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1.1 Objectivos do trabalho
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2. Análise e discussão
Portanto, em Voltaire se destaca uma novidade: é o fato de ele ter retirado do campo da
literatura a pintura, a arquitectura, a música, diferentemente do que pensava Francisco Dias
Gomes.
Amaral (cit. Silva, 1997, p. 12) refere que a literatura é uma criação humana e, por este ter
vontades, valores e necessidades que constantemente mudam, a literatura o acompanha neste
transitar, pois “reflecte o modo de se ver a vida e de estar no mundo.”
Portanto, a literatura é a arte da palavra (arte de natureza verbal), é ficção, é fuga da realidade,
uma realidade imaginária. A literatura é uma forma de conhecimento do mundo e do ser
humano.
A função catártica (Aristóteles, 1992), enquanto literária, tem seu ápice na tragédia, uma vez
que ela não é a mera imitação de/dos homens, mas de acções e vida, de felicidade plena ou, na
sua falta, de infelicidade. Com isso, é possível reflectir sobre o sentido da vida (para aqueles
que buscam determiná-lo) ou permanecer no questionamento acerca disso, mas estabelecem
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valor sempre pelas acções e não pelas qualidades intrínsecas dos sujeitos, pois, conforme o
filósofo grego, o ser humano possui suas virtudes conforme o carácter, mas ele pode ser bem
ou mal aventurado pela prática de actos concretos. Daí porque a tragédia clássica enfoca na
imitação de caracteres pelas personagens para efectuar determinadas acções.
Dessa forma, a função catártica é empregada nas obras literárias a fim de realizar uma
aproximação entre o espectador e seus sentimentos, fazendo com que ele se envolva com o
que assiste ou lê, para que sinta as dores e os sofrimentos da personagem (Iriyoda, 2007).
Machado (2011) remata que a catarse, por fim, nada mais é do que a purificação das emoções
através dos sentimentos de terror e de piedade. Nesse sentido, as tragédias gregas como
depois as romanas podem ser compreendidas como didácticas, pois visavam, de certa forma,
manter um equilíbrio entre o ser humano e o cosmos que integrava (p. 470).
A função literária catártica tende a ser responsável pelo surgimento de uma determinada
prática comportamental, fundada em processos psicológicos que se juntam ao conjunto
cultural, elaborando formas possíveis e plausíveis do ser humano exercer controlo sobre suas
acções e pensamentos; sendo que a literatura, de forma geral, e a escrita, de forma específica,
realizam a exploração do universo psíquico, tendo como centro o escritor como sujeito em
contacto com o real e possível externalizador do acto catártico, preso aos universos
subjectivos e intersubjectivos, onde há o vislumbre da essência do infinito, a realização das
possibilidades do ser, bem como a reconstrução de desejos aparentes e transcendentes (Lopes,
2019).
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2.2.2. Função literária estética
A função literária estética garante a experiência de dar carga semântica a uma obra, fruto da
realização da leitura, lastreada na estrutura aberta do texto estético, o que cria um jogo de
sentidos para um escrito, que, ao fim, se transforma numa grande motivação para que o leitor
direccione seu conhecimento de mundo, suas vivências, e gere actualização a cada texto que
lê (Trindade, 2013, p. 16).
Para Cândido (2004), nessa função atribuída ao literário pelo elemento estético, a literatura
pode ser considerada como uma força de iniciação vital, com complexos e variações.
Entretanto, justamente por essa razão, ela nem sempre é desejada pelos educadores: seus
padrões nem sempre suscitam elevação ou edificação. Em contrapartida, a literatura traz como
elemento de liberdade em si o que chamamos de bem ou de mal, humanizando profundamente
porque faz viver.
A função estética orienta o olhar do leitor para o mundo pelo conteúdo da obra, que passa a
ser fundado pela relação arte e mundo, afastando uma concepção meramente utilitária. É pela
estética que os sentidos do homem são ampliados, a ponto de permitir a contemplação da obra
pela via artística, ou melhor, pela abertura da obra, o sujeito pode ser encaminhado aos
múltiplos formatos de interpretação, pois a obra é inacabada, indefinida, e quanto mais aberta
a obra for, mais caminhos serão oferecidos ao leitor (Eco, 2010, p. 24).
Calvino (1998) ressalta que a literatura viabiliza caminhos para um diferente conjunto de
olhares para novos ou antigos estilos e formas, fazendo com que a diferença de observações
fomente novas percepções da imagem do mundo e da vida. Contudo, é válido salientar que o
grande desafio da literatura é o de saber tecer ou arranjar em conjunto os diversos saberes e as
diversas codificações numa visão plural e multifacetada do mundo que conhecemos (p. 19).
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2012). Dessa forma, por meio dessa função, a literatura organiza o conhecimento por
esquemas, em que a aprendizagem se funda na acumulação e organização estrutural cognitiva.
Assim, para cada estrutura há um objecto, ideia ou evento, como um conjunto de atributos
conectados às outras estruturas cognitivas.
Entende Zilberman (2008) que com o acto da leitura, há o desenvolvimento linguístico para a
compreensão do fictício, com a função específica da fantasia infantil, a credulidade na história
e a aquisição do saber.
Dessa maneira, constata-se que a função político-social da literatura busca conectar o Estado
ao objecto cultural, pelo movimento de seus sujeitos, de forma a influenciar a acção política
de atores sociais.
Cândido (2012) ressalta que a literatura tem uma função social e uma função psicológica.
Todo ser humano em algum momento de sua vida necessita da fantasia e a literatura vem
suprir essas necessidades de variadas formas como o conto, a parlenda, o trocadilho. Ou ainda
de forma mais complexa como as narrativas populares, os contos, as lendas e os mitos.
Adianta o autor que a fantasia, porém, não é pura, ela nos remete a uma realidade, fenómeno
natural, sentimento, fato desejo de explicações, costumes, problemas humanos fazendo assim
um elo entre a fantasia e a realidade.
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2.3. Integração da literatura na formação do leitor
António Cândido pesquisador dos direitos humanos em uma palestra acerca do direito à
literatura defende que para termos um equilíbrio social é necessário que a população tenha
acesso à literatura uma vez que esta causa inquietações ao trazer problemas relacionados com
a sociedade geral. O confronto dialéctico entre a leitura realizada com a realidade vivida leva
o leitor a pensar criticamente sobre sua realidade e agir sobre ela.
Para o autor toda obra literária tem o poder de humanizar pois pressupõe a superação do caos.
“O processo de humanizar requer o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a capacidade
de penetrar nos problemas da vida, o senso de beleza, a percepção da complexidade do
mundo. (Cândido, 2012, p. 6).
Essa humanização se dá pelo fato da literatura proporcionar um efeito duplo no leitor onde
este o remete a fantasia trazendo situações não reais que instiga o leitor a um posicionamento
intelectual, assim mesmo distante de sua rotina a literatura leva o leitor a reflectir sobre seu
quotidiano e incorporar novas experiências. É durante o processo de leitura que o leitor entra
em contacto com diferentes culturas instigando assim a compreensão de seu papel como
sujeito histórico.
Para Zilberman (2008), a leitura do texto literário constitui uma actividade sintetizadora,
permitindo ao indivíduo penetrar o âmbito da alteridade sem perder de vista sua
subjectividade e história. O leitor não esquece suas próprias dimensões, mas expande as
fronteiras do conhecido, que absorve através da imaginação e decifra por meio do intelecto.
Por isso, trata-se também de uma actividade bastante completa, raramente substituída por
outra, mesmo as de ordem existencial. Essas têm seu sentido aumentado, quando contrapostas
às vivências transmitidas pelo texto, de modo que o leitor tende a se enriquecer graças ao seu
consumo (p. 17).
Cândido (2012) advoga que a obra literária actua no subconsciente humano de forma que não
se percebe trazendo situações que remetem ao pensar sobre, a criar caminho de superação a
reavaliar atitudes. Situações que leva a um crescimento enquanto pessoa humana (p. 24).
Segundo Zilberman (2008) apresenta que a literatura pode converter cada indivíduo num
leitor, introduzindo-o no universo único do código da escrita, de sons e de imagens por
hábitos, seja pela escrita de um texto ou pela leitura de materiais impressos e ou electrónicos,
sendo esse o terreno no qual se instalam a prática de leitura e a imersão na cultura escrita (p.
56).
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A Literatura é uma área de conhecimento de suma importância para a formação e
desenvolvimento humano, não somente pela gratuidade e entretenimento que a ficção
proporciona, mas por possibilitar aos leitores reflectirem, porque vivenciam situações que são
da ficção, mas que tem inspiração na condição humana, isto é, é na vida real das pessoas que
os autores recontam essas experiências, ora valendo-se apenas do realismo quotidiano, ora do
mundo maravilhoso e fantástico, assim define Coelho (1997).
Para Silva (2014, p 43) “a leitura melhora nosso vocabulário, estimula nossa criatividade,
amplia nossa visão social e conscientiza nosso papel como cidadãos.”
A literatura tem um papel muito importante no desenvolvimento social e pessoal na vida dos
seres humanos. Além de favorecer o aprendizado de conteúdos específicos, aprimora a escrita,
ajuda ainda a formular e organizar uma linha de pensamento, desenvolvendo a imaginação, a
criatividade, a comunicação, bem como o aumento do vocabulário, conhecimentos gerais e do
senso crítico. Durante a leitura, é possível notar faces diferentes de um mesmo assunto,
descobrindo um mundo novo
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3. Conclusão
Com este trabalho, percebe-se que a literatura contribui muito para a formação do cidadão
pois instiga a pessoa a pensar criticamente, expor opiniões, realizar comparações entre a
leitura e a realidade vivida.
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4. Referências bibliográficas
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