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Módulo de

Língua Portuguesa II
Curso de Licenciatura em Ensino de Inglês

Faculdade de Ciências de Linguagem Comunicação e Arte

Departamento de Inglês

Universidade Pedagógica
Rua João Carlos Raposo Beirão nº 135, Maputo
Telefone: (+258) 21-320860/2 ou 21 – 306720
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Centro de Educação Aberta e à Distancia


Programa de Formação à Distância
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e-mail: cead@up.ac.mz / up.cead@gmail.com
Ficha técnica

Autoria: Isaías Mate

Revisão da Engenharia de EAD e Desenho Instrucional: Eduardo Moisés Humbane

Edição Linguistica: Salomão António Massingue

Edição técnica/Maquetização: Valdinácio F. Paulo

Capa: Gael Epiney

© 2019 Universidade Pedagógica

Primeira Edição

Impresso e Encadernado por

© Todos os direitos reservados. Não pode ser publicado ou reproduzido em nenhuma forma ou meio – mecânico ou
eletrónico- sem a permissão da Universidade Pedagógica.
Índice
Visão Geral do Módulo 1

Ícones de Actividades 5

Unidade 1: Texto Argumentativo 9

Lição n° 1 11
Texto argumentativo – conceito, objectivo e organização ............................................. 11
Conceito e objectivo do texto argumentativo ........................................................ 12
Organização ou estrutura do texto argumentativo ................................................. 14
Argumentar, argumentação e argumentos ............................................................. 16
Lição n° 2 22
Instrução e orientação argumentativas ............................................................................ 22
Como instruir ou orientar uma composição argumentativa? ................................. 23
Lição n° 3 29
Géneros do discurso argumentativo ................................................................................ 29
Géneros do discurso argumentativo: visão aristotélica ......................................... 30
Lição n° 4 35
Operadores argumentativos ............................................................................................ 35
Operadores argumentativos e sua função .............................................................. 36
Quadro de operadores argumentativos e sua função ............................................. 37
Lição n° 5 42
Recursos coesivos ........................................................................................................... 42
Recursos coesivos: coesão e coerência ................................................................. 42
Articuladores textuais ............................................................................................ 46
Lição n° 6 51
Reconstrução sintética de textos ..................................................................................... 51
Considerações gerais sobre reconstrução sintética de textos ................................ 52
Lição n° 7 59
Plano de texto e redacção de texto argumentativo .......................................................... 59
Plano do texto ........................................................................................................ 60

Unidade 2: Texto publicitário 69

Lição n° 1 71
Texto publicitário (publicidade): conceito e estrutura .................................................... 71
O que é publicidade? ............................................................................................. 72
Estrutura do texto publicitário ............................................................................... 73
Lição n° 2 78
Componentes do texto publicitário ................................................................................. 78
Que componentes deve ter uma publicidade? ....................................................... 79
Argumentação e características do corpo do texto publicitário ............................ 80
Lição n° 3 83
Linguagem publicitária ................................................................................................... 83
Características da linguagem publicitária.............................................................. 83
Lição n° 4 87
Procedimentos expressivos ............................................................................................. 87
Como deve ser expressa a mensagem publicitária? .............................................. 88
Lição n° 5 92
Aspectos estilísticos do texto publicitário ...................................................................... 92
Que recursos estilísticos o texto publicitário usa?................................................. 93

Unidade 3: Dissertação 101

Lição n° 1 103
Dissertação: conceito e estrutura .................................................................................. 103
O que é dissertação? ............................................................................................ 103
Estrutura da dissertação ....................................................................................... 105
Lição n° 2 108
Tipo de linguagem e diferença entre dissertação e argumentação ................................ 108
Linguagem da dissertação ................................................................................... 109
Diferença entre argumentação e dissertação ....................................................... 110
Lição n° 3 112
Leitura (e análise) do texto dissertativo ........................................................................ 112
Leitura (e análise) do texto (Vida ou Morte) ....................................................... 112
Análise do texto Vida ou Morte .......................................................................... 115
Lição n° 4 119
Produção de texto dissertativo ...................................................................................... 119
Como fazer uma boa dissertação? ....................................................................... 120
Fases de redacção de uma dissertação ................................................................. 120

Unidade 4: Funcionamento da Língua 127

Lição n° 1 129
Categorias gramaticais e sua classificação ................................................................... 129
Categorias gramaticais ........................................................................................ 130
Categorias gramaticais: conceitos específicos e exemplos ................................. 130
Lição n° 2 135
Frase complexa: coordenação e subordinação .............................................................. 135
Coordenação ........................................................................................................ 136
Classificação das orações coordenadas ............................................................... 137
Lição n° 3 143
Subordinação ................................................................................................................ 143
Orações subordinadas .......................................................................................... 143
Classificação das orações subordinadas .............................................................. 145
Orações subordinadas adverbiais ........................................................................ 150
Lição n° 4 157
Orações subordinadas desenvolvidas e orações subordinadas reduzidas ..................... 157
Características das orações subordinadas desenvolvidas vs orações subordinadas
reduzidas .............................................................................................................. 158
Lição n° 5 163
Relações lexicais ........................................................................................................... 163
Relações lexicais e seus tipos .............................................................................. 164
Sinonímia............................................................................................................. 164
Antonímia ............................................................................................................ 165
Hiperonímia e hiponímia ..................................................................................... 167

Referências bibliográficas 173


Visão Geral do Módulo
Caro estudante, bem-vindo ao módulo de Língua Portuguesa II

A Língua Portuguesa tem o estatuto de língua oficial1 em


Moçambique, por isso ocupa um espaço privilegiado nos programas
de ensino. Consequentemente, a educação linguística é crucial tanto
no ensino geral como na formação de professores. À luz desta
consideração, com este instrumento didáctico pretendemos
assegurar a progressão de conhecimentos adquiridos, relativos à
Língua Portuguesa e dotá-lo de conhecimentos sobre os mecanismos
de estruturação de diferentes tipos de discurso, nomeadamente, orais
e escritos.

De uma forma geral, o presente módulo de Língua Portuguesa II irá


proporcionar-lhe saberes e conhecimentos teórico-práticos
relacionados com o ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa no
Curso de Inglês. Deste modo, os conteúdos abordados permitirão
mobilizar, criativamente, os recursos didácticos para o processo de
ensino-aprendizagem da LP no Ensino Secundário e reflectir sobre a
prática pedagógica, no sentido de reconstituir o conhecimento
didáctico adequado para si.

A aprendizagem de qualquer língua deve ter em conta um conjunto


de actividades programadas com o fim de desenvolver a
competência discursiva, escrita e leitora. Para tal, essas actividades
devem ser realizadas de maneira transversal e multidisciplinar.

1
Língua oficial – é a língua que todos os habitantes de um país ou de uma
comunidade linguística devem usar em todas as acções oficiais, nas relações com
as instituições do Estado. Segundo Firmino (2005: 69), com a consolidação do
domínio colonial em Moçambique, o Português tornou-se a língua oficial através
da qual as políticas coloniais eram implementadas.
No Moçambique independente, foi conferido o estatuto de língua oficial ao
Português, o que significa que, tal como no período colonial, o português
continua a ser a única língua usada em funções oficiais (idem, p. 140).

1
O texto é um instrumento ideal e adequado para levar os estudantes
a aperfeiçoarem a língua, quer falada quer escrita. O conhecimento
sobre uma determinada tipologia textual e a sua construção é
fundamental na disciplina de Língua Portuguesa. A disciplina de
Língua Portuguesa II, especificamente, capitaliza as potencialidades
discursivas do texto, razão pela qual os conteúdos possibilitam
ensinar a língua através de textos.

Objectivos do Módulo
Ao terminar o módulo de Língua Portuguesa II, de modo geral,
você deverá ser capaz de:
 Reconhecer esquemas de compreensão global de
diferentes tipos de textos;
 Expressar-se oralmente e por escrito, com coerência e
correcção, de acordo com as diferentes finalidades e
situações comunicativas;
 Reflectir sobre a Língua Portuguesa nas diferentes
componentes e suas regras de funcionamento;
 Usar a Língua Portuguesa para diferentes situações que
exigem argumentação.

Estrutura do Módulo
Antes de lhe apresentarmos a estrutura do módulo importa
esclarecermos a si que este é concebido como um instrumento
fundamental para a sua aprendizagem, visando contribuir para a
formação inicial e contínua de professores de Língua Portuguesa.

Este módulo é composto por quatro (IV) unidades de aprendizagem.


Cada unidade e lição iniciam com uma introdução e com uma lista
de objectivos que lhe orientam para aquilo que deverá aprender.

2
Cada lição é composta, também, por textos, actividades de
aprendizagem, exercícios de aplicação e questões de auto-avaliação.
As unidades, à semelhança das lições, são acompanhadas de
questões de auto-avaliação. As questões possuem comentários
apresentados nas lições e no fim das unidades. No fim de cada lição
e unidade apresentamos-lhe um resumo, para que você possa
recapitular de forma sintética o que aprendeu.

Veja a descrição das unidades que passamos a apresentar no quadro


seguinte:

Horas de
Ord. Unidades Lições
estudo
1. Texto Argumentativo: conceito, objectivo e 3
organização;

UNIDADE Texto 2.Instrução e orientação argumentativas; 3


I Argumentativo 3. Géneros do discurso argumentativo; 3
4. Operadores argumentativos; 3

5. Recursos coesivos; 4
6. Reconstrução sintética de textos; 4
7. Plano de texto e redacção de texto 4
argumentativo.
1. Texto publicitário (publicidade): conceito e 3
estrutura;
UNIDADE Texto
II Publicitário 2. Componentes do texto publicitário; 3
3. Linguagem publicitária; 3
4.Procedimentos expressivos; 3
5. Aspectos estilísticos do texto publicitário. 4
1. Dissertação: conceito e estrutura; 3
UNIDADE Dissertação 2. Tipo de linguagem e diferença entre 2
III dissertação e argumentação;

3. Leitura (e análise) do texto dissertativo; 3


4. Produção de texto dissertativo. 3

3
1. Categorias gramaticais e sua classificação; 2
2. Frase complexa: coordenação e subordinação; 3
UNIDADE Funcionamento 3. Subordinação; 3
IV da Língua
4. Orações subordinadas desenvolvidas e orações 3
subordinadas reduzidas;
5. Relações lexicais. 2
TOTAL 64

A quem se destina o Módulo


O módulo de Língua Portuguesa II é especialmente destinado aos
estudantes do Curso de Licenciatura em Ensino de Inglês à distância,
que estejam a frequentar o Minor em Ensino de Português, na
Universidade Pedagógica. Entretanto, o mesmo pode ser explorado
por estudantes dos cursos presenciais que estejam a frequentar o
Curso de Ensino de Português e os que estejam a frequentar o Minor
deste curso.

Avaliação
O módulo de Língua Portuguesa II prevê a realização de dois (2)
testes e de dois (2) trabalhos de natureza teórico-prática. O mesmo
terá exame. Os referidos testes podem ser feitos no Centro de
Recursos mais próximo, ou em local a ser indicado pela direcção do
seu curso, ou, ainda, por via da plataforma Moodle. O calendário das
avaliações terá a sua programação a nível da direcção do curso. A
avaliação visa não só nos informar sobre o seu desempenho nas
lições, mas também o(a) estimular a rever alguns aspectos e a seguir
em frente.

4
Ícones de Actividades
Caro estudante, para lhe ajudar a orientar-se no estudo deste módulo e
facilmente foram usados marcadores de texto do tipo ícones. Os ícones
foram escolhidos pelo CEMEC (Centro de Estudos Moçambicanos e
Etnociência) da Universidade Pedagógica. Tomou-se em consideração a
diversidade cultural Moçambicana. Encontre, a seguir, a lista de ícones, o
que a figura representa e a descrição do que cada um deles indica no
módulo:

1. Exercício 2. Actividade 3. Auto-Avaliação

[peneira]
[colher de pau com
[enxada em actividade] alimento para provar]
4. Exemplo/estudo de 5. Debate 6. Trabalho em grupo
caso

[Jogo Ntxuva]
[fogueira] [mãos unidas]
7. Tome nota/Atenção 8. Objectivos 9. Leitura

[estrela cintilante] [livro aberto]


[batuque soando]

5
10. Reflexão 11. Tempo 12. Resumo

[sentados à volta da fogueira]

[sol]
[embondeiro]
13. Terminologia 14. Video/Plataforma 15. Comentários
Glossário

[Dicionário] [computador]
[Balão de fala]

1. Exercício (trabalho, exercitação) – A enxada relaciona-se com um


tipo de trabalho, indica que é preciso trabalhar e pôr em prática ou
aplicar o aprendido.
2. Actividade - A colher com o alimento para provar indica que é
momento de realizar uma actividade diferente da simples leitura, e
verificar como está a ocorrer a aprendizagem.
3. Auto-Avaliação – A peneira permite separar elementos, por isso
indica que existe uma proposta para verificação do que foi ou não
aprendido.
4. Exemplo/Estudo de caso – Indica que há um caso a ser resolvido
comparativamente ao jogo de Ntxuva em que cada jogo é um caso
diferente.
5. Debate – Indica a sugestão de se juntar a outros (presencialmente ou
usando a plataforma digital) para troca de experiências, para novas
aprendizagens, como é costume fazer-se à volta da fogueira.
6. Trabalho em grupo – Para a sua realização há necessidade de
entreajuda, que se apoiem uns aos outros

6
7. Tome nota/Atenção – Chamada de atenção
8. Objectivos – orientação para organização do seu estudo e daquilo
que deverá aprender a fazer ou a fazer melhor
9. Leitura adicional – O livro indica que é necessário obter
informações adicionais através de livros ou outras fontes.
10. Reflexão – O embondeiro é robusto e forte. Indica um momento para
fortalecer as suas ideias, para construir o seu saber.
11. Tempo – O sol indica o tempo aproximado que deve dedicar á
realização de uma tarefa ou actividade, estudo de uma unidade ou
lição.
12. Resumo – Representado por pessoas sentadas à volta da fogueira
como é costume fazer-se para se contar histórias. É o momento de
sumarizar ou resumir aquilo que foi tratado na lição ou na unidade.
13. Terminologia/Glossário – Representado por um livro de consulta,
indica que se apresenta a terminologia importante nessa lição ou
então que se apresenta um Glossário com os termos mais
importantes.
14. Vídeo/Plataforma – O computador indica que existe um vídeo para
ser visto ou que existe uma actividade a ser realizada na plataforma
digital de ensino e aprendizagem.
15. Balão com texto – Indica que existem comentários para lhe ajudar a
verificar as suas respostas às actividades, exercícios e questões de
auto-avaliação.

7
Conteúdos
Lição n° 1

Texto argumentativo – conceito, objectivo e


11
Texto
organização ................................................................................ 11
Conceito e objectivo do texto argumentativo ...... 12
Organização ou estrutura do texto
argumentativo ............................................................. 14
Argumentativo
Argumentar, argumentação e argumentos ..........16

UNIDADE
Lição n° 2 22

Instrução e orientação argumentativas ............................22


Como instruir ou orientar uma composição

1
argumentativa?......................................................... 23
Lição n° 3 29

Géneros do discurso argumentativo ................................. 29


Géneros do discurso argumentativo: visão
aristotélica................................................................. 30
Lição n° 4 35

Operadores argumentativos................................................ 35
Operadores argumentativos e sua função ......... 36
Quadro de operadores argumentativos e sua
função ..........................................................................37
Lição n° 5 42

Recursos coesivos .................................................................. 42


Recursos coesivos: coesão e coerência .............. 42
Articuladores textuais ............................................. 46
Lição n° 6 51

Reconstrução sintética de textos.........................................51


Considerações gerais sobre reconstrução
sintética de textos.....................................................52
Lição n° 7 59

Plano de texto e redacção de texto argumentativo ....... 59


Plano do texto............................................................ 60

Pág. 10 - 67

Unidade 1: Texto Argumentativo

9
Introdução
Como você viu na estrutura do módulo, esta é a nossa primeira
unidade de aprendizagem. Nesta você vai aprender conteúdos
sobre “texto argumentativo”. Esta tipologia textual tem como
fim último influenciar o nosso interlocutor a aceitar as nossas
ideias.
De modo específico, você vai aprender conceito de texto
argumentativo, objectivo, organização estrutural; instrução e
orientação argumentativas; géneros do discurso argumentativo;
operadores argumentativos; recursos coesivos; reconstrução
sintética de textos; plano do texto e redacção do texto
argumentativo.
Como pode ver, trata-se de uma unidade rica em conteúdos para
fazer face aos objectivos do módulo, enriquecendo, por
conseguinte, a sua aprendizagem.
O texto argumentativo é um tipo textual pertencente aos textos
utilitários (multiusos). Você usa o discurso argumentativo em
diversas situações da sua vida particular e profissional: na escola,
trabalho, família; no cinema, literatura, música; debates, reuniões,
campanhas, tribunais, política. Nesta senda de ideias, o estudo do
texto argumentativo é útil para si como cidadão e futuro professor,
já que em diversas situações da sua vida você é confrontado a
produzir argumentos diante de outras pessoas.

Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
 Definir texto argumentativo;
 Identificar o objectivo do texto argumentativo;
 Reconhecer a tipologia do texto argumentativo;
 Descrever os géneros do discurso argumentativo;
 Identificar os articuladores discursivos no texto;
 Classificar os articuladores discursivos;
 Empregar os articuladores no discurso oral e escrito;
 Reconstruir textos argumentativos, de maneira sintética;
 Redigir textos de natureza argumentativa.

10
Lição n° 1
Texto argumentativo – conceito, objectivo e organização

Introdução
Na introdução anterior você ficou a saber, de modo geral, os
conteúdos que vai aprender na unidade “Texto Argumentativo”.
Agora é chegado o momento de você aprender esses conteúdos
mencionados.

Para uma melhor aprendizagem sobre a utilidade do texto


argumentativo na sua vida, julgamos necessário você conhecer, em
primeiro lugar, o conceito e o objectivo do mesmo e, posteriormente,
a sua organização. Você, sabendo, pois, o que é um texto
argumentativo, para que serve e como se organiza, isto pode
constituir um elemento motivador, servindo de mola propulsora para
a sua redacção correcta.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Definir texto argumentativo;


 Identificar o objectivo do texto argumentativo;
 Indicar a organização(estrutura) do texto argumentativo.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

11
Conceito e objectivo do texto argumentativo
Certamente, nos níveis anteriores de sua escolaridade você já ouviu
falar ou já aprendeu sobre texto argumentativo. Afinal, o que é um
texto argumentativo?

Texto argumentativo é aquele tipo de texto que visa convencer,


persuadir ou influenciar o destinatário ao qual se apresenta um ponto
de vista cuja autenticidade ou validade se deve provar (Gramática
Moderna da Língua Portuguesa, 2010).

Conforme você pode perceber, o conceito de texto argumentativo


não se distancia do seu objectivo assim como da sua função, já que
o foco do discurso argumentativo é convencer, com base em
argumentos persuasivos.

Um outro autor que nos traz a definição de texto argumentativo é


Angulo (2001). Para este autor, em geral, podemos definir o discurso
ou texto argumentativo como conjunto de estratégias de um orador
que se dirige a um auditório com vista a modificar o ponto de vista
desse auditório, conseguir sua adesão ou fazer com que admita uma
determinada situação, ideia, etc.

Sobre a ideia de Angulo (2001), no que tange ao conceito de texto


argumentativo, se você prestar atenção pode notar que se restringe
ao discurso argumentativo oral, já que apenas focaliza o auditório
como seu receptor, deixando de lado o leitor.

O texto argumentativo pode ter como receptor um ouvinte ou um


leitor, visto que pode ser oral ou escrito. A definição do autor pôde
ter, pois, sido influenciada pela etimologia do discurso
argumentativo na visão aristotélica, que tem em vista a retórica (a
arte de bem falar em público, de comunicar de forma eficaz e
persuasiva).

Este tipo de texto também pode ser definido como aquele que
apresenta um raciocínio segundo o qual se defende ou se refuta um
ponto de vista. Isto significa que o autor do texto argumentativo pode

12
produzi-lo com a intenção de expor as suas ideias e defendê-las,
assim como com a de contestar as ideias defendidas por outros. Por
conseguinte, como você já deve ter percebido, a presença de
qualquer texto de natureza argumentativa exige, fundamentalmente,
que se exponham ideias, razões, pontos de vista, atitudes críticas, de
maneira lógica. No meio destas considerações, qual é o objectivo
do texto argumentativo?

Bem, você já deve ter percebido o objectivo do texto argumentativo,


logo que lhe apresentamos o seu conceito. Ora vejamos o que dizem
Rebelo, Marques e Costa (2000): “o objectivo geral do texto
argumentativo consiste em convencer as pessoas que uma certa
representação do mundo é falsa, pelo que se deve adoptar outra, ou
seja, pretende defender uma tese contra outra”.

Tendo em conta o que afirmam os autores, você encontraria um texto


argumentativo cujo objectivo não fosse de persuadir, influenciar,
convencer o interlocutor a aderir a um ponto de vista? Obviamente,
não. Então, o que devemos ter em conta para alcançarmos o nosso
objectivo no texto argumentativo?

Para a consecução do objectivo do texto argumentativo, após a


apresentação da tese (a tomada de posição do autor face à matéria
em discussão), devemos desenvolver o raciocínio, a argumentação
propriamente dita. Trata-se de uma fase que exige argumentos
devidamente encadeados e suportados, sempre que possível, por
provas, e credibilizados por exemplos. Sobre tese, argumentos e
argumentação você vai saber o que são já a seguir, no estudo da
estrutura do texto argumentativo.

Indique pelo menos duas (2) situações em que se mostra necessário


na nossa vida produzir um texto argumentativo, oral ou escrito.
Justifique a sua resposta.
Actividade 1
Bom trabalho!

13
Há várias situações na sua vida em que você já foi confrontado a produzir
um discurso argumentativo. Dessas várias, apenas só deve indicar duas.
A justificação na sua resposta é fundamental, uma vez que deve ser
suportada por argumentos coesos e coerentes. Procure ser objectivo nos
Comentário da actividade 1
seus argumentos.

Organização ou estrutura do texto argumentativo

Depois de termos visto a definição e objectivo do texto


argumentativo, falemos agora sobre a sua organização estrutural.

Como você deve saber, os textos, em geral, apresentam uma


estrutura triádica, baseada na introdução, desenvolvimento e
conclusão. O texto argumentativo, na sua organização, não se difere
dos outros textos.

A Gramática Moderna da Língua Portuguesa (2010) apresenta a


estrutura do texto argumentativo dividida em três (3) partes. Então,
quais são essas partes?

As partes que compõem o texto argumentativo são as seguintes:

 Introdução

O que se faz nesta fase? “No parágrafo inicial, o autor do texto


apresenta a tese: ideia que o autor pretende defender. Esta deve ser
apresentada num estilo assertivo, claro e preciso, sem, no entanto,
mencionar quaisquer razões ou provas”. Mas, antes da tese,
encontramos o título. Nalguns casos o título pode exprimir a tese,
dependendo de como o autor o anuncia.

Como você pode notar, é com base na tese que o texto irá
desenvolver, visto que o autor exprime o seu pensamento com vista
a defendê-la. Por isso, apresentada a tese (posicionamento, ponto de
vista), devemos recorrer a um discurso argumentativo para a sua

14
fundamentação. No entanto, um discurso argumentativo pode conter,
além da tese principal, outras teses secundárias, que se subordinam
à principal.

A introdução de um texto tem sempre uma finalidade. Qual é, então,


a finalidade da introdução no texto argumentativo?

A introdução no texto argumentativo tem como finalidade principal


apresentar o tema e predispor o receptor (auditório) para que aceite
a tese. Em outras palavras, a introdução é o exórdio.

Uma vez que a estrutura do texto argumentativo, à semelhança de


outras tipologias textuais, não termina na introdução, que outra parte
constitui a sua estrutura?

 Desenvolvimento

Como se apresenta o desenvolvimento do texto argumentativo? Nos


parágrafos seguintes (em número variável, em função da natureza e
âmbito do assunto), o autor explicita a sua posição e apresenta os
argumentos que atestam a veracidade da enunciação do parágrafo
introdutor, apoiado em provas que podem ser de diversa índole como
factos, exemplos, citações, testemunhos ou mesmo dados
estatísticos.

Como dissemos na fase da introdução que, apresentada a tese, o autor


deve recorrer a um discurso argumentativo para a sua
fundamentação, agora são apresentadas as razões, as provas, que
constituem o conjunto argumentativo, visando expor os motivos em
que se fundamenta a tese. Aqui devemos expor os argumentos que
achamos oportunos a favor da tese que defendemos e aqueles para
refutar os argumentos da parte contrária. É nesta fase do texto que
respondemos ao porquê do que afirmamos na introdução. Para além
dos argumentos, nesta fase podemos encontrar os contra-argumentos
– provas que sustentariam pontos de vista contrários.

15
Bem, você já viu duas partes que compõem o texto argumentativo.
Para além da introdução e do desenvolvimento, que outra parte
podemos encontrar?

 Conclusão

A conclusão, geralmente, é feita no parágrafo final. “No parágrafo


final, o autor estabelece uma síntese da demonstração feita no
segmento do desenvolvimento”. Portanto, faz-se a confirmação da
tese, a recapitulação do mais importante que se expôs, visando
reforçar os argumentos utilizados. A conclusão também tem a
designação de peroração.

O texto argumentativo apresenta uma estrutura triádica, baseada na


introdução, desenvolvimento e conclusão. Esquematize os
elementos contidos em cada parte.
Actividade 2
Bom trabalho!

Ao esquematizar a informação, tenha em conta a síntese. Lembre-se que


não são apontamentos nem resumo que você deve fazer, mas sim um
esquema. Crie tópicos no seu esquema.
Comentário da actividade 2

Argumentar, argumentação e argumentos

Como você pode perceber, já estudámos a organização estrutural do


texto argumentativo. Nesta, especificamente no desenvolvimento, há
conceitos que você deve aprofundar.

Tal como temos estado a ver, o texto argumentativo, conforme


sugere o próprio nome, tem em vista argumentar a favor de uma
determinada tese. O que será, então, argumentar?

Para Nascimento e Pinto (2006: 13) “argumentar: é apresentar as


razões que, por um raciocínio lógico, levam a uma conclusão”.

16
Nesta ordem de ideias, você pode compreender que é o acto de
argumentar que nos remete a uma determinada conclusão, a qual
deve estar interligada às duas fases anteriores (introdução e
desenvolvimento).

Ainda sobre argumentar, Weston (1996: 13) ensina-nos que é


diferente de discutir. Para ele, discutir seria uma luta verbal, ao passo
que argumentar é “oferecer um conjunto de razões a favor de uma
conclusão ou oferecer dados favoráveis a uma conclusão”. Isto,
como você pode notar, leva-nos a realçar a ideia de que para termos
um texto ou discurso argumentativo apreciável do ponto de vista
lógico, não devemos dissociar a acção de argumentar da introdução
e da conclusão. Ainda de acordo com o autor, “argumentar não é
apenas a afirmação de determinado ponto de vista nem uma
discussão”. Há que, portanto, através do nosso raciocínio lógico-
coerente levar o nosso interlocutor à adesão do que lhe
apresentamos, de maneira voluntária.

Para além do conceito argumentar há outro conceito abordado por


Weston, que você deve conhecer. É o conceito argumentação.
Afinal, o que será argumentação?

A argumentação é o encadeamento de argumentos, o percurso com


que o raciocínio clarifica e demonstra a verdade ou falsidade de uma
tese, a aceitabilidade, ou não, de uma ideia ou ponto de vista”.

Considerando o que você já sabe sobre o que já dissemos nesta lição,


qual você acha que deveria ser a posição/postura/resposta do leitor
após ler um texto argumentativo ou ser confrontado com um discurso
argumentativo?

Dependendo da argumentação, o interlocutor tem basicamente duas


opções em relação ao que lhe é exposto pelo emissor: a opção de
concordar com o posicionamento assim como a de não concordar.
Segundo Aristóteles, a argumentação é a arte de falar de modo a
convencer. Logo, podemos concluir que esta é a chave da persuasão
e de mudança de atitude, crença do receptor. Esta é feita através de

17
um discurso coerente, por encadeamento de ideias, como dissemos
anteriormente. Neste contexto, para garantir a coerência discursiva é
importante que conectemos as ideias através de conectores ou
articuladores do discurso2. De salientar que, a argumentação tem
uma finalidade. Qual será a finalidade da argumentação de que muito
mencionamos?

De acordo com Weston (1996), a finalidade da argumentação é


convencer, conseguir a adesão do outro ou outros à validade,
conveniência, justeza, verdade, da tese ou ponto de vista que se
defende.

A respeito da finalidade da argumentação, você pode ver, não se


difere do objectivo e da função do discurso argumentativo,
mencionados aquando da definição de texto argumentativo, sendo de
convencer, com base em argumentos persuasivos. Por isso, todo o
discurso mobilizado pelo emissor não deve perder o foco, o de no
fim convencer o outro.

Uma vez que já abordamos argumentar, argumentação e sua


finalidade, agora você deve saber o que é argumento. Certamente na
sua vida, em diferentes circunstâncias, você já teve que produzir
argumentos. O que será, então, argumento?

“O argumento é o instrumento da argumentação, um processo pelo


qual a razão progride do conhecido para o desconhecido, na
definição de São Tomás de Aquino”.

Com estas palavras podemos entender que o argumento é uma parte


da argumentação, a qual integra as razões, as provas recorridas para
a defesa de um pensamento. É um conjunto argumentativo que tem
como finalidade apresentar os motivos em que se fundamenta a tese.
A partir do momento em que o receptor muda o seu ponto de vista
perante o que lhe é apresentado pelo emissor do texto ou discurso

2
Sobre conectores ou articuladores do discurso você vai aprender ainda nesta
unidade didáctica.

18
argumentativo, ele “deixa” de acreditar no que já sabia e adere à
visão do outrem, que por si era desconhecida.

Weston (op. cit.) define argumentos, como tentativas de “sustentar”


certos pontos de vista com razões e infere que os mesmos não são
inúteis; na verdade, são essenciais. Avança, ainda, que são
essenciais, em primeiro lugar, porque constituem uma forma de
tentarmos descobrir quais os melhores pontos de vista. Em segundo
lugar, são a forma pela qual explicamos e defendemos a conclusão.

Ainda sobre o que diz respeito ao argumento, este deve ser produzido
de modo que seja válido. O “argumento válido é a prova capaz de
afirmar ou negar algo; o mesmo é dizer a força que impele a razão a
aceitar algo como verdadeiro ou falso” (idem).

Enfim, é muito importante você reter o seguinte: para que o


argumento seja válido, é fundamental que as premissas3 que o
sustentam sejam fortes. As premissas devem ser fidedignas,
podendo-se partir de fontes conhecidas e credíveis.

O que há de comum entre argumentar, argumentação e argumentos?

Bom trabalho!

Exercício 1

Na sua resposta, tenha em atenção a sistematização das ideias


apresentadas por Nascimento e Pinto (2006) e Weston (1996).

Comentário da actividade 3

3
Conjunto de informações essenciais que servem de base para um raciocínio, levando-o
a uma conclusão.

19
Resumo da lição
Nesta lição você aprendeu que o texto argumentativo é o tipo de texto
que apresenta um raciocínio segundo o qual se defende ou se refuta
um ponto de vista. O objectivo desta tipologia textual é de persuadir,
influenciar, convencer o interlocutor a aderir a um ponto de vista.

Na sua organização, o texto argumentativo apresenta basicamente


três partes, a saber: introdução – onde se anuncia o tema e a tese;
desenvolvimento – apresentação de argumentos que defendem a
tese; conclusão – síntese dos argumentos apresentados no
desenvolvimento ou confirmação da tese.

Aprendeu, também, que argumentar é apresentar as razões que, por


um raciocínio lógico, levam a uma conclusão; a argumentação é o
encadeamento de argumentos, de forma lógica, para defender um
ponto de vista e; que os argumentos são as razões, as provas
recorridas para a defesa de um pensamento.

20
Auto-avaliação
Complete, de maneira sintética, o quadro abaixo, tendo em conta o
que aprendeu sobre texto argumentativo. Siga o exemplo já
evidenciado (o qual mostra o conceito e o objectivo). Caso tiver
dificuldades releia a matéria.

Texto argumentativo
Apresenta um raciocínio segundo o qual se
Conceito
defende ou se refuta um ponto de vista.
Persuadir, influenciar, convencer o interlocutor a
Objectivo
aceitar um ponto de vista.

Introdução, desenvolvimento e conclusão.


Tese

É a introdução do texto argumentativo.

Peroração

Finalidade da
argumentação
É o conjunto de razões e provas para defender a
tese.

Comentários da auto-avalição
Para que a sua resposta seja considerada correcta, observe com
rigor o aspecto apresentação ou definição sintética dos conceitos.

21
Lição n° 2
Instrução e orientação argumentativas

Introdução
Caro estudante, na lição anterior você aprendeu conceito,
objectivo e organização estrutural do texto argumentativo. Nesta
lição você é convidado a aprofundar conhecimentos sobre
instrução e orientação argumentativas. Portanto, é fundamental
que você saiba como pode instruir ou orientar alguém no
contexto sala de aula a produzir um texto argumentativo. Desta
feita, as competências a adquirir nesta lição, certamente, são
cruciais do ponto de vista didáctico, para você orientar a
produção escrita dos seus futuros alunos.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Descrever como orientar uma composição


argumentativa;
 Conceber tese e argumentos.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

22
Como instruir ou orientar uma composição
argumentativa4?

Você já deve ter sido confrontado a produzir um discurso ou texto


argumentativo. Agora você vai ter algumas dicas sobre como
orientar os outros, como, por exemplo, alunos, a produzirem um
texto de natureza argumentativa.

Para começar, Rebelo, Marques e Costa (2000: 211-212) advertem-


nos que o destinatário do texto argumentativo é um grupo de
referência mais ou menos específica que é definido em função do
objectivo a alcançar. Importa, neste contexto, você capitalizar a
experiência realizada por Schneuwly com seus alunos. Então, em
que consistiu a experiência de Schneuwly?

A prática consistiu na escolha de um texto escrito, uma carta, onde o


enunciador aparece como pessoa/sujeito que contesta o(s) texto(s)
do(s) outro(s), defendendo uma posição diferente.

Cada aluno recebia uma carta de um leitor que exprimia a ideia de


que não se devia dar dinheiro de algibeira aos alunos. Como você
pode perceber, podemos produzir um texto argumentativo
contradizendo o ponto de vista dos outros. Você não acha mais fácil
assim?

A carta, lida por Schneuwly em voz alta, foi depois discutida por
toda a turma, tendo sido, durante a discussão, evidenciados os
seguintes aspectos:

 Trata-se de uma carta dirigida aos leitores e leitoras de um


jornal;
 Contém breve apresentação do autor da carta (reformado e
com tempo disponível);
 Enunciado de tese central “é necessário não dar dinheiro de
algibeira aos alunos”.

4
A composição do texto argumentativo será aprofundada no fim desta unidade.

23
Para além do mencionado, foram transcritos no quadro os
argumentos que sustentavam a tese:

 Os alunos desperdiçam;
 Habituam-se a ter dinheiro/não fazem sacrifícios;
 Não há controlo suficiente/demasiada liberdade.

Uma vez que o autor da carta pedia aos leitores para exprimirem a
sua opinião, foi esse o trabalho que os alunos tiveram de cumprir,
tratando-se de defenderem a sua posição, mediante os argumentos
necessários, e que era contrária à expressa na carta.

Esta experiência realizou-se em Genebra. Foram escolhidos três (3)


grupos de alunos de diferentes turmas (4ª, 6ª, e 8ª classe), com a
idade aproximadamente de 10, 12, e 14 anos, perfazendo um total de
trinta (30) sujeitos. No âmbito da experiência, que argumentos
produziram os alunos?

Os argumentos produzidos pelos alunos, sem grande intervenção do


experimentador (Schneuwly), foram os seguintes:

 Os alunos sabem economizar;


 As crianças compram coisas úteis;
 É preciso ter prazer em certas coisas;
 É preciso aprender a usar o dinheiro.

Os alunos demonstraram o maior interesse em responder, hesitando


apenas quanto ao destinatário da produção escrita: redacção do
jornal? Autor da carta? Leitores do jornal? Prevaleceu a última
hipótese, pois correspondia melhor ao convite do autor da carta
dirigida a leitores que quisessem emitir a sua opinião sobre o
assunto.

24
A experiência relatada inscreveu-se, na medida do possível, em
situação de comunicação justificável. Muito embora esta prática se
desenvolva numa instituição de ensino, o aluno para a realização do
seu trabalho dispõe de indicações precisas sobre:

 O objectivo a alcançar com a produção do texto;


 O destinatário do texto;
 O lugar social da produção: o texto argumentativo é a
resposta do leitor a enviar para um jornal.

Para a produção do texto há que ter em conta determinados factores.


No caso da experiência de Schneuwly, que factores contribuíram
para a produção textual? Para a produção dos textos argumentativos
contribuíram os seguintes factores:

 A motivação forte para rebater uma ideia forte que afecta os


alunos;
 A discussão na aula sobre a carta, o que facilita a
apresentação de argumentos;
 A escrita no quadro das palavras-chave do tema.

Na óptica de (Schneuwly, idem), trata-se duma prática de escrita que


fornece pontos de orientação sobre os parâmetros centrais que,
afinal, geram a produção do texto. Você deve ter percebido a
experiência de Schneuwly, pois não?

A partir da experiência relatada você deve fazer algo similar na sala


de aula, expondo para seus alunos um ponto de vista sobre um
assunto de interesse público (polémico) para rebaterem, produzindo
Actividade 1 argumentos por refutação. O processo de organização de ideias
pode ser feito através da sua topicalização no quadro, com a turma
toda, para posterior construção do texto, de maneira individual.

Bom trabalho!

25
Na produção textual com base nas ideias topicalizadas, cada tópico
deverá corresponder a um parágrafo. Veja um exemplo de exercício
que você pode inspirar-se nele para orientar a composição de um texto
de natureza argumentativa na sala de aula:
Comentário da actividade 1
Tendo aprendido como orientar uma produção argumentativa,
elabore uma tese e três argumentos, refutando a ideia de que “os
adolescentes não devem manusear aparelhos que possuam internet
na escola”.

NOTA: ao fazer o exercício respeite o seguinte: i. a tese deve


ser constituída por uma ideia anunciada de maneira simples,
clara e objectiva; ii. os argumentos devem ser apresentados de
maneira topicalizada, tal como mostra a prática de Schneuwly,
e ter uma relação lógica e coerente com a tese.

Apresente, resumidamente, a experiência realizada por Schneuwly


com seus alunos.

Bom trabalho!
Exercício 1

Para você apresentar um bom resumo, primeiro, sublinhe as ideias


principais da lição. Sublinhadas as ideias, procure reconstruir um
novo texto por meio de parágrafos bem articulados, coesos e

Comentário do Exercício coerentes, sem exceder 1/3 do texto original.

26
Resumo da lição
Nesta lição pensamos que você aprendeu como pode orientar os
alunos a produzirem textos ou discursos de carácter argumentativo.

Ao produzirmos um texto argumentativo devemos ter referências


do nosso destinatário o contexto de produção e o objectivo que
pretendemos alcançar.

A actividade de análise de um texto com os alunos, identificando a


tese, os argumentos, entre outros aspectos, bem planificada, pode
ser rentável na (re)construção de textos. Este tipo de exercício
permite ao aluno produzir o seu texto, refutando um ponto de vista.

Auto-avaliação
1. Lido o conteúdo sobre como instruir ou orientar uma
composição argumentativa, assinale com (X) apenas uma
alternativa correcta:

i) A experiência realizada por Schneuwly com seus alunos,


consistiu no seguinte:

a) Escolha de um texto escrito de natureza cultural ( )

b) Escolha de um texto de natureza diversa ( )

c) Escolha de uma carta de natureza argumentativa ( )

d) Escolha de uma carta familiar ( )

ii) Os textos que os alunos recebiam defendiam a tese de que:

a) Devia dar-se oportunidades aos alunos ( )

b) Não se devia dar oportunidades aos alunos ( )

c) Devia dar-se dinheiro de algibeira aos alunos ( )

27
d) Não se devia dar dinheiro de algibeira aos alunos ( )

iii) Os alunos contra-argumentaram, dizendo o seguinte:

a) Sabiam economizar, compravam coisas úteis, etc. ( )

b) Não sabiam economizar, mas compravam coisas úteis ( )

c) Não sabiam economizar nem compravam coisas úteis ( )

d) Nenhuma das alternativas está correcta ( )

iv) São factores motivacionais para a produção de um texto


argumentativo:

a) Discussão do assunto em casa, individualmente ( )

b) Interesse em rebater uma ideia que afecta o indivíduo ( )

c) Interesse em não rebater uma ideia que afecta o indivíduo ( )

d) Escrita global do texto no quadro ( ).

Comentários da auto-avaliação
1.

i – Para responder a este número lembre-se do tipo textual que você


está a aprender nesta unidade.

ii – Lembre-se que os alunos rebateram um ponto de vista que lhes


afectava.

iii – Lembre-se que os alunos contra-argumentaram defendendo


seus interesses.

iv – Para uma melhor resposta lembre-se que os alunos tinham


interesse em rebater uma ideia que lhes afectava.

28
Lição n° 3
Géneros do discurso argumentativo

Introdução
Na lição anterior você aprendeu como orientar uma composição
argumentativa aos alunos, partindo de refutação de um ponto de
vista. Nesta você vai estudar os géneros do discurso argumentativo.

O discurso argumentativo é uma tentativa de um locutor modificar o


comportamento do alocutário, reforçando ou recusando as crenças e
valores compartilhados pelo grupo social a que ambos pertencem.
Ocorre, por conseguinte, o processo de persuasão, com vista a
convencer o outro a aceitar o nosso ponto de vista.

Fazem parte deste tipo de discurso os seguintes géneros: o


deliberativo, o judiciário e o epidítico (demonstrativo). Os géneros
apresentados podem encontrar-se em palestras, debates, comícios,
discursos de defesa, discursos de acusação, diálogos argumentativos,
etc.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:


 Identificar os géneros do discurso argumentativo;
 Descrever as características dos géneros do discurso
argumentativo.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

29
Géneros do discurso argumentativo: visão aristotélica
Você já estudou nos níveis anteriores os géneros textuais. O discurso
argumentativo também tem seus géneros.

Quais são os géneros do discurso argumentativo, do ponto de vista


de Aristóteles?

Aristóteles5, tendo em conta o tipo de auditório, divide os géneros


do discurso argumentativo em três: o deliberativo, o judiciário e o
epidítico (demonstrativo), conforme afirmamos na introdução.

Em primeiro lugar, vamos aprender o género deliberativo. Nesta


ordem de ideias, que características apresenta este género?

O género deliberativo seria usado para aconselhar ou desaconselhar,


seja para o interesse particular ou público, situando-se entre o útil e
o prejudicial. O auditório é uma Assembleia (Senado), normalmente.
É o que costumamos ver, tendo como exemplo da nossa realidade,
na Assembleia da República, nas assembleias municipais, nos
conselhos das comunidades, etc.

O discurso deliberativo, na visão aristotélica, para ser coerente, de


modo a convencer, deve compreender quatro (4) etapas: exórdio
(introdução) – onde se expõe o assunto, com vista a captar o interesse
do público-alvo; narração – parte do discurso em que se apresentam
os factos, vincando a sua importância; provas – parte que
corresponde à demonstração, embora o discurso deliberativo
aconselhe para uma acção futura; peroração – é o epílogo: visa
recapitular o que foi dito, apelando o interlocutor a agir
(futuramente).

5
Filósofo grego (384 a. C. – 322 a. C.). Desenvolveu vários estudos em várias
áreas de conhecimento. Suas reflexões de retórica influenciaram muitos
pensadores sobre o desenvolvimento da arte da retórica. O conhecimento
desenvolvido por este filósofo ainda é válido nos dias de hoje.

30
Em segundo lugar, temos o género judiciário. Bem, você já deve
estar a imaginar em que contexto se aplica este género e sua natureza.
Afinal, como se caracteriza o género judiciário?

O género judiciário comportaria a acusação e a defesa, que se situaria


entre o justo e o injusto, e a decisão, inicialmente, limitar-se-ia às
partes envolvidas na discussão. Portanto, este tipo de discurso tem
como auditório o tribunal.

Procure um texto ou excerto que mostre a ocorrência do género


judiciário. A sua busca é livre: pode ser na internet ou em uma biblioteca
física mais próxima.
Actividade 1 Bom trabalho!

Ao encontrar o texto ou excerto compare cuidadosamente o conteúdo


do(s) mesmo(s) com o que você aprendeu sobre o género judiciário.

Comentário da actividade

Géneros do discurso argumentativo (continuação)

Aprendidos os dois primeiros géneros do discurso argumentativo,


em terceiro lugar, temos o género epidítico (laudatório). Mas, quais
sãos as características específicas deste género?

Este género tem como função elogiar ou censurar acções do presente,


não interagindo com o ouvinte a ponto de ele tomar posição sobre o
que é dito. O fim deste tipo de discurso é aumentar a intensidade de
adesão aos valores comuns do auditório e do orador. O auditório é
constituído por espectadores, como por exemplo, pessoas que
assistem a discursos em comícios, igrejas, orações fúnebres, etc.

Você deve também saber que cada género de discurso que aprendeu
comporta o seu tempo, o seu tipo de argumentação e os seus valores,
como pode ver a seguir:

31
O discurso judiciário – a acusação ou defesa incide sobre factos
passados (passado). Este, dispondo de leis e dirigindo-se a um
público especializado, utiliza de preferência raciocínios silogísticos,
típicos a esclarecer a causa dos actos. Diz respeito ao justo e ao
injusto.

O epidítico (demonstrativo) – para elogiar ou censurar, sempre tem


em conta o estado actual das coisas (presente). Na argumentação,
recorre, sobretudo, à paráfrase (amplificação do que se diz), pois os
factos são conhecidos pelo público, e cumpre ao orador dar-lhes
valor, mostrando sua importância e sua nobreza. Trata-se de um
discurso persuasivo. Os valores que o inspiram são o nobre e o vil.

Por último, o deliberativo – delibera aconselhando ou


desaconselhando para uma acção futura (futuro). Este género
discursivo, dirigindo-se a um público mais diversificado e menos
culto prefere argumentar através de exemplos. Tem a ver com o útil
e o nocivo.

Você acaba de aprender três (3) géneros do discurso argumentativo.


Indique os mesmos e a sua finalidade.

Bom trabalho!
Exercício 1

Seja objectivo na sua resposta. Lembre-se que a objectividade é


fundamental neste tipo de questões.

Comentário do exercício

32
Resumo da lição
Na presente lição você ficou a saber que os géneros do discurso
argumentativo, na visão aristotélica são três (3): discurso
deliberativo, discurso judiciário e discurso epidítico
(demonstrativo). Ficou a saber, também, que o discurso
deliberativo é usado para aconselhar ou desaconselhar e situa-se
entre o útil e o prejudicial – incide sobre o futuro. O judiciário
comportaria a acusação e a defesa, situando-se entre o justo e o
injusto – incide sobre o passado. O epidítico (laudatório) teria
como função elogiar ou censurar acções do presente.

Auto-avaliação
1. Indique o género de discurso argumentativo no texto a seguir e
justifique.

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33
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Bom trabalho!

Comentários da auto – avaliação


Na sua resposta, tenha em atenção as etapas dos géneros do
discurso argumentativo apresentadas por Aristóteles, o tempo e o
tipo de argumentação, para indicar correctamente o discurso
patente no texto.

34
Lição n° 4
Operadores argumentativos

Introdução
Você aprendeu os géneros do discurso argumentativo na lição
anterior. O discurso argumentativo, assim como outros tipos de
discurso, a sua elaboração exige o emprego de operadores
argumentativos. Agora, nesta lição, você vai aprender estes
elementos importantes que servem como elo entre os
constituintes frásicos.

Os operadores argumentativos também têm a designação de


“articuladores do discurso” ou “conectores”. Estes
desempenham uma função fundamental na conexão de ideias,
por isso o conhecimento do seu emprego é indispensável no
processo de comunicação. Logo, ter domínio do uso de
conectores é mais um conhecimento linguístico na nossa vida a
não desperdiçar.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:


 Identificar conectores na frase e no texto;
 Empregar adequadamente os articuladores do
discurso;
 Indicar a função dos conectores;
Objectivos  Classificar os conectores.

Tempo de estudo da lição


Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

35
Operadores argumentativos e sua função
Você usa todos os dias operadores argumentativos. É impossível
discursar sem utilizar estes elementos em qualquer que seja o
tipo de comunicação: corrente, formal, informal, etc. Então,
como você pode perceber, estamos a abordar uma área da língua
relevante na nossa vida. Afinal, o que são operadores
argumentativos?

De modo geral, operadores argumentativos são palavras ou


expressões que têm a função de encadear ideias no discurso,
conferindo-lhes, assim, a coesão e coerência. O seu uso contribui
para uma escrita correcta, no entanto, você deve ter em conta
“quando”, “como” e “para que fim”. Então, a escolha de um
determinado conector depende do contexto.

Ao empregarmos os articuladores discursivos devemos, também,


ter em vista que nem sempre há equivalência total a nível
semântico. Um conector pode ter diferentes funções em
diferentes momentos do discurso. Veja os seguintes exemplos
com o conector “e”.

Ela estuda e não passa de classe.

Ela estuda e trabalha.

Na primeira frase o conector “e” tem valor semântico


adversativo, uma vez que exprime oposição entre o que se afirma
na primeira e na segunda orações. Deste modo, a sua função no
contexto desta frase é adversativa. Já, na segunda frase o mesmo
conector tem uma função aditiva, tratando-se de adjunção de
orações.

36
1. Complete com o conector adequado, de acordo com a função
indicada entre parêntesis. Siga o exemplo: Quando fomos à
biblioteca o professor lia sobre os conectores. (temporal)
Actividade 1 a) O uso de conectores _________________ garante a coesão no
discurso _______________________ a coerência. (adição)
b) O uso de conectores no discurso garante a coesão __________
a coerência. (adição)
c) Aprendemos a usar os conectores _____________ a construção
de um bom discurso. (fim)
d) Estamos a falar de articuladores do discurso, ______________
o Nelson está no facebook. (oposição)
e) O João é um mau estudante _______________ falta muito às
aulas. _____________, vai reprovar. (causa, conclusão)
f) ____________________, os articuladores argumentativos
devem ser estudados pelos estudantes que frequentam a Língua
Portuguesa II, ___________serem indispensáveis no discurso.
(opinião, causa)

Bom trabalho!

Ao aplicar o conector na frase, você deve captar o sentido


transmitido, porque nem sempre é perfeita a equivalência semântica
de determinados conectores. O emprego dos conectores depende do

Comentário da actividade contexto. Então, preste muita atenção nisto.

Quadro de operadores argumentativos e sua função

Feita a actividade, agora você vai aprender a função específica


de alguns conectores e os seus equivalentes. De referir que, não
apresentaremos algo exclusivo sobre estes segmentos
discursivos, daí que a nossa aprendizagem terá como base o
quadro apresentado por Bianchi e Felgueiras (2004). Ao ler

37
atentamente este quadro você irá empregar os conectores com
mais segurança.

O quadro a seguir mostra os operadores argumentativos (à


direita) e sua função (à esquerda). Os conectores que se
encontram na mesma categoria equivalem entre si.

1. Elabore frases (uma em cada alínea), usando os seguintes


conectores: a) Contudo; b) Porquanto; c) Por exemplo; d)
Talvez.
2. Elaboradas as frases no número anterior, substitua os
conectores pelos seus equivalentes.
Exercício 1 Bom trabalho!

38
Ao empregar os conectores em causa, tenha em atenção a sua função
e a verificação do conteúdo das frases elaboradas. Há variadíssimas
maneiras de construir frases. O que queremos é que você empregue
adequadamente os conectores. Pode inspirar-se no exemplo a seguir:
Comentário do exercício
No mundo fala-se muito da degradação ambiental do Planeta,
contudo pouco se faz para minimizar os danos criados.

2. Para fazer o exercício você deve consultar o quadro que lhe foi
fornecido. Este possui, pois, vários conectores, equivalentes e sua
função. Pode tomar como exemplo o que lhe apresentamos já a
seguir: a) Contudo (mas)

Resumo da lição
Nesta lição você aprendeu que operadores argumentativos são
expressões que têm a função de articular ideias no discurso. O
seu emprego é importante porque permite formular ideias
coesas e coerentes. Para tal, deve ter-se em conta o contexto:
“quando”, “como” e “para que fim” usar.

Auto-avaliação
1. Indique um equivalente e a função dos conectores
sublinhados:

a) “…nos últimos quarenta anos a população mundial duplicou


para cinco biliões e trezentos milhões de habitantes, com bastante
possibilidade de duplicar novamente nos próximos quarenta anos,
de forma que essa pressão populacional poderá esgotar os
recursos naturais dos quais depende”.

39
b) “Todos os anos são perdidos oito milhões e meio de hectares
por causa da erosão e sedimentação”.

c) “…a temperatura poderá continuar a subir, o que pode provocar


derretimento das geleiras, aumentando, por conseguinte, o nível
do mar e afectando também todo o equilíbrio climático do
Planeta”.

d) “Segundo a NASA (Agência Espacial Norte-Americana), o


buraco na camada de ozono aumenta a cada ano”.

e) “Esse buraco, produzido pela reacção do clorofluorcarbono


(CFC) com o ozono (O3), está afectando, por exemplo o sul de
Chile”.

f) “A Europa precisará de gastar anualmente sessenta milhões de


dólares durante os próximos vinte e cinco anos para proteger os
seus bosques da contaminação das chuvas ácidas”.

g) “Os custos sociais e económicos da degradação ambiental


podem ser grandes, ainda que não sejam contabilizados pelos
países”.

h) Desta maneira, as perdas ambientais são uma realidade que


afecta a vida de milhões de pessoas, tanto dos países
desenvolvidos como dos em desenvolvimento.

2. Empregue o tipo de conector(es) exigido(s) entre parêntesis,


ligando os períodos e construindo parágrafo.

a) “Todos os anos são perdidos oito milhões e meio de hectares


por causa da erosão e sedimentação. Mais de vinte milhões de
hectares de florestas tropicais são devastados todos os anos”.
(adição)
b) “A maior parte dos pobres vive nas zonas mais vulneráveis do
ponto de vista ecológico: oitenta por cento na América Latina e
cinquenta por cento em África. Aproximadamente um bilião de
pessoas não tem acesso à água potável”. (conclusão)

40
c) Os problemas ambientais não são ficção científica, mas sim um
perigo real que aumenta a cada dia. Cerca de dez por cento das
terras potencialmente férteis do Planeta já se converteram em
desertos. (causa)

Bom trabalho!

Comentários da auto – avaliação


1. À semelhança do que dissemos na actividade anterior, você
deve captar o sentido transmitido na frase. A equivalência
semântica de determinados conectores não é perfeita, depende,
pois, do contexto. Não se esqueça disto durante a resolução do
exercício.

2. Nalguns casos pode ser necessário suprimir ou mexer um pouco


alguns elementos frásicos para garantir a coesão/coerência. Tome
como exemplo:

O João é um mau estudante. O João falta muito às aulas. (causa)

O João é um mau estudante, porque João falta muito às aulas.

41
Lição n° 5
Recursos coesivos

Introdução
Na lição anterior você aprendeu articuladores do discurso. De
certa maneira, os articuladores discursivos fazem parte dos
recursos coesivos.

Você sabe que um texto é composto por um conjunto de frases,


transmitindo várias ideias. Entretanto, as frases não devem estar
desgarradas umas das outras. Devem estar devidamente ligadas
entre si, através de recursos coesivos, formando uma textura.
Por via disso, esta lição foi concebida para você aprender os
recursos coesivos, como estes funcionam dentro do texto.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:


 Identificar os recursos coesivos no texto, trecho(s)
ou frase(s);
 Agrupar os conectores, de acordo com a função ou
intenção comunicativa.
Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 4 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

Recursos coesivos: coesão e coerência

A priori, nesta lição você deve saber que os elementos coesivos


do texto abrangem, de certo modo, aspectos que têm a ver com a
coesão e a coerência. Certamente, esta não é a primeira vez que

42
você entra em contacto com estas palavras. Mas, afinal, o que
dizem alguns autores sobre coesão e coerência?

A Gramática Moderna da Língua Portuguesa (2010: 306) ensina-


nos que a coesão e a coerência são factores nucleares de
textualidade. A coesão, por um lado, consiste no conjunto de
dependências lexicais e gramaticais que caracterizam a estrutura
superficial de um texto; é a associação consistente dos elementos
formativos de um texto.

Por outro lado, a coerência é o conjunto de factores semânticos


e pragmáticos que definem a estrutura profunda de um texto; é a
ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto.

Diante do exposto, você deve reter o seguinte: tanto a coesão


quanto a coerência são fundamentais na construção de ideias as
quais formam um texto com sentido. Um texto que não respeita
o esquema relacional entre os constituintes frásico pode resultar
num discurso incoerente ou dúbio. Isto significa, em outras
palavras, que uma estrutura superficial mal-organizada pode
afectar, por vezes, a estrutura profunda (coerência textual). A
coesão, neste caso, assegura a coerência, permitindo a
construção de uma textura, a totalidade do texto. Contudo, é
possível ter frases sintacticamente correctas, embora
semanticamente erradas ou vice-versa.

Nascimento e Pinto (2006) abordam os conceitos de coesão e


coerência de maneira, talvez, simplificada, a princípio. A coesão
corresponderia à ligação de palavras, ao passo que a coerência teria
a ver com a ligação lógica de ideias. Então, nos processos de coesão
teríamos a concordância entre os constituintes da frase (sujeito,
predicado, complemento directo, complemento indirecto,
predicativo do sujeito, entre outros vários elementos); a ordem das
palavras na frase.

43
Preste muita atenção no seguinte: a coesão textual, para além de
assegurar a coerência em certos casos, também tem papel na
progressão do texto.

Retenha também o que Rebelo, Marques e Costa (2000: 232) nos


advertem: “a progressão e a coesão do texto podem ser asseguradas
por diversos elementos: sistemas de núcleos co-referenciais
(anáforas) que remetem para objectos, pessoas e suas inter-relações
no mundo que o texto representa; sistemas dos organizadores
temporais e dos tempos verbais, e conectores [referidos na lição
anterior], cuja função é ligar as frases, os parágrafos, mas também
indicar que tipo de relação semântico-lógica está implicada.

1. No trecho do texto “Crise do meio ambiente” (abaixo) ocorre


a coesão e a coerência. Justifique a afirmação.
2. No trecho do texto referido no número anterior, identifique
passagens que mostrem a coesão e a coerência.
Actividade 1
“CRISE DO MEIO AMBIENTE
As questões do meio ambiente não conhecem fronteiras, quer entre
países, quer entre os diferentes domínios do conhecimento: só a
interdisciplinaridade e o interrelacionamento das comunidades de
investigadores de todo o mundo podem fazer avançar as pesquisas.
No entanto, um investigador que deseje trabalhar segundo esta linha
de raciocínio depara, à partida, com vários obstáculos de peso. A
“coleira” da especialização e da compartimentação,
simultaneamente geográficas e disciplinares, prende muitas vezes
as estruturas em que ele trabalha. E se o investigador quiser ir mais
além, as suas investigações serão mais árduas, os seus eventuais
êxitos menos reconhecidos, e a sua carreira menos promissora. Por
outro lado, o meio ambiente coloca-nos todos os dias problemas
cada vez mais complexos, fazendo antever evoluções futuras cada
vez mais imprevisíveis. O pensamento e as instituições científicas –
tal como as não científicas – têm grandes dificuldades em agir num
contexto desta natureza”.

Francesco di Castri (adaptado)

44
1. Ao dar a resposta da questão, considere se são ou não
respeitados, por um lado, os aspectos sintácticos
(concordância), os quais têm a ver com a ligação de palavras que
se encontram nas estruturas sintagmáticas. Por outro lado, se é
Comentário da actividade respeitada a ligação lógica de ideias.
2. Ao responder a esta questão lembre-se que a coesão focaliza o
conjunto de dependências lexicais e gramaticais, a nível da
estrutura superficial de um texto (sujeito, predicado,
complementos) e a coerência a ligação lógica dos elementos
formativos do texto na sua estrutura profunda.

Na coesão, observe, por exemplo, a proposta que lhe apresentamos


nos primeiros dois períodos através do sublinhado e faça o resto:

“CRISE DO MEIO AMBIENTE

As questões do meio ambiente não conhecem fronteiras, quer entre


países, quer entre os diferentes domínios do conhecimento: só a
interdisciplinaridade e o inter-relacionamento das comunidades de
investigadores de todo o mundo podem fazer avançar as pesquisas. No
entanto, um investigador que deseje trabalhar segundo esta linha de
raciocínio depara, à partida, com vários obstáculos de peso. A “coleira”
da especialização e da compartimentação, simultaneamente geográficas
e disciplinares, prende muitas vezes as estruturas em que ele trabalha. E
se o investigador quiser ir mais além, as suas investigações serão mais
árduas, os seus eventuais êxitos menos reconhecidos, e a sua carreira
menos promissora. Por outro lado, o meio ambiente coloca-nos todos os
dias problemas cada vez mais complexos, fazendo antever evoluções
futuras cada vez mais imprevisíveis. O pensamento e as instituições
científicas – tal como as não científicas – têm grandes dificuldades em
agir num contexto desta natureza”.

Francesco di Castri (adaptado)

45
Na coerência, tenha em conta o seguinte:

Primeiro período:

 O autor afirma que as pesquisas sobre o meio ambiente só


podem avançar por via da interdisciplinaridade e do inter-
relacionamento das comunidades de investigadores de todo o
mundo.

Segundo período:

 O autor afirma que há obstáculos de peso para quem deseja


trabalhar segundo a linha de raciocínio exposta no período
anterior.

Agora faça o mesmo nos outros períodos. Você é capaz.

Articuladores textuais

Como você já fez a actividade, agora é importante saber algo acerca


dos articuladores textuais. Sobre estes, achamos que você deve saber
o que diz Koch (2014: 86):

“Podem ter por função relacionar elementos de conteúdo,


ou seja, situar o estado de coisas de que o enunciado fala
no espaço e/ou no tempo, e/ou estabelecer entre eles
relações de tipo lógico-semântico (causalidade,
condicionalidade, conformidade, disjunção, etc.), bem
como sinalizar relações discursivo-argumentativas;
podem funcionar como organizadores textuais, ou ainda,
exercer, no texto, funções de ordem metadiscursiva”.

Como é que esta autora categoriza os articuladores textuais?

Koch (idem) categoriza os articuladores do modo seguinte:

Articuladores de conteúdo proposicional: servem para sinalizar as


relações espaciais e temporais entre os estados de coisas a que o
enunciado faz referência ou estabelecer entre eles relações de

46
carácter lógico-semântico. Exemplos: A primeira vez que…,
defronte de…, depois…; por causa de…, para…, porque…, se…,
etc.

Articuladores discursivo-argumentativos: introdutores de relações


discursivo-argumentativas – conjunção, contrajunção (oposição/
contraste/ concessão), justificativa, explicação, conclusão,
generalização, disjunção argumentativa, especificação,
comprovação, entre outras. Exemplos: ou…, portanto…, ainda
que…, afinal…, ora…, ou seja…, daí que…, aliás…, etc.

Organizadores textuais: têm por função estruturar a linearidade do


texto, organizá-lo numa sucessão de fragmentos complementadores
que facilitam o tratamento interpretativo. Exemplos: Primeiro
(amente)…,/ depois…,/ em seguida…,/enfim…; por um lado…,/ por
outro lado…, às vezes…,/ outras vezes…, em primeiro lugar…,/em
segundo lugar…, por último, etc.

Marcadores discursivos continuadores, que operam


“amarramento” de porções textuais: trata-se de marcadores como
aí, daí, então, agora, aí então, etc.

Articuladores metadiscursivos: servem para introduzir comentários


ora sobre a forma ou modo de formulação do enunciado (o modo
como aquilo que se diz é dito, o estatuto discursivo do que é dito),
ora sobre a própria enunciação. Exemplos: É impossível…,
evidentemente…, não há como negar…, é certo…, parece sensato…,
obviamente…, talvez…, é indispensável…, opcionalmente…, é
preciso…, curiosamente…, mais uma vez…, inexplicavelmente…,
lamentavelmente…, infelizmente…, talvez fosse melhor…, no meu
modesto modo de entender…, geograficamente falando…, falando
francamente…, honestamente, etc.

Enfim, geralmente, por um lado, a coesão tem a ver com a maneira


como se ligam os elementos numa sequência textual ou discursiva.
A coerência, por outro lado, diz respeito ao sentido lógico entre as
ideias textuais. Porém, palavras simplesmente ligadas entre si, por

47
mais que estejam correctas gramaticalmente, não são suficientes
para termos presente um texto coerente. A coerência depende do
contexto em que é produzido o texto e às vezes interferem factores
extra-textuais.

Para aprofundar esta matéria leia KOCH, Ingedore &


TRAVAGLIA, Luiz. Texto e Coerência. 2ª ed., São Paulo,
Cortez, 1993.

Organize os articuladores em categorias, de acordo com Koch


(2014): daí, infelizmente, porque, por um lado, aí então, ou seja,
lamentavelmente, afinal, em seguida, portanto, se, aí, por outro lado,
enfim, inexplicavelmente, por causa de, então, curiosamente, para,
ainda que.
Exercício 1

Categoria Articulador

Articuladores de conteúdo Porque, se, por causa de, para


proposicional

Articuladores discursivo-
argumentativos

Organizadores textuais

Marcadores discursivos
continuadores, que operam
“amarramento” de porções
textuais

Articuladores
metadiscursivos

Bom trabalho!

48
Em relação à questão colocada, consulte a parte em que a autora
descreve as categorias dos articuladores. Siga o que lhe
apresentamos na primeira categoria (Articuladores de conteúdo

Comentário do exercício proposicional).

Resumo da lição
Na presente lição você ficou a saber que a coesão e a coerência
fazem parte da globalidade do texto. A coesão consiste,
fundamentalmente, no conjunto de dependências entre os
sintagmas que compõem as frases. A coerência é o conjunto de
factores semânticos e pragmáticos que definem a
comunicabilidade do texto. Esses factores incluem, para além
de outros elementos textuais, os articuladores discursivos.
Koch (2014) classifica os articuladores discursivos em cinco
(5) categorias: Articuladores de conteúdo proposicional;
Articuladores discursivo-argumentativos; Organizadores
textuais; Marcadores discursivos continuadores, que operam
“amarramento” de porções textuais e; Articuladores
metadiscursivos.

Auto-avaliação
1. Responda com V (verdadeiro) ou F (falso):

a) Os elementos coesivos do texto abrangem, de certo


modo, os aspectos que não têm a ver com a coesão e a
coerência. ( )

49
b) A coesão consiste na ligação entre palavras, períodos e
parágrafos no texto. ( )
c) A coerência tem a ver com a ligação lógica de ideias
no texto, isto é, com o conteúdo do texto. ( )
d) A semântica diz respeito à coesão, e a sintaxe à
coerência. ( )
e) Sujeito, predicado, complemento directo, complemento
indirecto, predicativo do sujeito, etc., correspondem à
sintaxe do texto. ( )

Comentários da auto – avaliação


Para responder às questões, concentre-se nos aspectos que
distinguem a coesão da coerência. Caso necessário, volte a ler o
conteúdo em causa.

50
Lição n° 6
Reconstrução sintética de textos

Introdução
Na lição anterior você aprendeu os recursos coesivos, os quais
podemos entendê-los como sendo o conjunto de elementos que
garantem a comunicabilidade global do texto. Os recursos
coesivos são indispensáveis na construção e reconstrução de
textos.

Nesta lição você irá aprender a reconstruir, de forma sintética,


textos de natureza argumentativa. Você deve saber que
reconstruir sinteticamente o texto é o mesmo que o resumir. Esta
actividade é feita com base na leitura do texto em questão, com
o propósito de condensar as ideias.

Na sua vida académica e em outros contextos, você tem sido


confrontado com muita informação escrita assim como oral. Essa
informação, sendo muita, é difícil a sua retenção na nossa
memória. Mas, a mesma, quando reconstruída sinteticamente
facilita o seu manuseamento. Resumir informações é importante
para a nossa organização.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Identificar as ideias principais no texto;

 Sublinhar as ideias identificadas;

 Topicalizar as ideias identificadas;


Objectivos  Resumir o texto argumentativo.

51
Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 4 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

Considerações gerais sobre reconstrução sintética de textos

É importante você saber que a reconstrução sintética do texto


passa, antes de tudo, pela leitura atenta do texto. Esta deve ter
em conta a identificação das ideias principais. Assim sendo, você
deve possuir um lápis e uma borracha ou aguarela. O que fazer
com este material?

Com o lápis ou aguarela você deve sublinhar directamente no


texto as ideias principais. Sublinhadas as ideias, deve transcrevê-
las6 para o seu caderno de exercícios, onde depois serão
topicalizadas em partes constitutivas do texto.

Após a topicalização das ideias principais, já é oportuno você


elaborar o resumo assim como o plano do texto.

Sublinhe as ideias principais em cada parágrafo no texto A


degradação ambiental do Planeta e a ficção científica. Siga o
exemplo mostrado nos primeiros três parágrafos.
Actividade 1

A degradação ambiental do Planeta e a ficção científica

Os problemas ambientais não são ficção científica, mas sim um


perigo real que aumenta a cada dia. Qualquer dano ambiental que

6
A transcrição das ideias é dispensável, já que é uma actividade semelhante, senão
repetitiva, da topicalização.

52
ocorre num ponto da Terra acaba por afectar todo o Planeta. Os
números da degradação ambiental são simplesmente alarmantes.
Não são exagerados, nem são o produto de mentes pessimistas, mas
um fenómeno mundial crescente.

Para se ter uma ideia do quadro geral da degradação, basta ver que,
segundo o Fundo para Populações das Nações Unidas (FNUAP), nos
últimos quarenta anos a população mundial duplicou para cinco
biliões e trezentos milhões de habitantes, com bastante possibilidade
de duplicar novamente nos próximos quarenta anos, de forma que
essa pressão populacional poderá esgotar os recursos naturais dos
quais depende.

Cerca de dez por cento das terras potencialmente férteis do Planeta


já se converteram em desertos, e outros vinte e cinco estão em
processo de desertificação. Todos os anos são perdidos oito milhões
e meio de hectares por causa da erosão e sedimentação. Mais de vinte
milhões de hectares de florestas tropicais são devastados todos os
anos.

A maior parte dos pobres vive nas zonas mais vulneráveis do ponto
de vista ecológico: oitenta por cento na América Latina e cinquenta
por cento em África. Aproximadamente um bilião de pessoas não
tem acesso à água potável, dois biliões e trezentos milhões de
habitantes carecem de acesso a saneamento básico e um bilião e meio
não tem lenha suficiente para cozinhar.

A década de oitenta foi a mais quente do século XX. Os cientistas


acreditam que, se for mantida a tendência anual de emissão de
dióxido de carbono (CO2) e outros gases de estufa, a temperatura
poderá continuar a subir, o que pode provocar derretimento das
geleiras, aumentando, por conseguinte, o nível do mar e afectando
também todo o equilíbrio climático do Planeta. Isso trará
consequências imprevisíveis para plantas e animais e para o
ecossistema como um todo.

53
Segundo a NASA (Agência Espacial Norte-Americana), o buraco na
camada de ozono aumenta a cada ano. Esse buraco, produzido pela
reacção do clorofluorcarbono (CFC) com o ozono (O3), está
afectando, por exemplo o sul de Chile, onde se regista um aumento
nos índices de cegueira em ovelhas.

Na Europa Ocidental, o número de árvores afectadas pela


contaminação do ar supera em catorze vezes a colheita anual de
madeira da região. A Europa precisará de gastar anualmente sessenta
milhões de dólares durante os próximos vinte e cinco anos para
proteger os seus bosques da contaminação das chuvas ácidas. Os
países da Comunidade Europeia despejam todos os anos nove biliões
de toneladas de dejectos sólidos, incluindo trezentos milhões de
dejectos perigosos para a saúde humana.

Os custos sociais e económicos da degradação ambiental podem ser


grandes, ainda que não sejam contabilizados pelos países. Por
exemplo, estudos recentes na ex-Alemanha Ocidental calcularam o
custo social dos prejuízos provocados pelo ruído do transporte em
quase dois por cento do PNP (Produto Nacional Bruto). Na Costa
Rica, a degradação acumulada das florestas, solos e bancos
pesqueiros chegou a mais de quatro biliões e seiscentos milhões de
dólares entre 1970 e 1990, cerca de seis por cento de seu PIB
(Produto Interno Bruto). Na Indonésia, a degradação acumulada de
florestas, solos e recursos petrolíferos aumentou entre 1971 e 1984
em nove biliões e seis milhões de dólares, cerca de nove por cento
de seu PIB do período.

Desta maneira, as perdas ambientais são uma realidade que afecta a


vida de milhões de pessoas, tanto dos países desenvolvidos como dos
em desenvolvimento. O que podemos notar é que, além do
aquecimento global e do buraco na camada de ozono, existem danos
ambientais palpáveis que afectam a qualidade de vida de todo o
Planeta. E, se quisermos sustentar a vida com qualidade, devemos

54
antes buscar o equilíbrio entre as acções humanas e a preservação do
ambiente onde vivemos.

Disponível em http://www.ecolnews.com.br/degrplaneta.htm
Extraído a 11 de Março de 2010.

Bom trabalho!

O sublinhado de ideias-chave passa pela leitura atenta do texto. O não


cumprimento desta recomendação pode resultar num sublinhado de
ideias secundárias ou acessórias. Verifique sempre se não sublinhou
algum conteúdo secundário e se o sublinhado contempla ou não a
Comentário da actividade
globalidade das ideias.

Resumo do texto

A priori, você deve saber que, um resumo consiste na capacidade


de condensar ideias de uma frase, parágrafo, texto. Como devemos
resumir um texto, então? A condensação das ideias deve ser fiel ao
texto original, o que significa não incluir ideias que não existem
no texto original. Você deve incluir, no resumo, as ideias
principais, dispensando o acessório, as paráfrases.

Atente no que Sousa &Charters (1994) consideram sobre o resumo:


resumir um texto é reduzi-lo sem emitir juízos de valor sobre as
ideias ou factos que nele se expressam nem acrescentar
informação. Com efeito, no resumo você deve exprimir, em
síntese, o conteúdo da informação.

É importante também que você saiba que o resumo pauta por uma
linguagem simples e clara, usando-se palavras próprias. Apenas as
ideias é que não devem ser modificadas. Quando queremos fazer
um resumo, devemos ler atentamente o texto e procurar, caso
necessário, o significado de certas palavras.

55
Lido o texto, a seguir devemos fazer a tomada de notas das ideias
principais. Isto podemos fazer considerando cada parágrafo ou
cada parte do texto. Depois é fundamental garantirmos as relações
lógicas entre as ideias que compõem os parágrafos na
reconstituição do novo texto.

Enfim, o texto reconstituído deve ser breve, ou seja, deve conter


as ideias essenciais. As ideias secundárias, sempre que possível,
devem ser dispensadas. As frases e/ou parágrafos devem estar
inter-relacionadas, evitando-se uma simples enumeração de ideias.

Topicalize as ideias principais sublinhadas no número anterior.

Bom trabalho!

Exercício 1

Ao topicalizar as ideias procure anunciá-las como se estivesse a dar título


a um texto, evitando anunciar os verbos. Só que, neste contexto, você
deve dar título a um parágrafo. Os tópicos que vai criar devem ser
abrangentes no que diz respeito ao conteúdo transmitido. Ainda, os
Comentário do exercício
tópicos não devem ser longos, devem ser breves, sempre que possível,
mas inclusivos. Siga o exemplo da topicalização dos primeiros três
parágrafos que lhe apresentamos.

Topicalização das ideias principais

Parágrafo 1:

 Realidade da degradação ambiental e seu crescimento mundial.

Parágrafo 2:

 Quadro geral da degradação, [segundo o Fundo para Populações


das Nações Unidas].

Parágrafo 3:

56
Perda de terras potencialmente férteis e florestas tropicais, por
desertificação, erosão e sedimentação.

Resumo da lição
Nesta lição você teve o conhecimento de que a reconstrução
sintética de um texto passa pela leitura atenta do mesmo, pela
identificação das ideias principais e sua organização,
construindo-se um novo texto. Identificadas as ideias centrais
do texto, você reteve que estas podem ser sublinhadas
directamente no texto ou topicalizadas à parte. A topicalização
de ideias facilita a elaboração do resumo, conforme dissemos.
No resumo, portanto, as ideias principais aparecem
reconstruídas em parágrafos, pautando-se pela brevidade,
linguagem simples, clara e original.

Auto-avaliação
Com base na actividade e exercício já feitos, resuma o texto A
degradação ambiental do Planeta e a ficção científica.

Bom trabalho!

57
Comentários da auto-avalição
Ao resumir o texto tenha em conta que as ideias sublinhadas e
os tópicos devem gerar frases inter-relacionadas e não uma
simples enumeração de ideias. O resumo não deve ultrapassar
1/3 do texto original.

Siga o exemplo, você pode fazer um bom resumo:

A degradação ambiental do Planeta e a ficção científica

Os problemas ambientais são um perigo real que aumenta a cada


dia.

Segundo o Fundo para Populações das Nações Unidas (FNUAP),


nos próximos quarenta anos a pressão populacional poderá esgotar
os recursos naturais dos quais depende.

58
Lição n° 7
Plano de texto e redacção de texto argumentativo

Introdução
Lembre-se que na lição anterior você aprendeu como reconstruir
sinteticamente um texto. Na verdade, toda a actividade que você
já fez, através da leitura, nesta unidade, tinha em vista, em última
instância, a construção textual.

É importante você saber que a redacção de qualquer que seja a


tipologia textual deve ser planificada, de modo a possibilitar a
organização hierárquica das ideias para posterior
desenvolvimento. Este é o nosso foco nesta lição.

Enfim, na presente lição você vai aprender a construir o plano de


texto a partir de um texto já existente (A degradação ambiental
do Planeta e a ficção científica) e a redigir um texto de natureza
argumentativa.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Conceber um plano do texto argumentativo;


 Redigir um texto de natureza argumentativa.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 4 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

59
Plano do texto
Segundo Nascimento e Pinto (2006: 116), “planificar é organizar –
fazer que os diversos elementos se interliguem e convirjam no texto,
de modo a que este alcance a finalidade ou objectivo que moveu o
seu autor”.

Como você pode entender, o plano do texto é um instrumento


que visa essencialmente obter ideias de forma hierarquizada,
clara e objectiva, as quais constituirão a “anatomia” do texto que
pretendemos compor. É, por conseguinte, a organização
estrutural de ideias-chave, de maneira topicalizada, para a
redacção do texto.

Para Rebelo, Marques e Costa (2000: 231):

A planificação consiste, precisamente, em produzir


ideias e em organizá-las de modo a satisfazer os
objectivos e intenções do autor do texto. Esta fase de
organização dos conteúdos é necessária e essencial à
actividade de produção, na medida em que é pouco
provável que as informações a transmitir estejam
organizadas de forma linear na memória a longo prazo.

Para além da noção que você já tem sobre a planificação de texto,


é sempre bom, produzidas as ideias, colocá-las em função dos
objectivos previstos, de acordo com a nossa intenção, como
autores do texto. Isto permite a elaboração do texto não de forma
espontânea. Portanto, a produção textual, para além de exigir
inspiração e imaginação, você deve encará-la como uma
actividade previsível. Certamente, a organização das ideias no
plano fornece as directrizes do texto.

Com base no plano é possível prever as ideias-chave, os


parágrafos, as partes, entre outros elementos que compõem o
texto. Mas, como deve ser concretamente o plano?

60
Tente exercitar a planificação do texto com base num texto já
feito.

Com base no texto “A degradação ambiental do Planeta e a


ficção científica”, conceba o plano do mesmo texto. Siga o
exemplo:
Actividade 1 I. INTRODUÇÃO

Título:

 “A degradação ambiental do Planeta e a ficção


científica”.

Tese:

 Os problemas ambientais são um fenómeno mundial


crescente.

II. DESENVOLVIMENTO

Argumentos:

 Quadro geral da degradação;


 Perdas de terras férteis e florestas tropicais;
 …

Agora termine o plano.

Bom trabalho!

Ao conceber o plano do texto, tenha em conta que as ideias


devem aparecer em forma de tópicos e não parágrafos.
Normalmente, cada tópico deve corresponder a um parágrafo.
Comentário da actividade 1

Como você vê, é simples construir o plano de um texto. O plano


que você construiu é de um texto que já existe. Então, você deve
preparar-se para construir o plano de um texto que ainda não

61
existe, isto é, deve assumir o desafio de conceber o plano do
texto que irá construir em breve.

Você deve ter percebido que o plano é a “anatomia” do nosso


texto. Reflecte as partes do texto assim como os respectivos
parágrafos em forma de projecto. Os tópicos devem ser breves e
fiéis às ideias transmitidas ou a serem transmitidas.

No fundo, um aspecto não menos importante que você deve ter


prestado atenção no caso do texto “A degradação ambiental…”
é a ausência de contra-argumentos no desenvolvimento e a
presença de duas formas de concluir o texto. Trata-se de um caso
específico (um texto particular). Num outro texto poderíamos ter
contra-argumento(s) e apenas uma forma de concluir. A presença
da “solução” na conclusão é pelo facto de o autor ter apresentado
problemas ao longo do texto. Logo, faz sentido termos no fim a
proposta de solução dos problemas arrolados. Com isto, você
deve perceber que não é obrigatório ter no texto que pretender
construir duas formas de concluir o mesmo. A forma de concluir
depende do que abordamos ao longo do texto. Por último, se o
autor do texto “A degradação ambiental…” não tivesse abordado
problemas podia apenas na conclusão apresentar a síntese do
desenvolvimento ou a recapitulação da tese.

Que aspectos devemos ter em conta na planificação do texto?

Bom trabalho!

Exercício 1

Ao responder, considere o que dizem Nascimento e Pinto (2006);


Rebelo, Marques e Costa (2000) sobre o plano do texto e o que você
assimilou durante a planificação do texto “A degradação

Comentário do exercício ambiental…”.

62
Resumo da lição
Na presente lição você ficou a saber que planificar um texto é
organizar as ideias em partes, de maneira coerente e coesa, com
o objectivo fundamental de construir o texto. Aprendeu também
quea organização das ideias no plano fornece as directrizes do
texto.

Auto-avaliação
Uma vez que você já aprendeu o plano do texto, agora, com
base no tema “Sociedade e tecnologia”, planifique e redija um
texto argumentativo. O texto deve ser escrito em uma (1)
página, sem contar com a página do plano, e obedecer às
normas de elaboração de trabalhos na UP.

Bom trabalho!

Comentários da auto-avalição
Inspire-se nas lições que teve. Evite parágrafos longos porque
às vezes você pode perder-se na articulação das ideias ou
encher o texto de coordenação e subordinação, facto que torna
o texto “pesado” e cansativa a sua leitura. Procure construir
parágrafos de três (mínimo) a cinco (máximo) linhas, evitando
também o supérfluo 7.Temos a certeza que, se você seguir estas
recomendações, vai construir um plano e texto interessantes.

7
Repetição desnecessária de ideias.

63
Resumo da Unidade
Nesta unidade didáctica, de modo geral, você aprendeu
conteúdos sobre “Texto Argumentativo”. Especificamente,
apreendeu a matéria que diz respeito ao conceito de texto
argumentativo, objectivo, organização estrutural; instrução e
orientação argumentativas; géneros do discurso argumentativo;
operadores argumentativos; recursos coesivos; reconstrução
sintética de textos; plano do texto e redacção do texto
argumentativo.

O texto argumentativo é o tipo de texto que apresenta um


raciocínio segundo o qual se defende ou se refuta um ponto de
vista. O seu objectivo é de persuadir, influenciar, convencer o
interlocutor a aderir a um ponto de vista. Na sua estrutura
apresenta introdução – onde se anuncia o tema e a tese;
desenvolvimento – conjunto de argumentos que defendem a tese;
e conclusão – síntese dos argumentos apresentados no
desenvolvimento ou confirmação da tese.

Na orientação da produção de um texto de natureza


argumentativa, em sala de aula, devemos ter em vista o objectivo
a alcançar. Os alunos podem ser confrontados com uma
actividade preliminar, a de análise de outros textos
argumentativos, identificando a tese, os argumentos, entre outros
aspectos. Já, nos géneros do discurso argumentativo você ficou
a saber que existem três, no entender de Aristóteles, que são:
discurso deliberativo, discurso judiciário e discurso epidítico
(demonstrativo).

O texto argumentativo socorre-se ao uso de operadores


argumentativos. No fundo, trata-se de expressões que têm a
função de articular ideias no discurso, tornando-as coesas e
coerentes. A coesão e a coerência textuais dependem dos

64
recursos coesivos, que são, em última análise, articuladores
discursivos.

Para além dos aspectos já mencionados, você reteve que


reconstruir sinteticamente um texto é o mesmo que o resumir.
Ademais, ficou a saber que o processo passa pela leitura
atenta do texto, pela identificação das ideias principais e sua
organização, construindo-se um novo texto, em parágrafos,
pautando-se pela brevidade, linguagem simples, clara e
original. E, por último, na unidade você reteve que ao
querermos redigir um texto argumentativo, assim como
qualquer outra tipologia textual, devemos fazer um plano, no
qual projectamos as nossas ideias em partes que irão
constituir o texto.

Auto-avaliação da unidade
1. Você chegou ao fim da unidade didáctica que aborda o
“Texto Argumentativo”. Então, mostre que assimilou bem a
matéria, definindo esta tipologia textual, de acordo com dois
autores lidos na unidade.
2. O texto argumentativo apresenta uma estrutura triádica, à
semelhança de outras tipologias textuais. Descreva
sinteticamente essa estrutura.
3. Evidencie o conceito de argumentar, na perspectiva de
Nascimento & Pinto (2006) e Weston (1996).
4. Qual é a finalidade da argumentação?
5. Elabore uma tese, dois argumentos e um contra-argumento.
6. Indique os géneros do discurso argumentativo que aprendeu
e as suas respectivas características.
7. Mencione seis articuladores (conectores) do discurso e as
suas funções específicas.

65
8. Você aprendeu que os elementos coesivos dizem respeito
à coesão e coerência textuais. Deste modo, distinga a
coerência da coesão.
9. Que aspectos devemos ter em conta no resumo de um texto?
10. Debruce-se sobre os cuidados a ter na redacção de um texto
argumentativo.

Bom trabalho!

Comentários da auto-avalição da unidade


As questões de auto-avaliação da unidade foram elaboradas em
função dos conteúdos que você acabou de aprender, como forma
de recapitular a matéria. Caso não se lembre do que se exige nas
mesmas, consulte as lições e responda adequadamente. Procure ser
claro e objectivo nas suas respostas.

Referências bibliográficas da Unidade


ANGULO, Teodoro Á. Textos Expositivo-Explicativos y
Argumentativos. Barcelona, Octaedro, 2001.

BIANCHI, Aida & FELGUEIRAS, Anabela. O Essencial do 12º


Ano: Português B. Ed. Asa, 2004. Disponível em
http://profpaulo.weebly.com/conetores-de-discurso.html, Extraído
a 19 de Maio de 2016.

GRAMÁTICA MODERNA DA LÍNGUA PORTUGUESA.


Lisboa, Escolar Editora, 2010.

http://ongpraxis.files.wordpress.com/2010/03/as-tres-partes-da-
dissertação.pdf. Extraído a 18/05/2016.

66
http://www.ecolnews.com.br/degrplaneta.htm, Extraído a 11 de
Março de 2010.

KOCH, Ingedore. As Tramas do Texto. 2ª ed., São Paulo, Contexto,


2014.

NASCIMENTO, Zacarias & PINTO, José. A Dinâmica da Escrita.


5ª ed., Lisboa, Plátano Editora, 2006.

PEREIRA, Égina. Retórica e Argumentação: Os Mecanismos


que Regem a Prática do Discurso Jurídico. 2006.

REBELO, Dulce; MARQUES, Maria J.; COSTA, Manuel L.


Fundamentos da Didáctica da Língua Materna. Lisboa,
Universidade Aberta, 2000.

SOUSA, Bárbara & CHARTERS, Pilar F. Temas e Textos:


Português – 11º ano. Lisboa, McGRAW-HILL DE PORTUGAL,
1994.

WESTON, Anthony. A Arte de Argumentar. 2ª ed., Lisboa,


Gradiva, 1996.

67
Conteúdos

Lição n° 1 71
Texto
Texto publicitário (publicidade): conceito e
estrutura ............................................................................ 71
Publicitário
O que é publicidade?........................................72

UNIDADE
Estrutura do texto publicitário ................... 73
Lição n° 2 78

2
Componentes do texto publicitário ........................ 78
Que componentes deve ter uma
publicidade? ....................................................... 79
Argumentação e características do corpo
do texto publicitário........................................ 80
Lição n° 3 83
Linguagem publicitária ............................................... 83
Características da linguagem
publicitária ......................................................... 83
Lição n° 4 87
Procedimentos expressivos ..................................... 87
Como deve ser expressa a mensagem
publicitária? ....................................................... 88
Lição n° 5 92
Aspectos estilísticos do texto publicitário ......... 92
Que recursos estilísticos o texto
publicitário usa? .............................................. 93

Pág. 70 - 99

Unidade 2: Texto publicitário

69
Introdução
Na unidade anterior você aprendeu texto argumentativo. Nesta
unidade você vai aprender texto publicitário.
No nosso dia-a-dia, dentro das nossas casas, quer por via da rádio
quer pela televisão, ao caminharmos pelas ruas, temos nos
deparado com muitas informações, anunciando a venda de
diversos produtos, divulgando serviços de empresas assim como
apelando a sociedade para práticas de cidadania, como por
exemplo: a não depositar o lixo em locais impróprios, a não
praticar o aborto, a violência doméstica, etc. Estas informações
resumem-se em anúncios publicitários.
Portanto, nesta unidade você vai aprender “texto publicitário”,
como já dissemos, aprofundando conhecimentos teórico-práticos
sobre este género textual. De modo específico, estão programados os
conteúdos seguintes: conceito de texto publicitário ou publicidade;
organização estrutural do texto publicitário; componentes do texto
publicitário; linguagem publicitária; procedimentos expressivos;
aspectos estilísticos de textos publicitários. De referir que o texto
publicitário é um género argumentativo. Por conseguinte, terá de
aplicar as estratégias de persuasão, aprofundando o que aprendeu na
unidade anterior.

Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
 Definir publicidade;
 Descrever a organização estrutural do texto
publicitário;
 Identificar os componentes do texto publicitário;
 Caracterizar a linguagem publicitária;
 Reflectir acerca dos procedimentos expressivos no
texto;
 Identificar os aspectos estilísticos da mensagem
publicitária;
 Redigir texto publicitário.

70
Lição n° 1
Texto publicitário (publicidade): conceito e estrutura

Introdução
Nesta lição você vai adquirir conhecimentos relativos ao
conceito de “texto publicitário” (“publicidade”) e sua estrutura.
Ter noções gerais sobre este género textual é fundamental para
você, visto que lhe introduz na aprendizagem de conteúdos
subsequentes.

Lembre-se que nesta dita sociedade de informação, onde a


imagem tem um lugar de destaque na nossa vida, é quase
impossível viver longe da publicidade. Então, estudar a
publicidade é muito importante para si, não apenas como futuro
professor, mas também como cidadão atento às coisas que lhe
rodeiam.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Definir texto publicitário;


 Reconhecer o texto publicitário;
 Indicar o objectivo do texto publicitário;
Objectivos  Distinguir a publicidade comercial da publicidade
institucional;
 Indicar num texto específico a organização estrutural.

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 4 hora para completar o estudo desta lição.

Tempo

71
O que é publicidade?
Certamente que publicidade não é um termo novo para si. Você
lida com ela praticamente no seu dia-a-dia, como já dissemos.
Mas o que será publicidade?

De acordo com Caetano, Marques & Silva (2011: 28), “é possível


encontrar múltiplas definições sobre publicidade. (…) Uma
definição de publicidade deve ser suficientemente abrangente para
que nela caibam todos os exemplos da história publicitária até à
actualidade”.

Os autores mencionados trazem-nos a seguinte definição:


publicidade “é uma técnica de comunicação que, através da
persuasão e/ou informação, procura induzir um grupo pré-definido
de pessoas a comprar um produto ou serviço, levando-o a um
condicionamento identificativo com ele” (idem). O objectivo
principal da publicidade, ainda na óptica de Caetano, Marques &
Silva (2011: 27) é chamar a atenção do público para um produto ou
serviço com o objectivo de promover a sua venda. Mas será que
publicidade é apenas comercial, tal como esclarecem os autores
citados?

A publicidade não só é comercial, como também pode ser


institucional – quando tem como fim sensibilizar um grupo-alvo a
aderir a uma causa, por exemplo, social, que nada tem a ver com
venda de produtos ou serviços.

Como você ficou a saber na introdução desta unidade, temos


testemunhado anúncios publicitários apelando-nos à prática de
valores morais com vista a salvaguardar a cidadania. Então, a
publicidade, evidentemente, não se limita a produtos ou serviços
comerciais.

Sobre o conceito de “publicidade”, Nascimento & Pinto (2006: 192)


apresentam-nos o seguinte:

72
“Publicidade”, no sentido genérico de qualidade do que é
tornado público, engloba um grande leque de realizações
comunicativas, desde a publicidade não comercial (ex.:
Cuidados com a floresta) ao anúncio de uma empresa que
procura empregados. Porém, em sentido específico, o termo
publicidade designa, hoje, o conjunto dos meios usados para
tornar conhecida uma empresa industrial ou comercial (ou
para reforçar ou renovar a sua imagem) ou para divulgar um
produto. É uma actividade ligada a agências nacionais – e
sobretudo internacionais, que movem somas astronómicas de
dinheiro.

O conceito apresentado por Nascimento & Pinto cabe no que foi


postulado por Caetano, Marques & Silva (op. cit.): a ideia de que a
“definição de publicidade deve ser suficientemente abrangente”.
Como você nota, os autores explicitam, portanto, em que contexto
se pode optar por um conceito que tende quer ao comercial quer ao
institucional.

Bem, uma vez que você já leu o que dizem os autores sobre texto
publicitário (ou publicidade), agora formule a sua própria definição.
O que é para si uma publicidade?
Actividade 1

Ao formular a sua definição, tenha em conta os aspectos-chave


mencionados pelos autores. Não se limite em parafrasear as ideias dos
autores, mostre o que você pensa sobre o que deve ser uma publicidade.
Comentário da actividade

Estrutura do texto publicitário

Nas linhas precedentes vimos o que é publicidade com base em


alguns autores e segundo a sua percepção. Mas como será que se
estrutura o texto publicitário? Será que a sua estrutura é igual a

73
de outros textos que você certamente conhece? Nas linhas que
seguem, com certeza, você vai ter respostas destas questões.

É muito importante você saber que a redacção publicitária se


apoia no discurso aristotélico para seduzir o leitor com
argumentos simples, directos, que não deixem dúvidas que aquela é
a melhor opção de compra. Afinal em que consiste o discurso
aristotélico?

Veja quais são as fases do discurso criado por Aristóteles. Estas


dizem respeito à estrutura tradicional do texto publicitário.

1. Exórdio:
 É o título do texto, que tem a função de chamar a atenção do
leitor em poucas palavras. Exemplo: Água X, a melhor para
sua vida.
2. Narração:
 Apresenta os factos de forma muito objectiva. Geralmente
usa-se um argumento que faça o leitor concordar
naturalmente e que deixe a leitura mais confortável.
Exemplo: Água faz bem à saúde e é essencial para a vida da
gente.
3. Provas:
 Nesta fase as qualidades e características do produto ou
serviço anunciado são mencionadas. Exemplo: A água X vem
da fonte de Lindóa, com o maior índice de pureza do
mercado.
4. Peroração:
 É a parte responsável por fechar o discurso, reforçando a
ideia apresentada no título e ordenando o leitor a fazer o que
o texto propõe. Exemplo: Para garantir uma rotina
saudável, beba água X.

Mesmo que o texto seja curto, geralmente contém todas as fases


apresentadas acima. A única que pode ser dispensada é a parte da
narração.

74
Se você prestar atenção perceberá que o modelo do discurso
aristotélico que apresentamos é deliberativo, posto que, por meio
da persuasão, apela para uma acção futura, a de aderir (no caso
da publicidade) à compra do produto, ao serviço, à ideia
anunciada.

Você já viu como se estrutura, tradicionalmente, o texto


publicitário. Será que todos os panfletos publicitários com os
quais já se deparou na rua contém as fases que aprendeu?
Argumente a sua resposta.
Exercício 1
Bom trabalho!

Para responder à questão com alguma firmeza, você terá de procurar


verificar a estrutura nas publicidades mencionadas. É simples, basta
sair à rua e fazer a sua observação. Não responda de maneira fictícia,

Comentário do exercício entre em contacto com as publicidades.

Resumo da lição
Nesta lição você aprendeu que o “texto publicitário”, ou
simplesmente “publicidade”, por um lado, no sentido genérico,
engloba um grande leque de realizações comunicativas, desde a
publicidade não comercial ao anúncio de uma empresa que
procura empregados. Por outro, no sentido específico, designa, o
conjunto dos meios usados para tornar conhecida uma empresa
industrial ou comercial ou para divulgar um produto. Por isso,
tomando em consideração este último caso, o objectivo principal
da publicidade seria de chamar a atenção do público para um
produto ou serviço com o objectivo de promover a sua venda. Na

75
sua estrutura, a publicidade apresenta i) Exórdio; ii) Narração; iii)
Provas e iv) Peroração.

Auto-avaliação
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76
1.1. O texto que acabou de ler é publicitário. Justifique a afirmação,
tendo em conta o conceito apresentado por Nascimento & Pinto
(2006) e o discurso deliberativo.

2. Considerando que a publicidade pode ser comercial ou


institucional, classifique o texto “Internet Banking”, justificando.

3. Indique a estrutura do texto. Lembre-se das quatro (4) fases do


discurso aristotélico.

Bom trabalho!

Comentários da auto – avaliação


1.1. Ao responder a esta questão procure focalizar a intenção
comunicativa da publicidade em causa, aquilo que com ela se
pretende. Tenha em conta o texto específico “Internet Banking”.
E, quanto ao discurso deliberativo, o que faz o texto? Considere
este aspecto na sua resposta.

2. Na resposta desta pergunta centre-se no objectivo do texto em


causa.

3. Na sua resposta deve, no texto, localizar a parte do exórdio,


da narração, das provas e da peroração. É simples, é só resolver
o exercício com muita cautela, recorrendo à releitura do
conteúdo em questão, sempre que necessário.

Leituras complementares
Esta matéria você pode aprofundar no link seguinte:
(http://blogcitario.blog.br/2011/07/estrutura-do-texto-
publicitario/).

77
Lição n° 2
Componentes do texto publicitário

Introdução
Na lição anterior você aprendeu o que é publicidade e sua estrutura.
Percebeu a sua importância na nossa vida actual. Então, agora, nesta
lição, você tem a oportunidade de aprender os “componentes do
texto publicitário”. São conteúdos importantes para si no que diz
respeito ao estudo do texto publicitário.

Um dos aspectos fundamentais que você deve reter é o seguinte: a


publicidade, visando chamar atenção de um grupo de pessoas e
convencê-las a aderir a uma ideia (a comprar um produto, a
concordar com um serviço ou causa), a sua redacção deve obedecer
a certos procedimentos técnicos. Esses procedimentos técnicos você
já vai aprender ao longo desta lição junto dos componentes da
publicidade.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Mencionar os componentes do texto publicitário;


 Identificar os componentes no texto publicitário.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.


Tempo

78
Que componentes deve ter uma publicidade?
Lembrando que os textos publicitários têm como função apelar um
grupo de pessoas, por meio da persuasão, para uma acção futura,
a de aderir à compra de um produto, a um serviço ou à ideia
anunciada, então, qual será a estrutura mais adequada da sua
mensagem para que eles consigam atingir os seus objectivos?

A publicidade, geralmente, é constituída por um texto linguístico e


por outro imagético (linguagem icónica). Segundo Nascimento &
Pinto (2006: 194), a estrutura da mensagem publicitária é,
frequentemente, a seguinte:

1. Título:

 Apresenta o essencial da mensagem e procura cativar.

2. Corpo do texto:

 Informa, argumenta, sintetiza e apela à acção (de adquirir,


de usufruir).

3. Imagem (linguagem icónica):

 Seleccionada para complementar o texto ou, noutra


estratégia, escolhida para provocar a leitura do texto.

Considerando que a finalidade da publicidade é identificar um


grupo-alvo e fazê-lo comprar um produto ou a aderir a uma ideia,
então, o título reveste-se de muita importância porque é a ele que
está associado o resto do texto. Nesta ordem de ideias, como deve
ser o título de uma publicidade?

O título da publicidade deve ser como manchete de um jornal; deve


ter a capacidade de prender o leitor, ouvinte, etc. Pode aparecer no
texto em forma de uma frase afirmativa ou interrogativa. A sua
colocação deve estar associada à imagem (elemento que serve de
argumento).

79
1. Mencione os componentes do texto publicitário.
2. Que desvantagens pode ter um título longo numa publicidade?

Bom trabalho!
Actividade 1

1. Ao mencionar os componentes não é necessário fornecer


detalhes. Seja directo e sintético.
1. Lembre-se que a publicidade pretende ser chamativa, criando

Comentário da actividade interesse no grupo-alvo.

Argumentação e características do corpo do texto


publicitário
É importante você saber que, a argumentação por meio de imagens,
como dizem Caetano, Marques & Silva (2011: 187), é muito eficaz
do que a argumentação abstracta ou técnica. A imagem, por
conseguinte, auxilia o texto escrito e como se tem dito “vale mais do
que mil palavras”. No meio disto, afinal como se apresenta o corpo
do texto publicitário?

No corpo do texto podemos encontrar frases exclamativas (que


exprimem sentimentos); frases enunciativas (que julgam,
descrevem, explicam, contam) e interrogativas (que pressupõem
uma enunciação).

Para além dos elementos descritos, temos o “slogan”, acto verbal


sugestivo, elemento que condensa a informação do texto. O mesmo
tem a função de “fazer aderir, prender a atenção e resumir”.

Você deve ter visto que os anúncios publicitários usam cores.


Caetano, Marques & Silva (idem: 201) categorizam as cores em
“quentes” e “frias”. As cores quentes são: vermelho, laranja e
amarelo e suas variações. As frias são: verde, azul e violeta e suas

80
variações. As cores quentes são impulsivas. As cores frias são
passivas.

Ao encarar uma publicidade, você percebe que a cor serve de


estímulo para o indivíduo, cativando-o ou não para uma determinada
acção. Isto significa que uma pessoa pode comprar ou deixar de
comprar um produto por causa da cor.

Enfim, é importante você saber que os elementos que compõem a


estética de um anúncio publicitário: o tipo de letra, o design, as cores
e até o seu estilo transmitem mensagens. A maneira de transmitir
essas mensagens conta muito para levar o grupo-alvo a identificar-
se com um produto ou uma ideia publicitada.

“A argumentação por meio de imagens é muito eficaz do que a


argumentação abstracta ou técnica” (Caetano, Marques & Silva
(2011: 187). Concorda com esta afirmação? Justifique a sua resposta.

Bom trabalho!
Exercício 1

Lembre-se do efeito visual das imagens na nossa mente e o esforço


empreendido na sua interpretação, ao responder à questão.

Comentário do exercício

Resumo da lição
Na presente lição você aprendeu que a publicidade, geralmente, é
composta por um texto linguístico acompanhado de imagem.
Assim sendo, apresenta título, corpo do texto e imagem. O título
do texto deve ser assertivo, podendo vir no texto em forma de
frase afirmativa ou interrogativa. A publicidade faz o uso do

81
slogan para fazer aderir, prender a atenção e resumir e das cores
para chamar atenção.

Auto-avaliação
1. Procure um anúncio publicitário e identifique os
componentes descritos nesta lição.
2. Imagine uma embalagem de arroz de cor preta. Colocando-
se no lugar de um cliente, qual seria a sua reacção? Justifique
a sua resposta.

Bom trabalho!

Comentários da auto – avaliação


1. No caso de anúncio publicitário, pode dirigir-se a um banco
mais próximo, há, pois, vários anúncios destinados para si.
Deve ter em atenção a escolha do texto porque há outras
publicidades que podem não trazer elementos suficientes em
abordagem.
2. Tenha em mente que há cores que atraem e outras que
retraem a nossa atenção, dependendo dos contextos.

82
Lição n° 3
Linguagem publicitária

Introdução
Na lição antecedente você estudou os componentes do texto
publicitário. O texto publicitário, visando persuadir o indivíduo para
um determinado fim, é caracterizado por uma linguagem específica.

Nesta lição você vai estudar as características específicas da


“linguagem publicitária”. É importante para si, pois este
conhecimento ajuda-nos no acto da redacção da publicidade, já que
temos de adequar a linguagem ao tipo de texto.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Indicar as características da linguagem publicitária;


 Identificar as características da linguagem publicitária no
texto.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

Características da linguagem publicitária


Decerto, você deve ter percebido que a publicidade tem uma forma
particular de comunicar mensagens. Afinal como se caracteriza a
linguagem de uma publicidade?

83
Acerca da linguagem publicitária, Alves & Moura (2004)
apresentam-nos as seguintes características:

 Linguagem polissémica;
 Frases exclamativas e imperativas;
 Uso expressivo da adjectivação;
 Recurso à rima, à onomatopeia e à aliteração;
 Utilização de metáforas, hipérbole e outros recursos
estilísticos;
 Função apelativa e emotiva.

O que significam as expressões mencionadas sobre as características


da linguagem publicitária?

Actividade 1

Você deve pesquisar os seus significados no Google, pela entrada


Ciberdúvidas ou acrescentando na expressão esta palavra. É um
espaço cibernético confiável, devido às abordagens feitas pelos seus
gestores. Caso você pesquisar a matéria num dicionário online deve
Comentário da actividade
ter em conta que há significados literais (denotativos) e literários
(conotativos). Se você não for atento a estes pormenores não menos
importantes pode buscar significados que nem sequer têm a ver com
a palavra ou conceito em causa. Assim sendo, não se limite aos
primeiros resultados que o Google for a fornecer. Lembre-se que a
internet lhe apresenta várias opções de respostas. Então, explore
adequadamente esta ferramenta.

Características da linguagem publicitária (continuação)

É também importante você ter em conta o que Caetano, Marques &


Silva (2011: 30) dizem sobre a linguagem na publicidade. Estes
autores afirmam que “muita gente entende que a publicidade não é

84
mais do que uma arte de arranjar slogans sugestivos para proclamar
as vantagens únicas do produto anunciado e para «atacar» (pelo
menos indirectamente) os produtos rivais sem grande preocupação
pela verdade e pelo bom gosto”.

Você já deve ter percebido que para fazer face à linguagem


persuasiva, o publicitário usa tudo o que estiver ao seu alcance. Por
exemplo, é comum usar-se na publicidade uma figura influente no
mundo para fazer as pessoas acreditarem que estão a usar os mesmos
produtos usados por essa figura. É comum, também, o uso de
imagens femininas, o que tem contribuído na venda de quase todo o
tipo de produto. Entretanto, por questões éticas há limites a observar.
O publicitário não deve usar deliberadamente as imagens ao seu
alcance, visto que o uso inadequado de uma imagem pode ter
resultados contrários aos esperados.

Logo, como afirmam Nascimento & Pinto (2006: 192), “a


publicidade das grandes agências não é tarefa de amadores, mas de
equipa – onde interagem psicólogos, sociólogos, economistas,
especialistas do audiovisual e peritos na arte de dizer seduzindo e
convencendo”.

Portanto, a linguagem persuasiva da publicidade teria como


objectivo último seduzir a pessoa para que mude suas crenças, seus
hábitos, etc. Por detrás da publicidade, para atingir seus objectivos,
há um trabalho de coordenação muito sério que deve ser feito.

Indique quatro (4) características da linguagem publicitária.

Bom trabalho!

Exercício 1

85
Não detalhe as características, mencione-as apenas.

Comentário do exercício

Resumo da lição
Nesta lição você ficou a saber que a linguagem publicitária tem as
seguintes características: sentido múltiplo; frases exclamativas e
imperativas; adjectivos expressivos; figuras de estilo: rima,
onomatopeia, aliteração, metáfora, hipérbole, etc.; função apelativa
e emotiva.

Auto-avaliação
Identifique as características linguísticas no texto “INTERNET
BANKING”.

Comentários da auto – avaliação


Tenha em consideração que o texto apela para uma acção futura
através da persuasão. Ao mencionar as características linguísticas
patentes no texto tem de indicar as respectivas passagens textuais.

86
Lição n° 4
Procedimentos expressivos

Introdução
Na lição anterior você a prendeu as características da linguagem
publicitária. Para enriquecer a sua aprendizagem, na presente
lição você vai aprender os “procedimentos expressivos” no texto
publicitário. Conhecendo estes procedimentos e mobilizando
outros conhecimentos sobre “texto publicitário”, você prepara-
se para futuramente produzir, de maneira autónoma, uma
publicidade.

A produção autónoma de um texto publicitário é muito


importante para si, uma vez que os seus conhecimentos teóricos,
já adquiridos, no contexto académico, devem ser colocados em
prática, servindo também no contexto pragmático. Um dia você
precisará de redigir ou participar na redacção de uma publicidade
para sua empresa ou de outras pessoas.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:


 Topicalizar os procedimentos expressivos do texto
publicitário.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

87
Como deve ser expressa a mensagem publicitária?
Você já deve imaginar que, pela sua natureza, a mensagem
publicitária, para concretizar o seu objectivo, usa a
argumentação como estratégia de persuasão.

Para Angulo (2001: 57) “o anúncio publicitário é sempre


argumentativo, posto que do princípio deve seduzir a um público
adoptando para tal qualquer estratégia que seja eficaz”. Este
autor, na sua abordagem, ensina-nos sobre a mensagem do texto
publicitário impresso e mensagem do texto publicitário
audiovisual.

Naturalmente, você já deve ter observado o tamanho de letras


numa publicidade. O texto publicitário impresso dispõe de uma
mensagem diferente do texto escrito tradicional, não acha? Este
género textual usa as palavras de maneira livre e a sequência
lógico-temporal proporciona o tamanho das letras das diferentes
partes da mensagem. O argumento principal pode escrever-se
com letras maiores junto ao nome do produto e os argumentos
secundários com letras menores. Isto justifica que o tamanho de
letras é directamente proporcional à componente argumentativa.
Os vínculos entre os fragmentos do texto estabelecem-se pelo
carácter e tamanho das letras, não pela sucessão que podem
apresentar no texto. Dito isto, afinal, como costumam
apresentar-se os componentes no texto?

Os componentes podem estar espalhados por toda a página e


apresentar-se de forma descontínua, mas sempre com a intenção
de reenfocar continuamente o argumento principal. Isto você já
deve ter visto em várias publicidades e questionado por que
assim neste tipo de textos. A explicação é simples: tal ocorre
porque a mensagem publicitária tem um carácter subjectivo.

88
A matéria que você acabou de aprender deve ter despertado muita
curiosidade em si. Então, procure uma publicidade que mostre os
seus componentes espalhados por toda a página, mas com a
Actividade 1 intenção de reenfocar o argumento principal.

Faça a actividade com o seu grupo de estudo. Geralmente, o


trabalho em cooperação com os colegas é mais produtivo do que
o individual. Preste muita atenção na organização lógica das

Comentário da actividade ideias.

Argumentação na publicidade audiovisual e fórmula AIDMA

É também importante você saber que, no texto publicitário


audiovisual, o processo de argumentação é o seguinte: primeiro
apresenta-se o objecto, depois descreve-se as características e
finalmente anunciam-se as conclusões/argumentos para a
aquisição do produto anunciado.

A pertinência das imagens, na publicidade audiovisual, e as


sensações respectivas às características do produto não se
baseiam em critérios lógicos. A argumentação não tem uma
coerência lógica demonstrativa, já que pretende, acima de tudo,
seduzir, fazer aderir ao produto anunciado.

Nascimento & Pinto (2006; 194) apresentam-nos a fórmula


AIDMA, sendo a sigla do guião que procura sintetizar os passos
ou elementos do processo publicitário. A sigla significa o
seguinte:

 Atenção – captar a atenção do público destinatário;


 Interesse – despertar a simpatia pelo que é publicitado;
 Desejo – desencadear a necessidade de ter ou usufruir do
que é anunciado;

89
 Memorização – facilitar a retenção da mensagem. Para
tal, a publicidade recorre a estratégias: slogan, rima,
associação de produtos sensações de êxito, prazer,
prestígio, conforto, segurança…;
 Acção – mobilizar, dar instruções ao destinatário para que
satisfaça a necessidade desencadeada: adquirir ou aderir
ao ‘objecto’ publicitado.

Na verdade, o significado desta fórmula, se você prestar mais


atenção, vai perceber que traduz, na globalidade, o modo como
é expressa a mensagem num texto publicitário, na sua estrutura,
tendo como foco o público a atingir.

1. Como se ordena o processo da argumentação numa


publicidade audiovisual?
2. Mencione o significado da sigla AIDMA.

Bom trabalho!
Exercício 1

1. A resposta a esta questão encontra-se no primeiro


parágrafo desta secção. Preste atenção e elabore a sua
resposta de forma correcta.
2. O significado da sigla AIDMA é aquele apresentado por
Comentário do exercício Nascimento & Pinto (2006). Não precisa detalhar, seja
objectivo, porque a natureza da pergunta exige uma
resposta objectiva.

Resumo da lição
Nesta lição você aprendeu que o texto publicitário é de
natureza argumentativa. Os vínculos entre os fragmentos do
texto estabelecem-se pelo carácter e tamanho das letras, não

90
pela sucessão que podem apresentar no texto. Os componentes
podem estar espalhados por toda a página e apresentar-se de
forma descontínua. Na publicidade audiovisual a pertinência
das imagens e as sensações respectivas às características do
produto não se baseiam em critérios lógicos. A expressão
publicitária deve ter em conta: a atenção, o interesse, o desejo,
a memorização e a acção.

Auto-avaliação
Lido o conteúdo sobre os procedimentos expressivos no
texto publicitário, retire oito (8) tópicos. Siga o exemplo
abaixo:

Procedimentos expressivos no texto publicitário:

 O anúncio publicitário é sempre argumentativo;


 Deve seduzir a um público.

Bom trabalho!

Comentários da Auto – avaliação

Lembre-se que não é primeira vez a criar tópicos de ideias.


Garanta a brevidade para facilitar a memorização do conteúdo
topicalizado.

91
Lição n° 5
Aspectos estilísticos do texto publicitário

Introdução
Já aprendeu os procedimentos expressivos no texto publicitário,
na lição anterior. Entretanto, para você ter mais conhecimentos
no que diz respeito ao texto publicitário, esta lição está
programada para você aprender os “aspectos estilísticos do texto
publicitário”.

A publicidade, sendo um texto que visa persuadir e convencer o


indivíduo para uma determinada acção, socorre-se de recursos
estilísticos.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:


 Identificar no texto publicitário os recursos estilísticos
usados;
 Empregar adequadamente as figuras de estilo na
publicidade de sua autoria.
Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 4 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

92
Que recursos estilísticos o texto publicitário usa?
Certamente, você já aprendeu ao longo do seu percurso escolar
sobre recursos estilísticos e que se recorda de muitos deles. Que
outras designações têm os recursos estilísticos?

Os recursos estilísticos também têm a designação de figuras de


estilo ou figuras de retórica. No meio destas considerações,
afinal, o que são recursos estilísticos ou figuras de estilo?

Segundo Nascimento & Pinto (2006: 225), figuras de estilo “são


modos de dizer que se afastam, de maneira mais ou menos
notória, da norma da língua, para criarem um efeito de
expressividade e inovação na linguagem”.

Elabore uma ficha de leitura sobre figuras de estilo.

Bom trabalho!
Actividade 1

Consulte uma gramática de língua portuguesa, por exemplo: Cunha &


Cintra: Nova Gramática do Português Contemporâneo; Borregana:
Gramática Universal. O ano da publicação da obra não é fundamental.
Isto quer dizer que a sua consulta pode ser feita numa gramática de 1984,
Comentário da actividade
1998, 2002, etc. Porém, não se esqueça de referenciar (colocar as
referências bibliográficas) a sua ficha.

Recursos estilísticos usados no texto publicitário


(continuação)

A linguagem publicitária, sendo polissémica, recorre ao uso de


figuras de estilo. Isto, seguramente, você já deve ter percebido
numa publicidade. As figuras de estilo que apresentamos a seguir
foram organizadas em função do que nos apresentam Caetano,

93
Marques & Silva (2011:187-188). Para o aprofundamento das
mesmas recorremos a Sousa & Charters (1994: 384-387) e
Nascimento & Pinto (op. cit.,227-260).

No meio destas considerações, que figuras de estilo Caetano,


Marques & Silva destacam? Estes autores destacam as seguintes
figuras:

 Anáfora: figura de estilo que consiste na repetição da


mesma palavra (ou palavras) no início de uma sequência
de versos ou frases. Ex: É o arroz que traz felicidade na
família. É o arroz que faz as crianças crescerem
rapidamente. É o arroz ideal para si.
 Perífrase: figura de estilo que consiste no emprego
demasiado de palavras para exprimir o que se poderia
dizer em poucas. Ex: “Os que compram o que vendemos”,
para significar “os clientes”.
 Antítese: confronto de dois elementos ou ideias
antagónicas, no intuito de reforçar a mensagem. Ex: “Ao
experimentares os nossos serviços sentirás algo
inexistente no mundo”.
 Hipérbole: figura de retórica que consiste em exagerar a
expressão. A sua vantagem, quando é bem utilizada, é
chamar a atenção. Ex: “Preços imbatíveis”; “A maior
promoção de sempre”; “O arroz preferido por todos”.
 Comparação por analogia: é a utilização de uma palavra
auxiliar, por exemplo, como, entre o comparado e o termo
da comparação. Ex: “A sensação de experimentar os
nossos produtos é como estar nas nefelibatas a tomar um
chá”.
 Comparação por metáfora: figura de estilo que consiste
numa comparação implícita. Ex: “Ter os produtos da
marca X é ter o mundo na sua casa”.

94
Comparação por metonímia: consiste em designar uma realidade
através de uma palavra ou expressão que com essa realidade se
relaciona pelo sentido. Ex: “Compra Xirico, é o melhor arroz do
mercado”.

Com o seu grupo de estudo, procure uma publicidade que mostre a


ocorrência de algumas figuras de estilo descritas nesta lição.

Bom trabalho!
Exercício 1

Para uma fácil localização das figuras de estilo, releia a ficha de


leitura que elaborou na actividade anterior. É preciso identificar as
figuras de estilo na publicidade, incluindo a sua classificação. Não

Comentário do exercício se limite a fazer uma simples menção das mesmas.

Resumo da Lição
A publicidade, visando persuadir e convencer os interlocutores
para alguma acção, nesta lição você aprendeu que a mesma,
normalmente, usa os seguintes recursos estilísticos: anáfora,
perífrase, antítese, hipérbole, comparação por analogia,
comparação por metáfora e comparação por metonímia.

95
Auto-avaliação
1. Elabore duas publicidades: uma comercial e outra
institucional. Tenha em atenção os aspectos mais relevantes
sobre o que acabou de aprender nesta unidade. A
publicidade comercial deve ser sobre a venda de material
escolar. A institucional tem de ser de apelo à Paz.

Comentários da Auto – avaliação


Ao fazer este exercício inspire-se em publicidades de outros
autores. Não se desvie do foco do produto ou informação que
divulga. Respeite os elementos estruturais que devem constar: as
fases do discurso aristotélico. Ademais, não confunda inspiração
com imitação ou cópia.

Resumo da Unidade
Nesta unidade você aprendeu a matéria sobre “Texto Publicitário”,
de maneira geral. De modo específico, abordou conteúdos relativos
ao conceito de texto publicitário; organização estrutural do texto;
componentes textuais; linguagem publicitária; procedimentos
expressivos; e, por último, aspectos estilísticos de textos publicitários.

“Texto publicitário” ou “publicidade”, no sentido genérico, é um tipo


de texto que engloba um grande leque de realizações comunicativas,
desde a publicidade não comercial ao anúncio de uma empresa que
procura empregados. No sentido específico, designa, o conjunto dos
meios usados para tornar conhecida uma empresa industrial ou
comercial ou para divulgar um produto. O objectivo principal da

96
publicidade é de chamar a atenção do público para um produto ou
serviço, visando promover a sua venda. Na sua estrutura tradicional, a
publicidade apresenta Exórdio, Narração, Provas e Peroração.

A publicidade, geralmente, é composta por um texto linguístico e


imagético. Especificamente, apresenta título, corpo do texto e imagem.
Ademais, como componentes, usa slogan e cores para prender a atenção
do grupo-alvo. A linguagem da publicidade tem como características:
sentido múltiplo, frases exclamativas e imperativas, adjectivos
expressivos, figuras de estilo, função apelativa e emotiva.

Ainda na unidade, você reteve que os vínculos entre os fragmentos


no texto publicitário estabelecem-se pelo carácter e tamanho das
letras, não pela sucessão que podem apresentar. Os componentes
podem estar espalhados por toda a página e apresentar-se de forma
descontínua. A expressão publicitária deve ter em conta: a atenção,
o interesse, o desejo, a memorização e a acção.

Enfim, a publicidade, uma vez que objectiva persuadir e convencer


os interlocutores para alguma acção, você ficou a saber, também,
que usa a anáfora, a perífrase, a antítese, a hipérbole, a comparação
por analogia, a comparação por metáfora e a comparação por
metonímia na sua mensagem.

Auto-avaliação da unidade
1. Evidentemente, você assimilou todos os conteúdos desta
unidade. Então, o que entende por publicidade?
2. Que objectivo comum têm uma publicidade comercial e/ou
não comercial?
3. Mencione, sem detalhar, a estrutura do texto publicitário.
4. “Os textos publicitários têm como função apelar um grupo
de pessoas, por meio da persuasão, para uma acção
futura”. Descreva a estrutura da mensagem publicitária.

97
5. Que características apresenta a linguagem publicitária?
6. Por que se diz que “o anúncio publicitário é sempre
argumentativo”?
7. Você aprendeu recursos estilísticos, ou seja, figuras de
estilo.
a) O que são figuras de estilo?
b) Indique duas mais usadas na publicidade e exemplos.

Bom trabalho!

Comentários da Auto – avaliação da unidade


As questões colocadas na auto-avaliação da unidade, de forma
geral, abrangem o que você aprendeu ao longo das lições, em jeito
de recapitulação da matéria. Então, preste muita atenção ao que lhe
é exigido. Para obter respostas correctas, consulte cuidadosamente
as lições, respondendo objectivamente.

Referências bibliográficas da Unidade


ALVES, Filomena & MOURA, Graça. Página Seguinte:
Português B 11º ano. Lisboa, Texto Editora, 2004.

ANGULO, Teodoro Á. Textos Expositivo-Explicativos y


Argumentativos. Barcelona, Octaedro, 2001.

BORREGANA, António Afonso. Gramática Universal: Língua


Portuguesa. 5ª ed. Lisboa. Texto Editora, 1998.

CAETANO, Joaquim; MARQUES, Humberto; SILVA, Carlos,


Publicidade: Fundamentos e Estratégias, Lisboa, Editora
Escolar, 2011.

98
CUNHA, Celso & CINTRA, Luís. Nova Gramática do
Português Contemporâneo. 17ª ed. Lisboa. EJSC, LDA, 2002.

http://blogcitario.blog.br/2011/07/estrutura-do-texto-
publicitario/ Extraído a 25/05/2016.

NASCIMENTO, Zacarias & PINTO, José. A Dinâmica da


Escrita. 5ª ed., Lisboa, Plátano Editora, 2006.

SOUSA, Bárbara & CHARTERS, Pilar F. Temas e Textos:


Português – 11º ano. Lisboa, McGRAW-HILL DE
PORTUGAL, 1994.

99
Conteúdos

Dissertação
Lição n° 1 103

UNIDADE
Dissertação: conceito e estrutura........................103
O que é dissertação? ....................................103
Estrutura da dissertação ............................105

3
Lição n° 2 108
Tipo de linguagem e diferença entre dissertação
e argumentação ...........................................................108
Linguagem da dissertação ..........................109
Diferença entre argumentação e
dissertação ........................................................ 110
Lição n° 3 112
Leitura (e análise) do texto dissertativo ............. 112
Leitura (e análise) do texto (Vida ou
Morte) ................................................................... 112
Análise do texto Vida ou Morte ................... 115
Lição n° 4 119
Produção de texto dissertativo ............................... 119
Como fazer uma boa dissertação?.......... 120
Fases de redacção de uma dissertação 120

Unidade 3: Dissertação
Pág. 102 - 128

101
Introdução
Na unidade anterior você aprendeu texto publicitário. Você percebeu
que se trata de um tipo de texto muito importante na sua formação
como futuro professor e como alguém que se relaciona socialmente
com outras pessoas.

Nesta unidade você irá adquirir conhecimentos sobre a Dissertação.


A dissertação faz parte dos textos multiusos e é um tipo de texto
muito usado em contextos escolares, principalmente no Ensino
Superior. Como pode perceber, o seu estudo, à semelhança dos
outros textos que já abordou, é muito importante para si.

De modo específico, nesta unidade didáctica você vai estudar o


seguinte: conceito de dissertação; estrutura da dissertação; tipo de
linguagem da dissertação; diferença entre dissertação e
argumentação e; análise e produção de texto dissertativo. Assim
sendo, trata-se de uma matéria que lhe vai ajudar muito em aspectos
que deve ter em conta na abordagem de textos de natureza
académica, complementando conhecimentos de índole profissional,
social, etc.

Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:

 Definir a dissertação;
 Descrever a estrutura da dissertação;
 Indicar o tipo de linguagem usada na dissertação;
 Identificar as características linguísticas na dissertação;
 Diferenciar a dissertação da argumentação;
 Analisar texto dissertativo;
 Produzir texto dissertativo.

102
Lição n° 1
Dissertação: conceito e estrutura

Introdução
Conforme dissemos na introdução desta unidade que você ia adquirir
conhecimentos sobre a dissertação, nesta lição você vai aprender o
conceito de dissertação e sua estrutura. Conhecendo estes
elementos, você estará preparado a reconhecer esta tipologia textual
em diversos percursos da sua vida académica ou profissional.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Indicar o conceito de dissertação;


 Descrever a estrutura da dissertação.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

O que é dissertação?

Certamente, você já deve ter ouvido falar de dissertação. Afinal, o


que é uma dissertação? Veja a seguir o que dizem os autores sobre a
sua definição:

“A dissertação é um texto escrito numa linguagem cuidada, no qual


o autor faz uma demonstração pessoal de um tema ou de um

103
problema, sustentando as afirmações numa reflexão geral e na
argumentação apresentada” (Gramática Moderna da Língua
Portuguesa, 2010).

Como você pode perceber, trata-se de um tipo de texto importante


na sua formação académica. Na dissertação, ao fazermos
demonstrações pessoais de uma área do saber, enriquecemos a nossa
mente como pessoas construtoras de conhecimento. Ainda, ao
empregarmos uma linguagem cuidada, desenvolvemos a nossa
competência linguística, o que é fundamental na redacção de
qualquer texto que seja de natureza utilitária8 ou literária.

Segundo Sousa & Charters (1994: 380), a dissertação é um tipo de


texto que se caracteriza pela exposição de um assunto, defesa ou
refutação de uma tese.

É fundamental, num texto ou num discurso oral, você sempre se


lembrar que ao expor uma ideia ou afirmação, de seguida, deve
apresentar as justificações para a sua sustentação. Uma exposição de
ideias não acompanhada de justificação pode resultar num
amontoado de afirmações ou discurso sem credibilidade do ponto de
vista crítico. Então, você, ao estudar a dissertação irá melhorar
muitos aspectos que devem ser evitados na construção textual.

Para Gláucia (s/d), “a dissertação é uma exposição, discussão ou


interpretação de uma determinada ideia”.

Considerando as definições que lhe apresentamos, você deve ter


percebido que a dissertação não é um simples texto expositivo-
explicativo. Sendo característica deste tipo de texto expor as ideias e
produzir os argumentos que sustentem as mesmas, logo, o texto
dissertativo pode ser confundido com o texto expositivo-
argumentativo.

8
Referimo-nos principalmente a textos expositivo-explicativos e textos
expositivo-argumentativos.

104
Enfim, algo em comum que você deve perceber nos autores é que na
dissertação se expõem ideias e as mesmas são, posteriormente,
sustentadas por argumentos ou necessitam de ser sustentadas por
estes.

Com base nas definições que aprendeu, usando as suas palavras,


defina dissertação.

Bom trabalho!
Actividade 1

Na resposta da questão você deve vincar o carácter formal da dissertação


e o modo como se desenvolve.

Comentário da actividade

Estrutura da dissertação

Você já viu o que é uma dissertação. Agora é o momento de conhecer


a sua estrutura. Só para lhe lembrar, todas as tipologias textuais que
você já aprendeu, desde então, neste módulo, também aprendeu a
sua estrutura. Portanto, a dissertação não foge a regra. Dito isto,
como se estrutura a dissertação?

De acordo com Sousa &Charters (1994), Gramática Moderna da


Língua Portuguesa (2010) e Gláucia (2010), a dissertação tem a
seguinte estrutura:

Introdução:

 Apresentação do tema ou assunto, de maneira clara – tese. O


tema apresenta-se em forma de um problema. É na
introdução que se contextualiza a ideia geral, com o intuito
de despertar interesse no leitor para a leitura.

Desenvolvimento:

105
 Apresentação dos argumentos que comprovem a tese através
de pormenores, exemplos, indicação de causas e
consequências, definições, dados estatísticos, citações, etc. –
provas. Nesta fase, também, podem ser apresentados
possíveis contra-argumentos, com o objectivo de refutá-los
posteriormente.

Conclusão:

 Sumário dos argumentos – síntese. Em geral, retoma-se à


ideia apresentada na introdução, de forma sintética,
enfatizando-a, confirmando-se o ponto de vista do autor.
Porém, pode-se ter o tipo de conclusão em que se sugere
propostas para a solução de problemas.

Enfim, você deve ter percebido que a estrutura da dissertação é


semelhante à das outras tipologias textuais já estudadas, sendo
composta por três partes fundamentais: introdução, desenvolvimento
e conclusão.

Pesquise um exemplo de dissertação no Google ou na GRAMÁTICA


MODERNA DA LÍNGUA PORTUGUESA. Lisboa, Escolar Editora,
2010 ou 2012, e identifique a sua estrutura.

Bom trabalho!
Exercício 1

A identificação da estrutura pode ser assinalada directamente no


texto ou por via de transcrição de ideias. Se optar pela transcrição de
ideias respeite a técnica de supressão das mesmas.
Comentário do exercício

106
Resumo da lição
Nesta lição você ficou a saber que a dissertação é um tipo de texto
escrito, caracterizado pela exposição de um assunto, defesa ou
refutação de uma tese, usando uma linguagem cuidada. Na sua
estrutura apresenta introdução (tese), desenvolvimento (provas) e
conclusão (síntese).

Auto-avaliação
Apresente a estrutura da dissertação, sem se esquecer de
mencionar o que se faz em cada momento.

Bom trabalho!

Comentários da Auto – avaliação


Vinque os três momentos que estudou e os aspectos-chave dos
mesmos.

107
Lição n° 2
Tipo de linguagem e diferença entre dissertação
e argumentação

Introdução
Na lição anterior você aprendeu conceito de dissertação e sua
estrutura. Estes conteúdos são importantes para conhecimentos
subsequentes no que diz respeito a esta unidade didáctica.

A dissertação, como qualquer outro género ou tipo textual pauta por


uma linguagem típica. Porém, a linguagem do texto dissertativo
pode ser confundida com a argumentação. Desta feita, para
esclarecer sobre este assunto, nesta lição você vai aprender o tipo de
linguagem usada neste tipo textual e o que a distingue da
argumentação. Isto é importante porque acreditamos que você ficará
mais esclarecido na matéria.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Indicar o tipo de linguagem da dissertação;


 Identificar as características linguísticas na dissertação;
 Diferenciar a dissertação da argumentação.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 2 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

108
Linguagem da dissertação
É óbvio que não é a primeira vez você a falar de tipo de linguagem
num texto. Nas tipologias textuais anteriores você viu as
características linguísticas. As marcas linguísticas ajudam-nos a
classificar ou a entender um determinado texto. Para dizermos se este
ou aquele é um texto explicativo, argumentativo, publicitário,
dissertativo, narrativo, descritivo, etc., podemos recorrer às
características linguísticas que o texto apresenta.

A Gramática Moderna da Língua Portuguesa (2010) e Gláucia (s/d)


ensinam-nos que a linguagem da dissertação tem como princípios a
coerência9, o rigor, a objectividade da argumentação, a clareza e a
habilidade de expressão.

Pela sua natureza, a dissertação (argumentativa), visando convencer


um público-alvo a concordar com uma ideia, a partir da
demonstração, a sua linguagem deve ser apresentada de forma
lógica, incluindo, obrigatoriamente, exemplos que confirmem as
afirmações expressas. O texto dissertativo pauta pela linguagem
formal, correcta gramaticalmente, denotativa e o discurso é
impessoal.

Que tipo de linguagem apresenta a dissertação?

Bom trabalho!
Actividade 1

Ao responder à questão tenha em conta as características linguísticas da


dissertação do ponto de vista formal, gramatical e comunicativo.

Comentário da actividade

9
Coerência – é a ligação em conjunto dos elementos formativos de um texto,
tendo em conta o sentido lógico entre as ideias que o constituem. Tem a ver com
a semântica e a pragmática do texto (Gramática Moderna da Língua Portuguesa,
2010: 306).

109
Diferença entre argumentação e dissertação
Certamente, você deve ter ficado curioso ao ver o título diferença
entre argumentação e dissertação. É óbvio, você já deve estar a
imaginar essas diferenças. Afinal, que diferença(s) existe(m) entre
argumentação e dissertação?

Veja a seguir o que preparámos para si sobre este assunto. Com


certeza, este conteúdo irá dissipar as dúvidas que possivelmente você
tem.

Preste muita atenção:

A argumentação é uma dissertação com uma especificidade, a da


persuasão. Dissertando apenas, podemos expor com neutralidade
ideias com as quais não concordamos. Por exemplo, um professor de
Filosofia que não concorde com as ideias de Karl Marx pode expô-
las com isenção, dissertando sobre elas. Mas se for um marxista
convicto e quiser influenciar seus discípulos, tentará provar-lhes,
com raciocínio coerente e argumentos convincentes, que essas ideias
são verdadeiras e melhores, estará, então, argumentando.

Distinga dissertação da argumentação.

Bom trabalho!

Exercício 1

Na sua resposta, focalize a maneira como são expostas as ideias e o


objectivo da comunicação face ao interlocutor.

Comentário do exercício

110
Resumo da lição
Nesta lição você aprendeu que a linguagem da dissertação é rigorosa
do ponto de vista formal e lógico, objectiva, clara, correcta
gramaticalmente, denotativa e impessoal. A diferença entre a
argumentação e a dissertação reside no facto de a argumentação ser
uma dissertação com a especificidade de persuasão, expondo as
ideias com neutralidade, ao passo que a argumentação visa
convencer os interlocutores acerca da veracidade de um raciocínio.

Auto-avaliação
Na dissertação que pesquisou no Google ou na GRAMÁTICA
MODERNA DA LÍNGUA PORTUGUESA. Lisboa, Escolar
Editora, 2010 ou 2012, na lição anterior, identifique as
características linguísticas.

Bom trabalho!

Comentários da auto - avaliação


Procure ser o mais objectivo possível, pois a questão exige
objectividade. Para tal, volte a informar-se mais uma vez sobre a
linguagem da dissertação. As características linguísticas podem ser
assinaladas directamente no texto ou por via da transcrição.

111
Lição n° 3
Leitura (e análise) do texto dissertativo

Introdução
Só para lhe lembrar: na lição precedente você aprendeu tipo de
linguagem da dissertação e diferença entre dissertação e
argumentação. Logicamente, isto deve ter despertado interesse em si
de ver estes aspectos numa dissertação específica. Daí, esta lição está
reservada para você analisar o texto dissertativo. Entretanto, a
análise de qualquer texto que seja passa por uma leitura cuidadosa.
Deste modo, a análise do texto nesta lição será precedida por
exercícios de leitura do mesmo.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Interpretar texto de natureza dissertativa;


 Analisar texto dissertativo.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

Leitura (e análise) do texto (Vida ou Morte)

Nesta secção, o nosso foco não é dissertar teoricamente sobre a


leitura do texto. Ainda que lhe apresentemos alguns aspectos

112
teóricos sobre a leitura, é no sentido de você saber em que base
teórica se assenta a leitura que vamos fazer. Pretendemos, por
conseguinte, analisar um texto concreto, com vista a promover a sua
aprendizagem.

Na leitura do texto Vida ou Morte teremos em conta o modelo


sociocognitivo-interacional de língua. Afinal, em que consiste o
modelo sociocognitivo-interacional de língua?

De acordo com Koch (2014), neste modelo a leitura é tida como uma
actividade interactiva altamente complexa de produção de sentidos,
que se realiza, evidentemente, com base nos elementos linguísticos
presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas
que requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior
do evento comunicativo. Para a autora, isto significa que:

a) A leitura é uma actividade na qual se levam em conta as


experiências e os conhecimentos dos alunos;

b) A leitura exige do leitor bem mais do que o conhecimento


do código linguístico, uma vez que o texto não é apenas o
produto da codificação de um emissor a ser decodificado por
um receptor passivo.

A partir das considerações deixadas, sobre o modelo sociocognitivo-


interacional de língua, você nota que ao encararmos o texto a sua
interpretação não se deve restringir ao conhecimento transmitido
pelo mesmo através dos elementos linguísticos contidos na sua
estrutura interna, nas suas dimensões morfo-sintácticas e semântico-
intencionais; há que, também, termos em conta os elementos extra-
linguísticos, que dizem respeito à nossa visão de mundo.

113
Tecidas as considerações sobre leitura e análise do texto, agora leia o
texto a seguir (Vida ou Morte):

Vida ou Morte
Actividade 1
A grande produção de armas nucleares, com seu incrível potencial
destrutivo, criou uma situação ímpar na história da humanidade: pela
primeira vez, os homens têm nas mãos o poder de extinguir totalmente
a sua própria raça da face do planeta.

A capacidade de destruição das novas armas é tão grande que, se fossem


usadas num conflito mundial, as consequências de apenas algumas
explosões seriam tão extensas que haveria forte possibilidade de se
chegar ao aniquilamento total da espécie humana. Não haveria como
sobreviver a um conflito dessa natureza, pois todas as regiões seriam
rapidamente atingidas pelos efeitos mortíferos das explosões.

Só resta, pois, ao homem uma saída: mudar essa situação desistindo da


corrida armamentista e desviando para fins pacíficos os imensos
recursos econômicos envolvidos nessa empreitada suicida. Ou os
homens aprendem a conviver em paz, em escala mundial, ou
simplesmente não haverá mais convivência de espécie alguma, daqui a
algum tempo.

(Texto adaptado do artigo “Paz e Corrida Armamentista” in Douglas


Tufano, p. 47)

2. Qual é o assunto tratado no texto?

3. Identifique a estrutura ou partes que compõem o texto.

4. Identifique as ideias principais em cada parágrafo, sublinhando-as.

5. Proponha um plano do texto.

6. No texto dissertativo, a conclusão pode ser através da retomada da


tese de maneira sumária, ou, ainda, sugerindo-se propostas para a
solução de problemas. Que tipo de conclusão o texto apresenta?
Fundamente a resposta.

Bom trabalho!

114
1. A sua leitura deve ser feita no sentido de captar o conteúdo transmitido
em cada parágrafo, partes e globalidade do texto.
2. Na sua resposta considere que o assunto deve reflectir o conteúdo
tratado no texto de maneira abrangente. A formulação de um tópico
Comentário da actividade geral sobre o que se transmite no texto é crucial para que a sua resposta
seja considerada correcta.
3. O seu texto tem três parágrafos. Procure descobrir em que parte da
estrutura do texto dissertativo corresponde cada parágrafo.
4. Você já fez o sublinhado de ideias principais na unidade “texto
argumentativo”. Então, recapitule o que aprendeu nessa unidade. Ao
fazer o sublinhado não é para sublinhar todo o texto. Verifique, no
fim, se não sublinhou ideias repetidas ou que podem ser suprimidas
sem afectar o conteúdo fundamental do texto.
5. Inspire-se no plano que já viu, do texto “A degradação ambiental do
Planeta e a ficção científica”. Tenha muito em conta as partes
estruturais do texto dissertativo e as ideias-chave de cada parágrafo.
6. Na resposta a esta questão, verifique com muito cuidado as ideias
apresentadas na conclusão. Use o conteúdo apresentado no número 5,
especificamente o da última parte. Ademais, não se esqueça de
argumentar de forma precisa e coerente.

Análise do texto Vida ou Morte

Esclarecidos alguns aspectos teóricos sobre leitura, e feita a


actividade, agora é o momento de percorrer a análise do texto,
propriamente dita. O que dizem os autores sobre a análise textual,
como tal?

No que concerne à análise textual, Coutinho et al (2013: 189)


trazem-nos um paradigma centrado em dois aspectos determinantes
na caracterização de géneros textuais: o contexto de produção e a
arquitectura textual. Neste âmbito, a análise do contexto de

115
produção implica a análise das actividades sociais em que se inserem
os textos, através da análise do papel social do produtor/receptor, do
local e do momento de produção, da finalidade e do suporte de cada
texto.

Continuando com o ponto de vista das autoras, a identificação de


cada um desses elementos revela o aspecto social dos textos. Com
efeito, os textos não são produzidos de forma abstracta, mas tendo
objectivos específicos e visando um público-alvo determinado –
factos que influenciam as escolhas do produtor do texto. Essas
escolhas serão identificadas linguisticamente na análise da
arquitectura textual – etapa essa que permitirá evidenciar a
articulação entre factores contextuais e a língua em funcionamento.

Na arquitectura textual, Bronckart (1999) apud Coutinho et al


(idem) propõe um modelo de arquitectura interna dos textos. Neste
modelo, o texto é concebido como um folhado constituído por três
camadas sobrepostas:

i. A estrutura geral (estruturação do conteúdo temático),


composta pelas unidades textuais e pelo plano geral, que
corresponde à disposição de unidades textuais;
ii. Os mecanismos de textualização, relacionados com a
conexão (ligação e segmentação), a coesão nominal e
coesão verbal.
iii. Os mecanismos de responsabilidade enunciativa,
concernentes à distribuição de vozes e à marcação de
modalidades.

Como você percebe, um suporte teórico é sempre importante na


leitura ou análise do texto. Ler (analisar) significa, portanto,
percorrer o texto nas suas variadas facetas de conhecimento.

116
1. O título do texto é “Vida ou Morte”. Será que existe alguma
relação entre o mesmo e o texto? Responda dissertando.
2. Porque o autor afirma que “A grande produção de armas
nucleares (...) criou uma situação ímpar na história da

Exercício 1 humanidade”?
3. Que consequências podem advir da produção de armas
nucleares?
4. Proponha um “novo título” relacionado com o texto.

Bom trabalho!

1. Na sua resposta tenha em conta que o que se discute no texto tem


ou não a ver com o título. Se a ideia anunciada no título está ou
não patente em todas as partes do texto ou parágrafos. Verifique,
principalmente, a articulação entre as ideias da introdução e do
Comentário do exercício desenvolvimento.
2. Atente na capacidade de destruição das armas em causa, no poder
que os homens têm por possuírem essas armas.
3. Tenha como foco o conteúdo transmitido no segundo parágrafo.
Porém, não faça simplesmente cópia do parágrafo, elabore a sua
resposta.
4. Tenha em conta o conteúdo global transmitido no texto.

Resumo da lição
Nesta lição você ficou a saber que a leitura do texto no modelo
sociocognitivo-interacional de língua é tida como uma actividade
interactiva altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza
com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na
sua forma de organização, requerendo a mobilização de um vasto
conjunto de saberes no acto comunicativo.

117
A análise textual, tendo em conta o contexto de produção, implica a
análise das actividades sociais em que se inserem os textos, através da
análise do papel social do produtor/receptor, do local e do momento de
produção, da finalidade e do suporte de cada texto. Já, considerando a
arquitectura textual, implica evidenciar a articulação entre factores
contextuais e a língua em funcionamento, a estrutura global do texto, os
mecanismos de textualização e os mecanismos de responsabilidade
enunciativa.

Auto-avaliação
Para mostrar que você assimilou os conteúdos da lição, analise o texto
“Vida ou Morte”, tendo em conta a temática abordada, o objectivo, a
sua estrutura, o destinatário da mensagem, a linguagem, o tipo de
enunciados predominantes, entre outros aspectos que achar relevantes.

Bom trabalho!

Comentários da auto – avaliação


Tenha em consideração que a análise de texto não é um simples
levantamento e enumeração de ideias topicalizadas ou um comentário
amplificado que se cinge a uma reformulação do que diz o texto. A sua
análise deve ser construída através de parágrafos coesos e coerentes,
mobilizando conhecimentos intra-textuais e extra-textuais, estes
últimos que dizem respeito ao contexto de produção e o conhecimento
que você tem sobre a realidade, sem se distanciar do conteúdo do texto.
Ainda, não titule os elementos arrolados que deve ter em conta na
análise, os mesmos devem, pois, aparecer em forma de texto corrido.

118
Lição n° 4
Produção de texto dissertativo

Introdução
Na lição anterior você aprendeu leitura e análise do texto
dissertativo. O exercício de leitura e análise ajuda a desenvolver o
nosso nível de abstracção face aos vários conteúdos que aprendemos
nas lições, na academia, e às várias realidades que nos rodeiam.

Uma vez que toda a nossa aprendizagem, especificamente neste


módulo, deva desaguar na produção textual, o que você aprendeu na
lição antecedente tinha em vista no final você produzir um texto.

No meio destas considerações, nesta lição você vai aprender a


produzir texto dissertativo, aplicando, portanto, os conhecimentos já
adquiridos. Ao aplicar estes conhecimentos você estará a dar valor à
sua aprendizagem.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Planificar a produção do texto dissertativo;


 Produzir texto dissertativo.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

119
Como fazer uma boa dissertação?
Decerto, a elaboração de um texto exige cuidados específicos,
dependendo da tipologia. Dito isto, o que devemos ter em conta, de
maneira geral, na elaboração de uma dissertação?

A dissertação exige profundidade do assunto tratado, conhecimento


da matéria, pendor para a reflexão, raciocínio lógico, potencial
argumentativo, capacidade de análise e de síntese, além do domínio
de expressão verbal adequada e de estruturas linguísticas específicas.

Como você pode perceber, dominando o que mencionámos,


concorremos para a produção de um texto coerente, coeso e
apreciável do ponto de vista académico.

1. Pesquise no Google o significado das seguintes expressões:


pendor para reflexão, raciocínio lógico, potencial
argumentativo e estruturas linguísticas específicas.
1.1. Encontrados os significados das expressões do número anterior,
Actividade 1
mostre um exemplo para cada.

Bom trabalho!

1. Não se limite a uma busca apenas, faça várias buscas e seleccione


os significados mais adequados à questão.

1.1. Os exemplos podem ser de sua autoria ou pesquisados no Google.


Comentários da actividade

Fases de redacção de uma dissertação

Você já sabe que cuidados exige a escrita de uma dissertação. Agora


você vai aprender algumas dicas para elaborar a sua dissertação.
Afinal, que aspectos específicos devemos ter em conta ao querermos
iniciar a redacção de uma dissertação?

120
Para começarmos uma dissertação precisamos de elaborar um plano,
no qual indicamos o que queremos dizer. Construir um plano é, em
última análise, estabelecer as divisões do texto.

“A arte de bem exprimir o pensamento consiste em saber ordenar as


ideias. Estas ordenam-se fazendo a previsão do que se vai expor”. É
preciso pensarmos nas partes do nosso texto. As partes do texto,
especificamente o desenvolvimento, são compostas pela nossa
argumentação. Mas, afinal, como deve ser feita a nossa
argumentação na dissertação?

A argumentação deve iniciar-se com a apresentação clara e definida


do tema ou do juízo que se tem em mente e irá ser comprovado. A
“segunda parte” da argumentação destina-se a oferecer as provas ou
argumentos que confirmem a tese. É comum colocarem-se os
argumentos em ordem crescente. A “terceira fase” consiste em exibir
contra-provas ou contra-argumentos e refutá-los. Na “última parte”
ou síntese, recapitulam-se os argumentos apresentados e conclui-se,
com a reafirmação da tese.

Mencione os aspectos gerais e os específicos que devemos ter em conta


na redação de um texto dissertativo.

Exercício

A sua resposta deve pautar pela síntese. Procure ser mais objectivo,
porque a questão exige objectividade.

Comentários do exercício

121
Resumo da lição
Nesta lição você aprendeu que a produção da dissertação exige do
redactor um conhecimento profundo do que pretende abordar no texto,
empenho e domínio no uso da língua. O plano é indispensável. Os
argumentos devem ser construídos com vista a fundamentar a tese. Na
conclusão o autor deve recapitular os argumentos apresentados,
reafirmando-se a tese.

Auto-avaliação
Elabore um texto dissertativo, tendo como base o tema “Conflitos
de gerações em Moçambique”.

Bom trabalho!

Comentários da auto – avaliação


Não se esqueça de planificar com rigor o seu texto. O texto deve
ocupar uma (1) página A4, sem contar com a página do plano, e
obedecer às normas de elaboração de trabalhos na UP. Cada
parágrafo, sendo de três linhas (mínimo) e cinco (máximo), deve
desenvolver uma ideia. As ideias devem estar devidamente
articuladas. Tem de garantir a coesão e a coerência no seio dos
períodos, dos parágrafos e das partes do texto.

122
Resumo da unidade
Nesta unidade didáctica você estudou conteúdos sobre “Dissertação”.
Concretamente, você assimilou a seguinte matéria: conceito de
dissertação; estrutura da dissertação; tipo de linguagem da dissertação;
diferença entre dissertação e argumentação e; análise e produção de
texto dissertativo.

A dissertação é um tipo de texto escrito, caracterizado pela exposição


de um assunto, defesa ou refutação de uma tese, usando uma
linguagem cuidada. Na sua estrutura apresenta introdução (tese),
desenvolvimento (provas) e conclusão (síntese). A linguagem da
dissertação é rigorosa do ponto de vista formal e lógico, objectiva,
clara, correcta gramaticalmente, denotativa e impessoal. A diferença
entre a argumentação e a dissertação reside no facto de a argumentação
ser uma dissertação com a especificidade de persuasão, expondo as
ideias com neutralidade, ao passo que a argumentação visa convencer
os interlocutores acerca da veracidade de um raciocínio.

Sobre a análise textual, você reteve que implica evidenciar a


articulação entre factores contextuais e a língua em funcionamento, a
estrutura global do texto, os mecanismos de textualização e os
mecanismos de responsabilidade enunciativa.

Por último, quanto à sua produção, a dissertação exige do redactor um


conhecimento profundo do que pretende abordar no texto, empenho e
domínio no uso da língua, sendo a planificação indispensável. Os
argumentos devem ser construídos com vista a fundamentar a tese. Na
conclusão o autor deve recapitular os argumentos apresentados,
reafirmando-se, deste modo, a tese.

123
Auto-avaliação da unidade
1. Você acaba de aprender “Texto Dissertativo”. Então, defina
dissertação, de acordo com um autor que você leu nesta
unidade.
2. Descreva sinteticamente a estrutura da dissertação.
3. Como deve ser a linguagem da dissertação?
4. Na leitura do texto “Vida ou Morte” você teve em conta o
modelo sociocognitivo-interacional de língua. Em que consiste
este modelo, segundo Koch (2014)?
5. Na arquitectura textual, Bronckart (1999) apud Coutinho et al
(2013) propõe um modelo de arquitectura interna dos textos.
Apresente esse modelo.
6. Para além da profundidade do assunto tratado, o que mais exige
a dissertação na sua elaboração?
7. Que aspectos específicos devemos ter em conta ao querermos
iniciar a redacção de uma dissertação?

Bom trabalho!

Comentários da auto – avaliação da unidade


Como você deve ter percebido, as questões de auto-avaliação da
unidade recapitulam o que você acabou de aprender. Em caso de
alguma dúvida, consulte cuidadosamente as lições. Não se esqueça
de responder com clareza e objectividade, pois estes aspectos
contam muito na organização do seu pensamento.

124
Referências bibliográficas da Unidade
COUTINHO, Antónia et al. Géneros de Texto e Ensino da
Escrita. In PEREIRA, Luísa & CARDOSO, Inês (coord.).
Reflexão sobre a Escrita: O Ensino de Diferentes Géneros de
Textos. Aveiro, UA Editora, 2013.

GLÁUCIA. Dissertação. Disponível em


http://ongpraxis.files.wordpress.com/2010/03/as-tres-partes-da-
dissertação.pdf. Extraído a 09/07/2016.

GRAMÁTICA MODERNA DA LÍNGUA PORTUGUESA.


Lisboa, Escolar Editora, 2010.

KOCH, Ingedore. As Tramas do Texto. 2ª ed., São Paulo,


Contexto, 2014.

SOUSA, Bárbara & CHARTERS, Pilar. Temas e Textos:


Português – 11º ano. Lisboa, McGRAW-HILL DE
PORTUGAL, 1994.

TRAJANO, Adriana Cristina et al. Dissertação. Disponível em


http//textocontextosaladeaula.blogspot.com. Extraído a
09/07/2016.

125
Conteúdos
Lição n° 1 129
Categorias gramaticais e sua classificação..... 129
Categorias gramaticais................................130
Categorias gramaticais: conceitos
Dissertação
específicos e exemplos ................................130
Lição n° 2 135

UNIDADE
Frase complexa: coordenação e
subordinação .................................................................135

4
Coordenação.....................................................136
Classificação das orações
coordenadas ..................................................... 137
Lição n° 3 143
Subordinação................................................................. 143
Orações subordinadas.................................. 143
Classificação das orações
subordinadas .................................................... 145
Orações subordinadas adverbiais ...........150
Lição n° 4 157
Orações subordinadas desenvolvidas e orações
subordinadas reduzidas ............................................ 157
Características das orações
subordinadas desenvolvidas vs orações
subordinadas reduzidas ...............................158
Lição n° 5 163
Relações lexicais ..........................................................163
Relações lexicais e seus tipos ................... 164
Sinonímia ............................................................ 164
Antonímia ...........................................................165
Hiperonímia e hiponímia............................... 167 Pág. 130 - 175

Unidade 4: Funcionamento da Língua

127
Introdução
Você percebe que usamos a língua para vários fins sociais. Podemos
afirmar que com a língua dominamos o universo que nos rodeia. O homem
usa a língua para realizar suas conquistas. Usamos a língua nas nossas casas
para interagirmos com os outros. Em assembleias, na escola, na igreja, na
música, no cinema, na poesia, etc., temos a língua como instrumento de
comunicação. Então, você nota que a língua é importante na nossa vida.
Por isso, o estudo e o conhecimento da língua são úteis para nós. Quanto
mais conhecermos a língua ou sabermos sobre ela, mais ganhos temos
como utentes

Você sabe que a língua é composta por palavras, que, por sua vez, formam
frases interligadas, as quais servem para transmitir pensamentos e estados
do indivíduo. As palavras que constituem a língua organizam-se em
categorias gramaticais que se relacionam de várias maneiras. Conhecermos
estas categorias e suas relações é fundamental para nós como utentes da
língua, tal como dissemos no parágrafo anterior. É considerando estes
aspectos que concebemos esta unidade para você aprofundar os
conhecimentos sobre o funcionamento da língua nas seguintes áreas:
categorias gramaticais e sua classificação; frase complexa: coordenação e
subordinação e; relações lexicais.

Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:

 Mencionar as categorias gramaticais;


 Classificar as palavras em categorias gramaticais;
 Identificar na frase complexa os processos de coordenação
e subordinação;
 Analisar frases coordenadas e subordinadas;
 Explicar as relações lexicais.

128
Lição n° 1
Categorias gramaticais e sua classificação

Introdução
Na introdução desta unidade, em primeiro lugar, você viu que íamos
abordar as categorias gramaticais e sua classificação. Este conteúdo faz
parte do conhecimento sobre a língua. Não basta sabermos utilizar a língua
como instrumento de comunicação, é também importante termos o seu
conhecimento teórico para transmitirmos aos outros que necessitam.
Lembre-se, você está a ser formado como professor de língua. Assim sendo,
deve ter o domínio da língua na vertente prática e teórica. O nosso
conhecimento teórico-prático da língua ajuda-nos muito no processo de
ensino-aprendizagem da mesma.

Falar de categorias gramaticais e sua classificação é o mesmo que falar da


organização de palavras em classes, segundo as regras da língua. Na
verdade, você usa as categorias sempre que pronuncia alguma palavra.
Então, nesta lição você vai aprender a classificar as palavras em suas
categorias.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Mencionar as categorias gramaticais;


 Classificar as palavras em categorias;
 Empregar as categorias gramaticais em frases.

Objectivos

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 2 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

129
Categorias gramaticais

Uma vez que você já está informado que categorias gramaticais dizem
respeito às classes de palavras, deve ter questionado o seguinte: em quantas
categorias são classificadas as palavras pela gramática?

A gramática da língua portuguesa, tradicionalmente classifica as palavras


em dez categorias. Essas categorias podem ser variáveis ou invariáveis.
Quais são, concretamente, essas categorias?

De acordo com Borregana (1998), Cunha & Cintra (2002) e Teyssier


(1989), as categorias são as seguintes:

 Variáveis: substantivo, artigo, adjectivo, numeral, pronome, verbo.


 Invariáveis: advérbio, preposição, conjunção e interjeição.

Através de um quadro, indique as palavras que fazem parte das


categorias variáveis vs invariáveis: música, normalmente, doente, deus,
metáfora, colonial, segunda-feira, Manuel, Ui!, inteligente, em, muito
Actividade 1 baixo, Moçambique, Mau!, andar, eu, 4º, o, se, Coragem!, feliz,
quando, divã, mas, tudo, todavia, com, fazer, -as, as, tu.

Bom trabalho!

O seu quadro deve estar devidamente organizado. Seja objectivo e


claro, criando um quadro de duas colunas, onde a primeira poderá
indicar as categorias variáveis e a segunda para as invariáveis.
Comentários da actividade

Categorias gramaticais: conceitos específicos e exemplos


Antes de lhe apresentarmos os conceitos específicos de categorias
gramaticais e seus exemplos, você deve saber que “categorias gramaticais”,

130
em última análise, são classes de palavras. Agora veja como se define cada
categoria e exemplos:

i. Substantivo – é a palavra com que designamos ou nomeamos os


seres em geral.

Exemplos: Márcia, Moçambique, livro, testa, etc.

ii. Artigo–é um signo dependente que se destina a determinar e a


identificar o ser expresso pelo nome ao qual se antepõe.

a) O cão saiu do canil. (O cão é identificado individualmente pelo artigo


o. Trata-se de cão conhecido pelo emissor e pelos receptores).

b) Um cão saiu do canil. (O cão é identificado pelo artigo apenas a nível


Exemplo de espécie a que pertence, não individualmente. É um cão qualquer, não
conhecido individualmente).

O é artigo definido e um, é artigo indefinido.

Adjectivo – é essencialmente um modificador do substantivo. O adjectivo


atribui ao ser designado pelo substantivo qualidades (ou defeitos), estados,
aspectos.

Exemplos:

a) Vidro escuro.

b) Menina alegre.

iv. Numeral–indica uma quantidade exacta de pessoas ou coisas e o lugar


que elas ocupam numa determinada série. Exemplos: três, terceiro, o triplo,
um terço. Os numerais podem ser cardinais, ordinais, multiplicativos,
fraccionários e colectivos.

v. Pronome– desempenha na oração as funções equivalentes às exercidas


pelos elementos nominais. Exemplos:

a) Os alunos chegaram tarde à aula. Eles não tinham vontade de estudar.

b) O filho passou de classe. A mãe ofereceu-lhe um presente.

131
vi. Verbo – exprime uma acção, ou um estado, situado no tempo. Exemplos:

a) O professor mostrou os resultados aos encarregados. (acção passada)

b) A Marta está toda feliz. (estado presente)

vii. Advérbio – é uma palavra que se junta ao verbo, ao adjectivo e a outros


advérbios para lhes modificar a significação, isto é, para lhes determinar ou
intensificar o significado. Segundo Teyssier (1989: 319), “o advérbio
desempenha no enunciado a mesma função que um complemento ou que
uma proposição circunstancial”.

a) Ele cumpre rigorosamente o horário de chegada. (verbo + advérbio)

b) Está muito bem feito o trabalho. (advérbio + advérbio)


Exemplo

viii. Preposição–é uma palavra invariável que relaciona dois termos de uma
oração, de tal modo que o sentido do primeiro (antecedente) é explicado ou
completado pelo segundo (consequente) (Cunha & Cintra, 2002: 551). Para
Teyssier (Id.) as cinco preposições fundamentais são: a, de, em, para, por.
Exemplos:

a) O João vem de Paris.

b) Vou a Roma.

ix. Conjunção – é um vocábulo invariável que relaciona duas orações, ou


dois termos semelhantes da mesma oração (Borregana, 1998). Exemplos:

a) O vinho e a água são bebidas.

b) Ninguém dispensa a água, porque ela é indispensável à vida.

x. Interjeição–é uma espécie de grito com que com que traduzimos de modo
vivo as nossas emoções. Podem classificar-se da seguinte maneira, segundo
o sentimento que expressam:

 De alegria: Ah!, Oh!


 De dor: Ai!, Ui!
 De animação: Avante!, Coragem!, Eia!, Vamos!

132
 De aplausos: Bis!, Bem!, Bravo!, Viva!
 De descontentamento: Mau!
 De desejo: Oh!, Oxalá!
 De espanto (surpresa): Ah!, Chi!, Ih!, Puxa!
 De impaciência: Hum!, Hem!, Irra!
 De indignação: Apre!, Irra!
 De invocação (chamamento): Alô!, Ó!, Olá!, Psiu!
 De movimento para cima: Upa!, Arriba!
 De silêncio: Psiu!, Silêncio!, Caluda!
 De suspensão: Alto!, Basta!

Mencione as categorias gramaticais que aprendeu.

Bom trabalho!

Exercício

Lembre-se que você aprendeu dez (10) categorias. Não precisa descrever
em que consistem, apenas indique a categoria.

Comentários do exercício

Resumo da lição
Nesta lição você ficou a saber que as palavras na língua portuguesa se
classificam em dez categorias gramaticais, subdividindo-se em
variáveis e invariáveis. Fazem parte das categorias variáveis: os
substantivos, os artigos, os adjectivos, os numerais, os pronomes e os
verbos. E das categorias invariáveis: os advérbios, as preposições, as
conjunções e as interjeições.

133
Auto-avaliação
1. Tendo em conta as dez categorias, classifique as palavras da
actividade feita nesta lição, num quadro.
2. Elabore dez frases, usando uma categoria, em cada frase, da
actividade ou do exercício feitos nesta lição.

Bom trabalho!

Comentários da auto – avaliação


1. Tenha em conta que o quadro criado deve ter duas colunas,
uma encabeçando as categorias gramaticais e outra as
respectivas palavras.
2. Ao elaborar as frases deve sublinhar a palavra que irá ilustrar
a categoria que estiver a empregar.

134
Lição n° 2
Frase complexa: coordenação e subordinação

Introdução
Na lição anterior você aprendeu categorias gramaticais. Na verdade, as
frases, simples ou complexas, são compostas basicamente por palavras
organizadas em categorias.

As frases complexas ou períodos complexos possuem mais de uma oração.


De acordo com Moreira & Lima de Carvalho (1991: 88), “um período
complexo (composto) anuncia duas ou mais ideias, duas ou mais acções;
contém dois ou mais verbos, logo várias orações”.

As orações podem relacionar-se entre si por coordenação ou por


subordinação. Certamente, você já aprendeu nas classes anteriores este tipo
de relação. Além disso, você usa a coordenação e subordinação nas suas
interacções com os outros, no seu dia-a-dia. Enfim, nesta lição você irá
aprofundar conhecimentos sobre estes processos de ligação de frases. Os
conteúdos a serem assimilados serão abordados de maneira teórica e
prática.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Distinguir a coordenação da subordinação;


 Identificar os conectores coordenativos em frases;
 Classificar os conectores coordenativos;
 Classificar orações coordenadas;
Objectivos
 Empregar a coordenação em frases ou no discurso.

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

135
Coordenação

Certamente, você já aprendeu a coordenação nos níveis anteriores da sua


escolaridade. Afinal, em que consiste a coordenação?

Segundo Mateus et al (2003: 551), “a coordenação é um processo de


formação de unidades complexas”. Este processo consiste em orações
ligadas por meio de conjunções/locuções coordenativas. Porém, estas
orações podem ocorrer sem a presença de um conector de coordenação.
Assim, teremos “orações coordenadas assindéticas” e “orações
coordenadas sindéticas”.

Logicamente, cada tipo de orações apresenta suas características


específicas. Então, como se caracterizam estes tipos de orações?

As “coordenadas assindéticas” não aparecem ligadas por conectores:

1. Marcelo Pesseghini matou os pais, dirigiu o carro até à escola,


regressou a casa, suicidou-se.
Estas orações são assindéticas porque não apresentam a conjunção “e” no
lugar das vírgulas. No entanto, as coordenadas sindéticas aparecem
Exemplos
ligadas por meio de conectores:

2. Marcelo Pesseghini matou os pais e dirigiu o carro até à escola e


regressou a casa e suicidou-se.

É importante você saber que, geralmente, havendo duas orações


coordenadas, são ligadas por “e”; se houver três ou mais são separadas
por vírgulas, usando-se o “e” apenas antes da última. Assim sendo,
teríamos o seguinte:
3. Marcelo Pesseghini matou os pais e suicidou-se.
4. Marcelo Pesseghini matou os pais, dirigiu o carro até à escola,
regressou a casa e suicidou-se.
O uso ou não do “e” pode funcionar como processo expressivo. No
meio disto, usando a vírgula antes de todas as coordenadas, pretende
realçar-se a importância de cada acção, como é o caso do exemplo 1. Ao
passo que, usando o “e” antes de todas as orações, pretende-se realçar o
número de acções, tal como acontece no exemplo 2.

136
1. Identifique os conectores de coordenação nas frases10:
a. Este quadro é muito bonito, mas não está à venda.
b. Gostava muito de comprar este barco, porém não tenho dinheiro.
Actividade 1 c. Não como chocolate nem bebo coca-cola pois essas guloseimas
fazem mal à saúde.
d. À noite ou vejo televisão ou leio um livro.
e. Esta moto não tem gasolina, portanto não arranca.
f. Vens comigo, quer queiras, quer não queiras.
g. Ontem o João e a Isabel foram à praia e tomaram imensos banhos.

Bom trabalho!

Na identificação dos conectores tenha em conta que estes são


elementos que ligam as orações ou ideias. Ademais, normalmente,
uma oração, no mínimo, possui um verbo.
Comentários da actividade

Classificação das orações coordenadas


Certamente, a matéria sobre a classificação de orações não é nova para si.
Você já aprendeu nas classes antecedentes, conforme dissemos
anteriormente. Então, como se classificam as orações coordenadas?

As “orações coordenadas” classificam-se da seguinte maneira: copulativas,


adversativas, disjuntivas ou alternativas, conclusivas e explicativas.

Cada tipo de orações tem suas características particulares, obviamente.


Afinal, em que consiste cada tipo de orações?

10
As frases deste número (3) e quatro (4) foram retiradas de Moreira & Lima de
Carvalho (1991: 90-91).

137
Orações coordenadas copulativas – estas orações são introduzidas por
conjunções/locuções coordenativas copulativas. Exprimem uma simples
adjunção, ou adição de orações.

5. a) Ela dançou [e torceu o pé]. (coordenada copulativa sindética)

b) Eles olharam-se, [deram-se o último adeus]. (coordenada copulativa


assindética)
Exemplos
c) O meu cunhado não só é cantor [mas também é comerciante].
(coordenada copulativa)

Orações coordenadas adversativas – são introduzidas por


conjunções/locuções adversativas. Exprimem oposição/contraste entre o
que se afirma na primeira e na segunda.

6. a) Estudas muito, [mas não mostras progresso académico]. (coordenada


adversativa)

b) Estamos cansados, [porém continuamos a trabalhar]. (coordenada


adversativa)

c) Alimenta-se adequadamente, [todavia está muito magra]. (coordenada


adversativa)

Orações coordenadas disjuntivas ou alternativas– são introduzidas por


conjunções/locuções coordenativas disjuntivas ou alternativas.
Exprimem uma alternativa entre o que se afirma na primeira e na segunda.

7. a) Trabalhas, [ou estudas]? (coordenada disjuntiva)

b) “Ora lia, [ora fingia ler para impressionar aos demais passageiros”].
(coordenada disjuntiva)

c) Quer chova, [quer vente amanhã vou viajar]. (coordenada disjuntiva)

138
Orações coordenadas conclusivas – estas são introduzidas por
conjunções/locuções coordenativas conclusivas. Exprimem uma
conclusão entre o conteúdo da primeira e da segunda.

8. a) A equipa jogou mal, [portanto perdeu]. (coordenada conclusiva)

b) És muito dedicado, [logo terás um futuro brilhante]. (coordenada


conclusiva)

c) Trabalhamos bastante, [por isso estamos fatigados]. (coordenada


conclusiva)

Orações coordenadas explicativas – introduzidas por conjunções


coordenativas explicativas. A segunda explica o conteúdo da primeira.

9. a) Vem cá, [pois quero segredar-lhe algo]. (coordenada explicativa)

b) O aluno atrasou, [porquanto os barcos começaram a circular tarde].


(coordenada explicativa)

c) Vamos comer, filho, [que estou morrendo de fome]. (coordenada


explicativa)

Bem, você já viu em que consiste cada tipo de oração e seus exemplos.
Geralmente, as orações coordenadas principais são encabeçadas por
conjunções e locuções coordenativas. Daí, achamos necessário
apresentarmos-lhe o quadro a seguir.

139
Quadro das conjunções e locuções coordenativas

CLASSIFICAÇÃO CONJUNÇÕES LOCUÇÕES

Copulativas não só… mas também…, não


 Indicam adição e, também, nem, que só… como também…, tanto…
como…

Adversativas mas, porém, todavia, não obstante, apesar disso,


 Indicam oposição entretanto, no entanto, ainda assim, mesmo assim, de
contudo, que outra sorte, ao passo que

Disjuntivas ou… ou…, ora… ora…, já…


 Indicam alternativa Ou já…, quer… quer…, seja…
seja…, seja… ou…, nem…
nem…
Conclusivas
 Ligam à anterior por conseguinte, por
uma oração que logo, pois, portanto consequência, pelo que
exprime conclusão,
consequência
Explicativas
 Ligam duas
orações, a segunda pois, porquanto
das quais justifica
o conteúdo da
primeira

1. Classifique os conectores de coordenação da actividade feita nesta


lição.
2. Divida e classifique as orações nas frases da mesma actividade.

Exercício

140
1. Crie um quadro de três colunas, é uma boa estratégia de organizar o
conteúdo da sua resposta. A primeira coluna deve indicar as alíneas,
a segunda a identificação dos conectores e a terceira a sua
classificação.
Comentários do exercício
2. A divisão e classificação das orações deve ser feita fora do quadro
criado. Para uma melhor classificação das orações, preste atenção na
classificação que fez dos conectores e lembre-se que as orações são
coordenadas e os conectores são coordenativos (conjunções ou
locuções coordenativas). Pode, também, consultar o quadro das
conjunções e locuções coordenativas.

Resumo da lição
Nesta lição você aprendeu que a coordenação e a subordinação se
encontram em frases complexas, as quais possuem mais de uma
oração, e materializam-se através da presença explícita ou implícita de
conectores.

As orações coordenadas podem ser assindéticas e sindéticas. Nas


sindéticas o conector coordenativo vem explícito, ao passo que nas
assindéticas aparece de maneira implícita.

As orações coordenas dividem-se em copulativas, adversativas,


disjuntivas ou alternativas, conclusivas e explicativas.

141
Auto-avaliação
1. Distinga a coordenação da subordinação.

2. Ligue as orações de uma maneira lógica, aplicando a


coordenação:

a) Não gosto desta música ___________ não vou comprar o disco.


b) Não sei falar alemão ____________ (não) percebo japonês.

c) O filme era engraçado ___________ os actores eram péssimos!


d) Hoje trabalhei muito ______________ estou cansado.

e) Esta caneta é bonita ______________ escreve bem.


3. Imagine agora uma frase para cada tipo de coordenação.
a) ___________________________________________________

b) ___________________________________________________
c) ___________________________________________________

d) ___________________________________________________
e) ___________________________________________________

Bom trabalho!

Comentários da auto – avaliação


1. Na sua resposta tenha em conta os elementos que introduzem a
coordenação vs subordinação. Apenas focalize os aspectos
diferenciadores.

2. Ao inserir o conector deve verificar o conteúdo semântico da


frase para evitar frases incoerentes pela aplicação inadequada dos
conectores.

3. Na elaboração das suas frases auxilie-se no “quadro das


conjunções e locuções coordenativas” e nos exemplos mostrados.

142
Lição n° 3
Subordinação

Introdução
Na lição anterior você aprendeu a coordenação, na qual viu que é feita
através de conectores coordenativos. Agora você vai estudar a
subordinação, que é feita por meio de conectores de subordinação.

O estudo destes elementos gramaticais é importante, pois são determinantes


na coesão e coerência daquilo que escrevemos. De modo específico, você
vai discutir o conceito, identificar os conectores de subordinação e orações,
fazer a divisão e sua classificação.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Identificar os conectores de subordinação em orações;


 Classificar os conectores de subordinação;
 Indicar as orações subordinadas em frases ou textos;
 Dividir orações em frases;
Objectivos
 Classificar as orações subordinadas;
 Compor frases em que ocorram orações subordinadas.

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

Orações subordinadas

Falar de subordinação não se difere de falar de orações subordinadas.


Enfim, em que consiste a subordinação? Esta deve ser uma das questões
que você já se colocou.

143
A subordinação, a princípio, consiste em orações ligadas por meio de
conjunções/locuções subordinativas e pronomes relativos.

Bem, são muitos os autores que escrevem sobre orações subordinadas. No


meio desta consideração, o que dizem alguns autores acerca desta matéria?

Companhia (2008: 91), sobre as orações subordinadas, afirma o seguinte:


“são orações que mantêm uma relação de dependência entre elas. Esta
dependência pode ser estabelecida por meio de conjunções ou locuções
subordinativas, pronomes ou advérbios relativos”.

Para Borregana (1998: 243), as orações subordinadas são aquelas “que se


ligam à subordinante (principal) por meio de uma conjunção ou locução
conjuncional, para completarem o seu sentido, ou para caracterizarem
algum dos seus elementos, ou para fornecerem algumas circunstâncias que
rodearam a acção”.

Como você pode perceber, para haver sentido nas orações subordinadas,
uma vez que estas, normalmente, não têm autonomia semântica, há que
considerar a sua relação com a subordinante. Portanto, a sua identificação
será facilitada através dos conectores de subordinação, já que estes são os
elementos que as introduzem, servindo de elo de ligação com a
subordinante.

Para desenvolver esta matéria, após a actividade apresentamos-lhe a


classificação destas orações.

1. Sublinhe e classifique os conectores de subordinação nas frases11.


a. Espero que tenham percebido a explicação.
b. O Porto, que é uma grande equipa, venceu o Kiev.
c. Aquele livro cuja capa é azul é do Luís.
Actividade 1
d. Quando cheguei à escola, vi o rapaz que me apresentaste ontem.
e. Se não quiseres engordar, não comas demais.
f. Mesmo que não te apeteça, acaba o teu trabalho.

11
As frases deste número (1) foram retiradas de MOREIRA, Ana & LIMA DE
CARVALHO (1991: 94).

144
g. Escrevam devagar a fim de não se enganarem.
h. O professor, que ontem chegou, percebeu que a turma era boa.
i. A rua onde morro é sossegada.

Bom trabalho!

Ao sublinhar os conectores de subordinação, tenha em conta o


conteúdo semântico das frases. Para o caso do “que”, dependendo do
contexto frásico, pode assumir valores diferentes. Consulte o quadro
das conjunções e locuções subordinativas que se encontra no fim da
Comentários da actividade
lição.

Classificação das orações subordinadas


Você aprendeu na lição anterior a classificação das orações coordenadas.
Então, a questão sobre a classificação das orações subordinadas deve estar
na “ponta da sua língua”. Vamos, por isso, dissipar, desde já, eventuais
dúvidas que você tem.

“As orações subordinadas classificam-se em substantivas, adjectivas e


adverbiais, porque as funções que desempenham são comparáveis às
exercidas por substantivos, adjectivos e advérbios” (Cunha & Cintra, 1984:
596).

Para Companhia (op. cit. 91) “distinguem-se três grandes grupos de orações
subordinadas: orações subordinadas relativas, orações subordinadas
completivas ou integrantes e orações subordinadas adverbiais”.

No que diz respeito à classificação destas orações, as substantivas são,


também, designadas integrantes ou completivas, e as adjectivas, também,
relativas. Portanto, não há nenhum contraste entre Cunha & Cintra e
Companhia, apenas se trata de uma questão terminológica de designação
das orações.

Agora preste atenção nas especificidades destas orações:

145
As orações subordinadas substantivas – normalmente são introduzidas
pela conjunção integrante “que” ou “se”. Assim, visto serem introduzidas
por conjunções integrantes, são denominadas orações subordinadas
integrantes ou completivas. Estas orações desempenham funções
equivalentes às dos substantivos e completam o sentido da oração
subordinante (principal).

1. a) Os convidados disseram [que gostaram da festa]. (subordinada


integrante ou completiva)

b) Não sei [se a Maria me engana]. (subordinada integrante ou


Exemplos completiva)

c) O menino pediu à mãe [que lhe comprasse um presente]. (subordinada


integrante ou completiva)

No que refere às “funções sintácticas” desempenhadas pelas orações


subordinadas, atente aos exemplos que Borregana (id. 244) nos apresenta,
pois são fundamentais para esclarecer as dúvidas que você tinha.

2. a) Peço-te [que venhas]. (complemento directo)

b) Não é justo [que tantos passem fome]. (sujeito)

c) O interessante é [que ele voou]. (predicativo do sujeito)

Ainda, o autor acrescenta que as orações integrantes podem vir também


antes da oração subordinante:

[Que eles são falsos] sei eu muito bem.

Há mais considerações a ter em conta sobre este tipo de orações. O que


dizem Cunha & Cintra (2002) sobre este tipo de orações?

Segundo Cunha & Cintra (Id. 597), “depois de certos verbos que exprimem
uma ordem, um desejo ou uma súplica, a língua portuguesa permite a
omissão da integrante que”.

146
Veja no exemplo: Peço-te [que venhas]. Uma vez que a oração integrante
aparece depois de um verbo que exprime desejo ou súplica, a conjunção
subordinativa integrante pode ser omissa: Peço-te, [venhas].

Nota: normalmente o “que” integrante tem como antecedente um verbo.

Quanto às orações subordinadas relativas adjectivas – ligam-se à oração


subordinante por meio de um pronome relativo (geralmente “que”). São
adjectivas por desempenharem a função sintáctica própria de adjectivos. Na
óptica de Cunha e Cintra (Id. 598) “exercem a função de adjunto adnominal
de um substantivo ou pronome antecedente”.

3. a) Tenho um amigo [que é inteligente]. (subordinada relativa adjectiva)

b) O soldado [que batalha muito] vence o inimigo. (subordinada relativa


adjectiva)
Exemplos
Você deve também saber que, geralmente, estas orações correspondem a
um adjectivo com a função de atributo. Portanto, as orações destacadas
podem ser substituídas por adjectivos, por isso são subordinadas relativas
adjectivas. Assim sendo, teremos o seguinte:

4. a) Tenho um amigo inteligente.

b) O soldado muito batalhador vence o inimigo.

Outro aspecto que você deve reter é o seguinte: as orações relativas podem
ser “restritivas” ou “explicativas”.

As orações relativas restritivas – “restringem, limitam, precisam a


significação do substantivo (ou pronome) antecedente. São, por
conseguinte, indispensáveis ao sentido da frase” (Id. 600). Ligam-se ao
antecedente sem pausa (sem vírgula). Porque introduzem uma restrição de
sentido, não podem ser suprimidas.

147
5. a) O estudante [que chegou tarde] é preguiçoso. (subordinada relativa
restritiva)

b) Os meninos [que saíram a bocado] são filhos da Ana. (subordinada


Exemplos relativa restritiva)

Já, as orações relativas explicativas – acrescentam ao antecedente uma


qualidade acessória, isto é, esclarecem melhor a sua significação, à
semelhança de um aposto. Consequentemente, não são indispensáveis ao
sentido da frase, podem ser suprimidas.

6. a) O estudante, [que chegou tarde], é preguiçoso. (subordinada relativa


explicativa)

b) Os meninos, [que saíram a bocado], são filhos da Ana. (subordinada


Exemplos relativa explicativa)

Há mais características que distinguem as orações relativas explicativas das


relativas restritivas. Quais são essas características?

Atente na seguinte nota apresentada por Borregana (op. cit. 247):

As orações relativas explicativas devem ser colocadas entre vírgulas e as


relativas restritivas não. A vírgula altera o sentido da frase. Entenda isto
através dos exemplos seguintes:

Os rapazes, que brincavam no parque, foram punidos.

A punição dos rapazes não tem nada a ver com o facto de eles brincarem
no parque, por acaso brincavam lá (relativa explicativa).

Os rapazes que brincavam no parque foram punidos.

Os rapazes foram punidos por brincarem no parque, o facto de brincarem


lá tem que ver com a sua punição (relativa restritiva).

148
Ainda no que diz respeito às orações subordinadas, Borregana (Id. 247-
248) faz uma abordagem daquelas introduzidas por outros pronomes
relativos.

Quem – introduz orações relativas, mas sempre precedido das preposições


de, a, por, para, contra, etc.

7. a) Aqui está o guerreiro [de quem se diz ter morto Mafemane].

b) O adversário [contra quem jogaste] era fraco.

Onde– (= em que) introduz orações adverbiais relativas.


Exemplos
8. a) Aqui está o lugar [onde muitos sucumbiram].

b) Aquela é a universidade [onde muitos desejam frequentar].

Podemos, também, encontrar orações subordinadas relativas com


pronomes relativos variáveis (cujo, cuja, cujos, cujas, o qual, a qual, os
quais, as quais).12

1. A partir das duas frases dadas escreva uma única, substituindo as


palavras destacadas pelas formas entre parênteses, conforme o
exemplo13.

Exemplo: A casa é grande. Eu vivo na casa. (onde)


Exercício 1
A casa onde eu vivo é grande.

a) A sala é pequena. Ele trabalha na sala. (onde)

b) O jovem é simpático. Vimos o jovem ontem. (que)

c) Os alunos reprovaram por faltas. As suas notas não constam na pauta.


(cujas)

d) Trabalho numa empresa. Nessa empresa, é preciso ter muitos


conhecimentos. (na qual)

12
Ver Borregana (p. 248) e Gonçalves (p. 40), obras citadas.
13
Este exercício foi retirado de Gonçalves (2008).

149
e) A aldeia é pequena. Os meus amigos vivem na aldeia. (em que)

f) O tema é música. Estamos a falar desse tema. (de que)

g) Esta é a maneira de vestir. Estou habituada a esta maneira de vestir.


(a que)

h) Aquela é a amiga. Falei-te da amiga ontem. (de quem)

Bom trabalho!

Nas suas respostas tenha em conta que ao formar a frase nova o sujeito
continuará o mesmo da primeira frase.

Comentários do exercício

Orações subordinadas adverbiais


Por último, na classificação das orações subordinadas temos as adverbiais.
Segundo Borregana,14 estas são ligadas à subordinante por conjunções
subordinativas, que exprimem circunstâncias de tempo, causa, fim,
condição, comparação, concessão ou consequência, em relação ao verbo
principal. Por exprimirem circunstâncias, são também chamadas de
circunstanciais.

As orações circunstanciais têm a sua maneira de funcionar. Como


funcionam, então, estas orações?

Nas palavras de Cunha &Cintra (op. cit. 601), as orações subordinadas


adverbiais “funcionam como adjunto adverbial de outras orações e vêm,
normalmente, introduzidas por uma das conjunções subordinativas (com
exclusão das integrantes)”.

Ao lado disto, teremos:

14
Id. p. 248.

150
i. Orações subordinadas adverbiais temporais;

ii. Orações subordinadas adverbiais causais;

iii. Orações subordinadas adverbiais finais;

iv. Orações subordinadas adverbiais condicionais;

v. Orações subordinadas adverbiais comparativas;

vi. Orações subordinadas adverbiais concessivas;

vii. Orações subordinadas adverbiais consecutivas.

Por exprimirem circunstâncias já mencionadas, em relação ao verbo


principal, desempenham funções de complementos. Neste sentido, como se
definem ou caracterizam estas orações?

i. Orações subordinadas adverbiais temporais – exprimem circunstâncias


de tempo. Consequentemente, desempenham a função de complemento
circunstancial de tempo.

Veja isto nos exemplos:

9. a) Estarei cá [enquanto a situação continuar calma]. (subordinada


adverbial temporal)

b) [Antes que seja tarde], vamos ao salão. (subordinada adverbial


Exemplos temporal)

ii. Orações subordinadas adverbiais causais – exprimem circunstâncias


de causa. Desempenham a função de complemento circunstancial de
causa.

É o que mostram os exemplos:

10. a) Não irei ao cinema contigo [porque não tens dinheiro de bilhete].
(subordinada adverbial causal)

b) [Visto que não havia comida suficiente na festa], os convidados


abandonaram o local sem dizer adeus. (subordinada adverbial causal)

151
iii. Orações subordinadas adverbiais finais – exprimem circunstâncias de
fim. Logicamente, desempenham a função de complemento
circunstancial de fim.

Veja os exemplos:

11. a) Mandei-lhe um presente [que a fizesse feliz]. (que = para que –


subordinada adverbial final)

b) Fiz tudo [para que fôssemos felizes]. (subordinada adverbial final)

iv. Orações subordinadas adverbiais condicionais – indicam uma


condição.

Exemplos:

12. a) Serás bem remunerado, [se mostrares competências no cargo].


(subordinada adverbial condicional)

b) [Desde que estudes], comprar-te-ei uma bicicleta. (subordinada


adverbial condicional)

v. Orações subordinadas adverbiais comparativas – estabelecem uma


comparação com a oração subordinante.

Exemplos:

13. a) Ela é tão rígida [como a mãe]. (subordinada adverbial comparativa)

b) A Lia é menos esperta [do que o irmão]. (subordinada adverbial


comparativa)

vi. Orações subordinadas adverbiais concessivas – exprimem uma


concessão. Embora haja dificuldade, a acção realizar-se-á.

Exemplos:

152
14. a) [Embora chores], não serás perdoada. (subordinada adverbial
concessiva)

b) [Ainda que troveje], virei a tua casa. (subordinada adverbial


concessiva)

vii. Orações subordinadas consecutivas – exprimem uma consequência.


A subordinada é consequente da subordinante.

Exemplos:

15. a) Caminharam tanto, [que chegaram ao destino muito fatigados].


(subordinada adverbial consecutiva)

b) Choveu tanto, [de tal maneira que todas culturas ficaram destruídas].
(subordinada adverbial consecutiva)

Divida e classifique as orações nas frases da primeira actividade desta


lição.

Bom trabalho!
Exercício 2

Na sua resposta, tenha em atenção que a oração subordinada,


normalmente, é introduzida por um conector de subordinação e que as
orações costumam ter no mínimo um verbo. A sua divisão deve ter isto

Comentários do exercício como foco para evitar divisões infundadas.

Como você já assimilou a matéria sobre as orações adverbiais, as quais são


encabeçadas por conjunções e locuções subordinativas, agora veja a síntese
no quadro a seguir.

153
Quadro das conjunções e locuções subordinativas

CLASSIFICAÇÃO CONJUNÇÕES LOCUÇÕES


Causais porque, pois, como (= porque), visto que, pois que, já
 Introduzem porquanto, que (= porque) que, por isso que, uma
orações causais vez que...
Finais que (= para que) para que, a fim de que,
 Introduzem por que
orações finais
Temporais quando, enquanto, apenas, antes que, depois que,
 Introduzem mal, como, que (= desde que) logo que, assim que,
orações desde que, até que,
temporais primeiro que, sempre
que, todas as vezes que,
tanto que, à medida que,
ao passo que...

Comparativas como, segundo, conforme, como... assim, assim


 Estabelecem que, qual como... assim também,
comparação bem como, como...
assim, mais... do que,
menos... do que,
segundo (consoante,
conforme)... assim, tão
(tanto)... como, como
se, que nem...

Condicionais se, caso a não ser que, desde que,


 Introduzem no caso de (que),
orações contanto que, excepto
condicionais se, salvo se, se não (sem
que), dado que, a menos
que

154
Consecutivas (de tal modo) que
 Introduzem
orações
consecutivas
Concessivas embora, conquanto, que (= ainda que, posto que,
 Introduzem ainda que) mesmo que, bem que, se
orações bem que, por mais que,
concessivas por menos que, apesar
de que, nem que...

Integrantes Que
 Introduzem
orações
completivas
integrantes

Resumo da lição
Nesta lição você ficou a saber que a subordinação consiste em orações
ligadas à subordinante por meio de conjunções, locuções
conjuncionais, pronomes relativos, para completarem o seu sentido, ou
para caracterizarem algum dos seus elementos, ou para fornecerem
algumas circunstâncias que rodearam a acção.

As orações subordinadas classificam-se em substantivas, adjectivas e


adverbiais. As substantivas, também, têm a designação de integrantes
ou completivas e normalmente são introduzidas pela conjunção “que”
e “se”. As adjectivas ligam-se à oração subordinante, geralmente, por
meio do pronome relativo “que” e desempenham a função sintáctica
própria de adjectivos. As orações relativas, também, podem ser
restritivas ou explicativas. As restritivas restringem, limitam, precisam

155
a significação do substantivo (ou pronome) antecedente e as
explicativas acrescentam ao antecedente uma qualidade acessória. As
adverbias ligam-se à subordinante por conjunções subordinativas, que
exprimem circunstâncias de tempo, causa, fim, condição, comparação,
concessão ou consequência, em relação ao verbo principal, sendo
também chamadas de circunstanciais.

Auto-avaliação
1. Transforme em uma oração subordinada:

a) O objecto directo.

Percebi a importância da “história da gata borralheira” na minha


formação.

b) O sujeito

Era fundamental a presença da Lúcia na festa.

c) Predicativo do sujeito

O importante é a formação do meu filho.

Bom trabalho!

Comentários da auto – avaliação


Na sua resposta, tenha em conta a inserção de conectores de
subordinação no lugar certo. Ainda, na alínea a) lembre-se que o
objecto directo é o ser sobre que recai directamente a acção do
verbo. Na b), que o sujeito é o ser sobre o qual se faz uma afirmação;
e na alínea c), que o predicativo do sujeito complementa e
caracteriza o sujeito, atribuindo-lhe qualidade.

156
Lição n° 4
Orações subordinadas desenvolvidas e orações
subordinadas reduzidas

Introdução
Na lição anterior você aprendeu orações subordinadas e sua classificação.
Entretanto, achamos que o que você já aprendeu não é o suficiente sobre a
subordinação. Sabia que no conjunto das orações subordinadas existem as
desenvolvidas e as reduzidas?

Nesta lição você vai aprender as orações subordinadas desenvolvidas e as


orações subordinadas reduzidas. Para compreender, pois, estas orações há
necessidade de mostrar o seu desdobramento: a transformação de orações
desenvolvidas em reduzidas e vice-versa. Portanto, normalmente, as
orações são desenvolvidas em função das reduzidas.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Mencionar as orações subordinadas reduzidas;


 Distinguir as orações subordinadas desenvolvidas das
reduzidas;
 Classificar as orações subordinadas desenvolvidas vs
Objectivos
reduzidas;
 Transformar as orações desenvolvidas em reduzidas e vice-
versa.

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 3 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

157
Características das orações subordinadas desenvolvidas vs
orações subordinadas reduzidas

A priori você deve saber que, segundo Bechara (1999: 513) apud
Gonçalves (2008: 32), “no conjunto das orações subordinadas, existem dois
grandes grupos: as orações desenvolvidas e as orações reduzidas”. Ao lado
disto, como se distinguem estas orações?

As orações desenvolvidas são introduzidas por conectores de subordinação


(conjunções/locuções conjuncionais e pronomes relativos). As mesmas têm
o verbo numa forma finita dos modos indicativo e conjuntivo. Portanto, isto
verifica-se nas orações tratadas nos pontos anteriores. Contudo, em jeito de
recapitulação, atente nos seguintes exemplos:

1. a) Chegou muito tarde à aula [porque estava sem vontade de estudar].


(desenvolvida adverbial causal)

b) [Quando percebeu que não tinha outra alternativa], Mafemane rendeu-


Exemplos se aos guerreiros. (desenvolvida temporal)

c) [Logo que chegaram à aldeia], Damboia vituperou-os. (desenvolvida


temporal)

d) [Para que não fiques isolado], aproxima-te. (desenvolvida final)

As orações reduzidas têm o verbo flexionado numa forma nominal:


infinitivo, gerúndio ou particípio passado. A par disto, teremos orações
subordinadas reduzidas infinitivas, orações subordinadas reduzidas
gerundivas e orações subordinadas reduzidas participiais. Estas orações
podem ser introduzidas por preposições/locuções prepositivas ou não.
Então, como se caracteriza cada tipo de orações reduzidas?

Infinitivas – têm o verbo da oração subordinada no infinitivo; este pode ser


pessoal (aprendermos) ou impessoal (aprender).

158
2. a) Chegou muito tarde a aula [por estar sem vontade de estudar].
(reduzida infinitiva)

b) [Ao perceber que não tinha outra alternativa], Mafemane rendeu-se aos
Exemplos guerreiros. (reduzida infinitiva)

Gerundivas – têm o verbo da oração subordinada no gerúndio.

Exemplos:

3. a) [Percebendo que não tinha outra alternativa], Mafemane rendeu-se


aos guerreiros (reduzida gerundiva)

b) [Tendo visto que Ualalapi fugia], Mafemane chamou-o. (reduzida


gerundiva)

Participiais– têm o verbo da oração subordinada no particípio passado.

4. a) [Chegados à aldeia], Damboia vituperou-os. (reduzida participial)

b) [Terminada a apresentação do orador], o público interveio. (reduzida


participial)

1. Mencione os grupos de orações subordinadas reduzidas que


aprendeu.
2. Distinga as orações subordinadas desenvolvidas das reduzidas.

Actividade 1 Bom trabalho!

1. Ao responder, tenha em mente que os grupos de orações


subordinadas reduzidas que você aprendeu são três.
2. Focalize a sua resposta em aspectos como conectores e forma em

Comentários da actividade que o verbo se encontra.

159
Enfim, como você deve ter percebido, as orações desenvolvidas que lhe
apresentamos têm as reduzidas como equivalentes. Isto significa que nas
nossas interacções comunicativas temos várias possibilidades de expressar
as nossas ideias. Trata-se de usar equivalência a nível daquilo que
pretendemos exprimir. Por exemplo, se você não se lembrar como é que
anunciaria uma frase desenvolvida, que necessita de emprego de um
conector de subordinação (conjunção/locução conjuncional, pronome
relativo), pode anunciar outra (a reduzida) com mesmo valor semântico. Ao
optarmos por uma ou outra forma estamos a diversificar a linguagem, facto
que é bom ao interagirmos com o nosso interlocutor. Logo, o uso de uma
ou de outra forma dinamiza, de certa forma, a nossa comunicação.

Algo muito interessante para você aprofundar a relação entre as orações


subordinadas reduzidas vs desenvolvidas é o que lhe apresentamos no
quadro seguinte.

Quadro sobre orações subordinadas reduzidas e desenvolvidas


Tipo de oração Reduzida (prep./Loc. Preposit.) Desenvolvida (conj./Loc. Conj.)
Temporal  antes de  antes que
 depois de  depois que
 a  sem equivalente15
Causal  por  porque
 por causa de  sem equivalente
 devido ao facto de  devido ao facto de que
Condicional  a  sem equivalente16
 no caso de  caso17
 na condição de  na condição de que

15
Exemplos:
- Oração reduzida: Foi assaltado [ao sair de casa].
- Oração desenvolvida: Foi assaltado [quando saía de casa].
16
Exemplos:
- Oração reduzida: [A concretizar-se essa hipótese], preferia viajar no sábado.
- Oração desenvolvida: [Se essa hipótese se concretizasse], preferia viajar no
sábado.
17
Neste caso, não ocorre a conjunção que.

160
Final  para  para que
 a fim de  a fim de que
Concessiva  apesar de  apesar de que

1. Identifique e classifique as orações subordinadas:

a. Tendo livres as mãos, poderia se soltar das amarras.


b. Iremos à serra da Gorongosa, ainda que nos custe a vida.
c. Digo-te tudo isto, para não errares futuramente.
Exercício
d. Vieram a nossa festa porque são nossos amigos.

Bom trabalho!

Ao identificar e classificar a oração subordinada tenha em atenção a


forma em que o verbo da mesma se encontra e os conectores que ligam
as orações.
Comentários do exercício

Resumo da lição
Na presente lição você aprendeu que as orações subordinadas se
dividem em desenvolvidas e reduzidas. As desenvolvidas são
introduzidas por conectores de subordinação e levam o verbo numa
forma finita dos modos indicativo e conjuntivo. As reduzidas têm o
verbo flexionado numa forma nominal: infinitivo, gerúndio ou
particípio passado. Daí, encontramos nos tipos de orações reduzidas:
infinitivas, gerundivas e participiais.

161
Auto-avaliação
Transforme as orações reduzidas em desenvolvidas e vice-versa, no
exercício anterior.

Comentários da auto – avaliação


Para que você obtenha uma resposta correcta consulte o “quadro
sobre orações subordinadas reduzidas e desenvolvidas” e aplique
adequadamente o processo de equivalência.

162
Lição n° 5
Relações lexicais

Introdução
Na lição precedente você estudou orações subordinadas reduzidas e orações
subordinadas desenvolvidas. Agora é momento de você aprender algo
diferente das últimas lições que teve. Trata-se de uma área do
funcionamento da língua não menos importante para si, futuro professor de
língua. Você sabe que um professor de língua deve ter conhecimento da
língua e seu domínio acima dos seus alunos. Dominar a língua é aplicá-la
correcta e adequadamente em diferentes situações da nossa vida.

Então, nesta lição você vai aprender as relações lexicais. As palavras


podem relacionar-se por sinonímia, antonímia, hiperonímia, hiponímia, etc.
Neste caso, de modo geral, você vai desenvolver os conhecimentos
relacionados com as relações lexicais mencionadas.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:

 Indicar os tipos de relações lexicais estudados;


 Identificar as relações lexicais em frases ou pares de
palavras;
 Distinguir as relações lexicais umas das outras;
Objectivos
 Empregar as relações lexicais em frases.

Tempo de estudo da lição

Você vai precisar de 2 horas para completar o estudo desta lição.

Tempo

163
Relações lexicais e seus tipos

O que quer dizer relações lexicais, em outras palavras? Bem, em outras


palavras, entendemos relações lexicais como a correspondência ou
agrupamento de palavras numa dada categoria gramatical. E em que
consistem as relações lexicais?

As relações lexicais implicam as relações de sentido entre as unidades.


Como dissemos na introdução, as relações lexicais podem ser por
sinonímia, antonímia, hiperonímia, hiponímia, entre outras.

Agora vamos entender com especificidade os campos lexicais anunciados.

Sinonímia

Certamente, você já abordou a sinonímia ao longo da sua escolaridade. Em


que consiste, afinal, a sinonímia (palavras sinónimas)?

A sinonímia consiste em palavras (ou expressões) que se relacionam por


semelhança de sentido. Trata-se de relação semântica. O uso de sinónimos
permite evitar a repetição de palavras ou grupo de palavras no texto.
Entretanto, os sinónimos podem ser “totais” ou “absolutos”, “relativos” e
“parciais” (Gramática Moderna da Língua Portuguesa, 2010).

Veja agora como se caracteriza cada tipo de sinónimo e exemplos.

i. Sinónimos totais ou absolutos – os significados das palavras são


idênticos. Segundo Rebelo; Marques & Costa (2000: 329), “as unidades
lexicais podem ser mutuamente substituíveis sem que se verifique

Exemplos qualquer alteração no significado das frases em que ocorrem”.

a) O Manuel foi ao dentista.

b) O Manuel foi ao estomatologista.

ii. Sinónimos relativos – as palavras têm o mesmo valor denotativo, mas


podem adquirir diferentes valores conotativos.

a) Esta rosa é linda.

164
b) Esta rosa é bonita.

iii. Sinónimos parciais – as palavras são consideradas sinónimas apenas


em determinados contextos. “Apenas em alguns contextos as unidades
lexicais funcionarão como sinónimos (Id.).

a) O estagiário chegou.

b) O aprendiz chegou.

Antonímia

No subtítulo anterior viu sinonímia. Agora você vai estudar antonímia.


Afinal, em que consiste este tipo de relações lexicais? A antonímia consiste
na relação de oposição ou de contrariedade entre duas ou mais unidades
lexicais. E o que dizem alguns autores sobre os tipos de antonímia?

Rebelo; Marques & Costa (2000) e Gramática Moderna da Língua


Portuguesa (2010) fazem menção aos seguintes tipos de antónimos:
binários ou complementares, graduais (polares) ou escalares, conversos,
direccionais, não-binários. Mas, o que implica cada tipo de antónimos?

i. Antónimos binários ou complementares – a asserção positiva de uma


palavra ou expressão implica a asserção negativa da outra ou vice-versa.

a) O menino está vivo O menino não está morto.

b) O menino não está morto O menino está vivo.

ii. Antónimos polares, graduais ou escalares – em que as palavras podem


ser analisadas como extremos ou pólos de uma escala contínua. As palavras
(antónimas) podem ser combinadas com os quantificadores muito, pouco,
um pouco, bastante, etc.

a) A Maria está gorda A Maria não está magra.

b) A Maria não está gorda A Maria está magra (pode estar


com o peso normal para a estatura).

165
iii. Antónimos conversos–a relação de oposição entre as palavras
estabelece-se com base em duas posições que podem assumir pontos de
vista alternantes.

a) O João é marido da Maria.

b) A Maria é esposa do João.

v. Antónimos direccionais – podem assumir-se duas direcções opostas,


partindo de um determinado ponto de referência.

a) O professor partiu.

b) O professor chegou.

v. Antónimos não-binários – é a relação entre palavras que integram


conjuntos ciclicamente organizados. A asserção negativa de uma das
unidades não implica a asserção positiva da outra.

a) Hoje é sábado Hoje não é domingo.

mas

b) Hoje não é domingo Hoje é sábado (pode ser segunda-


feira, etc.).

1. Distinga:

a) Sinonímia absoluta de sinonímia parcial.

b) Antonímia binária de antonímia conversa.


Actividade 1
Bom trabalho!

Procure ser objectivo na sua resposta, focalizando os aspectos


meramente distintivos.

Comentários da actividade

166
Hiperonímia e hiponímia

Outro tipo de relações lexicais é a hiperonímia / hiponímia, conforme


dissemos anteriormente. Que tipo de relações lexicais se trata?

Trata-se de relações lexicais de hierarquia. O hiperónimo, de acordo com


Alves & Moura (2004: 338), é a “palavra cujo conceito abrange os
elementos de um conjunto, de uma classe” e hipónimo é a “palavra que
individualiza os elementos de uma classe”. Rebelo; Marques & Costa (op.
cit.) definem hipónimo como o termo mais específico e hiperónimo como
o termo mais geral. E, desta definição, concluem que se P é hipónimo de
Q, então Q não é hipónimo de P.

Exemplos:

a) Cravo, jasmim, rosa, dália, orquídea (hipónimos) flor


(hiperónimo).

b) Animal (hiperónimo) tigre, leão, elefante, girafa,


hipopótamo (hipónimos).

Em suma, para os autores, “existe uma relação semântica de hiponímia


entre duas unidades lexicais P e Q se o sentido de Q (termo mais geral
definido pela propriedade ‘a’ – hiperónimo) está incluído no de P (termo
mais específico definido pelas propriedades ‘a’ e ‘b’ – hipónimo)”.

Indique os tipos de relações lexicais que estudou, definindo-os e


exemplificando.

Bom trabalho!
Exercício

Tenha em conta os quatro (4) tipos de relações lexicais estudados. A


objectividade na sua resposta conta muito.

Comentários do exercício

167
Resumo da lição
As relações lexicais dizem respeito às relações de sentido entre as
unidades. As mesmas podem estabelecer-se por sinonímia, antonímia,
hiperonímia, hiponímia, etc. A sinonímia é uma relação semântica de
semelhança, ao passo que a antonímia é de oposição. Os sinónimos
podem ser totais ou absolutos, relativos e parciais. Os antónimos, por
sua vez, podem ser binários ou complementares, graduais (polares)
ou escalares, conversos, direccionais, não-binários. A hiperonímia e
a hiponímia são relações lexicais de hierarquia, em que um dos termos
é geral (hiperónimo) e outro é específico (hipónimo).

Auto-avaliação
1. Identifique o tipo de relações lexicais nas frases e/ou pares de
palavras.

a) a) Fruto maçã, uva, banana, pêssego,


goiaba.
b) O rapaz e a rapariga já chegaram.
c) Ela teve notas fantásticas nas provas de Português. Ele teve
notas maravilhosas nas avaliações de Língua Portuguesa.
d) O chá está quente. A comida está fria.
e) Ela lavou os vidros, limpou o pó, aspirou a alcatifa. Depois
de arrumar a casa, foi ao mercado.
f) O Samuel é filho do senhor Mandeia. O senhor Mandeia é
pai do Samuel.
g) Hoje é Janeiro. Amanhã será Fevereiro.
h) A Marta ama o namorado. Ela também gosta do Zé.
i) O Paulo subia as escadas enquanto a Sara descia.

2. Elabore frases, aplicando hiperonímia / hiponímia.

Bom trabalho!

168
Comentários da auto – avaliação
1. Preste muita atenção para não confundir os tipos de relações
lexicais. Caso necessário, para limar as dúvidas, releia a
matéria.
2. As frases elaboradas devem constituir um parágrafo.

Resumo da unidade
Na presente unidade didáctica você aprendeu categorias gramaticais e
sua classificação; frase complexa: coordenação e subordinação; e
relações lexicais. As palavras na língua portuguesa classificam-se em
dez categorias gramaticais, sendo variáveis e invariáveis. As
categorias variáveis incluem os substantivos, os artigos, os adjectivos,
os numerais, os pronomes e os verbos. E as invariáveis: os advérbios,
as preposições, as conjunções e as interjeições.

Sobre a coordenação e a subordinação você notou que se encontram


em frases complexas e materializam-se através da presença explícita
ou implícita de conectores. As orações coordenadas podem ser
assindéticas e sindéticas. Nas sindéticas o conector coordenativo vem
explícito, ao passo que nas assindéticas aparece de maneira implícita.
Ademais, você aprendeu que as orações coordenadas se dividem em
copulativas, adversativas, disjuntivas ou alternativas, conclusivas e
explicativas.

A subordinação, conforme você viu, consiste em orações ligadas à


subordinante por meio de conjunções, locuções conjuncionais,
pronomes relativos, para completarem o seu sentido, ou para
caracterizarem algum dos seus elementos, ou para fornecerem algumas
circunstâncias que rodearam a acção. As orações subordinadas
classificam-se em substantivas (integrantes ou completivas),

169
adjectivas e adverbiais. Ainda, as orações subordinadas se dividem em
desenvolvidas e reduzidas. As reduzidas podem ser infinitivas,
gerundivas e participiais.

Por último, você reteve que as relações lexicais dizem respeito às


relações de sentido entre as unidades. Estas podem estabelecer-se por
sinonímia, antonímia, hiperonímia, hiponímia, etc.

Auto-avaliação da unidade
1. Nesta unidade didáctica você aprendeu categorias gramaticais
variáveis e invariáveis.
Distinga categorias variáveis das invariáveis, sem se esquecer
de exemplificar.
2. Mencione as dez categorias gramaticais que aprendeu.
3. Caracterize uma frase complexa e exemplifique.
4. Na abordagem da frase complexa, você aprendeu a
coordenação e a subordinação. Diga em que consistem estes
processos. Fundamente a sua resposta com exemplos.
5. Como se classificam as orações coordenadas e as
subordinadas?
6. Diferencie as orações subordinadas relativas explicativas das
subordinadas relativas explicativas, segundo Borregana.
7. As orações subordinadas adverbiais subdividem-se em sete
grupos? Indique-os.
8. “No conjunto das orações subordinadas, existem dois grandes
grupos”. Indique esses grupos e descreva-os.
9. Nesta unidade didáctica você aprendeu também relações
lexicais.
a) Em que consistem as relações lexicais?
b) Mencione os campos lexicais que aprendeu.
10. Distinga hiponímia de hiperonímia, exemplificando.

Bom trabalho!

170
Comentários da auto – avaliação da unidade
As questões colocadas, conforme você percebeu, abrangem todas as
áreas de funcionamento da língua que acabou de aprender na
unidade. Então, responda tendo em vista o objectivo das mesmas.
Não se esqueça que a maior parte das questões exige objectividade.
Quanto àquelas que exigem argumentação, os seus argumentos não
devem ser exagerados, isto é, muito longos. O que mais conta na
sua resposta não é a extensão dos argumentos, mas sim a sua
construção adequada à questão colocada.

Bem, como você percebeu, esta é a última unidade do seu módulo.


Esperamos que todos os conteúdos abordados, as actividades, os
exercícios de aplicação e de auto-avaliação tenham sido muito úteis
na sua aprendizagem. E, em jeito de última recomendação,
aprofunde as matérias consultando as referências bibliográficas a
seguir assim como a “bibliografia geral”.

Leituras complementares
ALVES, Filomena & MOURA, Graça. Página Seguinte:
Português B 11º ano. Lisboa, Texto Editora, 2004.

BORREGANA, António Afonso. Gramática Universal: Língua


Portuguesa. 5ª ed. Lisboa. Texto Editora, 1998.

COMPANHIA, Carlito António. Preparação aos Exames de


Admissão ao Ensino Superior: Português. 2008.

CUNHA, Celso & CINTRA, Luís. Nova Gramática do


Português Contemporâneo. 17ª ed. Lisboa. EJSC, LDA, 2002.

171
GONÇALVES, Perpétua. Português 11ª e 12ª Classes: Caderno
de Apoio à Leccionação dos Conteúdos Programáticos de
“Funcionamento da Língua”. Maputo, INDE, 2008.

GRAMÁTICA MODERNA DA LÍNGUA PORTUGUESA.


Lisboa, Escolar Editora, 2010.

KHOSA, Ungulani Ba Ka. Ualalapi. 3ª ed. Maputo. Imprensa


Universitária.

MATEUS, Maria et al. Gramática da Língua Portuguesa. 5ª ed.


Lisboa. Caminho, 2003.

MOREIRA, Ana & LIMA DE CARVALHO, Isabel. Trabalhos


Dirigidos de Gramática. 4ª ed., Lisboa, Didáctica Editora, 1991.

REBELO, Dulce; MARQUES, Maria J.; COSTA, Manuel L.


Fundamentos da Didáctica da Língua Materna. Lisboa,
Universidade Aberta, 2000.

TEYSSIER, Paul. Manual de Língua Portuguesa. Combra,


Coimbra Editora, 1989.

172
Referências bibliográficas
ALVES, Filomena & MOURA, Graça. Página Seguinte: Português B
11º ano. Lisboa, Texto Editora, 2004.

ANGULO, Teodoro Á. Textos Expositivo-Explicativos y


Argumentativos. Barcelona, Octaedro, 2001.

BIANCHI, Aida & FELGUEIRAS, Anabela. O Essencial do 12º


Ano: Português B. Ed. Asa, 2004. Disponível em
http://profpaulo.weebly.com/conetores-de-discurso.html, Extraído a 19
de Maio de 2016.

BORREGANA, António Afonso. Gramática Universal: Língua


Portuguesa. 5ª ed. Lisboa. Texto Editora, 1998.

CAETANO, Joaquim; MARQUES, Humberto; SILVA, Carlos,


Publicidade: Fundamentos e Estratégias, Lisboa, Editora Escolar, 2011.

COMPANHIA, Carlito António. Preparação aos Exames de Admissão


ao Ensino Superior: Português. 2008.

COUTINHO, Antónia et al. Géneros de Texto e Ensino da Escrita. In


PEREIRA, Luísa & CARDOSO, Inês (coord.). Reflexão sobre a Escrita:
O Ensino de Diferentes Géneros de Textos. Aveiro, UA Editora, 2013.

CUNHA, Celso & CINTRA, Luís. Nova Gramática do Português


Contemporâneo. 17ª ed. Lisboa. EJSC, LDA, 2002.

FIRMINO, Gregório. A “Questão Linguística” na África Pós-colonial:


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GONÇALVES, Perpétua. Português 11ª e 12ª Classes: Caderno de
Apoio à Leccionação dos Conteúdos Programáticos de “Funcionamento
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GRAMÁTICA MODERNA DA LÍNGUA PORTUGUESA. Lisboa,


Escolar Editora, 2010.

http://blogcitario.blog.br/2011/07/estrutura-do-texto-publicitario/
Extraído a 25/05/2016.

http://ongpraxis.files.wordpress.com/2010/03/as-tres-partes-da-
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http://www.ecolnews.com.br/degrplaneta.htm Extraído a 11 de Março


de 2010.

KHOSA, Ungulani Ba Ka. Ualalapi. 3ª ed. Maputo. Imprensa


Universitária.

KOCH, Ingedore. As Tramas do Texto. 2ª ed., São Paulo, Contexto,


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MATEUS, Maria et al. Gramática da Língua Portuguesa. 5ª ed. Lisboa.


Caminho, 2003.

MOREIRA, Ana & LIMA DE CARVALHO, Isabel. Trabalhos


Dirigidos de Gramática. 4ª ed., Lisboa, Didáctica Editora, 1991.

NASCIMENTO, Zacarias & PINTO, José. A Dinâmica da Escrita. 5ª


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PEREIRA, Égina. Retórica e Argumentação: Os Mecanismos que


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REBELO, Dulce; MARQUES, Maria J.; COSTA, Manuel L.


Fundamentos da Didáctica da Língua Materna. Lisboa,
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SOUSA, Bárbara Golebiowska de; CHARTERS, Pilar F. A. Temas e


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WESTON, Anthony. A Arte de Argumentar. 2ª ed., Lisboa, Gradiva,


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175

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