essa carga de projeto.
Na prática, não se utiliza toda a carga que o material seria capaz de suportar.
A razão entre a carga última e a carga admissível é definida como coeficiente de
segurança ou fator de segurança.

CARGA ÚLTIMA PU
COEFICIENTE DE SEGURANÇA = CS = = (82)
CARGA ADMISSÍVEL Padm

Nos casos em que a carga e a tensão possuem uma relação linear, de


proporcionalidade, pode-se adotar a expressão:

46
TENSÃO ÚLTIMA
COEFICIENTE DE SEGURANÇA = CS = (83)
TENSÃO ADMISSÍVEL

Em casos de maiores exigências de segurança, como por exemplo, na


aeronáutica, utiliza-se o conceito de margem de segurança.

MS = CS − 1,0 (84)
Algumas situações de engenharia exigem que o fator de segurança seja
obtido pela razão entre a tensão de escoamento e a tensão admissível no material.
Isso ocorre porque, nestes casos, a tensão de escoamento é considerada como a
tensão perigosa. Na prática, o engenheiro projetista deve levar em consideração a
tensão perigosa, que é definida pelas condições do projeto, sendo essa tensão
perigosa a tensão de escoamento ou a tensão última do material. No caso de uma
aplicação em que o escoamento representa a falha do material, então o fator de
segurança deve ser obtido pela relação abaixo:

TENSÃO DE ESCOAMENTO
COEFICIENTE DE SEGURANÇA = CS = (85)
TENSÃO ADMISSÍVEL

De acordo com Beer & Russell (2008, 3ª ed, p.40), para a determinação do
coeficiente de segurança o projetista deve levar em conta uma série de variáveis,
tais como:

Modificações que ocorrem nas propriedades do material. A


composição, resistência e dimensões dos materiais estão sujeitas a
pequenas variações durante a fabricação das peças. Além disso, as
propriedades do material podem ficar alteradas e podem ocorrer
tensões residuais devido à concentra a deformações e variação de
temperatura que o material se sujeita no transporte, armazenamento
ou na própria execução da estrutura.
O número de vezes em que a Carga é aplicada durante a vida da
estrutura ou máquina. Para a maior parte dos materiais a aplicação
do carregamento repetida muitas vezes leva a um decréscimo no
valor da atenção última. Este fenômeno é chamado fadiga do
material i, se não for levado em conta, poderá ocorrer uma ruptura
brusca.
O tipo de carregamento para o qual se projeta, ou que poderá atuar
futuramente. A maior parte dos carregamentos adotados em projetos
são estimados, pois são poucas as vezes em que um carregamento
pode ser previsto com precisão. Ocorre também a possibilidade de
alterações futuras na finalidade da máquina ou estrutura que está

47
sendo projetada, como modificações nos valores previstos por
ocasião do projeto. Cargas dinâmicas, cíclicas instantâneas abre
parênteses choque fecha parênteses exigem altos valores de
coeficientes de segurança.
O modo de ruptura que pode ocorrer. Materiais frágeis apresentam
ruptura repentina sem nenhuma indicação de que o colapso é
iminente. Já os materiais do como aço estrutural, apresenta uma
grande deformação, chamada escoamento antes de atingir a
ruptura e esse comportamento do material fornece um aviso de que
está ocorrendo carregamento excessivo. A ruptura ocasionada por
perda de estabilidade da estrutura é geralmente repentina seja o
material frágil ou não. Quando existe a possibilidade de ruptura
repentina o valor a se adotar para o coeficiente de segurança deve
ser maior do que no caso de ruptura com aviso.
Métodos aproximados e análise. Os métodos de cálculo e análise são
baseados em certas simplificações que levam a diferenças entre a as
tensões calculadas e aquelas realmente atuantes na estrutura.
Deterioração que poderá ocorrer no futuro devido à falta de
manutenção ou por causas naturais imprevisíveis. Em locais em que a
composição do material ou a ferrugem são difíceis de controlar ou de
prever, deve ser adotado um coeficiente de segurança de valor alto.
A importância de um certo membro para a integridade de toda a
estrutura. Para as peças secundárias e contraventamento da estrutura
pode ser usado um coeficiente de segurança menor do que aquele
das peças principais.

48
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (Adaptada de Hibbeler, 2010). O dispositivo mostrado na figura sustenta uma força


de 80 N. Determine as cargas internas resultantes que agem sobre a seção
transversal no ponto A.

a) R x = 77,3 N; R y = 20,7 N e M = 0,55 Nm


b) R x = 20,7,3 N; R y = 77,3 N e M = 0,55 Nm
c) R x = 0,55 N; R y = 77,3 e M = 20,7 Nm
d) R x = 80,0 N; R y = 80,0 e M = 0,55 Nm
e) R x = −77,3 N; R y = −20,7 N e M = 0,55 Nm

2. (Adaptada de BEER, 1995). Sabendo-se que a haste de ligação BD tem uma seção
transversal uniforme de área igual a 800 mm² determine a intensidade da carga 𝐏
para que a tenção normal na haste BD seja 50 MPa.

49
a) P = 62,67 kN
b) P = 54,24 N
c) P = 34,76 kN
d) P = 54,24 kN
e) P = 62,67 N

3. (Adaptada de BEER, 1995). As barras AB e BE da treliça mostrada são da mesma


liga metálica. Sabe-se que uma barra de 20 mm de diâmetro desta mesma liga foi
testada até a falha e foi registrada uma carga máxima de 150 kN. Usando um
coeficiente de segurança igual a 3,2, determine qual o diâmetro necessário para
a barra AB e para a barra BE, respectivamente.

50
a) 58,4 mm e 65,4 mm
b) 584,2 mm e 654,7 mm
c) 29,2 mm e 32,7 mm
d) 32,7 mm e 29,2 mm
e) 292,5 mm e 327,7 mm

4. (Adaptada de BEER, 1995). Sabendo-se que a carga de ruptura do cabo BD é de


90 KN e o pino em A tem um diâmetro de 𝟗, 𝟓 𝐦𝐦 e é feito de aço com tenção
última de cisalhamento igual a 𝟑𝟒𝟓 𝐌𝐏𝐚, determine o coeficiente de segurança
para o carregamento mostrado.

a) CS = 4,52
b) CS = 2,89
c) CS = 1,45
d) CS = 5,78
e) CS = 3,52

5. (Adaptada de Hibbeler, 2010). O arganéu da âncora suporta uma força de cabo


de 𝟑 𝐊𝐍. Se o pino tiver diâmetro de 𝟔 𝐦𝐦, determine a tensão média de
cisalhamento no pino.

51
a) τméd = 106,1 MPa
b) τméd = 106,1 GPa
c) τméd = 53,05 MPa
d) τméd = 53,05 kPa
e) τméd = 5305,55 MPa

6. (Adaptado de Petrobrás, 2005). Observe a figura abaixo que representa um


guincho composto por uma coluna, uma lança, um atuador hidráulico e pinos nas
articulações.

52
Qual a atenção de cisalhamento, devido ao esforço cortante em megapascal
(MPa), no pino entre o atuador hidráulico e a lança?

6√13
a) π
10√13
b) π
14√13
c) π
18√13
d) π
22√13
e) π

7. (Adaptado de J. M. GERE, 2009). Um poste tubular de diâmetro externo 𝐝𝟐 está


retido por dois cabos assentados com tensores (veja a figura). Os cabos são
tensionados girando os tensores, desta forma, produzindo tensão nos cabos e
compressão no poste. Ambos os cabos estão tensionados com uma força e 𝟑𝟐 𝐊𝐍.
O ângulo entre os cabos e o chão é 𝟔𝟎°, e a tensão e compressão admissível é
𝟔𝟎𝟎𝟎 𝐏𝐒𝐈. Se a espessura da parede do poste é 𝟎, 𝟓 𝐢𝐧, qual é o valor mínimo
permitido do diâmetro externo 𝐝𝟐 ?

a) (d2 )min = 6,38 in


b) (d2 )min = 6,38 cm
c) (d2 )min = 25,4 mm

53
d) (d2 )min = 75,4 in
e) (d2 )min = 75,4 mm

8. (Adaptada de BEER, 1995). Uma força de 𝟒𝟓 𝐊𝐍 está aplicada um bloco de madeira


que é suportado por uma base de concreto e esta repousa sobre um solo
considerado indeformável. Determine a máxima tensão de esmagamento sobre a
base de concreto, e o tamanho da base de concreto para que a a tensão de
esmagamento média sobre o solo seja de 𝟏𝟒𝟎 𝐊𝐏𝐚.

a) σe = 4,6 MPa e b = 566,95 cm


b) σe = 5,6 MPa e b = 566,95 m
c) σe = 3,6 Pa e b = 5,66 mm
d) σe = 4,6 Pa e b = 5,66 cm
e) σe = 3,6 MPa e b = 566,95 mm

54
TENSÃO X DEFORMAÇÃO UNIDADE

INTRODUÇÃO À DEFORMAÇÃO
03
Um corpo quando submetido a uma carga poderá sofrer variação em seu
tamanho ou mudança na sua forma. Se esticarmos uma borracha, por exemplo, ela
sofrerá alteração em seu tamanho e forma. Na engenharia, denomina-se esse
fenômeno de deformação.
No exemplo dado (da borracha), a deformação será relativamente grande,
portanto, será perceptível aos nossos olhos, ao passo que em uma construção civil,
por exemplo, a deformação estrutural proveniente da carga resultante das pessoas
circulando no prédio é imperceptível ao olho humano. Ocorre que o estudo das
deformações é de fundamental importância no contexto da engenharia, pois a partir
das análises de 𝑡𝑒𝑛õ𝑒𝑠 𝑥 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çõ𝑒𝑠 é que iniciam-se os projetos de máquinas e
estruturas. Em projetos estruturais de engenharia, estudam-se dois tipos de
deformações, a deformação normal e a deformação por cisalhamento.
A figura 27 esboça um corpo antes e depois da deformação. Imagine que
uma carga seja aplicada ao corpo, na mesma direção da reta 𝒏. Observe também
um segmento de reta de comprimento inicial ∆𝐒 sob a reta 𝑛. O segmento de reta
tem origem no ponto 𝐀 e termina no ponto 𝐁. Se imaginarmos que o corpo seja
formado por inúmeros segmentos de retas, tais como o segmento AB, percebemos
que a após a aplicação da carga externa, o segmento AB irá se deformar, assumindo
os pontos 𝐀’ e 𝐁’, e comprimento final ∆𝐒 ′ . A deformação média 𝛜𝐦é𝐝 , também
chamada de deformação específica, pode ser expressa pela relação abaixo:

∆S ′ − ∆S
ϵméd = (86)
∆S

55
Figura 27: Deformação normal

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A equação 87 acima expressa a deformação média específica. As


deformações reais em cada ponto serão diferentes em cada posição do corpo. Se
aproximarmos o ponto B em direção ao ponto A, fazendo ∆𝑆 → 0, então podemos
escrever para a deformação:

∆S ′ − ∆S
ϵ= lim (87)
B → A ao longo de n ∆S

Para segmentos de retas pequenos, se tivermos o valor da deformação,


podemos obter o comprimento final do segmento de reta, a partir da expressão:

∆S′ ≈ (1 + ϵ)∆S (88)

A figura 28 também apresenta um corpo antes e depois da aplicação de


carga externa. Dois segmentos de reta 𝑨𝑪 e 𝑨𝑩, ambos com origem em 𝑨, estão
𝜋
dispostos formando um ângulo reto, (90° ou 2 𝑟𝑎𝑑). O segmento 𝑨𝑪 pertence à reta 𝒕

e o segmento de reta 𝑨𝑩 pertence à reta 𝒏. Após a aplicação da carga haverá uma


variação do ângulo entre as retas, e essa variação é conhecida como a deformação
por cisalhamento. Essa variação poderá ser positiva ou negativa. Após a aplicação
da carga, o ponto 𝑪 assume a posição 𝑪’ e o ponto 𝑩 assume a posição 𝑩’. Se
aproximarmos os pontos 𝑩 e 𝑪 em direção à origem A, simultaneamente, sob as retas

56
𝒏 e 𝒕, respectivamente, fazendo o comprimento dos segmentos tenderem a zero,
podemos expressar a deformação por cisalhamento real no ponto 𝑨, associadas as
retas 𝒏 e 𝒕, pela relação:

π
γnt = − lim θ′
2 B→A ao longo de n (89)
C→A ao longo de t

Figura 28: Deformação por cisalhamento

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Os valores de deformação são adimensionais, mas comumente são escritos na


forma de unidade de comprimento por unidade de comprimento. No sistema
internacional de unidades (S.I.U) a deformação é expressa em [𝑚⁄𝑚]. Por vezes, essa
deformação é muito pequena, sendo então utilizados submúltiplos do metro, tais
𝜇𝑚
como o micrometro [ ⁄𝑚]. A deformação também pode ser expressa na forma
percentual, como 0,2%.

DIAGRAMA TENSÃO X DEFORMAÇÃO

As deformações são medidas experimentalmente e podemos relacioná-las


com as cargas aplicadas e com as tensões aplicadas. Cada material possui
propriedades diferentes. A dureza do aço evidentemente é consideravelmente
maior que a dureza de uma borracha. Ao passo que a ductilidade da borracha é
maior que a do aço. Existem diversas propriedades como dureza, resistência,
ductilidade, maleabilidade, soldabilidade, resiliência, tenacidade, dentre outras.
Será abordado cada conceito no momento oportuno.

57
Para obtermos algumas dessas propriedades, devemos realizar ensaios
mecânico dos materiais, como por exemplo, o ensaio de tração (mais comum). O
ensaio de tração é realizado em uma amostra do material, seguindo padrões
técnicos da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), a essa amostra do
material denominamos de corpo de prova.

Figura 29: Corpo de prova – ensaio de tração

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3GquYty. E https://bit.ly/3L6mLP8. Acessos em: 05 set. 2022.

O ensaio de tração é realizado em uma máquina como na figura 30, onde


aplica-se um esforço axial de tração sobre o corpo de prova até levá-lo à ruptura.

Figura 30: Máquina de ensaio de tração

Fonte: Disponível em https://bit.ly/3GquYty. Acesso em: 05 jan. 2022.

58
Os valores de tensão e deformação são registrados pela máquina e,
simultaneamente, um diagrama é gerado, com a plotagem desses dois eixos. No eixo
da ordenada dispõem-se os valores de tensão (𝜎), e no eixo das abscissas dispõem-
se os valores da deformação (𝜖).

O diagrama 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑥 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 fornece inúmeras informações acerca do


material, como por exemplo, a tensão de ruptura, a tensão última, a tensão de
escoamento, a ductilidade e a tenacidade do material, dentre outras. Todas essas
propriedades são relevantes na escolha do material para determinada aplicação na
engenharia. Em certas aplicações, como por exemplo, nos automóveis, objetiva-se
reduzir o peso do veículo (menor gasto e menor consumo de combustível), aumentar
a resistência mecânica da lataria a fim de proteger os passageiros em uma eventual
colisão, e associado a isso, espera-se que o material que forma a lataria do veículo
absorva a maior parte da energia de impacto, sem transferir energia para os
ocupantes do veículo, para tanto, é importantíssimo conhecer as principais
propriedades dos materiais e saber como utilizar desse ferramental teórico na seleção
de materiais para projetos de máquinas e estruturas.
A figura 31 apresenta um diagrama 𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑥 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 de um aço de baixo
teor de carbono. Isso significa na prática que este aço possui boa ductilidade e baixa
dureza. Materiais com alta dureza são chamados de materiais frágeis.

59
Figura 31: Diagrama tensão x deformação aço baixo carbono

Fonte: Adaptado de Beer (1995)

Tensão nominal ou tensão de engenharia é a razão entre a carga (𝑃) aplicada


e a área inicial (𝐴0 ) da secção transversal do corpo de prova. Embora a área da
secção transversal sofra redução durante a aplicação da carga, neste caso, para o
cálculo da tensão de engenharia fixamos a área inicial, logo:

P
σ= (90)
A0

A deformação nominal ou deformação de engenharia corresponde à razão


entre o alongamento (𝛿) e o comprimento inicial (𝐿0 ) do corpo de prova, logo:

δ
ϵ= (91)
L0

Usaremos como exemplo na construção do diagrama de tensão-deformação


o aço, que é um material amplamente utilizado na indústria mecânica e civil. A partir

60
dos conceitos de tensão e deformação nominais, por meio de medidas
experimentais estabeleceu-se o diagrama tensão (𝝈) – deformação (𝝐) convencional
para o aço. No eixo das ordenadas (𝒚) relacionam-se os valores de tensão (𝝈) e no
eixo das abscissas (𝒙) os valores de deformação (𝝐). O resultado é o que chamamos
de diagrama tensão-deformação.

Figura 32: Diagrama tensão x deformação de engenharia

Fonte: Adaptado de Hibeller (2010).

O corpo de prova fabricado em aço, com dimensões e acabamento


padronizados, é levado à máquina de ensaio de tração. A máquina inicia a
operação aplicando um esforço axial de tração sobre o corpo de prova.
Inicialmente, o aço encontra-se na região elástica onde a deformação aumenta,
proporcionalmente, com o aumento da tensão, em uma relação linear. Durante a
fase elástica o corpo de prova sofre uma deformação em função da aplicação da
tensão, porém, o material apresenta comportamento elástico, de maneira que, ao
cessar o carregamento, o corpo de prova retoma as suas dimensões iniciais. A
medida que a carga aplicada aumenta, o material se aproxima do limite superior
dessa região elástica, neste ponto, a tensão limite é denominada de limite de

61
proporcionalidade (𝜎𝑙𝑝 ) de maneira que, ao ultrapassar este ponto, o material ainda
poderá se comportar de maneira elástica, porém, a curva do diagrama tende a se
inclinar, de tal forma que não haverá mais a relação linear entre tensão e
deformação. Continuando a aumentar a tensão sobre o corpo de prova, o material
chegará ao limite de elasticidade onde poderá ainda se comportar de maneira
elástica. No caso de materiais como o aço, é extremamente difícil discernir entre o
limite de proporcionalidade e o limite de elasticidade. Se a tensão (𝜎) aplicada ao
corpo de prova ultrapassar minimamente o limite de elasticidade, então o corpo de
prova sofrerá um colapso, deformando-se permanentemente e não retornando mais
à fase elástica. Dizemos então que o material sofreu escoamento. Após o material
sofrer o fenômeno do escoamento, aumentando-se a carga, o material entra em
uma fase de endurecimento por deformação, até a inclinação da curva do
diagrama tornar-se nula. Este ponto de máxima tensão é denominado de limite de
resistência (𝜎𝑟 ), e a partir deste ponto ocorrerá a redução abrupta da área da
secção transversal do corpo de prova (estricção) acompanhada da ruptura do
material, a tensão registrada no momento da ruptura é denominada de tensão de
ruptura (𝜎𝑟𝑢𝑝 ). A figura 33 abaixo mostra um corpo de prova durante a estricção e
após a ruptura.

Figura 33: Corpo de prova após sofre estricção e ruptura

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3uZmlmH. Acesso em: 06 ago. 2022

Pela observação do diagrama tensão-deformação, verifica-se que tanto o


diagrama real quanto o convencional são muito parecidos na região elástica, e
como a grande parte dos projetos estruturais são elaborados para que os materiais
trambalhem dentro da fase elástica, é mais comum a utilização do diagrama tensão
deformação convencional.

62
MÉTODO DA DEFORMAÇÃO RESIDUAL

Nem todas as ligas metálicas apresentam o ponto de escoamento bem


definido como a do aço (tensão de escoamento constante). Em alguns casos, como
a liga de alumínio, o escoamento do material ocorre sob tensão variável. Nestes
casos, deve-se adotar um procedimento gráfico a fim de se obter o ponto de
escoamento, o método da deformação residual. Tomamos o valor de deformação
igual a 0,002 (0,2%) sob o eixo das abscissas (𝜖) e a partir deste ponto, traçamos uma
linha paralela à reta da porção inicial da fase elástica, até tocar o diagrama. Este
ponto de interseção entre a reta traçada e o diagrama corresponde ao ponto de
escoamento do material. A figura 34 abaixo indica a forma de determinação correta
do ponto de escoamento pelo método da deformação residual para a liga de
alumínio.

Figura 34: Método da deformação residual

Fonte: Adaptado de Hibeller (2010)

63
FRAGILIDADE VS DUCTILIDADE

A maioria dos materiais pode ser classificada em duas categorias, os dúcteis e


os frágeis. Os materiais dúcteis são aqueles capazes de se deformarem bastante
antes de se romperem, portanto, são capazes de absorver maior energia. Já os
materiais frágeis, quando submetidos a esforços de tração, quase não apresentam
escoamento, uma vez que, após a fase elástica rapidamente se rompem. Um bom
exemplo de material que se enquadra na categoria dúctil é o alumínio ou o aço
doce (baixo percentual de carbono na sua composição química), e na classe dos
materiais frágeis podemos citar o ferro fundido cinzento ou o concreto. Alguns
materiais dúcteis como o aço de baixo teor de carbono são excelentes para suportar
esforços axiais de tração. Já o ferro fundido cinzento e o concreto são ótimos para
esforços axiais de compressão, todavia, péssimos quando são solicitados por tração.
A figura 35 abaixo apresenta o diagrama tensão deformação para o ferro fundido
cinzento.

Figura 35: Resistência a tração x compressão

Fonte: Adaptado de Hibeller (2010)

Quando submetido à tração, a falha do material acontece com uma tensão


𝜎𝑓 = 152 𝑀𝑃𝑎. A temperatura também é um fator determinante no que tange à

64
fragilidade e a ductilidade dos materiais. Quanto menor a temperatura, mais frágil o
material tende a ficar, e menos dúctil, ao passo que ao aumentar a temperatura o
material se torna mais macio, mais dúctil. A figura 36 a seguir apresenta a diferença
no diagrama 𝜎 − 𝜖 entre os materiais dúcteis e frágeis.

Figura 36: Diagrama tensão x deformação para materiais dúcteis e frágeis

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

LEI DE HOOKE

Conforme já esboçado no tópico anterior, durante a fase elástica, o material


apresenta uma relação linear entre a tensão (𝜎) e a deformação (𝜖). A constante
que garante a equidade dessa proporção é denominada módulo de elasticidade
ou módulo de Young (em homenagem a Thomas Young), logo, a tensão se relaciona
com a deformação durante a fase elástica pela equação abaixo:

σ = Eϵ (92)

O módulo de elasticidade (𝑬) possui unidade de medida em Pascal [𝑃𝑎], uma


vez que, a deformação (𝜖) é adimensional. Este Módulo de elasticidade está
associado à rigidez do material, quanto mais rígido o material, como por exemplo, o
aço 𝐸 = 200 𝐺𝑃𝑎, maior o módulo de elasticidade. A borracha possui módulo de
elasticidade 𝐸 = 0,7 𝑀𝑃𝑎.
O módulo de resiliência é caracterizada pela densidade de energia9 de
deformação durante a fase elástica do material, e pode ser calculada pelas

9A densidade de energia se caracteriza pela razão entre a energia de deformação e o


∆𝑈
volume do elemento material submetido ao ensaio mecânico. 𝑢 =
∆𝑉

65
equações 93 e 94 abaixo:

1
ur = σlp ϵlp (93)
2
Ou

1 σ2lp
ur = (94)
2 E

Observando o diagrama tensão-deformação (𝜎 − 𝜖) de um material qualquer,


percebemos que a área sombreada do triângulo, em que a base corresponde à
deformação da fase elástica e a altura corresponde ao limite de proporcionalidade,
essa área é igual à densidade de energia de deformação na fase elástica.

Figura 37: Módulo de resiliência

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

O módulo de tenacidade é caracterizado pela densidade de energia de


deformação de um material até a sua ruptura. A figura 38 abaixo apresenta o módulo
de tenacidade de um material qualquer. A área sob o gráfico é numericamente igual
a este módulo de tenacidade.

66
Figura 38: Módulo de tenacidade

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Em projetos de elementos estruturais, que podem ser submetidos a esforços de


maneira acidental, é aconselhável a utilização de materiais com alto módulo de
tenacidade, pois estes serão capazes de absorver maior quantidade de energia
antes de sofrer falha estrutural.

COEFICIENTE DE POISSON

Quando um corpo de prova é submetido a um esforço axial de tração,


percebe-se um alongamento longitudinal (𝜹) na sua dimensão e, simultaneamente,
uma redução na secção transversal do material, evidenciado pela redução do raio
(𝑹) no caso em que o corpo de prova possua geometria cilíndrica. O cientista francês
S.D Poisson identificou que, ao dividir o valor da deformação longitudinal (𝝐𝒍𝒐𝒏𝒈𝒊𝒕) pela
deformação transversal (𝝐𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔𝒗 ), o resultado obtido era sempre o mesmo, ou seja,
uma constante. Essa constante estava associada ao material, e ficou conhecida
como coeficiente de Poisson (𝒗). No caso de um corpo de prova sendo submetido à
tração, ocorre um aumento no comprimento (alongamento positivo) e redução da
secção transversal (alongamento negativo). Já no caso de uma compressão ocorre
a redução do comprimento (alongamento negativo) e uma expansão da secção
transversal (alongamento positivo).
A figura 39 abaixo apresenta um exemplo de uma barra cilíndrica sendo
submetida a um esforço axial de tração, tendo um aumento no comprimento, cujo
alongamento é,

δ = Lfinal − Linicial (95)

67
E uma redução da secção transversal, cujo alongamento é

δ′ = r − R (96)

Conforme estudado nos tópicos anteriores, a deformação longitudinal será:

Lfinal − Linicial δ
ϵlongit = = (97)
Linicial Linicial

E a deformação transversal será:

r − R δ′
ϵtransv = = (98)
R R

O coeficiente de Poisson é definido como,


ϵlongit
v=− (99)
ϵtransv

Figura 39: Relação entre deformação axial e longitudinal

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

1 1
Na maioria dos materiais não porosos o coeficiente de Poisson está entre 4 𝑒 3,
1
e nunca maior que 2, ou seja,

0 ≤ v ≤ 0,5 (100)

TENSÃO – DEFORMAÇÃO DE CISALHAMENTO

Da mesma forma que a maior parte dos materiais aplicados na engenharia,


quando submetidos a uma carga axial de tração, apresentam inicialmente um

68
comportamento linearmente elástico, escoamento, endurecimento por deformação
até alcançar um limite de resistência e ao final do ensaio mecânico a ruptura,
também existem formas de se realizar o ensaio do material visando compreender a
relação entre a tensão e a deformação no cisalhamento. Neste caso, para o estudo
do cisalhamento puro, o ensaio é realizado em tubos finos, submetidos a um torque
controlado em que os ângulos de torção são medidos. Os dados são registrados no
diagrama tensão–deformação de cisalhamento, em que os materiais apresentam
incialmente um comportamento linearmente elástico, uma região de escoamento
(indicada pela tensão no limite de proporcionalidade), endurecimento por
deformação, limite de resistência ao cisalhamento e, por fim, a falha do material, sob
uma tensão de ruptura ao cisalhamento. Para materiais homogêneos e isotrópicos, a
lei de Hooke assume a seguinte forma para a região elástica;

τ = Gγ (101)
Onde;
τ → Tensão de cisalhamento [Pa]
G → Módulo de elasticidade ao cisalhamento [Pa]
γ → deformação por cisalhamento [rad]

A figura 40 abaixo apresenta um diagrama tensão – deformação de


cisalhamento para um material dúctil.

Figura 40: Diagrama tensão x deformação para material dúctil

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

69
Para um mesmo material, o módulo de elasticidade ao cisalhamento poderá
ser relacionado ao módulo de elasticidade normal (Módulo de Young) por meio de
uma constante 𝑣 chamada de coeficiente de Poisson, que será estudada nos tópicos
sucessivos.

E
G= (102)
2(1 + v)

G → Módulo de elasticidade ao cisalhamento [Pa]


E → Módulo de elasticidade á tração [Pa]
v → Coeficiente de Poisson [adimensional]

FALHA POR FLUÊNCIA E FADIGA

Materiais como metais e cerâmicos quando são submetidos a cargas


constantes (tensão constantes) por longo período de tempo podem sofrer ruptura
repentina, em que a tensão atuante encontra-se abaixo da tensão de escoamento
(𝜎𝑒 ) do material. Neste caso, dizemos que o material sofreu falha por fluência. Via de
regra, a fluência é considerada em materiais que estão sujeitos a uma temperatura
de trabalho superior a 0,4 vezes a temperatura de fusão do material na escala
absoluta Kelvin. Por exemplo, a temperatura de fusão da liga de alumínio é de 660,3
°C, ou 933,45 K. logo,

0,4 ∙ 933,45 K = 373,38 K. (103)


Passando novamente para a escala Celsius,

373,38 − 273,15 = 100,23 °C. (104)

Logo, a possibilidade de falha por fluência será levada em consideração em


situações em que a liga de alumínio esteja submetida à tensão constante, por longo
período de tempo e temperatura de trabalho superior a 100,23 °C.
Quanto maior a temperatura de trabalho ou quanto maior a tensão atuante,
menor será o limite de resistência à fluência (𝜎𝑓 ).
A figura 41 abaixo apresenta exemplos de falha por fluência em materiais
metálicos.

70
Figura 41: Falha por fluência

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3U89cCP. Acesso em: 08 jul. de 2022.

A figura 42 abaixo apresenta um esquema de realização de ensaio de


fluência,onde um corpo de prova é submetido a um esforço de tração no interior de
um forno que mantêm a temperatura do corpo de prova simulando uma situação
real de carregamento.

Figura 42: Ensaio de fluência

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3RLFNfU. Acesso em: 08 jul. 2022.

71
Alguns materiais de engenharia são submetidos a esforços cíclicos e reversíveis,
como por exemplo, eixos de vagões ferroviários, bielas e eixos virabrequim. Neste
caso, o material pode sofrer ruptura, e este comportamento é denominado de
fadiga. A figura 43 abaixo apresenta um componente mecânico (eixo de torção)
que sofreu falha por fadiga.

Figura 43: Eixo apresentando falha por fadiga

Fonte: Disponível em: https://bit.ly/3qBeSHZ. Acesso em: 08 jul. 2022.

A falha por fadiga representa uma grande parcela das falhas de um modo
geral nas indústrias. Duas considerações importantes são que a fadiga acontece em
situações em que a tensão atuante no material está abaixo da tensão de
escoamento (𝜎𝑎𝑡𝑢𝑎𝑛𝑡𝑒 < 𝜎𝑒 ), e a falha no material é similar a uma fratura frágil, ou seja,
em materiais de alta dureza e baixa ductilidade.
Em projetos de máquinas e estruturas deve-se levar em consideração o limite
de resistência a fadiga (𝜎𝑓𝑎𝑑 ) do material a ser aplicado. Para isso, um diagrama 𝜎 −
𝑁 (Tensão – número de ciclos) obtido experimentalmente por meio de ensaio de
fadiga é muito utilizado nesta análise. A figura 44 abaixo apresenta os valores de 𝜎 e
𝑁 para dois materiais amplamente utilizados na indústria mecânica e civil, o aço e o
alumínio. Os valores de 𝑵 são grandes, portanto, utilizou-se a escala logarítmica.

72
Figura 44: Diagrama tensão x número de ciclos em análise de falha por fadiga

Fonte: Adaptado de Hibeller (2010)

O limite de resistência a fadiga (𝜎𝑓𝑎𝑑 ) se configura na região do diagrama em


que a tensão tende a permanecer constante. Observa-se no diagrama acima que,
o limite de resistência à fadiga para o aço liga é bem definido, em torno de 186 𝑀𝑝𝑎,
já para o alumínio, em torno de 131 𝑀𝑃𝑎.

PRINCÍPIO DE SAINT-VENANT

A figura 45 abaixo apresenta numa barra de secção transversal retangular,


fixada na base, e sendo submetida a um esforço axial de tração pela carga 𝑃, por
meio de um furo. Uma vez sendo submetida ao carregamento ocorrerá um
alongamento (𝛿) positivo na direção longitudinal (aumentando a altura da barra), e
devido ao “efeito Poisson” haverá também um alongamento negativo (𝛿′) reduzindo
a secção transversal da barra. Todavia, perceba que nas regiões próximas ao ponto
de aplicação do carregamento 𝑃 (parte superior da barra) bem como próximo ao
apoio (parte inferior), as deformações localizadas são maiores, ao passo que nas
regiões suficientemente afastadas das regiões de carregamento, as linhas de
deformação são mais uniformes, e, portanto, as tensões também são maiores. Esse
comportamento é conhecido como o princípio de Saint Venant.

73
Figura 45: Princípio de Saint-Venant – parte I

Fonte: Adaptado de Hibeller (2010)

De acordo com Hibeller (2010)

[...] o princípio de Saint-Venant afirma que a tensão e a deformação


produzidas em pontos de um corpo suficientemente distantes da
região da aplicação da carga serão iguais à tensão e à deformação
produzidas por quaisquer carregamentos aplicados que tenha a
mesma resultante estaticamente equivalente e sejam aplicados ao
corpo dentro da mesma região (HIBELLER, P.86).

A afirmação acima indica que, em um ponto suficientemente distante da


aplicação de carga, a distribuição de tensão é a mesma para quaisquer
carregamentos estaticamente equivalentes. Como na figura 46 abaixo.

Figura 46: Princípio de Saint-Venant – parte II

Fonte: Adaptado de Hibeller (2010)

74
Como a distância do plano 𝑐 − 𝑐 com relação ao ponto de aplicação das
cargas, a distribuição das tensões neste plano é a mesma em situações cujo
carregamento é estaticamente equivalente, uma vez que haverá equivalência no
módulo das forças, bem como simetria na orientação dos vetores de força.

DEFORMAÇÃO ELÁSTICA EM BARRAS SUJEITA A CARREGAMENTO AXIAL

Iremos desenvolver uma equação que seja capaz de exprimir o alongamento


(𝛿) de uma barra de comprimento inicial 𝐿, com área da secção transversal 𝐴(𝑥)
variando de maneira gradativa em função da posição 𝒙, e sujeita a um
carregamento concentrado axial externo, bem como outro carregamento P(x)
distribuído ao longo da barra, variando também em função da posição 𝑥. Este
carregamento distribuído 𝑃(𝑥) poderia ser, no caso de uma barra na posição vertical,
a própria distribuição do peso ao longo da sua extensão, e no caso de uma barra na
posição horizontal, como neste exemplo, forças de atrito externo realizado sobre a
superfície lateral da barra. Observe na figura 47 abaixo. Pelo método das secção,
retiramos uma porção infinitesimal da barra, localizada em uma posição 𝑥 qualquer.
Essa porção da barra possui comprimento 𝒅𝒙 e área da secção transversal em
função da posição, 𝑨(𝒙). O carregamento a que é submetida essa porção
infinitesimal é apresentado na parte 𝑏 da figura 47 abaixo.

Figura 47: Deformação em barra sujeita a carregamento axial

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A tensão interna atuante no elemento da barra é definida pela razão entre o


carregamento 𝑃(𝑥) no elemento e a área da secção transversal A(x).

75
P(x)
σ= (105)
A(x)
A deformação será definida pela razão entre o alongamento infinitesimal e o
comprimento infinitesimal inicial do elemento da barra, logo:


ϵ= (106)
dx
A equação que estamos desenvolvendo é aplicável para o cálculo do
alongamento total da barra sujeita a um carregamento axial, de maneira que a
barra permaneça na sua região elástica, ou seja, o limite de proporcionalidade (𝜎𝑙𝑝 )
não pode ser alcançado. Considerando apenas a fase elástica do material,
podemos lançar mão da lei de Hooke.

σ = Eϵ (107)

Substituindo as equações 105 e 106 na equação 107, teremos para a fase


elástica:

P(x) dδ
=E (108)
A(x) dx

Explicitando o alongamento infinitesimal:

P(x)dx
dδ = (109)
A(x)E

Para encontrar o alongamento ao longo de todo o comprimento L da barra,


integramos ambos os membros (os dois lados) da equação:
L
P(x)dx
δ=∫ (110)
0 A(x)E

Para o caso de uma barra com área da secção transversal constante, material
homogêneo (𝐸 → 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒) e carregamento constante ao longo da posição 𝑥,
como a figura 48 abaixo:

76
Figura 48: Deformação em barra com secção uniforme

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Podemos escrever o alongamento relativo (𝛿) da barra:


L
P(x)dx
δ=∫ (111)
0 A(x)E

PL
δ= (112)
AE

Para barras submetidas a vários esforços axiais diferentes ou barras com


mudança repentina de módulo de elasticidade, o alongamento total da barra será
a soma algébrica de cada segmento da barra, logo:

PL
δ=∑ (113)
AE

Onde:
δ → Alongamento relativo das duas extremidades da barra [m];
P → Carregamento constante ao longo da posição [N];
L → Comprimento inicial da barra [m];
E → Módulo de elasticidade (módulo de Yong) do material [Pa]

BARRA SUBMETIDA A CARREGAMENTO ESTATICAMENTE INDETERMINADO

Uma barra qualquer, fixada em apenas uma de suas extremidades e livre na


outra, submetida a um carregamento axial, é considerada estatiacamente
determinada, uma vez que, a a reação no ponto de fixação pode ser obtida
aplicando-se a condição de equilíbrio na direção. Porém, em algumas situações,

77
como por exemplo, uma barra rígida fixada em ambas as extremidades (barra
engastada) como na figura 49 abaixo, têm-se apenas uma equação e duas variáveis
(duas reações). Neste caso, a barra é dita como estaticamente indeterminada.
Para solucinar problemas com carregamento estaticamente indeterminado
desta natureza, deve-se adicionar uma nova equação observando a geometria do
sistema estrutural. Na configuração esboçada na figura 49 abaixo, o deslocamento
é limitado pela existência dos apoios fixos em ambas as extremidades da barra,
portanto, pode-se assumir que o alongamento relativo entre os pontos A e B será nulo.
Essa equação que especifica as condições do alongamento é denominada de
condição de compatibilidade ou condição cinemática.

Figura 49: Condição cinemática ou condição de compatibilidade

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Como o deslocamento relativo entre os pontos A e B é nulo, podemos


escrever:

δA/B = 0 (114)
Caso a força resultante interna no elemento AC é +𝐹𝐴 e no elemento BC é −𝐹𝐵 ,
pode-se escrever:

FA LAC FB LCB
− =0 (115)
AE AE
Por meio dessa segunda relação, é possível determinar as reações em A e B.

78
CONCENTRAÇÃO DE TENSÃO EM ESFORÇOS AXIAIS

Um elemento estrutural submetido a um esforço axial de tração, conforme


esboçado na figura 50, que apresenta uma distribuição de tensão e deformação
não uniforme, em função das existências de pontos de descontinuidades. Conforme
já abordado em tópicos anteriores, as tensões e deformações serão maiores próximas
a essas descontinuidades, fazendo com que esses pontos de concentração de
tensão recebam uma atenção especial por parte dos engenheiros projetistas.
Observe a figura 50 abaixo, em que uma barra prismática é submetida a um
esforço axial de tração por meio do carregamento 𝑷. Uma secção transversal
escolhida arbitrariamente nesta barra está submetida a uma tensão normal média
σ𝑚é𝑑 = 𝑃⁄𝐴, entretanto, a região da barra que é seccionada pelo plano 𝑎𝑎 possui
menor área de secção transversal que resiste ao carregamento.

Figura 50: Descontinuidade e a concentração de tensão

Fonte: Google (online, 2022)

Analisando a distribuição de tensão ao longo da secção seccionada pelo


plano aa, percebemos que haverá uma maior concentração de tensão próximo da
descontinuidade (neste caso, o furo na barra).

Figura 51: Distribuição de tensão média e real nas regiões de concentração de tensão

Fonte: Google (online, 2022)

79
Em casos em que a análise da concentração de tensão é de extrema
relevância, como por exemplo, quando se utiliza materiais frágeis, adotamos um fator
de concentração de tensão 𝑲, de maneira que K é definido como a razão entre
tensão máxima permitida (𝜎𝑚á𝑥 ) e a tensão média (𝜎𝑚é𝑑 ) atuante sobre a menor
secção transversal do elemento, ou seja:

σmáx
K= (116)
σméd

Os valores de 𝑲 são obtidos utilizando-se diagramas como os apresentados na


figura 52 abaixo. Os valores de 𝑲 não estão associados ao tipo de material
empregado no elemento, mas, sim, à geometria dos pontos de concentração de
tensão.

Figura 52: Fatores de concentração de tensão

Fonte: Hibeller (2010)

No primeiro diagrama, em que um determinado elemento sofre uma


descontinuidade, aqui caracterizada pela redução da área da secção transversal,
o valor do fator de concentração de tensão 𝐾 irá depender das relações (𝑟/ℎ) e
(𝑤/ℎ). Ou seja, quanto maior o raio 𝒓 aplicado na região de redução de secção,
maior a relação 𝑟/ℎ e, portanto, menor valor de 𝑘. Partindo dessa premissa, é de

80
fundamental importância que o engenheiro saiba identificar os pontos de
concentração de tensão, sobretudo, em materiais frágeis a fim de serem avaliados
no projeto de máquinas ou estruturas.

3.12.1 Exemplo resolvido:

A barra prismática da figura 53 abaixo é submetida a um carregamento axial


de tração de intensidade 𝑷. A barra sofre uma redução de secção
transversalapresentando, portanto, uma região de concentração de tensão. A fim
de reduzir o fator de concentração de tensão, foi inserido um filete de raio 𝒓 = 10 𝑚𝑚,
objetivando cadenciar a redução de secção. Sabendo-se que a tensão admissível
para esse elemento é de 110 Mpa, qual o valor máximo do carregamento 𝑷 que
poderá ser aplicado sobre a barra?

Figura 53: Exemplo resolvido

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

P P
σméd = = (117)
A 20 ∙ 10 ∙ (mm2 )

P = σméd ∙ 200 mm2 (118)

81
Como,
σmáx
K= (119)
σméd
Então,
σmáx
P= ∙ 200 mm2 (120)
K
Avaliando os parâmetros da geometria da descontinuidade, o fator de
concentração de tensão 𝐾 pode ser obtido pelo diagrama da figura 53.

r 10 mm
= = 0,5 (121)
h 20 mm
w 40 mm
= = 2,0 (122)
h 20 mm
Logo:

K = 1,4 (123)
Como a tensão máxima que poderá atuar sobre o elemento é a tensão
admissível, então:

110 Mpa
P= ∙ 200 mm2 (124)
1,4
Logo,

P = 15,7 KN (125)

82
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (Adaptada de Hibbeler, 2010). A barra rígida é sustentada por um pino em 𝐴 e pelos


cabos 𝐵𝐷 e 𝐶𝐸. Se a carga 𝑃 aplicada à viga provocar um deslocamento de 10 𝑚𝑚
para baixo na extremidade C, determine a deformação normal desenvolvida nos
cabos 𝐶𝐸 e 𝐵𝐷.

mm mm
a) ϵCE = 0,00250 mm , ϵBD = 0,00107 mm
mm mm
b) ϵCE = 0,250 mm , ϵBD = 0,107 mm
mm mm
c) ϵCE = 0,00360 mm , ϵBD = 0,00209 mm
mm mm
d) ϵCE = 0,360 mm , ϵBD = 0,209 mm
mm mm
e) ϵCE = 0,00250 m
, ϵBD = 0,00107 m

2. (Adaptada de Hibbeler, 2010). A figura mostra o diagrama tensão-deformação de


formação para duas barras de poliestireno. Se a área da seção transversal da
barra 𝐴𝐵 for 950 𝑚𝑚² e a de 𝐵𝐶 for 2500 𝑚𝑚² determine a maior força 𝑷 que pode
ser suportada antes que qualquer dos elementos sofra ruptura. Considere que não
ocorre nenhuma flambagem.

83
a) P = 54,27 kN
b) P = 122,38 kN
c) P = 656,3 kN
d) P = 5,427 kN
e) P = 65,63 kN

3. (Adaptada de Hibbeler, 2010). O tampão tem diâmetro de 30 𝑚𝑚 e ajusta-se ao


interior de uma luva rígida com diâmetro interno de 32 𝑚𝑚. Ambos, tampão e luva,
têm 50 𝑚𝑚 de comprimento. Determine a pressão axial 𝒑 que deve ser aplicada à
parte superior do tampão para que ele entre em contato com as laterais da luva.
Determine também a que distância o tampão deve ser comprimido para baixo
para que isso aconteça. O material do tampão tem 𝐸 = 5 𝑀𝑃𝑎 e 𝑣 = 0,45.

a) p = 327 kPa, δ = 74,1 mm


b) p = 826 Pa, δ = 2,36 mm
c) p = 901 Pa, δ = 2,36 mm

84
d) p = 741 kPa, δ = 7,41 mm
e) p = 652 kPa, δ = 0,741 mm

4. (Adaptada de BEER, 1995). Duas barras cilíndricas, uma de aço é igual (𝐸 = 200 𝐺𝑃𝑎)
e outra de latão (𝐸 = 105 𝐺𝑃𝑎), são ligadas em 𝐶, e engastadas em 𝐴 e 𝐸. Para o
carregamento indicado, determinar as reações em 𝐴 e 𝐵, e a deflexão do ponto
𝐶.

a) R A = 125,6 kN (→); R E = 74,4 kN (→); δC = 46,3 mm


b) R A = 55,7 kN (←); R E = 29, kN (←); δC = 46,3 μm
c) R A = 62,8 kN (←); R E = 37,2 kN (←); δC = 46,3 μm
d) R A = 125,6 kN (←); R E = 74,4 kN (←); δC = 46,3 μm
e) R A = 62,8 kN (→); R E = 37,2 kN (→); δC = 56,7 mm

5. (Adaptada de BEER, 1995). Em um teste de tração, uma barra de 20 𝑚 de diâmetro


feita de plástico que acaba de ser desenvolvida, é submetida a uma força 𝑷 de
intensidade 6 𝑘𝑁. Sabendo-se que um alongamento de 14 𝑚𝑚 e um decréscimo
de 0,85 𝑚𝑚 no diâmetro são observados, tem um trecho central de 150 𝑚𝑚 de
comprimento, determinar o módulo de elasticidade longitudinal (𝐸) o módulo de
elasticidade transversal (𝐺) e o coeficiente de Poisson (𝑣) do material.

a) E = 98 MPa; G = 56,3 MPa; v = 0,104


b) E = 205 MPa; G = 70,3 MPa; v = 0,455
c) E = 410 MPa; G = 70,3 MPa; v = 0,355
d) E = 615 MPa; G = 7,03 MPa; v = 0,5
e) E = 106 MPa; G = 56,3 MPa; v = 0,225

85
6. (Adaptada de BEER, 1995). O corpo de prova de alumínio mostrado é submetido a
duas forças centradas e axiais e opostas, de intensidade 𝑷. Pede-se: a) sabendo-
se que 𝐸 = 70 𝐺𝑃𝑎 e 𝜎𝑎𝑑𝑚 = 200 𝑀𝑃𝑎, determinar o máximo valor admissível de 𝑷 e
correspondente alongamento para amostra total; b) resolver o ítem a,
considerando que o corpo de prova foi substituído por uma barra de alumínio de
mesmo comprimento, mas de seção transversal retangular uniforme de 60 𝑥 15 𝑚𝑚.

a) (a) P = 97,3 kN; δ = 0,834 mm (b) P = 180 kN; δ = 1,714 mm


b) (a) P = 9,73 kN; δ = 8,34 mm (b) P = 18,0 kN; δ = 17,14 mm
c) (a) P = 194,6 kN; δ = 1,668 mm (b) P = 360 kN; δ = 3,428 mm
d) (a) P = 291,9 kN; δ = 8,34 mm (b) P = 180 kN; δ = 3,428 mm
e) (a) P = 3,26 MN; δ = 8,34 mm (b) P = 180 kN; δ = 3,428 mm

7. (Adaptada de BEER, 1995). Uma força axial e centrada de intensidade 𝑷 = 40 𝑘𝑁 é


aplicada à barra de aço mostrada. Determinar o máximo valor da atenção normal
em A e em b.

86
a) (a)325 Mpa (b)404 MPa
b) (a)3,25 Mpa (b)2,96 MPa
c) (a)582 Mpa (b)3,25 MPa
d) (a)296 Mpa (b)202 MPa
e) (a)2,96 Mpa (b)2,02 MPa

8. (Adaptado de J. M. GERE, 2009). Um pedestal de concreto reforçado (𝐸 = 25 𝐺𝑃𝑎)


tendo dimensões 𝐿1 = 2 𝑚 e 𝐿2 = 1,5 𝑚 é ilustrado na figura abaixo. As cargas
aplicadas ao pedestal são 𝑃1 = 400 𝑘𝑁 e 𝑃2 = 650 𝑘𝑁. Sob a ação dessas cargas, o
máximo encurtamento permitido do pedestal é 1,0 𝑚𝑚. Sejam 𝐴1 𝑒 𝐴2 as áreas de
seção transversal das partes superior e inferior, respectivamente, do pedestal. (a)
Se a área 𝐴2 for três vezes a área 𝐴1 , qual é a máxima área permitida 𝐴1 ? (b) Se as
áreas 𝐴1 𝑒 𝐴2 forem tais que as tensões de compressão em ambas as partes do
pedestal forem as mesmas, qual é a máxima área permitida 𝐴1 ?

a) (a)(A1 )min = 43.000 mm2 ; (b)(A1 )min = 63.000 mm2


b) (a)(A1 )min = 50.000 mm2 ; (b)(A1 )min = 65.000 mm2
c) (a)(A1 )min = 53.000 mm2 ; (b)(A1 )min = 56.000 mm2
d) (a)(A1 )min = 50.000 mm2 ; (b)(A1 )min = 59.000 mm2
e) (a)(A1 )min = 47.000 mm2 ; (b)(A1 )min = 54.000 mm2

87
ESTUDO DA TORÇÃO PURA UNIDADE

INTRODUÇÃO À TORÇÃO
04
Nos tópicos anteriores abordamos os conceitos de tensão e deformação
associados a um carregamento axial, entretanto, um tipo de esforço também muito
aplicado, sobretudo, em eixos de transmissão de potência é o esforço por torção. O
leque de aplicação é enorme, motores, redutores de velocidade, laminadores de
aço, eixo cardan de ônibus e caminhões, dentre outros. Os eixos podem ser maciços
ou vazados, e podem ser fabricados em diversos tipos de materiais. Na indústria
mecânica, o aço é o material de maior aplicabilidade na confecção de eixos de
transmissão.
A figura 54 abaixo apresenta um eixo maciço sendo submetido a um esforço
de torção, antes da aplicação do torque externo 𝑻 e depois da aplicação do torque.
Diversas linhas na direção longitudinal ao eixo foram desenhadas na superfície
externa, a fim de facilitar a visualização das deformações provocadas pelo momento
torçor.

Figura 54: Eixo de secção circular sujeito a um torque externo

Fonte: Beer; et al (2015)

Pelo método da secção podemos afirmar que após a aplicação do torque


externo 𝑇 irá surgir um torque interno correspondente 𝑻′ em sentido contrário.

88
ÂNGULO DE TORÇÃO (𝜽), DISTRIBUIÇÃO DE TENSÃO E DEFORMAÇÃO NA
SECÇÃO

A figura 55 abaixo apresenta uma linha na superfície externa do eixo na


direção longitudinal de comprimento 𝑥 = 𝐿, com origem no ponto 𝐵 fixado em uma
chapa. Quando o eixo é submetido a um torque externo 𝑇, surgirá um ângulo de
torção 𝜃(𝑥) em que 𝑥 é a distância da origem em 𝐵 até o ponto onde mede-se o
ângulo (𝜃). Perceba que o ângulo de torção é uma função de 𝑥, logo, quanto mais
afastado do ponto fixo 𝐵, maior o ângulo de torção 𝜃.

Figura 55: Ângulo de torção θ(x)

Fonte: Beer; et al (2015).

Devido à ocorrência dessa distorção ao longo do eixo haverá o surgimento de


uma deformação por cisalhamento 𝛾. A deformação por cisalhamento em um
elemento infinitesimal qualquer no interior do eixo depende somente da sua distância
radial à linha central do eixo longitudinal. Essa deformação é zero na linha central, e
máxima na superfície externa do eixo, ponto de maior distância radial ao centro. A
deformação por cisalhamento de um elemento no interior do eixo pode ser
encontrada pela relação abaixo,

89
ρ
γ = ( ) γmáx (126)
c
onde 𝛾 é a deformação do elemento, 𝜌 é a distância radial do elemento à linha
central longitudinal, 𝑐 é a distância radial máxima e 𝛾𝑚á𝑥 é a deformação máxima do
elemento encontrado na superfície do eixo, cujo raio vale 𝑐.
Conforme apresentado no tópico anterior, quando um eixo é submetido a um
momento torço oriundo de esforços externos, este irá desenvolver um torque interno
de mesmo módulo. Mediante o surgimento desse torque interno, surgirão tensões de
cisalhamento na secção transversal. A tensão de cisalhamento é nula na linha central
do eixo longitudinal e máxima (𝜏𝑚á𝑥 ) na superfície externa, que representa o ponto
mais distante da linha central. A distribuição de tensão, tanto em um eixo maciço
como em um eixo vazado é apresentada na figura 56 abaixo.

Figura 56: Distribuição de tensão de cisalhamento em eixos maciço e vazado

Fonte: Beer; et al (2015)

Se o material for linearmente elástico, ou seja, apresente um comportamento


dentro da zona elástica obedecerá, portanto, à lei de Hooke em que, 𝜏 = 𝐺𝛾,
realizando a combinação da equação de deformação e da lei de Hooke, podemos
escrever a tensão de cisalhamento em um ponto qualquer do eixo como função da
distância radial do elemento a linha central da direção longitudinal, sendo assim,

ρ
τ = ( ) τmáx (127)
c

90
Figura 57: Elementos de área dA submetido à tensão de cisalhamento na torção

Fonte: Beer; et al (2015)

A FÓRMULA DA TENSÃO DE CISALHAMENTO NA TORÇÃO

A tensão de cisalhamento varia, linearmente, do centro até a superfície do


eixo na direção radial. Na figura 57 acima um elemento de área 𝑑𝐴 submetido a uma
força cisalhante 𝑑𝐹 = 𝜏 ∙ 𝑑𝐴. Para encontrarmos o torque internado total, devemos
integrar ao longo da área da secção transversal, os toques infinitesimais em cada
elemento de área 𝑑𝐴. Logo, como cada elemento é submetido a uma força 𝜏 ∙ 𝑑𝐴, o
torque no elemento a um distância radial 𝜌 do centro do eixo será, 𝑑𝑇 = 𝜌(𝜏 ∙ 𝑑𝐴),
logo, o torque interno no eixo, que equilibra o torque esterno, será:

ρ
T = ∫ ρ(τ ∙ dA) = ∫ ρ ( ) τmáx dA (128)
A A c

Como 𝜏𝑚á𝑥 e 𝑐 são constantes,

τmáx
T= ∫ ρ2 dA (129)
c A

91
Perceba que a integral de área apresentada na equação depende,
exclusivamente, da geometria da secção transversal do eixo de transmissão. Essa
propriedade da secção transversal é denominada momento polar de inércia (𝐽) da
secção em relação ao eixo central na direção longitudinal, possui unidade de
dimensão elevada à quarta potência (𝑚𝑚4 ), possui sempre valor positivo, e não
possui um significado do ponto de vista físico.
Logo, a tensão de cisalhamento máxima, atuante em um eixo qualquer, será:

Tc
τmáx = (130)
J
Para um elemento a uma distância radial 𝜌 qualquer, em um eixo, pode-se
escrever:

τmáx = (131)
J
Para um eixo circular maciço, o momento de inércia polar em relação à linha
central, é:
π 4
J= c (132)
2
E para um eixo circular vazado,
π
J= (c − ci )4 (133)
2 0
Onde 𝑐0 é o raio maior e 𝑐𝑖 é o raio menor.

A imagem a seguir apresenta a relação de algumas figuras geométricas


planas e seus respectivos momento de inércia em relação aos eixos x e y e em
relação a linha neutra (𝐼 )̅ .

92
Figura 58: Momento de Inércia de algumas figuras planas

TENSÃO DE CISALHAMENTO NA TORÇÃO (EXEMPLO RESOLVIDO)

A figura 59 abaixo apresenta um eixo de transmissão com seção transversal


circular, maciço, apoiado em dois mancais de rolamento (permite a rotação)
submetido a três torques externos, de 4.250 𝑘𝑁 ∙ 𝑚𝑚, 3.000 𝑘𝑁 ∙ 𝑚𝑚 e 1.250 𝑘𝑁 ∙ 𝑚𝑚,
respectivamente, da esquerda para a direta. O sentido dos torques aplicados é
definido pela orientação das setas ao redor das polias. O eixo possui um diâmetro da

93
secção transversal, de 150 𝑚𝑚 ou seja, 𝑐 = 75 𝑚𝑚. Qual a tensão de cisalhamento
máxima 𝜏𝑚á𝑥 a que o eixo estará submetido na secção transversal cortada pelo plano
𝑎𝑎 ?

Figura 59: Tensão de cisalhamento na torção (exemplo resolvido)

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

O ponto de partida para obter a tensão de cisalhamento máxima no eixo


deverá ser obter o torque interno na secção transversal cortada pelo plano aa. Vale
ressaltar que os torques em ambos os sentidos (horário e anti-horário) são iguais, logo,
o eixo estará em equilíbrio. Caso o peso do eixo e das polias sejam desprezados,
podemos afirmar que as reações no apoio serão nulas. Utilizando-se o método das
secções e realizando um seccionamento sobre o plano 𝑎𝑎, podemos escrever a
relação abaixo:

−Tinte ∓ 3000 kN ∙ mm ± 4.250 kN ∙ mm = 0 (134)

Logo;

Tinte = 1.250 kN ∙ mm (135)

Em seguida, deve-se obter o momento polar de inércia da secção transversal


circular maciça. Logo,
π 4
J= c (136)
2
π
J= (75 mm)4 (137)
2

J = 4,97 x 107 mm4 (138)

94
A tensão de cisalhamento máxima, de acordo com a distribuição de tensões
na secção transversal, ocorrerá na superfície do eixo, a uma distância 𝑐 = 75 𝑚𝑚 da
linha central do eixo perpendicular ao aplano 𝑎𝑎. Logo, podemos escrever para a
tensão de cisalhamento máxima:

Tc
τmáx = (139)
J

(1250) kN ∙ mm (75)mm
τmáx = (140)
4,97 x 107 mm4

N
τmáx = 1,89 ou 1,89 Mpa (141)
mm2

95
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (Adaptado de J. M. GERE, 2009). Um eixo sólido ABCD, tendo diâmetro d = 30 mm,


gira livremente em mancais nos pontos A e E. O eixo é comandado pela
engrenagem em C, que aplica um torque T2 = 450Nm na direção ilustrada na
figura. As engrenagens B e D são giradas pelo eixo e têm torques de resistência
T1 = 275 Nm e T3 = 175 Nm, respectivamente, agindo em direção oposta ao torque
T2 . Os segmentos BC e CD têm comprimentos LBC = 500 mm e LCD = 400 mm,
respectivamente, e o módulo de cisalhamento G = 80 GPa. Determine a tensão de
cisalhamento máxima em cada parte do eixo entre as engrenagens B e D.

a) τBC = 5,19 MPa; τCD = 45,0 MPa


b) τBC = 519 MPa; τCD = 45,0 MPa
c) τBC = 66,3 MPa; τCD = 45,0 MPa
d) τBC = 6,63 MPa; τCD = 33,0 MPa
e) τBC = 51,9 MPa; τCD = 33,0 MPa

2. (Adaptado de J. M. GERE, 2009). Um eixo sólido ABCD, tendo diâmetro d = 30 mm,


gira livremente em mancais nos pontos A e E. O eixo é comandado pela
engrenagem em C, que aplica um torque T2 = 450Nm na direção ilustrada na
figura. As engrenagens B e D são giradas pelo eixo e têm torques de resistência
T1 = 275 Nm e T3 = 175 Nm, respectivamente, agindo em direção oposta ao torque
T2 . Os segmentos BC e CD têm comprimentos LBC = 500 mm e LCD = 400 mm,
respectivamente, e o módulo de cisalhamento G = 80 GPa. Determine o ângulo de
TL
torção entre as engrenagens B e D. Lembre-se que: θ = GI
. Em que I é o momento
πd4
de inércia da secção transversal. Para circunferência, I = .
32

96
a) θBC = −0,0216 rad; θCD = 0,0110 rad; θBD = −0,0106 rad
b) θBC = −2,16 rad; θCD = 0,0110 rad; θBD = −0,06 rad
c) θBC = −0,0216 rad; θCD = 0,110°; θBD = −0,016 rad
d) θBC = −2,16 rad; θCD = 0,25°; θBD = −0,0106 rad
e) θBC = 0,0216 rad; θCD = 0,30 rad; θBD = −10,6 rad

3. (Adaptada de BEER, 1995). Um eixo circular vazado de aço tem comprimento L =


1,5 m e diâmetros interno/externo, respectivamente, de 40 e 60 mm. Qual é o maior
momento de torção que pode ser aplicado ao eixo, para que as tensões de
cisalhamento não excedam a 120 MPa? Qual o valor mínimo da tensão de
cisalhamento para esse caso?

a) T = 408,0 kNm e τ = 80 MPa


b) T = 2,04 kNm e τ = 60 MPa
c) T = 2,04 kNm e τ = 70 MPa
d) T = 4,08 kNm e τ = 80 MPa
e) T = 40,8 kNm e τ = 60 MPa

97
4. (Adaptada de BEER, 1995). O eixo circular BC é vazado, e tem diâmetros de
90 mm e 120 mm, respectivamente, interno/externo. Os eixos AB e CD são maciços,
com diâmetro d. Determinar para o carregamento indicado: (a) o valor máximo e
o valor mínimo da tensão de cisalhamento no eixo BC; (b) qual o diâmetro
necessário nos eixos AB e CD se a tensão admissível no material é 65 MPa.

a) (a)τmáx = 36,7 MPa; τmín = 64, MPa (b) d = 25,6 mm


b) (a)τmáx = 3,67 MPa; τmín = 68, MPa (b) d = 25,6 mm
c) (a)τmáx = 86,2 MPa; τmín = 64, MPa (b) d = 77,8 mm
d) (a)τmáx = 8,62 MPa; τmín = 68, MPa (b) d = 7,78 mm
e) (a)τmáx = 0,862 MPa; τmín = 68, MPa (b) d = 25,6 mm

5. (Adaptada de BEER, 1995). Determinar o torque 𝐓 que causará uma tensão de


cisalhamento máxima de 45 MPa no cilindro vazado de aço, como indicado na
figura abaixo. Qual a máxima tensão de cisalhamento causada pelo mesmo
torque 𝐓, em um cilindro maciço de mesma área de secão transversal.

98
a) T = 61,4 kNm; τmáx = 8,72 Mpa
b) T = 5,17 kNm; τmáx = 87,2 Mpa
c) T = 517 kNm; τmáx = 25,6 Mpa
d) T = 51,7 kNm; τmáx = 256 Mpa
e) T = 6,14 kNm; τmáx = 2,56 Mpa

6. (Adaptada de Hibbeler, 2010). O eixo está preso à parede A e é submetido aos


torques mostrados na figura abaixo. Determine a tensão de cisalhamento máxima
no eixo. Um filete de soda de raio 4,5 mm é usado para interligar os eixos em B.

a) τmáx = 35,6 Mpa


b) τmáx = 3,56 Mpa
c) τmáx = 47,2 Mpa
d) τmáx = 4,72 Mpa
e) τmáx = 472 Mpa

7. (Adaptada de Hibbeler, 2010). O eixo abaixo é usado para transmitir 660 W ao girar
a 450 rpm. Determine a tensão de cisalhamento máxima no eixo. Os segmentos
são interligados por um filete de solda de raio 1,875 mm.

99
a) τmáx = 47,48 MPa
b) τmáx = 4,74 MPa
c) τmáx = 474,8 MPa
d) τmáx = 38,75 MPa
e) τmáx = 3,875 MPa

8. (Adaptada de BEER, 1995). Um tubo circular com um diâmetro externo de 80 mm e


um diâmetro interno de 60 mm está submetido a um torque T = 4,0 kNm conforme
a figura abaixo. O tubo é feito de uma liga de alumínio 7075-T6. Determine a tensão
de cisalhamento máxima atuante no tubo.

a) τmáx = 58,2 MPa


b) τmáx = 5,82 MPa
c) τmáx = 582,6 MPa
d) τmáx = 32,4 GPa
e) τmáx = 37,8 GPa

100
ESTUDO DA FLEXÃO PURA UNIDADE

INTRODUÇÃO À FLEXÃO
05
Um elemento estrutural pode sofrer vários tipos de esforços, como tração,
compressão, torção, flexão e, na maioria dos casos, esforços combinados. Neste
capítulo iremos estudar a flexão pura, que ocorre em vigas e eixos, importantes
elementos de estrutura e máquinas aplicados na engenharia. Consideraremos
elementos retos, feitos em materiais homogêneos, com secção transversal simétrica.
De acordo com Hibbeler (2010, p.181), “Elementos delgados que suportam
carregamentos aplicados perpendicularmente a seu eixo longitudinal são
denominados vigas”.
As vigas como um elemento reto pode ser classificada em função dos tipos de
apoio a que estão sunmetidas. As principais são:
Viga simplesmente apoiada: Neste tipo de viga, uma de suas extremidades é
fixa e a outra extremidade está apoiada sobre um apoio móvel (ou rolete).

Figura 60: Viga simplesmente apoiada

Fonte: Google (online, 2022)

Viga apoiada ou biapoiada: Neste tipo de viga, ambas as extremidades estão


apoadas sobre apoios móveis (roletes). A figura 62 apresenta um exemplo.
Viga em balanço: Neste tipo de viga, uma de suas extremidades encontra-se
engastada e a outra extremidade encontra-se livre (em balanço). A figura 62
apresenta um exemplo.
Viga bi-engastada: Como sugere o próprio nome, ambas as extremidades
encontram-se engastadas. A figura 62 apresenta um xemplo.

101
Viga apoiada com uma ou ambas as extremidades em balanço: Neste tipo
de viga uma ou ambas as extremidades ultrapassam livremente o apoio.

Figura 61: Viga apoiada com uma ou ambas as extremidades em balanço

Fonte: Google (online, 2022)

A figura 62 abaixo, apresenta alguns tipos de vigas em função do tipo de


apoio.

Figura 62: Tipos de apoio

Fonte: Google (online, 2022)

Para o desenvolvimento de projetos de eixos e vigas submetidos a esforços de


flexão, aplicaremos o método das secções, a fim de se analisar os esforços de
cisalhamento interno (força cortante) e o momento fletor gerado no interior da
secção transversal da viga. Vale ressaltar que as vigas podem ser submetidas a
esforços concentrados figura 63𝑎 (a), carregamentos distribuídos de maneira
uniforme figura 63𝑏 ou carregamentos distribuídos variantes ao longo da posição da
viga figura 63𝑐.

102
Figura 63: Tipo de esforços

Fonte: Google (online, 2022)

Os esforços aplicados nas vigas provocam o surgimento de esforços internos


denominados de força cortante e momento fletor. Uma boa estratégia utilizada em
engenharia é determinar os valores da força cortante máxima e do momento fletor
máximo que atua sobre a viga ao longo de seu cumprimento total, e a partir desses
valores, bem como da posição onde esses esforços máximos acontecem, o
engenheiro projetista poderá dimensionar a secção transversal da viga ou eixo, bem
como aplicar reforços sobre as regiões de maior força cortante e momento fletor.
Para o cálculo do momento fletor máximo e força cortante máxima, e o
desenvolvimento do diagrama de força cortante (𝑉 versus 𝑥) e diagrama de
momento fletor (𝑀 versus 𝑥) é necessário adotar algumas de etapas. De acordo com
Hibbeler (2010, p. 182 e 183):

Calcular todas as reações de apoio, e decompor todas as forças


inclinadas, em componentes perpendiculares e paralelas à viga.
Fracionar a viga em vários segmentos, da esquerda para a direita, de
acordo com os pontos de descontinuidades até a região da viga em
que não há mais descontinuidade.
Seccione a viga perpendicularmente ao seu eixo em cada distância
XE faço diagrama de corpo livre de um dos segmentos. Não esqueça
que as ações de força cortante e momento fletor devem ser
mostradas no sentido positivo de acordo com a convenção de sinal.
A força cortante ou o cisalhamento é obtido pela soma das forças
perpendiculares ao eixo da viga.
O momento fletor é obtido pela soma dos momentos em torno da
extremidade seccionada do segmento.
Por fim construa o diagrama de força cortante e o diagrama de
momento fletor ambos em função da posição x da viga. Se os valores
numéricos das fusões que descrevem a força cortante e o momento
fletor forem positivos então estes estarão acima do eixo x ao passo que
valores negativos serão plantados abaixo do eixo x.
Normalmente representa se o diagrama de momento fletor e força
cortante imediatamente abaixo do diagrama de corpo livre da viga.

103
CONVENÇÃO DE SINAIS NA ANÁLISE DE FLEXÃO EM VIGAS

Realizando-se o seccionamento da viga ou eixo a ser analisado, partindo da


origem em sempre da esquerda para a direita (por convenção), a força cortante é
considerada positiva apontando sempre para baixo, e o momento fletor é
considerado positivo no sentido anti-horário.
A figura 64 abaixo apresenta uma viga apoiada com extremidade em
balanço, submetida a dois carregamentos. Um concentrado 𝑃 e outro distribuído 𝑤0
a partir do ponto A, aumentando uniformemente ao longo da sua posição 𝑥, até o
ponto B.

Figura 64: Cálculo em viga submetida a flexão

Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

Realizando o seccionamento da viga, partindo do ponto A (𝑥 = 0) e


finalizando entre os pontos C e D, e lançando mão da convenção de sinais adotados
para a força cortante 𝑉 e o momento fletor 𝑀, podemos esboçar o diagrama de
corpo livre após cada seccionamento, observando os pontos de descontinuidades
nas aplicações dos carregamentos.

104
Para 𝐴 < 𝑥 < 𝐵,

Para 𝐵 < 𝑥 < 𝐶

Para 𝐶 < 𝑥 < 𝐷

CÁLCULO DE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR (EXEMPLO RESOLVIDO I)

Exemplo de cálculo de força cortante momento fletor para carregamento


concentrado em viga biapoiada:

105
O primeiro passo é obter as reações de apoio que mantêm o equilíbrio estático
da viga. Para apoios do tipo rolete existirá apenas reação na direção 𝑦, uma vez que,
os roletes proporcionam liberdade de movimento da viga na direção 𝑥, esse tipo de
apoio é chamado de apoio primeiro gênero.

Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

Pelo equilíbrio de forças na direção 𝑦, obtemos:

∑ Fy = 0 (142)

R A(y) + R B(y) − 10 kN − 10 kN = 0 (143)

R A(y) + R B(y) = 20 kN (144)

Como não há esforços na direção 𝑥, ela não será avaliada.


Chegamos a uma equação e duas incógnitas. Matematicamente é impossível
obter os valores de 𝑅𝐴(𝑦) 𝑒 𝑅𝐵(𝑦) sem uma segunda equação. Precisamos obter outra
equação a fim de que tenhamos uma solução para o sistema de duas variáveis.
Analisando o momento em qualquer ponto da viga (A, B, C e D), como não há
rotação em nenhum desses pontos, o somatório algébrico dos momentos das forças

106
deverá ser nulo em qualquer um desses pontos. Convenientemente, escolhemos o
ponto A ou ponto D a fim de se eliminar alguma variável (𝑅𝐴(𝑦) 𝑜𝑢 𝑅𝐵(𝑦) ) e, assim,

encontrarmos uma solução possível. Aplicaremos o somatório de momento no ponto


A e, assim, iguala-se a zero.

∑ MA = 0 (145)

Por convenção, momentos que tendem a girar a viga no sentido anti-horário


serão considerados com sinal positivo, e momentos que tendem a girar a viga no
sentido horário serão convencionados com sinal negativo. Logo:

−10 kN ∙ 2,5 m − 10 kN ∙ (2,5 + 5,0)m + R B(y) ∙ 10 m = 0 (146)

10R B(y) = 100 kN (147)

R B(y) = 10 kN (148)

Retomando a equação 144, temos que:

R A(y) + 10 kN = 20 kN (149)

R A(y) = 10 kN (150)

O fato de as reações de apoio 𝑅𝐴(𝑦) e 𝑅𝐵(𝑦) possuírem o mesmo módulo


decorre da simetria da viga e dos carregamentos.
A partir da obtenção da intensidade das forças de reação de apoio (𝑅𝐴(𝑦) e
𝑅𝐵(𝑦) ), iremos seccionar a viga (método das secções) após cada carregamento que
apresenta uma descontinuidade, a fim de se obter o cisalhamento (força cortante
𝑉) e o momento fletor (𝑀) nesses pontos.
Para 0 < 𝑥 < 2,5𝑚

107
Aplicando o somatório algébrico das forças na direção 𝑦, e igualando a zero,
em virtude do equilíbrio estático nessa direção:
Para força cortante:

∑ Fy = 0 (151)

V1 − R A(y) = 0 (152)

V1 = R A(y) (153)

V1 = 10 kN (154)

Para momento fletor:

M1 − R A(y) ∙ x = 0 (155)

M1 = R A(y) ∙ x (156)

M1 = 10x kN. m (157)

Para 2,5 𝑚 < 𝑥 < 7,5 𝑚

Para força cortante:

∑ Fy = 0 (158)

V2 + 10 kN − R A(y) = 0 (159)

V2 = R A(y) − 10 kN (160)

108
V2 = 10 kN − 10 kN (161)

V2 = 0 (162)

Para momento fletor:

M2 + 10(x − 2,5)kN ∙ m − R A(y) ∙ x = 0 (163)

M2 = R A(y) ∙ x − 10(x − 2,5) (164)

M2 = 10x − 10x + 25 (165)

M2 = 25 kN ∙ m (166)
Para 7,5 𝑚 < 𝑥 < 10,0 𝑚

Para força cortante:

∑ 𝐹𝑦 = 0 (167)

𝑉3 + 10 𝑘𝑁 + 10 𝑘𝑁 − 𝑅𝐴(𝑦) = 0 (168)

𝑉3 = 𝑅𝐴(𝑦) − 20 𝑘𝑁 (169)

𝑉3 = 10 𝑘𝑁 − 20 𝑘𝑁 (170)

𝑉3 = −10 𝑘𝑁 (171)

109
Para momento fletor:

M3 + 10(x − 7,5)kN ∙ m + 10(x − 2,5)kN ∙ m − (R A(y) ∙ x)kN ∙ m = 0 (172)

M3 = R A(y) ∙ x − 10(x − 7,5) − 10(x − 2,5) (173)

M3 = 10x − 10x + 75 − 10x + 25 (174)

M3 = −10x + 100 kN ∙ m (175)

A partir dos valores obtidos podemos apresentar o diagrama de força cortante


𝑉 e momento 𝑀 em função da posição 𝑥 na viga, para cada intervalo seccionado.
A figura 65 abaixo apresenta o diagrama do cisalhamento na viga (foça
cortante V) em função da posição 𝑥. No eixo 𝑥, são plotados os valores da posição
da viga, da esquerda para a direita partindo do ponto A (𝑥 = 0𝑚) até o ponto D (𝑥 =
10,0𝑚). No eixo das ordenadas, os valores da força cortante em função de 𝑥.

Figura 65: Diagrama de força cortante

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A figura 66 abaixo apresenta o diagrama do momento fletor 𝑀 atuante em


toda a extensão 𝑥 da viga. No eixo 𝑥 são plotados os valores da posição da viga, da
esquerda para a direita partindo do ponto A (𝑥 = 0𝑚) até o ponto D (𝑥 = 10,0𝑚). No
eixo das ordenadas, os valores do momento fletor em função da posição 𝑥.

110
Figura 66: Diagrama de momento fletor

Fonte: Acervo pessoal do Autor (2022)

CÁLCULO DE FORÇA CORTANTE E MOMENTO FLETOR (EXEMPLO


RESOLVIDO II)

A figura 67 abaixo apresenta uma viga simplesmente apoiada, com um apoio


articulado fixo de 2º gênero e um apoio móvel (rolete) de 1° gênero. A viga é
submetida a um carregamento distribuído de módulo 25 𝑘𝑁⁄𝑚, e um carregamento
concentrado de módulo 10 𝑘𝑁 inclinado com um ângulo de 45° em relação à viga.
O comprimento dos segmentos da viga estão relacionados na cotagem do desenho
e dado em metros [𝑚].

Figura 67: Exemplo resolvido, flexão em viga simplesmente apoiada

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

111
A seguir é apresentado o cálculo da força cortante máxima e do momento
fletor máximo, no qual a viga é submetida. Por fim, é apresentado o diagrama de
momento fletor 𝑀 – (𝐷𝑀𝐹)e força cortante 𝑉 – (𝐷𝐹𝐶).

∑ Fx = 0 (176)

R A(x) − 10 cos 45° = 0 (177)

R A(x) = 7,071 kN (178)

∑ Fy = 0 (179)

R A(y) + R E(y) − 25 ∙ 5 kN − 10 sin 45° kN = 0 (180)

R A(y) + R E(y) = 132,071 kN (181)

∑ MA = 0 (182)

−25 ∙ 5 kN ∙ 3,5 m − (10 sin 45°)kN ∙ 6,7m + R E(y) ∙ 8 m = 0 (183)

R E(y) = 60,609 kN (184)

Substituindo o valor de 𝑅𝐸(𝑦) na equação 181, têm-se:

R A(y) + 60,609 kN = 132,071 kN (185)

R A(y) = 71,461 kN (186)

Cálculo da força cortante e momento fletor para trecho da viga seccionado.


Para 0 𝑚 ≤ 𝑥 ≤ 1,0 𝑚

112
∑ Fy = 0 (187)

V1 = R A(y) (188)

V1 = 71,461 kN (189)

∑M = 0 (190)

M1 − R A(y) ∙ x = 0 (191)

M1 = 71,461x kNm (192)

Para 1,0 𝑚 ≤ 𝑥 ≤ 6,0 𝑚

∑ Fy = 0 (193)

V2 + 25(x − 10) − R A(y) = 0 (194)

V2 = −25x + 96,461 kN (195)

∑M = 0 (196)

113
x−1
M2 − R A(y) ∙ x + 25(x − 1) ( )=0 (197)
2

M2 = −12,5x 2 + 96,461x − 12,5 kNm (198)

∑ Fy = 0 (199)

V3 + 25 ∙ 5 − R A(y) = 0 (200)

V3 = 71,461 − 125 (201)

V3 = −53,539 kN (202)

∑M = 0 (203)

M3 − R A(y) ∙ x + 125(x − 3,5) = 0 (204)

M3 = −53,539x + 437,5 kNm (205)

Para 6,7 𝑚 ≤ 𝑥 ≤ 8,0 𝑚

114
∑ Fy = 0 (206)

−V4 − 25 ∙ 5 − 10 sin 45° + R A(y) = 0 (207)

V4 = 71,461 − 125 − 7,071 (208)

V3 = −60,61 kN (209)

∑M = 0 (210)

M4 − R A(y) ∙ x + 125(x − 3,5) + (10 sin 45°)(x − 6,7) = 0 (211)

M4 = −60,61x + 484,876 kNm (212)

Diagrama de força cortante 𝑽

Diagrama de momento fletor 𝑴

115
O momento fletor máximo pode ser obtido por dois métodos diferentes. No
intervalo 1,0 < 𝑥 < 6,0 a função que descreve o momento fletor (𝑀2 = −12,5𝑥 2 +
96,461𝑥 − 12,5 𝑘𝑁𝑚) se apresenta como uma função de segundo grau de 𝑥, logo, o
diagrama 𝑀(𝑥) é uma parábola cuja concavidade está orientada para baixo,
coeficiente que acompanha o termo 𝑥 2 é menor que zero, (𝑎 < 0). O momento fletor
máximo ocorre no vértice da parábola, no ponto máximo da função. As
coordenadas cartesianas do vértice da parábola são dadas por:

∆ b2 − 4ac
Mmáx = − =− (213)
4a 4a
b
xmáx = − (214)
2a

Onde ∆ é o discriminante da equação de segundo grau, 𝑎 e 𝑏 são os


coeficientes da equação. Outra maneira de encontrar as coordenadas que
apontam o momento fletor máximo 𝑀𝑚á𝑥 e a posição 𝑥 desse ponto, é calculando a
derivada de primeira ordem da função 𝑀(𝑥) e igualando-a a zero. Considerando que
a derivada de uma função qualquer em um ponto representa a inclinação da reta
tangente nesse ponto, o valor de 𝑥 encontrado representa a projeção no eixo da

116
abcissa do ponto sob o gráfico em que a inclinação da reta tangente neste ponto
seja nula.
No exemplo calculado acima, o valor da coordenada x para o ponto de
momento fletor máxima,

M2 = −12,5x 2 + 96,461x − 12,5 (215)

Derivando a função e igualando a zero,

−25x + 96,461 = 0 (216)


Logo:

x ≅ 3,86 m (217)
O valor de 𝑀𝑚á𝑥 será,

Mmáx = −12,5 ∙ 3,862 + 96,461 ∙ 3,86 − 12,5 (218)

Mmáx = 173,594 kNm (219)

TENSÃO E DEFORMAÇÃO NA FLEXÃO

As figuras 68-a e 68-b abaixo apresentam a correlação existente entre a tensão


normal 𝜎 e a deformação normal 𝜖 provocada por um momento fletor interno no
eixo. Quando uma viga ou eixo é submetido a um esforço de flexão, um momento
fletor interno irá surgir. Em decorrência desse momento fletor interno, tensões e
deformações na direção longitudinal do eixo também irão surgir. Essas tensões e
deformações serão nulas na linha neutra (linha imaginária na direção longitudinal da
viga ou eixo e que passa pelo o centroide da secção transversal) e máximo nas
extremidades. A porção do eixo superior à linha neutra, quando submetida a um
carregamento de cima para baixo (sentido negativo de 𝑦), sofrerá uma tensão
normal de compressão na direção longitudinal do eixo, ao passo que a porção do
eixo inferior à linha neutra, quando submetida ao mesmo esforço de flexão, será
submetida a uma tensão normal de tração. Por convenção, a tensão normal de
tração é considerada com sinal positivo e tensão normal de compressão com sinal
negativo.

117
Figura 68: Distribuição de tensão normal na flexão

A análise que estamos realizando parte da premissa de que o material de que


é feito a viga ou eixo esteja sendo solicitado dentro da fase elástica, portanto,
apresentando um comportamento linear elástico que pode ser descrito pela Lei de
Hooke (𝜎 = 𝐸𝜀). Dessa maneira, a tensão normal em qualquer ponto da viga ou eixo
pode ser obtida pela relação abaixo:

118
γ
σ = − ( ) σmáx (220)
c

A tensão normal máxima em uma viga ou eixo, solicitada por flexão, pode ser
expressa conforme a equação abaixo:

Mc
σmáx = (221)
I

Em que 𝜎𝑚á𝑥 é a tensão normal máxima no elemento, que ocorre em um ponto


na área da secção transversal mais afastada da linha neutra. A variável 𝑀 É o
momento interno resultante, determinado pelo método das sessões e pelas
equações de equilíbrio e calculado em torno da linha neutro da seção transversal. A
variável 𝐼 É um momento de inércia da área da seção transversal calculada em torno
da linha neutra. A variável 𝑐 é a distância perpendicular da linha neutra a um ponto
mais afastado do eixo neutro onde 𝜎𝑚á𝑥 age.

119
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (Adaptado de J. M. GERE, 2009). Determine a força de cisalhamento V em [ k], e o


momento fletor M em [k ∙ ft ]no ponto médio C da viga simples AB mostrada na
figura abaixo:

a) V = 1,0 k; M = 40 k ∙ ft
b) V = 2,0 k; M = 35 k ∙ ft
c) V = 3,0 k; M = 45 k ∙ ft
d) V = 4,0 k; M = 38 k ∙ ft
e) V = 5,0 k; M = 39,5 k ∙ ft

2. (Adaptado de J. M. GERE, 2009). Determine a força de cisalhamento V e o momento


fletor M em uma secção transversal localizada a 16 ft da extremidade esquerda A
da viga com uma extremidade em balanço mostrada na figura.

a) V = −2060 lb; M = −7960 lb ∙ ft


b) V = −5120 lb; M = 3650 lb ∙ ft

120
c) V = 1030 lb; M = −7960 lb ∙ ft
d) V = −20,60 lb; M = 7960 lb ∙ ft
e) V = 51,20 lb; M = −360 lb ∙ ft

3. (Adaptado de J. M. GERE, 2009). Calcule a força de cisalhamento V e o momento


fletor M em uma secção transversal à esquerda da carga 9 kN atuando sobre uma
viga simpes AB mostrada na figura abaixo.

a) V = 1,25 kN; M = 11,62 kN ∙ m


b) V = 1,25 kN; M = 11,62 kN ∙ m
c) V = 1,25 kN; M = 11,62 kN ∙ m
d) V = 1,25 kN; M = 11,62 kN ∙ m
e) V = 1,25 kN; M = 11,62 kN ∙ m

4. (Adaptada de Hibbeler, 2010). Se a viga abaixo tiver secção transversal quadrada


de 225 mm em cada lado, determine a tensão de flexão máxima absoluta na viga.

a) σmáx = 40,49 GPa


b) σmáx = 20,25 GPa
c) σmáx = 13,27 MPa

121
d) σmáx = 40,49 MPa
e) σmáx = 20,25 MPa

5. (Adaptada de Hibbeler, 2010). Determine o menor diâmetro admissível do eixo que


está sujeito às forças concentradas. Os mancais de luva em A e B suportam
somente forças verticais, e a tensão de flexão admissível σadm = 160 MPa.

a) d = 31,3 mm
b) d = 62,6 mm
c) d = 3,13 mm
d) d = 15,6 mm
e) d = 22,4 mm

6. (Adaptada de Hibbeler, 2010). Determine o menor diâmetro admissível para o eixo


que está sujeito às forças concentradas. Os mancais de luva em A e B suportam
somente forças verticais, e a tensão de flexão admissível é σadm = 150 MPa

a) d0 = 21,7 mm
b) d0 = 33,68 mm

122
c) d0 = 67,36 mm
d) d0 = 16,84 mm
e) d0 = 3,36 mm

7. (Adaptado de J. M. GERE, 2009). Um eixo de vagão de carga, AB, é carregado


como mostrado na figura, com as forças P representado as cargas do carro
(transmitidas através das caixas de eixo) e as forças R representando as cargas dos
trilhos (transmitidas através das rodas). O diâmetro do eixo é d = 80 mm, a extensão
da roda é L = 1,45 m e a distância entre as forças P e R é b = 200 mm. Calcule a
tensão fletora máxima σmáx no eixo se P = 46,5 kN.

a) σmáx = 185 GPa


b) σmáx = 18,5 MPa
c) σmáx = 185 MPa
d) σmáx = 92,5 MPa
e) σmáx = 370 MPa

8. (Adaptado de J. M. GERE, 2009). Um dormente está submetido a dois


carregamentos dos trilhos, cada um com intensidade P = 36 kN, atuando da forma
mostrada na figura abaixo. Assume-se que a reação q do lastro é uniformemente
distribuída sobre o comprimento do dormente, que tem secção transversal com
dimensões b = 12 in e h = 10 in. Calcule a tensão fletora máxima máxima σmáx no
dormente devido às cargas P, assumindo que o tamanho da rida é L = 57 in e a
extremidade suspensa tem comprimento a = 19,5 in.

123
a) σmáx = 6,57 psi
b) σmáx = 810 psi
c) σmáx = 405 psi
d) σmáx = 8,10 psi
e) σmáx = 657 psi

124
PROJETO DE VIGAS E EIXOS UNIDADE

06
DIMENSIONAMENTO DE EIXO (EXEMPLO RESOLVIDO I)

Projetar (dimensionar) um eixo de transmissão de potência, maciço de aço


SAE 1020, laminado a quente, cuja tensão de cisalhamento admissível é 50 Mpa. O
eixo deverá transmitir uma potência de 15 kW, a uma frequência de rotação de 30
Hz.

A tensão de cisalhamento na torção é definida pela relação:

Tc
τ= (222)
J

Onde J é o momento de inércia da secção do eixo,

π 4
J= c (223)
2
Logo,

Tc
τ=π (224)
4
2c
2Tc
τ= (225)
πc 4

3 2T
c= √ (226)
πτ

O torque se relaciona com a potência mecânica por meio da relação:

p = 2πfT (227)

125
Logo:

P
T= (228)
2πf

Logo,

3 P
√2 2πf (229)
c=
πτ

3 P
c= √ (230)
π2 fτ

Como 𝑑 = 2𝑐,

3 15.000
d=2∙ √ 2 (231)
π ∙ 30 ∙ 50x106

d = 20,087 mm (232)

DIMENSIONAMENTO DE EIXO (EXEMPLO RESOLVIDO II)

Um eixo de transmissão de potência, maciço, fabricado em aço cujo módulo


elasticidade transversal é 𝐺 = 77𝐺𝑃𝑎, tensão de cisalhamento admissível 50MPa, gira
com uma frequência angular de 25 𝐻𝑧 . O eixo possui um comprimento de 3 metros.
Projete o eixo a fim de que se possa transmitir uma potência de 12kW em que o
ângulo de torção não exceda 10°
Cálculo do diâmetro levando-se em conta a tensão admissível:

126
3 P
d=2∙ √ (233)
π2 fτ

3 12.000
d=2∙ √ 2 (234)
π ∙ 25 ∙ 50x106

d = 19,82 mm (235)

Cálculo do diâmetro levando-se em conta o ângulo máximo de torção:

TL
θ= (236)
GI0

Onde;
π 4
I0 = D (237)
32

Logo,

4 32 ∙ T ∙ L
D= √ (238)
G∙π∙θ

4 32 ∙ P ∙ L
D= √ (239)
2Gfθπ2

32 ∙ 12000 ∙ 3
D = 4√ (240)
10
2 ∙ 77x109 ∙ 25 ∙ 180 π2

D = 20,41 mm (241)

DIMENSIONAMENTO DE VIGA (EXEMPLO RESOLVIDO III)

Projetar a viga mais econômica para suportar o carregamento mostrado na


figura 69 abaixo.

127
Figura 69: Projeto de viga sujeita a esforços de flexão

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A viga apresentada na figura 69 acima, possui um apoio articulado fixo,


portanto, de 2° gênero, com duas reações (nas direções 𝑥 e 𝑦) e um apoio móvel
de 1° gênero, com uma reação na direção 𝑦.
Pela estática podemos obter as reações de apoio.
Equilíbrio na direção 𝑥,

∑ Fx = 0 (242)

Logo,

R A(x) = 0 (243)

Equilíbrio na direção 𝑦,

∑ Fy = 0 (244)

kN
R A(y) + R B(y) = 80kN + 100 ∙ 2,4 m (245)
m

R A(y) + R B(y) = 320 kN (246)

Equilíbrio rotacional,

∑ MA = 0 (247)

128
R B(y) ∙ 0,8 − 240 ∙ 1,2 − 80 ∙ 2,4 = 0 (248)

R B(y) = 600 kN (249)

Logo,

R A(y) + 600kN = 320 kN (250)

R A(y) = −280 kN (251)

O sinal negativo encontrado na resposta indica que o sentido da reação de


apoio em 𝐴 é o oposto do representado na figura 69.
Analisando a viga para obtenção da força cortante máxima e momento fletor
máximo.
Para 0 < 𝑥 < 0,8 𝑚

(252)
∑ Fy = 0

V1 + 100x + R A(y) = 0 (253)

V1 = −100x − 280 kN (254)


Momento fletor,
𝑥
𝑀1 + 𝑅𝐴(𝑦) ∙ 𝑥 + 100𝑥 ∙ =0 (255)
2

𝑀1 = −50𝑥 2 − 280𝑥 𝑘𝑁. 𝑚 (256)

129
Para 0,8 < 𝑥 < 2,4 𝑚

∑ Fy = 0 (257)

V2 + 100x + R A(y) − R B(y) = 0 (258)

V2 = −100x − 280 + 600 kN (259)

V2 = −100x + 320 kN (260)

Momento fletor,

𝑥
𝑀2 + 𝑅𝐴(𝑦) ∙ 𝑥 + 100𝑥 ∙ − 𝑅𝐵(𝑦) ∙ (𝑥 − 0,8) = 0 (261)
2

𝑀2 = −50𝑥 2 − 280𝑥 + 600𝑥 − 480 𝑘𝑁. 𝑚 (262)

𝑀2 = −50𝑥 2 + 320𝑥 − 480 𝑘𝑁. 𝑚 (263)

O diagrama de momento fletor para o carregamento em questão é


apresentado na figura 70 abaixo:

130
Figura 70: Diagrama de momento fletor

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Para selecionar a viga adequada, deve-se obter o módulo de resistência à


flexão mínimo, logo,

|Mmáx |
Wx = (264)
σadm

256 x 103
Wx = (265)
160 x 106

Wx = 1600 x 103 mm3 (266)

O perfil de viga a ser selecionado deverá ser aquele que possui o módulo de
resistência iminentemente superior ao módulo de resistência do projeto, logo:

Perfil 𝑾𝒙 (𝟏𝟎𝟑 )𝒎𝒎𝟑


W 250 x 167 2080
W 310 x 143 2150
W 360 x 101 1690
W 360 x 122 2010
W 410 x 114 2200
W 460 x 113 2400
W 530 x 92 2070
W 610 x 101 2530

Viga selecionada: W 530 x 92

131
132
FIXANDO O CONTEÚDO

1. (Adaptada de Hibbeler, 2010). (CARGAS AXIAIS) A coluna abaixo construída de


concreto de alta resistência e seis hastes de reforço de aço A-36. Se for submetida
a uma força axial de 150 kN. Projete cada haste (encontrar o diâmetro), de modo
que 1/4 da carga seja suportado pelo concreto e 3/4, pelo aço.

a) daço = 22,36 mm
b) daço = 44,95 mm
c) daço = 22,36 cm
d) daço = 222,36 mm
e) daço = 4,95 mm

2. (Adaptada de Hibbeler, 2010). A Carga de 4 kN deve ser suportada pelos dois


cabos verticais de aço para os quais te igual a σe = 560 MPa. Se os comprimentos
originais dos cabos AB e AC forem 1250 mm e 1252,5 mm, respectivamente,
determine a área da seção transversal do cabo AB para que a carga seja
compartilhada igualmente entre os dois cabos. O cabo AC tem área de seção
transversal de 13 mm².

133
a) AAB = 7,0426 mm2
b) AAB = 10,6236 mm2
c) AAB = 3,60911 mm2
d) AAB = 6,2341 mm2
e) AAB = 2,2597 mm2

3. (Adaptada de Hibbeler, 2010). A coluna apresentada na figura abaixo é de


concreto de alta resistência e reforçada com quatro hastes de aço A-36. Se for
submetida a uma força axial de 800 kN, determine o diâmetro exigido para cada
haste de modo que 1/4 da carga seja suportada pelo aço e 3/4 pelo concreto.
Eaço = 200 GPa e Ee = 25 GPa.

a) d = 85,3 mm
b) d = 33,9 mm
c) d = 67,8 mm
d) d = 16,8 mm
e) d = 22,5 mm

4. (Adaptada de BEER, 1995). Uma viga de concreto é reforçada por três barras de
aço, colocadas como indicado na figura. Os módulos de elasticidade são 20 GPa
para o concreto e 200 GPa para o aço. Usando uma atenção admissível de 10 MPa
para o concreto e 150 MPa para o aço, determinar o maior momento fletor que
pode ser aplicado à viga.

134
a) M = 79,1 kNm
b) M = 37,8 kNm
c) M = 76,4 kNm
d) M = 29,2 kNm
e) M = 1,02 MNm

5. (Adaptada de BEER, 1995). A viga de concreto reforçada, como mostrado na figura


abaixo, é submetida a um momento fletor de 55 kNm. Sabendo-se que os módulos
de elasticidade são de 25 GPa para o concreto, e de 200 GPa a para o aço,
determinar a tensão no aço e a máxima tensão no concreto.

a) σaço = 39,7 MPa e σconc = 52,2 MPa


b) σaço = 238,2 MPa e σconc = 17,25 MPa
c) σaço = 79,4 MPa e σconc = 13,05 MPa
d) σaço = 158,8 MPa e σconc = 13,05 MPa
e) σaço = 79,4 MPa e σconc = 26,10 MPa

135
6. (Adaptada de BEER, 1995). Uma laje de concreto é reforçada por hastes de aço
de 16 mm de diâmetro colocadas a 180 mm de centro a centro como mostrado
na figura abaixo. O módulo de elasticidade é de 20 GPa para o concreto e 200 GPa
para o aço. Usando uma tensão admissível de 9 MPa para o concreto e de 120 MPa
para o aço, determine o maior momento fletor por metro de largura que pode ser
aplicado à laje.

a) M = 24,92 kNm
b) M = 43,09 kNm
c) M = 11,73 kNm
d) M = 23,46 kNm
e) M = 5,86 kNm

7. (Adaptada de BEER, 1995). Uma viga de madeira simplesmente apoiada, seção


transversal retangular e comprimento vão de 1,2 m está submetida a uma carga
concentrada em seu ponto médio, além de seu próprio peso conforme a figura
abaixo. A seção transversal tem largura de 140 mm e altura de 240 mm. O peso
específico da madeira é 5,4 kN/m3. Qual o máximo valor permissível da carga P se a
tensão fletora a permitida é de 8,5 MPa?

136
a) P = 38,0 kN
b) P = 34,0 kN
c) P = 28,0 kN
d) P = 22,0 kN
e) P = 45,0 kN

8. (Adaptada de BEER, 1995). A secção transversal de uma viga composta feita de


alumínio e aço está ilustrada na figura. Os módulos de elasticidade são Eal =
75GPa e Eaço = 200 GPa. Sob a ação de um momento fletor que produz uma tensão
fletora máxima de 40 MPa no alumínio, qual a tensão máxima σmáx no aço?

a) σmáx = 35,6 MPa


b) σmáx = 42,7 MPa
c) σmáx = 81,8 MPa
d) σmáx = 22,3 Mpa
e) σmáx = 74,8 MPa

137
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO

UNIDADE 01 UNIDADE 02

QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 B
QUESTÃO 5 C QUESTÃO 5 C
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 E QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 A QUESTÃO 8 E

UNIDADE 03 UNIDADE 04

QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 E
QUESTÃO 2 E QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 C
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 D QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 A

UNIDADE 05 UNIDADE 06

QUESTÃO 1 A QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 A QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 C
QUESTÃO 7 C QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 E

138
REFERÊNCIAS

BARRIOS, D. B. Demonstração do efeito da concentração de tensões empregando o


método dos elementos finitos no processo de ensino na engenharia mecânica. São
Paulo, 2005. Disponível em: https://bit.ly/3UaNHRH. Acesso em: 08 ago. 2022.

BEER, Ferdinand P.; E. JOHNSTON, Russell Jr., DEWOLF, John T.; MAZUREK, David. F.
Estática e Mecânica dos Materiais. 1. ed. AMGH, 2013.

BEER, Ferdinand, JOHNSTON, E. Russell. Resistência dos Materiais. 3° ed. São Paulo:
Pearson Makron Books, 1995.

BEER, F. P. JOHNSTON, E. R. Mecânica Vetorial para Engenheiros: Estática. 7ª ed.,


São Paulo: McGraw Hill, 2006.
GERE, James M. Mecânica dos Materiais. Editora Cengage Learning.

BOTELHO, Manoel H. C. Resistência dos materiais. 2° ed. São Paulo: Blucher, 2013.
Disponível em: https://bit.ly/3Bb2Qda. Acesso em: 08 ago. 2022.

HIBBELER, R. C. Resistência dos materiais. 7.ed. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall,
2010. 637 p.

MELCONIAN, S. Mecânica Técnica e Resistência dos Materiais - 20ª Edição Revisada.


Editora Saraiva, 2018. E-book. 9788536528564. Disponível em: https://bit.ly/3BIG1it.
Acesso em: 30 ago. 2022.

POPOV, E. P. Introdução à Mecânica dos sólidos. São Paulo: Blucher, 1978.


Disponível em: https://bit.ly/3Dse4wI. Acesso em: 08 ago. 2022.

139

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