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Universidade Pedagógica
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Primeira Edição
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eletrónico- sem a permissão da Universidade Pedagógica.
Índice
Unidade 1: Introdução ao estudo da Linguística 12
Lição n° 1: 13
Noções de Linguística 13
Lição n° 2 24
Lição n° 3 31
"Estudo do signo linguístico" ......................................................................................................31
Signo linguístico ................................................................................................................32
Lição n° 1 39
"Fonética: o som e as suas propriedades articulatórias" ..............................................................39
Fonética .............................................................................................................................40
Breve historial ....................................................................................................................40
Aparelho fonador ...............................................................................................................41
Os sons e as suas propriedades articulatórias ....................................................................42
Classificação das vogais quanto à posição do dorso e da raiz da língua............................42
Vogais orais e vogais nasais ..............................................................................................43
Classificação das consoantes do português........................................................................44
Lição n° 2 49
"Fonologia: conceitos básicos e regras fonológicas" ..................................................................49
Fonologia ...........................................................................................................................50
Conceitos básicos da fonologia..........................................................................................51
Distribuição complementar ................................................................................................53
Lição n° 1 62
Morfologia ..................................................................................................................................62
Morfologia ........................................................................................................................63
A dificuldade de definir o conceito "palavra"....................................................................64
Lição n° 2 77
"Sintaxe: a frase e seus constituintes essenciais" ........................................................................77
Constituintes imediatos da frase ........................................................................................79
Frases gramaticais e agramaticais ......................................................................................80
Estrutura interna da frase ...................................................................................................81
Lição n° 1 87
Semântica 87
Semântica ...........................................................................................................................88
Subáreas da semântica .......................................................................................................88
Significado e significante...................................................................................................89
Relações semânticas entre palavras ...................................................................................90
Relação entre língua e sociedade .......................................................................................92
A variação linguística ........................................................................................................92
Diferenças entre Pidgin e Crioulo ......................................................................................94
Relação entre língua e falante ............................................................................................95
Lição n° 2 100
Lição n° 1 108
Lição n° 2 117
Lição n° 1 129
Lição n° 2 138
1
processa o ensino-aprendizagem das diversas disciplinas. Em
segundo plano, neste curso, esta disciplina visa dotar os estudantes
de conhecimentos básicos que lhes permitam compreender o
funcionamento das línguas e para poderem lidar com as situações
de bilinguismo e multilinguismo que se vivem na escolarização
básica e em outras esferas sociais.
Estrutura do Módulo
Os conteúdos que compõem este módulo estão organizados em seis
(6) unidades temáticas, estas por sua vez subdivididas em lições
nas quais, para além de abordagem dos conteúdos, se apresentam
exercícios de auto-avaliação e de aprofundamento dos conteúdos
estudados, o que o poderá ajudar na aprendizagem da matéria que
constitui este módulo.
2
Já na quarta unidade, subordinada ao tema Semântica e Pragmática
- usos da língua, você vai analisar o significado das palavras e
reflectir sobre a relação entre os enunciados e os seus utilizadores.
Esta também compreende duas lições correspondentes às duas
áreas da linguística explicitadas no tema.
Material de suporte
3
Métodos e Estratégias de ensino-aprendizagem
Objectivos do Módulo
Pretende-se, com o presente manual, alcançar os seguintes objectivos:
Objectivos gerais1
1
Plano temático aprovado na 3ª Sessão do Conselho Universitário da UP – 2009.
4
Conhecer as características básicas da linguagem humana;
Objectivos específicos2
2
Idem.
5
A quem se destina o Módulo
A módula Introdução aos Estudos Linguísticos é constituído por
vários textos que apresentam diversos aspectos linguísticos nas
suas distintas dimensões. Ele destina-se à formação de estudantes
que tenham concluído a 12ª classe ou equivalente e inscritos no
Curso de Ensino Básico na modalidade de Ensino à Distância da
Universidade Pedagógica.
Avaliação
A avaliação é um instrumento muito importante para avaliar o nível
de compreensãodo aluno numa determinada actividade, pois só se
fica a saber dos rendimentos da mesma quando se controla e se
avalia os resultados.
6
testes escritos de carácter obrigatório; deverá, também, realizar um
trabalho (individual ou em grupo) para a atribuição de uma nota de
frequência semestral. A sua participação na plataforma electrónica
de aprendizagem (caso tenha acesso) será também avaliada
Exercício de auto-avaliação
7
Ícones de Actividades
[peneira]
[colher de pau com alimento
[enxada em actividade] para provar]
4. Exemplo/estudo de 5. Debate 6. Trabalho em grupo
caso
[Jogo Ntxuva]
[fogueira] [mãos unidas]
7. Tome nota/Atenção 8. Objectivos 9. Leitura
8
10. Reflexão 11. Tempo 12. Resumo
[sentados à volta da
fogueira]
[sol]
[embondeiro]
13. Terminologia 14. Video/Plataforma 15. Comentários
Glossário
[Dicionário] [computador]
[Balão de fala]
9
6. Trabalho em grupo –Para a sua realização há necessidade de
entreajuda, que se apoiem uns aos outros
7. Tome nota/Atenção – Chamada de atenção
8. Objectivos – orientação para organização do seu estudo e daquilo
que deverá aprender a fazer ou a fazer melhor
9. Leitura adicional – O livro indica que é necessário obter
informações adicionais através de livros ou outras fontes.
10. Reflexão – O embondeiro é robusto e forte. Indica um momento
para fortalecer as suas ideias, para construir o seu saber.
11. Tempo – O sol indica o tempo aproximado que deve dedicar á
realização de uma tarefa ou actividade, estudo de uma unidade ou
lição.
12. Resumo – Representado por pessoas sentadas à volta da fogueira
como é costume fazer-se para se contar histórias. É o momento de
sumarizar ou resumir aquilo que foi tratado na lição ou na unidade.
13. Terminologia/Glossário – Representado por um livro de consulta,
indica que se apresenta a terminologia importante nessa lição ou
então que se apresenta um Glossário com os termos mais
importantes.
14. Vídeo/Plataforma – O computador indica que existe um vídeo
para ser visto ou que existe uma actividade a ser realizada na
plataforma digital de ensino e aprendizagem.
15. Balão com texto – Indica que existem comentários para lhe ajudar
a verificar as suas respostas às actividades, exercícios e questões de
auto-avaliação.
10
Conteúdos
Introdução ao estudo da
Visão Geral do Módulo de
Linguística
Ícones de Actividades
UNIDADE
Lição n° 1:
Noções de Linguística
Pág. 12 - 36
11
Unidade 1: Introdução ao estudo da Linguística
Introdução
A linguagem é um dispositivo indispensável para a vida humana que
facilita a realização do processo de comunicação, troca de informações,
experiências, valores socioculturais, entre outras funções.
Objectivos da unidade
Ao completar esta unidade, você deve:
Possuir conhecimentos sobre o surgimento da linguística como
ciência, objecto de estudo, principais ramos, características da
linguagem humana;
12
Lição n° 1:
Noções de Linguística
Introdução
Prezado estudante, nesta primeira lição, poderá aprofundar, com o auxílio
deste texto, conhecimentos sobre o conceito Linguística, como é que
surge como ciência e o que determinou que alguns estudiosos se
interessassem por esta área de conhecimento. Para o efeito, leia e dialogue
com o texto, numa atitude de plena concentração, recomendando-se-lhe
que o faça num intervalo de tempo correspondente a 40 minutos, sendo 15
para leitura e 25 para a resolução de tarefas/exercícios. Leia o número de
vezes necessário para a compreensão das ideias básicas do texto.
13
Noções da Linguística
Aqui apresentam-se-lhe algumas ideias sobre a Linguística que você deve
ler, compreender e sobre elas reflectir. Então, acompanhe, de seguida, a
definição proposta por alguns autores.
Um outro aspecto que de certeza que você identificou na leitura que fez é
atinente ao seu objecto de estudo. Antes, porém, se coloca primeiro a
matéria da Linguística que constitui tudo aquilo que está no centro das
reflexões desta ciência.
Matéria da Linguística
Caro estudante, a seu ver, o que vai constituir a matéria de estudo
da Linguística?
14
Em síntese, pode-se dizer que a matéria de estudo da Linguística vai ser a
linguagem humana de todos os povos, de todas as épocas e de todas as
formas de realização.
15
artificiais são definidas à partida, enquanto nas línguas naturais há
activação de um potencial inscrito no código genético humano.
Se não concorda, tome como exemplo, alguém que fala abertamente, sem
receio de opinar, expressar o seu pensamento, sentimento, etc., é uma
pessoa extrovertida, simpática, relaciona-se facilmente com os outros, e,
pois é, adquire facilmente outras experiências. É verdade ou não?
Linguagem
Anteriormente, admitiu-se que o objecto de estudo da Linguística era a
linguagem humana. Após esta asserção, de certeza, a sua ansiedade
imediata, caro estudante, seja de saber o que é linguagem?
A resposta é simples:
16
A posse da linguagem ultrapassa os limites do próprio atributo e vai para
além, ela distingue os seres humanos dos outros animais, pois, só o
Homem possui a capacidade de linguagem.
Corroborando com Raposo, Faria op. cit (1996:12) acrescentam que “para
certos povos africanos, uma criança é uma coisa (kuntu) até ao momento
em que adquire uma língua, tornando-se, por esse facto, uma pessoa
(muntu)".
Breve historial
Como é que a linguagem se impõe e desperta interesse para alguns
estudiosos reflectirem sobre ela de forma científica?
17
linguagem, ou seja, muitos são os pensamentos comuns, mas com o uso
de linguagens diferentes.
Ramos da Linguística
A Linguística como ciência da linguagem subdivide-se em outras áreas,
isto deve-se à complexidade das línguas e das suas manifestações.
- Linguística histórica;
- Sociolinguística;
- Psicolinguística;
- Neurolinguística;
- Linguística descritiva;
-Linguística comparada.
Linguística histórica
É o ramo da linguística que estuda o desenvolvimento da língua e as
mudanças que ocorreram ao longo da sua história aos nossos tempos, o
que se pode chamar de estudosdiacrónicos. Na verdade, todas as línguas
evoluem com o passar do tempo, isto é, com o tempo elas ganham novas
estruturas que se distanciam cada vez mais das primeiras.
18
de ter havido uma evolução da mesma língua. (Mateus e Villalva,
2006:72)
Sociolinguística:
Na óptica de Mateus e Villalva (2006:87), é um ramo da linguística que se
ocupa dos usos da língua, tomando em consideração os factos sociais e
culturais que caracterizam uma dada comunidade de falantes.
Etnolinguística:
Estuda a relação entre a língua e a cultura, isto é, como é que na língua
estão reflectidos os valores culturais característicos de um povo - suas
crenças, sua religião, pensamentos, hábitos e costumes - e como é que
contribui para o conhecimento de um povo.
19
Psicolinguística:
A Psicolinguística trata de estudo das relações entre a linguagem, ou
funcionamento de uma língua particular, e os processos cognitivos que
estão na base da sua aquisição, produção e compreensão, (Mateus e
Villalva, 2006:89).
Neurolinguística:
Estuda os fenómenos biológicos da língua e os mecanismos do cérebro
que participam na aquisição e uso da língua, ou seja, na óptica das autoras
anteriormente evocadas (op.cit), a Neurolinguística estuda a memória, a
atenção e o conhecimento das áreas do cérebro ligadas ao processamento
e compreensão da fala e da escrita.
Linguística descritiva:
É um campo particular de pesquisa linguística que trata não da totalidade
das actividades da fala, mas das regularidades em certos traços fónicos.
20
Resumo da Lição
Na presente lição, você aprendeu que a Linguística é uma ciência que
estuda a linguagem humana.
21
Auto-avaliação
Caro estudante, avalie o nível de aprendizagem sobre o tema que
acabou de estudar resolvendo as questões que se seguem:
Chave decorreção
Muito bem!
22
Para si, seria relevante abordar questões da linguística no seu
curso? Explique-se.
Referências bibliográficas
CALLADO, J. A. Fundamentos de Linguística Geral. São Paulo,
Editora Cultrix, 1993.
23
Lição n° 2
Conceitos básicos da Linguística
Introdução
Depois do estudo feito na lição anterior que tinha como objectivo a
apresentação das noções básicas sobre a linguística, nesta lição,
apresentam-se os principais conceitos relacionados com a área da
Linguística e, sobre os quais, você deveráreflectir e analisar de forma
crítico-reflexiva e, ainda, aplicá-los devidamente em diferentes contextos
de manifestação linguística.
24
Língua
“É um sistema de meios de expressão oral e escrita de que dispõem todos
os membros duma comunidade.” (Guerra e Vieira, 1991:31)
Fala
Parafraseando Guerra e Vieira (1991:31), é a forma individual como cada
sujeito falante põe em prática os seus conhecimentos linguísticos no acto
de comunicação com os seus semelhantes que desempenham o papel de
ouvintes.
Ou seja:
Competência
É a capacidade que um indivíduo possui para compreender e produzir
correctamente os símbolos que representam determinada
realidade/conceito. Um indivíduo com competência linguística, dominará
todo um conjunto de códigos que lhe permitirão quer compreender a
mensagem, quer transmiti-la.
Exemplo:
25
Está correcto dizer: "O papá foi ao serviço". Porém, é errado dizer – "
serviço ao papá o foi".
Competência linguística
A Competência Linguística na óptica de Chomsky (1965) é a capacidade
que o falante tem de a partir de um número finito de regras, produzir um
número infinito de frases.
26
Competência comunicativa
Chamamos de competência comunicativa ao conhecimento das regras
socioculturais que permitem a utilização correcta duma língua.
Por exemplo, saber que se deve dizer: Mãe, precisa do seu livro? E não:
Mãe, precisas do teu livro?
Performance
Na óptica de Campos e Xavier (1991:2013), a performance “é o uso
efectivo da competência linguística”.
Sincronia e Diacronia
Para compreender a língua, Saussure divide os estudos linguísticos em
dois campos:
27
[...] cada língua constitui praticamente uma unidade de estudo e obriga-
nos, pela força das coisas, a considerá-la ora estática ora historicamente.
Apesar de tudo, não se deve esquecer que, em teoria, tal unidade é
superficial, enquanto a disparidade dos idiomas oculta uma unidade
profunda. Ainda que no estudo de uma língua a observação se aplique ora
a um aspecto ora a outro, é absolutamente necessário situar cada facto em
sua esfera e não confundir os métodos.
28
Resumo da Lição
Nesta lição apresentaram-se e definiram-se alguns principiais
conceitos da área da linguística, e espera-se que você tenha
capitalizado ao máximo a sua atenção para ler profundamente e
reflectir sobre os mesmos. Os conceitos propostos foram:Língua, Fala,
Competência, Competência linguística, Competência comunicativa,
Performance, Signo linguístico.
Auto-avaliação
Caro estudante, para avaliar o seu nível de aprendizagem sobre o
tema que acabou de estudar resolva as questões que se seguem:
Chave decorreção
Muito bem!
29
gramaticais da língua e, na comunicativa, respeita-se o conjunto de
princípios sócio-culturais ao qual depende o uso de uma língua. Por
seu turno, performance vai ser o uso correcto ou gramatical da língua
em situações concretas, isto é, a performance varia de um contexto
social para o outro.
Referências bibliográficas
CALLADO, J. A. Fundamentos de Linguística Geral. São Paulo,
Editora Cultrix, 1993.
30
Lição n° 3
"Estudo do signo linguístico"
Introdução
Na lição anterior, de certeza, você analisou profundamente alguns
conceitos relacionados com a linguística. Nesta, vai poder reflectir sobre o
signo linguístico, isto é, a relação entre o significado e o significante.
Para tal, sugere-se que estude esta lição num intervalo de tempo
correspondente a 40 minutos, sendo 10 minutos para leitura e 30 para a
resolução de tarefas/exercícios.
Terminologia
31
Signo linguístico
A concepção do signo linguístico na óptica de Saussure
O signo linguístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e
uma imagem acústica. Esta não é o som material, coisa puramente física,
mas a impressão (empreite) psíquica desse som, a representação que dele
nos dá o testemunho dos nossos sentidos; tal imagem é sensorial, e, se
chegamos a chamá-la “material”, é somente neste sentido, e por oposição
ao outro termo de associação, o conceito, geralmente mais abstracto. O
carácter psíquico de nossas imagens acústicas aparece claramente quando
observamos a nossa própria imagem. O signo linguístico é, pois, uma
entidade psíquica de duas faces. Chamamos signo a combinação do
conceito e da imagem acústica: mas, no uso corrente, esse termo designa
geralmente a imagem acústica apenas. A ideia da parte sensorial implica a
do total. O signo linguístico exibe duas características primordiais: a
arbitrariedade do signo e o carácter linear do significante. Na
arbitrariedade do signo, a ideia de “mar” não está ligada por relação
alguma interior à sequência de sons /m-a-r/ que lhe serve de significante;
poderia ser representada igualmente bem por outra sequência. Esse
princípio domina toda a linguística da língua, suas consequências são
inúmeras. Utilizou-se a palavra símbolo para designar o signo linguístico
ou, mais exactamente, o que chamamos de significante. Este tem como
característica não ser jamais completamente arbitrário; ele não está vazio,
existe um rudimento de vínculo natural entre o significante e o
significado. Com arbitrário, quer-se dizer que o significante é imotivado,
isto é, arbitrário em relação ao significado com o qual não tem nenhum
laço natural na realidade. No segundo princípio, o da linearidade do
significante, todo o mecanismo da língua depende dele, e é
demasiadamente simples, todavia, fundamental e suas consequências são
incalculáveis.
Saussure (1999:121)
32
muita facilidade. Ainda na tentativa de elucidar o pensamento de
Saussure, apresenta-se uma outra perspectiva que lhe possa aproximar da
síntese que se pretende que construa, a seguir:
Para que uma língua alcance os seus fins, é necessário que os membros de
uma comunidade, que partilhem as mesmas experiências colectivas,
concordem em atribuir a determinados conjuntos fónicos, produzidos em
certas situações, o poder de traduzir um determinado elemento da sua
experiência histórica. Deste contracto social, surge o que se pode designar
de signo, (Lopes, s/d: 41).
33
E sendo que “não há qualquer relação natural ou intrínseca entre o
significante e o significado, a sua ligação depende duma convenção”, o
signo linguístico é arbitrário, (Guerra e Vieira:1991:31)
Diz-se:
1. Banana em Português
2. Makobo em Ndau
4. EniKa em emácua
5. Mafigo em Sena
Deste exemplo, você pode entender que se o signo linguístico não fosse
arbitrário, por exemplo, o objecto representado na imagem teria o mesmo
significado em todas as línguas, isto é, usar-se-ia o mesmo
conceito/palavra para o designar
Resumo da Lição
Nesta lição, abordou-se a questão do signo linguístico. Tendo-se
referenciado que o Signo linguístico seria a relação que se estabelece
entre uma sequência de sons (palavra, conceito) e as realidades
incorporadas nas experiências vividas por cada comunidade falante de
uma determinada língua. Assim, o signo linguístico seria constituído
por dois elementos imprescindíveis - o significante e o significado. E
porque “não há qualquer relação natural entre o significante e o
significado, a sua ligação depende duma convenção”, o signo
linguístico é arbitrário
34
Auto-avaliação
Feito o estudo completo da lição, avalie o seu nível de
compreensão da matéria resolvendo as questões a seguir.
Chave de correção
Muito bem!
35
"Para que uma língua alcance os seus fins, é necessário que os
membros de uma comunidade, que partilham as mesmas
experiências colectivas, concordem em atribuir a determinados
conjuntos fónicos, produzidos em certas situações, o poder de
traduzir um determinado elemento da sua experiência
Exercício
histórica." Comente a afirmação tendo em conta o seu
contexto linguístico.
Referências bibliográficas
LOPES, Edward. Fundamentos da Linguística Contemporânea. São
Paulo, Editora Cultrix, s/d.
36
Conteúdos
Fonética e Fonologia
Unidade 2 Fonética e Fonologia
Lição n° 1
Fonética ................................................................
Breve historial ................................................................
UNIDADE
Aparelho fonador ................................................................
Os sons e as suas propriedades
articulatórias ................................................................
Classificação das vogais quanto à
posição do dorso e da raiz da língua ................................
Vogais orais e vogais nasais ................................
Classificação das consoantes do
português ................................................................
Lição n° 2
Fonologia ................................................................
Conceitos básicos da fonologia ................................
Distribuição complementar ................................
Relação entre língua e falante................................
Pág. 38 - 59
37
Unidade 2 Fonética e Fonologia
Introdução
Uma vez feita a breve introdução à Linguística na unidade anterior, nesta
far-se-á uma abordagem de aspectos relacionados com a língua, incidindo,
particularmente, sobre a área da Fonética, que é a dimensão mais simples,
e a Fonologia. Isto é, a língua é vista a partir de segmentos sonoros da fala
humana (os sons) e, também, poder-se-á reflectir sobre as regras que
regem a combinação ou associação de diversos segmentos sonoros para
formar sílabas ou palavras.
A mesma é constituída por duas lições, sendo que em cada lição seguir-
se-á a mesma estrutura que se tem usando.
Objectivos da unidade
Ao completar esta unidade, você deve:
Descrever as propriedades articulatórias dos sons da fala
humana;
Pronunciar e classificar devidamente os sons da fala humana;
Aplicar as regras fonológicas;
Distinguir os conceitos básicos da Fonologia.
Tempo
38
Lição n° 1
"Fonética: o som e as suas propriedades articulatórias"
Introdução
A Fonética apresenta-se como uma das áreas ou capítulos dos estudos
sobre a Linguística, podendo esta, inclusive, assumir estatuto de ciência.
Nesta lição serão abordados aspectos relativos aos sons produzidos na fala
humana, suas propriedades articulatórias, classificação e os ramos da
fonética.
Terminologia
39
Fonética
O termo fonética deriva de um adjectivo grego cujo significado é: “
relativo aos sons da linguagem”. Em termos muitos gerais, a Fonética é a
disciplina científica que se ocupa dos sons da fala humana, do modo como
esses sons são produzidos pelos locutores e como são percebidos pelos
ouvintes, (Faria et al, 1996:115).
Breve historial
A atenção dada à história das ciências justifica-se pela convicção de que
as teorias científicas representam um progresso na investigação dos
fenómenos, quer se trate de ciências humanas ou das ciências exactas.
Esta mesma convicção tem estado presente nos linguistas que consideram
que os resultados das pesquisas que se sucedem no tempo constituem um
avanço fundamental na compreensão da natureza da linguagem.
Contudo, não se quer com isto afirmar que antes desta época o estudo dos
sons das línguas fosse desconhecido ou se lhe não atribuísse importância.
40
A fonética, tradicionalmente, subdivide-se em quatro ramos distintos, a
saber:
Aparelho fonador
Os sons são produzidos pelo aparelho fonador constituído por vários
órgãos que participam na actividade da emissão dos sons da fala humana.
41
nasal, abertura rinofaringal, palato, faringe, traqueia, epiglote, cordas
vocais, laringe, pulmões, diafragma.
Vogais
Consoantes
Semivogais
42
Altas – o dorso da língua eleva-se em relação à sua posição neutra. Ex: [i],
[e], [u].
Baixas – o dorso da língua baixa em relação à sua posição neutra. Ex: [ԑ]
da forma verbal peso.
Não arredondadas – os lábios não tomam uma forma redonda. Ex: [a],
[α], [i], [α], [е].
43
Já no caso contrário, se o véu palatino estiver abaixado, uma parte do ar
será libertado pela cavidade nasal e as vogais produzidas serão nasais. Ex:
[ẽ] em pente; [ĩ] em sim; [õ] em bom; [ũ] em atum; [ᾶ] em banco
44
i) Oclusivas – quando há constrição total à passagem do fluxo de ar.
iv) Vibrantes- constrição parcial que provoca vibração da língua. Ex: [r],
[R].
45
Resumo da Lição
Ao longo desta lição, você pôde entender que a Fonética é uma área
ou capítulo da Linguística, podendo ser ainda tratada como ciência,
que estuda os sons da fala humana, analisando as suas diversas
propriedades articulatórias que, consequentemente, determinam as
diversas classificações.
Auto-avaliação
Para você avaliar o seu nível de compreensão sobre o tema que acabou
de estudar, resolva as questões que se seguem:
Chave decorreção
Muito bem!
46
da fala humana, desde a sua produção à percepção. O objecto de
estudo da fonética são os sons da fala humana.
47
Referências bibliográficas
MALMBERG, Bertyl. A fonética. Lisboa, Edição Livros do Brasil, s/d.
(trad. De La Phonétique, Paris, Presses Universitaires de France, 1954).
48
Lição n° 2
"Fonologia: conceitos básicos e regras fonológicas"
Introdução
Depois de ter estudado, na lição anterior, as características/propriedades
dos sons, segue-se a presente lição na qual você poderá entender como é
que os mesmos sons se organizam para a formação das primeiras
estruturas mais ou menos complexas - as palavras. Para esta lição se
sugere 60 minutos de estudo, sendo 20 minutos para a leitura e 40 para a
resolução de tarefas/exercícios.
Terminologia
49
Fonologia
Os sons da fala humana não se encontram isolados um do outro, ou seja,
para que funcionem como elementos aos quais se pode atribuir um sentido
- palavras ou frases, é necessário que entre si constituam um sistema
regido por um conjunto de princípio e regras que orientam a sua
combinação.
50
fonologia vai procurar explicar o funcionamento do sistema dos sons que
permitem a comunicação entre falantes da mesma língua.
Uma vez que a combinação dos sons não é feita duma forma arbitrária,
então a fonologia vai descrever o sistema de regras que regulam a
combinação de elementos finitos (os sons) para formar um número
infinito de significados.
Fonema
51
Exemplo1: nas palavras /casa/ e /caça/, são fonemas os sons [z] e [s]
porque são responsáveis em distinguir uma palavra da outra.
Exemplo 2: Nas palavras inglesas /fine/ que significa " bem de estado" e
/vine/ que significa vinho, os sons / f/ e /v/ são fonemas em inglês.
Pares mínimos
Ou por outra, sempre que duas formas (palavras) forem iguais em todos
os aspectos excepto num segmento sonoro que ocorra na mesma posição
da cadeia, as duas palavras denominam-se pares mínimos.
Alofone
52
Em forma de esquema pode analisar a seguir:
/s/
[s] [z] [ ʃ]
Distribuição complementar
Quando dois ou mais sons nunca ocorrem no mesmo contexto fonémico
diz-se que se encontram em distribuição complementar.
Variação livre
53
Já no que respeita ao conceito subsequente, propomos-lhe que reflicta
sobre a classe natural dos traços fonémicos.
Classe natural
Classe natural é aquela cujo número de traços que tem de ser determinado
para especificar essa classe é inferior ao número de traços necessários
para distinguir qualquer membro dessa classe. Por exemplo, /p, t, k/
podem ser especificados por dois traços [- contínuo; - sonoro].
Regra fonológica
i) Regra de assimilação
3
Pode ver outras regras fonológicas em Faria et all (199: 186-194).
54
Exemplo: pode-se tomar como exemplo a palavra pomba, a consoante
bilabial /b/ é modificado por causa da consoante nasal /m/.
55
respectivamente, em omitir ou acrescentar segmentos fonémicos
completos.
56
Resumo da Lição
Nesta lição abordou-se uma das áreas da Linguística, a fonologia. Esta
apresenta-se como aquela que se dedica ao estudo das regras através
das quais os sons da fala humana se organizam e combinam-se num
sistema linguístico que permite a comunicação entre falantes da
mesma língua.
Auto-avaliação
Caro estudante, avalie desde já o seu nível de aprendizagem sobre
a matéria que acabou de estudar resolvendo as questões que se
seguem:
57
Chave decorreção
Muito bem! Tem dúvidas quanto às respostas que deu?
2. Fone - na palavra vaso os segmentos /v/, /a/, /s/, /o/ são designados
de fones da mesma palavra.
Fonema - nas palavras bola e mola, os sons /b/ e /m/ são fonemas das
palavras apresentadas, pois, diferenciam uma palavra de outras.
/x/
58
A comunicação entre falantes duma mesma língua só é
possível quando se observa o uso das regras que orientam a
combinação dos sons para constituir palavras. Fundamente a
assumpção com base nos seguintes exemplos: mecânico/
mniecâco.
Exercício
Referências bibliográficas
MALMBERG, Bertyl. A fonética. Lisboa, Edição Livros do Brasil, s/d.
(trad. De La Phonétique, Paris, Presses Universitaires de France, 1954).
59
Conteúdos
"Morfologia e Sintaxe"
Unidade 3: Morfologia e Sintaxe
Lição n° 1
Morfologia ................................................................
Morfologia ................................................................
A dificuldade de definir o conceito
UNIDADE
"palavra" ................................................................
Lição n° 2
Constituintes imediatos da frase ................................
Frases gramaticais e agramaticais ................................
Estrutura interna da frase ................................
Pág. 61 - 84
60
Unidade 3: Morfologia e Sintaxe
Introdução
Depois de ter aprofundado, na segunda unidade, sobre a natureza das
unidade mais simples da língua, a terceira unidade é reservada a parte da
morfologia e a sintaxe, ou seja, os sons da fala humana organizam-se num
sistema que garante o exercício de comunicação entre falantes da mesma
língua, sendo que tais sistemas podem constituir-se em palavras e/ou
frases.
Objectivos da unidade
Ao completar esta unidade, você deve:
Conhecer a estrutura interna de palavras;
Definir a frase;
61
Lição n° 1
Morfologia
Introdução
Esta lição vai abordar questões ligadas à estrutura interna de palavra e aos
processos de formação de palavra. A palavra apresenta uma estrutura
constituída por vários elementos designadas por constituintes
morfológicos, como também existem processos que permitem que a partir
de palavras primitivas se gere outras que podem ser analisadas
isoladamente.
Definir palavra;
Para estudar esta lição, você dispõe de 60 minutos, dos quais 20 para a
leitura e 40 para a resolução de tarefas/exercícios.
Tempo
62
Morfologia, morfema, palavra, derivação e composição.
Terminologia
Morfologia
O termo morfologia não constitui um termo exclusivo da linguística: a
botânica, a zoologia ou a geografia são algumas outras ciências em que o
mesmo termo era usado. Aliás, " quando, no início do séc. XIX, começou
a ser utilizado, referia-se a qualquer análise cujo objecto fosse a forma."
(Faria et al, 1996: 2015). Veja a seguir como é o termo morfologia é
definido.
63
Sendo a palavra o elemento chave da Morfologia, siga, caro estudante, as
próximas linhas em que se define o termo palavra.
64
Radical (base) é o morfema livre ou unidade mínima da palavra a que se
agregam os afixos (prefixos ou sufixos); é a parte da palavra que existe
antes de se afixar um elemento flexional Nele estão as propriedades
nucleares da palavra, como a categoria sintáctica e o seu significado
básico.
65
Representação de palavra em árvore (ex. da palavra livros):
Palavras simples
66
Em forma de árvore pode-se representar da seguinte forma:
Palavra complexa
Neste caso, folha refere uma parte de uma planta e pluma uma pena de
ave e a terminação -agem transmite a noção de conjunto.
67
Em forma de árvore podemos ter:
Morfema
68
Em suma, morfema é a unidade mínima de análise de uma palavra; o
morfema tem que ter uma forma física, sentido ou função na língua. Os
morfemas participam na construção de significados nas palavras.
Tipos de morfema
69
Sintetizando, podemos dizer que os morfemas podem ser constituídos por
palavras, sufixos, prefixos, desinências.
Afixação
70
Infixo - Este ocorre no interior da palavra. Todavia, este tipo de afixo não
ocorrem com frequência na língua portuguesa.
prefixo
Sufixo
prefixo sufixo
71
d) - Derivação prefixal e sufixal: Quando a um radical se adjunta um
prefixo e um sufixo. A palavra formada por este processo pode perder um
dos afixos regista a sua ocorrência no léxico da língua.
Ex1:escovar-escova
Ex.2:Roubar-roubo
Composição
72
unem, sem a perda de nenhuma letra ou fonema, ou, ainda, acento
próprio. Elas são postas juntas, com ou sem hífen, e formam uma nova
palavra.
Resumo da Lição
Nesta lição vimos que Morfologia é o ramo da Linguística que se
dedica ao estudo da estrutura interna de palavras e do modo como essa
estrutura reflecte as relações entre palavras associadas de um modo
particular. Sendo o objecto de estudo da morfologia as palavras, estas
são definidas como estruturas ou unidades analisáveis em unidades
menores, como radical e afixos, a que se dá o nome de constituintes
morfológicos e, podem ser demonstrados na árvore da palavra. Por
isso, pode-se dizer que a estrutura interna da palavra é composta por
radical e afixos.
Ainda nesta lição vimos que a palavra pode ser simples e complexa,
isto em função do número de radicais que se podem encontrar em cada
palavra e de serem ou não divisíveis em unidades com ou sem
73
significado. Sendo, assim, simples as palavras que tiverem na sua
estrutura interna apenas um radical, não são segmentáveis em outras
unidades menores que tenha significado. Todavia, complexas as que
tiverem mais do que um radical e são divisíveis em outras unidades
menores capazes de gerar novas palavras.
Auto-avaliação
Feito o estudo completo da lição, avalie o seu nível de
compreensão da matéria resolvendo as questões a seguir.
74
Chave decorreção
Muito bem!
Palavra
/ clam / /o/ / r/
75
Apodrecer - Derivada por parassíntese (a+podr+ecer).
Referências bibliográficas
CRYSTAL, D. A Linguística. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1991.
76
Lição n° 2
"Sintaxe: a frase e seus constituintes essenciais"
Introdução
Depois de termos reflectido sobre a morfologia na unidade anterior, nesta,
teremos uma ocasião especial para abordar a sintaxe, na qual poderemos
reflectir sobre a frase no que respeita aos constituintes imediatos e sua
estrutura interna.
Tempo
Terminologia
77
Para começarmos, ao mesmo tempo que introduzimos o estudante dentro
da abordagem sobre a sintaxe, apresentamos a definição deste conceito na
óptica de alguns autores.
Frase
78
c) Frase é uma cadeia de palavras gramaticalmente completa e que
expressa uma ideia completa. Ex.: O Manuel foi visitar a avó que mora
sozinha.
79
Grupo adjectival: tem como núcleo - um adjectivo (conheci uma
rapariga inteligente ADJ. Conheci uma rapariga interessada em
várias áreas ADJ e Complemento);
Grupo verbal: cujo núcleo é um verbo (acordei! Comecei a
acordar);
Grupo preposicional: com o núcleo uma preposição (gosto de
cães pequenos. Vou gostar de animais para sempre);
Grupo adverbial: com o núcleo um advérbio (Normalmente saio
à noite. A noite correu bastante mal).
80
Estrutura interna da frase
Na perspectiva de Cunha e Cintra (2002:122) ao falarmos da estrutura
interna das frases olhamos para os elementos que se interligam para a
construção da frase. Assim, encontramos:
Sujeito – É o ser sobre o qual se faz uma declaração. Ex: O lápis (sujeito)
caiu.
Mas, nesta frase, os elementos que nos dão informação sobre o onde?
Como? A que horas? não são de selecção obrigatória, isto é, são
opcionais, com ou sem eles a frase preserva a sua estrutura gramatical -
tem sentido.
81
Resumo da Lição
Ao longo desta lição destacamos a frase como o objecto de estudo da
sintaxe. Vimos também que uma das características da frase é ter
sentido completo: Ele comeu o pão.
Auto-avaliação
Depois de ter estudado a lição, avalie o seu nível de compreensão
da matéria resolvendo as questões a seguir.
82
Chave decorreção
Muito bem! Tem dúvidas quanto às respostas que deu?
Sujeito Predicado
Exercício de aprofundamento
83
Referências bibliográficas
CHOMSKY, Noam. Aspectos da Teoria da Sintaxe. 2ª ed., Arménio
Amado Editor, ( Trad. ed. original , 1965).
84
Conteúdos
Semântica e Pragmática
Unidade 4: Semântica e Pragmática
Lição n° 1
Semântica
Semântica ................................................................
UNIDADE
Subáreas da semântica ................................
Significado e significante ................................
Relações semânticas entre palavras ................................
Relação entre língua e sociedade ................................
A variação linguística ................................
Diferenças entre Pidgin e Crioulo ................................
Relação entre língua e falante................................
Lição n° 2
Pág. 86 - 103
85
Unidade 1: Título da Unidade
Introdução
Na unidade anterior você estudou a morfologia e sintaxe, ou seja, a
palavra e a frase. Nesta, convidamo-lo, mais uma vez, a acompanhar
activamente o desenvolvimento dos conteúdos reservado à mesma.
Objectivos da unidade
Ao completar esta unidade, você deve:
Usar as palavras de acordo com o seu sentido;
86
Lição n° 1
Semântica
Introdução
Lembre-se, caro estudante, de que nas sessões anteriores demostrou-se
que a palavra constitui um átomo sintáctico analisável em unidades
menores designadas constituintes morfológicos. Ao referirmos que a
palavra é um átomo sintáctico é que esta pode-se combinar com outras
para formar uma estrutura mais complexa que designamos frase, aliás,
vimos também que a frase se pode reduzir a uma simples palavra (frase
elíptica).
Assim, esta autonomia que a palavra tem de poder, por si, constituir uma
frase justifica-se pelo facto de a mesma ser uma unidade semântica, ou
seja, uma unidade que, enquadrada num contexto comunicativo, tem
sentido/significado.
87
O tempo proposto para o estudo desta lição é de 30 minutos para a
leitura e 60 para a resolução de tarefas/exercícios.
Tempo
Terminologia
Semântica
A semântica é entendida como a "área da linguística que estuda o
significado dos constituintes da língua", (Ribeiro et al., 2010:263).
Subáreas da semântica
A semântica subdivide-se em duas principais áreas, a saber:
88
b) - Semântica lexical: intimamente relacionada com o léxico, trata
sobretudo da significação das palavras e das relações semânticas entre as
unidades lexicais.
Significado e significante
Quem sabe uma língua é capaz de entender o que lhe é dito e produzir
sequências de palavras com significado que se vão constituir num texto
comunicativo.
89
Relações semânticas entre palavras
As relações semânticas entre as palavras podem ser analisadas em três
grandes vertentes:
a) De semelhança/ Oposição
Ex: esta rosa é linda; esta rosa é bonita; avaro/ avarento; beiço/lábio;
cara/rosto
b) De hierarquia
90
Ex: Flor (hiperónimo) de rosa, cravo, hortência e outros hipónimos.
c) De parte-todo
91
Relação entre língua e sociedade
Desde os estudos feitos acerca da linguagem procurou-se resposta
para entender a relação entre a linguagem e a sociedade, sendo estes
dois elementos interligados, pois, em qualquer período o Homem
sempre procurou uma forma de se comunicar (escrita ou oralmente).
A variação linguística
A língua varia no tempo e no espaço, e a localização geográfica das
comunidades (factor geográfico); o contacto entre línguas diferentes,
aspectos culturais de cada comunidade, o estatuto social dos falantes
(factor político-social), entre outros, apresentam-se como factores
determinantes para a variação linguística.
92
alguma forma, o individualizam. Em outras palavras, é o uso
particular ou característico duma língua pelo falante.
Para que nasça pidgin é necessário que haja condições como: contacto
de falantes de línguas diferentes; necessidade de contactos imediatos.
93
Depois, este género de língua foi falado por crioulos nas zonas das
Caraíbas, América Ocidental.
Outros conceitos:
94
• Qualquer língua aprendida após a língua primeira em situação
cronológica;
• Aquela cuja competência temos em detrimento da língua dominada
em primeira mão.
95
fenómenos:
Resumo da Lição
Como aspectos destacáveis desta lição, importa referir que a
semântica, como uma área da linguística que tem por objecto de
estudo o significado das palavras duma determinada língua,
subdivide-se em duas principais subáreas, a estrutural e a lexical. E,
sobre a subárea lexical que constituiu o foco principal desta secção,
vimos que as palavras se relacionam tendo em conta 3 vertentes -
semelhança/oposição; hierarquia; parte/todo.
Auto-avaliação
Feito o estudo completo da lição, avalie o seu nível de
aprendizagem da matéria resolvendo as questões a seguir.
96
Extrovertido/introvertido.
Chave decorreção
Agora compare as suas respostas com as linhas de correcção que
se seguem:
97
98
Referências bibliográficas
MUSSALIN, F. e BENTES, Anna C. (ogrs.) Introdução à Linguística:
domínios e fronteiras. Volumes 1 e 2, São Paulo, Cortez editora, 2001.
99
Lição n° 2
Pragmática – usos da língua
Introdução
Depois da apresentação do tema relativo à semântica na lição anterior,
nesta, apresentaremos a pragmática. Caro estudante, o uso duma
determinada língua pelo falante, no acto comunicativo, é caracterizado
por um conjunto de elementos envolvidos.
Como é óbvio, para além da própria língua usada estar ligada ao contexto
e os utentes, cada um destes elementos tem as suas características.
Por isso gostaríamos, na presente lição, de demonstrar a correspondência
e a pertinência destes elementos no acto comunicativo.
Terminologia
100
A Pragmática
“É o ramo da linguística que estuda as relações dos signos com os seus
utilizadores ou intérpretes em contextos reais. Consiste na análise das
relações existentes entre as formas linguísticas e os participantes no
processo comunicativo num contexto de interacção”, (Ribeiro e tal,
2010:275).
101
Enunciador: É a pessoa com identidade psicossocial específica, que
escreve no discurso a sua subjectividade, a sua perspectiva intelectual,
emocional e axiológica do mundo.
102
O enunciado e o contexto
Enunciado
Contexto
Resumo da Lição
Na lição anterior destacámos a questão de, no contexto de
comunicação, em que se verifica o uso de uma dada língua, estarem
envolvidos vários elementos de que depende a comunicação. Nesta
senda, sublinhámos os elementos como: enunciado, utente e contexto.
103
Auto-avaliação
Feito o estudo completo da lição, segue-se a fase de avaliar o seu
nível de aprendizagem da matéria resolvendo as questões a
seguir.
1. Defina Pragmática.
2. Que relação existe entre o enunciado e o contexto?
Chave decorreção
Agora compare as suas respostas com as linhas de correcção que
se seguem:
104
Referências bibliográficas
CALLADO, J. A. Fundamentos de Linguística Geral. São Paulo,
Editora Cultrix, 1993.
105
Conteúdos
Aquisição de Linguagem
Unidade 5: Aquisição da Linguagem
Lição n° 1
Aquisição de linguagem
Processos de apropriação da
UNIDADE
linguagem humana................................................................
Aquisição da linguagem ................................
Teorias de aquisição da linguagem................................
I. Teoria Behaviourista ou Teoria do
E-R-R ................................................................
II. Teoria Inatista ou Teoria Mentalista ................................
III. Teoria Cognitivista ................................
Lição n° 2
A linguagem e o cérebro
A linguagem e o cérebro................................
Onde se situa o dispositivo da
linguagem? ................................................................
Mecanismos cerebrais para a produção
da linguagem ................................................................
Fases de aquisição da linguagem ................................
106
Unidade 5: Aquisição da Linguagem
Introdução
A unidade finda abordava questões inerentes ao significado das palavras
ou expressões de língua e a relação entre o enunciado e os seus utentes. A
quinta unidade foi desenhada para trazer algumas bases teóricas e
explicativas sobre a aquisição da linguagem pelo Homem.
Objectivos da unidade
Ao completar esta unidade, você deve:
Conhecer e descrever as teorias de aquisição da linguagem;
107
Lição n° 1
Aquisição de linguagem
Introdução
A presente lição está reservada à reflexão sobre os principais processos
através dos quais o Homem se apropria da linguagem, as teorias que
explicam o processo de aquisição da linguagem, com destaque para os
seus mentores, os fundamentos que cada teorizador apresenta, limites de
cada uma das teorias.
Ainda sobre esta lição, espera-se que você aprofunde cada tópico que
a compõe. Para tal, propõe-se-lhe 90 minutos para o estudo desta
lição, sendo 30 para a leitura e 60 para a resolução de
Tempo
tarefas/exercícios.
Terminologia
108
Processos de apropriação da linguagem humana
Já referenciamos, anteriormente, que para se apropriar da linguagem o
Homem reconhece dois grandes processos, as saber: aquisição e
aprendizagem.
Aquisição da linguagem
Segundo Xavier e Mateus (1992:49), a aquisição da linguagem é o
processo através do qual o indivíduo aprende a sua língua materna L1,
adquirindo as regras de funcionamento dessa língua por simples
exposição natural, a sua utilização no contexto comunicacional em
que está inserido.
109
seja, natural através do convívio quotidiano motivado pela
necessidade de se comunicar.
110
• Ignoram o papel da mente da criança no processo da aquisição da
linguagem.
111
Os mentalistas não deram a importância devida à interacção verbal e
ao contexto, valorizados, a posterior, pela Psicologia comunicativa.
Negligenciaram a semântica (significação) e a pragmática (funções da
linguagem). Consideram que até aos cinco anos é idade básica para
adquirir a linguagem, não dá importância à fase posterior, a da
adolescência, em que o falante aprende a lidar com a abstracção. E
não explora, com rigor, a relação entre a linguagem e a cognição.
112
Estudos Intra e interlinguísticos (Cross linguistics studies)
113
Resumo da Lição
Ao longo da lição que acabámos de apresentar vimos que os processos
de aquisição e aprendizagem se distinguem um do outro. Na mesma
lição, constatámos que foram vários autores que se empregaram ao
estudo sobre como é que o Homem detém a linguagem que o
caracteriza, onde destacámos as teorias: inatista, behaviorista,
congnitivista, defendendo, cada uma o seu posicionamento.
Auto-avaliação
Feito o estudo completo da lição, avalie o seu nível de
compreensão da matéria resolvendo as questões a seguir.
114
Chave decorreção
Muito bem! Tem dúvidas quanto às respostas que deu?
115
Referências bibliográficas
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de Linguística. 9ª Ed., São Paulo,
Cultrix, 1993.
1991.
116
Lição n° 2
A linguagem e o cérebro
Introdução
Reflectiu, na lição anterior, sobre o processo de aquisição da linguagem
pelo Homem. Desde já, estude com objectividade a lição cujo objecto é a
relação entre a linguagem e o cérebro.
117
. Para aprofundar esta lição, você dispõe-se de 30 minutos de leitura e
60 de resolução de tarefas/exercícios.
Tempo
.
Terminologia
118
A linguagem e o cérebro
O estudo que se ocupa dos fundamentos biológicos da linguagem e
dos mecanismos do cérebro que estão na base da sua aquisição e uso
denomina-se Neurolinguística.
119
meio, pelo corpo caloso: é esta via que permite a comunicação entre
os “dois cérebros”.
120
As instruções motoras centrais são enviadas ao sistema periférico,
que, por sua vez, activa os mecanismos de produção. Das estruturas
anatómicas que participam na produção da fala a nível periférico
destacam-se os pulmões, a laringe, a faringe e as fossas nasais. A
actividade motora da laringe e das estruturas supra laríngeas do
falante opera sobre o ar que é expirado dos pulmões. Daí, resultam
pequenas variações de pressão (sinais acústicos) que se propagam no
ar - ambiente, sob a forma de ondas, transportando a informação
linguística do locutor de uma forma altamente codificada.
121
(Extraído em Carla Ataíde. Maciel, 1998)
1. Fase do balbúcio
2. Fase holofrástica
122
“palavras”.
123
Resumo da Lição
Em forma de sumário, importa realçar que existe uma relação entre a
linguagem e o cérebro humano, pois, é no cérebro onde ocorrem todos
os mecanismos que visam a aquisição, compreensão e produção da
linguagem. Por exemplo, ao longo do seu desenvolvimento, a criança
passa por distintas fases de aquisição da linguagem, sendo elas a fase
de balbúcio, holofrástica; fase de duas palavras; fase do telégrafo para
o infinito.
Auto-avaliação
Feito o estudo completo da lição, verifique o seu nível de
apreensão da matéria resolvendo as questões que se seguem.
124
Chave decorreção
Muito bem!
Exercício A questão apresentada como outras sobre esta lição pode ser
125
aprofunda através da consulta da bibliografia a seguir
apresentada.
Referências bibliográficas
DUBOIS, Jean et al. Dicionário de Linguística. 9ª Ed., São Paulo,
Cultrix, 1993.
1991.
126
Conteúdos
Língua e Sociedade
Unidade VI: Língua e Sociedade
Lição n° 1
UNIDADE
A variação linguística ................................
Diferenças entre Pidgin e Crioulo ................................
Relação entre língua e falante................................
Lição n° 2
Referências Geral
127
Unidade VI: Língua e Sociedade
Introdução
Depois da unidade sobre a aquisição da linguagem, a presente unidade
está reservada à abordagem da relação existente entre a língua e a
sociedade-falante; variação linguística; reflexão sobre alguns conceitos
relacionados com a variação linguística. Ainda nesta unidade, apresentar-
se-á alguns elementos didáctico-metodológicos a serem considerados no
ensino de línguas, para além da relação entre a língua e o falante/utente.
Objectivos da unidade
Ao completar esta unidade, você deve:
Saber sobre a relação entre a língua e a sociedade;
128
Lição n° 1
Relação língua - sociedade e variação linguística
Introdução
Nesta parte da VI unidade correspondente a 1ª lição, convidamo-lo,
prezado estudante, a mergulhar numa reflexão profunda sobre a relação
língua - sociedade. Isto é, como é que a língua se comporta perante os
seus utentes e como é que eles a utilizam.
Tempo
129
Língua; variação linguística; dialecto; sociolecto; idiolecto; pidgin;
crioulo; língua primeira; língua segunda; língua franca; língua
padrão; língua estrangeira; variação intralinguística; varação
interlinguística; monolinguismo; bilinguismo; multilinguismo
Terminologia
130
Relação entre língua e sociedade
Desde os estudos feitos acerca da linguagem procurou-se resposta
para entender a relação entre a linguagem e a sociedade, sendo estes
dois elementos interligados, pois, em qualquer período o Homem
sempre procurou uma forma de se comunicar (escrita ou oralmente).
A variação linguística
A língua varia no tempo e no espaço, e a localização geográfica das
comunidades (factor geográfico); o contacto entre línguas diferentes,
aspectos culturais de cada comunidade, o estatuto social dos falantes
(factor político-social), entre outros, apresentam-se como factores
determinantes para a variação linguística.
131
alguma forma, o individualizam. Em outras palavras, é o uso
particular ou característico duma língua pelo falante.
Para que nasça pidgin é necessário que haja condições como: contacto
de falantes de línguas diferentes; necessidade de contactos imediatos.
132
Depois, este género de língua foi falado por crioulos nas zonas das
Caraíbas, América Ocidental.
Outros conceitos:
133
• Qualquer língua aprendida após a língua primeira em situação
cronológica;
• Aquela cuja competência temos em detrimento da língua dominada
em primeira mão.
134
fenómenos:
Resumo da Lição
Nesta lição vimos que a língua e a sociedade constituem dois
elementos que pela sua génese se interconectam, na medida em que a
língua surge com a sociedade como instrumento de comunicação. Daí
que se diz que não há língua sem sociedade e nem existe sociedade
sem língua.
135
Auto-avaliação
Caro estudante, feito o estudo completo da lição, faça uma auto
avaliação do seu nível de aprendizagem da matéria resolvendo
as questões a seguir.
Chave decorreção
Agora compare as suas respostas com as linhas de correcção que se
seguem:
136
Referências bibliográficas
GARMADI, Juliette. Introdução à Sociolinguística. Lisboa,
Publicações Dom Quixote, 1989.
137
Lição n° 2
Factores que influenciam o ensino/aprendizagem de línguas
Introdução
Depois da reflexão sobre a relação entre língua e a sociedade na qual ela é
utilizada, isto na lição anterior, nesta são analisados alguns factores que
influencia o ensino-aprendizagem de línguas.
Tempo
Terminologia
138
Relação entre língua e sociedade
Desde os estudos feitos acerca da linguagem procurou-se resposta
para entender a relação entre a linguagem e a sociedade, sendo estes
dois elementos interligados, pois, em qualquer período o Homem
sempre procurou uma forma de se comunicar (escrita ou oralmente).
A variação linguística
A língua varia no tempo e no espaço, e a localização geográfica das
comunidades (factor geográfico); o contacto entre línguas diferentes,
aspectos culturais de cada comunidade, o estatuto social dos falantes
(factor político-social), entre outros, apresentam-se como factores
determinantes para a variação linguística.
139
alguma forma, o individualizam. Em outras palavras, é o uso
particular ou característico duma língua pelo falante.
Para que nasça pidgin é necessário que haja condições como: contacto
de falantes de línguas diferentes; necessidade de contactos imediatos.
140
Depois, este género de língua foi falado por crioulos nas zonas das
Caraíbas, América Ocidental.
Outros conceitos:
141
• Qualquer língua aprendida após a língua primeira em situação
cronológica;
• Aquela cuja competência temos em detrimento da língua dominada
em primeira mão.
142
fenómenos:
Resumo da Lição
Nesta lição vimos que a língua e a sociedade constituem dois
elementos que pela sua génese se interconectam, na medida em que a
língua surge com a sociedade como instrumento de comunicação. Daí
que se diz que não há língua sem sociedade e nem existe sociedade
sem língua.
143
Auto-avaliação
Caro estudante, feito o estudo completo da lição, faça uma auto
avaliação do seu nível de aprendizagem da matéria resolvendo
as questões a seguir.
Chave decorreção
Agora compare as suas respostas com as linhas de correcção que se
seguem:
144
Referências bibliográficas
GARMADI, Juliette. Introdução à Sociolinguística. Lisboa,
Publicações Dom Quixote, 1989.
145
Referências Geral
CAMPOS, M. H. C. e XAVIER, M. F. Sintaxe e Semântica do
Português. Lisboa, Universidade Aberta, 1991.
146
LOPES, Edward. Fundamentos da Linguística Contemporânea. São
Paulo, Editora Cultrix, s/d.
147
1999.
148