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Produção de textos
oficiais na UnB
Setembro de 2021
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Ficha Técnica
Reitora
Márcia Abrahão Moura
Vice-Reitor
Enrique Huelva Unternbäumen
Coordenadora de Capacitação
Bruna Emily Pontes Feitosa
Apoio EaD
Márcio Luiz de Jesus Soares
Maria de Fátima Neris
Revisão textual
André Pontes Gaio
Webdesign
Osvaldo Corrêa
Diagramação
Cláudia Dias
Marcelo Jatobá
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Sumário
Apresentação..................................................................................................................... 6
UNIDADE I
Introdução............................................................................................................ 8
Objetivos.............................................................................................................. 8
1.1.3.1 Paráfrase.................................................................................... 12
Considerações finais.......................................................................................... 19
UNIDADE II
Introdução.......................................................................................................... 22
Objetivos............................................................................................................ 22
2.1.1 Impessoalidade.................................................................................. 24
2.1.2 A concisão.......................................................................................... 25
2.1.3 A clareza............................................................................................. 26
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Considerações finais.......................................................................................... 50
UNIDADE III
Introdução.......................................................................................................... 52
Objetivos............................................................................................................ 52
3.5.1 Memorando.......................................................................................... 60
3.5.2 Ofício.................................................................................................... 62
3.5.3 Relatório............................................................................................... 66
Considerações finais.......................................................................................... 70
4
UNIDADE IV
Introdução.......................................................................................................... 72
Objetivos............................................................................................................ 72
4.1.1 Ata........................................................................................................ 72
4.1.2 Termo................................................................................................... 75
UNIDADE V
Introdução.......................................................................................................... 78
Objetivos............................................................................................................ 78
5.1 Ato................................................................................................................ 78
5.2 Despacho..................................................................................................... 82
Leitura Complementar........................................................................................ 84
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 85
REFERÊNCIAS................................................................................................................. 86
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Apresentação
Prezado(a) cursista,
Assim, gostaríamos de lhe desejar sucesso em seus estudos sobre redação ofi-
cial. Aqui, você terá a oportunidade de se familiarizar com gêneros oficiais, atentando
para questões da língua portuguesa como concordância, pontuação e o Novo Acordo
Ortográfico, com os quais terá de lidar ao longo de sua carreira pública.
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Unidades de
Aprendizagem
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Unidade 1
1. ELABORAÇÃO E
PRODUÇÃO DE TEXTOS
Introdução
Objetivos
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1.1 Texto, discurso e textualidade
Já parou para pensar que nós não nos comunicamos por palavras ou frases
isoladas? A unidade comunicativa básica é o texto, ocorrência linguística escrita ou
falada, de extensão variável, com uma unidade comunicativa entre os membros de
uma comunidade.
Texto é uma sequência verbal (palavras), oral ou escrita, que forma um todo
que tem sentido para um determinado grupo de pessoas em uma determinada situa-
ção. O texto pode ter uma extensão variável: uma palavra, uma frase ou um conjunto
maior de enunciados, mas ele, obrigatoriamente, necessita de um contexto significati-
vo para existir. Seu nível de linguagem pode ser formal, coloquial, informal ou técnico.
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As pessoas não estão sempre preocupadas com o conteúdo daquilo que estão
dizendo. Às vezes, estão apenas praticando um ritual de interação. Por exemplo, nas
relações cotidianas, na pergunta “Você tem alguma coisa para fazer hoje à noite?”
A intenção é muito mais fazer um convite de natureza afetiva do que obter uma res-
posta direta.
Você sabia que o conceito de texto não se limita à linguagem verbal (palavras)?
O texto pode ter várias dimensões, como o texto cinematográfico, o teatral, o
coreográfico (dança e música), o pictórico (pintura), enfim, pode ser constituído
por vários modos semióticos, o que é chamado de multimodal, ou seja, um texto
construído por diferentes linguagens, segundo Gunther Kress (2010) e Ângela
Dionísio (2005).
b) Por mais neutro que pretenda ser — como instruções para uso de um equi-
pamento ou uma notícia de jornal —, um texto sempre revela a perspectiva (a
visão de mundo) que o autor constrói da realidade, ainda que certo grau de
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intencionalidade seja um fenômeno mais notável em textos argumentativos. A
visão de mundo que está na base do discurso de um autor pode ser chama-
da de ideologia — processo de produção de significados, signos e valores da
vida social. Você percebe que o texto traz consigo, de modo mais ou menos
evidente, valores identificados com certa cultura e formação histórica e social
na medida em que o autor é um ator social que comunga com esses valores?
1.1.2 Textualidade
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Imagine que você tenha ido visitar um amigo hospitalizado e pelos corredores
veja placas com a palavra “Silêncio”. A palavra “Silêncio” está dentro de um
contexto significativo por meio do qual as pessoas interagem: você, como leitor
das placas, e os administradores do hospital, que têm a intenção de comunicar
a necessidade de haver silêncio naquele ambiente. Assim, podemos entender
que a palavra “Silêncio”, nesse caso, constitua-se em um texto.
1.1.3 Intertextualidade
1.1.3.1 Paráfrase
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conservam basicamente as ideias do texto original. O que se inclui são comentários,
ideias e impressões de quem faz a paráfrase. Vamos refletir agora sobre seu trabalho,
já que você precisa escrever ou ler atas, relatórios, dentre outros textos oficiais. Como
você faria para reproduzir por escrito uma discussão ou deliberação de uma reunião?
Percebe que o recurso linguístico importante seria a paráfrase? A partir disso, você
escreveria em uma linguagem mais formal ou mais sucinta o que foi explicitado em
outras palavras, sem mudar-lhe o sentido.
CURIOSIDADE
De acordo com Possenti (1996), porque são utilizadas por todos os grupos
sociais, algumas formas linguísticas não são consideradas erradas ao passo
que outras formas, como a não concordância em “nós foi”, são consideradas
sinais de ignorância por não serem empregadas por todos os grupos de falantes.
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SAIBA MAIS
“É que uma dessas formas já não distingue falantes, já que falantes de todos os gru-
pos sociais a utilizam”, como ocorre no primeiro exemplo. Já “a outra forma distingue
falantes, porque certos grupos a utilizam e outros, não” (POSSENTI, 1996).
A coesão diz respeito ao modo como ligamos os elementos textuais numa se-
quência; a coerência não é apenas uma marca textual, mas diz respeito aos concei-
tos e às relações semânticas que permitem a união dos elementos textuais.
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A falta de coerência em um texto é facilmente percebida quando o interlocutor
não encontra sentido lógico entre as proposições de um enunciado oral ou escrito. É
a competência linguística, tomada em sentido lato, que permite a esse falante reco-
nhecer de imediato a coerência de um discurso. A competência linguística combina-se
com a competência textual para possibilitar certas operações simples ou complexas
da escrita literária ou não literária: um resumo, uma paráfrase, uma dissertação com
base em um tema dado, um comentário a um texto literário, etc.
Coerência e coesão são fenômenos distintos porque pode ocorrer uma sequên-
cia coesiva de fatos isolados que, combinados entre si, não têm condições para formar
um texto. A coesão não é uma condição necessária e suficiente para constituir um texto.
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SAIBA MAIS
Esse assunto é bastante importante! Veja mais sobre esse assunto, bem como
exemplos de conjunções, seus significados e uso em frases no seguinte link:
http://qrolecionar.blogspot.com/2014/09/coordenadas-e-hifen.html
¾ Cheguei, vi e venci.
¾ Primeiro vou ver um filme e depois vou dormir.
¾ Espero que o exame corra bem.
¾ Esperava que o exame tivesse corrido bem.
¾ Estava muito cansado, porque passei a noite acordado.
A coesão também pode se dar muitas vezes de modo implícito, com base em
conhecimentos anteriores que os participantes do processo têm em relação ao tema.
Por exemplo, o uso de uma determinada sigla, que para o público a quem se dirige
deveria ser de conhecimento geral, evita que se lance mão de repetições inúteis.
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Numa linguagem figurada, a coesão é uma linha imaginária, composta de ter-
mos e expressões, que une os diversos elementos do texto e busca estabelecer rela-
ções de sentido entre eles.
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4. Hipônimos – são usados para estabelecer uma relação com base na maior
especificidade do significado de um deles. Por exemplo, ipê (mais específico) e
árvore (mais genérico).
Por exemplo: Gostaria de trocar de carro, todavia só o farei quando pagar mi-
nhas dívidas.
Por exemplo: Aqui onde eu moro está frio hoje. Isso é o que marca esse ter-
mômetro na parede. Os termos em destaque não significam em si, mas assi-
nalam a localização espacial da pessoa do discurso e determinam o ponto de
referência, o lugar em que decorre a enunciação.
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1.3 Tópico frasal
Exemplo de parágrafo:
Considerações finais
A escrita não pode mais ser concebida como um processo linear no qual se se-
gue um plano rígido que consiste em planejamento-esboço-escrita. Ela é um processo
recursivo no qual o escritor relê palavras já escritas, relê o tópico, “relê” a satisfação
que seu texto lhe traz, percebe se ele está claro para o leitor, etc., ou seja, o escritor
pensa, escreve, apaga, reescreve, revisa, reescreve, revisa. A escrita é, portanto,
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Como se pode constatar, a prática de revisão textual não é uma atividade pon-
tual efetuada apenas ao fim de um processo, mas um exercício gradual e contínuo ao
longo de todo o processo de elaboração de um texto, do início ao fim. À medida que
você reavalia seu texto, tem a possibilidade de reescrevê-lo e readequá-lo, tomando
gradativamente a consciência da dimensão daquilo que enuncia.
Você revisa seus e-mails e textos, em geral, antes de enviá-los? Busque levar a
sério a revisão de tudo aquilo que escreve, porque é a condição essencial para uma
justa adequação dos nossos enunciados à situação, aos interlocutores e aos objetivos
da enunciação. Revisar, em certa medida, é delimitar, pois na revisão fazemos esco-
lhas, cortamos, alteramos ou ampliamos o que é dito no registro escrito daquilo que
queremos que permaneça.
Bom, assim finalizamos nossa Unidade 1. Conto com vocês na próxima uni-
dade para aprofundarmos nossos conhecimentos e avançarmos no assunto sobre
“Normas gramaticais”. Você verá mais explicações linguísticas no decorrer do nosso
material didático. Não se preocupe!
______. Muito além da gramática: por um ensino sem pedras no caminho. São Paulo:
Parábola, 2007.
20
DIONISIO, Ângela Paiva. Gêneros multimodais e multiletramento. In: KARWOSKI, A.M.;
GAYDECZKA, B.; BRITO, K.S. (Orgs.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. Palmas
e união da Vitoria, PR: Kaygangue, 2005.
FIORIN, L. J.; PLATÃO, F. S. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática,
1990.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça & TRAVAGLIA, Luiz. Texto e coerência. São Paulo:
Cortez, 1989.
POSSENTI, Sírio. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas, Mercado
de Letras, 1996.
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Unidade 2
2. NORMAS GRAMATICAIS
DE TEXTOS
Introdução
Sugerimos que vocês acessem o Guia de Produção Textual para maiores ex-
plicações e exemplificações sobre os atributos da redação oficial e sobre os erros re-
correntes de ortografia e morfossintaxe, além da indicação de gramáticas normativas
e dicionários da Língua Portuguesa.
Objetivos
¾ Produzir textos com o objetivo de atender às diversas práticas diárias de
redação que envolvem o trabalho na Universidade.
¾ Demonstrar domínio da comunicação escrita quanto à coesão e à coerência
textuais, à correção e à clareza da linguagem, do ponto de vista da norma
gramatical e do Novo Acordo Ortográfico.
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Concordância
Será que existe uma “fórmula mágica” que nos ensinaria a redigir um bom
texto, ou, como querem alguns, produzir uma redação “nota dez”? Em primeiro lugar,
gostaríamos de confessar, humildemente, que não temos (nem inventamos) a receita
dessa poção mágica; em segundo lugar, não conhecemos ninguém que a possua.
Infeliz..., ou melhor, felizmente.
Esclarecemos, também, que produzir um bom texto não significa produzir uma
obra literária. Um bom texto produzido para determinados fins escolares ou
profissionais não se confunde, em hipótese alguma, com um texto literário que
tenha fins artísticos.
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Como sabemos, não existem fórmulas mágicas para se fazer uma boa reda-
ção. O exercício contínuo, aliado à prática da leitura de bons autores e a reflexão
são indispensáveis para a elaboração de textos oficiais. Na redação de textos ofi-
ciais, não basta um modelo, é preciso senso crítico aguçado para que a adequação
ao gênero seja eficiente e precisa, de acordo com a mensagem e com o público a
que se destina.
Nossa tarefa, então, será apontar alguns atributos dos textos oficiais, tais como:
a impessoalidade, a concisão e a clareza e uso de norma padrão. Vamos começar?
SAIBA MAIS
Veja a palestra Chavões de linguagem: Por que mudar se sempre foi assim?,
de Paula Cobucci.
https://www.youtube.com/watch?v=fczx1hHufhk
Constitui erro grave usar vírgula entre termos que mantêm entre si estreita liga-
ção sintática – como entre sujeito e verbo, entre verbos ou nomes e seus com-
plementos.Veja exemplos nas frases abaixo:
2.1.1 Impessoalidade
24
a) alguém que comunique;
Dessa forma, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, como
as que, por exemplo, constam em uma carta a um amigo ou em um artigo de opinião
publicado por um jornal. A redação oficial deve ser sempre isenta de interferências
da individualidade de quem a elabora. Características como a concisão, a clareza, a
objetividade e a formalidade adotadas nos textos oficiais contribuem para que seja
alcançada a necessária impessoalidade.
2.1.2 A concisão
Ser conciso significa não abusar das palavras para exprimir uma ideia. Deve-se
ir direto ao assunto sem ficar “enrolando”. Significa, enfim, eliminar tudo aquilo que é
desnecessário.
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Veja também alguns exemplos de chavões e frases feitas que devem ser evitados:
¾ inflação galopante
¾ vitória esmagadora
¾ caixinha de surpresas
¾ caloroso abraço
¾ silêncio sepulcral
¾ nos píncaros da glória
Procure não repetir em excesso os mesmos termos, ok? Faça uso de pronomes,
sinônimos, advérbios e elipses. Todos esses recursos, além de tornar mais ágil
o texto, livrando-o de inúteis e cansativas redundâncias, realizam a trama coesi-
va, responsável pela unidade de sentido do texto. Pense sempre nisso antes de
escrever seus textos.
2.1.3 A clareza
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¾ Uso da impessoalidade que evita a duplicidade de interpretações que
poderia decorrer de um tratamento personalista dado ao texto;
¾ o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de entendimento geral
e por definição avesso a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e o
jargão;
¾ a formalidade e a padronização, que possibilitam a imprescindível
uniformidade dos textos;
¾ a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos linguísticos.
A clareza consiste na manifestação de uma ideia de forma que possa ser rapi-
damente compreendida pelo leitor. Ser claro é ser coerente, não se contradizer, não
confundir o leitor. São inimigos da clareza: a desobediência às normas da língua, os
períodos longos (obscuridade), o vocabulário rebuscado, a imprecisão vocabular e a
ambiguidade.
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2. Detalhar
Evite repetir; alterne com particularizar, pormenorizar, delinear, minudenciar.
3. Devido a
Evite repetir; utilize igualmente em virtude de, por causa de, em razão de, graças
a, provocado por.
4. Dirigir
Quando empregado com o sentido de encaminhar, alterne com transmitir,
mandar, encaminhar, remeter, enviar, endereçar.
5. Em face de
Sempre que a expressão em face de equivaler a diante de, é preferível a regên-
cia com a preposição de; evite, portanto, face a, frente a.
6. Bem como
Evite repetir; alterne com e, como (também), igualmente, da mesma forma. Evite o
seu uso, pois não é consenso entre autores; opte pelo equivalente “assim como”.
7. Causar
Evite repetir. Use também originar, motivar, provocar, produzir, gerar, levar a, criar.
Dadas as circunstâncias.
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Sabemos que certas distorções de escrita podem prejudicar a compreensão do
nosso texto. Já tratamos das qualidades que devem ser cultivadas. Vamos agora
tratar de alguns defeitos que comprometem o texto e que, portanto, sempre de-
vem ser evitados. Você vai observar que, em alguma medida, já cometeu algum
desses erros nos textos que circulam em seu ambiente de trabalho. No entanto
o importante é tomarmos consciência dos erros a fim de não mais cometê-los.
Vamos detectar alguns desvios textuais existentes?
O Sistema Único de Saúde (SUS) poderá ser obrigado a oferecer atendimento integral para
prevenção e tratamento de obesidade. A exigência está prevista em projeto de lei apresen-
tado nesta semana à Mesa, que o encaminhou imediatamente às comissões técnicas para
exame em caráter de urgência, dado o relevante interesse social da matéria.
Ele não é um bom exemplo de texto conciso e claro. O segundo período está
muito longo e com várias orações subordinadas. O ideal é produzir parágrafos mais
curtos e com estrutura mais simples.
O Sistema Único de Saúde (SUS) poderá oferecer atendimento integral para prevenção de
obesidade. A exigência está prevista em projeto de lei apresentado nesta semana às comis-
sões técnicas para exame em caráter de urgência.
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1. Enquanto
Conjunção proporcional equivalente a ao passo que, à medida que. Evitar
a construção coloquial enquanto que.
2. Especialmente
Use também principalmente, mormente, notadamente, sobretudo,
nomeadamente, em especial, em particular.
3. Inclusive
Advérbio que indica inclusão; opõe-se a exclusive. Evite seu abuso com
o sentido de “até”; nesse caso, utilize o próprio até ou ainda, igualmente,
também, ademais.
4. Informar
Alterne com comunicar, avisar, noticiar, participar, inteirar, cientificar, instruir,
confirmar, levar ao conhecimento, dar conhecimento; ou perguntar, interrogar,
inquirir, indagar.
5. No sentido de
Empregue também com vistas a, a fim de, com o fito (objetivo, intuito, fim) de,
com a finalidade de, tendo em vista ou mira, tendo por fim.
6. Onde
Como pronome relativo significa em que (lugar): A cidade onde nasceu. O país
onde viveu. Evite, pois, construções como “a lei onde é fixada a pena” ou “o
encontro onde o assunto foi tratado”.
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¾ Grafia: nesse aspecto, é necessário atentar para a grafia de palavras que
não conheça. Em caso de dúvidas, consulte o dicionário. Se não puder
fazê-lo, não hesite em substituir a palavra cuja grafia não conheça por outra
conhecida. Lembre-se: a língua portuguesa é muito rica em sinônimos.
Não se esqueça, também, de verificar se a acentuação das palavras está
conforme o Novo Acordo Ortográfico.
¾ Flexão das palavras: cuidado com a formação do plural de algumas
palavras.
¾ Concordância: lembre-se de que o verbo sempre concordará com o sujeito
e os nomes devem estar concordando entre si.
¾ Regência: fique atento à regência de verbos e nomes, sobretudo aqueles
que exigem a preposição a, a fim de não cometer erro no emprego do
acento que indica a crase.
2. A partir de
A partir é uma expressão que deve ser empregada preferencialmente no
sentido temporal:
Ex. A cobrança do imposto entra em vigor a partir do início do próximo ano.
Evite usar essa expressão com o sentido de ”com base em”, preferindo, nesse
caso, tomando-se por base, fundando-se em, baseando-se em.
3. Assim
Use assim após a apresentação de alguma situação ou proposta para ligá-la à
ideia seguinte.
Alterne com: dessa forma, desse modo, diante do exposto, diante disso,
consequentemente, portanto, por conseguinte, assim sendo, em consequência,
em vista disso, em face disso.
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Sobre a vírgula
Observe:
II. Não se pode escrever: Minha amiga, emprestou-me um livro. ou Minha ami-
ga emprestou-me, um livro.
¾ Na língua padrão, utiliza-se a vírgula para delimitar:
IV. uma expressão intercalada (Minha amiga se parece muito comigo. Ela, por
exemplo, gosta muito de ler);
V. uma oração adjetiva explicativa (Minha amiga, que sempre estudou comigo,
amanhã se mudará para outra cidade);
VI. uma oração adverbial (Caso eu necessite de algo, sei que posso contar com
a minha amiga).
Sobre o ponto
O ponto final serve para demarcar no discurso pausas mais longas entre ideias
distintas para que o acúmulo exagerado de informações não dificulte a compreensão
do leitor. É comum observar, em textos de vários gêneros, que o autor, prolongando
indevidamente uma frase sem fazer uso do ponto final, mesmo observando todas as
normas de acentuação, concordância e ortografia, gera ruído na comunicação. Mas
devemos ter cuidado para não fragmentar excessivamente o texto, mutilando ou frus-
trando o desenvolvimento das ideias.
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2.4 Propriedades semânticas
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1. Porquê – É um substantivo, por isso somente poderá ser utilizado quando for
precedido de artigo (o, os), pronome adjetivo (meu(s), este(s), esse(s), aque-
le(s), quantos(s)...) ou numeral (um, dois, três...)
2. Por quê – Quando usado no final de frase, deverá receber acento, não im-
portando qual seja o elemento que venha antes.
Ex: Ele não me ligou e nem disse por quê. Você está rindo de quê? Você veio
aqui para quê?
3. Por que – É usado quando há a junção da preposição por com o pronome in-
terrogativo que ou com o pronome relativo que. Para melhor compreender seu
uso, pode-se substituí-lo por: por qual razão, pelo qual, pela qual, pelos quais,
pelas quais, por qual motivo.
Ex: Por que não me disse a verdade? = por qual razão. Gostaria de saber por
que não me disse a verdade. = por qual razão
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As causas por que discuti com ele são particulares. = pelas quais
Ela é a mulher por que se perdeu. = pela qual
Exemplos:
Não foi à igreja de casa, porque estava iludido. = já que
É uma falácia, porque engana a todos. = pois
Leiam, porque não se deixem enganar. = a fim de que
Emprego de onde/aonde
Exemplos:
Onde estás? – Em casa.
Você sabe onde fica o Haiti?
Onde moram os pigmeus?
Não entendo onde ele estava com a cabeça quando falou isso.
De onde você está falando?
Não sei onde me apresentar nem a quem me dirigir.
Exemplos:
Aonde você vai todos os domingos?
Sabe aonde eles vão?
A mulher moderna sabe muito bem aonde quer chegar.
Não sei aonde ou a quem me dirijo.
Aonde nos levará tamanha discussão?
Faz três dias que saiu do HRAN, aonde deverá retornar brevemente para novos
exames.
Estavam à deriva, sem saber aonde ir.
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No final do ano, antes de viajar para Natal, onde foi fazer uma palestra, a profes-
sora estava preocupada com a forma como suas palavras seriam interpretadas.
Com o Novo Acordo, passa a existir uma única forma para a grafia das palavras da
língua portuguesa. Isso não significa que todas as bases do Acordo imponham mudanças
no registro das palavras no Brasil, em Portugal e nos demais países de língua portuguesa.
Algumas bases ratificam modificações já efetuadas no Brasil em 1971, como a suspensão
do acento grave nas sílabas subtônicas de palavras derivadas. Ex.: café – cafezinho.
SAIBA MAIS
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O que se ganha com a adoção do Acordo Ortográfico?
Entre outros aspectos, o Acordo Ortográfico trata do alfabeto, dos nomes pró-
prios, dos nomes estrangeiros e seus derivados, do h inicial e final, da homofonia
de certos grafemas consonânticos, dos ditongos, da acentuação de modo geral, do
emprego do hífen, da supressão do trema e da divisão silábica. Se não fosse a orto-
grafia, graves problemas de comunicação poderiam ocorrer em virtude das diferenças
que, no português falado, existem de uma região para outra ou de um país para outro.
Esse é o principal argumento dos que defendem um padrão ortográfico para todos os
países lusófonos, isto é, os que falam a língua portuguesa.
¾ no alfabeto;
¾ no uso do trema;
¾ no uso do acento diferencial;
¾ na acentuação dos ditongos abertos;
¾ no uso do hífen;
¾ no uso das maiúsculas e minúsculas.
No alfabeto
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ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ
O trema
Não existe mais o trema em língua portuguesa. Ele continua valendo apenas
em casos de nomes próprios e seus derivados, por exemplo: Müller, mülleriano.
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Os ditongos éi, éu e ói, sempre que tiverem pronúncia aberta em palavras oxí-
tonas (éi e não êi), são acentuados. Vejamos:
Por sua vez, os ditongos abertos em palavras paroxítonas não são mais acen-
tuadas. Vejamos os exemplos abaixo:
Abençôo Abençoo
Enjôo Enjoo
Atenção!
O par pôde/pode permanece com o acento diferencial. Pôde é a forma do pas-
sado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3ª pessoa do singular.
Pode é a forma do presente do indicativo, na 3ª pessoa do singular.
Exemplo: Ontem, ele não pôde terminar o projeto mais cedo, mas hoje ele pode.
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Exemplo: Vou pôr em discussão o parecer por mim elaborado na próxima reu-
nião do departamento.
Exemplos:
Ele tem dois cargos. / Eles têm dois cargos.
Ele vem de Brasília. / Eles vêm de Brasília.
Ele mantém a palavra./ Eles mantêm a palavra.
Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.
Não se usa mais o acento agudo do u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui,
(eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.
Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir,
como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir, etc.
Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicati-
vo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.
Veja:
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¾ verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua,
delinquas, delinquam.
Atenção!
No Brasil, a pronúncia mais comum é a primeira, aquela com a e i tônicos.
Uso do hífen
Só em casos excepcionais são admitidas duas grafias para uma mesma pala-
vra (HOUAISS, 2008) – o mesmo ocorre com a acentuação gráfica, utilizada para mar-
car diferentes fonemas, ou mesmo diferenciar o significado de escrita para solucionar
possíveis inconsistências ortográficas.
seminovo, autoconhecimento,
VOGAL + CONSOANTE Não use hifen e junte
autodesenvolvimento,
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Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Pré-história Pré-história
Super-homem Super-homem
Extra-humano Extra-humano
Exemplos:
Extra-escolar Extraescolar
Auto-escola Autoescola
Auto-estrada Autoestrada
Plurianual Plurianual
Co-editor Coeditor
Agroindustrial Agroindustrial
Semianalfabeto Semianalfabeto
Exemplos:
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Atenção!
com o prefixo vice usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante, etc.
Exemplos:
Antiinflacionário Anti-inflacionário
Antiintelectualismo Anti-intelectualismo
Microondas Micro-ondas
Pseudo-organizado Pseudo-organizado
Contraassinatura Contra-assinatura
Semiinternato Semi-internato
Inter-racial Inter-racial
Inter-regional Inter-regional
Sub-bibliotecário Sub-bibliotecário
Sub-base Sub-base
Como podemos ver no segundo quadro, essa grafia já era praticada antes do
Acordo, o que reforça o fato de que este não trouxe tantas modificações para o por-
tuguês do Brasil.
Outros exemplos:
Exemplos:
Contra-regra Contrarregra
Extra-regular Extrarregular
Co-seno Cosseno
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Reforçando:
¾ Com o prefixo sub-, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r:
sub-região, sub-raça, etc.
¾ Com os prefixos circum- e pan-, usa-se o hífen diante de palavra iniciada
por m, n e vogal:
circum-navegação, pan-americano, etc.
Atenção!
Pós-graduação Pós-graduação
Ex-ministro Ex-ministro
Pré-formular Pré-formular
Pró-reitoria Pró-reitoria
Recém-empossado Recém-empossado
Atente-se para o uso do hífen para ligar duas ou mais palavras que, ocasio-
nalmente, se combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos
vocabulares.
Observação:
Esta regra, em alguns momentos, pode causar dúvidas por não explicitar os ca-
44
sos em que a mudança deve ou não ocorrer. Como sugestão de consulta, indicamos
o VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa), que contém o registro da
ortografia oficial das palavras em português.
Atenção!
Ano-luz Segunda-feira
Arco-íris Bem-te-vi
Tio-avô Cravo-da-índia
Amor-perfeito
Pára-quedas Paraquedas
Manda-chuva Mandachuva
Cabra-cega Cabra-cega
Toca-fitas Toca-fitas
Roda-viva Roda-viva
Girassol Girassol
Madressilva Madressilva
45
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Cão de guarda
Fim de semana
Pé de moleque
Sala de jantar
Cor de vinho
Cada um
Quem quer que seja
À parte
Acerca de
A fim de
46
¾ Nos antropônimos, reais ou fictícios: Marquês de Sabugosa; Luís da Cunha,
D. Quixote.
¾ Nos topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro; Atlântida,
Hespéria.
¾ Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor, Netuno.
¾ Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias
da Previdência Social.
2. Substantivos próprios:
Rafael
Minerva
Deus
Juliana
Humberto
Carolina
Jesus Cristo
Cruzeiro do Sul
Via Láctea
Terra (planeta)
Observação: no caso da palavra deus ser usada de forma genérica, essa regra
não se aplica, permanecendo o uso da inicial minúscula. Ex.: o deus pagão, a deusa
da justiça.
47
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Cristianismo
Islamismo
Protestantismo
Igreja
Estado
República
Observações:
norte sul
leste oeste
48
Senhor Reitor
Doutor José Pinto
Português ou português
Linguística ou linguística
Semiótica ou semiótica
Literatura ou literatura
Dupla grafia
Exemplos:
PORTUGAL BRASIL
Facto fato
Afectar afetar
Dicção dição
Observação:
PORTUGAL BRASIL
Académico acadêmico
Cénico cênico
Colónia colônia
Oxigénio oxigênio
Génio gênio
49
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Antes do Novo Acordo, essa regra sempre causou polêmica, pois nem todos os
gramáticos subscreviam tal proibição. Evanildo Bechara, por exemplo, argumenta, em
sua Moderna gramática portuguesa (2000, p. 536- 537), que ambas as construções
são corretas e cita o uso da contração em vários escritores clássicos da língua. No
entanto, há uma cláusula do Acordo Ortográfico que adota tal proibição. Assim, a partir
da vigência do Acordo, configura erro ortográfico fazer a seguinte contração.
Exemplo 1 Exemplo 1:
Exemplo 2: Exemplo 2:
Você sabia de todas essas mudanças trazidas pelo Acordo Ortográfico? Qual ou
quais delas mais chamou sua atenção? Sugerimos que faça anotações da grafia
das palavras mais utilizadas no seu cotidiano, para sempre revisar ao escrever
seus textos.
Considerações finais
Esperamos que todo esse conhecimento linguístico tenha sido útil para que
você consiga entender as normas gramaticais dos textos. A partir disso, é possível
compreender e produzir melhor os gêneros textuais oficiais e adequá-los ao seu pró-
prio plano composicional, tema e estilo.
50
2.6 Leitura complementar
HOUAISS, A. Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do novo acordo
ortográfico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Publifolha, 2008.
51
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Unidade 3
3. TEORIA E PRÁTICA DA
REDAÇÃO OFICIAL: PADRÃO
OFÍCIO, RELATÓRIO E E-MAIL
Introdução
Espera-se que esta unidade sobre teoria e prática da redação oficial contribua,
conforme o próprio Manual de redação da Presidência da República preconiza (2018),
para a consolidação de uma cultura administrativa de profissionalização dos servi-
dores públicos e de respeito aos princípios constitucionais da legalidade, impessoa-
lidade, moralidade, publicidade e eficiência a fim de que haja melhoria nos serviços
prestados à comunidade no geral e, especificamente, à UnB.
Objetivos
¾ Compreender textos da redação oficial de forma correta e adequada às
características e às funções desses gêneros textuais.
¾ Expressar-se por escrito com fluência, clareza, segurança e expressividade.
¾ Redigir textos técnicos e documentos oficiais com coesão, coerência,
respeitando a estrutura, os elementos constitutivos e as ideias básicas.
¾ Aplicar técnicas e procedimentos requeridos pela redação de uma
correspondência oficial no âmbito profissional
¾ Produzir os textos oficiais padrão ofício e e-mail formal dentro do ambiente
de trabalho.
52
3.1 Característica da redação oficial
Nesse sentido, fica claro também que as comunicações oficiais apresentam ne-
cessariamente certa uniformidade. Visto que a finalidade básica da redação ofi-
cial é comunicar com impessoalidade e máxima clareza, não se pode permitir
em sua linguagem a mesma criatividade de outros gêneros textuais que circulam
socialmente.
53
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Para isso, é necessário também o uso de papéis uniformes como suporte para
o texto definitivo e a correta configuração do texto, respeitando-se as normas especí-
ficas para cada tipo de expediente.
54
b) Doutor não é considerado forma de tratamento, e sim título acadêmico.
Nesse caso, deve-se utilizar o tratamento “Senhor”.
Logo, quando for de sexo feminino, preserva-se, do mesmo modo, a forma mar-
cada do gênero gramatical. Do ponto de vista da Linguística, o masculino em “o” é a
forma não marcada, e o feminino em “a” é a forma marcada.
55
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Exemplo:
O vocativo
Senhor + cargo
ou Senhor + nome
Ao Senhor
As exceções estão transcritas no art. 1º, §3º, que determina que essa regra não
se aplicará:
56
I - às comunicações entre agentes públicos federais e autoridades estrangeiras
ou de organismos internacionais; e
II - às comunicações entre agentes públicos da administração pública federal e
agentes públicos do Poder Judiciário, do Poder Legislativo, do Tribunal de Con-
tas, da Defensoria Pública, do Ministério Público ou de outros entes federativos,
na hipótese de exigência de tratamento especial pela outra parte, com base em
norma aplicável ao órgão, à entidade ou aos ocupantes dos cargos.
Nome
57
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Comecemos pelas práticas sociais. Sabemos que realizar uma reunião, por
exemplo, constitui uma das inúmeras práticas sociais que envolvem o uso formal
da língua, desde a preparação até a finalização do evento. Esse “uso” manifesta-
se na escrita em diversas configurações textuais ou gêneros textuais, que são
a convocatória, a pauta, os documentos apresentados no momento, a lista de
presença, a ata. Portanto, a prática social reunião contempla ações mediadas
pela linguagem, as quais devem ser entendidas por todos, ocorrendo o que
denominamos de prática de letramento.
Para uma visualização mais eficaz das relações entre prática social, prática
de letramento e gênero textual no domínio discursivo da Universidade, vejamos o
quadro a seguir.
58
SITUAÇÕES DE USO DE GÊNEROS TEXTUAIS NA UNIVERSIDADE
Reuniões diversas
Convocatórias/convites
Pautas de reunião
Exposições multimodais (slides)
Despacho de documentos
Elaboração de documentos diversos
1. Uso frequente Identificação (visitante)
de multimodalidade Realização de cadastro
linguística Elaboração de projeto e de planos de trabalho
Solicitar, requerer
2. Uso predominante de Informar, determinar
língua escrita Encaminhar
Comunicar algo por meio de:
• Memorando
• Ofício
• Requerimento
• Aviso
• Ata
Vamos estudar alguns desses gêneros de acordo com as normas técnicas, lem-
brando que devemos seguir algumas normas específicas da Universidade, uma vez
que determinados setores devem antes passar pelas instâncias imediatamente supe-
riores para conhecimento e concordância. Por exemplo, quando o Gabinete do(a) Rei-
tor(a) encaminha documento para ser respondido por um departamento, esse docu-
mento passará antes pelo instituto do departamento, sendo o endereçamento: “Para
[departamento], via [instituto]”. Atente-se também que na UnB se adotam as iniciais
maiúsculas no registro de cargos e funções. Por exemplo: Professor Fulano de Tal;
Assistente em Administração; Diretor do...
59
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
3.5.1 Memorando
Quanto mais claro e preciso o texto, mais rápido e efetivo o resultado. Compe-
tências: reitor, vice-reitor, decano, dirigente de unidades acadêmicas e administrativas,
centro, órgão complementar, diretoria, chefe de departamento, assessoria, secretaria,
demais órgãos da UnB e servidores autorizados.
60
Exemplo de memorando
61
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
3.5.2 Ofício
Conforme as Normas de Padronização de Documentos da UnB, “é a corres-
pondência utilizada para tratar de assuntos administrativos, destinada a outros ór-
gãos públicos e privados e a pessoas em geral”. (p. 17, 2011). Vejamos um exemplo:
62
3.5.2.1 Partes estruturais do padrão ofício
Exemplo:
Mem. n. 12/2013/ UnB Of. n. 12/2013/ UnB
Corpo do texto:
63
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Nesse sentido, veja como aparece no SEI o Ofício. Observe que o modelo dis-
ponibilizado pelo SEI ainda não está atualizado conforme o Decreto 9.758/2019, no
que se refere ao pronome de tratamento.
64
Fonte: SEI/UnB, 2020.
1. a fonte utilizada é UnB Office ou Arial, de tamanho 12, no corpo do texto, 11,
nas citações, e 10, nas notas de rodapés;
4. os textos dos ofícios, dos memorandos e dos anexos (quando for o caso),
poderão ser impressos no verso e no anverso, respeitando-se as margens nas
duas faces do papel.
65
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
3.5.3 Relatório
Local e data
Fecho
66
Outra recomendação de estrutura
Abertura
Conclusão
Recomendações
Apêndices e anexos
Referências
a) Pré-Texto:
b) Texto:
• introdução;
• desenvolvimento;
• conclusões e/ou recomendações.
67
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
c) Pós-Texto:
• anexos;
• agradecimentos;
• referências bibliográficas;
• glossário;
• índice(s);
• ficha de identificação do relatório;
• lista de destinatários e forma de acesso ao relatório;
• terceira e quarta capas.
Para que o e-mail tenha valor documental, é necessário que haja certificação
digital, que atestará a identidade do remetente, na forma estabelecida em lei.
O correio eletrônico deve ser iniciado com uma saudação e o vocativo apropria-
do para cada interlocutor. O fecho padrão é a palavra “Atenciosamente”
68
Exemplo de e-mail formal adequado
69
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Depois de finalizada esta Unidade, vamos refletir: quais desses gêneros você
mais utiliza em seu local de trabalho? E os documentos, estão sendo elabora-
dos segundo as normas de redação oficial?
Considerações finais
70
locutor (parceiro), pois consiste atividade social da comunicação; uma orientação temá-
tica (tema, tópico, ideia central, núcleo semântico).
Nesse sentido, esperamos que você esteja apto a produzir ao menos os gêneros
textuais: memorando, padrão ofício, relatório e correio eletrônico no âmbito profissional.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9758.htm
______. Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 18. ed. São Paulo: Atlas,
2006.
NEY, J. L. Prontuário de redação oficial. 8. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976.
Unidade 4
Objetivos
4.1.1 Ata
72
ticipar de uma assembleia, sessão ou reunião. O verbo que designa o ato de redigir
uma ata é “lavrar”. Uma das funções principais da ata é historiar, traçar um painel dos
fatos e vozes que se manifestaram em uma reunião, podendo ser utilizada em uma
empresa, associação, instituição. Serve como documento para consulta posterior, ten-
do caráter obrigatório em situações de decisões nos departamentos e nos colegiados.
A ata deve ser digitada em espaço simples (espaço 1), sem parágrafos nem
espaços vazios e conter: número sequencial, data, local, horário em que teve início
(todos por extenso); nome do presidente, dos membros presentes e dos convidados,
dos membros com ausência justificada, assuntos discutidos e respectivas delibera-
ções. No fecho deve ser identificado o horário em que foi encerrada a reunião, com
espaço para assinatura de quem redigiu, seguido do nome (por extenso). Em seguida
vem o nome do presidente e dos demais membros presentes (em ordem alfabética),
os quais assinarão a ata, caso seja essa a opção do todo. O número de reunião ordi-
nária é sequencial e deve ser escrito por extenso. Por exemplo:
Importante:
respeitada a tolerância regimental para quórum, deve ser exarada ata de reu-
nião ordinária que não se realizou por falta de quórum nos mesmos moldes das
ocorridas. Reunião extraordinária não tem número. É identificada pela data em
que foi realizada.
73
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Deve conter:
Texto, incluindo:
Assinaturas
Exemplo:
74
4.1.2 Termo
Auto de infração
Fonte: http://www.fiscaldeposturas.com.br/municipal/2011/06/15/termos-fiscais-relativos-
-ao-uso-de-sacola-plastica/
75
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Regulamenta e dispõe os
procedimentos para doações
espontâneas da comunidade
acadêmica e usuários externos do
Sistema de Bibliotecas da
Universidade de Brasília (SiB-UnB).
O diretor da Biblioteca Central da Universidade de Brasília (BCE), no uso de suas atribuições conferidas
pelo Art. 40 do Regimento Geral da UnB, considerando a polí�ca de formação e desenvolvimento de
acervos do SiB-UnB, o papel da comunidade acadêmica, usuários externos e a natureza do acervo
impresso de uma biblioteca universitária,
INSTRUI:
Art. 1º O Sistema de Bibliotecas da Universidade de Brasília (SiB-UnB) tem interesse em receber como
doação espontânea e livre de ônus, obras que possam enriquecer seu acervo enquanto biblioteca
universitária para todos os suportes de informação u�lizados, tais como, por exemplo, livros
universitários, revistas cien�ficas, história em quadrinhos (HQs), filmes, discos de vinil e obras que
contribuam para as a�vidades de ensino, pesquisa e extensão, enriquecendo o acervo da Biblioteca
Central e das bibliotecas setoriais. A doação ocorrerá de acordo com as seguintes determinações:
CAPÍTULO I
DAS OBRAS
Art. 2º Todas as obras ofertadas em doação devem ser iden�ficadas pelo doador ou seu representante e
conter ao menos informações sobre autor, �tulo, editora, ano e ISBN.
Art. 3º O SiB-UnB não recebe, em hipótese alguma: doações sem iden�ficação; caixas fechadas; apos�las,
material para concursos, cópias de livros, obras não-adequadas à missão do SiB-UnB e doações em
comodato ou modalidade similar.
Art. 4º Caso o doador deseje doar mais que cem (100) itens diferentes, deve-se entrar em contato com o
Setor de Seleção e Aquisição para agendar uma visita de pré-avaliação das obras no local onde se
encontram.
CAPÍTULO II
DOAÇÕES RECOMENDADAS, DE AUTORES, PROJETOS E HERANÇAS
Art. 5º O SiB-UnB demonstra seu interesse em receber como doação obras importantes para as
a�vidades de ensino, pesquisa e extensão e obras cujos autores fazem parte da comunidade acadêmica
da UnB e/ou sociedade de Brasília e região bem como obras financiadas por projetos e editais públicos.
As doações devem seguir o disposto no Capítulo I desta Instrução Norma�va e poderão ser:
https://sei.unb.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=3892516&infra_sistema=… 1/3
76
4.3 Leitura complementar
NEY, J. L. Prontuário de redação oficial. 8. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976.
77
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Unidade 5
Objetivos
¾ Compreender textos da redação oficial de forma correta e adequada às
características e às funções desses gêneros textuais.
¾ Expressar-se por escrito com fluência, clareza, segurança e expressividade.
¾ Redigir textos técnicos e documentos oficiais com coesão, coerência,
respeitando a estrutura, os elementos constitutivos e as ideias básicas.
¾ Aplicar técnicas e procedimentos requeridos pela redação de uma
correspondência oficial no âmbito profissional
¾ Produzir os textos oficiais ato e despacho dentro do ambiente de trabalho.
5.1 Ato
Quando se emitir Ato, Instrução ou Resolução para dar nova redação a algum
artigo, parágrafo, inciso ou alínea, esse texto deve ter início no parágrafo e estar
alinhado à direita. O último artigo de um Ato, Instrução ou Resolução deve ser a res-
peito da vigência do instrumento. Se houver instrumento a ser revogado, este tem de
constar explicitamente: “Este (Ato, Instrução, Resolução) entra em vigor na data de
sua publicação e revoga o(a) (nome do instrumento e ano)”. Deve-se evitar o termo
“Revogam-se as disposições em contrário”. Os documentos Ato, Instrução e Resolu-
ção devem conter no rodapé da página a indicação de sua distribuição, na margem
esquerda inferior (com fonte em tamanho 10). Se tiver mais de uma página terá de
constar da última.
78
A partir do dia 16 de maio de 2016, todos os novos documentos e processos
passaram a ser criados em meio eletrônico na UnB, por meio da utilização do SEI
(Sistema Eletrônico de Informação). Portanto, os Atos não são mais datados, como
ainda prescreve o Manual da UnB. Trata-se de uma indicação que entrou em desuso
e não é mais utilizada. O SEI registra automaticamente a data e a assinatura de quem
elaborou o documento.
79
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
80
Exemplo de Ato dividido em artigos
81
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
5.2 Despacho
Identificação
Centro de custo: xxxx
Para: xxxx
Data
A data (por extenso) deve ser precedida da preposição “Em” e alinhada à direita.
Exemplo: Em 5/6/2019.
Comunicação
É o conteúdo do despacho, a exposição do assunto, com as informações da decisão ou
do encaminhamento. Se contiver mais de dois parágrafos, convém numerá-los a partir
do primeiro.
Assinatura
É o campo formado pelo conjunto assinatura e nome da autoridade expedidora. Se for
pelo SEI, a assinatura é digital.
82
Algumas orientações gerais
Exemplo:
83
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9758.htm
_____. Correspondência: técnicas de comunicação criativa. 18. ed. São Paulo: Atlas,
2006.
NEY, J. L. Prontuário de redação oficial. 8. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976.
84
Considerações Finais
Esperamos que você tenha compreendido na prática que escrever é bem mais
do que um exercício de aplicação de regras a uma estrutura linguística. Escrever é se
posicionar como autor, consciente do objetivo e do alcance do texto. Nossa intenção
foi proporcionar a você as condições necessárias para refletir sobre o uso da lingua-
gem nos diversos gêneros empregados no universo acadêmico e profissional, sem
deixar de observar os aspectos metodológicos nos quais a escrita desses textos se
pauta. Acenamos com uma proposta prática, mais próxima de sua realidade com o ob-
jetivo de ajudá-lo a desenvolver suas habilidades de escrita, aliando as experiências
do cotidiano de seu trabalho à necessidade de proficiência na produção e na recepção
de textos oficiais.
É nosso desejo que as atividades práticas tenham sido um fio condutor de seu
aprimoramento nas atividades de leitura e de escrita e que tenham estimulado você a
gerenciar suas habilidades de leitor e produtor de textos em todos os gêneros, espe-
cialmente naqueles que fazem parte do seu cotidiano de trabalho.
85
Curso - Produção de textos oficiais na UnB
Referências
86
atual. Positivo, 2007.
HOUAISS, Antonio (Ed.). Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa.
[S.l.]: Editora Objetiva, 2001. 1 CD. Versão 1.0.
HOUAISS, I. A. Escrevendo pela nova ortografia: como usar as regras do novo
acordo ortográfico da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Publifolha, 2008.
HOUAISS, A. Elementos de bibliologia. Rio de Janeiro.: Instituto Nacional do Livro
– MEC, 1967.
KRISTEVA, J. Introdução à semanálise. São Paulo: Perspectiva, 1974.
ORLANDI, E. P. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP:
Pontes, 2001.
RIBEIRO, O. M. Janelas na construção da leitura. Uberaba: Vitória, 2006a.
______. Ri melhor quem ri na escola: quando o texto humorístico é também pedagógico.
In: VIEIRA, S. D. Dicas para lecionar. Uberaba: Publi, 2006b.
SILVA, M. O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: o que muda e o que
não muda. Rio de Janeiro: Contexto, 2008.
TOMASI, C.; MEDEIROS, J. B. Comunicação empresarial. São Paulo: Atlas, 2007.
TUFANO, D. Guia Prático da Nova Ortografia. São Paulo: Melhoramentos, 2008.
87