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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE MATERNO-INFANTIL
MESTRADO ACADÊMICO

PABLO RODRIGO ROCHA FERRAZ

ANÁLISE VOCAL E DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ EM


MULHERES ADULTAS COM E SEM FUNÇÃO OVARIANA

São Luís - MA
2010
1

PABLO RODRIGO ROCHA FERRAZ

ANÁLISE VOCAL E DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ EM


MULHERES ADULTAS COM E SEM FUNÇÃO OVARIANA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Saúde Materno-Infantil da
Universidade Federal do Maranhão para
obtenção do Título de Mestre em Saúde
Materno-Infantil.

Orientação:
Profa. Dra. Maria Bethania da Costa Chein

Coordenação do Programa:
Profa. Dra. Maria Bethania da Costa Chein

São Luís - MA
2010
2

PABLO RODRIGO ROCHA FERRAZ

ANÁLISE VOCAL E DA QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À VOZ EM


MULHERES ADULTAS COM E SEM FUNÇÃO OVARIANA

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil da
Universidade Federal do Maranhão para
obtenção do Título de Mestre em Saúde
Materno-Infantil.

A Banca Examinadora da Dissertação de Mestrado apresentada em Sessão Pública


considerou o candidato aprovado em ____/____/____.

_________________________________________________
Profa. Dra. Maria Bethânia da Costa Chein (Orientadora)
Universidade Federal do Maranhão

______________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Magalhães da Silva (Examinador)
Faculdade Santa Terezinha (CEST–MA)

________________________________________________
Profa. Dra. Luciane Maria Oliveira Brito (Examinadora)
Universidade Federal do Maranhão

______________________________________________________
Profa. Dr. José Albuquerque de Figueiredo Neto (Examinador)
Universidade Federal do Maranhão
3

Ao meu filho, Felipe Ferraz, que me fez vivenciar um


sentimento maravilhoso e imensurável, antes
conhecido apenas de ouvir falar; e a de dar-me a
possibilidade de ser um exemplo de pai, tal qual seu
avô é para mim e de cristão, tal qual Jesus Cristo o
é, e que tenho me esforçado a alcançá-lo e a andar
nos Seus caminhos.
4

AGRADECIMENTOS

A Deus, responsável pelo meu fôlego de vida e tudo que tenho conquistado.
Sem Ele, nada posso e poderei fazer. Nem todo o meu esforço será suficiente a
altura da prova do Seu amor por mim. Simplesmente obrigado por te conhecer e
prosseguir em te conhecer.

À Profa. Dra Maria Bethânia, orientadora deste trabalho, pelo exemplo,


simpatia e precisão com a qual orientou a confecção deste trabalho.

Ao amigo e colaborador Eduardo por ser um exemplo de profissional e


cientista, além de contribuições preciosas para o desenvolvimento desta dissertação.

À Profa. Dra Luciane Brito, por coordenar com tanto afinco e seriedade o
Programa de Pós-Graduação em Saúde Materno-Infantil.

À Helena Ribeiro, secretária do Programa de Pós-Graduação, que sempre


esteve à disposição e pronta para auxiliar os mestrandos.

Ao Prof. Sílvio Gomes Monteiro pela sua atenção, presteza e profissionalismo


com o qual tratou da análise dos resultados deste trabalho.

Aos meus pais, irmãos, avó e tia lili, que continuaram acreditando na minha
superação.

À minha esposa Fernanda, por ter sido compreensível nos momentos de


ausência durante os últimos 2 anos. Não teria conseguido sem a sua ajuda.

A Profa. Dra Mônica Elinor Alves Gama, seus ensinamentos, conselhos e


orientações iniciais deram-me fundamento para chegar até aqui. Obrigado por
acreditar!

Às mulheres de todas as idades que participaram desta pesquisa e fizeram da


coleta de dados um momento único e especial, contribuindo sempre para alargar o
conhecimento.

A CAPES pela concessão de auxílio financeiro para o desenvolvimento deste


trabalho.

A todos que contribuíram direta e indiretamente em mais esta etapa da minha


vida.
5

“...Não creia no que os seus olhos lhe dizem.


Tudo que mostram é limitação. Olhe com o
entendimento, descubra o que você já sabe
e verá como voar”.

Richard Bach
6

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Distribuição dos valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo da


idade e presença de queixa vocal dos grupos avaliados........................................ 30

Tabela 2 – Distribuição da percepção das mulheres dos grupos avaliados


quanto à classificação das suas vozes................................................................... 30

Tabela 3 – Distribuição dos tempos máximos fonatórios e relação s/z dos


grupos avaliados..................................................................................................... 31

Tabela 4 – Distribuição dos valores médios, mínimo e máximo das variáveis de


freqüência fundamental (F0) e da GNE dos grupos avaliados............................... 31

Tabela 5 – Distribuição da moda das características perceptivos da avaliação


GRBASI dos grupos avaliados................................................................................ 32

Tabela 6 – Distribuição dos valores médios dos domínios sócio-emocional, físico


e escore total do QVV dos grupos avaliados.......................................................... 32

Tabela 7 – Distribuição das respostas (em %) dos itens do QVV de acordo com
os grupos avaliados................................................................................................ 33
7

Resumo

Envelhecer é um complexo evento biológico no qual ocorre uma diminuição das


funções corporais, dentre estas, se destacam as mudanças vocais conhecidas como
presbifonia. Objetivo: Estudar os parâmetros vocais perceptivo-auditivos e acústicos
nas diferentes faixas etárias, correlacionando as modificações encontradas com o
envelhecimento natural da mulher, estabelecendo o impacto sobre a qualidade de
vida relacionada à voz. Métodos: Estudo descritivo-análitico com 106 mulheres
usuárias ou acompanhantes de pacientes dos ambulatórios da Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais (APAE) de São Luís - MA. A amostra foi dividida em dois
grupos. O grupo G1, com 43 mulheres (≥ 18 e ≤ 45 anos de idade) com função
ovariana preservada e o grupo G2, constituído de 63 mulheres (> 45 anos) sem
função ovariana. Foi aplicado um questionário de qualidade de vida relacionada à
voz (QVV) e avaliaram-se as seguintes variáveis: mensuração de QVV, auto-
classificação das vozes, análise perceptivo-auditiva, tempos máximos fonatórios
(TMF) e análise acústica. Resultados: No grupo G1 a idade média em anos foi de
29,1 e no G2 de 67,6. Em relação às queixas vocais, estas foram mais freqüentes no
G2 (22,2%), quanto à percepção auditiva, a resposta agradável foi a mais freqüente
nos dois grupos. Em relação ao TMF os dois grupos foram semelhantes para vogal
“a” sustentada (G1=13,67 e G2=13,94), já quanto à emissão sustentada das
consoantes /s/ e /z/ e a relação s/z, observou-se que no G1 os valores foram
maiores. A freqüência fundamental média foi no G1 de 202,48 Hz e no G2 de 185,07
Hz. Em relação ao ruído glótico (GNE), o G1 apresentou uma proporção média
maior com 0,83. Na avaliação perceptivo-auditiva realizada por meio da escala
GRBASI, encontrou-se a moda de grau discreto da característica rugosidade (R=1),
tensão (S=1) e instabilidade (I=1) em ambos os grupos, no entanto, quanto ao grau
de disfonia (G), o grupo G1 não apresentou impacto (G=0) e o G2 apresentou grau
discreto (G=1). Os resultados do QVV revelaram que os grupos, não apresentaram
impacto nos domínios sócio-emocional e físico e no escore total. Conclusão: O
grupo G2 apresentou valores menores nos parâmetros perceptivo-auditivos e
acústicos em comparação ao G1, o que pode sugerir que a alteração fisiológica da
função hormonal das mulheres, pode ser um “divisor de águas” no processo de
envelhecimento em relação à voz e no estabelecimento de modificações vocais,
ditos presbifônicos.

Palavras-chave: voz, menopausa, análise perceptivo-auditiva, análise acústica da


voz, qualidade de vida.
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Abstract

Aging is a complex biological event in which there is a decrease of bodily functions,


among which stand out vocal changes known as presbyphonia. Purpose To study
the perceptual voice parameters and acoustic in different age groups, correlating the
changes observed with the natural aging of women, establishing the impact on
quality of life related to voice. Methods: A descriptive and analytical study with 106
women attending or accompanying patients from the outpatient clinics of the
Associação de Pais e Amigos dos Excecionais São Luís (APAE). The sample was
divided into two groups. The G1, with 43 women (≥ 18 and ≤ 45 years of age) with
preserved ovarian function and the G2 group, consisting of 63 women (> 45 years)
without ovarian function. We administered a questionnaire on quality of life related to
voice (QVV) and evaluated the following variables: measurement of QVV, self-
assessment of the voices, the perceptual analysis, maximum phonation time (MPT)
and acoustic analysis. Results: In G1 the mean age was 29.1 years and 67.6 in G2.
In relation to voice complaints, they were more frequent in G2 (22.2%), and auditory
perception, pleasant answer was the most frequent in both groups. In relation to MPT
the two groups were similar for vowel "a" sustainable (G1 and G2 = 13.67 = 13.94),
already held for the issuance of the consonants / s / and / z / and the s / z, observed
that in the G1 values were higher. The mean fundamental frequency was 202.48 Hz
in G1 and G2 of 185.07 Hz Regarding the glottal noise (GNE), the G1 had a higher
average ratio with 0.83. In the perceptual evaluation, conducted by GRBASI scale, it
was found to be mild fashion feature roughness (R = 1), stress (S = 1) and instability
(I = 1) in both groups, however, the degree of dysphonia (G), G1 showed no impact
(G = 0) and 2 showed mild (G = 1). QLV results revealed that the groups showed no
impact on the socio-emotional and physical and total score. Conclusion: The G2
group showed lower values for perceptual parameters and acoustic compared to G1,
which may suggest that the physiological alteration of hormone function of women,
may be a "watershed" in the aging process in relation to voice and the establishment
of the vocal changes, said presbyphonia.

Keywords: voice, menopause, perceptual analysis, acoustic analysis of voice,


quality of life.
9

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS............................................................................ 6
RESUMO............................................................................................... 7
ABSTRACT........................................................................................... 8
1. INTRODUÇÃO...................................................................................... 11
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................ 14
2.1 Envelhecimento humano e da laringe.................................................... 14
2.2 QV relacionada à voz............................................................................. 18
3. OBJETIVOS.......................................................................................... 24
3.1 Geral...................................................................................................... 24
3.2 Específicos............................................................................................. 24
4. METODOLOGIA.................................................................................... 25
4.1 Tipo de estudo, local e período............................................................. 25
4.2 Caracterização da Amostra................................................................... 25
4.3 Registro das Vozes................................................................................ 25
4.4 Variáveis................................................................................................ 26
4.4.1 Mensuração de QV em voz (QVV)........................................................ 26
4.4.2 Análise Perceptivo-Auditiva das Vozes................................................. 27
4.4.3 Determinação dos Tempos Máximos de Fonação (TMF)...................... 28
4.4.4 Análise Acústica das Vozes................................................................... 28
4.5 Análise Estatística.................................................................................. 29
5. RESULTADOS...................................................................................... 30
6. CONCLUSÃO....................................................................................... 34
REFERÊNCIAS..................................................................................... 35
ANEXO A.............................................................................................. 41
ANEXO B.............................................................................................. 42
APÊNDICES.......................................................................................... 43
7. PRIMEIRO ARTIGO CIENTÍFICO......................................................... 44
7.1 Classificação QUALIS do periódico na área de MEDICINA II............... 44
7.2 Normas Editoriais................................................................................... 44
7.3 Artigo Completo..................................................................................... 53
8. SEGUNDO ARTIGO CIENTÍFICO......................................................... 66
10

8.1 Classificação QUALIS do periódico na área de MEDICINA II............... 66


8.2 Normas Editoriais................................................................................... 66
8.3 Artigo Completo..................................................................................... 72
11

1. INTRODUÇÃO

A partir dos anos 80, o envelhecimento populacional tem-se tornado um


fenômeno que atinge grande parte do mundo, tanto em países desenvolvidos quanto
nos países em desenvolvimento (OMS, 1984). Portanto, tem-se suscitado inúmeros
questionamentos acerca de como se está compreendendo o envelhecimento
humano dentro das sociedades atuais e a sociedade brasileira não parece estar
preparando seus cidadãos para esse processo (SANTOS, 1990).
Segundo Beauvoir (1990) e Ribeiro (1999), o envelhecimento é progressivo e
degenerativo, caracterizado por menor eficiência funcional, com enfraquecimento
dos mecanismos de defesa, diminuição da cognição, das respostas reflexas e do
estado de alerta, além de enfraquecimento da estrutura óssea e diminuição da
função e da massa muscular. Caracteriza-se por ser um processo universal e
individual da espécie humana determinado por fatores intrínsecos, podendo ser
influenciado também por fatores extrínsecos e ambientais (MASCARO, 1997;
ZIMERMAN, 2000; ARAÚJO, CARVALHO, 2005).
Diante da expansão da importância da comunicação em relação à qualidade
de vida (QV), Horta e Tomita (2003), defendem que a avaliação da função vocal
compreende basicamente, a avaliação subjetiva da voz, ainda amplamente utilizada
na rotina clínica fonoaudiológica. Não requer aparelhagem sofisticada e exige
somente o ouvido humano como instrumento de avaliação. Idealmente, o processo
técnico de avaliação da voz se decompõe em cinco etapas: anamnese, observação,
avaliação clínica subjetiva, avaliação acústica e integração destas informações para
a definição do tratamento.
Santarosa (2003), afirma que a presença de alteração vocal pode acarretar
importantes restrições emocionais, sociais e funcionais, devido ao problema de
comunicação e também limitações em relacionamentos, no trabalho e em outras
atividades diárias. Alguns autores referem que uma das condições de saúde que
pode provocar repercussões na QV do indivíduo é a alteração da qualidade vocal. A
voz é um fator preponderante na comunicação humana e revela características
físicas, psicológicas e sociais. Na senescência, as mudanças vocais podem interferir
negativamente na relação com os indivíduos e no ajuste social do idoso (RAMIG,
12

RINGEL, 1983; WOO et al., 1992; SATALOFF et al., 1997; ALLODI, FERREIRA,
2001).
Portanto, avaliar a QV relacionada à voz, auxilia na percepção do impacto das
alterações vocais no dia-a-dia da pessoa, na precisão do diagnóstico, além de
favorecer o planejamento de condutas terapêuticas visando o seu controle e
melhoria do bem-estar.
Nesta perspectiva, surgiram vários instrumentos para avaliação de QV
relacionados à voz, como o Voice Handicap Index (VHI) desenvolvido por Jacobson,
Johnson, Grywalski, Silbergleit, Jacobson, Benninger, Newman (1997), Voice
Realted Quality of Life (V-RQOL) elaborado por Hogikyan, Sethuraman (1999) e
Voice Activity and Participation Profile (VAPP) proposto por Ma, Yiu (2001).
Após o nascimento, o primeiro sinal de comunicação verbal é a presença do
choro, do riso e do grito, assim, desde o início da vida, torna-se um dos meios de
interação mais poderosos do ser humano. A linguagem, principalmente a verbal
encontra-se presente nos momentos mais decisivos da vida, e é o veículo de nossos
sentimentos e emoções e se modifica constantemente de acordo com a idade,
saúde física e psicológica, história pessoal, condições ambientais, situação e
contexto de comunicação.
Historicamente, quando o ser humano inicia suas vocalizações, estas não têm
um significado determinado e ao longo do tempo vão sendo moldadas e adaptadas
por interferência do outro e do meio, adquirindo significado mais específico
(MAGALHÃES et al., 2003).
Segundo Behlau, Azevedo e Pontes (2001), “o desenvolvimento da voz
acompanha e representa o desenvolvimento do indivíduo, tanto do ponto de vista
físico como psicológico e social”. No que diz respeito aos períodos de evolução
vocal, os mesmos autores citam o estudo de Schrager que em 1966 tentou
classificá-las, apresentando seis fases de evolução de acordo com as características
vocais. Estas fases iniciam-se desde o nascimento e desenvolvem-se até a terceira
idade, perpassando de forma definida e diferenciada pela infância, adolescência e
idade adulta.
As cordas ou pregas vocais constituem-se em tecido musculoso, que como os
demais tecidos no organismo também sofrem um processo de envelhecimento
denominado de presbifonia. Este processo fisiológico é individual e de acordo com
13

Venites, Bertachini e Ramos (2004), seu início, desenvolvimento e grau de


deterioração vocal dependem de inúmeros fatores relacionados principalmente com
sua história de vida, sua saúde física e psicológica, e componentes hereditários e
ambientais.
É conveniente referir que a presbifonia não deve ser encarada como uma
desordem vocal, embora muitas vezes seja difícil se estabelecer um limite entre o
que é processo vocal fisiológico inerente à idade e o que é uma desordem vocal
estabelecida. Mas existem lacunas de conhecimento acerca de quando e como
envelhecemos em relação à voz. Será que existem marcadores (clínicos ou
laboratoriais) que permitem identificar o seu início, sua evolução? Será possível
reverter este processo?
Na busca por estes saberes, e considerando ser a voz um instrumento
fundamental na comunicação e indicador de QV, decidiu-se realizar esta pesquisa
com o intento de conhecer as características perceptivas e acústicas da voz de
mulheres adultas com e sem função ovariana, como e quando se inicia o
envelhecimento do ponto de vista vocal e quais as repercussões deste
envelhecimento sobre a QV.
14

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 - Envelhecimento humano e da laringe

Mundialmente a faixa etária que mais cresce rapidamente é a de indivíduos


com 60 anos ou mais. Em países em desenvolvimento o idoso é aquele com idade
cronológica igual ou superior a 60 anos, enquanto que em países desenvolvidos,
considera-se a partir dos 65 anos (CHODZKO-ZAJKO, RINGEL, 1987; KALACHE,
VERAS, RAMOS, 1987; SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW, 1997; MARKSON,
HOLLIS-SAWYER, 2000; FREITAS, MIRANDA, NERY, 2002; SIQUEIRA,
BOTELHO, COELHO, 2002; SOYAMA, ESPASSATEMPO, GREGIO, CAMARGO,
2005; GAMPEL-TICHAUER, 2007).
O envelhecimento é uma etapa do desenvolvimento em que o indivíduo passa
por mudanças fisiológicas, no qual as características principais do avanço da idade
são a redução da capacidade de adaptação ambiental, a diminuição da velocidade
de desempenho e o aumento da susceptibilidade a doenças (CHODZKO-ZAJKO,
RINGEL, 1987; MAGALHÃES; ALMEIDA; ANELLI, 1997/1998; SOYAMA,
ESPASSATEMPO, GREGIO, CAMARGO, 2005), o que implicam numa progressiva
e inevitável incapacidade do organismo de responder a alterações no equilíbrio
homeostático (CHODZKO-ZAJKO, RINGEL, 1987; KALACHE, VERAS, RAMOS,
1987; SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW, 1997; MARKSON, HOLLIS-SAWYER,
2000; FREITAS, MIRANDA, NERY, 2002).
No entanto, algumas mudanças na senescência são mais facilmente
reconhecidas pelo indivíduo, como a cor dos cabelos que branqueiam, o surgimento
de rugas na pele, diminuição da agilidade nos movimentos, flacidez muscular,
atrofia, distrofia, edema, déficits sensoriais e a menopausa, além da diminuição da
estatura em função da compressão vertebral, estreitamento dos discos e cifose,
redução da capacidade respiratória vital e volume expiratório, desmielinizações,
entre outras (CHODZKO-ZAJKO, RINGEL, 1987; MATSUDO, MATSUDO, BARROS
NETO, 2000; GAMPEL-TICHAUER, 2007).
Dessa forma, a senescência como um processo progressivo e degenerativo,
em diversos aspectos da saúde, implica em enfrentar mudanças físicas, sociais,
econômicas e psicológicas. Nesta situação, ocorre a diminuição das funções
15

corporais como as mudanças vocais, conhecidas como presbifonia (RAMIG,


RINGEL, 1983; FERREIRA, ANNUNCIATO, 2003). Todas estas alterações são
entendidas como um conjunto de modificações naturais e fisiológicas, não
reconhecidas como processo patológico (ROBERTS, 1990; GIACHETI, DUARTE,
1997).
Envelhecer é um complexo evento biológico que muda a estrutura e função de
diversas partes do corpo, dentre elas destaca-se a redução no número de corpos
celulares nervosos, a redução da massa muscular, a redução da acuidade sensória,
a diminuição da força, e o aumento no tempo de reação motora (HOLLIEN, 1987).
Do mesmo modo, a laringe sofre modificações em toda a sua estrutura
durante o processo de envelhecimento. Composta de cartilagens, músculos,
membranas, ligamentos e internamente revestida de mucosa (HIRANO, SATO,
NAKASHIMA, 2000). Na senescência, ocorrem modificações nestas estruturas,
ocasionando em perda da potência, diminuição dos harmônicos (onda sonora cuja
frequência é um múltiplo da frequência do som fundamental) e da extensão vocal,
em ambos os sexos (HIRANO, SATO, NAKASHIMA, 2000; SATO, HIRANO,
NAKASHIMA, 2002). Especificamente a voz sofre modificações nos seguintes
parâmetros: acurácia, velocidade, resistência, estabilidade, força e coordenação
pneumofônica (SATO, KURITA, HIRANO, KIYOKAWA, 1990; FRIEDRICH,
LICHTENEGGER, 1997).
Embora estas modificações ocorram com o envelhecimento, alguns autores
afirmam que elas não se aplicam a todos os indivíduos de uma determinada faixa
etária, mas revelam uma tendência (HIRANO, KURITA, SAKAGUCHI, 1989;
DEDIVITIS, BARROS, 2002). Ringel e Chodzko-Zajko (1987) referem que o
envelhecimento é bastante heterogêneo, pois indivíduos de mesma idade
cronológica mostram performances variadas do ponto de vista sensorial, motor e
cognitivo, uma vez que a voz não depende somente do equilíbrio entre o trato vocal,
laringe e pulmões, mas da integridade anatomofuncional dos outros sistemas
nervoso, endócrino, etc.
Além disso, as dimensões da laringe variam de indivíduo para indivíduo, além
de variar conforme o gênero e a idade. Permanecem pequenas e semelhantes,
desde o nascimento até a puberdade, para ambos os sexos. A laringe masculina
desenvolve-se numa proporção maior, com aumento das dimensões que culminam
16

com a muda vocal. O dimorfismo da laringe relacionado ao sexo aparece nos


diâmetros sagitais e nos ângulos da cartilagem tireóidea e são menores nos
diâmetros transversos. Após a puberdade, a laringe volta a ter um crescimento mais
lento, até 25 anos de idade. Com 30 anos, inicia-se a substituição de tecido
cartilaginoso por ósseo (VON LEDEN, ALESSI, 1994; SINARD, 1998; DEDIVITIS,
BARROS, 2002).
O desenvolvimento vocal acompanha e representa o desenvolvimento do
indivíduo, tanto do ponto de vista físico, como psicológico e social. O início da
presbifonia, seu desenvolvimento e o grau de alteração vocal dependem de cada
indivíduo, de sua saúde física e psicológica e de sua história de vida, além de
fatores constitucionais, raciais, hereditários, alimentares, sociais e ambientais,
incluindo aspectos de estilo de vida e atividades físicas (BEHLAU, PONTES, 1995;
BIASE, CERVANTES, ABRAHÃO, 1998; POLIDO, MARTINS, HANAYAMA, 2005)
De modo geral, considera-se o período de máxima eficiência vocal dos 25 aos
45 anos, sendo que a partir desta idade uma série de alterações estruturais na
laringe, com maior ou menor impacto vocal, pode ser identificada (BEHLAU,
PONTES, 1995; BEHLAU, 1999; VENITES, BERTACHINI, RAMOS, 2004; POLIDO,
MARTINS, HANAYAMA, 2005). A voz adulta apresenta-se após a muda vocal
fisiológica ao redor dos dezoito anos de idade, na qual a freqüência fundamental no
gênero masculino permanece estável até os 60 anos, enquanto no gênero feminino,
verifica-se uma redução a partir dos 50 anos, quando se inicia a menopausa
(BEHLAU, 1999; VENITES, POLIDO, MARTINS, HANAYAMA, 2005; VARGAS,
HANAYAMA, 2005).
O envelhecimento nem sempre promove mudanças iguais entre todos os
idosos, aqueles em boas condições físicas podem possuir características vocais
semelhantes às de pessoas mais jovens (RAMIG, RINGEL, 1983). Entretanto, as
vozes que indicam uma redução ou aumento na freqüência vocal, dificuldade no
controle de intensidade ou variações na qualidade vocal podem estar apresentando
sinais da presbifonia envelhecimento vocal (SOARES, 2001).
São os seguintes parâmetros possíveis para a avaliação vocal:
• Altura vocal ou pitch: varia de acordo com o sexo. Vozes femininas tendem a
serem mais graves e as masculinas mais agudas, o que dificulta a identificação do
sexo dos sujeitos realizada através da fala (HAGEN, LYONS, NUSS, 1996), já que
17

se tornam muito parecidas auditivamente. É provável que este parâmetro também


sofra alteração quanto a avaliação da psicodinâmica vocal1;
• Intensidade vocal ou loudness: geralmente apresenta-se fraca, justificando a
redução da capacidade pulmonar e dificuldade para a projeção e volume de fala
(BEHLAU, 1999);
• Qualidade vocal: alterada, caracterizada como soprosa, áspera e trêmula
(LINVILLE, KORABIC, 1987; LINVILLE, 1996). Em um estudo que avaliaram
mulheres idosas, verificou-se que de acordo com a escala GRBASI, 70% das
vozes das idosas foram avaliadas como rugosas (incluem os temos de rouquidão e
aspereza) e 80% como instáveis (OLIVEIRA, MAIA, 2007), o que decorre
provavelmente com a perda do controle fino das pregas vocais, aumento da
aspereza vocal, tornando a qualidade vocal abafada monótona e por vezes trêmula
(BEHLAU, 1999);
• Ressonância: modificam-se conforme o sexo, sendo laringo-faríngea nas mulheres
e oral ou nasal nos homens. Acredita-se que este fato deve ocorrer em função dos
ajustes compensatórios que o idoso realiza naturalmente ao perceber a
modificação vocal ocorrida (MORRISON, RAMMAGE, 1994; BEHLAU, 1999). Na
senescência, há uma tendência a um abaixamento na posição da laringe, fato que
pode contribuir para a ressonância baixa (SATALOFF, ROSEN, HAWKSHAW,
SPIEGEL, 1997), o que justifica os achados na literatura com 72% dos idosos
avaliados apresentaram ressonância laringo-faríngea (VENITES, BERTACHINI,
RAMOS, 2004);
• Modulação: reduzida em função da baixa extensão vocal alcançada pelos idosos,
perdendo nos extremos da escala (CARBONELL, TOLOSA, JUN, 1996);
• Padrão respiratório: geralmente do tipo superficial, devido à redução da
capacidade pulmonar (PTACEK, SANDERS, MALONEY, JACKSON, 1996);
• Coordenação pneumofonoarticulatória: tendência a incoordenação por falta de
suporte respiratório (BEHLAU, 1999);
• Tempo máximo fonatório (TMF): reduzido em relação ao adulto jovem, o que exige

1
Psicodinâmica vocal é o impacto psicológico produzido pela voz do falante em seu interlocutor
(BEHLAU, PONTES, 1995).
18

a necessidade de recarga pulmonar constante para a manutenção da


inteligibilidade de fala durante a fala espontânea (MORSOMME, JAMART,
BOUCQUEY, REMACLE, 1997). Convém ressaltar que a função do parâmetro
TMF é o de avaliar a habilidade do indivíduo em controlar as forças aerodinâmicas
da corrente pulmonar e as forças mioelásticas da laringe (BEHLAU, PONTES,
1995).
Em alguns estudos, os autores referem um valor médio de 15 segundos para os
homens, 10 segundos para as mulheres (BEHLAU, 1999) e 12 segundos para
mulheres idosas com idade média de 68 anos (OLIVEIRA, MAIA, 2007). Para
adultos jovens, os valores do TMF para mulheres é de 14 segundos e de 20
segundos para os homens (BEHLAU, PONTES, 1995);
• Freqüência fundamental (F0): aumenta nos homens e reduz nas mulheres
geralmente observada após os 60 anos e indica o início da senescência da voz
(POLIDO, MARTINS, HANAYAMA, 2005; VARGAS, HANAYAMA, 2005). É um
parâmetro diretamente ligado á freqüência da vibração das pregas vocais. Os
valores médios encontrados para adultos jovens podem variar de 80 a 150 Hz para
vozes masculinas e de 150 a 250 Hz para as femininas (BEHLAU, PONTES,
1995).
Estudo que avaliou a língua portuguesa brasileira falada em São Paulo por adultos
jovens e crianças, encontrou valores médios de F0 de 113 Hz para homens, 205
Hz para mulheres e 236 Hz para crianças de 8 a 11 anos (BEHLAU, 1984).
Comparativamente Oliveira e Maia (2007) mostraram um valor inferior da F0 com
média de 183 Hz para mulheres com média etária de 68 ± 8 anos. Este resultado
sugere um decréscimo decorrente do envelhecimento, caracterizado pela alteração
da atividade endócrina, irregularidades na vibração das pregas vocais,
incompetência glótica, atrofia das pregas vocais e tensão laríngea, além da
presença de doenças sistêmicas relacionado a idade e alterações histológicas
percebidas nos tecidos conectivos da laringe (CASSOL, BÒS, 2006).

2.2 - QV relacionada à voz

Tradicionalmente, a análise visual, perceptivo-auditiva e acústica da voz são


avaliações quantitativas e qualitativas e que priorizam a descrição dos desvios dos
19

diversos parâmetros vocais, sem considerar a percepção do paciente em relação à


sua saúde geral. No entanto, quando se pensa em QV, estes procedimentos não
mensuram o real impacto da disfonia nas atividades de vida diária do paciente, pois
não avalia este impacto da perspectiva do paciente (SANTAROSA, 2003; FERRAZ,
2008).
A World Health Organization (WHO) (1997) define QV como sendo a
percepção do indivíduo de sua posição quanto ao contexto cultural e sistema de
valores, o que se refere aos seus objetivos, expectativas, padrões e interesses; seu
grau de satisfação no trabalho, na vida familiar, amorosa, social e suas condições
ambientais, de saúde geral, psico-emocional, física e de competência funcional.
Alguns autores relatam que a QV não consiste apenas na mensuração do
estado de saúde, mas na percepção do problema pelo indivíduo, sugerindo que os
instrumentos, cujo objetivo é avaliar a QV, oferecem uma nova perspectiva funcional
à doença, pois enfocam o bem-estar geral do indivíduo (GILL, FEINSTEIN, 1994;
HOGIKYAN, WODCHIS, TERRELL, BRADFORD, ESLAMADO, 2000).
Entretanto, outros autores afirmam que definir e mensurar a QV não é algo
simples, contudo, para que a análise se torne confiável, devem ser considerados
parâmetros como: aspectos do funcionamento mental, condições físicas, funcionais
e sociais, bem-estar e percepção da satisfação pessoal dos indivíduos avaliados
(BOWLING, BRAZIER, 1995; GUYATT, 1995; GASPARINI, BEHLAU, 2009.
Nesta perspectiva, a WHO (1980) elaborou um documento sobre a
classificação das doenças, que aborda os seguintes aspectos: defeito (impairment),
incapacidade (disability) e desvantagem (handicap). Em 1997, este documento foi
revisado e modificado (ICIDH-2 Beta-1, 1997), no qual o termo incapacidade foi
substituído por limitação de atividades e o termo desvantagem por restrição na
participação de atividades. Na tentativa de valorizar a percepção do paciente, a QV
foi definida como sendo a percepção individual da sua posição na vida, na cultura
em que está inserido e nos seus sistemas de valores relacionados com seus
objetivos de vida, expectativa, padrões e preocupações (THE WHOQOL GROUP,
1995).
Em relação à avaliação das disfonias, o conceito de limitação de atividades,
refere-se a uma diminuição imposta por problemas vocais e o de restrição pelo
receio em participar de atividades vocais. Estes conceitos ajudam a esclarecer as
20

diferenças entre incapacidade e desvantagem. O grau de limitação ou restrição de


atividades pode ser afetado tanto por fatores pessoais como ambientais (MA, YIU,
2001).
Atualmente, com o surgimento e aumento do interesse sobre QV em relação à
voz, é necessário que se entenda a avaliação fonoaudiológica como um
procedimento que vai além da prática clínica rotineira e que não está limitado à
avaliação da qualidade vocal. O fonoaudiólogo é responsável pelo diagnóstico
diferencial do comportamento vocal, no qual, independente da voz ser ou não o
instrumento de trabalho do indivíduo, é necessário um olhar clínico diferenciado,
considerando a percepção do paciente quanto ao seu problema (FERRAZ, 2008).
Seguindo a tendência da WHO, surgiram vários outros protocolos gerais e
específicos de QV relacionados à voz, como o Voice Handicap Index (VHI)
desenvolvido por Jacobson, Johnson, Grywalski, Silbergleit, Jacobson, Benninger,
Newman (1997) e o Voice Realted Quality of Life (V-RQOL) elaborado por Hogikyan,
Sethuraman (1999) e validado para o Brasil por Gasparini (2005).
No entanto, o protocolo Voice Activity and Participation Profile (VAPP)
proposto por Ma, Yiu (2001) e validado para o Brasil como Perfil de Participação de
Atividades Vocais (PPAV) por Ricarte, Gasparini, Behlau (2006), são as únicas
ferramentas de auto-avaliação que abordam a diferença entre a limitação do
problema vocal de um indivíduo e sua disposição em participar de atividades diárias.
Verdolini, Burke, Lessac, Glaze, Caldwell, (1995), em um estudo que analisa
dois métodos de tratamento para nódulos vocais, relatam que a efetividade do
tratamento da disfonia depende mais da participação efetiva do paciente do que de
um programa específico de fonoterapia. Dessa forma, com o interesse crescente no
tema QV nas últimas décadas, os protocolos começaram a ser utilizados para
mensurar não só a QV dos pacientes, mas também a eficácia dos tratamentos aos
quais os indivíduos eram submetidos.
Gill, Feinstein (1994) selecionaram 25 artigos que utilizaram protocolos que
avaliam a QV de indivíduos, concluindo que a QV é uma percepção única e pessoal
sobre o estado de saúde e/ou sobre os aspectos não médicos. Por este motivo,
recomendam que nos estudos de QV seja dada ao paciente a possibilidade de
incluir itens suplementares aos já definidos para o instrumento, como forma de
evoluir na eficiência dessas avaliações.
21

Jacobson, Johnson, Grywalski, Silbergleit, Jacobson, Benninger, Newman


(1997), com o objetivo de desenvolverem um inventário psicométrico de
desvantagem vocal, elaboraram um questionário com 30 itens, distribuídos em três
diferentes domínios de acordo com os aspectos do transtorno vocal: funcional,
emocional e físico que recebeu o nome de Voice Handicap Index – VHI (Índice de
Desvantagem Vocal). Destacam que o VHI é importante para o desenvolvimento da
consciência educacional, podendo ser aplicado em diversas situações da clínica
fonoaudiológica, bem como na avaliação da percepção do impacto da alteração
vocal nas atividades de vida diária ou na verificação da eficácia de técnicas
específicas de terapia ou de outros tipos de tratamento.
Benninger, Ahuja, Gardner, Grywalski (1998) avaliaram um protocolo de
medida específico para pacientes com transtornos vocais e outro para medida
padrão de QV, comparando o grau de desvantagem global entre pacientes
disfônicos e pacientes com outras doenças crônicas. Neste estudo, 260 pacientes
adultos com alteração vocal responderam a um questionário de QV geral, o Short-
form Health Survey (SF-36), e um instrumento específico de voz, o VHI, antes de
receber qualquer tratamento. Os autores concluíram que os transtornos vocais têm
um impacto substancial na QV dos pacientes quando comparados a pacientes com
outras doenças crônicas, particularmente nas áreas do funcionamento social e
habilidade para realizar tarefas diárias e que esses questionários servem para
favorecer o entendimento do impacto dos transtornos vocais na QV do paciente e
auxiliar no direcionamento do tratamento.
Benninger, Sataloff (1999) ressaltam que a saúde é um conceito
multidimensional e que a variabilidade nos parâmetros físico, mental ou social,
depende de vários fatores, porém, não são suficientes para compreender as
conseqüências de uma alteração vocal e funcional na vida do indivíduo.
Hogikyan, Sethuraman (1999) aplicaram o questionário V-RQOL em 109
pacientes com queixa de voz e em 22 pacientes com queixa de envelhecimento
facial, com o objetivo de validá-lo. Todos os pacientes se auto-avaliaram de acordo
com a escala de cinco categorias: excelente, muito boa, boa, razoável e ruim.
Observaram que os indivíduos que avaliaram suas vozes como ruim ou razoável
obtiveram escore de 51,3% para o funcionamento físico, 55,8% para o sócio-
emocional, com escore total de 53,1%. O instrumento V-RQOL também diferenciou
22

corretamente os grupos com e sem problemas de voz, sendo que o grupo com
problemas apresentou escores muito mais baixos. Os autores concluíram que o
questionário de QV relacionado à voz é um instrumento clínico específico para
transtornos vocais a ser utilizado por pacientes disfônicos com o objetivo de avaliar
sua condição vocal e verificar a evolução do tratamento.
Cariola (1999), ao estudar o impacto de uma eventual perda da voz na vida
diária de indivíduos normais, por meio de um questionário com perguntas fechadas,
obteve o seguinte resultado: 60,77% dos indivíduos consideraram o sentido da visão
como a incapacitação mais prejudicial em suas vidas. Somente 7,69% consideraram
a hipótese de afonia ser a pior incapacitação. Alguns sentimentos foram
relacionados com uma eventual perda de voz. A tristeza apareceu em 86,15%, a
depressão em 74,61%, a irritação em 73,85% e a tensão no relacionamento familiar
e com amigos em 55,37%. Assim, concluiu que a voz não foi considerada nesta
pesquisa uma função importante.
Darghan (2000) realizou um estudo sobre o impacto de uma eventual perda
de voz em indivíduos com disfonia. O trabalho foi realizado por meio de um
questionário com perguntas relacionadas aos efeitos das deficiências físicas, visuais,
auditivas e de comunicação relacionadas à vida diária dos sujeitos. Nesta encontrou
que a impossibilidade mais prejudicial para a sua vida seria a perda da visão, com
41,56%, apenas 25,87% consideraram a afonia mais prejudicial e estas situações
estão ligadas a atividades exercidas no trabalho/escola. Em relação aos sentimentos
vividos relacionados a uma possível afonia, a depressão aparece em 12,99% e o
isolamento social em 11,69%. Concluiu-se que para o disfônico, por ter maior
percepção em relação à voz, a importância desta na sua vida é maior do que a
observada em pacientes sem alterações vocais.
Rosen, Murry, Zinn, Zullo, Sonbolian (2000) observaram que a idade do
indivíduo, ocupação, demanda vocal e duração do problema de voz podem interferir
no resultado do VHI e na percepção do examinado diante de sua desvantagem
vocal.
Ma, Yiu (2001) elaboraram o protocolo Voice Activity and Participation Profile
(VAPP) pelo fato de não haver nenhuma ferramenta de avaliação que abordasse a
diferença entre a limitação do problema vocal de um indivíduo e sua disposição em
participar de atividades diárias. Segundo os autores, no que diz respeito à avaliação
23

das disfonias, o conceito de limitação de atividades refere-se à diminuição nas


atividades vocais imposta pelo disfonia, enquanto a restrição na participação pode
ser interpretada como uma redução ou abstenção das atividades vocais pelo próprio
indivíduo.
24

3. OBJETIVOS

3.1 - Geral

Estudar os parâmetros vocais perceptivo-auditivos e acústicos de mulheres


adultas com e sem função ovariana, estabelecendo a QV relacionada à voz.

3.2 – Específicos

Identificar nas mulheres com e sem função ovariana:


− As características perceptivo-auditivas das vozes por meio da escala
GRBASI;
− Identificar o tempo máximo fonatório (TMF);
− Identificar as características acústicas das vozes;
− Caracterizar a QV relacionada à voz;
− Identificar a relação entre QV relacionada à voz e qualidade vocal.
25

4. METODOLOGIA

4.1 – Tipo de Estudo, Local e Período

Estudo transversal, descritivo e analítico realizado na Associação de Pais e


Amigos dos Excepcionais (APAE) no município de São Luís, no período de setembro
de 2009 a março de 2010.
A coleta de dados teve início após a aprovação com o parecer
consubstanciado nº 162/2008 (Anexo A) pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
Hospital Universitário da UFMA.

4.2 - Caracterização da Amostra

Foram avaliadas no total de 122 mulheres, das quais 16 mulheres foram


excluídas por se enquadrarem nos critérios de não-inclusão. Para este estudo, foram
selecionadas 106 mulheres usuárias ou acompanhantes de pacientes dos
ambulatórios de pediatria e/ou ortopedia da APAE de São Luís. A amostra foi
dividida em dois grupos. O grupo G1, com 43 mulheres (≥ 18 e ≤ 45 anos de idade)
com função ovariana regular e o grupo G2, constituído de 63 mulheres (> 45 anos)
sem função ovariana.
Não foram selecionadas mulheres com diagnóstico prévio ou suspeita de:
doença neurológica; síndromes neurológicas ou crânio-facial; lesão laríngea;
endocrinopatia; com história cirúrgica de histerectomia total com anexectomia
bilateral, salpingectomia uni ou bilateral, ooforoplastia e/ou ooforectomia uni ou
bilateral, que utilizem a voz como instrumento de trabalho (jornalistas, cantores,
professores, locutores, dentre outros); que estejam em tratamento vocal ou
quaisquer situações de treinamento vocal quer seja com fonoaudiólogo, professor de
canto ou preparador vocal; e fumantes.

4.3 Registro das Vozes

Antes do início da gravação das vozes, todas as mulheres foram orientadas


quanto ao processo de registro vocal, realizando-se um treinamento prévio, evitando
26

assim, possíveis influências psicológicas, e, por conseguinte, alterações vocais


inexistentes. Durante o treinamento, foi solicitado que cada indivíduo emitisse a
vogal sustentada “a” e os fonemas /s/ e /z/ em níveis de altura e intensidade
habituais.
As amostras de voz utilizadas para análise nesta pesquisa foram gravadas
diretamente em um computador portátil (Pentium M, 1.7GHz, 512 MB), através do
software VoxMetria 2.7h (CTS Informática, Paraná, Brasil) no módulo “qualidade de
voz” e “análise de voz”, utilizando-se microfone unidirecional com resposta linear,
sem condensador (Audio 50, Plantronics Inc., Califórnia, EUA), em sala silente não
tratada acusticamente. Utilizaram-se como amostras vocais os seguintes testes:
− Emissão sustentada da vogal “a”, a qual, por ser oral, central, aberta e por
sua natureza articulatória, torna evidentes as mínimas alterações no equilíbrio
mioelástico da laringe, evidenciando as desordens da voz (BEHLAU E
PONTES, 1995);
− Emissão sustentada dos fonemas /s/ e /z/.
Após o registro das vozes, cada participante foi orientada a prestar a
informação de como classifica a sua voz, tendo como base uma lista de adjetivos
que, lhes foi apresentada, a saber: confortável, agradável, clara, grossa, nasal,
rouca, fina, forte, fraca, tensa e outros. Cabe ressaltar que as participantes puderam
escolher mais de uma opção da lista.

4.4 Variáveis

Foram avaliadas o registro das vozes, mensuração de QV relacionada à voz,


auto-classificação das vozes, análise perceptivo-auditiva, tempos máximos
fonatórios, análise acústica.

4.4.1 Mensuração de QV relacionada à voz (QVV)

Todos os participantes foram solicitados a responder ao questionário (Anexo


B) QVV elaborado por Hogikyan, Sethuraman (1999) e traduzido e adaptado para a
língua portuguesa por Behlau (2001), que tem o objetivo de medir a QV relacionada
à voz.
27

Possui 10 itens contemplando 2 domínios, sócio-emocional e físico, no qual


serão orientados a atribuir escores de 1 a 5 em ordem crescente de severidade a
questão levantada. Nessa escala, o número 1 corresponde a “nunca acontece e não
é um problema", o número 2 a "acontece pouco e raramente é um problema", o
número 3 a "acontece às vezes e é um problema moderado", o número 4 a
"acontece muito e quase sempre é um problema" e o número 5 "acontece sempre e
realmente é um problema ruim".
Os escores foram calculados conforme a descrição original do protocolo
(HOGIKYAN, SETHURAMAN, 1999) e fórmula abaixo:

100 – (escore bruto – nº itens no domínio ou total) X 100


maior escore bruto possível – nº de itens

Além disso, os autores responsáveis pela elaboração do protocolo atestam


que quanto maior for à pontuação, melhor será a QV. Dessa forma, para auxiliar o
entendimento dos resultados do QVV, sugerimos neste trabalho uma categorização
de graus de impacto. Os escores do QVV foram categorizados de acordo com os
seguintes intervalos: de 0 – 49 pontos (impacto severo), 50 – 69 pontos (impacto
moderado), 70 – 89 pontos (impacto discreto) e de 90 – 100 pontos (sem impacto).

4.4.2 Análise Perceptivo-Auditiva das Vozes

Após o registro das vozes, realizou-se a avaliação perceptivo-auditiva, através


da escala de avaliação da fonte glótica GRBASI (DEJONCKERE et al., 1996).
A escala GRBASI é um método simples de avaliação do grau global da
disfonia (G) pela identificação da contribuição de quatro fatores independentes, a
saber: rugosidade (R, roughness2), soprosidade (B, breathiness), astenia (A, asteny),
tensão (S, strain) e instabilidade (I, instability), considerados os mais importantes na
definição de uma desordem vocal. Para a marcação desta escala, utiliza-se uma

2
O fator “R”, roughness, engloba o conceito de rouquidão, crepitação, bitonalidade e também
aspereza. (Behlau, 2001)
28

pontuação que varia de zero a três, onde “0” significa ausência de sintomatologia e
“3” presença da desordem em grau severo (BEHLAU, 2001).
A análise perceptivo-auditiva foi realizada por outros três examinadores
especialistas e com experiência de pelo menos 5 (cinco) anos na área de voz. Os
examinadores convidados a participarem da pesquisa ouviram as amostras de voz
três vezes, em ordem aleatória, não recebendo qualquer tipo de informação quanto
à faixa etária, grupo em que estavam inseridas ou presença de modificações ou
desordens vocais dos sujeitos pesquisados. Esta análise foi realizada na mesma
sala de registro. Os examinadores avaliaram simultaneamente as mesmas amostras.

4.4.3 Determinação dos Tempos Máximos de Fonação (TMF)

Os TMF foram determinados a partir da emissão sustentada dos fonemas /s/ e


/z/ e da vogal “a”.
Os participantes foram solicitados a emitir os sons continuamente e os tempos
de emissão serão medidos com cronômetro (Stopwatch C510Y, Oregon Scientific,
Portland, EUA), em três diferentes momentos da avaliação, sendo considerado para
a análise final o valor médio das três medidas.

4.4.4 Análise Acústica das Vozes

As mesmas amostras de voz foram utilizadas para a realização da análise


acústica da voz com o mesmo software, nos módulos “análise de voz” e “qualidade
de voz”. Os parâmetros considerados nesta análise foram:
− F0méd (freqüência fundamental média, em Hz);
− F0moda (moda da freqüência fundamental, em Hz)
− F0mín (freqüência fundamental mínima, em Hz);
− F0máx (freqüência fundamental máxima, em Hz);
− Var. F0 (variação da freqüência fundamental, em Hz e em semitons)
− GNE (glottal to noise excitation ratio – ruído glótico).
Todos estes parâmetros foram calculados automaticamente pelo software, no
menu “análise” de ambos os módulos.
4.5 Análise Estatística
29

Foi realizada uma análise descritiva univariada classificadas da seguinte


forma:
a) Variável qualitativa ordinal: análise dos parâmetros GRBASI e QVV;
b) Variável qualitativa nominal: auto-classificação das vozes;
c) Variável quantitativa discreta: TMF, F0méd, F0moda, F0mín, F0máx, Var. F0 e GNE.
30

5. RESULTADOS

A idade média das mulheres foi de 29,1±8,5 para o G1 e de 67,6±6,3 anos


para o G2. Em relação à presença de queixas vocais, as mulheres do G2
apresentaram uma frequência maior (37,5%) de queixas vocais que o G1 (22,2%).
(Tabela 1)

Tabela 1 – Distribuição dos valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo da idade e

presença de queixa vocal dos grupos avaliados.

Queixa vocal
Grupo Idade média ± DP (anos) mín-máx (anos)
sim Não

G1 29,1 ± 8,5 19,1 - 44,9 22,2% 77,8%

G2 64,3 ± 9,4 49,5 - 82,8 37,5% 62,5%

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; DP:desvio padrão;
mín:mínimo; max: máximo

Quanto a percepção auditiva de suas vozes, houve maior freqüência da


resposta agradável (28,6%) seguida de fina (19,0%) no grupo G1, já no grupo G2 a
maior freqüência agradável (37,2%) e rouca (20,9%). (Tabela 2)

Tabela 2 – Distribuição da percepção das mulheres dos grupos avaliados quanto à

classificação das suas vozes.

Grupo confortável agradável clara grossa nasal rouca fina forte fraca tensa

G1 19,0% 28,6% 11,1% 6,3% 6,3% 12,7% 19,0% 17,5% 14,3% 6,3%

G2 14,0% 37,2% 9,3% 11,6% 2,3% 20,9% 14,0% 11,6% 11,6% 4,7%

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana

Em relação ao tempo máximo de fonação (TMF) os dois grupos foram


semelhantes quanto à vogal “a” sustentada (G1=13,67 e G2=13,94). No entanto,
31

quanto à emissão sustentada das consoantes /s/ e /z/ e a relação s/z, observou-se
que o G2 obteve valores inferiores quando comparados ao G1. (Tabela 3)

Tabela 3 – Distribuição dos tempos máximos fonatórios e relação s/z dos grupos avaliados.

/a/ /s/ /z/ s/z


Grupo
média mín max média mín máx média mín máx média mín Max

G1 13,67 6,39 26,12 11,52 4,70 23,12 11,18 4,25 20,30 1,04 0,64 1,77

G2 13,94 6,15 24,98 8,91 2,47 19,82 9,88 2,02 18,85 0,95 0,38 4,30

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; mín:mínimo; max: máximo

A Tabela 4, expressa que para freqüência fundamental média (Hz) foi


encontrado valor de 202,48 Hz para o G1 e de 185,07 Hz para o G2. Essa variação
de freqüência foi de 24,39 Hz (equivalente a 2 semitons) para o G1 e de 35,70 Hz
(equivalente a 4 semitons) para G2. Em relação à GNE, o G1 apresentou uma
proporção média de 0,83, enquanto o G2 apresentou a proporção de 0,74.

Tabela 4 – Distribuição dos valores médios, mínimo e máximo das variáveis de freqüência
fundamental (F0) e da GNE dos grupos avaliados.

F0 med F0 mod F0 Dp F0 min F0 max Var. F0 Var. F0


Grupo GNE
(hz) (hz) (hz) (hz) (hz) (hz) (St)

X 202,48 202,67 3,02 191,48 214,00 24,39 2 0,83

G1 Min 155,99 157,15 1,29 126,02 175,35 8,59 1 0,20

Max 248,49 255,04 55,79 241,64 277,29 151,27 14 0,99

X 185,07 185,13 4,46 163,13 201,02 35,70 4 0,74

G2 Min 121,02 121,06 0,56 120,46 122,41 1,95 0 0,19

Max 215,73 217,87 12,17 201,15 316,16 168,98 13 0,95

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; mín:mínimo; max: máximo;
med: média; mod: moda; Dp: desvio padrão; hz:hertz; st:semitons; GNE: ruído glótico.
32

Na avaliação perceptivo-auditiva (Tabela 5) realizada por meio da escala


GRBASI, encontrou-se a moda de grau discreto da característica rugosidade (R=1),
tensão (S=1) e instabilidade (I=1) em ambos os grupos, no entanto, no grau de
disfonia (G), o grupo G1 não apresentou impacto (G=0) e o G2 apresentou grau
discreto (G=1).

Tabela 5 – Distribuição da moda das características perceptivos da avaliação


GRBASI dos grupos avaliados.

Grupo G R B A S I

G1 0 1 0 0 1 1

G2 1 1 0 0 1 1

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; G:grau de


disfonia; R:rugosidade (rouquidão e aspereza); B:soprosidade; A:astenia; S:tensão;
I:instabilidade.

Os resultados do QVV (Tabela 6) revelaram que os grupos avaliados, não


apresentaram impacto nos domínios sócio-emocional e físico e no escore total.

Tabela 6 – Distribuição dos valores médios dos domínios sócio-emocional, físico e escore
total do QVV dos grupos avaliados.

Grupo Domínio sócio-emocional Domínio Físico Escore Total

G1 99,4 97,0 96,3

G2 99,1 95,1 94,1

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana

Quanto aos itens do protocolo de QV relacionada à voz, observou-se que para


ambos os grupos a resposta mais freqüente foi a pontuação I “nunca acontece e não
é um problema”. Entretanto, no item 2 (O ar acaba rápido e preciso respirar muitas
vezes enquanto eu falo), 19% do G1 e 16% do G2 responderam a pontuação II
"acontece pouco e raramente é um problema".
33

Tabela 7 – Distribuição das respostas (em %) dos itens do QVV de acordo com os grupos
avaliados.
Legenda das Respostas
Item
I II III IV V
G1 G2 G1 G2 G1 G2 G1 G2 G1 G2
1 78% 83,5 6,5% 0% 12,5% 9,5% 1,5% 0% 1,5% 7%
2 75% 65% 19% 16% 6% 9,5% 0% 0% 0% 9,5%
3 89,5% 83,5% 6% 9,5% 4,5% 7% 0% 0% 0% 0%
4 95,4% 85,5% 3% 7% 0% 5% 1,5% 0% 0% 2,5%
5 98,5% 95% 0% 2,5% 1,5% 2,5% 0% 0% 0% 0%
6 98,5% 92,5% 1,5% 2,5% 0% 5% 0% 0% 0% 0%
7 95,5% 95% 3% 0% 0% 5% 0% 0% 1,5% 0%
8 100% 100% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0% 0%
9 89,5% 81% 6% 7% 1,5% 9,5% 3% 0% 0% 2,5%

10 95,5% 97,5% 0% 0% 1,5% 2,5% 1,5% 0% 1,5% 0%


I:“nunca acontece e não é um problema"; II:"acontece pouco e raramente é um problema";
III:“acontece às vezes e é um problema moderado"; IV:"acontece muito e quase sempre é um
problema"; V:"acontece sempre e realmente é um problema ruim"
34

6. CONCLUSÃO

Neste estudo observou-se que o grupo de mulheres adultas sem função


ovariana apresentou valores menores nos parâmetros perceptivo-auditivos e
acústicos em comparação ao grupo de mulheres adultas com função ovariana, o que
pode sugerir que a alteração fisiológica da função hormonal das mulheres, pode ser
um “divisor de águas” no processo de envelhecimento em relação à voz e no
estabelecimento de modificações vocais, ditos presbifônicos.
Mesmo a presença de uma diferença entre os dois grupos quanto aos
parâmetros citados acima, os resultados mais robustos encontrados foram quanto à
freqüência fundamental e suas variáveis, quando houve um decréscimo de 17,41
Hz, tornando uma voz mais grave, o que justificaria um impacto maior na auto-
classificação das vozes do G2 como rouca.
Ainda, apesar das diferenças entre os dois grupos em relação aos parâmetros
perceptivo-auditivos e acústicos, não foi observado relação direta entre as mudanças
vocais decorrentes da alteração hormonal fisiológica e o impacto na QV relacionada
à voz.
Como a voz é multidimensional, a percepção auditiva é única/particular e os
resultados encontrados foram discretos, pode ser que o grau de mudanças vocais
pode interferir na percepção da sua QV relacionada à voz ou não causar impacto na
QV relacionada à voz.
Os resultados deste estudo demonstram para a sociedade científica
informações importantes sobre a relação entre mudanças vocais X mudanças
fisiológicas hormonais de mulheres decorrentes do processo de envelhecimento.
Assim, espera-se que os resultados encontrados nesta pesquisa possam ser
utilizados como uma alternativa de parâmetros de avaliação vocal para mulheres
adultas.
Sugere-se então, que outros trabalhos sejam realizados considerando-se a
menopausa como provável fator causal nas modificações vocais e laríngeas de
mulheres em diferentes faixas etárias.
35

REFERÊNCIAS
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39

ANEXO A – PARECER DE APROVAÇÃO (Nº 162/2008) PELO COMITÊ DE ÉTICA


EM PESQUISA (CEP) DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO MARANHÃO
40

ANEXO B – PROTOCOLO DE QV RELACIONADA À VOZ (QVV).

MENSURAÇÃO DE QV E VOZ (QVV)

Para responder ao questionário, considere tanto a severidade do


problema, como sua freqüência de aparecimento, avaliando cada item abaixo de
acordo com a escala apresentada:
1 = nunca acontece e não é um problema;
2 = acontece pouco e raramente é um problema;
3 = acontece as vezes e é um problema moderado;
4 = acontece muito e quase sempre é um problema;
5 = acontece sempre e realmente é um problema ruim;
Por causa da minha voz Isto é um problema que...
Tenho dificuldade em falar forte (alto) ou ser
ouvido em ambiente ruidoso? 1 2 3 4 5
O ar acaba rápido e preciso respirar muitas
vezes enquanto falo 1 2 3 4 5
Não sei como a voz vai sair quando começo a
falar? 1 2 3 4 5
Fico ansioso ou frustrado (por causa) da
minha voz? 1 2 3 4 5
Fico deprimido por causa da minha voz? 1 2 3 4 5
Tenho dificuldades ao telefone por causa da
minha voz? 1 2 3 4 5
Tenho problemas no meu trabalho ou para
desenvolver minha profissão (por causa da
minha voz)? 1 2 3 4 5
Evito sair socialmente por causa da minha
voz? 1 2 3 4 5
Tenho que repetir o que falo para ser
compreendido? 1 2 3 4 5
Tenho me tornado menos expansivo por causa
da minha voz? 1 2 3 4 5

Apêndices
41

7. PRIMEIRO ARTIGO CIENTÍFICO

7.1 Classificação do Qualis do Periódico na área de Medicina II:

ISSN Título Estrato Área de Avaliação

1413-8123 Ciência e Saúde Coletiva (Impresso) B3 MEDICINA II

7.2 Normas Editoriais:

Ciência & Saúde Coletiva publica debates, análises e resultados de


investigações sobre um tema específico considerado relevante para a saúde
coletiva; e artigos de discussão e análise do estado da arte da área e das subáreas,
mesmo que não versem sobre o assunto do tema central. A revista, de periodicidade
bimestral, tem como propósitos enfrentar os desafios, buscar a consolidação e
promover uma permanente atualização das tendências de pensamento e das
práticas na saúde coletiva, em diálogo com a agenda contemporânea da Ciência &
Tecnologia.
A revista C&SC adota as "Normas para apresentação de artigos
propostos para publicação em revistas médicas", da Comissão Internacional de
Editores de Revistas Médicas, cuja versão para o português encontra-se publicada
na Rev Port Clin Geral 1997, 14:159-174. O documento está disponível em vários
sítios na World Wide Web, como por exemplo, www.icmje.org ou
www.apmcg.pt/document/71479/450062.pdf. Recomenda-se aos autores a sua
leitura atenta.

Seções da publicação

Editorial: responsabilidade do(s) editor(es). Este texto deve ter, no máximo, 3.500
caracteres.
Debate: encomendado pelos editores, trata-se de artigo teórico pertinente ao tema
central da revista, que receberá críticas/comentários assinados de até seis
especialistas, também convidados, e terá uma réplica do autor principal. O artigo
deve ter, no máximo, 40.000 caracteres; os textos dos debatedores e a réplica,
máximo de 10.000 caracteres cada um.
42

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de pesquisa não deverão ultrapassar os 40.000 caracteres; os de revisão, 50.000
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para pesquisas, análises e avaliações de tendências teórico-metodológicas e
conceituais da área ou das subáreas. Os números máximos de caracteres são os
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Opinião: texto que expresse posição qualificada de um ou vários autores ou
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43

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não devem estar organizados com numeração progressiva, mas com recursos
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Chamamos a atenção para a importância da clareza e objetividade na redação do
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Autoria
44

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autor na elaboração do artigo (ex. LM Fernandes trabalhou na concepção e na
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Nomenclaturas
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3. O agradecimento ao apoio técnico deve estar em parágrafo diferente daqueles a
outros tipos de contribuição.

Referências
1. As referências devem ser numeradas de forma consecutiva de acordo com a
ordem em que forem sendo citadas no texto. No caso de as referências serem de
mais de dois autores, no corpo do texto deve ser citado apenas o nome do
primeiro autor seguido da expressão et al.
2. Devem ser identificadas por números arábicos sobrescritos, conforme exemplos
abaixo:
ex. 1: ... Outro indicador analisado foi o de !maturidade do PSF" 11 ...
ex. 2: ... Como alerta Maria Adélia de Souza 4, a cidade...
46

As referências citadas somente nos quadros e figuras devem ser numeradas a partir
do número da última referência citada no texto.
3. As referências citadas devem ser listadas ao final do artigo, em ordem numérica,
seguindo as normas gerais dos Requisitos uniformes para manuscritos
apresentados a periódicos biomédicos (http://www.icmje.org).
4. Os nomes das revistas devem ser abreviados de acordo com o estilo usado no
Index Medicus (http://www.nlm.nih.gov/).
5. O nome de pessoa, cidades e países devem ser citados na língua original da
publicação.

Exemplos de como citar referências

Artigos em periódicos
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Pelegrini MLM, Castro JD, Drachler ML. Eqüidade na alocação de recursos para a
saúde: a experiência no Rio Grande do Sul, Brasil. Rev C S Col 2005; 10(2):275-
86.
Maximiano AA, Fernandes RO, Nunes FP, Assis MP, Matos RV, Barbosa CGS, et al.
Utilização de drogas veterinárias, agrotóxicos e afins em ambientes hídricos:
demandas, regulamentação e considerações sobre riscos à saúde humana e
ambiental. Rev C S Col 2005; 10(2):483-91.
2. Instituição como autor
The Cardiac Society of Australia and New Zealand. Clinical exercise stress testing.
Safety and performance guidelines. Med J Aust 1996; 164:282-4
3. Sem indicação de autoria
Cancer in South Africa [editorial]. S Afr Med J 1994; 84:15.
4. Número com suplemento
Duarte MFS. Maturação física: uma revisão de lilteratura, com especial atenção à
criança brasileira. Cad Saúde Pública 1993; 9(Supl 1):71-84.
5. Indicação do tipo de texto, se necessário
Enzensberger W, Fischer PA. Metronome in Parkinson's disease [carta]. Lancet
1996; 347:1337.
47

Livros e outras monografias


6. Indivíduo como autor
Cecchetto FR. Violência, cultura e poder. Rio de Janeiro: FGV; 2004.
Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 8ª ed. São
Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco; 2004.
7. Organizador ou compilador como autor
Bosi MLM, Mercado FJ, organizadores. Pesquisa qualitativa de serviços de saúde.
Petrópolis: Vozes; 2004.
8. Instituição como autor
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Controle de plantas aquáticas por meio de agrotóxicos e afins. Brasília:
DILIQ/Ibama; 2001.
9. Capítulo de livro
Sarcinelli PN. A exposição de crianças e adolescentes a agrotóxicos. In: Peres F,
Moreira JC, organizadores. É veneno ou é remédio. Agrotóxicos, saúde e
ambiente. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2003. p. 43-58.
10. Resumo em Anais de congressos
Kimura J, Shibasaki H, organizadores. Recent advances in clinical neurophysiology.
Proceedings of the 10th International Congress of EMG and Clinical
Neurophysiology; 1995 Oct 15-19; Kyoto, Japan. Amsterdam: Elsevier; 1996.
11. Trabalhos completos publicados em eventos científicos
Coates V, Correa MM. Características de 462 adolescentes grávidas em São Paulo.
In: Anais do V Congresso Brasileiro de adolescência; 1993; Belo Horizonte. p.
581-2.
12. Dissertação e tese
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2001 [tese]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública; 2002.
Gomes WA. Adolescência, desenvolvimento puberal e sexualidade: nível de
informação de adolescentes e professores das escolas municipais de Feira de
Santana - BA [dissertação]. Feira de Santana (BA): Universidade Estadual de
Feira de Santana; 2001.
48

Outros trabalhos publicados


13. Artigo de jornal
Novas técnicas de reprodução assistida possibilitam a maternidade após os 40 anos.
Jornal do Brasil 2004 Jan 31; p. 12
Lee G. Hospitalizations tied to ozone pollution: study estimates 50,000 admissions
annually. The Washington Post 1996 Jun 21; Sect. A:3 (col. 5).
14. Material audiovisual
HIV+/AIDS: the facts and the future [videocassette]. St. Louis (MO): Mosby-Year
Book; 1995.
15. Documentos legais
Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União
1990; 19 set.

Material no prelo ou não publicado


Leshner AI. Molecular mechanisms of cocaine addiction. N Engl J Med. In press
1996.
Cronemberg S, Santos DVV, Ramos LFF, Oliveira ACM, Maestrini HA, Calixto N.
Trabeculectomia com mitomicina C em pacientes com glaucoma congênito
refratário. Arq Bras Oftalmol. No prelo 2004.

Material eletrônico
16. Artigo em formato eletrônico
Morse SS. Factors in the emergence of infectious diseases. Emerg Infect Dis [serial
on the Internet] 1995 Jan-Mar [cited 1996 Jun 5];1(1):[about 24 p.]. Available
from: http://www.cdc.gov/ncidod/EID/eid.htm
Lucena AR, Velasco e Cruz AA, Cavalcante R. Estudo epidemiológico do tracoma
em comunidade da Chapada do Araripe - PE - Brasil. Arq Bras Oftalmol
[periódico na Internet]. 2004 Mar-Abr [acessado 2004 Jul 12];67(2): [cerca de 4
p.]. Disponível em: http://www.abonet.com.br/abo/672/197-200.pdf
17. Monografia em formato eletrônico
49

CDI, clinical dermatology illustrated [CD-ROM]. Reeves JRT, Maibach H. CMEA


Multimedia Group, producers. 2ª ed. Version 2.0. San Diego: CMEA; 1995.
18. Programa de computador
Hemodynamics III: the ups and downs of hemodynamics [computer program].
Version 2.2. Orlando (FL): Computerized Educational Systems; 1993.
50

7.3 Artigo Completo:

Alterações vocais durante o envelhecimento: uma revisão de literatura


Vocal alterations during the aging: a literature review

Pablo Rodrigo Rocha Ferraz (1); Simão Veras Bertoldo (2); Luciane Maria Oliveira
Brito (3); Eduardo Magalhães da Silva (4); Maria Bethânia da Costa Chein (5)
(1)
Fonoaudiólogo, Especialista em Voz (CEV/SP e CFFa), Professor Auxiliar da
Faculdade Santa Terezinha/CEST das disciplinas de Voz, Motricidade Oral e
Fonoaudiologia Hospitalar, Mestrando em Saúde em Materno-Infantil (UFMA).
(2)
Aluno do 8º período do curso de graduação em Fonoaudiologia da Faculdade
Santa Terezinha/CEST.
(3)
Médica, Ginecologista, Professora Associada II da UFMA das Disciplinas de
Ginecologia e Saúde Integral da mulher, Doutora em Medicina pela UFRJ.
(4)
Fonoaudiólogo, Especialista em Voz, Professor Adjunto I da Faculdade Santa
Terezinha/CEST das disciplinas de Voz, Doutor em Ciências Biológicas pela UFPE.
(5)
Médica, Ginecologista, Professora Adjunta IV da UFMA das Disciplinas de
Ginecologia e Saúde Integral da mulher, Doutora em Medicina pela UNIFESP.

Autor responsável: Pablo Rodrigo Rocha Ferraz. Endereço: Rua 85, lote 29, Edifício
Triton, Aptº 204, Bairro Vinhais, São Luís/MA. Cep: 65074-310. Telefone: (98)
88053809 / 30844323. Email: pablorrf@uol.com.br

Área: voz

Tipo: artigo de revisão de literatura

Fonte de auxílio: Capes

Conflito de interesse: inexistente


51

Resumo

Tema: Voz e envelhecimento.

Objetivo: Pesquisar na literatura aspectos relevantes sobre a influência do


envelhecimento na comunicação humana.

Métodos: Realizou-se um levantamento bibliográfico sobre o assunto nas bases de


dados eletrônicas LILACS, MEDLINE e ScIELO no período de 1997 até 2009, no
idioma inglês e português. Durante a pesquisa, utilizou-se a combinação de
palavras-chaves relacionadas ao tema: presbyphonia, aging and voice, voice and
elderly. A seleção dos estudos publicados foi realizada considerando-se a relevância
e o valor informativo do material em consonância com o objetivo desta pesquisa.

Conclusão: Ficou evidente que os documentos e artigos analisados se apóiam


apenas nas características anátomo-fisiológicas, perceptuais e acústicas da
produção vocal do idoso. No entanto, não se encontrou nenhum documento que
verse sobre como e quando envelhecemos do ponto de vista vocal e sobre a
preocupação com o impacto deste envelhecimento sobre a QV desta porção da
população.

Descritores: envelhecimento, voz, qualidade da voz.


52

Abstract

Background: Voice and aging.

Purpose: Search in the literature relevant aspects about the influence of the aging in
the human being communication.

Methods: A bibliographical survey carried out in electronic databases: LILACS,


MEDLINE and ScIELO identified English and Portuguese papers published between
1997 up to 2009. During the research, it was used combination of word-keys related
to the subject: presbyphonia, aging and voice, voice and elderly. The selection of the
published studies was carried through considering its relevance and the informative
value of the material in accordance with the aim of this research.

Conclusion: It was evident that the analyzed documents and articles only support
the anatomical, physiological, perceptual and acoustical characteristics of the vocal
production of the aged ones. However, it was not found any registers about how and
when the vocal aging begins and concerning to its impact over the quality of life of
this population.

Keywords: aging, voice, voice quality.


53

Introdução

A partir dos anos 80, o envelhecimento populacional tem-se tornado um


fenômeno que atinge grande parte do mundo1, sendo considerado universal, tanto
nos países desenvolvidos quanto em países em desenvolvimento; progressivo,
resultante da interação dos aspectos biológicos, funcionais, psicológicos e sociais; e
individual, pois tem variações intersujeitos 2, 3,4.

O envelhecimento da população e as exigências sociais tornaram a velhice


um tema privilegiado de investigação acerca de como se está compreendendo e
atendendo este processo de envelhecimento, percebido pelo significativo aumento
do número de publicações acerca deste assunto nas últimas décadas2,4,5.

Atendendo esta demanda, a atenção à saúde vocal também merece atenção,


pois pode provocar repercussões na qualidade da vida do indivíduo e, por
conseguinte, da sociedade. A voz é um fator preponderante na comunicação
humana e revela características físicas, psicológicas e sociais. Na senescência, as
mudanças vocais podem interferir negativamente na relação com os indivíduos e no
ajuste social do idoso6-9. Além disso, a configuração anatomofisiológica da laringe no
idoso diferencia-se da do adulto jovem, apresentando características que, pela ação
do tempo, justificam as modificações na sua constituição e funcionamento10. O mau
funcionamento da voz, bem como seu desequilíbrio em alguma estrutura envolvida
no processo fonatório, pode causar danos físicos, sociais, econômicos e
psicológicos, impedindo o indivíduo de se relacionar e de desenvolver seu papel na
sociedade11.

A percepção da voz ocorre desde o nascimento, e se revela no choro, riso,


grito e balbucios, tornando-se um dos meios de interação mais poderosos do
indivíduo. Considerada como um veículo de sentimentos e emoções, a voz se
modifica constantemente de acordo com a idade, saúde física e psicológica, história
pessoal de vida, condições ambientais e contexto de comunicação12.

Considerando-se a evolução ontogenética humana, observa-se que desde os


primórdios o ser humano é um ser com tendências de vida grupal, surgindo como
resultado dessa convivência, a comunicação. Quando o ser humano inicia suas
vocalizações, estas não têm um significado determinado e ao longo do tempo vão
54

sendo moldadas e adaptadas por interferência do outro e do meio, adquirindo


significado mais específico13.

Assim, é conveniente referir que a presbifonia, ou seja, o envelhecimento


vocal tanto nos homens como nas mulheres deve ser compreendida como parte do
processo de envelhecimento normal do indivíduo e não como uma desordem vocal,
embora muitas vezes seja difícil se estabelecer um limite entre o que é processo
vocal fisiológico inerente à idade e o que é uma desordem vocal estabelecida.

É nesse cenário que é importante compreender como a voz se comporta


durante o envelhecimento. Deste modo, o objetivo deste estudo foi pesquisar na
literatura aspectos relevantes sobre a influência do envelhecimento na comunicação
humana.
55

Métodos

Realizou-se um levantamento bibliográfico sobre o assunto nas bases de


dados eletrônicas LILACS, MEDLINE e ScIELO de documentos publicados nos
idiomas inglês e português no período de 1997 até 2009. Durante a pesquisa,
utilizou-se a combinação de palavras-chaves relacionadas ao tema: presbyphonia,
aging and voice, voice and elderly. A seleção dos estudos publicados foi realizada
considerando-se a relevância e o valor informativo do material em consonância com
o objetivo desta pesquisa. Foram excluídos os estudos que não avaliassem os
efeitos do envelhecimento na voz, e que associassem alterações vocais com
qualquer patologia. Além da pesquisa nas bases de dados eletrônica, incluímos
publicações literárias (livros) que julgamos imprescindíveis para tal análise.
56

Revisão de Literatura

A faixa etária que mais cresce mundialmente é a de indivíduos com 60 anos


ou mais, marco cronológico que define idoso nos países em desenvolvimento e a
partir dos 65 anos em países desenvolvidos2-5,8,14-16.

O envelhecimento é uma etapa do desenvolvimento em que o indivíduo passa


por mudanças fisiológicas, onde prevalecem a redução da capacidade de adaptação
ambiental, a diminuição da velocidade de desempenho e o aumento da
susceptibilidade a doenças13-15, o que implica numa progressiva e inevitável
incapacidade do organismo de responder a alterações no equilíbrio homeostático2-
4,8,14
.

Algumas dessas mudanças não são auto-identificadas, exceto aquelas que


são mudanças perceptíveis à visão, como a cor dos cabelos que branqueiam, o
surgimento de rugas na pele, diminuição da agilidade nos movimentos, flacidez
muscular, atrofia, distrofia, edema, déficits sensoriais e a menopausa, além da
diminuição da estatura em função da compressão vertebral, estreitamento dos
discos e cifose, redução da capacidade respiratória vital e volume expiratório,
desmielinizações, entre outras14,16,17.

Dessa forma a senescência (definição celular de envelhecimento onde as


células não sofrem substituição) é um processo progressivo e degenerativo em
diversos aspectos da saúde do indivíduo, sugerindo o enfrentamento das mudanças
físicas, sociais, econômicas e psicológicas. Nesta situação, ocorre a diminuição das
funções corporais como as mudanças vocais como a presbifonia6,18.

O desenvolvimento vocal acompanha e representa o desenvolvimento do


indivíduo, tanto do ponto de vista físico, como psicológico e social. O início da
presbifonia, seu desenvolvimento e o grau de alteração vocal dependem de cada
indivíduo, de sua saúde física e psicológica e de sua história de vida, além de
fatores constitucionais, raciais, hereditários, alimentares, sociais e ambientais,
incluindo aspectos de estilo de vida e atividades físicas19-21.

De modo geral, considera-se o período dos 25 aos 45 anos, de máxima


eficiência vocal. A partir daí, uma série de alterações estruturais na laringe ocorrem
e determinam maior ou menor impacto vocal10,20-22. A voz adulta apresenta-se após
57

a muda vocal fisiológica (ou mutação vocal fisiológica, período em que ocorrem
mudanças significativas na voz, decorrentes do crescimento corporal, mais
especificamente do desenvolvimento da laringe e trato vocal na adolescência) ao
redor dos dezoito anos de idade, na qual a frequência fundamental no gênero
masculino permanece estável até os 60 anos, enquanto no gênero feminino, verifica-
se uma redução nesse valor a partir dos 50 anos, quando se inicia a menopausa21,23.

O envelhecimento nem sempre reflete mudanças semelhantes que ocorrem


no funcionamento físico e corporal entre os idosos, ou seja, idosos em boas
condições físicas podem possuir características vocais semelhantes às de pessoas
mais jovens6. Entretanto, as vozes que indicam uma redução ou aumento na
frequência vocal, dificuldade no controle de intensidade ou variações na qualidade
vocal podem estar apresentando sinais de redução do estado físico com o advento
do envelhecimento24.

Dentre as mudanças vocais possíveis na senescência, destacam-se os


parâmentos perceptivo-auditivos e acústicos da voz:

• Altura vocal ou pitch: varia de acordo com o sexo. Mulheres podem apresentar
vozes mais agravadas e os homens mais agudizadas, o que pode dificultar a
identificação sexual realizada através da fala, já que as vozes masculina e
feminina tornam-se muito similares25, 26;
• Intensidade vocal ou loudness: geralmente apresenta-se fraca, em decorrência
da redução da capacidade pulmonar; fundamental para a projeção e volume de
fala22, 26;
• Qualidade Vocal: diz respeito à ação conjunta da laringe e do trato vocal, no qual,
modificações nestas estruturas implicam em mudanças na qualidade da voz15.
Entretanto, por ser multifuncional27, há possibilidades de variação na qualidade
vocal, caracterizadas pela presença de rouquidão, soprosidade, aspereza, voz
monótona, tremor, instabilidade vocal e/ou voz crepitante22,28-30,38-40.
• Ressonância: modifica-se conforme o sexo, sendo laringo-faríngea nas mulheres
e oral ou nasal nos homens. Acredita-se que isto se deve aos ajustes
compensatórios que o idoso realiza naturalmente ao perceber a modificação
vocal ocorrida22,31, pois com o envelhecimento, há uma tendência a um
abaixamento na posição da laringe, fato que pode contribuir para a modificação
58

da ressonância8;
• Modulação: reduzida em função da baixa extensão vocal alcançada pelos idosos,
perdendo nos extremos da escala26,32;
• Padrão respiratório: geralmente do tipo superficial, devido à redução da
capacidade pulmonar33;
• Coordenação pneumo-fonoarticulatória: tendência à incoordenação por falta de
suporte respiratório22,26;
• Tempos máximos fonatórios (TMF): reduzidos em relação ao adulto jovem que é
de 14 segundos para mulheres e 20 segundos para os homens34, exigindo uma
recarga pulmonar constante para a manutenção da inteligibilidade de fala durante
a fala espontânea35. Convém ressaltar que a função do parâmetro TMF é o de
avaliar a habilidade do indivíduo em controlar as forças aerodinâmicas da
corrente pulmonar e as forças mioelásticas da laringe26,34. Estudos mostram que
os valores médios para os idosos são de 15 segundos para os homens e 10
segundos no sexo feminino22;
• Frequência fundamental (F0): aumento nos homens e redução nas mulheres,
geralmente observados após os 60 anos e indicam o início da senescência da
voz21,23,26. A F0 é um parâmetro diretamente ligado à frequência da vibração das
pregas vocais. Os valores médios encontrados para adultos jovens podem variar
de 80 a 150Hz nas vozes masculinas e de 150 a 250Hz nas femininas34. Em um
estudo que avaliou o português brasileiro falado em São Paulo por adultos jovens
e crianças, encontrou-se valores médios de F0 de 113Hz para homens, 205Hz
para mulheres e 236Hz para crianças de 8 a 11 anos34. Comparativamente, outro
estudo28 mostrou um valor inferior da F0 (mulheres com média de 68±8Hz) com
média de 183Hz. Este resultado é indicativo de um decréscimo da F0 decorrente
do envelhecimento, caracterizado pela alteração da atividade endócrina sexual,
irregularidades na vibração das pregas vocais, incompetência glótica, atrofia das
pregas vocais e tensão laríngea, além da presença de doenças sistêmicas
relacionadas à idade e alterações histológicas percebidas nos tecidos conectivos
da laringe37.

Conclusão
59

Na busca por respostas e por literatura que embasasse cientificamente este


estudo, encontraram-se documentos e artigos que se apóiam nas características
anátomo-fisiológicas, perceptuais e acústicas da produção vocal do idoso. No
entanto, pouco foi escrito sobre como e quando envelhecemos do ponto de vista
vocal e sobre a preocupação com o impacto deste envelhecimento sobre a QV desta
porção da população.

Assim, o tema presbifonia é um vasto campo a ser explorado, pois apesar de


alguns estudos nesta área, ainda existem questionamentos como: Quando e como
envelhecemos em relação à voz? Existem marcadores ao longo da vida que nos
permitam predizer o desenvolvimento da presbifonia?

Enfim, o estudo destes e de outros aspectos sobre o envelhecimento vocal


permitirão a prevenção e/ou a redução do impacto do envelhecimento sobre voz do
indivíduo, permitindo-lhe longevidade em aspectos outros, que conjugados, refletem-
se na sua interação com a sociedade.
60

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8. SEGUNDO ARTIGO CIENTÍFICO

8.1 Classificação do Qualis do Periódico na área de Medicina I:

ISSN Título Estrato Área de Avaliação

0892-1997 Journal of Voice B1 MEDICINA I

8.2 Normas Editoriais:

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1. Sataloff RT. Professional singers: the science and art of clinical care. Am J
Otolaryngology. 1981;2: 251-266.
2. Sataloff RT, Myers DL. Cancer of the Ear and Temporal Bone. In: Gates, Ed.
Current therapy on Otolaryngology- Head & neck surgery. 3rd ed. Toronto and
Philadelphia: B.C. Decker; 1987:157-160.

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No. (NIH) 80-23, Revised 1978, Reprinted 1980, Office of Science and Health
Reports, DDR/NIH, Bethesda, MD 20205); and the World Medical Association
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publication, studies involving human research subjects ordinarily require a statement
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specified.
68

8.3 Artigo completo

Parâmetros vocais e Qualidade de Vida em mulheres adultas com e sem


função ovariana

Vocal Parameters and Voice Quality of life in adult women with and
without ovarian function
(*) (**)
Pablo Rodrigo Rocha Ferraz ; Simão Veras Bertoldo ; Luanne Gabrielle Morais
(**) (**) (***)
Costa ; Emmeliny Cristini Nogueira Serra ; Eduardo Magalhães da Silva ;
Luciane Maria Oliveira Brito (****); Maria Bethânia da Costa Chein (****)
(*)
Fonoaudiólogo, Especialista em Voz (CEV/SP e CFFa), Professor Auxiliar da
Faculdade Santa Terezinha/CEST das disciplinas de Voz, Motricidade Oral e
Fonoaudiologia Hospitalar, Mestrando em Saúde em Materno-Infantil (UFMA).
(**)
Alunos do 8º período do curso de graduação em Fonoaudiologia da Faculdade
Santa Terezinha/CEST.
(***)
Fonoaudiólogo, Especialista em Voz, Professor Adjunto I da Faculdade Santa
Terezinha/CEST das disciplinas de Voz, Doutor em Ciências Biológicas pela UFPE.
(****)
Médica, Ginecologista, Professora Adjunta IV da UFMA das Disciplinas de
Ginecologia e Saúde Integral da mulher, Doutora em Medicina pela UNIFESP.
(*****)
Médica, Ginecologista, Professora Associada II da UFMA das Disciplinas de
Ginecologia e Saúde Integral da mulher, Doutora em Medicina pela UFRJ.

Autor responsável: Pablo Rodrigo Rocha Ferraz. Endereço: Rua 85, lote 29, Edifício
Triton, Aptº 204, Bairro Vinhais, São Luís/MA. Cep: 65074-310. Telefone: (98)
88053809 / 30844323. Email: pablorrf@uol.com.br

Tipo: Artigo original


69

Resumo

Objetivo: identificar os parâmetros vocais perceptivo-auditivos e acústicos de


mulheres adultas com e sem função ovariana e o seu impacto na qualidade de vida
relacionada à voz. Material e métodos: estudo transversal, analítico realizado com
106 mulheres distribuídas em dois grupos: G1 – mulheres adultas com função
ovariana (n=43) e G2 – mulheres adultas sem função ovariana (n=63). As mulheres
foram orientadas a sustentar a emissão da vogal “a” e dos fonemas /s/ e /z/ em
níveis de altura e intensidade habituais, a prestar informação de como classifica a
sua voz e a responder o questionário QVV (Qualidade de vida relacionada à voz).
Para as amostras vocais, foi realizada a análise perceptivo-auditiva com a escala
GRBASI realizada por 3 fonoaudiólogos e a análise acústica com o software Vox
metria. Para análise dos resultados foi realizada uma análise descritiva univariada.
Resultados: Na análise perceptivo-auditiva observou-se que os dois grupos
apresentaram desvio discreto para os parâmetros rugosidade, tensão e instabilidade,
porém no parâmetro grau de disfonia (G) apenas o G2 apresentou impacto discreto.
Na F0 média, verificou-se um valor menor para o G2 com diferença de 17,41 Hz
entre os dois grupos. Não foi observado impacto na qualidade de vida relacionada à
voz em nenhum dos domínios do QVV para este grupo. Conclusão: Com a chegada
da menopausa, a voz das mulheres modifica-se, causando impacto em alguns
parâmetros vocais, no entanto, não revela impacto direto na sua qualidade de vida
relacionada à voz.

Palavras-chave: voz, menopausa, análise perceptivo-auditiva, análise acústica da

voz, qualidade de vida.

Abstract
70

Objectives: Identify the vocal parameters perceptual and acoustic adult women with
and without ovarian function and its impact on quality of life related to voice.
Methods: cross-sectional study conducted with 106 women analytical divided into
two groups: G1 - adult women with ovarian function (n = 43) and G2 - adult women
without ovarian function (n = 63). The women were instructed to sustain the issuance
of the vowel "a" and the phonemes / s / and / z / in levels of habitual pitch and
loudness, to provide information on how to classify your voice and answer the
questionnaire QVV (related quality of life the voice). For vocal samples, analysis was
performed with the perceptual scale GRBASI performed by three audiologists and
acoustic analysis software with the Voxmetry. For analysis of the results was a
descriptive univariate analysis. Results: In the perceptual analysis showed that both
groups showed a slight deviation for the parameters roughness, tension and
instability, but the parameter degree of dysphonia (G) 2 showed only slight impact. In
the F0 average, there was a lower value for the difference in G2 with 17.41 Hz
between the two groups. There was no observed impact on quality of life in any voice
in the fields of QVV for this group. Conclusions: With the arrival of menopause,
women's voices change is impacting on some voice parameters, however, shows no
direct impact on their quality of life in voice.

Keywords: voice, menopause, perceptual voice analysis, acoustic voice analysis,


quality of life.
71

INTRODUCÃO

A percepção e o desenvolvimento vocal ocorre desde o nascimento, e se


revela no choro, riso, grito e balbucios, tornando-se um dos meios de interação mais
poderosos. Considerada como um veículo de sentimentos e emoções, a voz se
modifica constantemente de acordo com a idade, saúde física e psicológica, história
pessoal de vida, condições ambientais e contexto de comunicação1.

Ao longo da vida o ser humano passa por alterações anátomo-fisiológicas,


várias delas decorrentes da ação dos hormônios sexuais. As flutuações destes
hormônios iniciada na puberdade afetam as pregas vocais e a laringe2, fazendo com
que a função fonatória mude continuamente do nascimento até a velhice, diferindo
significativamente entre os sexos, sendo considerada uma característica sexual
secundária3,4.

É certo que os estímulos endócrinos não se limitam aos períodos de muda


vocal na adolescência ou de menopausa e sim constantemente durante a vida do
ser humano, mas são nestes períodos que exercem influência direta sobre a laringe
e voz.

De modo geral, considera-se o período dos 25 aos 45 anos, de máxima


eficiência vocal, e partir daí, uma série de alterações estruturais na laringe ocorrem e
determinam maior ou menor impacto vocal5-8. Dessa forma, a voz adulta apresenta-
se após a muda vocal fisiológica (ou mutação vocal fisiológica, período em que
ocorrem mudanças significativas na voz, decorrentes do crescimento corporal, mais
especificamente do desenvolvimento da laringe e trato vocal na adolescência) ao
redor dos 18 anos de idade, na qual a frequência fundamental no gênero masculino
permanece estável até os 60 anos, enquanto no feminino, verifica-se uma redução a
partir dos 50 anos, quando se inicia a menopausa7,9.

Alguns estudos comprovam a presença de receptores de hormônios sexuais


nos tecidos da laringe e pregas vocais3,4,10-14,16, evidenciando que estes órgãos
podem ser responsivos aos hormônios esteróides sexuais. Além disso, a literatura
sugere ainda que a terapia hormonal (TH) atua beneficamente sobre a laringe16,17
prevenindo as mudanças da voz associadas à menopausa, aumentando a
longevidade vocal17.
72

Em contrapartida, na literatura encontram-se alguns estudos18-22 que não


demonstram mudanças significativas na freqüência fundamental e em outras
medidas vocais em mulheres com menopausa, nem a relação direta entre início da
TRH com melhora da voz.

Embora exista esta variabilidade de resultados, sabemos que o mau


funcionamento da voz, bem como seu desequilíbrio em alguma estrutura envolvida
no processo fonatório, pode causar danos físicos, sociais, econômicos e
psicológicos, impedindo o indivíduo de se relacionar e de desenvolver seu papel na
sociedade23-25, prejudicando assim a sua percepção da qualidade de vida.

Alguns autores afirmam que a voz é um fator preponderante na comunicação


humana, podendo revelar características físicas, psicológicas e sociais, portanto,
uma das condições de saúde que pode provocar repercussões na qualidade da vida
do indivíduo é a alteração da qualidade vocal, podendo acarretar importantes
restrições emocionais, sociais e funcionais, devido a dificuldades na comunicação
quer que seja em relacionamentos, no trabalho ou nas atividades diárias23,26-28.

Neste cenário, julga-se importante compreender como a voz se comporta com


o cessar da função ovariana e por isso, o objetivo deste estudo foi estudar os
parâmetros vocais perceptivo-auditivos e acústicos de mulheres adultas com e sem
função ovariana e o seu impacto na qualidade de vida relacionada à voz.
73

MATERIAL E MÉTODOS

Sujeitos

Estudo transversal e analítico, submetido e aprovado pelo Comitê de Ética


em Pesquisa (CEP) do Hospital Universitário da UFMA com o parecer nº 162/2008.

A amostra foi constituída por 106 mulheres adultas agrupadas em dois


grupos: G1 (n=43) constituído por mulheres com função ovariana e G2 (n=63) por
aquelas sem função ovariana, selecionadas dos ambulatórios da Associação de Pais
e Amigos dos Excepcionais (APAE), como usuários ou acompanhantes. A idade
média das mulheres foi de 29,1± 8,5 anos para o G1 (19,1 - 44,9) e de 67,6 ± 6,3
anos para o G2 (49,5 - 82,8).

Foram excluídas mulheres com diagnóstico prévio ou suspeita de: doença


neurológica; síndromes neurológicas ou crânio-facial; lesão laríngea; endocrinopatia
(exceto menopausa fisiológica); com história cirúrgica de histerectomia total com
anexectomia bilateral, salpingectomia uni ou bilateral, ooforoplastia e/ou
ooforectomia uni ou bilateral, que utilizem a voz como instrumento de trabalho
(jornalistas, cantores, professores, locutores, dentre outros); que estejam em
tratamento vocal ou quaisquer situações de treinamento vocal quer seja com
fonoaudiólogo, professor de canto ou preparador vocal; e fumantes.

Registro das vozes

As mulheres foram orientadas para que emitissem a vogal sustentada “a”


e os fonemas /s/ e /z/ em níveis de altura e intensidade habituais. As amostras de
voz utilizadas para análise nesta pesquisa foram gravadas diretamente em um
computador portátil (Pentium M, 1.7GHz, 512 MB), através do software VoxMetria
2.7h (CTS Informática, Paraná, Brasil) no módulo “qualidade de voz” e “análise de
voz”, utilizando-se microfone unidirecional com resposta linear, sem condensador
(Audio 50, Plantronics Inc., Califórnia, EUA), em sala silente não tratada
acusticamente.

Análise perceptivo-auditiva
74

Após o registro das vozes, cada mulher classificou sua voz, tendo como
base uma lista de adjetivos que lhes foi apresentada, podendo escolher mais de
uma opção da lista (confortável, agradável, clara, grossa, nasal, rouca, fina, forte,
fraca, tensa e outros). Em seguida, realizou-se a avaliação perceptivo-auditiva, com
a escala de avaliação da fonte glótica GRBASI29 por 3 fonoaudiólogos especialistas
e com experiência de pelo menos 5 anos na área de voz. Os mesmos ouviram
simultaneamente cada amostra de voz 3 vezes, em ordem aleatória, não recebendo
qualquer tipo de informação quanto à faixa etária ou grupo em que estavam
inseridas. Esta análise foi realizada na mesma sala de registro.

Tempo máximo Fonatório (TMF)

Os TMF foram determinados a partir da emissão sustentada dos fonemas


/s/ e /z/ e da vogal “a”. As mulheres foram orientadas a emitir os sons continuamente
e os tempos de emissão foram medidos com cronômetro (Stopwatch C510Y, Oregon
Scientific, Portland, EUA), em 3 momentos diferentes, sendo considerado para a
análise final o valor médio das 3 medidas.

Análise Acústica

Os parâmetros considerados nesta análise foram F0méd (freqüência


fundamental média, em Hz), F0moda (moda da freqüência fundamental, em Hz), F0min
(freqüência fundamental mínima, em Hz), F0max (freqüência fundamental máxima,
em Hz), Var. F0 (variação da freqüência fundamental, em Hz e em semitons) e GNE
(glottal to noise excitation ratio – ruído glótico). Todos estes parâmetros foram
extraídos e calculados automaticamente pelo software Vox metria, no menu “análise”
dos módulos “análise de voz” e “qualidade de voz”.

Mensuração de qualidade de vida relacionada à voz (V-RQOL)

Os participantes foram solicitados a responder o questionário Voice-


Related Quality of Life (V-RQOL) elaborado por Hogikyan e Sethuraman30 e
traduzido e adaptado para o português como Qualidade de vida relacionada à voz
(QVV) por Gasparini e Behlau31.

Além disso, os autores responsáveis pela elaboração do protocolo V-


RQOL, atestam que quanto maior for à pontuação, melhor será a qualidade de
vida30.
75

Nesta pesquisa os resultados deste instrumento de avaliação foram


categorizados em graus de impacto, adotando-se os seguintes intervalos: < 50
pontos= impacto severo; ≥ 50 e < 70 pontos: impacto moderado; ≥ 70 e < 90:
impacto discreto; ≥ 90 e ≤ 100 pontos: sem impacto.

Análise estatística

Realizou-se análise descritiva univariada classificadas da seguinte forma:

a. Variável qualitativa ordinal: análise dos parâmetros GRBASI e QVV;

b. Variável qualitativa nominal: auto-classificação das vozes;

c. Variável quantitativa discreta: TMF, F0méd, F0moda, F0mín, F0máx, Var. F0 e GNE.
76

RESULTADOS

A idade média das mulheres foi de 29,1±8,5 anos para o G1 e de 67,6 ±


6,3 anos para o G2 (tabela 1). Em relação à presença de queixas vocais, as
mulheres do G2 apresentaram uma frequência maior (37,5%) que o G1 (22,2%).

Tabela 1 – Distribuição dos valores médios, desvio padrão, mínimo e máximo da idade e presença
de queixa vocal dos grupos avaliados.

Queixa vocal
Grupo Idade média ± DP (anos) mín-máx (anos)
sim não

G1 29,1 ± 8,5 19,1 - 44,9 22,2% 77,8%

G2 64,3 ± 9,4 49,5 - 82,8 37,5% 62,5%

G1: mulheres com função ovariana; G2: mulheres sem função ovariana; DP – desvio padrão; mín
– mínimo; máx – máximo

Quanto à percepção vocal, houve uma maior frequência de resposta do


G1 para o adjetivo agradável (28,6%), confortável (19%) e fina (19%), enquanto que
no G2 as respostas mais freqüentes foram para os adjetivos: agradável (37,2%) e
rouca (20,9%). (tabela 2)

Tabela 2 – Distribuição da percepção das mulheres dos grupos avaliados quanto à classificação
das suas vozes.

Grupo confortável agradável clara grossa nasal rouca fina forte fraca tensa

G1 19,0% 28,6% 11,1% 6,3% 6,3% 12,7% 19,0% 17,5% 14,3% 6,3%

G2 14,0% 37,2% 9,3% 11,6% 2,3% 20,9% 14,0% 11,6% 11,6% 4,7%

G1: mulheres com função ovariana; G2: mulheres sem função ovariana;

Em relação ao tempo máximo de fonação (TMF) os dois grupos foram


semelhantes quanto à vogal “a” sustentada (G1=13,67 e G2=13,94). No entanto,
quanto à emissão sustentada das consoantes /s/ e /z/ e a relação s/z, observou-se
que o G2 obteve valores inferiores ao G1. (tabela 3)

Tabela 3 – Distribuição dos tempos máximos fonatórios e relação s/z dos grupos avaliados.
77

/a/ /s/ /z/ s/z


Grupo
média mín max média Mín máx média mín máx média mín Max

G1 13,67 6,39 26,12 11,52 4,70 23,12 11,18 4,25 20,30 1,04 0,64 1,77

G2 13,94 6,15 24,98 8,91 2,47 19,82 9,88 2,02 18,85 0,95 0,38 4,30

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; mín:mínimo; máx: máximo

Na Tabela 4, observa-se que para F0 média (Hz) foi encontrado valor de


202,48 Hz para o G1 e de 185,07 Hz para o G2. A variação da F0 em Hertz foi de
24,39 Hz (equivalente a 2 semitons) para o G1 e de 35,70 Hz (equivalente a 4
semitons – vide tabela) para G2. Em relação à GNE, o G1 apresentou uma
proporção média de 0,83, enquanto o G2 apresentou a proporção de 0,74.

Tabela 4 – Distribuição dos valores médios, mínimo e máximo das variáveis de freqüência
fundamental (F0) e da GNE dos grupos avaliados.
F0 med F0 mod F0 Dp F0 min F0 max Var. F0 Var. F0
Grupo GNE
(hz) (hz) (hz) (hz) (hz) (hz) (St)

Med 202,48 202,67 3,02 191,48 214,00 24,39 2 0,83

G1 Min 155,99 157,15 1,29 126,02 175,35 8,59 1 0,20

Max 248,49 255,04 55,79 241,64 277,29 151,27 14 0,99

Med 185,07 185,13 4,46 163,13 201,02 35,70 4 0,74

G2 Min 121,02 121,06 0,56 120,46 122,41 1,95 0 0,19

Max 215,73 217,87 12,17 201,15 316,16 168,98 13 0,95

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; méd:média; mín:mínimo;
máx:máximo; mod: moda; Dp:desvio padrão; Var:variação; Hz:hertz; St:semitons; GNE: ruído glótico.

Na avaliação perceptivo-auditiva (Tabela 5) realizada por meio da escala


GRBASI, foram encontradas a moda de grau discreto dos parâmetros rugosidade
(R=1), tensão (S=1) e instabilidade (I=1) em ambos os grupos, no entanto, no
parâmetro grau de disfonia (G), o G1 não apresentou impacto (G=0) e G2
apresentou grau discreto (G=1).
78

Tabela 5 – Distribuição da moda dos parâmetros perceptivos da avaliação GRBASI dos grupos
avaliados.

Grupo G R B A S I

G1 0 1 0 0 1 1

G2 1 1 0 0 1 1

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana; G:grau de disfonia;
R:rugosidade (rouquidão e aspereza); B:soprosidade; A: astenia; S:tensão; I:instabilidade.

Os resultados do QVV (Tabela 6) revelaram que os grupos avaliados, não


apresentaram impacto nos domínios sócio-emocional e físico e no escore total.

Tabela 6 – Distribuição dos valores médios dos domínios sócio-emocional, físico e escore total do
QVV dos grupos avaliados.

Grupo Domínio sócio-emocional Domínio Físico Escore Total

G1 99,4 97,0 96,3

G2 99,1 95,1 94,1

G1:mulheres com função ovariana; G2:mulheres sem função ovariana


79

DISCUSSÃO

O G2 (mulheres sem função ovariana) apresentou uma freqüência maior


(37,5%) que o apresentado pelo G1 (com função ovariana) quanto a presença de
queixas vocais (22,2%). Na literatura não se identificaram a freqüência com que
ocorre o relato de queixas vocais em mulheres menopausadas, e sim o tipo das
queixas vocais5,8,11,32-34 como voz baixa, fadiga vocal, instabilidade vocal, presença
de rouquidão, frequência fundamental baixa, dentre outras.

Quanto à auto-classificação das vozes, em ambos os grupos a maior


freqüência de respostas foi para o adjetivo “agradável”, no entanto, o segundo
adjetivo mais freqüente foi “rouca“ para o G2 e confortável para o G1. As flutuações
hormonais ao longo da vida exercem impacto direto na laringe feminina seja na
puberdade, na idade adulta, na menopausa ou pelo uso de pílulas
anticoncepcionais2. Alguns autores4,8,11,18-30,32-34, afirmam que no período da
menopausa, as modificações vocais são o resultado das modificações laríngeas,
podendo encontrar a rouquidão como uma qualidade vocal comum de mulheres
menopausadas. Além disso, este resultado nos fez questionar sobre qual a
representatividade que a voz possui na vida das mulheres. Em um estudo35 que
pesquisou os sentidos atribuídos a voz por mulheres após a menopausa, os autores
afirmaram que as alterações surgidas na voz durante o climatério, concorrem como
fatores de conflito ou de contradição na constituição da nova identidade pessoal,
concebida na pertinência social e podendo não estar relacionada diretamente ao fato
da menopausa.

Como o TMF e a relação s/z avaliam a habilidade em controlar as forças


aerodinâmicas da corrente pulmonar e as forças mioelásticas da laringe6,36,37, neste
estudo, seus valores foram menores no grupo de mulheres menopausadas. Para
vogal sustentada “a”, ambos os grupos apresentaram os valores semelhantes aos de
normalidade (G1 – 13,67 segundos e G2 – 13,94 segundos) que é de 14 segundos
para mulheres adultas brasileiras6. Embora não se tenha parâmetros normativos
para os TMF dos fonemas /s/ e /z/, observou-se que o G2 apresentou um valor
médio inferior para ambos os fonemas em comparação ao grupo das mulheres com
função ovariana, sugerindo que com o avanço da idade e a chegada da menopausa,
as forças mioelásticas e aerodinâmicas da laringe podem sofrer alteração9,11,
80

fazendo com que as mulheres percam o equilíbrio do sistema fonatório, deixando a


voz mais fraca, pressão aérea subglótica reduzida conseqüente diminuição na
intensidade vocal, evidenciado também pelos resultados da relação s/z (Tabela
3)3,12,16,18,36.

Da mesma forma, o valor do parâmetro acústico F0 média foi menor no


grupo de mulheres menopausadas (G1 - 202,48 Hz e G2 - 185,07 Hz). Este
resultado corrobora com outros estudos da literatura, que apresentam resultados
semelhantes para a F0 média de mulheres adultas com a função ovariana adequada
entre 205 e 210 Hz38-41 e de mulheres adultas com idade maior ou igual a 50 anos,
relatam valores médios menores, em torno de 186 Hz28,41, decorrente da queda dos
níveis hormonais pelo processo de envelhecimento36-38,42,43.

Em um estudo brasileiro41, que investigou parâmetros acústicos de


mulheres pós menopausa, a autora afirma que com o avanço da idade em mulheres,
ocorre uma diminuição no valor da F0, ou seja, as mulheres idosas apresentam uma
voz mais grave. No entanto, o que se percebe em seus resultados é que em todas
as faixas etárias das mulheres avaliadas não há diferença significante entre estas
(183,74 Hz para 43-49 anos, 192,36 Hz para 50-59 anos, 183,40 Hz para 60-69
anos, 184,76 Hz para 70-79 anos e 185,18 Hz para acima de 80 anos), o que talvez,
nos permita pensar que a idade não seja um fator determinante nas mudanças
vocais.

Diante destes dados e da literatura, podemos sugerir, que de forma mais


marcante que a idade cronológica, as modificações hormonais estão relacionados à
redução da F0, principalmente a menopausa, na qual modificam as estruturas, as
condições da mucosa e conseqüentemente o padrão vocal.

Os outros parâmetros acústicos como variação da F0 (em Hz e em St) e


GNE, revelaram que o grupo de mulheres menopausadas possui uma maior
instabilidade vocal caracterizada pela maior variação da F019,26,36 e
conseqüentemente o ruído glótico (GNE) maior, ou seja, maior aperiodicidade vocal
durante a emissão20,34,40,46. As modificações estruturais da laringe no período da
menopausa favorecem o aparecimento de edema,41,44,45 e conseqüentemente
modificações vocais como ruídos vocais como rouquidão, instabilidade e
agravamento da voz38. Esta relação direta entre menopausa e modificações
81

laríngeas e vocais é corroborada em estudos que analisaram esfregaços epiteliais


da laringe e da vagina em diferentes momentos do ciclo ovariano4,12 e com mulheres
com síndrome pré-menstrual41, demonstrando que as amostras celulares foram
semelhantes e que a laringe é um alvo hormonal tanto quanto a vagina.

Para muitos autores, o período da menopausa é um importante indicador


de que o organismo inicia o seu declínio fisiológico natural. Com isso, as
manifestações vocais possíveis de se observar com o avanço da idade são
classificadas como síndrome vocal da menopausa2,4 e caracterizadas por tremor
vocal, qualidade vocal rouca, soprosa ou áspera, instabilidade, fadiga vocal e
compensações inapropriadas na tentativa de produzir uma voz com qualidade vocal
melhor, capacidade respiratória e TMF reduzidos2,15,28.

Embora tenhamos encontrado um grau discreto na análise perceptivo-


auditiva nos parâmetros rugosidade, tensão e instabilidade em ambos os grupos, a
presença de disfonia só foi apontada pelos fonoaudiólogos examinadores no grupo
de mulheres menopausadas. Dessa forma, compreendemos o desequilíbrio
endócrino como causador de mudanças hormonais que influenciam a mucosa
laríngea, como modificações vocais como rouquidão2,4,36,38,49.

Neste estudo, nenhum dos grupos apresentou impacto negativo na


qualidade de vida relacionada à voz. Embora não se tenha na literatura estudos que
relacionam voz X menopausa X qualidade de vida, pesquisas que relacionam voz de
mulheres idosas X qualidade de vida mostram resultados divergentes. Alguns
estudos24,47,48 afirmam que modificações vocais fisiológicas não modificam a
percepção e nem causam impacto negativo na qualidade de vida relacionada à voz,
enquanto outros25,49 referem que existe uma relação direta entre disfonia e redução
na qualidade de vida relacionada à voz.

A OMS (Organização Mundial de Saúde), por meio de uma discussão


com especialistas de vários lugares do mundo, definiu a qualidade de vida como a
percepção dos indivíduos de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema
de valores nos quais eles vivem e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e interesses50. Embora exista esta definição, entendemos que definir QV
não é algo simples, pois se trata de uma avaliação multidimensional.
82

Embora nossos resultados quanto a QV tenham sido divergentes da


literatura, na qual afirma que a disfonia tem um impacto significante no estado de
saúde geral31,51, estudos que investigam a QV relacionada à voz de mulheres
menopausadas e idosas são muitos escassos, o que impossibilita uma definição
quanto a influência das mudanças vocais na percepção de QV. Entretanto, não
descartamos a possibilidade deste resultado ter ocorrido pela possibilidade das
mulheres serem mais críticas em relação à própria voz que os homens48 e/ou pela
dificuldade de percepção auditiva da própria voz, uma vez que as mudanças vocais
foram discretas7,24,25,52.

.
83

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo demonstraram haver diferença nos


parâmetros perceptivo-auditivos de mulheres adultas com e sem função ovariana,
caracterizado pela presença de grau discreto de disfonia, redução dos TMF das
consoantes /s/ e /z/, da F0 e de suas variáveis. Porém, questiona-se a relação entre
o grau das disfonias e o impacto na qualidade de vida relacionada à voz, uma vez
que neste estudo o grupo de mulheres menopausadas não apresentou impacto
negativo na qualidade de vida mesmo apresentando grau discreto de disfonia.

Além disso, podemos sugerir que a função hormonal seja um marcador


importante na transição da voz estável para uma voz presbifônica de mulheres
adultas.
84

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