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Universidade Licungo

Departamento de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português
1° Ano, Laboral
Disciplina de Linguística-I

Tema: Origem da Linguagem

Discente:

Bernardete Américo Chibalo


Jacinto Chico Cambala
José Mafucua Manuel Mazaja
Maria Joaquim Manuel
Sónia Paulino Menezes Lino

Docente: Msc. Pascoal Guiloviça

Beira

Março de 2023
Universidade Licungo
Faculdade de Educação
Curso de Licenciatura em Ensino de Português
1° Ano, Laboral
Disciplina de Linguística-I

Tema: Origem da Linguagem

Discente:
Bernardete Américo Chibalo
Jacinto Chico Cambala
José Mafucua Manuel Mazaja
Maria Joaquim Manuel
Sónia Paulino Menezes Lino

Docente:
Msc. Pascoal Guiloviça
O presente trabalho constitui
Uma avaliação parcial na disciplina
De Linguística-I a ser apresentado
Na universidade Licungo, departamento
De letras e Humanidades, sob orientação
De Msc. Pascoal Guiloviça

Beira
Março de 2023
Índice

I. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4

II. ESTUDO DA LINGUAGEM ............................................................................... 5

2.1. Conceitos ............................................................................................................... 5

2.2. Pensamento dos antropologistas ............................................................................ 5

III. A NATUREZA DA LINGUAGEM HUMANA ................................................... 6

3.1. Aspectos Gerais ..................................................................................................... 6

3.2. Dom divino para a humanidade ............................................................................. 7

3.3. O que é Linguagem................................................................................................ 8

IV. INVENÇÃO HUMANA OU GRITOS DA NATUREZA .................................. 10

4.1. Noções ................................................................................................................. 10

4.2. Origem da Linguagem ......................................................................................... 12

4.3. Linguagem e Evolução ........................................................................................ 13

V. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 15

VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 16


I. INTRODUÇÃO
Neste presente trabalho vai se abordar sobre origem da linguagem. Ora! A
curiosidade que o Homem tem em querer saber quais às suas origens e natureza, fazem
com que vários pensadores, embora alguns foram á margem dos direitos humanos,
buscassem respostas usando diversas maneiras de investigação, alguns defendem
usando a natureza, embora tem os que usam crianças como cobaias, foram várias teorias
levantadas que falam da origem da linguagem. Segundo Muller (1871) nada seria sem
dúvida mais interessante do que conhecer através de documentos históricos o processo
exacto pelo qual o primeiro homem começou a articular as primeiras palavras, para que
de uma vez por todas nos vermos livres das teorias sobre a origem da fala.

O que é a linguagem!? Como terá surgido? Estas questões serão respondidas no


seu desenvolvimento do trabalho, eis que muitos filósofos têm várias especulações
sobre esta temática e acreditam que o Homem e a linguagem estão intimamente
conectados, poderíamos acreditar também na perspectiva de que a linguagem tem como
sua consistência em manifestação de sentimentos. São teorias que serão claramente
explícitas e definidas com tamanha clareza.

Como objectivo geral pretendemos, através de uma vasta forma de pensamento,


mostrar paulatinamente quais os critérios foram usados para responder a questão sobre a
origem da linguagem.

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II. ESTUDO DA LINGUAGEM

2.1.Conceitos
Todas as religiões e mitologias contêm narrativas sobre a origem da linguagem.
E a característica exclusiva do ser humano é a universalidade da linguagem. Ao longo
dos tempos filósofos têm se especulado sobre este tema, foram escritos tratados sobre o
assunto, atribuíram-se prémios a melhores respostas para estes problemas que suscitam
eterna perplexidade. Tem se defendido teorias da origem divina ou do desenvolvimento
da espécie ou ainda da linguagem como invenção humana (Fronklim e Rodman, 1993,
p.19).

Tanta especulação não é de se admirar, pois, muitas das primitivas teorias sobre
a origem da linguagem resultaram do interesse do homem pelas suas próprias origens e
natureza, isto porque o homem e a linguagem estão intimamente ligados. Pensou-se que
descobrindo: Como, quando e onde nasceu a linguagem, talvez se viesse a descobrir:
Como, quando e onde nasceu o homem. As dificuldades inerentes à resolução destas
questões acerca da linguagem são imensas.

2.2.Pensamento dos antropologistas


Para eles o homem existe há pelo menos um milhão de anos e talvez a cinco ou
seis milhões de anos. Os primeiros registos escritos que foram decifrados datam apenas
de a seis mil anos: São os escritos de sumérios de 4000 a.C. Estes registos são tão
tardios na história do desenvolvimento da linguagem, nada esclarecem quanto à origem
da linguagem. Poderíamos concluir que a procura deste conhecimento está condenada
ao fracasso. A única evidência que temos da língua antiga é a escrita. A língua ou
línguas que os nossos antecessores mais remotos falavam estão irremediavelmente
perdidas, pois, carecem de sistemas de escrita. No final do séc. XIX os estudiosos
estavam mais interessados numa ciência rigorosa que ridicularizaram, ignoraram e até
banalizaram a questão da origem da linguagem.

Em 1866 os linguistas de Páris proscreveram todos os artigos dedicados a este


assunto. Esta interdição viria a ser reconfirmada em 1911 e defendida mais tarde pelo
presidente da sociedade filológica de Londres, Alexander Ellis concluiu: Faremos mais
seguindo a evolução de uma só língua do que enchendo cestos com resmas de papeis
cobertos de especulações sobre a origem de todas as línguas. Em inglês assim como em
muitas outras línguas, recorre-se às formas masculinas dos nomes e pronomes com
5
termo genérico embora vimo-nos constrangidos pelo uso comum. O autor acrescenta
que sempre que se referir a Homens ou humanidade ou outro termo igualmente genérico
espera-se que se considerem estes termos genéricos abrangendo toda a humanidade
excepto quando o seu significado possa dizer respeito especificamente aos membros
machos da espécie.

III. A NATUREZA DA LINGUAGEM HUMANA

3.1.Aspectos Gerais
A prova de que as afirmações de Alexander Ellis não puseram fim ao interesse
pela questão está bem patente no facto de a alguns anos o linguista John P. Hughes se
ter sentido na necessidade de escrever:… todo o trabalho sério em linguística deverá
incluir uma ou duas palavras que se oponham aos disparates crassos sobre este assunto
que ainda é ventilado em suplementos científicos de domingo. De acordo com esta
loucura psiu-evolutiva, baseada apenas em fértil imaginação, a linguagem terá surgido
quando alguns dos ancestrais homens das cavernas tentou contar a tribo, vendo-se então
obrigado a imitar um lobo… ou quando se magoou com o maço ao afiar uma lança de
pedra e ou surgiu como a palavra que significa dor e outras histórias de encantar.

Esta perspectiva afasta-se claramente da que os antropologista escocês, Lord


Monboddo havia proposto duzentos anos antes: A origem de uma arte tão admirável e
tão útil como a linguagem… deverá ser considerada tema, não só de grande
curiosidade, mas também de grande importância e interesse se considerarmos que está
necessariamente ligado a um estudo sobre a natureza original do homem e sobre o
estado primitivo em que se encontrava antes da invenção da língua…

Segundo Fronklim e Rodman (1993) loucura pseudo-evolutiva não surge


apenas em suplementos de domingo. Grandes linguistas e filósofos continuam a
interessar-se por esta questão e teorias especulativas sobre a origem da linguagem têm
proposto perspectivas importantes sobre a natureza e desenvolvimento da linguagem.
Assim, o estudioso Otto Jespersen afirmou que a ciência linguística não pode abster-se
para sempre de se interrogar sobre a origem (e o destino) da evolução linguística. Nesta
perspectiva Otto propõe fazer exames sobre: Origem da linguagem, não só porque
talvez jorre alguma luz sobre a natureza da linguagem, mas também porque a questão
parece continuar a despertar grande interesse.

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3.2.Dom divino para a humanidade
E da terra o senhor Deus formou todos os animais do campo e todas as aves do
céu; e conduziu-os até junto de Adão para ver como ele os chamaria: e todos os seres
vivos seriam conhecidos pelos nomes que Adão lhes desse. Génesis 2; 19. Segundo as
crenças judaico-cristãs, Deus concedeu a Adão o poder de dar nomes a todas as coisas.
Segundo os egípcios, o criador da fala foi o deus Tot. Segundo os babilónios, a
linguagem deve-se a deus Nebo. Segundo os hindus, devemos a nossa capacidade de
linguagem a uma deusa; Brama foi o criador do universo, mas foi a sua mulher
Sarasvati que nos deu a linguagem.

 John P. Hughes.1969 (the science of language)


 James Burnett, Lord Monboddo, Of the Origin and Progress of Language (1774).
Trezentos anos mais tarde, Lester Grabbe, revelando a existência de histórias como
as de Torre de Babel em culturas muito antigas concluiu: …ainda não foi proposta uma
teoria aceitável que explique satisfatoriamente essa faculdade que o homem tem de
falar ou seja, a linguagem- sem a existência de um criador.

A crença na origem divina da linguagem surge intimamente ligada as propriedades


mágicas que o homem tem associado a linguagem e a fala. Em todas as culturas as
crianças dizem palavras mágicas como ada cabrada para afastar o demónio e trazer boa
sorte. Segundo a bíblia, apenas o verdadeiro Deus responde quando o chamam: os falsos
ídolos não conheciam a palavra de Deus. Segundo antropologista Bronislaw
Malinowski a articulação repetida em certas palavras produz a realidade pretendida. o
linguista David Crystal refere que alguém está a tentar pôr à prova a ideia de que o
mundo acabará quando os biliões nomes de Deus forem proferidos, ligando uma roda a
um sintetizador de fala electrónico.

A crença na origem divina da linguagem e nas suas propriedades mágicas manifesta-


se também no facto de em muitas religiões, apenas certas línguas podem ser utilizadas
em orações e rituais. Os sacerdotes hindus do século V, a.C. acreditavam que deveriam
utilizar as pronúncias orientais do sânscrito védico. Esta crença conduziu a importantes
estudos linguísticos uma vez que sua língua evoluirá muito desde que os hinos dos
vedas haviam sido escritos. Até muito recentemente apenas o latim podia ser utilizado
na língua católica

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Em 1756 Johann Peter Suessmilch, apresentou uma comunicação à academia
prussiana na qual defendia: o homem não poderia ter inventado a linguagem sem
pensamento e que o pensamento depende da existência prévia da linguagem. A única
saída deste paradoxo é presumir que Deus deve ter dado a linguagem ao homem.
Suessmilch apresenta uma ideia contrária, não considerou linguagens primitivas como
sendo menos desenvolvidas ou imperfeitas. Ele sugeriu exactamente o contrário que
todas as línguas são perfeitas reflectindo, pois, a perfeição divina. Cita exemplos de:
línguas europeias, de línguas semíticas e de línguas de povo primitivo para provarem a
perfeição de toda a linguagem humana. Outras observações sofisticadas de Suessmilch:

 Salientou que todas as crianças são capazes de aprender perfeitamente a língua dos
hotentotes enquanto os adultos não são.
 Salientou também, como o haviam feito muitos filósofos da antiguidade, que todas
as línguas têm gramáticas altamente regulares, caso contrário as crianças seriam
incapazes de as aprender.
Os argumentos apresentados por Suessmilch basearam-se em observações
respeitante à “universalidade” das propriedades linguísticas, na relação entre as
condições psicológicas e linguísticas e na interdependência da razão e da linguagem.
Estes argumentos diziam respeito à linguagem propriamente dita.

3.3.O que é Linguagem


No século V a. C, o historiador Heródoto narra que o faraó egípcio Psamético
(664-610 a.C.) tentou determinar a linguagem natural mais primitiva, recorrendo a
métodos experimentais. Diz-se que o monarca isolou duas crianças numa cabana na
montanha, tratadas por um criador instruído no sentido de não articular uma única
palavra na sua presença sob pena de morte. O Faraó pensava que sem qualquer contacto
linguístico exterior as crianças desenvolveriam a sua própria linguagem e assim
revelariam a língua original do homem. Segundo as crónicas, a primeira palavra
articulada foi bekos. E os sábios descobriram que bekos era palavra frígia para pão,
língua falada na província da frígia. Esta língua foi considerada, com base nesta
experiência, a língua original.

Um sábio alemão, J.G.Becanus (1518- 1572) demonstrou um zelo


verdadeiramente chauvinista. Defendeu que o alemão era a língua superior de todo o
mundo. Teria sido a língua falada por Deus e Adão. Becanus levou os seus argumentos
ainda mais longe: o alemão continuava a ser a língua perfeita porque os antigos cimbros

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(que eram os Germanos) não haviam colaborado na construção da Torre de Babel. Mais
tarde, segundo a sua teoria Deus ordenou que o Antigo Testamento fosse traduzido de
alemão para hebraico. Mas surgiram outras propostas. Em 1830 o lexicógrafo Noah
Webster afirmou que a protolíngua deverá ter sido o caldaico. Em 1887, Joseph Elkins
defendeu em The evolution Of the Chinese Language que nenhuma outra língua poderá
com mais fundamento ser considerada a primeira língua falada na cinzenta manhã do
mundo do que o chinês… Assim, o chinés é considerado … a língua primitiva.

Toda a teoria que defenda uma origem comum da linguagem deverá explicar o
número de famílias de línguas existentes. A Bíblia justifica-as como um gesto de Deus:
em Babel de uma língua criou muitas; todas essas línguas poderiam constituir ramos
específicos de famílias multilingues. Segundo Linnaeus, uma característica definidora
do homo ferus era a ausência de linguagem de qualquer espécie todos os casos
estudados comprovam esta perspectiva. Os casos mais dramáticos de crianças que
cresceram isoladas são o das crianças selvagens ou meninos-lobos que têm sido
descritas como com animais selvagens ou vivendo sozinhos na floresta.

Têm-se verificado também casos de crianças cujo isolamento resultou de


esforços deliberados de as manterem afastadas da vida social. Em 1970 descobriu-se o
caso de uma criança, a quem os relatórios científicos deram o nome de Genie, que tinha
sido fechada num pequeno quarto e que tinha tido o mínimo de contacto humano desde
os dezoito meses até quase aos catorze anos. Nenhuma destas crianças,
independentemente da causa do isolamento, sabia falar ou conhecia qualquer linguagem
quando foram reintegrados na sociedade. Genie, no entanto, começou mesmo a adquirir
linguagem depois de ser recuperada.

Estas histórias parecem mostrar que a capacidade humana de adquirir linguagem


requer um estímulo linguístico adequado. Uma criança afastada do contacto humano
nunca aprenderá a falar, nem frígio, nem muito bom hebraico. Mas surgiram outras
propostas. Em 1830 o lexicógrafo Noah Webster afirmou que a “proto-língua” deverá
ter sido o Caldaico (aramaico), a língua falada em Jerusalém no tempo de Jesus. 1887,
Joseph Elkins defendeu em the evolution of the chinese Language que “nenhuma outra
língua poderá com mais fundamento ser considerada a primeira língua falada na
cinzenta manhã do mundo do que o chinês… assim o chinês é considerada … a língua
primitiva”.

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Toda a teoria que defenda uma origem comum da linguagem deverá explicar o
número de famílias existentes. A bíblia justifica-as como um gesto de Deus: Em Babel
de uma língua criou muitas; todas poderiam constituir ramos específicos de famílias
multilingues. A teoria monogenética da linguagem a teoria de uma origem comum. No
entanto, muitos cientistas acreditam hoje em dia que o homem surgiu em diferentes
locais da terra.

Na tentativa de descoberta da língua foram feitas experiências, embora condenadas


ao fracasso:

 Crianças que foram isoladas socialmente (XVIII).


 Segundo Carl Linneaeus uma característica definidora do homo ferus era a
ausência de linguagem de qualquer espécie.
 Casos dramáticos de crianças que crescem com animais selvagens ou vivendo
sozinhos na floresta.
 Em (1920) foram encontradas duas crianças selvagens na índia Amala e Kamala que
segundo se pensa viveram com lobos.
Em 1970 descobriu-se o caso de uma criança, de nome Genie, que tinha sido
fechada num pequeno quarto e que tinha tido o mínimo de contacto humano desde os
dezoito meses até quase aos 14 anos. Independentemente da causa do isolamento,
nenhuma criança sabia falar ou conhecia qualquer linguagem quando foram reintegradas
na sociedade.

IV. INVENÇÃO HUMANA OU GRITOS DA NATUREZA

4.1.Noções
O primeiro tratado linguístico que se conhece é o do diálogo de Crátilo da
autoria de Platão. Era ideia de que em época muito remota existiu um legislador que a
tudo deu nome correcto e natural. Platão, no seu diálogo, põe esta ideia na fala de
Sócrates: Não é todo o homem que pode dar um nome, mas apenas o criador de nomes:
e este é o legislador, que, de todos os artesãos do mundo, é o mais raro… apenas aquele
que vê o nome que cada coisa tem e o que cada coisa é por natureza poderá exprimir as
formas ideais das coisas em letras (sons) e sílabas.

Não foi nenhum dos seus muitos deuses que deu nomes a todas as coisas, mas
sim este sábio legislador. A questão da origem da linguagem estava estreitamente
relacionada com o debate entre os gregos sobre a existência de uma verdade ou
correcção nos nomes independentemente da língua, em oposição à perspectiva de que as

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palavras ou nomes de coisas resultavam de um simples acordo, uma invenção, entre os
falantes. Este debate entre naturalistas e convencionalistas constituía um dos maiores
problemas linguísticos. No diálogo de Crátilo, Sócrates analisa e desenvolve
etimologias para os nomes dos heróis homéricos, deuses gregos, figuras mitológicas,
estrelas e elementos e até mesmo qualidades abstractas os nomes próprios e comuns da
língua.

Os naturalistas defendiam a existência de uma relação natural entre as formas


da linguagem e a essência das coisas. Faziam referência a palavras onomatopaicas,
palavras cujos sons imitam o significado representado e sugeriam que estas palavras
constituíam a base da linguagem ou, pelo menos, o âmago do vocabulário básico. A
ideia de que a forma primitiva da linguagem era imitativa tem sido até hoje reiterada por
muitos estudiosos. Segundo esta perspectiva, um cão que imita um som (que se julga)
ão-ão deveria ser designado pela palavra ão-ão. Refutando esta posição poderíamos
contrapor que tais palavras constituem em todas as línguas um número muito reduzido e
ainda que as palavras, por si só, não formam uma língua.

Na mesma linha, uma outra perspectiva defende que a linguagem consistia


inicialmente em manifestações emotivas de dor, medo, surpresa, prazer, ira, etc. esta
teoria de que as primeiras manifestações de linguagem consistiam em gritos foi
proposta por Jean Jacques Rousseau em meados do séc. XVIII. Segundo Rousseau foi a
partir dos gritos naturais que o homem construiu as palavras. A posição do Rousseau era
essencialmente empirista, que defendia que todo o conhecimento resulta da percepção
de dados observáveis, assim as primeiras palavras teriam sido nomes de objectos e as
primeiras frases seriam constituídas por uma só palavra.

Rousseau apresentou esta ideia de seguinte forma: quanto mais limitado é o


conhecimento, tanto mais extenso é o dicionário… as ideias genéricas só podem
ocorrer-nos com a ajuda das palavras e só podem ser compreendidas com a ajuda de
proposições. Segundo Rousseau não é a capacidade humana do pensamento que
distingue o homem dos animais (perspectiva anteriormente defendida por descartes),
mas sim o seu desejo de ser livre. Segundo Rousseau, foi esta liberdade que levou à
invenção da linguagem. Um ano após o tratado de Rousseau, Suessmilch, contra-
argumentando Rousseau em prol de uma teoria da origem divina da linguagem,
defendeu a igualdade e perfeição de todas as línguas.

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Sir Richard Paget argumentou a favor de uma teoria do gesto oral: a fala
humana nasceu da linguagem gestual pantomímica inconsciente e generalizada
efectuada pelos membros e elementos fisionómicos em geral (incluindo a língua e os
lábios) que se especializou em gestos dos órgãos de articulação, devido ao facto de as
mãos humanas e olhos estarem cada vez mais ocupadas com o desenvolvimento de
utensílios. A ideia de que a linguagem humana provém de um sistema gestual surge na
obra de Gordon Hewes.

Uma outra hipótese relativa ao desenvolvimento da linguagem humana sugere


que a linguagem nasceu de sons ritmados que os homens imitiam quando trabalhavam
em grupo, uma das teorias mais encantadoras sobre a teoria da linguagem foi proposta
por Otto Jespersen. Formulou uma teoria que considerava a linguagem derivada do
canto como uma necessidade expressiva e não propriamente comunicativa, sendo o
amor o maior estímulo para o desenvolvimento linguístico. Muitas destas propostas são
inclusivas, quer defendam a ideia de que o homem inventou a linguagem, quer
defendam que esta surgiu no decurso de desenvolvimento humano, sob a forma de
gritos da natureza, imitação vocálica de gestos, canções de amor ou gritos de trabalhos.
O debate esta aberto.

4.2.Origem da Linguagem
Mas a linguagem aconteceu. Aconteceu porque a linguagem é a consequência
mais lógica de um mundo de pessoas em que os bebés palram e as mães respondem
palrando e em que o bebé tem também a capacidade da metáfora. (Louis Carini).
Johann Herder apresentou argumentos plausíveis e ganhou um prémio com uma
comunicação que se opunha ao pensamento do Rousseau. Segundo Herder a
linguagem e o pensamento são inseparáveis e que o homem nasce com a capacidade
para desenvolver ambos. Concordou com Suessmilch defendendo que sem a razão a
linguagem não poderia ter sido inventada pelo homem, mas foi mais longe afirmando
que, sem razão, adão não poderia ter aprendido a linguagem, nem mesmo pela mão do
pai Divino: os pais nunca ensinam linguagem ás crianças sem que ao mesmo tempo
estes a inventam também. Os pais apenas chamam a atenção das crianças para as
diferenças entre as coisas, através de alguns sinais verbais, não sendo, pois, por eles
criados; através da linguagem apenas facilitam e aceleram o uso que as crianças fazem
da razão.

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O aspecto mais importante da comunicação de Herder era de que a linguagem é
inata. Herder apresentou a universalidade, ou uniformidade, de todas as línguas
humanas como argumento a favor da teoria monogenética da origem. Herder aceitava a
posição racionalista cartesiana de que as línguas humanas e os gritos dos animais são
tão diferentes como o pensamento humano e instinto animal: não é a estrutura da boca
que cria a linguagem uma vez que se um homem for mudo toda a vida, mas reflectir,
então a linguagem deve estar dentro da alma.

4.3.Linguagem e Evolução
Duas sociedades académicas, a associação antropológica Americana e a
Academia das ciências de Nova Iorque, organizaram debates no sentido de rever
trabalhos recentes sobre este assunto (em 1974- 1976). Investigação em curso em várias
disciplinas tem vindo a fornecer elementos anteriormente desconhecidos e directamente
relacionados com o desenvolvimento da linguagem nas espécies humanas.

Os estudiosos mostraram-se hoje interessados em saber qual a relação entre a


linguagem e o desenvolvimento evolucionário da espécie humana. Alguns encaram a
capacidade de linguagem como uma diferença qualitativa entre os seres humanos e
outros primatas; outros encaram como um salto qualitativo. Os linguistas que, numa
abordagem evolucionária, defendem a perspectiva da descontinuidade acreditam que a
linguagem é específica da espécie, e entre esses linguistas encontram-se os que pensam
que os mecanismos do cérebro subjacentes à capacidade de linguagem são específicos
da linguagem e não apenas um mero rebento de capacidades cognitivas mais
desenvolvidas. Esta última perspectiva defende que todos os seres humanos estão
equipados inata ou geneticamente com uma capacidade única de aquisição de
linguagem ou com mecanismos neurológicos geneticamente determinados de carácter
especificamente linguístico.

Ao tentarem compreender o desenvolvimento da linguagem, os estudiosos têm-


se debruçado sobre o papel desempenhado pelo aparelho fonador e pelo ouvido. O
linguista Philip Lieberman sugere que os primatas não humanos carecem dos
mecanismos físicos necessários à produção da variada fala humana. Relaciona o
desenvolvimento da linguagem com o desenvolvimento evolucionário da produção da
fala e dos mecanismos de percepção. E tudo isto é acompanhado de modificação no
cérebro e no sistema nervoso no sentido de uma maior complexidade.

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Segundo Lieberman as línguas dos nossos antecessores teriam sido, há milhões
de anos, sintáctica e fonologicamente mais simples do que qualquer língua hoje
conhecida, e sugestiona que essa língua primária tivesse um inventário fonético mais
restrito. É certo que se deve ter verificado evolução no desenvolvimento do aparelho
fonador capaz de produzir a ampla variedade de sons utilizados na linguagem humana
assim como no desenvolvimento do mecanismo de percepção e distinção desses sons.
Esta evolução não é, no entanto, suficiente para explicar a origem da linguagem uma
vez que existem espécies de andorinhas e papagaios que também apresentam essa
capacidade.

A linguagem humana faz uso de um número muito restrito de sons que se


combinam em sequências lineares de modo a formar palavras. Cada som é reutilizado
muitas vezes, tal como as palavras. Suessmilch salientou este facto para provar a
eficiência e perfeição de uma língua. De facto, o carácter discreto destes elementos
linguísticos básicos, os sons, foi referido nos primeiros estudos sobre a linguagem.

As crianças aprendem desde muito cedo que a continuidade das sequências


sonoras, como bad e dad, pode ser quebrada em segmentos discretos. Na realidade, as
crianças que conhecem estas duas palavras podem por si próprias produzir a palavra
dab, embora nunca a tenham ouvido antes. Algumas espécies de andorinhas são capazes
de aprender a produzir os sons bad e dad mas nenhum pássaro poderia produzir o som
bad e dad mas nenhum pássaro poderia produzir o som dab sem realmente o ter ouvido.
Seres humanos que nasceram surdos aprendem as línguas de sinais que à volta deles se
utiliza e estas línguas podem ser tão criativas e complexas como as línguas faladas. E as
crianças surdas adquirem estas linguagens da mesma forma que as outras crianças, sem
lhes serem ensinadas por mero contacto.

Talvez então a maior evolução no desenvolvimento da linguagem se deva a


alterações evolucionárias no cérebro. Embora estejamos bem longe de saber como
nasceu a linguagem.

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V. CONCLUSÃO
Foram apresentadas várias teorias que, apesar de algumas destas, não tiveram
uma explicação definitivamente plausível, mas, deram um contributo que serviu de
“salto” importância para explicar como surgiu a linguagem. Entretanto várias histórias
de encantar, como por exemplo a do homem das cavernas, que tentava defenderem esse
mistério. Em outras explicações incluem Deus e deuses como seres que nos deram a
linguagem e a faculdade de fala, e muitos outros autores como por exemplo: J. Becanus
que enaltece sua língua, para este, o alemão era a língua superior de todo o mundo,
porém, Jean Jack Rousseau defendeu a igualdade e perfeição de todas as línguas.

Johan Herder apresentou argumentos plausíveis com uma comunicação que se


opunha ao pensamento do Rousseau. Segundo Herder a linguagem e o pensamento são
inseparáveis e que o homem nasce com a capacidade de desenvolver ambos. A
linguagem para Herder é inata.

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VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Fronklim, V. & Rodman, R. (1993). Introdução a Linguagem. Coimbra: Livraria
Almeida.

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