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Psicologia Geral

Ensino à Distância

Universidade Pedagógica
Rua Comandante Augusto Cardoso n˚ 135
Direitos de autor
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade de reprodução
deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus autores.

Universidade Pedagógica

Rua Comandante Augusto Cardoso, nº 135


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Agradecimentos

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na


produção dos Módulos.

Ao Instituto Nadional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em


todo o processo.
Ficha Técnica

Autores: - Jaime da Costa Alípio

- Manuel Magiricão Vale

Desenho Instrucional: Teresa Miguel Enós Jamal-Dine

Ilustração: Eugénio David Langa

Revisão Linguistica: Ernesto Júnior

Maquetização: Eugénio David Langa

Edição: Anilda Ibrahimo Khan


Psicologia Geral: Ensino à Distância i

Índice

Visão geral 1

Bem-Vindo ao módulo de Psicologia Geral ...............................................................................................................1


Objectivos do curso .....................................................................................................................................................2
Quem deve estudar este módulo?................................................................................................................................3
Como está estruturado este módulo?...........................................................................................................................3
Ícones de actividade.....................................................................................................................................................4
Habilidades de estudo..................................................................................................................................................6
Precisa de apoio? .........................................................................................................................................................6
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)...........................................................................................................................7
Avaliação .....................................................................................................................................................................8

Unidade I 9

SURGIMENTO DA PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA ............................................................................................9


Introdução................................................................................................................ 9

Lição nº 1 11

Conceito, Objecto, Objectivos e Métodos da Psicologia..........................................................................................11


Conceito de Psicologia .......................................................................................... 11

Lição nº 2 14

Objecto e Objectivos da Psicologia...........................................................................................................................14

Lição nº 3 22

Os Métodos da Psicologia .........................................................................................................................................22


Sumário......................................................................................................................................................................27
Exercícios...................................................................................................................................................................27

Unidade II 28

PSICOFISIOLOGIA .................................................................................................................................................28
Introdução.............................................................................................................. 28
ii Índice

Lição nº 1 30

A Evolução Filogenética do Psiquismo ....................................................................................................................30


A vida vegetativa .......................................................................................................................................................30

Lição nº 2 35

As Bases Anatómicas e Fisiológicas da Conduta .....................................................................................................35

Lição nº 3 41

Ligação entre o neurónio e o sistema nervoso ..........................................................................................................41


Sumário......................................................................................................................................................................46
Exercícios...................................................................................................................................................................47

Unidade III 48

PSICOLOGIA EVOLUTIVA E DE DESENVOLVIMENTO................................................................................48


Introdução.............................................................................................................. 48

Lição nº 1 51

Desenvolvimento Humano ........................................................................................................................................51

Lição nº 2 56

O Desenvolvimento Motor da Criança .....................................................................................................................56

Lição nº 3 60

O Desenvolvimento na Adolescência .......................................................................................................................60


Exercícios...................................................................................................................................................................62

Unidade IV 67

PEOCESSOS PSÍQUICOS COGNITIVOS .............................................................................................................67


Introdução.............................................................................................................. 67
Psicologia Geral: Ensino à Distância iii

Lição nº 1 70

As sensações ..............................................................................................................................................................70

Lição nº 2 74

Memória.....................................................................................................................................................................74

Lição nº 3 79

Pertubação da memória .............................................................................................................................................79

Lição nº 4 83

A atenção e percepção ...............................................................................................................................................83

Lição nº 5 89

Tipos de percepção ....................................................................................................................................................89


Sumário......................................................................................................................................................................94

Lição nº 6 95

A relação entre a percepção e a sensação .................................................................................................................95

Lição nº 7 99

Como as informações sobre o meio são processadas ...............................................................................................99

Lição nº 8 105

O processo da Informação no cérebro.....................................................................................................................105


Introdução............................................................................................................ 115
iv Índice

Unidade V 116

PENSAMENTO E LINGUAGEM .........................................................................................................................116

Lição nº 2 118

Conceito de pensamento..........................................................................................................................................118

Lição nº 2 123

Tipos de pensamento ...............................................................................................................................................123

Lição nº 3 127

Linguagem ...............................................................................................................................................................127
Sumário....................................................................................................................................................................131
Exercícios.................................................................................................................................................................132
Sumário....................................................................................................................................................................134
Exercícios.................................................................................................................................................................134

Unidade VI 135

PERSONALIDADE ................................................................................................................................................135
Introdução............................................................................................................ 135
Psicologia Geral: Ensino à Distância v

Lição nº 1 137

Conceito de personalidade.......................................................................................................................................137

Lição nº 2 142

Teorias de personalidade .........................................................................................................................................142

Lição nº 3 147

Teorias neufreudianas..............................................................................................................................................147

Lição nº 4 152

Teorias Disposicionais ou Traços da Personalidade...............................................................................................152

Lição nº 5 156

Teoria behaviorista da personalidade......................................................................................................................156

Lição nº 6 159

Factores que influenciam o desenvonvimento da personalidade ...........................................................................159

Lição nº 7 164

Formas instrumentos utilizados na mensuração da personalidade .........................................................................164


Sumário....................................................................................................................................................................170
Exercícios.................................................................................................................................................................172

Unidade VII 173

BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................................................................173
Psicologia Geral: Ensino à Distância 1

Visão geral

Bem-Vindo ao módulo de
Psicologia Geral

Este módulo é constituído por cinco unidades nomeadamente:

ƒ Unidade I que se debruça fundamentalmente do surgimento da


Psicologia como ciência partindo das idéias dos grandes filósofos da
Grécia antiga que deram o seu contributo para que esta se tornasse, de
facto, ciência do comportamento e das actividades mentais;

ƒ Unidade II, que trata dos aspectos relacionados com o desenvolvimento


do psiquismo e da consciência humana, explorando as bases biológicas
do comportamento e aproximando a Psicologia da Fisiologia humana e
da Genética;

ƒ Unidade III, a qual foca a sua atenção sobre os processos cognitivos


nomeadamente a sensação, percepção, memória, pensamento e
linguagem. Estes processos permitem conhecer o mundo que nos
rodeia através dos órgãos dos sentidos e reflexão sobre os fenómenos
e objectos;

ƒ Unidade IV, que descreve as bases do desenvolvimento humano tendo


em conta os diversos factores que o influenciam discutindo-os com
base nas teorias dos diversos psicólogos que se debruçaram sobre esta
matéria e, finalmente;

ƒ Unidade V, que descreve aspectos fundamentais da personalidade e


seu desenvolvimento baseando nas teorias de eminentes psicólogos
que discutiram esta matéria;

ƒ Uniddae VI, apresentamos a bibliografia que foi usada neste trabalho.

ƒ Tempo total de estudo: 20.h 00 min. (aproxim.)


2 Visão geral

Cada uma destas unidades apresenta uma introdução na qual se destacam:

1 Visão geral da unidade;


2 Objectivos;
3 Conteúdos principais a serem tratados nesta mesma unidade;
4 Tarefas a serem executadas pelo formando ;
5 Recursos de apoio para estudar a unidade;
6 Duração em termos de tempo que irá necessitar para estudar a
unidade;
7 Referência do material que irá necessitar para aprofundar os
conhecimentos e;
8 Metodologia de estudo de cada unidade.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo deste módulo- Psicologia Geral será capaz de:

ƒ Definir os principais conceitos em Psicologia


ƒ Compreender a importância da Psicologia no processo de ensino-
aprendizagem;
ƒ Reconhecer as relações existentes entre a Psicologia e outras
Objectivos disciplinas;
ƒ Identificar e caracterizar os processos psíquicos;
ƒ Relacionar os diversos saberes adquiridos em cada unidade;
ƒ Explicar as diversas teorias dos fenómenos psicológicos.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 3

Quem deve estudar este módulo?


Este módulo destina-se à formação de professores em exercício que
possuem a 12a classe ou equivalente e inscritos no Curso à Distância,
fornecido pela Universidade Pedagógica.

Como está estruturado este


módulo?
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagógica
encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

ƒ Um índice completo.

ƒ Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-


chave que você precisa conhecer para completar o estudo. Recomendamos
vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma introdução,


objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de
aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-
avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista de


recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir livros,
fichas, artigos ou sites na internet.
4 Visão geral

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as
tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos encontram-
se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários sobre a
estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários serão úteis para
nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo de
aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova
actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.

Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para


efeitos de testagem deste modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas
foi-lhes dada uma sombra amarela para os distinguir dos originais).

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretamos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste curso / módulo.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 5

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”
(excelência/
autenticidade)

Actividade Auto-avaliação Avaliação / Exemplo /


Teste Estudo de caso

Paz/harmonia Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou


humanas preocupação transformo a minha
Debate vida”
Actividade de
Tome Nota!
grupo Objectivos

[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria” Apoio /


me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

Terminologia
Leitura (fortitude / Dica
preparação)

Reflexão
6 Visão geral

Habilidades de estudo

Caro estudante!

Para frequentar com sucesso este módulo terá que buscar através de uma
leitura cuidadosa das fontes de consulta a maior parte da informação
ligada ao assunto abordado. Para o efeito, no fim de cada unidade
apresenta-se uma sugestão de livros para leitura complementar.

Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, o estudante deve


certificar-se de ter compreendido a questão colocada;

É importante questionar se as informações colhidas na literatura são


relevantes para a abordagem do assunto ou resolução de problemas;

Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das ideias


apresentadas no texto.

Desejamos-lhe muitos sucessos!

Precisa de apoio?
Para estudar esta disciplina deve obedecer as seguintes recomendações:

1 Aprofundar os conhecimentos das unidades consultando o seu tutor


(através de mecanismos estabelecidos), colegas, bibliografia
recomendada disponível e sites especializados na internet;

2 Estudar a disciplina obedecendo a sequência das unidades;


3 Realizar as tarefas ou actividades recomendas;
4 Só poderá passar para unidade seguinte depois de certificar se
compreendeu a unidade em estudo mediante uma avaliação;

5 Observar o tempo alocado para cada unidade e exercícios;


6 Conservar os materiais à disposição.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 7

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
No final de cada unidade, encontrará testes de auto-avaliação os quais deverá
responder cuidadosamente e comparar as suas respostas com guião de
correcção que se encontra no fim do módulo. Os testes são de autoria dos
autores deste módulo porém no caso de testes adaptados indicar-se-á a fonte
dos mesmos. Deverá ter cuidado na utilização de ideias ou conceitos de outros
autores. Neste caso deve se preocupar em primeiro lugar mencionar a fonte
destas mesmas ideias.

As tarefas de auto avalição serão as seguintes:

1 Exercícios de auto-avalição;

O formando deverá realizar no fim de cada unidade um teste que encontra em


anexo.

2 Pequenas experiências;

Ver as recomendações necessárias, reunir os materiais recomendados e realizar


as experiências.

3 Estudo em grupo e individual;

Deve priorizar sempre que necessário a discussão com os colegas e aprofundar


a matéria individualmente.

4 Apresentação de dúvidas ao tutor;

Sempre que tiver dúvida consultar o tutor

5 Apresentação e discussão de casos específicos;

No estudo em grupo o formando apresenta os casos específicos para a


discussão.
8 Visão geral

Avaliação
Ao realizar as actividades você não precisa correr ou ter pressa para terminar. É
importante, sim, realizar cabalmente todas as actividades que são propostas em
todas as secções dentro do tempo recomendado, pois só assim é que poderá
compreender e consolidar melhor a matéria. Siga todos os passos
recomendados para cada actividade. Se tiver alguma dúvida consulte o seu tutor
ou tente discutir com um dos seus colegas.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 9

Unidade I

SURGIMENTO DA PSICOLOGIA
COMO CIÊNCIA
Introdução
Seja bem vindo à primeira unidade do módulo de Psicologia Geral. Para o estudo
desta unidade precisará de 9 horas. Esta unidade está subdividida em 3 (três)
lições de duas horas de estudo para cada.

Falaremos nesta unidade essencialmente sobre:

1 Conceito e significado da Psicologia

2 Objecto, objectivos e princípios da Psicologia

3 Métodos e técnicas em Psicologia.

4 O pensamento psicológico e as principais correntes da Psicologia

Porque é que é importante estudar este tema?

Todos nós sabemos ou ouvimos falar de Psicologia e usamos frequentemente


esta palavra no nosso dia-a-dia. O capítulo que vamos iniciar ajudar-nos-á a
perceber como e quando surgiu esta palavra e como os eruditos a vêem e a
discutem ao longo do tempo. Conheceremos também os caminhos por que este
passou até se transformar em ciência. Este facto ajudar-nos-á a perceber as
diferentes abordagens assumidas pelos estudiosos do campo da Psicologia.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de

ƒ Definir o conceito de Psicologia;

Objectivos ƒ Estabelecer e explicar com palavras suas as diferentes correntes


psicológicas;
10 Unidade I

ƒ Descrever os principais métodos usados na Psicologia;

ƒ Identificar as diferenças entre as principais correntes psicológicas.

Para lhe ajudar a alcançar estes objectivos preparámos uma série de actividades
parciais a partir das quais poderá entender melhor todo o processo do
surgimento da Psicologia.

Os principais conceitos a serem abordados nesta unidade são:

Psicologia, psíquico, consciência, empirismo, behaviorismo, psicanálise.

Terminologia Conhecimentos prévios


Para o estudo desta unidade você vai precisar de recordar ou mesmo ter acesso
à Filosofia, História da Grécia , conteúdos ou disciplinas do Ensino Secundário
do SNE.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 11

Lição nº 1

Conceito, Objecto, Objectivos e


Métodos da Psicologia
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Definir o conceito de Psicologia


• Comparar os diversos conceitos de Psicologia

Coneitos-chave: psique, alma, mente.

Conceito de Psicologia
Cada ciência diferencia-se da outra pelas particularidades do objecto de estudo.
Assim, por exemplo, a Biologia tem por objecto de estudo os seres vivos
(plantas, animais incluindo o próprio homem), a Georgrafia estuda a terra.

No caso da Psicologia, a questão da definição do seu objecto de estudo torna-se


muito difícil quando comparado com outras ciências e a compreensão do seu
objecto de estudo depende da forma como as pessoas que estão ocupadas com
esta ciência concebem o mundo. A dificuldade na delimitação do objecto de
estudo da Psicologia reside no facto de que desde há muito tempo os fenómenos
que se relacionam com a inteligência humana sempre foram considerados
fenómenos particulares.

É, de facto, evidente que a percepção, por exemplo, que você tem de uma
esferográfica poderá ser diferente da do seu colega ou uma outra pessoa
qualquer. É certo também, que a percepção que nós temos sobre um objecto
muita vezes não tem nada a ver com o próprio objecto.

Por exemplo, o desejo que você tem de ir ao futebol não possui nenhuma ligação
com o próprio jogo de futebol. Por vezes, podemos desejar ir ao futebol para ver
a nossa equipa a ganhar e acontecer exactamente o contrário. A pouco e pouco
12 Lição nº 1

com a nossa experiência vão se formando as noções sobre as diferentes classes


de fenómenos.

Esses fenómenos geralmente relacionam-se com o nosso estado psíquico ou


descrevem propriedades de um processo. O desejo de ir ao futebol, por
exemplo, é manifestação de um estado. A particularidade destes estados ou
processos está em que eles se relacionam com o mundo interior do indivíduo e
são diferentes dos objectos que o rodeiam (mundo exterior) e estão ligados ao
campo da vida espiritual ao contrário dos objectos e fenómenos reais.

Estes fenómenos agrupados pela denominação de pensamento, vontade,


memória, sentimento, percepção, etc., formam aquilo que nós designamos por
“psique”, o mundo interior do indivíduo, a sua vida espiritual.

Do ponto de vista etimológico, isto é do surgimento da palavra “psicologia”, ela


vem do grego “psyche” que significa alma, sopro ou espírito e da palavra “logo”s
que significa razão, conhecimento, ou estudo. Estas duas palavras deram origem
àquilo que nós designamos de Psicologia.

Portanto, a palavra psicologia significava estudo ou conhecimento da alma. Ao


longo do tempo a palavra psicologia foi tendo vários significados de acordo com
o período e concepções doutrinárias da época. Assim sendo, as definições da
Psicologia foram várias, algumas das quais tinham um carácter eminentemente
subjectivo. Por exemplo, alguns entendidos definiam a Psicologia como sendo
ciência da mente, da consciência, e da experiência consciente.

Actualmente, a Psicologia é definida como sendo ciência do comportamento e da


actividade mental. Esta definição encerra em si a dualidade de objecto da
Psicologia ou seja o estudo do comportamento e da actividade mental, ponto de
vista que é até hoje assumida por grande maioria de psicólogos e que nos
parece mais racional.

Por comportamento se entende aqui como sendo todos os actos observáveis no


indivíduo ou no animal incluindo a linguagem e por actividade mental entende-se
todo o desencadeamento de processos mentais tais como: a atenção, a
percepção, a memória o pensamento e outros.

Estes dois aspectos (comportamento e actividade mental) fornecem bases para


uma Psicologia cientifica.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 13

Avaliação

Marque com x as afimarções que julgar correctas

a) A Psicologia é uma ciência que estuda a alma e o espírito

b) A Psicologia estuda o comportamento

c) A Psicologia estuda o comportamento e a actividade da mente

d) A Psicologia estuda o comportamento dos animais e do Homem

e) A Psicologia é uma ciência filosófica

Ficha de correcção

c)

d)
14 Lição nº 2

Lição nº 2

Objecto e Objectivos da
Psicologia
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Definir o objecto de estudo da Psicologia


• Comparar as ideias dos diferentes filósofos em relação ao objecto da
Psicologia
Conceitos fundamentais; empirismo, consciência, actividade mental.

Ao analisarmos o objecto de estudo da Psicologia podemos tomar três atitudes


fundamentais: a atitude ingénua, a atitude artística, ou atitude científica,
conforme ilustra a tabela abaixo.

Estas três atitudes são tomadas com relação à natureza da própria mente, ou
seja, como a psique é vista e quanto à sua actividade.

A atitude ingénua baseia-se nas opiniões e crenças para compreender os


fenómenos. Por exemplo, a crença de que a vida das pessoas é governada
pelos espíritos dos nossos antepassados. Essa crença faz com que as pessoas
acreditem, por exemplo, que as almas dos mortos vagueiam por entre os lugares
escuros ou suspeitos e apareçem perante os nossos olhos em forma de fogo,
vento, vozes, etc., atormentando os vivos. Para acalmar os ânimos desses
espíritos deve-se praticar rituais próprios, tais como, uma missa onde são
evocados todos os espíritos dos mortos.

Nesses rituais também se sacrificam animais e se derramam bebidas e realizam-


se preces pedindo tudo que é de bom para a vida e afastando o mal. A nossa
cultura em geral está carregada de crenças deste tipo. Esta forma de estar
permite o indivíduo relacionar-se com o mundo e com os fenómenos da natureza
construindo a sua percepção sentimentos etc., em relação a eles. Neste sentido,
Psicologia Geral: Ensino à Distância 15

o objecto da Psicologia é o conhecimento intuitivo das pessoas. Às vezes,


dizemos aquela pessoa foi apossada por espíritos. Ela comporta-se assim
porque tem espíritos.

A outra atitude que se pode tomar em relação ao objecto de estudo da Psicologia


é a atitude artística. A atitude artística baseia-se na intuição e na representação.
Os objectos da natureza são vistos como tendo vida. O artista maconde que
esculpe uma madeira dá vida ao seu objecto. O pintor que pinta um quadro
também dá vida ao seu quadro. Fala com ele atribui acções a esse mesmo
quadro. Aqui a Psicologia tem como objecto analisar como as pessoas
interpretam os fenómenos da natureza tomando como base o facto de que aos
diversos objectos que circundam o Homem pode-se-lhes atribuir um sentido
próprio.

A atitude científica baseia-se na reflexão e na investigação duma forma objectiva


dos fenoómenos psicológicos usando a experimentação para colectar dados a
serem analisados posteriormente. No nosso caso devemos tomar uma atitude
científica para compreender os fenómenos psicológicos

Natureza essencial da Actividade da mente


mente (metafísica) (empirismo)

Ingénua (opiniões Compreensão mitológica e Conhecimento intuitivo


e crenças) religiosa das pessoas

Atitude Artística (intuição e Animação artística do Interpretação artística e


representação) mundo e dos objectos representação da mente

Científica Psicologia Filosófica Psicologia como ciência


(investigação e empírica
reflexão)
16 Lição nº 2

Actividade: 1

Vai à feira de artesenato, ou procure uma escultura, uma pintura e tente


descrever o seu significado. Peça ao seu colega também para fazer a mesma
descrição em separado. Escreva a sua descrição e compare-a com a do seu
colega. Em que é que coincide? Quais sãos os aspectos diferentes da vossa
descrição? Escreva no papel, analise-os e discuta com o seu tutor

Actividade: 2

Faça um quadro comparativo do objecto de estudo das seguintes ciências:


Psicologia, Antropologia, Sociologia, Biologia, descreva os aspectos
semelhantes em cada uma delas.

Ex:

Disciplina/Ciência Objecto Similaridades Dissemelhanças Observações


de
estudo

Psicologia

Etc.

Psicologia como ciência da alma

A premissa de que a Psicologia era o estudo da alma dominou todo o período


que antedece o estabelecimento da Psicologia como ciência.

Estamos a falar concretamente do período que vai até meados do século XIX.

A convicção de que o objecto da Psicologia era a alma relaciona-se com a visão


dos povos primitivos na qual havia falta de distinção clara entre o corpo e a alma.
Esta visão baseou-se fundamentalmente na interpretação materialista primitiva
(diferente do materialismo científico) dos fenómenos da vida consciente, tais
como, o sono, a morte e o desmaio. Os sonhos eram tidos como impressões da
Psicologia Geral: Ensino à Distância 17

alma que deixavam o corpo durante o sono. A alma era vista, portanto, como
“sósia” do Homem, quer dizer, as necessidades de sobrevivência desta eram as
mesmas que as do Homem.

Por isso, se considerava que as almas dos mortos constituíam as mesmas


comunidades que as dos vivos.

Alguns materialistas primitivos defensores deste ponto de vista foram Tales (VII-
VI, a.c.), Anaxímenes (V a.c ), Heráclito ( VI-V a c ). Estes materialistas
primitivos, comparavam a alma com as três formas primitivas do mundo (água,
ar e fogo). Desta forma a alma era vista como um órgão material que dá vida ao
corpo e, por isso, guiado por um princípio material.

No período seguinte observou-se uma abordagem baseada no princípio da alma


dando ênfase à sua essência, estrutura e sua relação com o corpo.

Dos que mais se evidenciaram nestas concepções se destacam Platão (428/427-


347 a.c), com a sua divisão da alma em três partes (alma intelecto, alma
coragem, e alma sensual ou concupiscência), Aristóteles (384-322 a.c) que se
apoiando nas idéias de Platão, seu mestre, introduz a idéia do estudo da alma
usando métodos experimentais (observação) para descrever as manifestações
da alma.

As descobertas na Medicina feitas por Herofilo Eresistatus (III ac) trouxeram


novas abordagens em torno do objecto de estudo da Psicologia.

A descoberta dos nervos e a distinção destes dos ligamentos e dos tendões


permitiu o conhecimento entre as funções psíquicas (sensações e movimentos) e
o cérebro.

Psicologia como ciência da actividade mental ou da


consciência
No século XVIII surge uma nova época do desenvolvimento marcada pelo
crescimento dos estudos biológicos e psicológicos. Com estes desenvolvimentos
a idéia da união entre corpo e alma entrou em colapso dando lugar à idéia de
que o corpo era uma máquina que se organiza de acordo com os princípios da
técnica e que para o seu funcionamento não precisava da alma.
18 Lição nº 2

Com o estabelecimento do primeiro laboratório de Psicologia Experimental por


Wundt, em 1879, o objecto da Psicologia passa a ser o estudo da actividade
mental ou consciência.

Com o desenvolvimento da Física, a Psicologia encontra um suporte para o seu


objecto de estudo.

Foi a partir da Física (Weber e Fechner) que nasceu a Psicologia como ciência.
Os investigadores que utilizam o método científico fizeram com que a
experimentação se estendesse dos fenómenos exteriores aos processos
mentais, de modo que estes fossem entendidos não como magia ou
especulação intelectual, mas sim como acontecimentos susceptíveis de serem
medidos e avaliados.

A Psicologia ganha cada vez mais corpo como ciência e não poderá nunca mais
voltar à Psicologia introspectiva e à abstracção.

Os avanços da investigação em neurociências e a melhor articulação e


comunicação entre os diversos investigadores têm permitido que seja possível
ultrapassar o risco de fragmentação, susceptível de acontecer, dada a
complexidade do objecto da Psicologia.

A partir dos livros disponíveis na biblioteca da sua escola ou centro de consulta,


identifique os filósofos que contribuíram no estabelecimento das premissas da
Psicologia como ciência. Descreva e compare as idéias fundamentais desses
Actividade filósofos.

Psicologia como ciência do comportamento


A Psicologia como ciência tem sua origem na primeira metade do século XIX, a
partir dos trabalhos dos grandes cientistas como o anatomista Ernest Weber, o
fisiólogo Herman von Helmholtz, os psicólogos Wilhelm Wundt, John Watson ,
Jean Piaget e psicofisiologista I. Pavlov, e outros.

As pesquisas do século XIX procuraram formular teorias para explicar como os


órgãos dos sentidos captam as informações (cores, luzes, sons etc) descobrindo
Psicologia Geral: Ensino à Distância 19

também a determinação exacta da quantidade de diferença que um ser humano


é capaz de distinguir quando lhe pedem para fazer a distinção entre dois pesos
diferentes.

Foi precisamente John Watson que revolucionou o objecto de estudo da


Psicologia. Ele advogou a utilização de métodos objectivos como a observação,
método experimental e testes para o estudo do comportamento. Quanto ao
objecto, Watson defendia que a Psicologia estudasse apenas os
comportamentos observáveis como respostas a estímulos externos e não o
aspecto interior subjectivo.

Quanto ao objectivo fundamental da Psicologia, ela descreve e explica os


factores que condicionam e determinam o comportamento do Homem e do
animal.

Veja a seguir o quadro-resumo sobre as mudanças que ocorreram em volta do


objecto, métodos da Psicologia.

Níveis Objecto, Métodos, Finalidade

Objecto: fenmenos psicológicos (processos que contecem em nosso mundo interno e que são construídos durante a nossa vida. São
processos contínuos, que nos permitem pensar e sentir o mundo, nos comportarmos das mais diferentes formas, nos adaptaramos à
realidade e transformá-la. Constituem a nossa subjectividade. Também pode ser objecto da Psicologia, o inconsciente, a personalidade,
4. Leis e a aprendizagem.
mecansimos do
Finalidade: descrever, explicar, prever, controlar e compreeder fenómenos psicológicos.
psiquismo
Métodos objectivos e modernos: observação, experimentação, testes etc.

A interdisciplinaridade e surgimento de novas àreas de conhecimento implica a existência de novos objectos e métodos.

Objecto: Estuda os fenómenos ou factos que não são exteriormente observáveis, tais como, o pensamento, o raciocínio, o sonho, o
sono, a percepção, sensações, as atitudes, a compreensão, a memorização, etc são denominados de processos mentais.

Finalidade: consiste em descrever, explicar, prever e controlar os fenómenos psíquicos; compreender o que fazemos, como pensamos,
3.
sentimos, respondemos a problemas e crises, como aprendemos e nos desenvolvemos intelectual e moralmente, como interagimos com
Comportamento e
os nossos semelhantes.
Processos
Mentais Comportamento é um conjunto de actos directamente observáveis tais como falar alto, correr, sorrir, chorar, beijar, agredir, dormir.

Métodos objectivos: observação, experimentação, testes etc.

Principais teorias- (1) Behaviorismo de Watson, Skinner; (2) Reflexiologia de Pavlov


20 Lição nº 2

Estrutura da consciência (análise dos factos da consciêcia, a descrição dos seus elementos mais simples, como seja, as sensações e
as aimagens, o estudo das experiências, emoções e apercepções nos seus componentes mais simples). Fundado o primeiro laboratório
de Psicologia em 1879 (Wilhelm Wundt).

Objectivos: reduzir os processos conscientes nos seus componentes mais simples; determinar as leis mediante as quais esses
elementos se associam; conectar esses elementos às suas condições fisiológicas.

Os objectivos da Psicologia devem coincidir com os das Ciências Naturais.


2. Consciência Objecto de estudo é a experiência pessoal como é vivenciada pelo indivíduo.
A partir de 1879 Método usado é introspecção (o sujeito descreve o que sente quando submetido a pequenas sensações de som e luz. Surge a primeira
Início do período tentativa de separar os estados da consciência e as obsrvações sobre estes.

experimental e Críticas: (1) o observador tem dificuldade em observar-se a si mesmo, visto que os fenómenos psíquicos possuem uma enorme
científico. mobilidade e não coincidem no tempo com a sua observação. Enquanto estão a ocorrer (dores, emoções), a rapidez e a sucessão destes
fenómenos impedem, por vezes, que o observador tenha tempo de os analisar, de elaborar uma explicação, dado que os fenómenos não
estão a espera de serem observados ou estudados enquanto ocorrem; (2) a tomada da consciência de um fenómeno pode modificar
esse mesmo fenómeno; (3) o psicólogo não consegue observar ou estudar estados de espírito ou de consciência.

O sujeito está a descrever o que se passa nele, sendo difícil a objectividade. Além disso, há factos que ocorrem no psiquismo e que
escapam à área da consciência; (4) um doente mental, uma criança, um animal não dispõem de capacidades verbais e outras que lhes
permitem analisar com consciência.

Parte imaterial e imortal do ser humano, inclui o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e
percepção. Preocupação principal é saber o que se para o homem dos animais, segundo Sócrates é a razão cujo lugar ao nível do corpo
1. Alma/Espírito
é a cabeça e a medula seria o elemento de ligação da alma e o corpo. Depois da morte o corpo desaparece e alma fica livre para ocupar
Antes de 1879 outro corpo. É princípio da vida. Existe em todos os seres vivos (animais-sensitiva; plantas-vegetativa; e homem-racional).
Período pré- Dois momentos fundamentais: (1) era platónica – alma é imortal separada do corpo; (2) era aristotélica – a alma é mortal e sua
científico. pertença ao corpo.

Tabela 2. 1. Evolução do objecto, métodos de Psicologia.

O objecto de estudo da Psicologia, como você viu, evoluiu ao longo do tempo,


começando com a alma; consciência; comportamento e leis do psiquismo. A
seguir, vamos mostrar o percurso e as principais mudanças em relacção ao
objecto, métodos e a finalidade da Psicologia antes e depois de 1879.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 21

A diferenciação dos objectos de estudo da Psicologia foram em grande medida


influenciada:

• Pelo uso da introspecção como primeiro método científico;


• Pela separação recente da Psicologia da Filosofia;
• Pela diversidade de fenómenos psicológicos que não podem ser
acessíveis e estudos ao mesmo nível de observação e, portanto, não
podem ser sujeitos aos mesmos padrões de descrição, medida, controle
e interpretação.

Avaliação

1. Indique as principais ideias de Anxímenes e Anaximandro em relação


ao objecto de estudo da Psicologia.

2. Comapare as ideias de Platão com as de Anaxímenes e Anaximandro e


demarque a sua diferença.

Assinale com X o que julgar correcto no conjunto das afirmações abaixo


indicadas.

a) A Psicologia como ciência surgiu no século XI

b) A Psicologia só se tornou ciência graças aos trabalhos de Wilhelm


Wundt, John Watson , Jean Piaget e psicofisiologista I. Pavlov.

c) A Psicologia só se tornou ciência após a sua emancipação da Filosofia.

Grelha de correcção

d) Actividade 3: Faça um quadro-resumo da evolução histórica do


objecto de estudo da Psicologia.
22 Lição nº 3

Lição nº 3

Os Métodos da Psicologia

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Definir o conceito de método em Psicologia


• Descrever os principais métodos usados na Psicologia
Conceitos fundamentais: método, introspecção, extrospecção.

Método é tido como uma regra ou preceito estabelecido como apropriado para
atingir um certo objectivo. Metodologia seria conjunto de regras ou
procedimentos estruturados e coerentes que visam alcançar um fim ou objectivo.
Como qualquer outra ciência, a Psicologia usa métodos para descrever e
conpreender os processos e fenómens psicológicos.

Método introspectivo

Os métodos da Psicologia evoluiram e se diferenciaram à medida que esta ia


abarcando diversos campos de saber. Contudo, aqui destacaremos os principais,
isto é, aqueles que mais se destacam no estudo dos fenómenos e processos
psicológicos. O quadro 5 apresenta alguns dos métodos mais usados em
Psicologia e suas ramificações. De entre os métodos mais conhecidos se
destaca o método da Introspecção também conhecido por método subjectivo ou
método de observção interior.

Por subjectivo pretende se referir aos factos psicológicos que ocorrem no interior
do indivíduo e que não são posssíveis de serem exterirorzados. Por exemplo, ao
pensares sobre alguma coisa ninguém poderá saber como tu o fazes, a não ser
que exteriorizes este facto através de acções que indicam movimento ou através
de palavras. Como exteriorizarias a dor provocada por uma febre se não
disseres que estás com febre? Ou como alguém perceberia que estás aborrecido
com um dos teus alunos se não o dizes por palavras? O subjectivo é, portanto,
Psicologia Geral: Ensino à Distância 23

aquilo que não pode ser observável. Há muitos factos e fenómenos e factos que
não podem ser obsevados no indivíduo, sobretudo os psicológicos mas que ele
os sente e os experiencia-os.

O método de introspecção tenta buscar e compreender o que está no interior do


indivíduo, os seus sentimentos, as suas emoções, etc., para explicar o
comportamtamento deste. Este método baseia-se fundamentalmente na
exploração da consciência do indivíduo, quer dizer, em tentar saber o que existe
no interior deste que possa determinar o seu comportamento, quer através da
lembrança de eventos passados contados pelos próprios indivíduos, quer
através da observação do conjunto de acções realizadas por este. Você já tentou
dar significado aos seus sonhos? Interessa pelo seu conteúdo? A análise de
significação dos sonhos é um dos exemplos da aplicação do método
instropectivo. A designação de introspecção veio da psicanálise de Freud. Freud,
para descobrir as causas dos distúrbios psicológicos dos seus pacientes. Pedia
que eles contassem o que tinham sonhado na noite anterior e, a partir da análise
do conteúdo do sonho, descrevia as possíveis perturbações psíquicas dos seus
pacientes. Este método, apesar de ainda ser usado, possui a desvantagem de
não poder ser aplicado em crianças devido ao facto de que elas não seriam
capazes de descrever o que lhes ocorrem no seu interior apesar de se admitir
que elas têm percepção dos factos psicológicos. Por outro lado, este método não
seria aplicável em animais, uma vez que eles não seriam capazes de descrever
os seus sentimentos. Sabe-se que no estudo dos processos usam-se animais
como como cobaias e os resultados obtidos são depois generalizados e
aplicados ao Homem.

Método clínico:

O método clínico é conjunto de procedimentos usados para diagnosticar e tratar


pessoas que sofrem de problemas comportamentais e/ou emocionais

Este método não é, na sua essência, um método de pesquisa excepto método


clínico-crítico de Piaget.

Os procedimentos clínicos não se destinam a descobrir tendências gerais ou leis


do comportamento. Ocupam-se geralmente de um único indivíduo que precisa
ou procura uma ajuda. O ponto de partida do estudo clínico centra-se
fundamentalmente em como responder aos problemas comportamentais que
uma pessoa apresenta.
24 Lição nº 3

Os procedimentos cientificos do método clínico são como se seguem.

Normalmente começa-se por se estudar a natureza do pedido e observar o


comportamento do paciente;

• Forlmulam-se depois as hipóteses ou influências sobre o que estaria a


causar o sofrimento do paciente;
• Passa-se depois à recolha de dados (onde se pode incluir a história passada
do sujeito, aplicação de testes, entrevistas com pacientes e /ou pessoas
próximas);
• Confirmam –se ou refutam-se as hipóteses colocadas;
• Deduz-se depois qual o tratamento provável em função da confirmação ou
não da hipótese.

Exercício

Você reparou que o seu colega está amuado, triste e com falta de dinamismo.
Como procederia para conhecer o seu estado psicológico? Descreva o processo
numa folha de papel.

O método extrospectivo

O método extrospectivo ou de observação exterior é assim designado pelo facto


de apresentar, duma forma objectiva (que todos possam ver), os factos
psicológicos. Contrariamente ao método introspectivo, este método descreve e
analisa os factos reais que possam ser observados por qualquer um. Por
exemplo, você está interessado em determinar o nível de leitura dos seus
alunos. Que faria? Nesse sentido seria ideal pegar num livro de Português,
convidar um aluno para ler uma lição e à medida que o aluno vai lendo você vai
anotando os erros e falhas de leitura cometidos por este. Neste sentido estaria a
testar a capacidade verbal do aluno que é afinal uma das formas da inteligência.
Se, por exemplo, você prentende saber como os seus alunos brincam no
intervalo, se utilizam objectos perigosos ou não, como procederia? É óbvio que
terias que observar o seu comportamento durante o intervalo, ver as acções
destes, como brincam. A observação é, portanto, uma das formas do método
extrospetivo. Na observação, o pesquisador através dos seus órgãos de sentido
observa e acompanha o decorrer de um processo.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 25

Como saberia se todos os alunos estão empenhados na resolução de problemas


matemáticos na sala de aulas? Obviamente que você marca o exercício
escrevendo-o no quadro e pede para que eles o resolvam. À mediada que eles
vão executando a tarefa, você vai medindo as suas reacções e nota que os seus
alunos quando resolvem problemas matemáticos consultam outros livros, ou
falam entre si, ou pedem ajuda ao professor. Estas reacções perante um
exercício matemátio são perceptíveis através da observação contínua dos
sujeitos.

Método Essência Vantagens Desvantagem

Introspecção Observação da Aplicado no Não aplicável


consciência estudo das em crianças e
subjectiva,
sensações animais
observação
agradáveis e e
interior
desagradáveis

Retrospectivo Lembrança dos


eventos do
passado

Extrospectivo Observação Apresentação Estudo objectivo Importante para


in loco dos dos factos Psicologia
factos psíquicos Animal e da
psíquicos criança

experimental Fenómenos Ü Ü
modificados
artificialmente

No método extrospectivo é comum muita vezes trabalhar-se com pequeno grupo


de indivíduos especialmente quando por exemplo se pretende testar a eficácia
de um método de ensino. Neste caso o pesquisador poderá escolher um grupo
restrito de indivíduos os quais vão participar na pesquisa. Estes indivíduos são
submetidos às tarefas em condições restritas e muito especiais. Isto pode ser
realizado em lugares apropriados chamados de laboratório. Um laboratório como
é já do seu conhecimento é um lugar onde se realiza uma simulação de factos
26 Lição nº 3

que ocorrem em condições gerais. O método experimental é uma das


componentes do método extrospectivo que estuda os factos e fenómenos
psicológicos sob condições estritamente controladas. Os cientistas que
trabalham com os animais estudando o seu comportamento usam
frequentemente este método, o experimental, portanto.

Você pode realizar o método experimental usando os seus alunos. Mas cuidado!
Deve observar as condições éticas na realização da sua experiência.
Suponhamos que você queira testar o efeito da voz do professor na melhoria da
capacidade ortográfica dos seus alunos. Você pode escolher aleatoriamente
duas turmas. O exercício a realizar seria um ditado. Ora se é para testar o efeito
da voz na compreensão clara das palavras, então uma das vozes seria de um
indivíduo que não seria professor. Os dois trabalham (o professor e o não
professor) nas duas turmas escolhidas cada um ditando aos alunos uma lição
previamente escolhida. Feito o trabalho, recolhem-se os testes e corrigem-se. Se
os resultados mostrarem que os alunos da turma do professor obtiveram
melhores resultados, significa que a voz do professor tem efeitos na
compreensão fonética das palavras. O método extrospectivo tem a vantagem
portanto de se poder através dele estudar-se objectivamente os factos e
fenómenos psíquicos. Contudo, ele só pode ser empregue em animais e
crianças.

Actividade 4

Faça uma experiência semelhante ao que foi descrito acima e descreva os


resultados.

A que conclusões chegou?


Psicologia Geral: Ensino à Distância 27

Sumário
Dum modo geral pode-se dizer que a Psicologia passou por diversas fases até
se tornar ciência. Graças ao avanço de outras ciências esta ganhou ímpeto e se
destacou como ciência autónoma com o seu objecto de estudo próprio,
objectivos e métodos.

Contudo, é necessário destacar que o estudo do comportamento humano é algo


complexo, envolvendo factores internos e externos. Para o conhecimento dos
fenómenos psicológicos não nos devemos cingir apenas num único método,
devemos combinar vários métodos. Porém, é preciso reconhecer que não
existem métodos universais para o estudo dos fenómenos psicológicos. O
método é escolhido consoante a natureza de estudo que pretendemos realizar.

Exercícios

1. Caracterize os métodos estudados (introspecção, observação, experimental,


clínico, psicanalítico, testes) destacando os aspectos negativos e positivos.

Auto-avaliação 2. Destaque o objecto, objectivos, conceitos mais usados e métodos dos


movimentos ou correntes seguintes: Funcionalismo, Estruturalismo,
Behaviorismo, Psicánalise e Gestalt.
28 Unidade II

Unidade II

PSICOFISIOLOGIA
Introdução
Assim que terminou o estudo da primeira unidade com sucesso, está nas suas
mãos a segunda unidade. O objectivo fundamental nesta unidade
(Psicofisiologia) é esclarecer os fundamentos biológicos do comportamento. Ela
não deve ser vista como um ramo da Psicologia, mas como um conjunto de
conhecimentos interdisciplinares que englobam, para além dos saberes
psicológicos, um conjunto de dados científicos da Medicina, da Biologia e da
Genética.

O tempo total de estudo desta unidade é de 12 horas. Ela encontra-se


subdividida em quatro lições. Nesta unidade falaremos essenscialmente de:

1 Bases anatómicas e fisiológicas da conduta;

2 Ligação entre o neurónio e o sistema nervoso;

3 Sistema nervoso humano, suas partes fundamentais e funções;

4 Sumário;

5 Alguns exercícios.

Vários cientistas têm desenvolvido importantes pesquisas sobre as artérias


cerebrais, e sobretudo com ajuda das intervenções psico-cirúrgicas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

ƒ Esclarecer as bases biológicas do comportamento, para além de outros


aspectos como a genética, meio social e sistema endócrino e hormonal;
Objectivos
ƒ Demonstar que o comportamento humano é resultado da complexidade do
funcionamento do sistema nervoso;

ƒ Distinguir as diferentes funções do sistema nervoso.


Psicologia Geral: Ensino à Distância 29

Para melhor compreender esta unidade, sugerimos que defina os seguintes


conceitos:
Axónio, Neurónio, Sinapse, Dendrites e Bainha de mielina.

Terminologia Conhecimentos prévios


Como deve saber, o estudo do comportamento do Homem começa com o
conhecimento do funcionamento geral do organismo, assuntos tratados no
Ensino Secundário.

Por isso, no estudo deste capítulo deverá recorrer aos conhecimentos da


Biologia da 8ª, 9ª e 10ª classes, sobretudo no que diz respeito ao sistema
nervoso, à genética e ao sistema hormonal ou endócrino.
30 Lição nº 1

Lição nº 1

A Evolução Filogenética do
Psiquismo

A vida vegetativa

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Conhecer as diferentes fases da evolução do psiquismo;


• Descrever as diferentes partes da formação do sistema nervoso.

Conceitos fundamentais: Sistema nervoso reticulado, sistema nervos ganglionar,


sistema nervosos central.

Uma das condições fundamentais do surgimento da vida está ligada ao


surgimento de pequenas mas complexas moléculas albuminosas. Estas
moléculas interagem com o meio ambiente buscando nutrientes para a sua
sobrivivência segregando àquelas que não são necessárias ao seu organismo.
Estes dois processos – assimilação e desassimilação - constituem parte
integrante do processo do metabolismo destas células albuminosas. As células
albuminosas são organismos que possuem a capacidade de reagir positivamente
aos estímulos de luz e de calor por estes serem o principal mecanismo para
desencadear o processo do metabolismo. Isto significa que, estes organismos só
reagem positivamente aos estímulos de luz e calor porque é a partir destes
estímulos que eles se alimentam.

Por outro lado, estímulos superfortes, tais como, sons, efeitos químicos, não
contribuem para o processo do metabolismo para estes organismos. Portanto, há
uma reacção negativa perante sua presença. Isto significa que os coacervatos
ou células albuminosas se orientam no meio ambiente através do processo de
Psicologia Geral: Ensino à Distância 31

excitabilidade ou de irritabilidade que é a capacidade de reagir só aos estímulos


que provocam o processo do metabolismo e não reagem àqueles que não
provocam esse processo. Fazem parte deste grupo as plantas e as algas
marinhas (vida vegetativa). Estes organismos, por exemplo, se alimentam da luz
solar, isto é a luz do sol é a fonte principal para o desencadeamento do processo
do metabolismo. Pense, portanto, na planta que está em sua casa. Para ela
sobreviver deve coloca-la em direcção à luz solar, caso contrário, ela morre,
mesmo que a fonte de luz esteja muito próxima. Estes organismos têm, por outro
lado, a capacidade de conservar e transmitir estes elemntos de uma geração
para outra o que deixa antever que eles possuem uma espécie de memória
primitiva. Neste nível de desenvolvimento dos organismos não se pode falar de
existência do psiquismo.

Estágio de vida animal

Na vida animal, começando mesmo pelos protozoários, os organismos reagem,


não só às substâncias que integram o processo imediato de metabolismo, mas
também a todos os estímulos que anunciam esse processo. O que quer dizer
que na vida animal existe um processo de procura. Os organismos podem se
deslocar à procura de alimentos para a sua sobrevivência. Esta capacidade
observa-se em organismos mais minúsculos da vida animal como é o caso dos
protozoários. Sabe-se que o que desencadeia o processo de metabolismo nos
protozoários é o calor. Foi confirmado que estes organismos, em circunstâncias
onde existe a luz e sabendo-se que a luz é também fonte de calor, elas podem
se deslocar e concentrarem-se no ponto de incindência de luz esperando-se que
se produza um calor suficiente que desencadeie o processo de metabolismo.
Este nível de desenvolvimento é chamado de sensibilidade – a capacidade que
os oraganismos têm de reagir aos estímulos que dão sinal para o surgimento de
substânias que integram o processo de metabolismo. Neste nível de
desenvolvimento já se pode falar do indício biológico e objectivo do surgimento
do psiquismo diferentemente do estágio da vida vegetal. O que diferencia os dois
níveis é que no estágio animal desencadeia-se o processo de resposta aos
estímulos que sinalizam o aparecimento de substâncias que integram o
metabolismo, enquanto que no estágio vegetal a planta pode morrer tendo por
perto uma bacia de água.
32 Lição nº 1

Origem do sistema nervoso e suas formas mais simples

O sitema nervoso começa com a transição dos organismos unicelulares – que


têm uma célula (os protozoários, por exemplo) para os pluricelulares ( que têm
mais que uma célula). Estes organismos pluricelulares orientam-se activamente
pelo meio à procura de comida. Para tal estes organismos devem estar dotados
de mecanismos para executar movimentos especiais que lhes facultam a
obtenção do alimento desejado. Isto significa que a estrutura do seu corpo deve
ser mais complexa para se adaptar às condições do meio. Pertencem a esta
classe as medusas, anêmona-do-mar, estrela-do-mar que possuem já o indício
do sistema nervoso que ainda não é centralizado. Contudo, o seu sistema
nervoso é descrito como sistema nervoso reticulado ou difuso (em forma de
rede) e não possui uma extremidade. Cada ponto que se lhe toca transforma-se
no principal centro de excitação.

O sistema nervoso ganglionar

A fase seguinte de desenvolvimento do sistema nervoso está relacionado com o


desenvolvimento de gânglios frontais em alguns organismos da vida animal. Se
reparar para minhoca notará que possui um glânglio frontal na sua extremidade
composto por antenas hidroreceptoras que lhe permitem identificar a humidade.
A actividade de procura obedece essas características, isto é, ele se desloca em
direccção à humidade onde vai encontrar os seus alimentos. É nas minhocas
onde começa a surgir o princípio de centralidade do sistema nervoso. A
extremidade nervosa da minhoca se localiza no gânglio frontal desta. Aí que
consntitui o centro da actividade nervosa, o sitema nervoso centralizado.

Experiência

Se estiver perto do mar, procure encontrar uma medusa ou uma estrela-do-mar.


Analise e descreva as suas formas de comportamento. Se estiver perto de um
rio, lagoa ou pântano, procure uma minhoca e identifique o seu gânglio frontal e
as antenas hidroreceptoras de humidade.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 33

O surgimento de formas complexas de comportamento (o comportamento


instintivo)

Se você olhar para um insecto (mosca, abelha, vespa, etc.) notará uma diferença
em relação aos outros organismos já estudados. Notará que na extremidade
frontal da mosca aparece um aparelho de recepção da luz (o olho). Este
aparelho permite assimilar a informação altamente especializada que provem do
mundo exterior. Para além do receptor de luz, os insectos possuem vários outros
receptores altamente especializados. Eles possuem também receptores químico-
tácteis especializados que se situam nas antenas, os receptores de sabor
localizados na cavidade bucal e nas patas, e os receptores de vibração que se
localizam nos tímpanos das pernas, que permitem receber vibrações ultra-
sónicas de mais de 600.000 vibrações por segundo. Esses aparelhos receptores
permitem transmitir estímulos até ao gânglio frontal para a sua descodificação. O
insecto reage posteriormente. O comportamento dos insectos permitiu especular
que fosse um comportamento racional, contudo, conclui-se que este tipo de
comportamento é apenas instintivo e não racional. O que acontece é que estes
organismos estão dotados de progamas congénitos (hereditários) que lhes
permitem executar movimentos complexos que se confundem com actos
inteligentes.

O comportamento individualmente variável dos animais vertebrados e o


aparecimento do sistema nervoso central

A vida dos vertebrados é totalmente diferente da dos invertebrados, tanto nas


formas de comportamento como na sua constituição. As condições de
alimentação são mais complexas. O alimento deve ser preparado antes de ser
consumido. Tudo isto eleva a actividade mental destes seres bem como a
estrutura do sistema nervoso. Nos vertebrados os estímulos são captados pelos
órgãos nervosos e transportados para o cérebro onde são analisados e
estabelecidas novas conexões. Isto equivale dizer que a informação recebida
não é consumida tal como está mas senão analisada e estabelecidas novas
ligações apropriadas para cada animal. Isso permite que cada um reaja de
acordo com as suas necessidades. O órgão especializado que se encarrega em
fazer estas análises é o cérebro. As respostas aos estímulos do exterior são
diversificadas dependendo do tipo de vertebrado. Mas importa dizer que a
difernça parte mesmo dos invertebrados inferiores até aos superiores, incluindo o
Homem.
34 Lição nº 1

Actividade 5.

Caçe uma abelha ou procure uma amostra no laboratório de Psicologia. Observe


atentamente as suas patas e descreva o que você viu. Realize esta actividade
com ajuda do seu colega para que possam discutir juntos.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 35

Lição nº 2

As Bases Anatómicas e
Fisiológicas da Conduta

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Conhecer as diferentes partes que constituem o cérebro;


• Descrever as diferentes partes que constituem o cérebro e o neurónio.
Conceitos fundamentais: Cérebro, neurónio.

Como dissemos anteriormente, este capítulo requer que se recorde dos aspectos
básicos que aprendeu no Ensino Secundário em matéria de Biologia,
especialmente no estudo da célula, apesar de neste estudarmos apenas a célula
no sistema nervoso do Homem.

Antes de fazermos uma abordagem profunda sobre os temas propostos, iremos


fazer referência a um historial das descobertas realizadas por diversos cientistas
no estudo da célula.

Em 1667, o físico inglês Robert Hooke, experimentando o seu microscópio


composto, verificou que a cortiça não é homogénea como o vidro, ou qualquer
metal, mas que nela existiam numerosas cavidades, semelhantes aos alvéolos
de um favo de abelhas. A essas cavidades deu o nome de células (pequenas
celas).

Em 1671, o sábio italiano Malpighi confirmou a observação de Hooke e verificou


também que vários vegetais são constituídos por pequenas cavidades, muitas
das quais, ao contrário das da cortiça, são cheias de líquido.
36 Lição nº 2

Em 1831, o botânico inglês Robert Brown, examinando a epiderme de várias


plantas, descobriu que cada célula tem no seu interior um suco em movimento
constante e um corpúsculo arredondado e refringentes a que deu o nome de
núcleo.

Em 1838, o botânico alemão Schleiden demonstra que todas as plantas são


formadas por unidades independentes, com a sua vida própria e que a vida da
planta inteira é a soma da actividade vital de todos os seus elementos. Schleiden
é assim considerado o fundador da teoria celular.

Em 1839, o zoólogo Schwann demonstrou haver o mesmo processo nos seres


animais. Assim, hoje, todos os seres vivos são constituídos por uma célula ou
por um conjunto de células.

O conjunto de células forma o tecido, o conjunto de tecidos forma o órgão e o


conjunto de órgãos, desempenhando a mesma função, forma o sistema.

O cérebro

O cérebro tem a função de coordenar todas as acções conscientes (voluntárias)


e inconscientes (involuntárias) desenvolvidas pelo indivíduo. Divide-se em duas
partes ou hemisférios: hemisfério esquerdo e hemisfério direito. Os dois
hemisférios têm, no entanto, funções diferentes. O hemisfério esquerdo é o
hemisfério da linguagem, sendo responsável pelas representações lógicas e
analíticas que desenvolvemos da realidade que nos rodeia.

O hemisfério direito parece ser especializado na compreensão holística dessa


realidade, na construção de conceitos abstractos e reconhecimento de padrões.
Os hemisférios cerebrais encontram-se envolvidos por uma camada muito fina
designada de córtex cerebral.

Nesta camada normalmente distinguem-se duas áreas fundamentais, entre elas:


a de projecção e a de associação.

Nas áreas de projecção, motoras ou sensoriais, encontram-se “projectadas”ou


representadas as informações referentes aos movimentos ou às sensações. As
áreas de associação estão provavelmente implicadas nos processos mentais
superiores.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 37

O cerebelo é uma outra componente do sistema nervoso cuja responsabilidade é


coordenar os movimentos e intervir no equilíbrio do corpo e na orientação.

Esta componente desempenha ainda duas funções fundamentais: a)


coordenação da actividade motora e; b) manutenção da harmonia dos
movimentos do nosso corpo, isto é, mantém a posição do equilíbrio do corpo.

O bulbo raquidiano controla as funções ou respostas orgânicas somáticas, por


exemplo, o ritmo respiratório e circulação sanguínea. Também controla
actividades reflexas vitais como engolir, tossir, vomitar e espirrar. As drogas tais
como a cocaína, heroína e anfetaminas danificam o bulbo raquidiano
,impossibilitando o controle dessas acções reflexas.
(www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/cerebelo/cerebelo.html)

O Tronco cerebral recebe informações da pele e dos músculos da cabeça e


também grande parte da informação dos sentidos especiais como a audição o
equilíbrio e o gosto. Controla também a saída motora dos músculos da face,
pescoço e olhos e determina os níveis de vigília de alerta.

Figura 5. As partes do sistema nervoso

Fonte: Imagem extraida do site


www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/encefalo/encefalo.html

Bases anatómicas e fisiológicas da conduta


Para se estudar e compreender-se o comportamento humano importa
compreender também a constituição do organismo, isto é, o seu funcionamento
38 Lição nº 2

do ponto de vista fisiológico. Dos diferentes sistemas que constituem o


organismo humano destaca-se o sistema nervoso, capítulo que estamos agora a
tratar. O sistema nervoso compreende o conjunto de órgãos que transmitem a
todo o organismo os impulsos necessários aos movimentos e às diversas
funções e recebem do próprio organismo e do mundo externo as sensações. A
figura 1 representa as partes consituintes do sitema nervoso central sendo
a destacar 1. O cérebro, o cerebelo e a medula espinal.

Figura 1. Constituição do sistema nervoso central. Fonte


(http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_nervoso)

O sistema nervoso constitui, portanto, o centro da actividade comportamental do


ser humano. Ele é constituído por uma rede complexa de células nervosas cuja
função é regular as reacções ou respostas dos estímulos do mundo externo.

Pode-se dizer que tudo o que o Homem faz, o que lhe acontece é coordenado e
processado por este sistema.

O sistema nervoso como um todo é constituído por células nervosas chamadas


neurónios. Estas células são responsáveis pela condução de impulsos nervosos
de e para o sistema nervoso.

Cada neurónio funciona como um gerador de impulsos. Isto é, em cada instante,


cada neurónio “decide” emitir ou não um impulso nervoso em função das
informações fornecidas por outros neurónios.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 39

Faça uma breve pausa na sua leitura e olhe atentamente para a figura 2. Repare
às ligações complexas estabelecidas entre os neurónios. Pense. Quantas
ligações destas estão no nosso cérebro?

Depois dessa reflexão já podemos continuar.

A noção da actividade reflexa tinha sido já antecipada por Descartes, há cerca


de 300 anos.

Lembre-se que o neurónio é a unidade básica funcional dos sistemas nervosos


central e periférico.

Figura 2. As partes constituintes de uma célula nervosa (o neurónio). Fonte:


www.ficharionline.com/biologia/pagina_exibe.php?pagina=010872

Como se pode notar na figura 2, o neurónio é constituído por diversas partes


entre elas o núcleo, axónio, dentrites, membrana celular, corpo celular, bainha de
mielina e ramificações do axónio.

O núcleo é a parte do neurónio que contém a informação genética sob a forma


de ácido- ADN- acido desoxirribonuleico que determina a feição ou forma e a
função da célula.

Os neurónios, como qualquer outra célula, são constituídos também de uma


substância incolor chamada protoplasma que tem a função de converter os
alimentos e o oxigénio em energia e fabricam neurotransmissores, cujo o papel é
transmissão de mensagens.

Portanto, os neurotransmissores têm um papel importante na conversão dos


estímulos recebidos do mundo exterior em impulsos nervosos. Uma das
componentes importantes do neurónio é o axónio.
40 Lição nº 2

Esta componente transporta a informação proveniente do corpo celular para as


adjacentes. O axónio é, ás vezes, cercado por estruturas gordurosas chamadas
bainha de mielina.

A bainha de mielina tem a função de isolante e permite que a mensagem passe


mais depressa de um neurónio para outro.

Uma outra componente importante do neurónio são os dentrites. Os dentrites


são fibras em forma de árvore (ver figura) que se ramificam e cuja funcão é
colher informacões dos neurónios próximos e de outras células, ocasionalmente
transmitir mensagens. Os neurónios ligam-se entre si através de estrutura
apropriada que se chama de sinapse que é uma pequena abertura que permite a
passagem do impulso de um neurónio para o outro. Olhando atentamente para
esta ligação dá a sensação de que há curto circuito quando dois neurónios se
ligam entre si. Veja só o que acontece na figura. Na verdade este “curto circuito”
é o que dá origem portanto ao impulso nervoso. Repare atentamente na figura.

Figura 3. Representação das ligações sinápticas


Psicologia Geral: Ensino à Distância 41

Lição nº 3

Ligação entre o neurónio e o


sistema nervoso
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Conhecer as diferentes partes que constituem o Sistema Nervoso


Central;
• Descrever as relações entre o cérebro e o Sistema Nervoso e as
diferentes partes que constituem o Sistema Nervoso Central.
Conceitos fundamentais: Sistema Nervoso Central, Sistema Nervoso Periférico

O sistema nervoso, como referimos anteriormente, é um sistema altamente


organizado que advém da combinação de células especializadas, chamadas de
neurónios (nervos) motores, neurónios sensoriais e de conexão. Certa literatura
designa os neurónios de conexão como sendo de associação ou mistos.

Os neurónios motores conhecidos também por eferentes têm a função de


transportar mensagens do sistema nervoso central para os músculos, nos quais
se produz a resposta em forma de movimento ou contracção. Pense, por
exemplo, numa tomada eléctrica a partir do qual se pode ligar uma ficha e fazer
funcionar a máquina. Atenção, não estamos a tentar comparar o funcionamento
do organismo com uma máquina. Estamos apenas a dar exemplos ilustrativos do
mecanismo de funcionamento deste.

Os neurónios sensoriais também designados de aferentes têm a função de


conduzir os impulsos captados pelos receptores dos órgãos sensoriais para o
sistema nervoso central.

Os neurónios de conexão estão ligados ao processamento de informações


mais complexas e estabelecem a mediação entre os neurónios sensoriais e
motores. Portanto, parece que tudo funciona num sistema de circuito
fechado, matéria que aprendeste na Física no Ensino Secundário.
42 Lição nº 3

Sistema nervoso humano, suas partes fundamentais e


funções.
Quadro 1. As partes constituintes do sistema nervoso

SISTEMA NERVOSO

SISTEMA NERVOSO SISTEMA NERVOSO


CENTRAL PERIFÉRICO

ENCÉFALO SISTEMA NERVOSO SISTEMA NERVOSO


SOMÁTICO AUTÓNOMO

ESPINAL MEDULA SISTEMA NERVOSO


SIMPÁTICO

SISTEMA NERVOSO
PARASSIMPÁTICO

Do ponto de vista anátomo-funcional o sistema nervoso divide-se em:

Sistema nervoso central que regula todas as interacções entre o organismo e o


meio externo, isto é, recebe e processa a informação proviniente do meio
exterior e comanda a resposta. O sistema nervoso central é constituído por
encéfalo e espinal medula.

A função de espinal medula é de conduzir impulsos de e para o encêfalo e


coordenar actividades reflexas que se resumem em transmitir sinais entre o
corpo e o encéfalo; dos órgãos dos sentidos e dos músculos para o cérebro;
envia para o cérebro informações referentes a estimulação táctil.
Permite a execução de respostas motoras rápidas, instantâneas, autónomas que
antecedem à consciência de um estímulo.

Uma lesão nesta região pode originar a incapacidade em controlar as pernas, os


braços, os intestinos ou a bexiga, uma situação de paraplégica.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 43

Figura 4. As partes que compõem a espinal medula.

www.corpohumano.hpg.ig.com.br/sist_nervoso/medula_espinhal/med_espinhal.h
tml

O sistema Nervoso Periférico

O Sistema Nervoso Periférico é uma das partes do sistema nervoso que é


constituído por todos os nervos que se encontram fora do cérebro e da medula
espinal e estende-de por todo corpo (ver figura 3.8 do livro Introdução à
Psicologia de Weyten página 71). Ele é constituido pelo Sistema Nervoso
Somático e Sistema Nervoso autónomo.

O Sistema Nervoso Somático

Pense, por exemplo, num sistema eléctrico da sua casa, da sua escola ou do
seu vizinho. Os cabos que se conectam às lâmpadas ou que derivam a energia
para as tomadas estão ligados ao quadro central. Estes cabos extraem energia
do quadro central para acender a lâmpada e, ao mesmo tempo, mandam sinais
da lâmpada ao quadro central. Da mesma forma, o Sistema Nervoso Somático, é
constituido de nervos que se ligam directamente aos músculos e aos receptores
voluntários. Estes receptores assemelham-se aos cabos que carregam a
informação dos receptores da pele e dos músculos e levam-na ao sistema
nervoso central e este por sua vez emite ordens aos músculos. Por exemplo, se
44 Lição nº 3

se toca no olho ele começa a lacrimejar. Mas antes deste processo, o estímulo
foi conduzido ao sistema nervoso central de receptores para o sistema nervoso
central para ser reconhecido e só depois se manda a resposta adequada. Os
receptores da informação são constituidos por dois tipos de fibras nervosoas:

a) fibras aferentes que são os axónios que levam a informação


directamente para o sistema nervoso central a partir da periferia do
corpo; e

b) as fibras eferentes, que são os axónios que devolvem a informação do


sistema nervoso central para a periferia do corpo.

Cada nervo do corpo é constituido por vários axónios de cada um destes dois
tipos mencionados acima. Pode-se dizer que os nervos somáticos são como um
sistema eléctrico que é constituido por dois fios, um negativo e outro positivo. O
sistema nervoso somático permite-nos o contacto com o mundo exterior.

O Sistema Nervoso Autónomo

Este tipo de sistema nervoso é constituido por nervos que se ligam ao coração,
aos vasos snguíneos, aos músculos lisos e às glândulas. Embora seja
controlado pelo sistema nervoso central, o Sistema Nervoso Autónomo funciona
separadamente. Como o próprio nome indica, ele é autónomo. Ele controla as
funções automáticas, involuntárias e das vísceras do nosso corpo. Imagine, por
exemplo, o funcionamento do coração, dos rins, pulmões, etc. Não dependem da
nossa vontadade. O Sistema Nervoso Autónomo é o mediador das funções
fisiológicas que acontecem quando uma pessoa experimenta emoções. Pense,
por exemplo, que você, às vezes, tem uma discussão desagradável com uma
outra pessoa. Se você se aborrece com isso, o seu ritmo cardíaco, quer dizer, as
batidas do teu coração, aumentam de intensidade e isso pode aumentar a sua
pressão sanguínea que se pode, algumas vezes, se transformar em arrepios ou
transpirações.

O Sistema Nervoso Autónomo subdivide-se ainda em sistema nervoso simpático


e sistema nervoso parassimpático.

O sistema nervoso simpático é o responsável pelo transporte do sangue e do


oxigénio para todas as partes do corpo, preparando o corpo para a acção,
enquanto que o parassimpático diminui a acção energética do corpo. Este tipo de
sistema nervoso é que é responsável pela diminuição do ritmo cardíaco quando
Psicologia Geral: Ensino à Distância 45

o nosso coração se acelera e promove a redução da pressão sanguínea e da


digestão. Isto significa que depois de uma pessoa se emocionar muito, para
voltar para o seu estado normal precisa que o sistema nervoso parassimpático
actue.

Imagem: LOPES, SÓNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002. Fonte
www.afh.bio.br/nervoso/nervoso4.asp

O sistema Nervoso Parassimpático (SNP), como se referiu anteriormente,


funciona como refreador do Sistema Nervoso Simpático. O SNP actua sobre os
órgãos tais como o coração, os brônquios, os intestinos, a bexiga e outras
glândulas secretórias, estabelecendo as suas funções normais.

Actividade 6

Se tiver assesso ao laboratório de Biologia, procure encontrar o esqueleto de um


cérebro humano e observe as partes que o compõe. Se não tiver acesso a um
laboratório, consulte um livro de Anatomia Humana e certifique-se das partes
que compõem o cérebro. Descreva essas partes e discuta com o seu colega.
Poderá discutir também com o professor de Biologia os resultados da sua
observação.
46 Lição nº 3

Sumário
Neste capítulo abordamos questões fundamentais relacionadas com a
constituição e funcionamento do sistema nervoso.

Rerferimo-nos ao facto de que o sistema nervoso era constituido por diversas


partes, entre as quais, o sistema nervoso central e suas ramifiações bem como o
sistema nervoso periférico com as respecitvas divisões.

Na abordagem desta matéria é essencial compreender que o funcionamento do


sistema nervoso está intimamente ligado à compreensão da estrutura e função
da célula básica do sistema nervoso que o neurónio.

Um dado estímulo presente no meio vai excitar os receptores (células que


tranformam os estímulos em impulsos nervosos). Em seguida, a excitação ou
impulso nervoso é conduzido através de feixes de nervos (células nervosas – os
neurónios) até ao cérebro ou espinal medula.

O cérebro e, no caso das respostas reflexas, a espinal medula vão funcionar


como centros de decisão e enviarão uma resposta ao músculo ou órgão
excitado. Assim, partem do cérebro impulsos nervosos que se dirigem aos
músculos e glândulas, que constituem os chamados efectores ou órgãos de
acção dos organismos que em conexão com os nervos eferentes e mistos
desencadeam o conjunto de mecanismos necessários para a produção de uma
resposta.

O nosso sistema nervoso, portanto, é composto por vários biliões de neurónios


que estabelecem entre si cerca de 10 trilhões de sinapses, que é uma pequena
abertura que permite a passagem do impulso de um neurónio para o outro.

O sistema nervoso como um todo é, portanto, constituido por: espinal medula


que é um longo tubo de fibras nervosas, responsável pela condução de impuslos
nervosos para o encéfalo e pela actividade reflexa; o encéfalo é constituído, na
região posterior, pelo bolbo raquidiano, que se liga à espinal medula cuja
responsabilidade é controlar as funções vitais tais como a respiração e o rítmo
cardíaco. O cérebro, outra componente do encéfalo, toma conta do equilíbrio e
coordenação muscular.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 47

Os hemisférios esquerdo e direito constituem parte integrante do encéfalo e


encontram-se envolvidos por uma camada fina chamada de córtex cerebral com
duas áreas fundamentais: a da projecção e de associação, responsáveis,
respectivamente, pelos movimentos ou sensações e pelos processos mentais
superiores.

O sistema nervoso é ainda constituido pelo sistema nervoso periférico cuja


função é manutenção do equilíbrio do meio interno e funcionamento dos órgãos
viscerais.

Exercícios
Para realizar os exercícios propomos os seguintes materias: folha A4, caneta ou
lápis, borracha. Para o aprofundamento da matéria poderá consultar os sites
propostos na bibliografia recomendada
Auto-avaliação
1. Organize um dossier com artigos de jornais e revistas sobre as mais recentes
pesquisas e descobertas relativas ao funcionamento do sistema nervoso.

2. Explique com as suas próprias palavras como podem ser transmitidas as


mensagens entre as células nervosas que não estão em contacto uma com a
outra.

3. Escreva e explique a estrutura do sistema nervoso e suas componentes.


48 Unidade III

Unidade III

PSICOLOGIA EVOLUTIVA E DE
DESENVOLVIMENTO

Introdução
O desenvolvimento não termina quando a pessoa atinge a sua maturidade física,
antes continua pela vida fora, nos diversos contextos da vida do indivíduo.
Muitos autores que estudam o desenvolvimento físico, perceptivo, cognitivo,
social e da personalidade conceptualizam a vida humana como uma sucessão
de fases ou etapas do desenvolvimento, que, embora com perspectivas
diferentes, caracterizam as fases do desenvolvimento físico e mental do
indivíduo.

A puberdade e a adolescência constituem momentos muito significativos no


desenvolvimento humano que se caracterizam pelas mudanças qualitativas e
quantitativas do comportamento.

Conhecer as características fisiológicas e principalmente psicológicas dos


indivíduos nestas fases é um dos grandes objectivos esta unidade, porquanto
permitir planificar o processo de ensino e aprendizagem. Para os professores e
o público em geral, estes conhecimentos são de grande importância, visto que
vão permitir compreender melhor os alunos e suas capacidades mentais, tendo
em conta a sua idade.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 49

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

ƒ Conhecer as características comuns de desenvolvimento nas diferentes


faixas etárias (infância, adolescência e adulta)

Objectivos ƒ Compreender os factores significativos que determinam o


desenvolvimento humano;
ƒ Reconhecer as implicações pedagógicas das concepções teóricas
sobre o desenvolvimento;
ƒ Caracterizar os estádios de desenvolvimento segundo J. Piaget, S.
Freud e E. Erikson;
ƒ Explicar os diferentes factores e sua influência no desenvolvimento
humano;

Para a compreensão desta unidade, você precisará de dominar os seguintes


conceitos:

Desenvolvimento, maturação, crescimento, estádios de desenvolvimento e


Terminologia
personalidade.

Conhecimentos prévios
Para o estudo deste capítulo deverá recorrer aos conhecimentos da Biologia da
8ª, 9ª e 10ª classes, sobretudo no que diz respeito ao sistema reprodutor,
genética e desenvolvimento embrionário.
50 Unidade III

Ao iniciar o estudo deste capítulo deverá antes de tudo tentar examinar a lista
dos conteúdos e focalizar o seu estudo nos aspectos mais importantes. No início
desta unidade, você encontrará uma introdução e um conjunto de actividades de
aprendizagem, o que facilita uma apreciação rápida do valor que a unidade tem
para si.

Os principais conteúdos temáticos desta unidade são:

1 Desenvolvimento humano;
2 Conceitos de desenvolvimento, maturação, crescimento e estádio de
desenvolvimento;
3 Concepções sobre o desenvolvimento;
4 Desenvolvimento e socialização.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 51

Lição nº 1

Desenvolvimento Humano

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Conhecer as diferentes fases do desenvolvimento humano;


• Descrever as fases de desenvolvimento humano;
• Indicar as diferenças existentes entre uma fase e outra.
Conceitos fundamentais: desenvolvimento, crescimento e maturação

No decorrer da vida do indinvíduo ocorrem modificações, tanto no plano físico,


quanto no psicológico, ou emocional. A criança que nasceu com um peso de
setucentas gramas, rapidamente se denvolve adquirindo um peso maior. Os
seus membros crescem com uma certa velocidade. Passados alguns anos,
caminha por si sem precisar de ajuda dos mais velhos. Dizemos então que
houve um crescimento físico que se caracterizou por um aumento da massa do
corpo. Por outro lado, esta mesma criança que nascera sem pelo menos saber
pronunciar certas palavras, aos três anos ou mesmo antes disso, ela já fala com
uma certa fluência, lê imagens, identifica conceitos e até escreve certos rabiscos
sobre uma folha de papel.

O que ocorreu?

Dizemos pois que houve desenvolvimento. Que a criança cresceu, se


desenvolveu. A mesma criança que ao nascer só sabia chorar, passado algum
tempo pode dizer com palavras o que gosta e o que não gosta, o que quer ser
quando adulto, de quem mais gosta, etc. Os exemplos citados aqui mostram que
o indivíduo, antes de ser adulto passa por muitas fases de transformações, quer
no plano físico (andar, correr, aumentar de peso), no plano psíquico (descrever
52 Lição nº 1

as características do objecto, desenvolver a noção de conceitos) como no plano


emocional (manifestar os seus interesses íntimos). O desenvolvimento é, pois a
sequência das modificações, quer no plano físico, psicológico quer emocional
que ocorrem dentro de um indivíduo, desde o seu nascimento até à morte. Esta
definição deixa antever porém que o desenvolvimento humano não termina
quando o indivíduo atinge a fase adulta. Ele prolonga-se até à morte. A pergunta
que se colocaria neste caso seria: será a morte uma das fases de
desenvolvimento? Se considerarmos que o percurso deste indivíduo teve um
princípio, esperamos que tenha, portanto, um fim, o desaparecimento do
indivíduo.

O desenvolvimento psicológico engloba as alterações comportamentais do


indivíduo enquanto que o físico tem a ver com as mudanças biológicas
decorrentes do envelhecimento. No entanto, é necessário distinguir o
crescimento do desenvolvimento. O crescimento corresponde às alterações
quantitativas que ocorrem tanto no plano físico, psicológico ou emocional do
indivíduo, enquanto que o desenvolvimento refere-se às mudanças de ordem
qualitativa. O bebé que outrora não se movia, agora consegue agarrar objectos,
dominar a gramática gradualmente; o jovem que pensa no que vai ser no futuro.
Referimo-nos a este aspecto como sendo desenvovolvimento. Mas imagine
que, aos três anos, a criança calçava um determinado número de calçado, agora
calça um número maior. Dizemos que o seu pé cresceu. Contudo, o crescimento
acompanha sempre o desenvolvimento e vice-versa.

Agora, pare de ler e pense.

O seu filho, o filho do seu irmão, ou vizinho, quantos anos tem?

Descreva as fases mais marcantes e que você presenciou do crescimento e


desenvolvimento desta criança.

Desenvolvimento no período Pré-Natal

Ao contrário do que muita gente pensa, o desenvolvimento não inicia com o


nascimento do bebé. O nascimento constitui uma das fases do desenvolvimento
da criança. O desenvolvimento pré-natal começa, pois, logo no período em que a
mãe concebe até ao nascimento do bebé. Quer dizer, podemos considerar a
entrada do espermatozóide no óvulo da mulher (formação do zigoto) como o
Psicologia Geral: Ensino à Distância 53

início do desenvolvimento do indivíduo. A partir desta célula todas as outras


células começam a desenvolver-se. Cada uma dessas células transporta consigo
os cromossomas no seu núcleo e que contêm mensagens dos progenitores.
Cada cromossoma é constituido por muitos genes. Os genes contêm toda a
informação heriditária que depois se transmite ao indivíduo e que depois se
revela ao longo da sua vida. O período de desenvolvimento pré-natal estende-se
por um período de nove meses e ocorre a uma velocidade grande.

No desenvolvimento pré-natal observam-se três estágios fundamentais


designados por estágio germinal, estágio embrionário e estágio fetal

O estágio germinal tem início nas primeiras duas semanas depois da mulher
conceber. Neste período, há, portanto, a formação do zigoto que ocorre através
da fertilização. Trinta e seis horas depois o zigoto subdivide-se em céluas
permitindo a que este se transforme numa massa de células muito pequenas
,visíveis ao microscópio e que se multiplicam entre si. Este grupo de células,
desloca-se depois para a cavidade uterina através da Trompa de Falópio, onde
sete dias depois esta massa celular se fixa nas paredes do útero da mãe.
Durante este percurso, que demora sete dias, muitos zigotos podem ser
rejeitados. Na altura em que há esta fixação nas paredes uterinas do grupo de
células se forma a planceta que é uma estrutura a partir da qual o oxigénio e os
nutrientes da corrente sanguínea passam passam da mãe, para o feto e os
dejectos corporais do feto passam para a mãe. Este momento de formação do
feto é extremamente crucial.

O estágio embrionário começa de duas semanas após o o estágio germinal e


termina dois meses depois. Neste período observa-se a formação da maioria dos
orgãos vitais do bebé o que passa a chamar-se de embrião. É pois nesta fase
que os órgãos tais como o coração, a coluna vertebral e o cérebro se formam
gradualmente. Neste período, o embrião começa a ter o formato humano com o
a formação dos principais membros (braços, pernas, mãos, dedos e pés) e
órgãos do sistema visual e auditivo, tais como, olhos e orelhas. O período
embrionário é um período muito sensível devido ao facto de que é nele onde se
começa a formar os órgãos vitais do indivíduo. Qualquer interferência anormal
neste período pode ter um efeito devastador para o indivíduo. Grande parte de
54 Lição nº 1

abortos e deficiências estruturais que se relacionam com o nascimento ocorre no


perído embrionário. Repare na figura as fases do desenvolvimento do embrião.

Figura Fases do desenvolvimento embrionário

Fonte: Desenho digitalizado a partir da figura da página 3 do Livro "Embriologia


Clínica"de Moore, K. L & Persaud T.V.N. publicado pela Guanabara Koogan em
1994 (www.assis.unesp.br/egalhard/desembr.htm)

O estágio fetal começa dos dois meses atá ao nascimento do bebé. Neste
período observa-se um rápido crescimento nos dois primeiros meses que ocorre
com o início da formação dos músculos e ossos. Neste período de
desenvolvimento, o feto é capaz de emitir movimentos físicos que advêm do
fortalecimento das estruturas esqueléticas. Os órgãos, tais como o coração,
cérebro e outros, desenvolvem-se com rapidez e começam gradualmente a
funcionar. Há também neste período o início do desenvolvimento dos órgãos
sexuais que começa ao terceiro mês. Nos últimos três meses observa--se a
multiplicação acelerada das células cerebrais, o amadurecimento do sistema
respiratório e do digestivo, preparando o bebé para enfrentar as duras condições
do meio ambiente externo. Entre vinte e duas e vinte e seis semanas antinge-se
aquilo que é conhecido por idade da viabilidade. Nesta idade, o bebé poderá
sobreviver no caso de ela nascer prematuramente.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 55

Figura Vista geral do desenvolvimento do feto

Fonte: Desenho digitalizado a partir da figura da página 5 do Livro "Embriologia


Clínica"de Moore, K. L & Persaud T.V.N. publicado pela Guanabara Koogan em 1994.
(www.assis.unesp.br/egalhard/desembr.htm)

Qual é a influência dos factores ambientais sobre o desenvolvimento pré-


natal?

Os factores ambientais podem ter um grande efeito negativo no desenvolvimento


do bebé duarante a fase pré-natal, apesar do aconchego de protecção
proporcionado pela mãe no interior do útero. Como vimos anteriormente as
estruturas fisicas do bebé se formam no período pré-natal e é neste período que
várias dessas estruturas são vulneráveis a danos. A mãe, precisa de observar
todos os cuidados nutritivos para que não ponha em risco o bebé e possa evitar
nascimentos prematuos ou nados mortos. As drogas, tais como o tabaco, o
álcool e outras, podem ter efeitos devastadores na saúde do bebé e provocar
neste o sindrome e morte súbita. Os problemas que advêm do consumo do
álcool podem provocar directamente no bebé microcefalia (cabeça pequena),
irritabilidade, hiperactividade, deficiências cardíacas, retardamento no
desenvolvimento motor, etc. Portanto, há toda uma série de cuidados que a
mulher deve observar quando estiver no estado de gravidez para não prejudicar
o desenvolvimento do feto. Alguns desses cuidados consistem em acatar as
orientações dos profissionais de saúde, procurar serviços médicos de boa
qualidade no início da gravidez. Mas sabe-se que, devido a pobreza, nem
sempre é possivel usufruir de tais condições.
56 Lição nº 2

Lição nº 2

O Desenvolvimento Motor da
Criança

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Conhecer as diferentes partes do desenvolvimento da criança que


constituem o Sistema Nervoso Central;
• Descrever o desenvolvimento da criança nas suas diferentes fases;
• Estabelecer a relação entre as diferentes fases do desenvolvimento da
criança.
Conceitos fundamentais: Desenvolvimento motor, desenvolvimento emocional,
desenvolvimento moral.

Depois do nascimento, a criança está sujeita a vários estímulos da natureza, aos


quais deve responder com as suas habilidades motoras. O desenvolvimento
motor tem a ver com a forma progressiva da coordenação muscular que se exige
para uma actividade física. Nas actividades motoras básicas, a criança agarra,
manipula e lança objectos. Realiza movimentos de sentar, de gatinhar, de correr
e de andar. Segundo Piaget citado por Weiten (2002) este constitui o primeiro
estágio de desenvolvimento da criança: o desenvolvimento sensório-motor.
Neste período, as crianças aprendem a coordenar as suas acções motoras em
consonância com as influências sensoriais.

O desenvolvimento da criança nesta fase tende a partir da cabeça para os pés


(desenvolvimento cefalocaudal- direcção da cabeça para os pés). Há uma
tendência da criança de controlar mais a parte superior do seu corpo do que a
parte inferior. Se observar atentamente, poderá notar que o bebé, durante a fase
do seu desenvolvimento, controla mais a sua cabeça e braços mais do que os
Psicologia Geral: Ensino à Distância 57

pés. O bebé pode virar a cabeça, agarrar o lençol com as mãos e puxá-lo para a
boca.

Para que o bebé possa se impulsionar, transfere gradativamente o uso dos


braços para as pernas ganhando um certo controlo dos movimentos que parte do
dorso para as extremidades. Esta fase de desenvolvimento é designado de
tendência próximo-distal que é uma tendência do desenvolvimento motor que se
orienta do centro para as extremidades.

O desenvolvimento motor do bebé depende do crescimento físico deste que em


geral é muito rápido. Estudos feitos mostram que o bebé pode, um dia apenas
depois de um período estacionário de 60 dias, crescer meia polegada.

Os progressos no campo motor do bebé atribuem-se a maturação dos ógãos


motores (músculos, ossos, tendões). Comprende-se por maturação o
desenvolvimeto que reflecte o desdobramento do esquema genético de
uma pessoa (Weiten, 2002). São mudanças físicas que são geneticamente
programadas e que dependem da idade. Por exemplo, uma criança de um ano
não pode correr, porque, do ponto de vista físico, ainda não ocorreram
mudanças capazes de proporcionar esta habilidade. A maturação é um
processo oposto à aprendizagem e à experiência.

Em geral, durante a fase do desenvolvimento motor, os pais prestam muita


atenção aos seus filhos. Ajudam-lhes a caminhar e a executar certos exercícios
que até certo modo são difíceis para as crianças. Em certa medida, alguns pais
podem ficar preocupados quando uma criança não executa determinados
movimentos. Na realidade existe aquilo que se chama normas de
desenvolvimento. Durante o processo do desenvovlimento existem, em média,
períodos considerados médios a partir dos quais uma determinada habilidade
motora ou psicológica pode-se observar. Contudo, por qualquer razão esta
mesma habilidade pode se manifestar mais tarde sem, contudo, significar que a
criança sofra de deficiência. É preciso entender que as normas referem-se
apenas à média.

Desenvolvimento emocional

A ligação das mães com os seus bebés começa logo desde o início; contudo,
nos primeiros momentos da vida esta ligação não se pode considerar tão
estreita. A razão disso é o facto de a criança poder estabelecer outros laços com
58 Lição nº 2

outras pessoas. É comum verificar-se que a criança pode passar de mão em


mão sem se quer chorar por sua mãe. Outras ao primeiro toque gritam
imediatamente pedindo socorro da mãe. A preferência pela mãe só começa a
acontecer aos seis ou sete meses de idade. Este vínculo designado por
ansiedade de separação atinge o seu pico dos 14 aos 18 meses. A partir dos
dezoito meses começa a diminuir. Estudos feitos mostram que nos bebés que
não recebem cuidados da mãe por mais de 20 horas há um risco de se
desenvolver vínculos inseguros com a mãe.

O que torna fascinante o estudo do desenvolvimento de qualquer coisa que seja


e principalmente dos seres humanos é o facto de dizer respeito às nossas vidas,
de você, de mim e de todos nós. Este interesse baseia-se na velha intuição
acerca da compreensão individual e da auto-descoberta: se conseguirmos
descobrir as nossas raízes e a história das mudanças que nos transformaram no
que somos hoje, poderemos compreender-nos melhor. Se conseguirmos
combinar a perspectiva do nosso presente, estaremos mais aptos a antecipar o
futuro e a prepará-lo de acordo com os nossos objectivos.

O desenvolvimento moral

Vários psicólogos tentaram investigar o desenvolvimento moral da criança dentre


os quais o próprio Piaget que afirmou que o desenvolvimento moral se encontra
ligado ao desenvolvimento cognitivo. Mas foi Kolberg quem mais se interessou
em descrever o desenvolvimento moral da criança tendo afirmado que os
indivíduos, durante o seu desenvolvimento, atravessam três níveis sequenciais
de desenvolvimento moral que se subdividem em subníveis totalizando seis
estágios de desenvolvimento. O nível Pré-Convencional que inclui dois estágios,
nomeadamente o de orienta,cão à punição e o de orientação à recompensa
ingénua; o nível Convencional que inclui os estágios de orientação do bom
menino/boa menina e o de orientação da autoridade; e o nível Pós-
Convencional que inclui os estágios de orientação do contrato social e o de
orientação à consciência e princípios individuais.

No nível pré-convencional as crianças mais jovens pensam em termos de


autoridade vinda do exterior de si mesmas. Elas veêm os actos errados como
Psicologia Geral: Ensino à Distância 59

Nivel Pré convencional Convencional Pós-convencional

Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5 Estágio 6

Orientação à Orientação à Orientação Orientação Orientação Orientação à


punição recompensa do bom da do contrato consciência e
ingénua menino/boa autoridade social princípios
menina individuais

O certo e o O certo e o O certo e o O certo e o O certo e o O certo e o


errado são errado são errado são errado são errado são errado são
determinados determinados determinados determinados determinadas determinados
s pelo que é pelo que é pela pelas regras pelas regras por princípios
punido recompensad aprovação ou e leis da da sociedade éticos
o desaprovaçã sociedade que são abstractos
o de pessoas que devem vistas mais que
próximas ser como falíveis enfatizam a
obedecids que como equidade e a
rigidamente absolutas justiça

sendo errados porque são punidos e os actos correctos, porque não o são, são,
portanto, recompensados. Na fase mais adulta do desenvolvimento da criança,
no nível convencional, elas consideram as regras como um aspecto importante
e necessário para manter a ordem social e aceitam-nas como fazendo parte de
si mesmas, enquanto que no estágio pós-convencional há menos rigidez das
normas ou regras de conduta. As crianças têm a consciência de que alguém
pode não agir em conformidade com as regras se estas entrarem em conflito
com os seus desejos. A seguir apresentamos um quadro resumido da teoria dos
estágios de Kolberg.

Quadro de Teorias de estágios de Kohlberg. Fonte Weite, Wayne (2002)


Introdução à Psicologia pg. 325.

Actividade 7:

Observe uma criança de 3 anos e uma criança de 7 anos quanto à sua


actividade motora. Faça um quadro comparativo das principais actividades que
cada uma desenvolve nas suas respectivas idades. Explique as diferenças de
actividade nas duas crianças. Discuta os resultados com os seus colegas.
60 Lição nº 3

Lição nº 3

O Desenvolvimento na
Adolescência

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Conhecer as características de desenvolvimento na adolescência;


• Descrever as principais relações entre as diversas características de
desenvolvimento na adolescência.
Conceitos fundamentais: Adolescência, identidade.

A adolescência representa uma fase muito difícil de desenvolvimento. É nesta


fase que se operam as transformações mais substanciais de desenvolvimento no
plano físico, psicológico e de personalidade da criança. No plano psicológico, as
crises decorrentes desta fase explicam-se pela extrema ansiedade da criança
em se tornar adulto. No plano físico são determinadas pelas mudanças no
crescimento geral dos órgãos e no aparecimento de certos fenómenos, tais como
a menstruação nas raparigas. Do ponto de vista da personalidae cresce a
consciência do indivíduo.

Se reparar atentamente aos seus alunos sobretudo os da sexta e sétima classes


e compará-los com os da quarta e quinta, notará provavelmente uma diferença
acentuada neles, quer do ponto de vista de formas de pensamento como de
crescimento físico. Por volta dos 11 nas meninas e 13 nos rapazes, verificam-se
mudanças hormonais que levam à maturidade física e sexual das crianças.
Existe um aumento em peso e altura das crianças e o desevolvimento de
características sexuais secundárias. Nos rapazes há aumento da voz e
aperecimento de pêlos faciais, crescimento do esqueleto, ombros mais largos, e
aumento da massa muscular. Nas raparigas existe o aparecimento dos seios e
alargamento da bacia (ossos pélvicos). Apesar deste desenvolvimento não se
pode dizer ainda que as crianças estão sexualmente maduras, mas sim, abre o
Psicologia Geral: Ensino à Distância 61

caminho para criação de condições para a maturação sexual. Esta fase é


conhecida por fase da puberdade fase que marca o início da adolescência.
Nos rapazes, o desenvolvimento das características sexuais inclui o pénis e os
testículos e as estruturas internas relacionadas com o aparelho reprodutor. Nas
raparigas, a puberdade inclui a menarca (a primeira menstruação). O
desenvolvimento das características sexuais varia. Em alguns países, a menarca
aparece aos 12 anos, enquanto que em outros aos 11 anos.

O desenvolvimento da personalidade na adolescência

O conceito de personalidade é pormenorizadamente discutido no capítulo V.


Aqui apenas nos referiremos a alguns aspectos que marcam o desenvolvimento
do adolescente.

Segundo Erikson citado por Weiten (2002), o desenvolvimento da personalidade


na adolescência é caracterizada por uma crise psicossocial que cria como
resultado a confusão e a identidade. O adolescente luta permanentemente
para formar uma identidade. Esta luta envolve a criação de auto-conceito
estavável. A luta pela identidade alicerça-se no facto de que as mudanças físicas
que ocorrem durante esta fase estimulam signigicativamente o pensamento
sobre a auto-imagem. Se verificar com atenção notará que mesmo a forma de
vestir dos adolescentes muda. Frequentemente são assolados pela moda no
vestuário e mesmo na linguagem. A seguir apresentamos um quadro-resumo do
desenvolvimento da personalidade nas diversas idades de acordo com Erikson.

Idade Estádio de desenvolvimento Resolução bem sucedida

0 – 1,5 Confiança/desconfiança Estabelecimento de relações de confiança.

1,5 – 3 Autonomia/insegurança, Desenvolvimento de condutas autónomas (fazer


vergonha sozinho).

3–6 Iniciativa/culpa Tomada de iniciativa na organização das


actividades.

6 – 12 Diligência/inferioridade Tornar-se competente no seu meio social ou


escolar.
62 Lição nº 3

12 – 20 Identidade/difusão de Formação de uma indentidade pessoal bem


identidade integrada.

20 – 35 Intimidade/isolamento Desenvolvimento de relações de verdadeira


intimidade.

35 – 65 Criatividade/estagnação Ser um membro activo da sociedade (educação dos


filhos)

65 – Integridade/desespero Sentimento de realização face ao passado,


morte serenidade face ao futuro

Exercícios

Chegou a hora de realizar um teste, para isso serão necessários os


seguintes materiais:

Auto-avaliação Uma folha A4, um lápis de carvão HB, uma borracha.

Agora, leia com com atenção as questões que se seguem e assinale com X
no espaço da alínea que achar correta.

Não olhe para o guião de correcção, primeiro tente responder, se não conseguir
volte a ler o material e recursos de apoio. (correção no fim da unidade).

1. O estágio de desenvolvimento pré-natal durante o qual o organismo em


desenvolvimento é mais vulnerável a danos é o: (2.00 Valores).

A. Estágio zigótico (____)


B. Estágio germinal (_____)
C. Estágio fetal (_____)
D. Estágio embrionário (_____)

2. A tendência cefalocaudal no desenvolvimento motor das crianças pode ser

descrita simplesmente como: (2.00 Valores).


Psicologia Geral: Ensino à Distância 63

A. Direcção da cabeça para os pés (_____)

B. direcção do centro para fora (_____)


C. Direcção dos pés para a cabeça (_____)
D. Direcção para os terminais do corpo (____)

3. As normas de desenvolvimento: (2.00 Valores).

A. Podem ser usadas para fazer predições extremamente precisas sobre a idade
na qual uma criança individual atingirá várias marcas de desenvolvimento (____)

B. Indicam a idade máxima na qual uma criança pode atingir uma marca de
desenvolvimento particular e ainda possa ser considerada “normal”(_____)
C. Indicam a idade média na qual os indivíduos atingem várias marcas de
desenvolvimento (_____)
D. Envolvem tanto A como B (_____)

4. Quando o desenvolvimento dos mesmos sujeitos é estudado durante um


período de tempo, o estudo é chamado de: (2. 00 Valores).

A. Transversal (_____); B. História da vida (_____)

C. Longitudinal (_____); D. Sequencial (______)

5. A formação de um vínculo entre o bebé e a pessoa que cuida dele parece ser:
(2. 00 Valores).

A. Uma função exclusiva do temperamento do bebé (_____)

B. Uma função exclusiva da sensibilidade da pessoa (_____)

C. Fundamentalmente uma questão de quão bem as necessidades nutricionais


da criança são cumpridas (_____)

D. Uma função dos efeitos combinados do temperamento do bebé e da


sensibilidade de quem cuida dele (_____)

6. Durante o segundo ano de vida, os bebés começam a assumir alguma


responsabilidade pessoal em alimentar-se, vestir-se e banhar-se a si próprios,
em uma tentativa de estabelecer o que Erikson chama de senso de: (2. 00
Valores).
64 Lição nº 3

A. Superioridade (__); B. Diligência (___); C. Generatividade (__); D. Autonomia


(__)

7. Com cinco anos, Kossa assiste despejar água de um copo baixo e largo para
um alto e estreito. Ele diz que não há mais água que antes. Esta resposta
demonstra que: (2. 00 Valores).

A. Kossa entende o conceito de conservação (_____)

B. Kossa não entende o conceito de conservação (______)

C. O desenvolvimento cognitivo de Kossa está “aquém” da sua idade (____)

D. Tanto B como C estão ocorrendo (_____).

8. Quais das seguintes não é uma das críticas à teoria de desenvolvimento


cognitivo de Piaget? (2. 00 Valores)

A. Piaget pode ter subestimado as habilidades cognitivas das crianças em


algumas áreas (_____)

B. Piaget pode ter subestimado a influência de factores culturais no


desenvolvimento cognitivo (____)

C. A teoria não se refere claramente à questão das influências individuais no


desenvolvimento (____)

D. As evidências da teoria são baseadas nas respostas de crianças a questões


(____)

9. A suposição de uma criança pré-operacional de que um carro está se


movendo porque está dentro dele é um exemplo de: (1.00 Valores)

A. Eegocentrismo (____)

B. Centração (____)

C. Conservação (____)

D. Raciocínio pré-convencional (____)


Psicologia Geral: Ensino à Distância 65

10. Garotas que madurecem _________e garotos que amadurecem________


sentem-se, especialmente, incomodados sobre a puberdade e contrafeitos com
suas aparências. (1.00 Valores).

A. Cedo-cedo (___); B. Cedo-tarde (___); C. Tarde-cedo (___); D. Tarde-tarde


(___).

11. Fábio, de 16 anos, quer passar alguns anos experimentando modos de vida
e carreiras diferentes antes de decidir quem e o que quer ser. Ele está na fase
da adolescência chamada: (1. 00 Valores).

A. Moratória (____)

B. Hipoteca (_____)

C. Realização de identidade (_____)

D. Difusão de identidade (_____)

12. Duas áreas cognitivas que podem decair por volta do 60 anos são:

(1. 00 Valores)

A. Escores de testes verbais e matemáticos (____)

B. Velocidade cognitiva e memória (____)

C. Escores de vocabulário e raciocínio abstracto (____)

D. Nenhuma das anteriores (____)

Actividade 8

E a cerca do desenvolvimento humano, pode realizar em colaboração com os


seus colegas, vários tipos de actividades de aprendizagem.

Sugerimos apenas algumas, de entre as quais possa optar:

Visita de estudo a um jardim de infância, onde, através da observação e de


entrevistas aos técnicos, você possa identificar diferentes estádios e expressões
do desenvovlvimento. Elabore, antes de tudo, um dossier/guia da visista e depois
organize um relatório final.

Construção e aplicação de um pequeno inquérito, em que se procure


conhecer o que os jovens e adultos pensam sobre a adolescência.
66 Lição nº 3

Na análise dos resultados, identificar attitudes, mitos e factores sobre esta fase
do desenvolvimento.

Preparação e organização de um debate, na turma, eventualmente alargado a


várias turmas ou mesmo à escola, em que os alunos reflictam sobre os
problemas relativos ao estudo dos adolescente na sociedade de hoje, e
importância do seu estudo.

Assim que terminou o estudo desta unidade, chegou a sua oportunidade de nos
dar sugestões e fazer comentários construtivos sobre a unidade. Os seus
comentários serão certamente tomados em consideração e irão nos ajudar a
avaliar e melhorar este módulo.

ESTAMOS A ESPERA!
Guião de correcção do questionário.

1. D

2. A

3. C

4. C

5. D

6. D

7. B

8. D

10. A

11. B

12. A
Psicologia Geral: Ensino à Distância 67

Unidade IV

PEOCESSOS PSÍQUICOS
COGNITIVOS

Introdução
Seja bem vindo à unidade IV sobre o estudo das sensações e percepções e
da atenção. Neste capítulo, falaremos essencialmente sobre:

‰ O conceito e tipo de sensações, atenção, memória e


percepções;
‰ As principais características destes processos;
‰ As perturbações que podem ocorrer no nosso organismo
causadas por estes processos;
‰ Teorias explicativas.

Porque é que é importante estudar este tema?

No processo de ensino e aprendizagem é muito importante estudar os processos


cognitivos porque vão lhe permitir conhecer como é que a realidade dos objectos
e dos fenómenos é apreendida.

Para lhe ajudar a alcançar estes objectivos preparámos uma série de actividades
parciais a partir das quais poderá entender melhor todo o processo das
sensações, percepções, memória e atenção.

No decorrer do estudo, precisará, portanto, de algum material tal como


recipientes, água, papel de cartolina compasso e outros objectos que iremos
indicar ao longo do estudo deste módulo. É deveras importante que relacione
aspectos da vida que ocorrem diariamente com estes fenómenos, pois isso lhe
ajudará a entender melhor como estes processos se desenvolvem.
68 Unidade IV

Ao longo do texto encontrará também pequenos resumos e comentários parciais


sobre os assuntos que iremos tratar. Os resumos e comentários serão
destacados em negrito para chamar a sua atenção sobre os aspectos mais
importantes a tomar em conta. O texto também apresenta algumas ilustrações
que no nosso entender irão lhe ajudar a compreender as relações que existem
em cada processo.

No final desta unidade apresentamos um pequeno resumo e algumas perguntas


de auto-avaliação para testar o que sabe sobre ela, bem como sugestões de
referência bibliográfica adicional, que poderá consultar para aumentar os seus
conhecimentos.

Com este conjunto de aspectos, esperamos que saiba tirar o máximo proveito
sobre este capítulo das sensações e percepções.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

‰ Definir correctamente os conceitos de sensação,


percepção, memória e atenção;

Objectivos ‰ Estabelecer a diferença entre os processos cognitivos;


‰ Descrever os mecanismos que desencadeiam os
processos cognitivos;
‰ Explicar com suas palavras as causas que originam
perturbações nos processos cognitivos.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 69

Para a compreensão desta unidade você precisará de saber os conceitos dos


processos cognitivos. Em cada processo cognitivo estarão delineados os
conceitos inerentes.
Terminologia
Conhecimentos prévios
Para assegurar a compreensão deste capítulo, é necessário recorrer à
conhecimentos sobre os órgãos dos sentidos, seu funcionamento, estrutura e
função.

Para o estudo desta unidade você precisará de ? min e é constituída


essencialmente por:

ƒ Introdução;
ƒ Conceito;
ƒ Características;
ƒ Relacções fundamentais;
ƒ Mecanismos fisiológicos;
ƒ Teorias;
ƒ Perturbações;
ƒ Tipos/classificação.
70 Lição nº 1

Lição nº 1

As sensações

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Definir o conceito de senasações;


• Classificar os diferentes tipos de sensações;
• Descrever as leis gerais das sensações.
Conceitos fundamentais: Sensações interoceptivas, proprioceptivas e
exteroceptivas.

Nesta lição vamos destacar fundamentalmente os conceitos das sensçãoes e da

memória, tipos e classificação. Abordaremos também algumas teorias sobre as

quais se fundamentam estes processos psíquicos. Ao falarmos das sensações e

memória fa-lo-emos separadamente para permitir melhor comprensão dos dois

processos. Contudo, é preciso ter em mente que os processos cognitivos estão

interconectados e que a sua separação é uma questão metodológica.

As sensações

O Homem possui vários órgãos dos sentidos de entre os quais a visão, audição,
o tacto, o olfacto, o sentido álgico entre outros. Estes órgãos permitem ao
Homem receber informações sobre o mundo exterior, isto é, sobre o que nos
rodeia bem como sobre o estado geral do organismo.

Através dos órgãos sensoriais as propriedades dos objectos tais como a cor, luz,
cheiros e estados orgánicos (sensção de dor, fome, etc) são reflectidos no nosso
cérebro. Estes órgãos permitem receber, selccionar, acumular a informação e
Psicologia Geral: Ensino à Distância 71

transmiti-la para o órgão central, o cérebro, portanto. Essa transmissão é feita


através de impulsos nervosos conforme vimos na unidade sobre a fisiologia do
sistema nervoso, e são responsáveis pela regulação da temperatura do corpo,
do metabolismo, das glândulas de secreção etc.

Portanto, a sensação pode ser fefinida como o processo em que ocorre o


reflexo das propriedades isoladas do objecto e dos fenómenos do mundo
exterior sobre o nosso cérebro.

As propriedades tais como a cor, o tamanho a forma, são reflectidas no nosso


cérebro, isto quer dizer que podemos identificar a cor, a forma, o tamanho
objectivamente. Lembre-se que sensação e percepção são processos quase
similares, a diferença porém está no facto de que a sensção reflecte as
propriedades particulares de um objecto, enquanto que a percepção representa
o objecto como um todo.

Olhe ao seu redor. O que é que vê? Uma árvore? (é percepção) ou as folhas
secas daquela árvore (sensação). Na percepção a árvore é vista como um
conjunto de todos os aspectos (folhas, ramos, frutos, raízes) e isso é apreendido
de uma única vez e sintetizado numa palavra única – árvore. Na sensação
apenas se apreende um aspecto particular da árvore que pode ser a folha, por
exemplo, ou a raiz, ou ainda a cor verde.

Uma sensação só pode ocorrer quando as condições próprias estiverem criadas,


isto é, na presença de

z Estímulo – que é todo o agente susceptível de provocar resposta de um


organismo (luz, som, etc).

z Excitação – que corresponde a modificação mometânea, impressão a


que se segue uma reacção de um organismo.

Entre uma picadela de mosquito, por exemplo, até à produção de uma sensação
(dor, comichão) decorre um certo tempo. Quer dizer, ao ser picado por um
mosquito você pode não sentir imediatamente. Este tempo que decorre entre a
picadela e a produção da sensação designa-se de tempo de lactência.

Depois da picadela do mosquito podemos continuar a sentir a dor mesmo depois


de o matarmos. Continuamos a coçar e a sentir a sensação de dor. Este
prologamento da sensação que ocorre mesmo depois de o estímulo estar
removido chama-se persistência. O fenómeno de persistência é o responsável
pelas chamadas sensações contínuas, quer dizer, aquela sensação que continua
72 Lição nº 1

mesmo depois do estímulo estar removido. Vezes sem conta nos coçamos
mesmo depois do mosquito ter sido eliminado.

Classificação das sensações

No início do estudo das sensações referimos a diversos fenómenos que ocorrem


no nosso organismo. Referimo-nos à dor, fome, luz, cor, etc. O organismo possui
mecanismos sensoriais especializados que captam cada um destes fenómenos.
Dependendo da forma como os estímulos são apresentados (se são internos ou
externos) temos a seguinte classificação (Sherington):

z Sensações exteroceptivas –

Aquelas sensações cuja origem é provocada por um agente exterior ao


organismo. Estas sensações são as que estabelecem a ponte entre o indivíduo e
o meio ambiente. Fazem parte destas sensações a vista, o ouvido, o tacto
interno, o gosto, o olfacto, o sentido térmico.

z Sensações interoceptivas

São assim conhecidas porque recebem os seus estímulos a partir dos órgãos
viscerais internos (disgestão respiração, circulação sanguínea etc.). Têm a
função de equilibrar o organismo e responsáveis pelas sensações de fome,
sede, bem-estar, mal estar. O sentido cenestésico ou visceral é o principal
destes sentidos que também compreende o sentido álgico interno, o tacto
interno, etc.

As sensações interoceptivas são de extrema importância para o nosso


organismo. Sentimos, por exemplo, que estamos com fome, com sede, com
dores nos órgãos internos, graças a este tipo de senscões.

z Sensações proprioceptivas –

Destas sensações fazem parte os músculos, tendões, articulações, canais semi-


circulares do ouvido interno que por sua vez excitam a acitividade dos órgãos.
Também faz parte o sentido quinestésico ou motor, muscular, de equilíbrio e
orientação. Graças a estas sensações o Homem consegue locomover-se.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 73

Leis gerais das sensações

Nem tudo o que está ao nosso redor é captado pelo nosso organismo. Existem
estímulos que para serem captados e descodificados pelo nosso organismo é
necessário que se atinja uma certa intensidade para serem reflectidos.

Fechner e Weber foram os primeiros que estabeleceram as primeiras leis


matemáticas que depois foram aplicadas na Psicologia. Estas leis visavam
fundamentalmente demarcar a intensidade em que um estímulo podia produzir
uma sensação. A Lei de Fechner e Weber afirma que a sensação aumentava
com o logaritmo da intensidade física da estimulação. Por outras palavras, a
sensação depende da intensidade da estimulação. Quanto maior for a
intensidade do estímulo, maior será a sensação. Fechener e Weber criaram as
seguintes lei das sensações.

z Lei do limiar inicial (limiar de eficácia, primitivo) –

Esta lei afirma que a produção da sensação dependia do facto de o estímulo


antingir ou não um valor mínimo de intensidade, duração, altura, frequência e
que não ultrapassasse um máximo. O limiar de intensidade para o tacto é de 1,3
a 1,4 mg em média por centímetro quadrado de pele. Para que uma pessoa
possa ouvir o limiar mínimo e máximo para excitar o ouvido humano é de 20 a
20.000 ciclos por segundo, respectivamente, enquanto que o limiar de frequência
de luz é de 375 e 750 triliões ciclos por segundo, respectivamente, para máximo
e mínimo.

A lei do limiar inicial explica fundamentalmente as condições da ocorrência de


uma sensação. Para que os nossos órgãos dos sentidos captem as
características de um objecto, este deverá emitir uma certa intensidade de
vibrações.
74 Lição nº 2

Lição nº 2

Memória

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Classificar e descrever os diferentes tipos de memória;


• Indicar e descrever as medidas de memória.
Conceitos fundamentais: Memória a curto prazo, memória a longo prazo.

De certeza que a palavra memória lhe é muito familiar. Ouve-se falar de memória
também quando se trata de computadores. Este computador tem fraca memória.
Esta expressão quer referir exactamente a quantidade de informação
armazenada nos circuitos do próprio computador e que possa ser solicitada a
qualquer momento.

Por memória entende-se a capacidade do indivíduo reter e conservar a


experiência anterior (informação) e manifestá-la através de hábitos ou
lembranças. Na memorização da informação ocorrem três aspectos
fundamentais:

• A codificação;

• O armazenamento;

• A recuperação.

A codificação representa o momento incial em que a informação é preparada


para ser armazenada. Este processo depende muito da experiência do indivíduo.
Veja, por exemplo, um indivíduo que queira escrever alguma informação, texto
no computador. Ele, primeiro, abre o programa em que precisa guardar a sua
informação (word, excel, etc.). Escolhe os caracteres (tamanho, fonte), quer
dizer, faz todo um trabalho de edição da informação ou texto, escolhe o nome do
documento e a pasta em que ele deve ser guardado. Repare que o indivíduo
Psicologia Geral: Ensino à Distância 75

escolhe o nome, sinal, ou rótulo que melhor acha para identificar o documento.
Quer dizer, no processo de codificação o material é representado de uma forma
a que o sistema de armazenamento pode lidar com ele. Em sua casa, por
exemplo, como guarda as suas coisas? Como as codifica?

Se voce lê um texto, por exemplo, a informação lida pode ser codificada como
desenho, como palavras ou ideias significativas. Só depois disso é armazenada.
Esse armazenamento ocorre, às vezes, sem muito esforço consciente e
permanece durante um determinado tempo.

Como decorre o armazenamento da informação?

Estudos mais recentes indicam que existem vários modelos de memória. Um dos
modelos é do Atkinson-Shiffrin. Este modelo descreve o processo de
armazenamento da informação num indivíduo. Segundo este modelo, a
informação chega ao indivduo através dos órgãos sensorias (audição, visão, e
outros) e é retida momentaneamente por um sistema designado de memória
sensorial.

A memória sensorial é aque se presta aos nossos órgãos dos sentidos. Um


exercício que envolva os órgãos dos sentidos resulta sempre numa impressão
sensorial. Nós podemos memorzar sons, imagens, cheiros, paladares e
impressões tácteis graças a este tipo de memória. De entre as diferentes
características de memória sensorial (memória visual ou icónica, a olfactiva, etc)
a auditiva é que permite uma recordação mais precisa e imediata. Por exemplo,
numa aula de inglês, o aluno pronuncia mal uma palavra. O professor corrige-o
de imediato e assim o aluno pode ter uma representação fiel da palavra.

A informação guardada neste sistema pode desaparecer rapidademnte se ela


não for transferida para um outro sistema de armanezamento designado de
memória a curto prazo.

As pessoas podem recordar-se das palavras mais recentes ditas por uma outra
pessoa ou por elas mesmas mesmo que tenham prestado uma ligeira atenção.
Entretanto, em quase todos os casos elas não são capazes de recordar-se das
mesmas palavras um ou dois minutos mais tarde. Na memória a curto prazo, o
indivíduo precisa de dar signficado à informação que recebe. Se, por exemplo,
estiver a escutar um conto através de um amigo, você começa por dar
significado às palavras que escuta, transformando-as em códicos significativos.
76 Lição nº 2

É a partir desta codificação que as informações são guardadas neste sistema de


armazenamento.

Memória a curto prazo refere-se à capacidade de um indivíduo


recordar factos ocorridos recentemente.

De acordo com os especialistas, o sistema de memória a curto prazo retém


todas as experiências, pensamentos e informações que um indivíduo está
recebendo no momento e é, por isso, considerado o centro da consciência. Em
geral, o sistema de memória a curto prazo armazena uma quantidade limitada de
material (mais ou menos por quinze segundos). Este material pode mais tarde
ser fortificado através da repetição.

Estudos realizados concluíram que as pessoas dificilmente retêm mais do que


sete conjuntos (agrupamento) de qualquer coisa. Na maior parte dos casos, o
sujeito só se lembra apenas de entre dois a cinco itens. No caso de números de
telefones, as pessoas agrupam-nos em códigos ou reduzem os números
grandes em itens de baixa informação (códigos, palavras, etc.).

Dificilmente a informação da memória a curto prazo pode ser prontamente


recuperada decorridos quinze a vinte segundos a não ser que tenha sido
repetida e depositada na memória a longo prazo. É, portanto, necessário pensar
que na sua aula os alunos devem ter um momento de repetição para que
possam reter a informação.

Um terceiro sistema de depósito é o de memória a longo prazo. É um sistema


mais ou menos permanente de memória. O armazenamento da informação neste
sistema consegue-se através de um processamento profundo da informação
usando estratégias de repetição elaborativa, tais como, prestar muita atenção às
informações que recebe, pensar sobre o significado e relacionar os dados.

O sistema de memória a longo prazo permite-nos recordar grande quantidade de


informação por um certo período de tempo (dias, horas, semanas, anos e, em
certos casos para sempre: nomes, canções, gostos, etc.) Este sistema é
Psicologia Geral: Ensino à Distância 77

considerado pelos psicólogos como sendo ilimitado em sua capacidade de


armazenamento. Contudo, a idade pode ser um dos factores inibidores de
memória a longo prazo.

No sistema de memória a longo prazo ocorre o processo de esquecimento. Os


responsáveis pelo esquecimento na memória a longo prazo podem ser as falhas
de codificação (acontece quando o material é representado duma forma
inexacta) armazenamento e/ou recuperação. As falhas de armazenamento
podem ser explicadas pelo facto de que a memória compara-se com um jornal
que com o tempo vai se deteriorando, perdendo a cor, as letras etc. Quanto às
falhas de recuperação, podem ficar a dever-se a derrames cerebrais culminando
num esquecimento rápido das coisas.

A memória a longo prazo pode, no entanto, ser aperfeiçoada através da leitura e


repetição ou evitando sobrecarregá-la com factos sem os ter inicialmente
organizado.

Agora, pare um pouco de ler e faça um pequeno exercício.

Escute um noticiário na rádio ou na televisão. Faça a relação dos


acontecimentos ocorridos com outros. Descreva depois os principais aspectos
que reteve desse acontecimento.

Mediadas da memória

Existem duas medidas fundamentais da memória: a recordação e o


reconhecimento.

Recordação

A recordacao é, portanto, a capacidade de um indivíduo lembrar-se da


informação desejada, quando intimado por um material associado
denominado sinal, sondagem, indicador, ou instigação.

Para testar se um indivíduo é ou não capaz de se recordar sobre o que já viu ou


ouviu num determinado lugar, basta apenas fazer-lhe as seguintes perguntas:

• Quem realizou a primeira investigação sobre a memória? Quando é que


isso ocorreu?

Estas perguntas testam a capacidade de recordação do indivíduo.


78 Lição nº 2

Existem vários tipos de exercicios de recordação, alguns dos quais são:


exercícios de recordação seriada e exercícios de recordação não seriada.

Os exercícios de recordação seriada consistem em lembrar a informação de uma


forma ordenada. Neste sentido, o indivíduo vai relatando parcialmente o que
ouviu ou que viu. Esta estratégia diminui a possibilidade de esquercimento
durante a recordação.

O sistema de reconhecimento não seriado consiste em lembrar a informação


sem qualquer ordem.

Reconhecimento

O reconhecimento consiste na capacidade do indivíduo comparar a informação


dada com a que esta armazenada na memória para ver se combinam. A
capacidade de reconhecer uma informação é feita através de perguntas de
verdadeiro ou falso:

Ex: o Homem descobriu o fogo. Verdadeiro ou falso?

O reconhecimento e a recordação podem comparar-se entre si. O desempenho é


melhor no reconhecimento do que na recordadação mesmo quando se faz
palpites ao acaso, em circunstâncias especiais a reconhecer do que recordar
porque para recordarmo-nos correctamente sobre um material dado precisamos
de informações completas enquanto que para reconhecimento precisamos
apenas de informações parciais. A recordação implica o uso de duas estratégias
fundamentais;

a) Localização na memória da informação desejada. Neste sentido o indivíduo


deve procurar a informação que se deseja recordar;

b) Reconhecimento da informação. Após a localização o material pode ser


reconhecido.

Actividade 8

Faça um teste de reconhecimento aos seus alunos sobre:

Datas históricas; praças mais importantes da sua vila ou cidade (município).

Escreva dez palavras no quadro; peça aos alunos para que as leiam em um
minuto. Depois apague-as. Peça a eles que as reproduzam no caderno. Corrija
depois cada caderno verificando quantas palavras cada um conseguiu
memorizar.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 79

Lição nº 3

Pertubação da memória

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Indicar e descrever as principais perturbações da memória.

Conceitos fundamentais: amnésias, apraxias, agnósias.

Já falámos dos diversos aspectos relativos à memória, as suas características e


tipos. Contudo, existem outros aspectos que podem fazer com que o processo
de memoriazação não decorra normalmente. Isso acontence geralmente quando
há anomalias de funcionamento desta.

A memória, como qualquer outro processo cognitivo, está sujeita a algumas


perturbações no seu funcionamento que podem ser de ordem anatómica ou
fisiológica. Existem várias doenças causadas por disfunção do processo de
memorização que, talvez mesmo os tenha presenciado em pessoas mas que
não sabia explicá-las. Vamos falar de algumas delas. Vamos apenas mencionar
a essência dessas perturbações e não exactamente o mecanismo fisiológico que
as determina.

De certeza que você já ouviu falar de amnésias. Amnésia signfica, em breves


palavras, esquecimento. Esquecer faz parte do processo de memorização. Não é
possível lembrar-se de tudo e podemos dizer também que se armazenássemos
toda a informação que recebemos do mundo exterior, precisariamos de um
cérebro maior. Por isso, podemos dizer que o esquecimento é uma função
necessária da memorização. Contudo, existem casos em que o esquecimento é
bastante acentuado e toma forma de doença. De entre as várias doenças da
memória se destacam: as amnésias, hipermnésias e paramnésias. Estas
80 Lição nº 3

doenças relacionam-se directamente com o processo de funcionamento da


memória.

Amnésias

Ocorrem quando um indivíduo perde total ou parcialmente a função mnémica e


o indivíduo não é capaz de fixar nem reproduzir o passado no presente. O
indivíduo não se lembra praticamente o que aconteceu antes e não é capaz de
explicar nenhum evento relacionado com o que viu no passado. Este tipo de
perturbação pode ser causada pelo cansaço excessivo, consumo excessivo de
drogas ou emoções violentas.

Tipos de Amnésias

Amnésia de Fixação ou Memorização

De entre as amnésias destacam-se as de fixação ou de memorização. Este tipo


de amnésias ocorrem quando o indivíduo tem incapacidade de adquirir novas
lembranças e apenas só se lembra de eventos recentes e não é capaz de
reproduzir as passadas. As emoções violentas, choque na cabeça, paralisia
geral, fadiga acentuada são causas fundamentais desta doença. Os acidentes de
trabalho que afectam a caixa craniana podem criar lesões corticais que afectam
sobremaneira as capacidades de lembrar eventos passdos. Vezes sem conta,
pessoas que sofreram acidentes não conseguem lembrar-se do que aconteceu.
Isso pode dever-se à emoção ou ao choque violento ocorrido e que tenha
afectado a cabeça.

De entre as amnésias podemos destacar também as amnésias de evocação ou


de rememorização. Este tipo de amnésias podem ser lacunar ou selectiva.

As amnésias lacunares têm incidências sobre as lembranças de um determinado


período da vida. Um mineiro, durante o trabalho, sofre um choque na cabeça.
Feito o tratamento esquece-se da sua juventude no Ensino Primário.

As amnésias selectivas são aquelas que têm origem sobre uma forte carga
selectiva. Um jovem que mata a sua mãe usando uma arma porque esta o
maltratava e enganava o pai. O jovem perdeu o amor pela mãe.

Um outro grupo de amnésias sãos as chamadas amnésias sensório-motor. A


palavra sensório-motor relaciona-se com a actividade motora do indivíduo, os
gestos, a articulação das palavras, o manuseamento dos objectos, etc. As
Psicologia Geral: Ensino à Distância 81

amnésias sensório-motoras podem ser de apraxias – esquecimento de gestos


necessários para realizar um determinado trabalho; afasias – incapacidade de
articular as palavras, o indivíduo fica inibido de falar.; agrafias – o esquecimento
da palavra escrita, o indivíduo não consegue escrever mesmo que tenha
aprendido antes. Pode ainda saber desenhar as letras mas não sabe que sentido
têm; agnosias – esquecimento do significado das coisas ou objectos. As
agnosias podem ser tacteis, gustativas, auditivas ou visuais.

Na agnosia Visual o doente vê os objectos mas não os reconhece. Os doentes


com esta afasia sofrem de cegueira psíquica. Na agnosia auditiva, o doente sofre
de surdez psíquica, ele ouve perfeitamente os sons mas é incapaz de
reconhecê-los. Na agnosia gustativa , o doente é incapaz de reconhecer o sabor
dos alimentos.

Uma outra classe de doenças causadas pela disfunção dos processos de


memórias são os delírios. Os delírios acontecem quando o organismo sofre de
influência estimulante da febre. A memória exalta-se e reproduz,
desordenadamente, lembranças inoportunas.

O sonambulismo é um sonho alucinatório em que o indivíduo adormecido fala,


agita-se, levanta e realiza determinadas acções incompreensíveis para os que o
rodeiam. Passada a crise o indivíduo volta novamente à cama.
82 Lição nº 3

Exericio

1. Quanto tempo (mais ou menos) o material geralmente permanece na memória


a curto prazo?

a) 1 a 2 segundos

b) 15 a 20 segundos

c) 2 a 3 mnutos

d) 20 a 25 minutos

2. Qual é o fenómeno que é exemplo da falha de recuperação?

a) A habituação

b) A representação inexacta da informação inicial

c) A trilha da memória

d) O esquecimento motivado

3. Os psicólogos acreditam que os seres humanos possuem tres aptidões


bastane distintas de armazenamento. Para certificar se sabe as diferenças entre
os depósitos da memória, combine cada descrição abaixo com o sistema
apropriado.

1. Retem o material em aproximadamente 15 segundos

2. Realiza processamento profundo

3. Aramazena o material durante horas e até mais tempo

4. Considerado o centro da consciência

5. Regista tudo o que impressiona os sentidos

6. Retem um maximo de mais ou menos sete grupos de informação de


cada vez

7. Pode manter o material durante minutos pela repetição


Psicologia Geral: Ensino à Distância 83

Lição nº 4

A atenção e percepção

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Conhecer e caracterizar atenção e percepção;


• Descrever as relações entre a percepção e a atenção;
• Descrever as relações entre percepção e memória.
Conceito fundamental: atenção sensorial.

Pode-se dizer que a atenção constitui o estado selectivo da própria percepção,


isto é, na atenção há processo de selecção de informações no qual se dirige ou
se focaliza a percepção sobre um determinado estímulo ou objecto específico.
Estas informações não só são recebidas como também são processadas, isto é,
o indivíduo, à medida que vai recebendo as informações, vai pensando e
imaginando sobre o material que é perepcionado.

Imagine que você está explicando um conteúdo, um microscópio, por exemplo, a


um aluno. Ele receberá a explicação do professor e também de certeza lhe
ocorrerá na mente sobre outros vários aspectos atinentes ao estímulo que está
sendo percepcionado. Esta capacidade de atenção é distributiva, porque o aluno
poderá prestar atenção à explicação do professor e simultaneamente apreciar o
objecto. Ou durante o processo ele concentra-se num aspecto único (explicação
do professor ou sobre o microscópio). Esta é a chamada atenção concentrativa.
84 Lição nº 4

A atencção distributiva ocorre quando um indivíduo focaliza a sua atenção sobre


vários objectos, enquanto que a concentrativa apenas quando se destina a um
objecto. Estes dois tipos de atenção diferem entre si pela intensidade, havendo
logicamente maior intensidade na atenção distributiva pela quantidade de
objectos envolvidos no processo de atenção.

Quais seriam as funções fundamentais da atenção e o que a determinam?

Uma das funções da atenção é o de identificação primária das informações.


Quer dizer, as informações (os estímulos) antes do seu processamento são
primeiramente identificados como imagens, palavras ou acções mas sem
nenhum significado. Só depois são armazenadas. Depois da identificação das
informações ocorre a selecção, isto é, das diversas informações recebidas
selecciona-se a desejada. Depois segue-se o processo de activação o qual tem
a ver com a concentração de energias sobre o objecto desejado.

Por outro lado, a atenção é determinada por factores internos (inerentes ao


indivíduo) e externos (alheios a este). A tabela 1 mostra alguns desses factores.

Tabela 1. Factores da atenção

Factores Internos Factores Externos

Sistema Sensorial Quantidade de informações

Capacidade de processar Stress social


informações

Características da personalidade Complexidade dos estímulos


Psicologia Geral: Ensino à Distância 85

O sitema sensorial desempenha um papel essencial na apreensão dos


estímulos. A atenção seria influenciada, portanto, pela experiência do indivíduo
na maneira como este movimenta os seus olhos, posiciona o seu ouvido para
captar sons ou aproxima o estímulo junto ao nariz para captar o cheiro do
objecto.

Na percepção do conteúdo ou objecto novo, certamente que vai reparar que


alguns dos seus alunos serão mais lentos ou terão dificuldades em captar os
estímulos deste. Enquanto que que outros fa-lo-ão com muita rapidez devido
exactamente ao contacto prévio que tiveram com este objecto. Isto significa que
a sua experiência sensorial, isto é, o contacto que tiveram com este irá acelerar
a captação rápida ou não do estímulo.

Os nossos órgãos dos sentidos são, vezes sem conta, bombardeados por
estímulos de diversa natureza que se encontram a nossa volta. Estes esímulos
são captados e processados pelos orgãos dos sentidos. Por outros razões
(biológicas ou outras) pode acontecer que o cérebro esteja impedido de
processar estas informações fazendo-o de uma forma mais lenta. Mas, por outro
lado, pode dever-se a quantidade de informações a processar. Por exemplo, se
na sua aula de quarenta e cinco minutos planeia transmitir muitas informações
isso poderá criar dificuldades aos alunos para processar essas informações.

Outro aspecto importante a tomar em conta na atenção relaciona-se com as


características de personalidade de um indivíduo. Indivíduos introvertidos
conseguem aguentar por mais tempo em tarefas prologadas que os indivíduos
extrovertidos. (Os conceitos de introversão e extroversão são discutidos no
capítulo sobre a personalidade).

Os problemas sociais da familia, amigos, etc, criam também perturbações na


atenção, na medida em que um indivíduo stressado devido a problemas de varia
índole não iria de certeza poder prestar atenção.

O que é a percepção?
Você de certeza já reparou que uma criança recém nascida pode retribuir um

sorriso por um outro sorriso seu, seguir os objectos que cruzam o seu campo
86 Lição nº 4

visual, seguir até a chucha do biberão. Apesar de a criança ter essa capacidade

ainda não reconhece vários aspectos desse objecto. Não sabe qual é a função

da chucha nem do biberão. Depois de alguns meses esta mesma criança será

capaz de esboçar movimentos de sucção nos seus lábios quando vir uma

chucha. Isto significa que o bebé reconhece a chucha ou mesmo o biberão como

objectos. Reconhecerá também o seu alimento quando este estiver colocado em

diferentes recipientes.

Da mesma forma que reconhece o seu alimento, a chucha do biberão e o próprio

biberão vai também reconhecendo os rostos das pessoas mais próximas e

outros objectos que a circundam.

Contudo, não percebe o objecto como um todo, mas sim determinadas

características de configuração, como por exemplo, à ponta redonda da chucha

identifica o objecto através de características que não são muito importantes.

A pouco e pouco vai aprendendo a separar a apreensão do objecto, o biberão,


por exemplo, do leite que ela toma. Vai também gradualmente apreendendo a
situação que dá origem ao aparecimento do alimento, etc.

O exemplo dado anteriormente ilustra como o processo de percepção decorre


nos nossos órgãos dos sentidos. Contudo, olhando para este exemplo pode-se
ter a ilusão de que a percepção é um fenómeno simples. Ele é muito complexo e
pressupõe uma série de actividades cognitivas. Um fenómeno que decorre ao
seu redor pode se lhe atribuir vários significados.

Suponhamos que está sentado no cinema a ver um filme ou está apreciando


uma paisagem pela primeira vez. Essa paisagem pode lhe fazer lembrar uma
série de episódios semelhantes. As montanhas podem se parecer com outras
figuras, os lugares podem fazer lembrar outros que por ventura lá tenha
passado. Desta paisagem ou deste filme pode-se extrair uma série de idéias
significativas. Quer dizer, sempre que alguém presta atenção sobre um objecto
ou fenómeno facilmente pode encontrar sentido nas informações captadas,
associar essas informações às experiências passadas e lembrá-las mais tarde.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 87

A percepção é um fenómeno complexo através do qual se


apreende e se interpreta o mundo exterior como sendo
ordenado em totalidades. Os estímulos presentes bem
como as experiências anteriores são todos integrados e
elaborados numa visão de conjunto.

A percepção de um objecto depende pois de um lado também do nosso estado


de espírito, isto é, ela depende da nossa consciência. Ao contemplar uma
paisagem às vezes nos sentimos alegres ou tristes, lembramo-nos de situações
que em algum momento nos deixaram nervosos; aí choramos. ou nos
lembramos de momentos bons que passamos com os nossos amigos; aí ficamos
alegres.

Outro aspecto importante no estudo da percepção é a memória. A memória influi


no processo perceptivo de diversas maneiras. Através dos órgãos dos sentidos
(visão, audição, tacto, paladar) nós recebemos informações sobre o mundo
exterior, os objectos e os fenómenos. Para percebermos um determinado objecto
ou fenómeno, comparamo-lo continuamente com um outro objecto semelhante.
Comparamos as características de cor, tamanho, cheiro, etc., com as do outro
objecto que por ventura o tenhamos conhecido. Para isso usamos a memória
para discernirmos estas características.

Depois de compararmos as características deste objecto com as de um outro


fazemos interpretações e avaliações comparando situações anteriores com a
presente. Este processo implica, portanto, o processamento da informação.

Significa que o processo de percepção desagua no processamento dos dados


que recebemos através dos órgãos dos sentidos. Para que os dados sejam
percebidos estes devem depois sofrer um teste em forma de hipótese. No
contexto geral há uma interpretação que se considera razoável dos dados que
recebemos pela via dos órgãos sensórias (órgãos dos sentidos). Nesse processo
desencadeia-se uma busca rápida e automática da hipótese perceptiva correcta.
Situações há em que ao ouvirmos uma música distinguimos imediatamente o
seu estilo. Contudo, em certos casos podemos duvidar sobre o estilo da música
88 Lição nº 4

colocando imediatemnte como hipótese tratar-se de semba, ou marrabenta. À


medida que vamos escutando melhor colhemos mais informações sobre ela a
hipótese de que seja marrabenta ou semba poderá mudar. As representações
gráficas são as que podem ser interpretadas mais ou menos da mesma maneira.

Por último, é preciso salientar que a linguagem tem também uma influência no
modo como percebemos os objectos. Através da linguagem podemos moldar a
nossa percepção indirectamente.

memória

Teste da
Percepção
Linguagem i ó

Processamento da
Consciência

Quadro 2. As aptidões cognitivas que intervêm na percepção

A percepção como actividade cognitiva

depende de outros factores, tais como: a

consciência a linguagem, a memória e do

processamento da informação.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 89

Lição nº 5

Tipos de percepção

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Descrever os tipos e factores da perceção;


• Estabelecer e descrever a relação entre percepção e a atenção.
Conceitos fundamentais: Sistema Nervoso Central, Sistema Nervoso Periférico.

A condição essencial para que a percepção ocorra é a existência de um objecto


exterior para ser captado. Se isso não ocorrer estamos perante uma alucinação.
De acordo com os objectos percebidos existem três tipos de percepção:

a) Percepção real ou percepção do objecto físico. Por exemplo, percepção


de uma caneta, de um lápis, duma casa, etc.
b) Percepção pessoal ou percepção de uma pessoa. Por exemplo,
perceber o Carlos.

Percepção social ou percepção de grupos ou realidades sociais. Por exemplo,


percepção dos moçambicanos, percepção da igreja católica.

Apesar de haver esta classificação da percepção, cada um destes tipos tem os


seus subtipos. Por exemplo, a percepção pessoal pode dividir-se em auto
percepção ou percepção de si mesmo: “ A Joana percebe-se a si mesma como
esposa de António.

A heteropercepção é percepção que um indivíduo tem do outro. Por exemplo, o


aluno percebe que o Jorge é seu professor.

Auto-heteropercepção é a percepção que um indivíduo tem do outro sobre si


mesmo. É a percepção que o professor tem de como o aluno se percebe a si
mesmo.
90 Lição nº 5

Metapercepção é a percepção que o outro tem de mim. Por exemplo, os alunos


percebem o Jorge como seu professor

Factores da percepção

A percepção depende de alguns factores. Tais factores podem estar


relacionados com as características do estímulo, quer dizer, do objecto a ser
percepcionado ou da constituição do receptor quer dizer a experiência, os
motivos, as expectivas da pessoa que percepciona.

Exemplo: você neste momento ouve sons, vê imagens de objectos, sente


cheiros, frio, calor, etc.

Esta percepção pode ser física resultante meramente de processos fisiológicos,


ou psicológica resultante da sua interpretação.

Ante uma situação perceptiva, você estrutura o seu campo perceptivo de acordo
com certos princípios gerais e em conformidade com a sua própria experiência.

Esses princípios podem ser: agrupamento, proximidade, semelhança,


continuidade, simetria. Em relação a este conceitos debruçar-nos-emos mais
adiante.

Actividade 10

Pare um pouco de ler. Levante-se e olhe ao seu redor? O que vê?

Descreva: as características dos objectos ao seu redor, as suas aparências e


como as percebe.

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Psicologia Geral: Ensino à Distância 91

2. Convide ao seu colega de estudo mais próximo para fazer a mesma descrição
e compare as duas descrições.

Anote resumidamente as diferenças e semelhanças das duas descrições

Comentários

Geralmente as pessoas têm uma idéia sobre os outros, contudo essa idéia
nem sempre corresponde a verdade. Por exemplo, você pode achar que o
seu amigo é muito forte a julgar pelo tamanho do seu corpo. Contudo, ele é
fraco e pode mesmo sofrer de alguma doença como o HIV/SIDA.

A relação atenção e percepção

Nesta lição irá aprender e discutir a relação que existe entre o processo de
atenção como aspecto importante e necessário para a produção da percepção.
Este aspecto prova mais uma vez que existe uma interligação entre os
processos psicológicos quanto a sua essência e que a separação se apenas
coloca sob ponto de vista metodológico.

O processo da atenção e sua influência na percepção

Durante o nosso estado de consciência, o estado em que normalmente estamos


acordados, deparamos com muitos estímulos que circundam e excitam o nosso
organismo. Contudo, o Homem nem sempre reage a todos eles. Selecciona-os,
atende uns e ignora outros. Esta pequena abertura em que o indivíduo presta
atenção para poucos fenómenos sensoriais é designado de atenção.

Suponhamos, por exemplo, que alguém está numa festa dançando ao som da
música. Enquanto dança também fala ao seu companheiro ou repara num outro
parque se movimenta. Você é capaz ainda de reagir se alguém pronuncia o seu
nome mesmo que seja em voz muito baixa. Quer dizer, a atenção transfere-se
facilmente para um novo foco
92 Lição nº 5

Figure 6 Figure 7

Experiência

Olha momentaneamente para a figura 3. Facilmente você não sentirá nenhuma


dificuldade em percepcionar os três pontos aí representados. Agora olha para
figura 3 na mesma proporção de tempo gasto na figura 2.

Certamente terá dificuldades em identificar o número de pontos nela existente, a


sua disposição. Para que isso aconteça, terá de despender mais tempo
percorrendo as características da figura. Isso significa que quanto maior for o
número de pontos a percepcionar, você levará mais tempo a fazê-lo que em
figura contendo menos pontos.

Dos resultados obtidos em algumas experiências tem-se notado que quando se


projectam conjuntos de pontos de número igual ou inferior a cinco, regista-se
cem por cento de respostas certas. Quando o número de pontos projectados é
de seis a sete começa-se a introduzir o erro e, a possibilidade de obtenção de
respostas certas decresce vertiginosamente.

Quando o número de pontos atinge treze ou mais pontos é praticamente


impossível de avaliar.

Do resultado da experiência descrita acima pode-se concluir que, basicamente, é


impossível prestar-se atenção sobre todos os aspectos em simultâneo. A nossa
atenção apenas abarca alguns desses aspectos num certo momento.
Designamos pois de foco de atenção ao conjunto de estímulos que são
Psicologia Geral: Ensino à Distância 93

susceptíveis de serem percepcionados por serem englobados, circunscritos e


revelados pela nossa atenção.

Foco de atenção é o conjunto de estímulos


que são susceptíveis de serem
percepcionados por serem englobados,
circunscritos e revelados pela nossa

Um dos problemas importantes no que diz respeito ao foco de atenção é o da


sua amplitude, isto é, do número de objectos que um indivíduo pode
percepcionar, excluindo contagens e mudanças de olhar. A amplitude do foco da
atenção depende da maior ou menor estruturação dos estímulos
percepcionados. Por exemplo, na figura 8 para melhorar a organização dos
pontos estes estão ligados entre si através de traços.

Figura 8
94 Lição nº 5

Sumário
A atenção e a percepção ligam-se entre si, porque um objecto a ser
percepcionado requer uma concentração sobre o mesmo dependo das suas
características. Quando focalizamos a nossa atenção apreendemos
simultaneamente todas as características do objecto abarcando todos os
elementos nele existentes e que são essenciais para percepcionar o objecto. Os
exemplos descritos acima parecem sugerir que o processo de percepção será
dificultado pelo aumento de características ou pontos a captar num determinado
objecto, aumentando ou diminuindo a capacidade de percepção deste pelo
indivíduo. Este exemplo explica até certo ponto que a penúria de energias no
processo de atenção afecta directamente a percepção. Numa aula, por exemplo,
requer-se que todos os alunos preste atenção para que sejam capazes de
aprrender o percepcionar o conteudo em causa. Assume-se também que
conteúdos complexos poderiam dificultar a percepção dos alunos dado que seria
necessária uma capacidade de apreensão maior de todos os elementos
constituintes do objecto.

Actividade 11

Depois de conhecer os diferentes tipos de percepção já é altura de fornecer


alguns exemplos sobre eles.

Descreva a percepção que os alunos têm sobre siisto é, o que você pensa que
os alunos pensam de si

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Psicologia Geral: Ensino à Distância 95

Lição nº 6

A relação entre a percepção e a


sensação

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Descrever a relação entre a sensação e percepção;


• Descrever o fundamento fisiologico da percepção.
Conceito fundamental: Órgãos sensoriais.

Alguns autores quando abordam a questão da percepção fá-lo em conjunto com


a sensação. Outros estudam-na separadamente. Na realidade seria inconcebível
separar estes dois fenómenos porque a ocorrência de um depende da ocorrência
de outro. Neste caso, ao falarmos da percepção devemos evocar muitos
aspectos ligados à sensação entre os quais as características fisiológicas que
desencadeiam o processo da percepção.

Neste tema abordaremos as características fisiológicas dos órgãos sensórias


para fundamentar como o processo da percepção se desencadeia.
Aconselhamos pois que faça uma ligação entre o que aprendeu na unidade
sobre o sistema nervoso e esta unidade. Vamos debruçar-nos também sobre o
conceito das sensações.

O fundamento fisiológico da percepção

A percepção tem como base os sistemas sensoriais e o próprio cérebro. Isto é,


captamos as características dos objectos através dos nossos órgãos dos
sentidos.
96 Lição nº 6

Através da visão identificamos a cor, a luz. Através do olfacto sentimos o cheiro,


da audição ouvimos o som e do tacto apercebemo-nos da superfície rugosa ou
lisa desse mesmo objecto. Os sistemas sensoriais são os dententores das
informações e transformam-na (ou fazem a transdução) em impulsos nervosos.

A informação é depois processada e enviada para o cérebro através de fibras


nervosas (os nervos aferentes e eferentes). É o cérebro que desempenha o
papel mais importante do processamento da informação. Para que a percepção
ocorra devem se observar quatro operações a saber: detecção, transdução
(conversão da energia de uma forma para outra), transmissão e processamento
da informação. A figura reporta as quatro operações necessárias para uma
percepção.

Percepção

da
Processamento
informação

Detecção Transdução Transmissão

Figura 1. As operações de uma percepção

Os sistemas sensoriais e sua influencia na percepção


Psicologia Geral: Ensino à Distância 97

No capítulo destinado ao sistema nervoso debruçamo-nos em relação ao


mecanismo da captação do estímulo nervoso até chegar a ser descodificado nos
centros nervosos. Com isso podemos concluir que o organismo humano possui
um conjunto de sistemas especiais que lhe permitem captar a informação
(órgãos sensoriais), enviá-la ao cérebro através dos neurónios e descodificá-la
(através dos centros nervosos localizados no cérebro) para depois a resposta ser
reenviada novamente a qual aparecerá em forma de comportamento. É pois dos
órgãos dos sentidos também denominados de órgãos sensoriais que nos vamos
debruçar um pouco.

Ao falar dos órgãos sensoriais falamos concretamente dos órgãos dos sentidos.
Certamente, deve saber que entre os onze sentidos humanos catalogados pelos
cientistas, de entre eles vista, audição, tato, pressão profunda, calor, dor,
paladar, olfacto, sentido vestibular, e sentido sinestésico. Cinco são do seu maior
domínio: a visão, a audição, o paladar e o olfacto. O tacto é composto de
sistemas térmicos em número de cinco separados entre si. São eles o contacto
físico, pressão profunda, calor, frio e dor.

Estes sistemas são também conhecidos por somato-sensoriais que se designa


aqueles sistemas que nos dão informações sobre as características dos objectos
quando estes entram em contacto com a superfície do nosso corpo. As células
especializadas que reagem a essas sensações encontram-se espalhadas em
quase, senão mesmo em todo o nosso organismo. A córnea do olho é uma das
partes do sentido da visão que não possui as mencionadas células
especializadas do tipo somato-sensorial. Contudo, têm capacidade de registar
sensações tácteis, de temperatura e dor.

O ser humano serve-se não só destas células especializadas para descernir as


características dos objectos como também usa outros dois sentidos importantes
para reconhecer as diversas sensações tácteis. Tais são: o sentido sinestésico e
o sentido vestibular. Imaginemos, por exemplo, que você empreenda um
deslocamento do seu corpo para qualquer sentido ( para frente, para trás, para
esquerda, para direita ou para cima).

Neste movimento entram em acção vários grupos musculares. Isto é, você


contrai um certo número de músculos e descontrai outro. Move as articulações
do joelho, da coxa, do cotovelo, enfim, para que o seu corpo se desloque, quer
dizer, se mantenha em equilíbrio dinâmico. O sistema cinestésico informa-nos do
98 Lição nº 6

posicionamento relativo das partes do nosso corpo durante o movimento e


depende dos receptores dos músculos, dos tendões e articulações.

Experiência: Pegue numa cebola descasque-a e comece a cortá-la em


pequenos pedaços. O que sente? Certamente que os seus olhos começarão a
lacrimejar. Os pedaços de cebola não precisaram entrar em contacto directo com
a córnea do olho. Mesmo assim foi capaz de registar a sensação de dor
produzida pelo ácido contido na cebola.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 99

Lição nº 7

Como as informações sobre o


meio são processadas
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Indicar as partes constituintes de um olho humano;


• Descrever o fundamento fisiologico da percepção visual.
Conceitos fundamentais: retina, bastonetes e córnea.

O caso da visão

O sistema visual é o que nos permite colher um grande volume de informações


sobre o meio que nos rodeia por isso pose-se considerar a visão como o meio
mais dominante dos órgãos sensoriais. O órgão fundamental do sistema visual é
o olho. A actividade deste órgão assemelha-se a uma câmara de fotografia.

Constituição anatómica do olho

Repare na figura abaixo. É fácil notar que o olho pode-se representar como uma
câmara escura com uma abertura na parte da frente. Essa abertura é designada
de pupila. É através desta que a luz penetra no olho. Se a luz for forte esta
diminui de tamanho isto é afina-se enquanto que se for fraca tende a aumentar
de tamanho para admitir a entrada no máximo da luz.

Experiência

Tente perceber os objectos numa luz florescente forte. Diminua depois a


intensidade da luz. Não lhe parece que tentou abrir mais os olhos para perceber
o que lhe circunda. É pois neste processo que a pupila aumenta do seu
tamanho.
100 Lição nº 7

Outra constatação comum pode ser encontrada nos gatos. Tente olhar para a
pupila de um gato durante o dia. O que pode notar? A pupila tomou a forma de
uma pequena tira. Tente à noite e com ajuda de uma lanterna focalizar sobre os
olhos do gato. O que pode notar? De certeza que notou que a pupila aumentou
de tamanho devido a ausência da luz. Com esta experiência podemos chegar à
conclusão de que a pupila aumenta quando a luz for fraca e diminui quando esta
for muito intensa.

A íris é um pequeno disco colorido que circunda a pupila cuja função é controlar
o tamanho desta. Você de certeza deve ter notado que em algumas pessoas a
cor da íris é castanha, negra, e em algumas raças como em indivíduos de raça
branca principalmente os loiros a íris pode ser de cor azul ou mesmo verde.
Também existem indivíduos de raça negra que possuem olhos azuis ou verdes.

O olho também possui uma membrana chamada córnea que cobre a parte
visível deste. A córnea protege o olho e tem a função de ajudar a focalizar os
eventos do campo visual. Estes eventos são depois orientados em direcção à
retina que constitui a superfície posterior do olho.

Outra componente não menos importante do olho é a lente. Esta componente


tem como sua principal função participar na focalização das imagens visuais na
retina. A retina pode tomar formas diferentes. Por exemplo, torna-se espessa
para uma visão de perto e quando se trata de uma visão de longe ou em repouso
ela fica delgada ou chata.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 101

http://chost.sites.uol.com.br/Principal/teste_de_daltonismo.html

Quanto mais velha a pessoa for, a lente também perde a elasticidade tornando-
se difícil de focalizar os objectos mais próximos. Você tem notado que pessoas
mais velhas quando estão lendo um livro normalmente afastam-no dos olhos
porque não conseguem descernir as letras de perto devido à fraca elasticidade
da própria lente. Precisam então de usar óculos para lhes ajudar a perceber as
características das letras.

A retina é uma substância composta de várias camadas de células que incluem


bastões, cones e neurónios sensoriais. Dependendo da forma como as ondas
luminosas se movem, elas são focalizadas na retina invertidas da direita para
esquerda e de cabeça para baixo. Os bastões e cones constituem receptores
que reagem à penetração da luz visível. Os bastões e cones transmitem os
impulsos nervosos para os neurónios sensoriais da retina sempre que haja raios
de luz suficientemente intensos. Os axónios desses neurónios sensórios formam
um feixe que permite por sua vez a formação de um nervo óptico ligando o olho
aos diferentes centros do cérebro. Sabe-se que cada olho contém
aproximadamente 120 milhões de bastões e cerca de sete milhões de cones.
102 Lição nº 7

Os cones e bastonetes são receptores de luz que se localizam na camada


interna da retina e que permitem a passagem desta . O nome de cones e
bastonetes foi lhes atribuído devido a sua forma. Os bastonetes são alongados e
os cones são mais curtos e grossos. Os cones são receptores visuais
especializados que representam um importante papel na visão diurna e na visão
em cores (Weyten, 2002). Eles permitem que o indivíduo seja capaz de ver
durante o dia e distinguir as cores dos objectos. Contudo, os cones não
respondem bem à luz fraca. Os cones concetram-se fundamentalmente no
centro da retina declinando rapidamente a sua densidade em direcção à perferia
desta. No centro da retina existe um pequeno ponto chamado de fóvea. É sobre
este ponto que a acuidade visual (capacidade de distinguir as características dos
objectos através da visão) se concentra. Quando em certa altura o indivíduo quer
distintamente ver uma coisa move os olhos centralizando a fóvea sobre o objecto
da visão. Este truque é usado pelos astrónomos para ver os astros menos
iluminados. Por exemplo, uma estrela apagada (ou um outro objecto que esteja
pouco iluminado), que não se possa ver quando se olha directamente, poder-se-
ia ver a mesma estrela ou objecto olhando-a ligeiramente de lado, quer dizer,
focalizando-a sobre os bastões mais sensíveis.

Os bastonetes são receptores visuais especializados que representam um papel


importante na visão nocturna e na visão periférica (Weyne, 2002). Quando a luz
é bastante forte, nós não conseguimos ver precisamente porque essa
capacidade é ofuscada pelos bastonetes. A escuridão tem uma característica
peculiar de falta de luz. Os bastonetes são pois mais sensíveis à falta de luz do
que os cones. Por serem mais numerosos que os cones, eles lidam mais com a
visão periférica. A sua densidade é maior do lado do foco da fóvea e diminuem
gradualmente em direcção a periferia da retina. Por causa desta distribuição dos
bastonetes, se o indivíduo pretende olhar par um objecto que não está bem
iluminado, deve olhá-lo um pouco acima ou um pouco abaixo do local onde esse
mesmo objecto deveria estar.

Os movimentos do olho na altura da percepção e o processamento da


informação.

Quando o olho tenta captar o objecto da atenção fá-lo emitindo pequenos


tremores, rápidos e involuntários designados de nistagmos. A órbita também se
movimenta de uma posição para outra cujos movimentos são designados de
sacádicos. Os movimentos incessantes do olho permitem a formação duma
Psicologia Geral: Ensino à Distância 103

imagem na retina aproximadamente três a cinco vezes, cada segundo. Os


movimentos possibilitam a retina caracterizar amplamente o objecto de modo a
que possamos nitidamente caracterizar os seus detalhes. Os movimentos
executados pelo olho são involuntários, quer dizer ocorrem fora da nossa
consciência. Por isso, a impressão que nós temos, às vezes, é de que olhamos
fixadamente o objecto sem, contudo, movimentar os olhos. Apenas os
movimentos mais salientes é que são percebidos.

Experiência

Tente você mesmo olhar um objecto relativamente maior e de perto. O que


sente. Deve ter sentido que seus olhos se movimentam para todos os cantos do
objecto. Tente agora se afastar ou olhar para um objecto mais pequeno. De
certeza que não notará que seus olhos se movimentam rapidadamente.

Os movimentos incessantes do olho permitem a formação de uma


imagem na retina e caracterizar nitidamente o objecto de modo a que os
seus detalhes sejam percebidos

Um dos aspectos importantes na percepção visual não só é facto de incluir tanto


o armazenamento como o processamento da informação que é sucessivamente
recebida pela retina.

Deve-se lembrar dos capítulos anteriores que a função dos neurónios é de


transduzir a energia levando e trazendo imagens ao ou do cérebro. No caso dos
neurónios da retina eles processam a informação sobre a cor do objecto, sua
forma, detalhe contorno e movimento dependendo do animal. O que quer dizer
que certos animais não processam determinado tipo de informação.

Alguns cientistas tentaram através de experiências demonstrar que a rã


processava informação limitada. Davidoff (1980) cita experiências feitas com rãs
por uma equipa do Instituto de Tecnologia de Massachussets dirigida por
Jeronme Lettvin no final da década de 50 no século passado.
104 Lição nº 7

Foram apresentadas vários estímulos visuais tais como linhas, pontos e xadrez a
rãs imobilizadas. Através de electrodos inseridos nos nervos ópticos das rãs
mediram o que o cérebro destas lhes dizia. A que conclusões chegaram estes
cientistas? As células da retina da rã parecem detectar apenas cinco
informações distintas por mais complexo que seja o evento.

Estas informações são encaminhadas pelas fibras do nervo óptico ao principal


nervo visual da rã conhecido por tectum. Por outro lado, os chamados de
detectores da extremidade apenas reagem à fronteira entre as regiões das
extremidades claras e escuras. Pensa-se que estas são úteis para determinar os
contornos dos objectos ao redor da rã.

Os detectores de extremidade móvel captam informações sobre o movimento


das fronteiras e os de escurecimento fazem o registo da obscuridade que
ocorrem quando descem sombras sobre o campo visual da rã. Os detectores
escuros reagem as mudanças graduais de intensidade da luz. Quanto mais
escuro mais as firbras se tornam activas. Os detectores de extremidade convexa
e móvel reagem quando uma fronteira escura e curva se movimentam e
permitem a que a rã capture insectos voadores.

Em jeito de resumo, pode-se dizer que o olho da rã está programado desde a


sua nascença a detectar e analisar a informação que é recebida ao seu redor e
extrair depois a informação necessária para a sua sobrevivência. Essa
informação é enviada ao cérebro onde depois é processada. À semelhança da
rã, os pombos detectam também um número limitado de informações. A
limitação da informação bombeada para o cérebro afigura-se muito importante
porque impede a que o cérebro seja inundado de dados e concentra o organismo
apenas nos estímulos necessários para a sua sobrevivência.

A limitação da informação bombeada para o cérebro


afigura-se muito importante porque impede que o
cérebro seja inundado de dados e concentra o
organismo apenas nos estímulos necessários para a sua
sobrevivência.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 105

Lição nº 8

O processo da Informação no
cérebro

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Indicar e descrever o processo da percepção dos objectos.


Conceitos fundamentais: figura fundo, agrupamento, constância.

Estudos realizados por vários cientistas têm mostrado que diferentemente nos
animais inferiores nos animais superiores a maior parte da informação captada
pela via dos órgãos dos sentidos é processada em diferentes regiões do córtex
cerebral. Durante vários anos, fisiologistas estudaram a reacção dos diferentes
estímulos visuais básicos em experiências realizadas com os animais tais como
gatos e macacos. Inseriram em certas células corticais electrodos e fizeram o
registo das respostas.

Descobriram nestes animais (gatos e macacos) a existência de três tipos


diferentes de células corticais visuais dentro dos lóbulos occipitais. As chamadas
células simples, cuja a função é responder a um tipo de linha tais como risco de
luz ou extremidade, numa determinada direcção que pode ser vertical ou obliqua.
Este tipo de linha move-se lentamente através de uma dada região (campo
perceptivo) da retina.

Outro tipo de células existentes nos lóbulos occipitais são as chamadas células
complexas. O seu modo de operação é semelhante ao das células simples. A
diferença entre elas é que estas – as complexas- detectam estímulos de
movimentos rápidos e o seu campo perceptivo é mais amplo.
106 Lição nº 8

O terceiro tipo de células corticais visuais detectoras são as chamadas células


hipercomplexas que reagem aos estímulos muito curtos bem como a ângulos
(cantos). Pensa-se que estes neurónios processam a informação a partir de
células complexas.

Existe uma concordância entre os cientistas de que os córtices dos diferentes


mamíferos são organizados da mesma forma que os córtices de outro tipo de
animais. O córtex cerebral parece ser composto de células dispostas em forma
de coluna vertical como de uma colmeia se tratasse.

As células que pertencem a uma certa coluna têm a função de processar a


informação de um certo sentido específico bem como de uma área particular do
corpo. A maior parte das colunas dos lobos occipitais do córtex lidam com
informação visual. As células simples, complexas e hipercomplexas de uma
única coluna encarregam-se de uma região restrita da retina.

Cada célula da coluna tem especificamente a função de detectar um


determinado estímulo numa dada orientação e move-se a uma certa velocidade.
As colunas verticais de células de outras regiões corticais trabalham do mesmo
modo com outros tipos de informação sensorial. Cada coluna tem suas linhas de
comunicação de entrada e de saída. Entretanto, todas se entrelaçam entre si e
com outras regiões do cérebro.

O córtex também possui neurónios específicos e especializados, cuja função é


detectar um certo tipo de informação visual mais complicada. Por exemplo, numa
experiência com gatos foi detectado que estes possuíam no córtex células que
detonavam depois da realização de um determinado número de eventos
específicos e outros que reagiam a experiências pouco conhecidas. Numa outra
experiência com macacos foi descoberta a existência de neurónios que reagem
com todo o vigor a factores específicos e complexos, tais como, uma mão.

Na opinião de alguns cientistas existem duas classes de células corticais


especializadas em análise de dados visuais. Os detectores de características
universais. Como exemplo encontramos as células simples as complexas e as
hipercomplexas.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 107

Estes detectores extraem os elementos separados da informação incluindo o


tempo, o espaço, a orientação, a direcção do movimento e a cor de um estímulo
qualquer. Neurónios desta natureza podem ser encontrados em qualquer tipo de
animal.

Depois temos os detectores de características espécie-especificos como por


exemplo os detectores das mãos dos macacos. Estes detectores analisam as
imagens através da procura de informações crucialmente importantes ou que se
encontram frequentemente. Essas células parecem específicas para cada grupo
de animal.

No entanto, é muito difícil estudar o sistema visual humano porque não se pode
introduzir nela os electrodos pois estes podem causar danos ao sistema. Ao
invés disso, os psicólogos imaginaram tarefas muito complexas para determinar
como o cérebro humano pode responder à estimulação visual.

Os resultados apoiam a ideia de que os seres humanos possuem detectores


corticais para informações sobre orientação, intensidade, movimentos e
provavelmente a cor.

seres humanos possuem detectores corticais


para informações sobre orientação,
intensidade, movimentos e provavelmente a
cor.
108 Lição nº 8

As células específicas em todo o cortex alternam seus padrões de detonação


cada vez que o lhar traz novas imagens. Estas representações são de certo
modo armazenadas e depois integradas com outras informações recebidas de
outros sistemas sensoriais e imediatamente comparadas com lembranças de
experiências anteriores. Estes processos constituem o fundamento da
capacidade de um indivíduo extrair informação visual sobre si e sobre o meio
que o rodeia.

Organização da percepção visual

No tema anterior debruçamo-nos sobre a parte fisiológica do sistema visual.


Falámos precisamente da constituição anatómica do olho e da função de cada
um dos elementos que o constituem. Continuando, ainda no processo da
percepção visual debruçar-nos-emos sobre como a percepção se organiza e
quais as estratégias que o ser humano usa para interpretar a informação visual
de objectos.

Os nossos olhos captam várias imagens simultaneamente. Algumas dessas


imagens não nos apercebemos delas. O processo é tao rápido e automático que
algumas vezes inconsciente dele. Aprenderemos neste capítulo algumas das
regras que se aplicam aos aparelhos perceptivos. Essas regras podem também
ser aplicados a outros aparelhos perceptivos.

A Percepção dos objectos

Para o processamento da informação o Homem utiliza diversas estratégias.


Entre essas estratégias figuram:
ƒ A constância;
ƒ A figura-fundo ;

ƒ O agrupamento.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 109

Experiência 1

Coloque um objecto na mesa (um relógio, um copo, um prato, etc). Olhe


fixadamente para ele. Afaste-se dele colocando-se a uma distãncia de dois
metros ou mais. Agora diminua a intensidade da luz que incide sobre o objecto.
O que verifica?

De certeza terá notado que olhando o objecto de perto ou de longe ou mesmo


com luz menos intensa ele continua a manter a mesma forma (cilíndrica se for
um copo, circular se for um prato). Quer dizer, o objecto não mudou de forma;
continua com a forma constante.

Em termos gerais, constância significa a maneira com que os objectos olhados


de diferentes ângulos, de várias distâncias ou sob condições diferentes de
iluminação, continuam sendo percebidos como tendo a mesma forma, tamanho e
cor. Se não houvesse constância na nossa percepção, os objectos mudariam de
forma, tamanho e cor constantemente. A constância permite que o mundo
perceptivo do indivíduo seja estavável.

Figura-fundo

Se olhares atentamente em letras negras escritas sobre uma folha branca notará
que estas se destacam mais do que a própria cor branca ou um quadro
pendurado sobre uma parede. Isso acontece frequentemente em placardes
publicitários. O que vemos mais são as letras nelas estampadas mais do que no
proprio fundo do cartaz.

Se olhamos ao nosso redor vemos objectos que se colocam contra um fundo. O


objecto da atenção pode simultaneamente ser visto como um fundo ou como
figura dependendo da forma como o indivíduo dirige a sua atenção. Esta
reversibilidade é mais nítida quando olhamos para a figura de Escher. Olhando
atentamente para a figura nos parece de certo modo a flutuar.

Por vezes, a parte branca toma o lugar de figura de destaque e outras alterna-se
com a parte preta passando esta a ser figura principal e a branca o fundo. É de
destacar que enquanto os nossos sentidos e o cérebro estiverem a operar
110 Lição nº 8

normalmente, esta reversão não acontece. Isto é, o mesmo estímulo não pode
ser visto como fundo e figura ao mesmo tempo.

A reversão das figuras é um fenómeno que ocorre espontaneamente e


praticamente difícil de controlar. Embora haja essa reversão, não significa que a
interpretação das duas figuras ocorra simultaneamente. Aparece uma de cada
vez.

Enquanto de um modo geral vemos figuras a emergirem do fundo, já quando se


trata de cenas distantes ou objectos camuflados a sua interpretação não é
imediata. A questão de figura-fundo é muito essencial para para que o indivíduo
tenha percepção dos objectos. O facto é que um objecto só pode ser percebido
se estiver separado do seu fundo. Esta regra é tida como inata.

Agrupamento

A maneira como agrupamos os elementos de informação visual obedece certos


princípios tais como: semelhança, proximidade, simetria, continuidade, e o
fechamento.

Semelhança – os elementos objectos da nossa percepção que tenham cor,


forma ou textura são agrupados em mesma categoria. Veja as figuras abaixo. A
primeira figura embora seja composta por quarenta e nove quadradinhos iguais,
não apercebemo-la como sendo composta de quarenta e nove quadradinhos
escuros, mas sim composta de fileiras de quadradinhos. O mesmo acontece com
a figura ao lado.Percebemo-la como sendo composta de fileiras de quadradinhos
e rectângulos mais do que de quarenta e nove quadradinhos e rectâcngulos.

Proximidade – os elementos visuais próximos entre si são percebidos como


pertencendo à mesma categoria. Repare nas figuras abaixo. A nossa percepção
leva-nos a organizar a primeira figura à esquerda em colunas, a da direita em
fileiras e a de baixo em diagonais.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 111

Figura. Formas de agrupamento (fonte Davidoff pagina 226)

Actividade 12

Olhe atentamente para as figuras acima e descreva o que pela primeira vez lhe
pareceu ser. Descreva a sua percepção final sobre cada uma das figuras.

Percepção de Profundidade e distância

Continuando a falar da percepção, agora vamos discutir um pouco sobre com o


processo da percepção humana se realiza. Se prestar muita atenção aos
objectos que são focos da sua atenção notará que as imagens são registadas na
retina em duas dimensões fundamentais. A dimensão esquerda-direita e a
dimensão em cima- em baixo. Isto quer dizer que, ao apreciarmos o objecto que
constitui o nosso foco de atenção os nossos olhos percorrem-no nestas
direcções e as imagens captadas ficam registadas na retina nestas duas
dimensões.

Para entendermos como se realiza o processo de percepção de profundidade e


distância vamos recorrer ao que chamamos de indicadores fisiológicos,
indicadores de movimento e os indicadores de imagens (indicadores pictóricos).

Indicadores de profundidade

É do seu domínio de que os mamíferos incluindo o ser humano possuem dois


olhos e a percepção da profundidade depende do funcionamento dos dois. Se
você estiver a caminhar ou a viajar de autocarro olhando em linha recta para a
112 Lição nº 8

estrada o que lhe parece? De certeza à medida que vai andando parece que a
estrada vai se afunilando, tornando-se menos larga. Este fenómeno, é causado
pelo facto de que cada um dos nossos olhos (a retina) regista uma imagem um
pouco diferente e quando os olhos se fixam num objecto eles se viram um para o
outro criando uma convergência. É esta convergência que cria a imagem de
profundidade.

Quando estamos em movimento, as imagens do nosso campo visual mudam


sempre. De certeza que já reparou que quando estiver a viajar de carro os
objectos parecem estar a deslocar-se uma grande velocidade alguns deles.
Aqueles que estão próximos parecem ser mais velozes enquanto que os
distantes se deslocam mais devagar. Esta indicação da distância é conhecida
como paralaxe do movimento. Este fenómeno ocorre quando alguem se desloca
de um veículo.

Exercícios

1. Quais destas afirmações sobre a sensação e percepção é verdadeira?

a) A sensação lida com os objectos, lugares e eventos, enquanto que a


percepção lida com categorias, tais como qualidade e intensidade.

b) A sensação não porporciona uma visão da realidade como se fosse um


reflexo no espelho, enquanto a percepção sim.

c) A sensação implica trazer informação, enquanto a percepção supõe a


organização e a interpretação dos dados.

d) A sensação exige a percepção enquanto a percepção nao exige a


sensação.

2. Em que situação os bastões sozinhos têm maior probabilidade de funcionar


activamente?

a) Ler caracteres muito minúsculos de um questionário

b) Conduzir um automóvel no dia de muito sol

c) Caminhar no campo numa noite de luar

d) Ver televisão a cores num quarto escuro


Psicologia Geral: Ensino à Distância 113

3. Você percebe que um objecto, uma caixa têm a mesma forma


independentemente do ângulo do qual a caixa é olhada. Qual o princípio da
organização da percepção que esse fenómeno ilustra?

a) Constância

b) Continuidade

c) Agrupamento

d) Similaridade

4. Anatomia do olho

Combine cada parte do olho com a única característica que se aplica a ela.

1 1. a) Região da retina que contém cones densamente


Cone compactos

2 Córnea b) Abertura através da qual passa a luz

3 Fóvea c) Controla o tamanho da pupila

4 Iris d) Camada transparente que protege o olho

5 Lente e) Participa na acomodação; perde elasticidade com a


idade

6 Pupila f) Receptor primário de cor e detalhe

7 Retina g) Superfície posterior interna do olho sobre a qual são


projectadas as imagens

8 Bastão h) Receptor primário para iluminosidade fraca

Teste a sua propria visão

Teste de daltonismo
114 Lição nº 8

Consegue identificar os números embutidos em cada círculo? Então, diga


quais são.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 115

Pensamento e linguagem

Introdução
A vida do Homem traz tarefas e problemas que levam com que ele descubra
novos processos, propriedades e correlações entre ele e os objectos. O Homem
enfrenta problemas, dificuldades e imprevistos o que significa que a realidade
que nos cerca tem muito de desconhecido, incompreensível, imprevisto e oculto,
logo, é necessária a cognição profunda do mundo, é preciso descobrir novos
processos para a resolução dos vários obstáculos. Na resolução destes
obstáculos o pensamento é indispensável, pois, na vida , nas actividades, o
indivíduo depara sempre com novas propriedades e desconhecidos objectos. O
pensamento está sempre orientado para as necessidades do desconhecido
e do novo. Ao pensar, qualquer pessoa descobre por si algo novo e
desconhecido do universo que é infinito.

Nota! O pensamento está sempre orientado para as necessidades do


desconhecido, do essencialmente novo e resolução de problemas.
116 Unidade V

Unidade V

PENSAMENTO E LINGUAGEM

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

ƒ Definir os conceitos de pensamento e linguagem;

ƒ Saber a importância do pensamento e linguagem para a vida dos


Homens, e seus tipos;
Objectivos
ƒ Caracterizar o pensamento e linguagem;

ƒ Explicar as propriedades do pensamento e da linguagem;

ƒ Explicar as relacções entre o pensamento e linguagem;

ƒ Explicar as propriedades do pensamento e linguagem;

ƒ Descrever os passos de resolução de problemas.

O conhecimento dos seguintes conceitos ajudar-lhe-á a comprender melhor o


pensamento e a liguagem:

Pensamento, liguagem, situação problemática.


Terminologia

Conhecimentos prévios
Para assegurar a compreensão deste capítulo é necessário recorrer à
conhecimentos sobre os órgãos dos sentidos, seu funcionamento, estrutura e
função; Linguística.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 117

O seu primeiro passo: examinar a seguinte lista de conteúdos para seleccionar


aqueles que prefere estudar. No início desta unidade há uma introdução e um
conjunto de actividades de aprendizagem, o que facilita uma apreciação rápida
do valor que a unidade tem para si.

Para o estudo desta secção que agora esta lendo você vai precisará de 2h e
30min e é constituída essencialmente por:
ƒ Introdução;
ƒ Conceitos de pensamento e linguagem;
ƒ Elementos e propriedades de pensamento e linguagem;
ƒ Elementos de pensamento;
ƒ Propriedades de pensamento;
ƒ Propriedades de linguagem;
ƒ Tipos de pensamento;
ƒ Pensamento e resolução de problemas;
ƒ Interacção pensamento e linguagem.
118 Lição nº 2

Lição nº 2

Conceito de pensamento

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Definir o conceito de pensamento;


• Descrever os elementos do pensamento.

Conceitos fundamentais: Imagem, acção, representação.

Nesta lição abordaremos alguns aspectos a respeito do desenvolvimento do


pensamento e da linguagem. Esta matéria encontra-se aprofundada na disciplina
de Psicologia de Aprendizagem.

Pensamento

Quando se fala de pensamento o que lhe ocorre imediatamente? Imagens?


Palavras? Sons? O que é exactamente?

Muita vezes, pronunciamos expressões, tais como, este aluno pensa bem para
nos referirmos ao modo como explica um determinado assunto ou a forma como
ordena as suas actividades.

Naturalmente é difícil determinar exactamente se as pessoas pensam em


palavras ou imagens. Contudo, resultados de estudos conduzidos por psicólogos
têm demonstrado que o desfile das imagens na mente das pessoas parece a
forma mais habitual de pensar de muitas pessoas. Estudos recentes na área de
Psicologia parecem também confirmar o facto de que o pensamento das
pessoas ocorre em forma de imagens mentais.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 119

Pense, por exemplo numa viagem. Como é que você vê a viagem? Com
palavras? Certamente estrá imaginando um guiché onde se compre o bilhete, o
autocarro que vai apanhar e até as imagens do local aonde vai mesmo que não
o conheça.

Experiências recentes corroboram com a ideia de que as pessoas ao pensarem


utilizam mais quadros mentais que as descrições verbais. Isto quer dizer que,
não pensamos geralmente em palavras embora isso aconteça, mas sim através
de imagens que desfilam no nosso cérebro.

Os psicólogos parece concordarem em que no processo do pensamento


desfilam diferentes tipos de imagens visuais, auditivas, tacteis, gustativas que
acompanham o proceso.

O pensamento é muitas vezes caracterizada como uma fala interior. O indivíduo


fala consigo mesmo mas não duma forma coerente. As frases são incompletas
sem às vezes nenhum sentido gramatical. Experiências realizadas confirmam a
ideia de que as pessoas falam consigo mesmas enquanto pensam.

Como se desenvolve o pensamento lógico?

Algumas correntes advogam que o pensamento é condicionado socialmente e


está estritamente ligada a linguagem. Entende-se por linguagem a forma de
exteriorização do pensamento.

A abordagem de Vigotsky sobre o pensaamento baseia-se na teoria marxista na


qual se refere que as mudanças históricas na sociedade e a vida material
produzem mudanças na natureza humana. Este teórico vê o desenvolvimento
do pensamento (desenvolvimento cognitivo) como condicionado pelas relações
sociais.

Para Vygostsky não é possivel separar o desenvolvimento do contexto social e o


pensamento é afectado pela cultura onde o indivíduo se encontra inserido. Neste
processo a linguagem assume um papel importante no desenvolvimento das
capacidades cognitivas da criança. Cada criança possui o seu próprio
desenvolvimento havendo diferenças entre uma criança e outra.

Um outro psicólogo bem conhecido que se dedicou sobre o desenvolvimento do


pensamento, o desenvolvimento cogntivo, portanto, foi PIAGET. Na sua óptica
considerava o desenvolvimento do pensamento como sendo condicionado pela
120 Lição nº 2

maturação biológica e que as mudanças que possam ocorrer no pensamento da


criança são apenas mudanças qualitativas e não quantitativas.

Para determinar o desenvolvimento da criança Piaget usava diversos métodos


os quais penso que você também usa com as suas crianças, seja com os seus
alunos ou seus filhos. Piaget usava as seguintes perguntas : “ De onde vem o
vento”? “ O que faz você sonhar”. Para além deste método usava o de
observação das actividades do indivíduo (da criança). Piaget obervou como as
crianças lidam com os conceitos de número, espaço, velocidade, tempo e outros
e a partir dos resultados obtidos formulou a sua teoria de desenvolvimento do
pensamento.

Para ele o pensamento se desenvolve em etapas diferentes que ele próprio


designou de estágios.

Os estágios que caracterizam o pensamento da criança segundo Piaget são


quatro a saber:

Estádio sensório-motor (do nascimento aos 2/3 anos) - a criança desenvolve


um conjunto de "esquemas de acção" sobre o objecto, que lhe permitem
construir um conhecimento físico da realidade. Nesta etapa desenvolve o
conceito de permanência do objecto, constrói esquemas sensório-motores e é
capaz de fazer imitações, construindo representações mentais cada vez mais
complexas.

Estádio pré-operatório (ou intuitivo) (dos 2/3 aos 6/7 anos) - a criança inicia a
construção da relação causa e efeito, bem como das simbolizações. É a
chamada idade dos “porquês” e do “faz-de-conta”.

Estádio operatório-concreto (dos 6/7 aos 10/11 anos) - a criança começa a


construir conceitos, através de estruturas lógicas, consolida a conservação de
quantidade e constrói o conceito de número. Seu pensamento apesar de lógico,
ainda está preso aos conceitos concretos, não fazendo ainda abstracções.

Estádio operatório-formal (dos 10/11 aos 15/16 anos) - fase em que o


adolescente constrói o pensamento abstracto, conceptual, conseguindo ter em
conta as hipóteses possíveis, os diferentes pontos de vista e sendo capaz de
pensar cientificamente.

(fonte:
http://www.notapositiva.com/trab_professores/textos_apoio/psicologia/teoriaspiag
etvygostsky.htm)
Psicologia Geral: Ensino à Distância 121

Apesar de Piaget ter dado grande contributo no estudo do pensamento da


criança, a sua teoria não era de todo perfeito. Ele tem sido criticado por as
tarefas usadas para determinar o desenvolvimento do pensamento da criança
serem muito complexas e envolverem o uso das aptidões verbais. Piaget não
deu importância o aspecto social (a cultura) e baeou-se mais nas mudanças
qualitativas que quantitativas.

O seu mérito reside em que a sua teoria permite captar as grandes tendências
de desenvolvimento da criança e também permite encarar as crianças como
sujeitos activos na aprendizagem.

A teoria de Piaget teve influencia na educação através dos princípios de :

a) Aprendizagem por descoberta

b) Prontidão para aprendizagem e

c) Diferenças individuais

A teoria de Piaget parte de uma abordargem construtivista onde o papel do


professor é o de facilitar e não o de direccionar.

Elementos do pensamento

O pensamento caracteriza-se por três elementos a saber:

ƒ Imagem;

ƒ Acção;

ƒ Representação.

A imagem refere-se a aparência física dos objectos e fenómenos. Por ex: se


quiser descrever a aparência física de seu pai, você formará uma imagem visual
do seu pai

A acção acompanha o pensamento. As pessoas geralmente limitam os seus


movimentos a gestos como franzir a cara, morder o lápis, coçar a cabeça. Estas
acções ocorrem quando estamos a pensar. Quando isso acontece as pessoas
que estão perto de nós nos perguntam : “ o que estás a pensar”? “ Aconteceu
122 Lição nº 2

alguma coisa”? A acção refere-se a movimentos relacionados com a linguagem,


atitudes, manifestações e comportamentos.

A representação constitui a componente básica do pensamento. O pensamento


envolve a representação de ítens que não estão imediatamente presentes. Ao
conversar ou escrever, compartilhamos os nossos conceitos com as pessoas.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 123

Lição nº 2

Tipos de pensamento

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Caracterizar os principais tipos de pensamento.


Conceito fundamental: raciocínio.

O processo de pensamento actua de diversas formas. Diferentes indivíduos


podem também evidenciar diferentes tipos de pensamento. No início da nossa
discussão sobre o pensamento afirmámos que o pensamento ocorre sob forma
de imagens segundo os resultados de pesquisas realizadas. Isto quer diizer que
ao pensamos sobre um objecto ou fenómeno este é representado sob forma de
imagem. Para compreendermos como decorre o processo de pensamento
importa referirmos sobre alguns dos tipos de pensamento mais conhecidos:

Pensamento visual figurativo, pensamento abstracto, pensamento reprodutivo e


pensamento criador.

Pensamento Visual-Figurativo

Este tipo de pensamento baseia-se nas representações (gravuras, modelos,etc.)


e permite a que o indivíduo possa reflectir de uma forma diversificada a realidade
dos objectos. Este tipo de pensamento é mais comum em crianças em idade pré-
escolar (entre os quatro e sete anos de idade). As crianças nesta idade ainda
não dominam as noções e o pensamento encontra-se ainda ligado às acções
práticas uma característica peculiar de desenvolvimento das crinças em idade
pré-escolar.
124 Lição nº 2

Pensamento Abstracto

No pensamento abstracto o indivíduo não só usa imagens mentais como


pressuposto básico para a resolução de problemas ou para descrever as
características dos objectos ou fenómenos. Ele usa conceitos abstractos, isto é,
abstrai-se dos modelos e das gravuras usando também o proceso verbal.
Imaginemos que você pense sobre um assunto, por exemplo, em Química ou
Matemática. Você vai utilizar noções e conceitos abstractos, vai dar nomes aos
fenómenos mesmo que não seja possível observá-los. A aquisição de conceitos
e noções abstractas ocorre num determinado período de desenvolvimento da
criança (veja os estádios de desenvolvimento de Piaget).

Pensamento Criador

O pensamento criador consiste sobretudo em conjugar elementos que


normalmente são tidos como independentes, isto é, que não pertençam ao
conjunto de características do objecto ou fenómeno objecto do nosso
pensamento para com eles produzir algo de novo. O pensamento criador ou
inovador é muito importante porque permite imaginar sobre coisas novas que
não existem no fenómeno objecto do nosso pensamento. Os cientistas usam
muito o pensamento criador para fabricar objectos novos.

Raciocínio

Uma das formas do pensamento é o raciocínio. O raciocínio é uma operação


mental que faz inferências de novos conhecimentos a partir do conhecimento
dado. Neste caso, o pensamento parte da análise de duas ou mais relações
conhecidas, neste caso podem ser relações de afirmação ou de negação, para
concluir uma outra relação que estava implicitamente contida.

Pensamento e resolução de problemas

Problema
Psicologia Geral: Ensino à Distância 125

Resolução de Problemas refere-se a esforços activos para descobrir o que deve


ser feito para alcançar um objectivo que não está prontamente disponível.

Passos para a resolução de problema


Um dos aspectos fundamentais na resolução do problema é identificá-lo. Quer
dizer, a actividade de procura começa quando o problema surge. Imagine um
rato com fome engaiolado num labirito. Ao sentir o cheiro da comida iniciará uma
acção que lhe levará ao objectivo, o alcance do alimento. Antes mesmo de iniciar
a acção propriamente dito começa com uma fase de preparação colocando
deversas hipóteses e estratégias de acção.

O aparecimento de um problema pode ser natural. Quantas vezes os problemas


apareceram por si sós sem que ninguém os tenha procurado e sempre alguém
se indaga: “como apareceu este problema?” Por vezes, as pessoas engajam-se
activamente à procura de problemas umas mais que as outras; é claro. Pense,
por exemplo, num cientista que sempre não está satisfeito com as suas
descobertas. Continuará pesquisando, procurando os problemas.
Seja como for, existe uma fase incial da procura de um problema conhecida por
fase de identificação do problema. Uma vez identificado o problema seguem-se
as acções subsequentes que é o da preparação.

Na preparação, o indivíduo colecta dados disponíveis, avalia os possíveis


constrangimentos e coloca metas a alcançar. Se, por exemplo, você está a
estudar a disciplina de Psicologia Geral e não percebe alguns conteúdos o que
pensará que seja a causa? Ali começa a avaliação das restrições que fazem com
que não compreenda esses conteúdos e a partir daí definirá metas. É possível
que pense que você não percebe por causa da linguagem usada pelo autor do
livro que está a ler, ou porque você anda muito cansado. A partir desta avaliação
você definirá uma estratégia adequada para a resolução deste problema.

Na tentativa de resolução de um problema, por vezes, surgem outros factores


que impedem a resolução do mesmo. Imagine que um aluno se matricule num
curso profissionalizante e descubra que existem disciplinas muito difíceis. Isto
será, portanto, um factor que impedirá a progressão desse aluno. Aprendizagem
passada pode, por vezes, influenciar na resolução de problemas de forma
positiva ou negativa. Imagine um indivíduo que aprenda a conduzir automóveis
126 Lição nº 2

ligeiros, não teria dificuldade em aprender a conduzir automóveis pesados, por


exemplo.

Quando as experiências passadas aumentam as habilidades gerais dos


indivíduos na resolução, diz-se que ocorreu uma transferência positiva.

Por outro lado, a aprendizagem anterior pode influenciar negativamente na


resolução de problemas. Por exemplo, quando ensinamos as crianças a
fazerem necessidades num pinico, estas crinças adquirem o hábito de defecar
no pinico. Se pretendermos ensinar às mesmas crianças a defecar numa sanita,
poderão depois ter dificuldades em fazê-lo. A isso se chama transferência
negativa..

É importante que antes de seguir em frente na resolução de um determinado


problema analise-o cuidadosamente e tome em consideração os factores que
possam impedir na resolução deste. O caso do aluno citado deveria ter se
informado sobre quais as disciplinas que o curso contém.

Uma outra etapa da resolução do problema é a da solução do problema. Na


solução do problema o indivíduo usa várias imagens mentais para enfrentar a
tarefa. Imagine que você esteja numa gruta e não saiba exactamente qual é a
saida. O que você faria? Depois da identificação do problema aparecer-lhe-ia
uma série de imagens mentais sobre as possibilidades de saida da gruta.

A última fase da solução do problema é avaliação. Quando encontrada a


solução, a maior parte dos solucionadores avaliam os seus resultados, tendo em
conta o objectivo definido na fase de preparação. Caso não seja adequado
continua até encontrar a solução adequada. A avaliação depende da habilidade
do solucionador, da sua personalidade e da natureza do próprio problema.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 127

Lição nº 3

Linguagem

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Identificar as propriedades da linguagem;


• Estabelecer a relação entre linguagem e pensamento.
Conceitos fundamentais: simbolismo, semântica.

Frequentemente quando alguém fala da linguagem ocorre-nos a articulação das


palavras. Contudo, a linguagem é mais do que isso. Um bebé pequeno que não
sabe articular nenhuma palavra também usa linguagem para se comunicar com
a sua mãe. Ela chora quando está com fome, barafusta quando está em
desacordo. Quando falamos de linguagem referimo-nos a um conjunto de sinais
usados pelos seres humanos e não só (os animais também usam linguagem)
para se comunicarem uns aos outros.

A linguagem representa um papel fundamental no comportamento humano


porque ela permite transmitir ideias de pessoa para pessoa.

Como nos referimos anteriormente, a linguagem não é apenas a articulação de


palavras mas também a combinação de símbolos que possuem um significado e
atrevés deles gerar uma mensagem.

No estágio inicial de desenvolvimento da criança, a linguagem desenvolve-se a


partir dos sons para a palavra. Toda a gente sabe que a criança pequena não
fala, mas sim emite sons. A medida que vai emitindo sons, seus músculos
vocais, o queixo, a língua, vão se fortificando produzindo uma variedade de sons
128 Lição nº 3

casuais. Passado algum tempo, três meses aproximadamente, surgem os


primeiros balbúcios. Tente reparar isso no seu bebé recém-nascido ou no do
vizinho ou seu parente.

Para além de balbúcios o bebé desenvolve uma grande capacidade de


diferenciar sons, isto é, uma capacidade de discriminá-los (discriminação
auditiva). A partir destes pressupostos a criança vai aprendendo a fala. É
evidente que não se pode esperar dela uma linguagem falada muito apurada
como acontece nos adultos, mas ela começa a chamar os objectos pelos seus
nomes próprios. No início, a criança aplica a mesma palavra para uma gama de
coisas. Por exemplo, a palavra mamã pode ser aplicada para todas as mulheres.
Na aquisição da linguagem pelas crianças ocorre o fenómeno de repetição das
sílabas em palavras que têm mais do que uma sílaba. Neste caso, a primeira
sílaba é que é repetida. Por exemplo, na palavra pai ou mãe (pa-i ou mã-e) a
criança tenderá repetir a primeira sílaba. Assim diria “papa ou mamã” ou “wawa”
para referir água

Depois de um ano, as crinaças já dominam diversas formas de linguagem falada.


Contudo, segundo resultados de pesquisas realizadas, as crianças adquirem as
suas palavras lentamente, durante um período de três a quatro meses. A
transição da palavra para a frase ocorre de entre os dezoito a vinte e quatro
meses, altura em que a criança é já capaz de combinar palavras para formar
uma frase. Segundo resultados de pesquisas feitas por Piaget, aos trinta meses,
há uma expansão em termos de combinação de palavras para formar uma frase.
Esta tendência deve-se supostamente pelo facto de a criança, ao brincar
sozinha, encontrar muitos elementos estimuladores e isso facilita para
desenvolver a representação.

Propriedades da linguagem

As propriedades da linguagem são:

• Simbolismo;
• Significativo ou semântica;
• Reprodução e criatividade;
• Estruturação e ordenamento;
• Sintaxe.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 129

Os sistemas de linguagem incluem algumas propriedades fundamentais :

Na linguangem Simbólica as pessoas usam sons falados e palavras escritas


para representar objectos, acções, eventos e ideias. Os símbolos permitem fazer
referência aos objectos e eventos que podem estar distantes de nós.

Na linguagem Semântica ou Significativa usam-se símbolos arbitrários no


sentido de que não existe uma relação implícita entre a aparência das palavras e
os objectos que elas representam. Tomemos como a palavra portuguesa caneta
e a inglesa pen. Embora essas palavras sejam arbitrárias, elas têm um
significado partilhado pelas pessoas que falam português e Inglês.

Na linguagem Reprodutiva ou Criativa combina-se um número limitado de


símbolos de maneira infinita de modo que se possa gerar inúmeras mensagens.
Por exemplo, cada um de nós tem o seu sotaque mas dia após dia criamos
frases que nunca antes foram usadas, isto é, criamos novas frases.

Linguagem Estruturada ou Ordenada. Isto significa que embora se possa gerar


um número variado de frases estas devem ter uma estrutura e deve haver
também uma limitação no número de palavaras que deve conter uma frase. Você
já reparou num parágrafo sem pontuação? Podemos dizer por exemplo: “ O João
escreveu uma linda frase” mas, não podemos dizer “ a Frase o esreveu João
linda uma”.

A estrutura da linguagem permite que as pessoas sejam criativas com as


palavras e ainda se entendam mutuamente.

Sintaxe é um sistema de regras que especifica como as palavras podem ser


organizadas em frases. Uma regra simples da sintaxe é que as frases
declarativas (afirmativas ou negativas) devem ter um sujeito e um predicado e
um complemento. Por ex: “o som das maquinas é perturbador”, é uma frase.
Entretanto, “o som das máquinas” não é uma frase porque não tem predicado .
130 Lição nº 3

Interacção pensamento e linguagem

Um mundo sem linguagem seria um mundo sem conceito. A linguagem


influencia o que pensamos, percebemos e lembramos. A educação, portanto,
visa a aumentar o nosso poder de palavras e de pensamento. Um indivíduo que
não pode pensar, não consegue dominar uma língua (idioma).

A linguagem não é o único factor interveniente no pensamento pois, a


experiência mostra que as imagens mentais também acompanham o
pensamento.

A linguagem e as imagens mentais estão presentes no pensamento, facilitando


este processo.

Um importante factor da actividade mental do homem é a sua ligação mental não


só a cognição sensorial mas também com a linguagem ou fala.

O pensamento e a linguagem representam a diferença fundamental entre o


psiquismo humano e de outros animais, pois nele a cognição pode ser visível,
indirecta e abstracta.

Com as características de linguagem consegue-se fixar o conceito de objecto, a


noção da palavra, por isso, é impossível separar do pensamento humano a
língua, pois as bases para a formação do pensamento residem na formulação de
ideias e é neste processo, que a linguagem é chamada a desempenhar o seu
papel.

Quanto mais profundo e bem ponderado é um certo pensamento, tanto mais


clara e precisa será a sua expressão em palavras na linguagem oral ou escrita.

Observações executadas no processo de experiências psicológicas demonstram


que alguns alunos e inclusive, adultos deparam com dificuldades no processo de
resolução de problemas, enquanto não formularem as suas considerações em
voz alta.

Portanto, a palavra e a formulação da ideia encerram as mais importantes


premissas indispensáveis do pensamento discursivo, isto é, dividido
logicamente, e é consciencializado.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 131

Sumário
Depois de nos debruçarmos muito sobre o pensamento e sobre a linguagem
podemos estabelecer alguns concensos em relação a esta matéria. Podemos
assim dizer que as pessoas, ao pensarem utilizam mais quadros mentais que as
descrições verbais. Isto quer dizer que, não pensamos geralmente em palavras
embora isso aconteça, mas sim através de imagens que desfilam no nosso
cérebro. Estas imagens podem ser visuais, auditivas, tácteis, gustativas
acompanhando o processo do pensamento. O pensamento, no entanto, é
caracterizado por uma fala interior do indivíduo pronunciando para si mesmo. A
pessoa constrói frases incompletas sem, às vezes, nenhum sentido gramatical.

A linguagem por seu turno possui um papel fundamental no comportamento


humano porque ela permite transmitir ideias de pessoa para pessoa.

A linguagem influencia o que pensamos, percebemos e lembramos.

A educação, portanto, visa a aumentar o nosso poder de palavras e de


pensamento. Um indivíduo que não pode pensar, não consegue dominar uma
língua (idioma).

A linguagem não é o único factor interveniente no pensamento pois, a


experiência mostra que as imagens mentais também acompanham o
pensamento.

A linguagem e as imagens mentais estão presentes no pensamento, facilitando


este processo.
132 Lição nº 3

Exercícios

Chegou a hora de realizar um teste, para isso, serão necessários os


seguintes materiais:

Auto-avaliação o Uma folha A4;


o Um lápis de carvão HB;
o Uma borracha

Agora leia com atenção as questões que se seguem e assinale com X no


espaço da alínea que achar correcta .

Não olhe para o guião de correcção, primeiro tente responder se não conseguir
volte a ler o material e recursos de apoio. (correcção no fim da unidade).

1. Qual das seguintes não é uma característica de linguagem (3.00 Valores)?

A. É generativa (_____);

B. É nomotética (______);
C. É simbólica (______);
D. Tem estrutura (_____)

2. O elemento básico de qualquer língua é (3.00 Valores):


A. O morfema (_____);
B. O fonema (_____);
C. A palavra (_____);
D. O genoma (_____);

3 . A criança de dois anos que se refere a qualquer animal de quatro patas como
“au-au” está cometendo qual dos seguintes enganos (3.00 Valores)?
A. Subextensão (_____);
B. Superextensão (______);
C. Super-regularização (_____);
D. Sub-regularização (_____).
Psicologia Geral: Ensino à Distância 133

4. Chomsky propunha qua as crianças aprendem uma língua (3.00Valores):


A. Porque possuem um dispositivo para aquisiçaõ da linguagem que é inato
(_____);
B. Através da imitação, reforço e modelagem (_____);
C. Pois a precisão de seu raciocínio melhora com a idade (_____);
D. Porque elas precisam dela para conseguir alcançar objetivos cada vez mais
complexos (_____).

5 A hipótese da relatividade linguística é a noção de que (4.00 Valores):


A. A língua determina a natureza do pensamento (_____);
B. O pensamento determina a natureza da linguagem (_____);
C. A linguagem e o pensamento são processos independentes um do outro
(_____);
D. A linguagem e opensamento interagem e influenciam um ao outro (_____).
6. Na solução de problemas, as pessoa que são dependentes do campo (4.00
Valores):
A. Dependem de referências de estruturas externas (____);
B. Tendem a aceitar o meio físico como condição determinante (____);
C. Tendem a enfocar características específicas de um problema (____);
D. Todas as anteriores (____):
E. A e B (____).

________________________________________________________________
Guião de Correcção do questionário.

1. B
2. B
3. B
4. A
5. A
6. E
134 Lição nº 3

Sumário
Como afirmámos repetidas vezes sobre a importância deste processo, veja em
resumo o que permite ao homem.

A imaginação surge nas situações problemáticas onde a incerteza é maior,


ajuda-nos a prever o futuro e a resolver problemas.

Pela memória, o homem fixa o passado. Pela percepção, apreende o presente. A


imaginação não só ajuda a alargar os horizontes da memória e da percepção,
mas também, reconstrui o passado distante e devassa o presente oculto;
Permite antecipar e construir o futuro, pois, é um dos processos mais
importantes e o Homem um ser cujo nível de existência depende, antes de mais,
do nível e desenvolvimento da sua capacidade inventiva; reflexos condicionados;
cérebro, função dos hemisférios na a organização de imagens e ligação de
imagens com realidade.

Exercícios

Quanto a imaginação pode realizar várias actividades. Aqui apresentamos


algumas sugestões:

Auto-avaliação 1. Junte vários objectos conhecidos da sua casa ou escola e combine as


várias propriedades de cada objecto para a obtenção de outros, cujas
características são praticamente diferentes das originais (seja criativo e
prático).

2. Procure várias obras artístico-literárias e tente descobrir que imaginação


foi usada para a sua criação.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 135

Unidade VI

PERSONALIDADE
Introdução
Porque é que é importante estudar este tema?

No processo de ensino e aprendizagem como na vida comum é muito importante


compreender como é que os indivíduos respondem à situações e como se
comportam diante delas.

Este aspecto ajuda a melhorar o relacionamento indidvidual e no caso do


processo de ensino a direccionar e individualizar o próprio ensino tendo em
conta as características de cada aluno.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

ƒ Definir o conceito de personalidade sensação e percepção;

ƒ Caracterizar os diferentes tipos de personalidade;

Objectivos ƒ Descrever os principais factores que influenciam o desenvolvimento da


personalidade.
136 Unidade VI

O conhecimento dos seguintes conceitos ajuda-lo-á a comprender melhor a


personalidade:

Indivíduo, individualidade, traço e personalidade.


Terminologia
Conhecimentos prévios
Para assegurar a compreensão deste unidade é necessário recorrer à
conhecimentos sobre influências do meio, genética, sistema hormonal e sistema
nervoso sobre o comportamento da pessoa humana.

Bem vindo à quinta unidade sobre o estudo da Personalidade. Tal como


acontece nos outros capítulos, começaremos por informar os principais aspectos
a serem estudados neste unidade nomeadamente:

ƒ O conceito de personalidade;
ƒ As principais características ou propriedades da personalidade;
ƒ Os factores que influem para o desenvolvimento da personalidade;
ƒ As formas ou principais instrumentos utilizados na mensuração da
persoalidade.
Tempo : 3.h.30 min

Para lhe ajudar a consolidar os conhecimentos que ao longo da leitura,


discussão em grupo ou com o tutor efectuando, preparámos-lhe uma série de
actividades parciais a partir das quais poderá entender melhor todo o processo
atinente ao desenvolvimento da personalidade. Na medida do possível
ilustraremos com exemplos práticos os aspectos mais salientes que ajudarão a
clarificar conceitos e características que se relacionam com a personalidade. Por
isso, não nos cansaríamos de, mais uma vez, aconselharmos-lhe a realizar todas
as actividades propostas neste capítulo como forma de exercitar.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 137

Lição nº 1

Conceito de personalidade

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Definir o conceito de personalidade


• Diferenciar a personalidade do carácter
Conceitos fundamentais: personalidade, carácter

O que é a personalidade?

Durante as conversas, sessões de trabalho passeio, onde quer que seja é


comum ouvir-se pessoas a fazer menção deste termo –personalidade quando
querem descrever as características de um indivíduo particular. Aquele indivíduo
é calmo, não fala, ou fala quase sempre sem parar. É comum também associar
estas características com a fisionomia de um indivíduo. Por ex: os indivíduos
baixinhos são rebeldes ou são faladores. Estas palavras descrevem o indivíduo
ou o seu modo habitual de ser e se comportar diante de situações adversas.

O conceito de personalidade
Do ponto de vista etimológico a palavra personalidade vem do latim persona que
significa máscara usada por um actor. Neste sentido, o termo deixava
transparecer dois aspectos essenciais: o aspecto exterior que representa o que
se percebe aos olhos do observador e o papel desempenhado por este. Mais
tarde, este termo foi usado para designar um indivíduo digno de nota, de
respeito, que desempenha um papel preponderante.
138 Lição nº 1

Há que distinguir porém, a personalidade de carácter. Carácter designa


essencialmente qualidades de valor de uma personalidade. A palavra carácter
provém do grego “chrakter” que significa sinal, marca ou característica. Do ponto
de vista psicológico, representa um conjunto de qualidades do indivíduo que
manifestam a atitude deste perante a realidade (atitude em relação ao mundo
que nos cerca, a nós mesmos, às outras pessoas e em relação ao trabalho), e
também reguladora do comportamento. Também pode ser entendido como
conjunto de traços psíquicos próprios do indivíduo e que se manifestam nas
maneiras de actuar típicas determinadas pela atitude deste.

Vezes sem conta encontramos indivíduos de personalidade espantosa mas que


é mau carácter. Um professor, por exemplo, pode ser um profissional bem citado
mas que constantemente falta respeito aos seus colegas. Aqui temos o exemplo
de uma personalidade respeitada mas com carácter mau. Por outro lado, uma
pessoa pode ter um carácter admirável e ter uma personalidade pouco
admirável. Pensemos numa pessoa que é respeitadora mas, contudo, não
granjeia admiração entre os seus colegas. A personalidade representa, por um
lado, o modo como a pessoa se exprime e actua no seio dos outros.

Para aclararmos a nossa discussão vamos nos servir deste exemplo extraído de
Buhler:

...”a minha mãe, uma mulher de 50 anos excepcionalmente feliz e bem instalada
na vida ,foi e é sobretudo uma pessoa extraordinariamente amorosa. Este amor
que ela sempre nos mostrou, a nós, filhos, foi para mim a minha maior felicidade
desde a minha mais remota infância. Estarei sempre grata por este amor, porque
me deu alegria de viver e o sentimento do meu próprio valor” (in Bulher, 1962:p
236).

Aqui podemos notar que existe uma relação entre a qualidade e o tempo. A
relatora mostra os efeitos de um relacionamento que dista do tempo entre ela e a
sua mãe destacando qualidades, tais como, amor para com os filhos e estado de
felicidade. Esta relação cultivou na sua filha um sentimento de auto-valorização
que também é uma qualidade da personalidade.

Vejamos um segundo exemplo também extraido do mesmo autor.

Ex: 2. A minha mãe era uma pessoa terrivelmente egoísta. Exigiu sempre muito
dos filhos, e quando fazíamos alguma coisa que não lhe agradava, muitas vezes
já não falava mais conosco. Por exemplo, desde o meu casamento não fala
Psicologia Geral: Ensino à Distância 139

comigo, porque nao festejamos o casamento como ela o exigia. Durante toda a
minha vida me carregou de complexos de culpa; também a minha doença actual
esta relacionada com o facto de eu me sentir culpada. (in Buhler, 1962 p;236)

Neste exemplo, a relatora destaca as qualidades negativas da sua mãe e a


influência que essa educação teve na sua personalidade, tendo desenvolvido,
por isso, complexo de culpa e consequentemente uma doença relacionada com
o desenvolvimento desses complexos.

Se prestar atenção poderá reparar que na descrição apresentada pela filha, tudo
perde sentido devido ao efeito da personalidade sofrida por ela.

Uma personalidade humana é constituída por um conjunto de aspectos


ordenados. A falta de unidade interna desses aspectos cria aquilo que nós
chamamos de doença mental. No exemplo a seguir nota-se que o indivíduo que
faz a descrição da sua mãe não conhece as causas que conduziram a desunião
interna dos aspectos da personalidade da sua mãe. Portanto, porque eram
crianças naquela altura, ninguém conhecia exactamente os seus sentimentos.

A minha mãe tem sobretudo um temperamento horrível. Quando lhe solta as


rédeas fugimos todos. Contudo noutros momentos eh capaz de ser amorosa e
amável. Lia-nos livros quando éramos crianças, ou ia conosco ao museu… (in
Buhler, 1962 p:237)

A pessoa descrita pode ser que estivesse doente e animada ao mesmo tempo
pelo marido ou pelos pais ou ainda o seu comportamento resultar da falta de
maturidade para com a vida. Isto nos indica que há uma determinada orientação
fundamental sobre a qual representa o principal princípio de ordenação. Nos
exemplos citados pode-se notar que um dos princípios é a posição amorosa da
mãe, enquanto que no outro caracteriza-se por egoísmo. Contudo, no primeiro
exemplo que apresentamos, a pessoa que relata tentou primeiro reunir todas as
características que conhece acerca da sua mãe. Enquanto que, no segundo, o
relator tenta descrever a sua mãe a partir de uma característica central (o
egoísmo) para poder compreendê-la.

Isso indica que para podermos compreender uma pessoa precisamos primeiro
de ter em conta a ordenação interna da personalidade dessa pessoa.
140 Lição nº 1

A complexidade de aspectos a tomar em conta na caracterização da


personalidade leva a que surjam várias definições do termo personalidade.
Contudo, nós iremos adoptar a definição de Allport por a considerar que vai de
encontro daquilo que basicamente pode ser considerado de personalidade.

Para Allport a personalidade: Para Allport a personalidade é a organização


dinâmica, que resulta no íntimo de um indivíduo, daqueles sistemas psicofísicos
que determinam o modo de adaptação ao meio característico e próprio de cada
indivíduo (Buhler, 1962), ou ainda;

“a organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados a partir dos


genes particulares que herdamos, das exigências singulares que suportamos e
das percepções individuais que temos do mundo, capazes de tornar cada
indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel social”
(http://www.psiqweb.med.br/persona/personal.html)

A Personalidade pode, então, ser precebida como um conjunto de


características psicológicas que, desenvolvidas ao longo da vida e dotadas de
uma relativa continuidade, nos diferencia uns dos outros (apesar de muitas
semelhanças que possamos apresentar).

Cada indivíduo é dotado de um modo de ser único no que respeita à forma como
se vê a si próprio e aos outros, reage às situações e à presença ou ausência dos
outros.

Possui, portanto, uma identidade. Esta identidade nâo é estática mas dinâmica,
desenvolve-se, aprofunda-se não estando nunca absolutamente definida. Em
suma, compreender a personalidade humana é compreender o ser na sua
totalidade.

Ao aprofundar o conceito de personalidade podemos destacar vários aspectos:

A personalidade é uma estrutura, uma totalidade dotada de organização e não


uma simples acumulação de diversos aspectos; é um processo; é consistnte,
uma maneira singular e relativamente constante de comportamento, de
resposta às situações. Por isso, ela é um padrão psíquico e comportamental;
exprime um modelo consistente de relação com o mundo e com os outros; torna,
em certa medida, previsível a interacção social de um determinado indivíduo; é
Psicologia Geral: Ensino à Distância 141

um conceito psicológico ligado a determinantes biológicos e sociais e exprime-se


através de comportamentos, pensamentos e sentimentos.

Exercicios

Elabore um quadro típico de tipologias de carácter e temperamento destacando


os principais aspectos contidos em cada tipologia e os grupos a que pertencem
142 Lição nº 2

Lição nº 2

Teorias de personalidade

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Descrever a teoria de psicanalítica da personalidade;


• Indicar as fases de desenvolvimento da personalidade segundo a teoria
psicanalítica.
Conceitos fundamentais. complexo de édipo, fase fálica, libido.

O conhecimento das teorias confere um papel importante no estudo da


personalidade porque permite-nos entender os esforços que foram feitos no
sentido de compreender este fenómeno e possivelmente dar assistência às
pessoas que sofrem de perturbações no âmbito psicológico.

Várias teorias da personalidade emergiram do contexto próprio de actividade de


psicólogos, sendo o mais predominante o contexto clínico. As teorias baseadas
no contexto clínico foram construídas com base nos dados colhidos em
entrevistas com indivíduos perturbados. Outras teorias surgiram das
observações e experiências laboratoriais as quais privilegiam o método
estatístico para analisar e interpretar os fenómenos relacionados com o estudo
da personalidade. Usam predominatemente quantidades consideráveis de
pessoas normais a serem observadas ou mesmo animais.

Teorias Psicodinâmicas da Personalidade

Estas teorias baseiam-se na importância dos motivos e emoções e outras forças


internas para explicar a natureza e desenvolvimento da personalidade
argumentando que os conflitos psicológicos resolvem-se sempre no período em
que a infância começa. Dos defensores destas teorias podemos citar Sigmund
Freud, Carl Jung, Alfred Adler, Caren Horney, Harry Stack Sulivan e Eric Erikson.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 143

A teoria Psicanalítica de Sigmund Freud

No início deste capítulo referimo-nos de Freud quando abordávamos a questão


das tipologias da personalidade. Sigmund Freud nasceu e morreu entre 1856 e
1939. A sua teoria da personalidade foi desenvolvida quando trabalhava com
pacientes neuróticos na busca de “insights” que lhe permitissem entender a
personalidade humana. Das experiências colhidas nas observações construiu
uma teoria que se designou de Psicanálise a qual explicava os eventos normais
e anormais e o modo de tratamento destes últimos. A teoria Freudiana foi
construída em torno de um conceito-chave que ele designou de inconsciente.

O conceito do inconsciente de Freud

Para Freud, os aspectos conscientes (memórias, pensamentos, sentimentos,


desejos) nas pessoas constituem apenas uma pequeníssima parte da vida
psíquica do indivíduo. Abaixo da percepção existem aqueles que ele chamou de
pré-conscientes os quais às vezes podem ser recuperados e trazidos à
consciência. Contudo, grande parte dos eventos psicológicos encontram-se
alojados no inconsciente que constitui um vasto arsenal dos eventos da nossa
vida psíquica. Neste arsenal é onde se alojam os desejos do indivíduo que até
certo ponto podem ser trazidos à consciência através dos sonhos, lapsos de
linguagem, enganos, acidentes e livre associação.

A teroria Freudiana advoga que os impulsos, as lembranças dolorosas das


experiências adquiridas na infância são guardados no inconsciente. Esses,
impulsos são vistos por Freud como sendo impulsos sexuais. A palavra
sexualidade para Freud representava todas as acções e pensamentos que dão
prazer e não propriamente o acto sexual. Estes impulsos produzem uma energia
psíquica que se chama libido a força motora do comportamento e actividade
humana. Se os impulsos sexuais não são satisfeitos, a energia psíquica vai-se
acumular provocando uma pressão que pode ser aumentada pelos conflitos.
144 Lição nº 2

Para Freud, a personalidade é composta por três instâncias fundamentais: o id, o


ego e o superego. O id é a parte da personalidade dominada pels impulsos. O id
não possui valores morais e guia-se pelo principio do prazer o qual pressiona-o
constantemente para que os impulsos seam satisfeito sob o risco de eles se
tornarem nocivos a personalidade e criar, portanto, disturbios psíquicos. Estes
prazers podem ser satisfeitos também através do sonho que constitui portanto,
um escape. Freud considera que este processo primário constitui uma forma
infantil de actividade mental.

O ego é para Freud a consciência e surge nas crianças como uma forma de
relação com o ambiente e serve para regular os desejos e necessidades próprias
destas. O ego vem do id e foi modificado pela sua proximidade com o mundo
exterior. A tarefa fundamental do ego é identificar quais os objectos reais
capazes de satisfazer as necessidades do id. O ego é controlável e actual sob o
princípio da realidade, isto é, diferentemente do id, ele procura a satisfação das
necessidades olhando para a realidade.

O superego é a instância do psíquico que lida com as normas sociais. Ele força o
id levando-o a observar as normas e valores morais na satisfação das
necessidades do indivíduo.

Freud e desenvolvimento da personalidade

Na concepção de Freud a personalidade é moldada a partir da infância quando a


criança tenta satisfazer as suas necessidades através das fases psicossexuais.
O termo psicossexual refere-se a libido (energia sexual) a qual se centra em
diferentes partes do corpo ao longo do desenvolvimento da criança. Segundo
Freud esta energia libidinal situa-se fundamentalmente na boca, no ânus e nos
órgãos genitais e vai se focalizando nestas diferentes zonas ao longo do
desenvolvimento da criança. Portanto, quando ela se fixa numa determinada
zona o indivÍduo procura a satisfação dos seus desejos através desta zona

Fase oral (primeiro ano de vida)


Psicologia Geral: Ensino à Distância 145

Durante os primeiros momentos de vida da criança, a energia libidinal centra-se


na boca fundamentalmente levando a que o bebé tenha prazer em sugar, morder
os objectos com os quais se relaciona. O desmame constitui uma fase de
conflito, porque a criança quererá ainda continuar a chupar o seio da mãe como
uma forma de libertação das energias libidinais que se encontram alojados na
zona buco-labial. Se esta fase nao for suficientemente satisfeita correr-se-á já na
vida adulta o risco de exibir tendências e traços orais que se manifestam através
da gula, dependência, e passividade, fumar, mastigar pastilhas, falar
excessivamente.

Fase anal (2-3 anos)

Esta fase ocorre durante o segundo ano de vida da criança e consiste no prazer
que ela tem de reter e expelir as feses. O prazer da criança neste caso consiste
em reter e expelir os esfincteres colidindo assim com as restrições da sociedade.
O grande conflito na criança surge, portanto, na tentativa de educá-la a controlar
através do uso do toilete os seus esfincteres levando a que algumas
desobedeçam a ordem dos seus superiores tentando evacuar em lugares
inoportunos. A retenção dos esfincteres pela criança cria um prazer suave nas
paredes dos intestinos levando-as a repetir esta sensação agradável.

Fase fálica (3-5 anos)

Segundo Freud, esta fase é uma fase em que as crinças descobrem os seus
órgãos sexuais genitais e sua função de criação do prazer. É uma fase segundo
ele em que a criança começa com as suas aventuras sexuais como por exemplo
a masturbação. Nesta fase, a criança projecta um amor excessivo ao pai ou mãe
do sexo oposto tornando-se rival com um dos pais do mesmo sexo. Este conflito,
quando ocorre com uma criança do sexo feminino é designado de complexo de
electra e quando ocorre com criança do sexo masculino, designa-se de
complexo de edipo.

A fase de latência ( 6 anos à puberdade)

Para Freud, a personalidade encontra-se quase essencialmente formada na fase


fálica. Nessta fase as necessidades sexuais da criança encontram-se como que
adormecidas sem ocorrência de algum conflito de personalidade. Este período é
também designado de fase de lactência.
146 Lição nº 2

A fase genital (adolescência)

Esta fase coincide com a chegada da puberdade em que os interesses sexuais


tornam-se novamente a revelarem-se. Nesta fase, as actividades orientam-se
para a cultura e as pessoas criam relações umas às outras.

Crítica a teoria psicanalítica

A teoria Psicanalítica de Freud teve seu mérito no sentido de que trouxe muitos
conceitos para o público em geral. Conceitos como necessidades orais, impulsos
inconscientes, complexos de édipo, etc, são alguns dos mais comumente
usados. Por outro lado, os cientistas concorda com o facto de que se deve ter
em conta a experiência inicial quando se analisa a questão do desenvolvimento
da personalidade e que as pessoas são, por vezes, influenciadas por motivos
inconscientes.

No entanto, a teoria freudiana sofreu duras críticas por não considerar na sua
abordagem as influências sociais e culturais sobre o desenvolvimento da
personalidade. Os procedimentos usados por Freud e a linguagem usada por
este é igualmente contestada por alguns cientistas.

Exercícios

Indique quais as componentes da personalidade que poderiam ser rotulados


como pertencentes ao id, ego e superego.

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2. Indique algumas ideias freudianas que podem ser testadas através de


observações directas. Indique as que não podem ser verificadas através da
observação.

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Psicologia Geral: Ensino à Distância 147

Lição nº 3

Teorias neufreudianas

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Descrever as teorias neofreudianas e fenomenológicas da


personalidade;
• Indicar as diferentes abordagens da personalidade de acordo com as
teorias neofreudianas e comparar com as teorias fenomenológicas;
Conceitos fundamentais: Introversão e extroversão, o eu.

Carl Gustav Jung

Nasceu e morreu entre 1875 e 1961. Foi um psiquiatra suiço discípulo de Freud
mas separou-se deste criando a sua própria noção de personalidade. Ele
discordava com Freud sobre a noção de que a libido representava inteiramente a
sexualidade e que estava orientada para o princípio do prazer. Ele introduziu a
noção do incosciente colectivo para explicar a ideia de que os seres humanos
trazem consigo um inconsciente colectivo o qual detêm as memórias dos
ancestrais, suas memórias e experiências. De acordo com Jung estas memórias
produzem desilusões e fantasias. Há presunção de que os mitos religiosos e os
enunciados poéticos provenham desta fonte. Jung considera que as pessoas
também nascem com um inconsciente pessoal onde guardam as memórias
individuais reprimidas.

Alfred Adler

Nasceu e viveu entre 1870 e 1937. Foi um psiquiatra suiço também discípulo de
Freud que veio se afastar dele mais tarde. Como Jung não concordou com a
atribuição da sexualidade como força fundamental da personalidade. Deu maior
148 Lição nº 3

valor às influências culturais sobre o comportamento, argumentando que a


personalidade é estritamente ligada ao aspecto social. Colocou a questão dos
sentimentos de inferioridade como ligada à motivação.

Karen Horney

Uma psicóloga alemã que nasceu e viveu entre 1885 a 1952 também uma das
seguidoras de Freud. Como Adler. Ela dá importância ao contexto social no
desenvolvimento da personalidade e considera que as ideias de Freud eram
muito rígidas. Negou a teoria do impulso avançada por Freud e considerou que a
personalidade é resultado das experiências variadas das crianças. Atribuiu um
efeito nefasto do isolamento e desamparo como consquência das primeiras
interacções entre pais e filhos, as quais bloqueiam o crescimento interior da
criança.

Hurry Stack Sullivan

Foi um psiquiatra americano viveu entre 1892 e 1949. Como Adler e Horney deu
maior importância aos relacionamentos sociais no desenvolvimento da
personalidade. Considerava que os comportamentos desviantes ou aceitáveis
moldam-se através da interacção com os pais durante a fase da socialização da
criança. Considerou que o comportamento das pessoas era impelido por dois
tipos de necessidades: as de segurança e as biológicas.

Erik Erikson

Nasceu em 1902 e foi um psicanalista americano que teve muitos antecedentes


internacionais. De acordo com este psicanalista as personalidades formam-se à
medida que as pessoas vao progredindo pelos estágios psicossociais através da
vida. Em cada novo estágio surge sempre um conflito a resolver na qual há
sempre uma solução positiva e uma negativa para cada problema. Estes
conflitos sempre existem a partir do nascimento mas se tornam predominantes
em cada em cada ponto específico da vida.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 149

Idade aproximada Fases psicossexuais de Fases psicossociais de


Freud Erikson

Primeiro ano Oral Confiança básica vs.


Desconfiança

2-3 anos Anal Autonomia vs. vergonha,


duvida

3-5 anos Fálica Iniciativa vs. Culpa

6 anos à puberdade Latência Deligência vs. Inferioridade

Adolescência Genital Identidade vs. confusão de


papel

Adulto jovem Intimidade vs. Isolamento

Meia-idade Geratividade vs. auto


absorção

Idade adulta ulterior Integridade vs. Desespero

Exercico

1. Destaque as diferenças e semelhanças entre as teorias freudianas e


neofreudianas.

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2. Faça um quadro comparativo das fases de desenvolvimento de Freud e


Erikson.

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150 Lição nº 3

3. Como testaria as ideias de Erikson de que todos os adolecescentes sentem


uma crise de identidade?

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Teorias Fenomenológicas da personalidade

As teorias fenomenológicas da personalidade baseiam-se em procurar entender


os “eus” e suas perspectivas de vida. Os cientistas fenomenológicos assumem
uma visão que parte do princípio de que para se estudar um indivíduo, é preciso
partir do conceito da sua totalidade e não em partes. A visão adoptada é uma
visão holística na qual não se deve estudar um fenómeno fragmentando-o. Os
fenomenalistas consideram o “eu” como um fenómeno interno que se forma
através de interacções com o mundo circundante. O modelo do “eu” influencia as
acções do indivíduo, e estes, por sua vez, afectam o próprio modelo do eu. Na
perspectiva fenomenológica o objecto central da motovação humana é lutar por
autorealizar-se.

A teoria do “Eu” de Carl Rogers

Carl Rogers nasceu em 1902 e foi um proeminente psicológo bem conhecido na


arena cientifica.

O “eu” ou “autoconceito” são termos que definem um padrão organizado, e


coerente de características percebidas do “eu” ou “mim” que se acrescem aos
valores concedidos a esses atributos (Davidoff, 1983:532). Este auto conceito se
desenvolve nas crianças através da observação de como elas próprias
funcionam vigiando o comportamento dos outros. As crianças em idade mais
nova começam muito cedo a conhecer e ter consciência do que é ou não
coerente e atribuem-se a si os mesmos traços específicos (ex; enervar-se
facilmente ou ter uma certa energia). Portanto, a infância para Rogers é um
momento especial e oportuno para desenvolver a persornalidade. Ele dá
importância aos efeitos duradoiros do das relações sociais como os
neofreudianos os consideram. Ele considera também que todos precisam de
uma consideração positiva, de receberem calor e aceitação de outras pessoas e
Psicologia Geral: Ensino à Distância 151

as crianças tendem sempre a fazer qualquer coisa para que obtenha essa
consideração positiva calor e aceitação.

O que leva as pessoas a acção é o desejo de realizar as suas pontencialidades.

Exercicios

1. Destaque a semelhança e diferenças entre as teorias de Roger e de


Freud.

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2. Explique a essência da teoria fenomenológica.

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152 Lição nº 4

Lição nº 4

Teorias Disposicionais ou Traços


da Personalidade

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Descrever as teorias disposicionais ou de traços da personalidade;


• Indicar as diferentes abordagens da personalidade de acordo com as
teorias disposicionais ou de traços da personalidade.
Conceitos fundamentais: figura fundo, agrupamento, constância.

A definição da personalidade estendeu-se desde a constituição biotipológica


(cor dos olhos, dos cabelos, da pele, etc.) à estatura do corpo, assim como às
maneiras como o indivíduo se relaciona com o mundo (temperamento, traços
afectivos, etc.)

As Teorias Disposicionais ou de Traços da Personalidade caracterizam a


personalidade atribuindo-lhe certos traços. Os traços são características
isoladas. Por exemplo, descrever um indivíduo como submisso, intelectual são
apenas alguns dos exemplos da teoria dos traços da personalidade.

Outra forma de descrever a personalidade é tipificá-la. A tipificação é de certa


maneira um pouco diferente da atribuição dos traços pelo seguinte:

1. Os traços referem-se a certos aspectos específicos da personalidade,


enquanto que a tipificação faz referência à personalidade inteira;

2. A tipificação tende por sua vez aglomerar os traços específicos. Um tipo


intelectual, por exemplo, pode ter um coeficiente de inteligência alto e
baixa capacidade social e atlética.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 153

A teoria dos traços de Raymond Cattell

Raymond Cattell nasceu em 1905 e foi um grande pesquisador interessando-se


em medir os principais componentes da personalidade. Ele e os eus associados
conseguiram colectar 18.000 palavras inglesas que são usadas para caracterizar
pessoas. Este número foi depois reduzido através de omissões de expressões
raras e sobrepostas para aproximadamente 200 itens. Para tornar a lista mais
compacta Catell pediu que os seus associados usassem essas palavras para se
descreverem a si próprios e aos seus amigos. As expressões utilizadas foram
analisadas usando um método matemático a que ficou conhecido por análise
factorial. Estes termos eram depois correlacionados entre si para verificar se
aqueles que pertenciam ao mesmo traço estavam ou não relacionados. Deste
correlacionamento foram identificados dezasseis grupos que foram depois
rotulados com letras (A, B, C, F, H, I ,L M, N, Q1, Q2, Q3, Q4) e posteriormente
com nomes dos traços os quais foram considerados como dimensões básicas da
personalidade. Consulte o gráfico no livro Linda Davidoff.

Catell e seus associados desenvolveram também vários questionários para


recolha de auto relatos dos indivíduos e grupos.

A Teoria dos Tipos de William Sheldon (1898 e 1977)

As teorias tipológicas preocupam-se fundamentalmetne em descrever os traços


da personalidade consoante um determinado tipo de corpo. Para Sheldon
consoante o corpo de indivíduo este tenderá a manifestar um certo tipo de de
personalidade. Na sua óptica ele argumentava que todo o ser possui
características físicas que, por sua vez, determinam as actividades deste. Nesse
conjunto de actividades há uma tendência de se destacar as mais salientes.

Contudo, há uma distinção a fazer. Enquanto as teorias procuram indicar as


características que convêm a um determinado indivíduo, as tipologias visam
integrar os indivíduos em dados tipos constituidos segundo características
comuns. Isto é, as teorias caracterizam o indivíduo, as tipologias procuram a
inclusão do indivíduo em classes.
154 Lição nº 4

Assim, a caracterologia esforça-se por encontrar elementos comuns, cuja


combinação torne possível definir tipos de carácter ou temperamento. Algumas
destas biotipologias pertence a Sheldon, Kretschmer e Corman.

Sheldon: este caracterólogo procurou avaliar certos aspectos da personalidade


a que chamou temperamento, fazendo-os depender de três componentes
morfológicos: endomorfia, mesomorfia e ectomorfia.

Estes termos provêm do nome das três camadas de células do indivíduo, sendo
a endoderme a que origina os aparelhos digestivo e respiratório. Da mesoderme
formam-se os músculos e o esqueleto. A ectoderme é responsável pela
superfície do corpo e aparelhos sensoriais, bem como pelo sistema nervoso.

Assim se constituem somatótipos diferentes, consoante a predominância


daquelas dimensões numa escala que Sheldon considera de um a sete.

Tipo somático endomorfo – corresponde ao indivíduo gordo, abdómen


saliente, com braços curtos, pescoço baixo, cabelos finos e tendência à calvície
precoce; a este conjunto de disposições Sheldon correlacionou com o tipo de
temperamento viscerotónico cujas características são: (relaxamento da atitude e
do movimento, gosto pelo conforto físico, reacções lentas, prazer em dirigir,
avidez por afeição e apropriação, igualdade do fluxo emocional, contentamento
consigo próprio, comunicação fácil e livre dos sentimentos, extrovertido, etc).
No mesomorfo – o volume do tórax é superior ao do abdómen, os membros são
musculados, os ossos fortes e salintes, tendo no seu conjunto uma estrutura
robusta; à essas características morfológicas corresponde o temperamento
somatotónico cujas características são: (firmeza da atitude e do movimento,
gosto pelas acções físicas e pelo risco, dureza psicológica, ausência de piedade
e de delicadeza, indiferença pela dor, extrovertido, necessidade de acção em
caso de aflição, etc).

O ectomorfo – é marcado pela fragilidade e delicadeza do corpo, é magro, tem


ombros estreitos e o tronco curvado para frente, pele fina e de cor pálida; que
corresponde ao temperamento cerebrotónico cujas características são: (retenção
da atitude e do movimento, reacções fisiológicas excessivas, segredo
sentimental, hipersensibilidade dor, introvertido, necessidade de solidão em caso
de aflição, etc).
Psicologia Geral: Ensino à Distância 155

Uma das críticas apontadas às conclusões de Sheldon, centra-se no método


usado nas suas investigações. Como foi a mesma pessoa a classificar a
estrutura física e a determinar os tipos de temperamento, pode ter sido
influenciada pelo físico de um indivíduo, quando procurava classificá-lo
temperalmente e outra está relacionada com o facto de Sheldon considerar que
as correlações entre tipo somático e temperamento são inatas e hereditárias.

A tipologia de Kretschmer

Kretschmer um psiquiatra alemão Kretschmer apresentou também a sua


tipologia marcadamente morfológica construida com base na observação de
casos patológicos. Kretschmer propôs no seu quadro de personalidade três tipos
morfológicos fundamentais a saber: o pícnico, o atlético e o leptossómico
correspondentes ao endomorfo, mesomorfo e ectomorfo na tipologia de sheldon.

O pícnico possui uma característica corporal caracteirzada por predominância


da extroversão, quer dizer, aberto para com os outros e com pouca profundidade
nos seus sentimentos. No sentido patológico, o pícnico pode tender a um
comportamento maníaco depressivo.

O tipo atlético é caracterizado pela rigidez e tenacidade do tonus muscular bem


como nas suas na atitudes e possui uma vida sentimental predominantemente
pouco expressiva. O atlético é perservado quanto ao alcance dos seus
objectivos. No sentido patológico ele tende a apresentar sintomas epilépticos.

O leptossómico é um indivíduo caracterizado pela predominância da


introversão e tende a se fechar no seu proprio mundo de ideias conservando-se
distante das pessoas que rodeiam. Em contrapartida o leptossómatico conserva
sentimentos muito profundos. No plano patológico conserva um quadro tendente
à esquizofrenia.
156 Lição nº 5

Lição nº 5

Teoria behaviorista da
personalidade

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Descrever as teorias behavioristas da personalidade


• Indicar as diferentes abordagens das teorias behavioriastas da
personanalidade
• Indicar e descrever os principais transtornos da personalidade.
Conceitos fundamentais: personalidade esquizoide, esquizotípica

Os behavioristas ou comportamentalistas tendem a dar muita importância à


experimentação obervando e medindo respostas fisiológicas, actos observáveis
e outros fenómenos passíves de medição. Para entender o que é a
personalidade as vezes utilizam animais em laboratórios os quais são
submetidos a experiências próprias.

O Behaviorismo de B. F. Skinner

Skinner nasceu em 1904 e destacou-se no trabalho com animais nos


laboratórios condicionando o comportamento destes. O seu trabalho baseou-se
em condicionamento operante. A sua visão de personalidade associa-se ao
behaviorismo radical. Skinner considera que a personalidde é apenas uma ficção
na qual as pessoas tentam fazer inferências sobre características subjacentes
(motivos, traços , capacidades) as quais só existem na mente do observador e
não na pessoa visada. Ele considera que o trabalho dos psicólogos deve
focalizar na compreensão do que os organismos fazem.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 157

As ideias de Skinner sobre o comportamento é de que este só pode ser


explicado através de forças genéticas e ambientais. Ele dá importância à
experiência e os princípios simples de condicionamento como por exemplo o
reforço, a extinção, contracondicionamento e discriminação na produção de um
comportamento dado.

Skinner considera ainda que o comportamento de um indivíduo depende de


factores essencialmente independentes, portanto incontroláveis. Não se deve por
isso esperar uma coerência entre esses factores.

Transtornos da personalidade

Os transtornos da personalidade represntam funções mal-adapativas dos


próprios traços de personaldade de um indivíduo. Isto quer dizer que um
transtorno de personalidade começa quando aquilo que consideramos um traço
normal de personalidade de um indivíduo atinge dimensões anormais,
apresentando sintomas patológicos. Existem tantos tipos de transtornos de
personalidade quanto os diferentes enfoques em relação a esta matéria.
Contudo, nós nos iremos referir a alguns destes transtornos que consideramos
fundamentais para o seu estudo. Os seus conhecimentos sobre os transtornos
de personalidade poderão ser enriquecidos lendo fichas adicionais sobre esta
matéria.

A personalidade Paranóide

Um paranóico vive constantemente desconfiando e suspeitando que os outros o


maltram ou enganam-no. Ele levanta sempre dúvidas sem fundamento acerca do
grau de sinceridade e lealdade e cada vez confia menos aos seus amigos. A sua
desconfiança pelos seus amigos fundamenta-se no facto de que estes podem
estar a usar informações a seu respeito para o denigrir. Ele vê maldade e
humilhação em todos os acontecimentos sejam eles benignos ou malignos e
guarda rancores para com as pessoas. Não permite a que outras pessoas o
insultem. Quando se lhe é atacado ele reage rapidamente com com raiva e
contra-ataca. Frequentemente suspeita do seu parceiro sexual ou cônjuge.
Transtorno da Personalidade Paranóide
158 Lição nº 5

Personalidade esquizóide

O esquizóide não gosta de se relacionar intimamente com ninguém e nem


deseja fazer parte de uma família. Opta por actividades solitárias e não se
interessa em adquirir experiências sexuais com outra pessoa. Não consegue
construir uma amizade íntima se não com os seus parentes de primeiro grau.
Mostra-se completamente apático e indiferente às críticas de outras pessoas. É
emocionalmente frio e distantancia-se dos outros.

Personalidade anti-social

O anti-social apresenta fraquezas quanto ao cumprimento das normas sociais.


Tende a enganar as pessoas mentindo frequentemente para obter vantagens
pessoais. É impulsivo e não consegue planificar o seu futuro. Irrita-se e agride
corporalmente e com frequência os seus opositores. Mostra um desrepeito pela
sua propria segurança e da dos outros, assim como pelo trabalho e não gosta de
honrar com as suas obrigações financeiras. O anti-social é um individuo sem
remorsos por ter ferido ou roubado alguem.

Personalidade Esquizotípica

O esquizotípico acredita de uma forma bizarra em superstições, telepatias,


crença em clarividência ou no “sexto sentido”. Tem preocupações bizarras e é
assolado de experiências perceptivas foram do comum inculindo ilusões
somáticas. O seu discurso é vago, circunstancial e cheio de metáforas.
Desconfia sempre nas pessoas. Não tem amigos íntimos e sofre de ansiedade
social em excesso apresentando um comportamento esquisito e peculiar.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 159

Lição nº 6

Factores que influenciam o


desenvonvimento da
personalidade

Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Indicar e descrever os factores que inlfuenciam o desenvolvimento da


personalidade.
• Comparar os diversos factores que influenciam o desenvolvimento da
personalidade.
Conceito fundamental: Hereditariedade

O desenvolvimento da personalidade do Homem não começa apenas na idade


adulta. Podemos dizer que a idade adulta marca o culmunar de uma série de
transformações quer ao nível psíquico como biológico que ocorreram ao longo
do tempo. Desde ao seu nascimento ou mesmo antes disso, o indivíduo é
exposto a uma série de estimulações de diversa ordem. Estas estimulações
influem no seu crescimento, isto é, ditam de certa forma o seu desenvolvimento
psíquico, biológico, quer dizer, da sua personalidade. De entre as diversas
estimulações que o indivíduo recebe e por sinal as mais marcantes parecem ser
de origem ambiental. Entendemos por estimulações do meio ambiente tudo
aquilo que circunda o indivíduo.

Contudo, o indivíduo muito antes de tornar um ser social recebe dos seus
progenitores uma carga biogenética que o permite adaptar-se às condições
160 Lição nº 6

adversas do meio ambinte. A carga genética (hereditária) é aquilo que o


indivíduo recebe como heran,ca física transmitida pelos seus progenitores (pais)
no momento da gestação.
O meio ambiente é influenciado por vários outros factores de entre os quais se
destacam:

O meio químico pré-natal que corresponde às influências de ordem química que


o fecto recebe na altura da gestação. É sabido quão são influentes os diferentes
agentes químicos (drogas) no desenvolvimento do fecto. Isto significa que se a
mãe do bebé é alcólatra poderá influenciar no desenvolvimento da criança.
Possivelmente se deformará devido aos efeitos nocivos do álcool ou outras
drogas consumidas pela mãe.

Do mesmo modo que as influências químicas pré-natais afectam o


desenvolvimento do fecto materno, o bebé sofrerá outros efeitos químicos após o
seu nascimento; o meio químco pós-natal. Depois de nascer o bebé
frequentemente está em contacto com agentes nocivos do ambiente. Comidas
contaminadas por bactérias, falta de oxigénio ou nutrição inadequada afectarão o
desenvolvimento deste bebé

O outro factor determinante no desenvolvimento do indivíduo são as chamadas


experiências sensoriais constantes. Os órgãos dos sentidos processam uma
série de eventos quer antes ou depois do nascimento do indivíduo. Quando o
indivíduo nasce é recebido no meio ambiente por uma variedade de estímulos
que variam constantemente (vozes, sons, cheiros, contactos, etc). Estes
estímulos têm uma influência marcante nos órgãos dos sentidos do bebé.

Eventos físicos traumáticos refere-se à força com que os estímulos actuam no


organismo do indivíduo podendo influenciar a qualidade os órgãos dos sentidos
e consequentemente a sua capacidade de os discernir os diversos elementos da
natureza. Imagine, por exemplo, que a criança sofreu um truma qualquer, esteve
exposta a sons violentos. Ela desenvolverá uma fobia por sons altos.

Outro elemento fundamental a ter em conta em relação é o facto de que diversas


crianças possuem condições de crescimento diferentes. Pense, por exemplo,
numa criança que viva numa grande cidade cujos pais sejam bem euducados e
Psicologia Geral: Ensino à Distância 161

possuam uma condição económica favorável. Esta criança estará rodeiada de


brinquedos, computadores, televisão que lhe ajudarão a se desenvolver
rapidamente. Agora pense numa criança cujos pais são camponeses e vivem
numa zona rural remota, sem televisão, nem computador. Esta criança terá uma
maneira de visualizar o mundo que é diferente do da criança que vive na cidade.

O meio ambiente interage continuamente com a hereditariedade influenciando o


desenvolvimento do indivíduo. A criança nasce com o certo material genético do
útero da sua mãe e o meio ambiente vai dando forma ao recém-nascido através
de estimulações de diversa natureza. Tanto no meio uterino como fora deste as
condições podem mudar afectando o desenvolvimento do indivíduo.

A hereditariedade e desenvolvimento da personalidade do indivíduo


O estudo da forma como a hereditariedade influencia o desenvolvimento do
indivíduo tem sido matéria de estudo pelos psicólogos. Já em 1860 o psicólogo
Francis Galton se interessou em saber o grau de influência da genética sobre os
indivíduos génios.

De certeza que já ouviu também falar de Charles Darwin e a sua teoria de


desenvolvimento das espécies. Galton querendo um esclarecimento sobre como
os individuos podem ser semelhantes aos seus progenitores estudou uma série
de personalidades ilustres desde engenheiros, advogados, médicos. Dos
resultados obtidos notou que várias destas personalidades tinham parentes que
outrora também se evidenciaram em algumas dessas áreas. Descobriu também
que a consanguinidade desempenhava um papel importante no desenvolvimento
das pessoas. Isto é, os parentes consanguíneos e uma família de ilustres tinham
mais probabilidades de serem ilustres que os não consaguíneos. É o que se diz
na linguagem popular “filho de peixe sabe nadar”. Quer dizer, há uma certa dose
de informação genética que é transmitida para o filho que vai influenciar de certa
maneira no desenvolviemento deste.

Em estudos semelhantes com gémeos univolares demonstraram uma


coincidência entre os indivíduos quanto à questão de sociabilidade, pois estes
tendiam a ser mais introvertidos (tímidos, reservados e retraidos) ou
extrovertidos (comunicativos, activos e amistosos) do ponto de vista social que
os gémeos fraternos.
162 Lição nº 6

Estes estudos mostram perfeitamente quão é influente a questão de


hereditariedade no desenvolvimento da persoanlidade do indivíduo.

O meio ambiente e desenvolvimento da personalidade


O meio intra-uterino

Ainda no útero da mãe a criança recebe estímulos de diversa natureza. Uma


mãe quando se movimenta o feto reage de uma certa maneira. Não é por acaso
que os médicos aconselham a mulher grávida para se movimentar com cuidado,
não realizar trabalho pesado, priorizar o descanso, durante a gravidez. Estes
movimentos podem afectar o estado do fecto no interior do útero da mãe.

Um outro aspecto importante que advem do meio uterino está ligado com a sua
da mãe durante a fase da gestação. As doenças, especialmente as febres
podem prejudicar tambem o estado do bebé durante a gestação. Outras doenças
crônicas tais como tuberculoses, diabetes, sifilis, gonorreia e infecções urinárias
foram diagnosticadas como podendo afectar o estado de saúde e
desenvolvimento do fecto em crescimento. Se uma mãe durante as primeiras
semanas de gravidez tiver rubéola durrante a gravidez existe uma probabilidade
muito alta de o bebé nascer deformado. Isto é devido ao facto de que os órgãos
dos sentidos, o coração e o sistema nervoso do bebé em formação se
desenvolvem com muita intensidade neste período.

Um dos aspectos a observar também durante a fase da gestação é a dieta da


mulher grávida. Pense nos conselhos médicos dados à sua parceira ou esposa
durante a gravidez. Ela sempre deve seleccionar os alimentos que come. As
mães subnutridas não são capazes alimentar adequadamente o bebé em
crescimento nem a si mesmas e isso ameaça o desenvolvimento do bebé.

Embora seja difícil de fazer um diagnóstico eficaz da influência dos produtos


químicos na saúde da criança é já sabido que seu uso abusivo pela mãe durante
a gravidez pode também afectar o desenvolvimento do bebé. Mencionamos no
início deste assunto que uma mãe que consome drogas, tais como, alcool,
marijuana, cocaina, etc., pode afectar a saúde do bebé em crescimento.
Um outro aspecto importante é o estado emocional da mãe durante a gravidez.
Uma mãe constantemente perturbada pode criar problemas na saúde do bebé. É
Psicologia Geral: Ensino à Distância 163

evidente que as mulheres grávidas se aborrecem por tudo e por nada


respondendo às emoções de cólera, ansidade. Quando isso acontece ocorre
uma secreção abundante de hormonas da supra-renal que escorrem penetrando
na corrente sanguínea do feto em crescimento. Se essa secreção for excessiva
pode causar danos no feto.

Em suma, o desenvolvimento da personalidade de um indivíduo depende dos


factores ambientais e da hereditariedade. O indivíduo herda dos seus
progenitores todos os códigos genéticos que vão permitir adapatar-se no meio. O
meio ambiente, por sua vez, vai moldando o indivíduo estimulando o seu
crescimento e adaptação as demandas do próprio meio.

Exercícios
1. Peça ao seu amigo ou colega para descrever os traços que
caracterizam a sua pessoa.
2. Descreva os traços específicos em si mesmo.
3. Descreva os traços característicos de cinco crianças da sua
turma.
164 Lição nº 7

Lição nº 7

Formas instrumentos utilizados


na mensuração da personalidade
Duração: 2 (duas) horas

Ao terminar esta lição será capaz de:

• Indicar e descrever os principais instrumentos utilizados na mensuração


da personalidade;
• Conhecer e descrever as limitações técnicas de cada instrumento.
Conceitos fundamentais: testes objectivos e testes projectivos

Desde há muito tempo se preocuparam sobre como medir a personalidade do


indivíduo, como diagnosticar e expilcar os diversos tipos de personalidade já
decritos. Na verdade não é fácil fazer-se uma mensuração da personalidade.
Nos últimos tempos verificou-se um interesse acentuado no desenvolvimento de
instrumentos capazes de diagnosticar a personalidade de um indivíduo. Destes
intrumentos se destacam as entrevistas, técnicas de observação e Testes.

Entrevistas

Constitui a técnica mais usada para avaliar a personalidade de um indivíduo.


Esta técnica é amplamente usada em ambientes educacionais e vocacionais
através de colecta de informação de uma forma individual aos sujeitos visados.
Na técnica de entrevista, o entrevistador formula uma série de perguntas orais ao
sujeito visado com o intuito de penetrar no seu interior analisando as suas
respostas. Uma entrevista pode ser caracterizada por observação participante. O
entrevistador é ao mesmo tempo observador e participa no processo.

No entanto, uma entrevista tem os seus pontos fortes e pontos fracos. Casos
existem em que o entrevistado é influenciado pelo entrevistador quer sugerindo
as respostas que este pode dar, quer através da sua presença física. A
entrevista pode criar um envolvimento emocional entre o entrevistado e o
Psicologia Geral: Ensino à Distância 165

entrevistador distorcendo, consequentemente, a informação dada pelo


entrevistado. Por outro lado, os dados fornecidos pelo entrevistador podem não
ser exactos. Contudo, as entrevistas têm a vantagem de permitir a que o
investigador possa seguir um indício e depois voltar para trás se constatar que
existem falhas na informação dada. A efectividade desta técnica depende da
maneira como o entrevistador obtem e interpreta os dados colhidos.

Observações participantes e experiencias controladas

Às vezes, a medição da personalidade tem como base as observações do


comportamento do indivíduo em condições bem controladas ou em ambientes
naturais. As observações e experiencias controladas tem a vantagem de reduzir
as distorções e aumentam a precisão. Suponhamos que você estivesse
interessado em seleccionar alunos com capaidades de construir uma casa uma
palhota, por exemplo. Você pode observar estes indivíduos dando-os uma tarefa
semelhante ao da construção da palhota. Depois seleccionará o mais habilidoso
de entre os participantes na experiência. Um dos problemas, por exemplo, das
experiementações é de colocar as pessoas em situações artificiais e inventadas
que não estão de acordo com a realidade. Nestas situações, o psicólogo não irá
se esclarecer a respeito das matérias pessoais.

Os testes de personalidade

Os testes de personalidade dividem-se em dois grandes gupos; os testes


objectivos e os testes projectivos.

Os testes objectivos

Os instrumentos classificados de objectivos são considerados como produzindo


os mesmos dados em qualquer lugar onde são aplicados. Este tipo de testes
sofrem pouco das influências do indivíduo que as aplica. O teste de Estudo de
Valores desenvolvido por Gordon Allport e seus colaboradores é um teste
objectivo que visa avaliar os valores das pessoas e baseia-se em seis tipos de
valores; valores religiosos (tem a ver com o senso de unidade no indivíduo),
políticos (aspiração ao poder), sociais ( tem a ver com o serviço e o amor dos
seres humanos) estéticos (forma e harmonia), económicos (enfatiza o que é útil)
e os teóricos (que buscam a verdade). O teste de valores baseia-se em
respostas de escolha múltipla e cada opção de resposta corresponde a um
determinado valor. Em estudos efectuados usando este teste onde participaram
166 Lição nº 7

homens e mulheres verificou-se que as mulhere tem mais inclinação para os


valores religiosos, sociais e estéticos e os Homens uma inclinação para os
valores teóricos, económicos e políticos. Veja na tabela abaixo o exemplo de
perguntas de Teste de Valores de Gordon Allport e seus colaboradores.

Quadro ... Perguntas represenativas do teste de estudo de valores.

1. Supondo que tenha capacidade suficiente, você prefereria ser


(a) um banquerio ou (b) político?

2. Numa discussão à noite com amigos do seu próprio sexo,


todos íntimos, você está mais interessado quando fala a
respeito (a) do significado da vida, (b) dos desenvolvimentos
na ciencia, (c) da leitura ou (d) do socialismo e melhria social?

O Inventário Psicológico Califórnia (IPC) é um teste objectivo que avalia dezoito


dimensões de personalidade que avaliam as interacções sociais, tais como, a
socialbilidade, auto-aceitação, auto-controle e flexibilidade. É um teste que
contém 450 afirmações do tipo verdadeiro ou falso, por exemplo:

• Gosto das reuniões sociais apenas para estar com as


pessoas;

• Ocasionalmente eu falo mal das pessoas;

• Frequentemente as pessoas esperam demais de


mim;

• A minha vida em casa sempre foi feliz;

• Gosto muito de bailes;

• Gosto de Poesia;

• Às vezes sinto que estou para cair aos pedaços.

O Invetário Multifásico de Personalidade Minnesota (MMPI) é um teste


constituido por 550 afirmações de tipo verdadeiro ou falso. Avalia um número
maior de padrões normais de personalidade e pertubações de personalidade. É
composto de escalas que diagnosticam a dimensões tais como a depressão,
paranóia, esquizofrenia, e outros padrões de comportamento anormal.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 167

Limitações dos testes objectivos.

A limitante dos testes objectivos são as mesmas que assolam as mensurações,


dos auto-relatos, pois as pessoas podem decidir não cooperar com o
examinador, consequentemente.

A Reservado Expansivo

B Menos Mais inteligente


inteligente

C Afefctado Emocional.
p/sentimen. Estável

D Submissão Dominante

E Sário Irreflacido

F Epediente Consciencioso

G Tímido Empreendedor

H Realístico Sensivel

I Confiante Desconfiado

L Prático Imaginativo

M Fraco Astuto

N Seguro de si Apreensivo

O conservador Experimentador

Q1 Depend. de Auto-sufuciente
grupo

Q2 descontrolado Controlado

Q3 Relaxado Tenso

Q4

1 2 3 4 5 6 7 8 9 20

._ _ _ _ _ _ pilotos de linhas aéreas _________ Artistas criativos


168 Lição nº 7

Figura Adaptado de Linda Davidoff. Traços fortes de Raymond Cattell, com letras
de A até Q4. Os perfis foram marcados para dois grupos.

Os testes projectivos

Os testes projectivos tem a sua base na perspectiva psicanalítica. O criador da


psicanálise (Sigmund Freud) acreditava que as pessoas podem
inconscientemente projectar ao mundo externo as suas percepções, emoções e
pensamentos. Estes aspectos poderiam ser diagnosticados através do uso de
técnicas projectivas nas quais as pessoas são pedidas para reagirem a
estímulos ambíguos. Por exemplo, o indivíduo pode ser solicitado descrever o
que vê num borrão de tinta constituindo uma história à volta desse borrão.

O Teste de Roschach

Herman Roschach foi o primeiro a usar borrões para descobrir a projecções das
internas das pessoas dando nome ao instrumento que ele utilizou para o efeito.
Este teste consiste em pedir aos sujeitos para descreverem o que veêm numa
mancha de tinta sobre um papel. Cinco dos borrões estão a preto e branco e os
outros cinco contêm um pouco de cor.

Dos indivíduos examinados através do teste de Roschach reflectiram uma


abordagem negativa, insatisfação, crítica e hostilidade à vida. O teste de
Roschach pode-se comparar a uma entrevista altamente estruturada.

O Teste de Apercepção Temática, foi desenvolvido por Henry Murray e


Christina Morgan em 1930, é constituído por uma série de gravuras que retratam
situações concretas suficientemente ambíguas para suscitar da parte do
examinando uma descrição ou narrativa na qual se projectarão características da
sua personalidade.

Parte –se do princípio de que ao elaborar uma narrativa sobre cada uma das
gravuras, o sujeito projecta nessa história sentimentos e pensamentos
inconscientes.

Limitações das Técnicas Projectivas

Os indivíduos subemtidos a esta técnica podem interpretar as mesmas figuras de


uma maneira totalmente diferente. A informação disponível, a habilidade e a
distorção podem influenciar profundamente a interpretação dos dados obtidos
Psicologia Geral: Ensino à Distância 169

através dos testes projectivos. Isso baixa de certa maneira a sua confiabilidade.
Estudos realizados sobre a validade das técnicas projectivas revela conclusões
conflitantes. Assim, aguns estudos rigorosos julgam as medidas projectivas
válidas para certos propósitos, tais como avaliação da grau de perturbação
psicológica e prever a extensão da estadia em hospital psiquiátrico ou avaliar os
estilos cognitivos e emocionais.

As respostas individuais nos testes projectivos são difícel interpretação


170 Lição nº 7

Sumário
Etimologicamente conceito personalidade vem do latim “persona” do qual
derivaram os termos pessoa e personalidade.

Esta referência etimológica é importante porque nos permite chamar-lhe a


atenção para vários aspectos: (i) a ideia de que a personalidade é o conjunto de
características comportamentais e psíquicas que, em diversas situações,
identificam um indivíduo e odistiguem, relativamente, dos outros; (ii) porque,
apesar de a personalidade, enquanto padrão global de modos de agir, pensar e
sentir, não existir e não se constituir independentemente da interacção com o
meio, sublinha um aspecto importante: a permanência.

Também vimos, que as características da personalidade persistem, duram


através do tempo e das situações, embora de forma relativa porque a fixedez
não é compatível com o desenvolvimento pessoal; (iii) a ideia da “máscara”
sugere que a personalidade, pararentemente fácil de captar, se esconde.

Assim sendo é difícil defimir este conceito e as numerosas definições teorias,


características e modos de mensuração traduzem esta dificuldade e dão razão
ao filósofo midieval que dizia “personalidade ultima solitudo” que significa a
personalidade é a última solidão, ou seja, um modo de ser irredutível e muito
próprio.

A personalidadeb é dinâmica, transforma-se com a idade, o tempo, as situações


e o modo cmo as interpretamos. Depende de vários factores. (meio,
hereditariedade e experiências pessoais).

Apsear de tudo, ela torna-nos simultanemente previsíveis e imprevisíveis.

Ao longo deste capítulo analisámos diversas teorias da personalidade e notámos


que elas diferem entre si, isto é, os psicólogos têm pontos de vista dferentes
sobre o mesmo conceito de personalidade. Alguns cientistas dão mais
importância a heriditariedade no desenvolvimento da personalidade e outros às
influências ambientais. Certos cientistas ainda advogam a tipificação da
personalidade usando instrumentos que claramente podem separar os diversos
traços.
Psicologia Geral: Ensino à Distância 171

Estes aspectos só mostram por si que a questão da personalidade requere uma


abordagem teórica mais ampla, holística e diversificada para ser compreendida.
As perguntas que devem ser levantadas no estudo da personalidade são
sobretudo as que se relacionam com as estratégias a usar para o estudo desta.
Como será abordada a personalidade? Será o behaviorismo uma teoria
suficiente para explicar este fenómeno? Ou devemos recorrer a teoria de traços?
Será que alguns fenómenos da personalidade podem ser explicados pela teoria
freudiana ou neofreudiana. Vimos ao longo do nosso estudo que todas estas
teorias deram um contributo enorme no estudo da personalidade e que os
teóricos concordam com alguns aspectos e discordam em outros. Importante sim
seria olhar nos aspectos positivos de uma e outra teoria e utilizar estes aspectos
positivos para explicar o fenómeno da personalidade. O desenvolvimento da
persnoalidade não depende apenas de factor, se não de vários conjugados.
Quando estiver a abordar está questão não deverá se esquecer deste pormenor.
172 Lição nº 7

Exercícios
Actividade 13

Auto-avaliação Descreva o seu próprio perfil ou de um dos seus colegas, amigo(a), irmão(ã),
etc., e destaque o principio fundamental da ordenação dos aspectos
característicos da personalidade do seu amigo (a), irmão(ã) ou da sua própria
personalidade. Quanto ao seu carácter, temperamento e capacidades.

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Psicologia Geral: Ensino à Distância 173

Unidade VII

BIBLIOGRAFIA

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174 Unidade VII

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