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Profa. Dra.

Josefa Lacárcel Moreno

Atua na Universidade de
Múrcia/Espanha, desenvolvendo
trabalhos sobre Musicoterapia,
Educação Musical, com foco
também em crianças especiais.
Autora de vários livros a respeito
desses temas.
Psicologia da Música Pedagogia Musical

● Lacárcel – posiciona-se de maneira eclética - considera importante


compreender a Educação Musical como um dos princípios que sustentam a
Pedagogia Musical pela perspectiva da Psicologia da Música.

● Psicologia Musical – Foca nos elementos da música: ritmo, melodia,


harmonia e timbre – influência na cognição e nas emoções.

● Estudos do comportamento musical - indivíduo compreende dimensão


biológico, psicológico-emocional e sua inserção no meio social.
Teorias Sobre a
Psicologia da
Música
Teoria Comportamentalista
Diferentes teorias da Psicologia Musical buscam explicar o comportamento do sujeito
frente ao fenômeno musical.

● Teoria comportamentalista - evidencia a importância dos fatores externos sobre o


comportamento.
John Broadus Watson (1878 – 1958) - comportamento é uma resposta do
organismo (humano ou animal) a estímulos presentes no meio.

Burrhus Frederic Skinner (1904 – 1990) - aprendizagem é o tema central do


comportamentalismo, sendo o comportamento do indivíduo um reflexo
daquilo que aprendemos ao decorrer de toda a vida.
Condicionamento Clássico Operante

● Reação do organismo ao meio e não uma ação do organismo sobre o meio.

● Comportamentos emitidos pelo organismo que geram uma consequência.


Essas relações se dão pela estratégia e técnica de reforço e recompensa.
● Psicologia da Música - sua contribuição está relacionada à aprendizagem da
música, da leitura, escrita, musicoterapia, audição musical, composição
musical.
● Essas ações que fornecem estímulos, representam conteúdos da
aprendizagem e podem funcionar como reforço ou recompensa.
Teoria Cognitiva e do Desenvolvimento

● Teoria Cognitiva – bases piagetianas do desenvolvimento.

● Para Piaget, a maturidade representa uma condição imprescindível ao


desenvolvimento intelectual. Essa maturidade permite o advento de condutas
peculiares a cada etapa da vida.

● 1° período: sensório-motor (0 a 2 anos); 2° período: pré-operatório (2 a 7 anos);


3° período: operações concretas (7 a 11 ou 12 anos); 4° período: operações
formais (11 ou 12 em diante). O que garante a evolução nesses estágios é o
desenvolvimento neurológico – amadurecimento do sistema nervoso.
1° período: sensório-motor (0 a 2 anos)
● De fundamental importância para o desenvolvimento cognitivo - formam a base
de todos os processos cognitivos do indivíduo.

● Os primeiros esquemas do recém-nascido são esquemas reflexos: ações


espontâneas que surgem automaticamente em presença de certos estímulos.
Como o reflexo de sugar o seio da mãe.

● No transcorrer dos intercâmbios da criança com o meio ambiente logo os


esquemas reflexos vão mostrar certos desajustes, exigindo
transformações/reajustes (obtenção momentânea de um novo equilíbrio) que
possibilitam o êxito. Ex: chupar algo ou o dedo – reação diante de um objeto.

● Jogo de assimilação e acomodação, de desequilíbrios e reequilíbrios, que os


esquemas reflexos - processo de diferenciação - construção de novos esquemas
- noção de que certos comportamentos geram consequências.
2° período: pré-operatório ou Simbólico (2 a 7 anos)

● Explosão da linguagem – comunica bem ideias e emoções.

● Egocentrismo – observa os fenômenos somente pelo seu ponto de vista. Ex:


Pode fazer comentários constrangedores; contar histórias fragmentadas.

● Passagem da inteligência sensório-motora para a inteligência representativa se


realiza pela imitação - Interação social.

● Adquire gradualmente a capacidade de conservar (se mudar a forma ela não


conserva o volume, por exemplo) e descentralizar (posiciona o corpo como objeto
dentre outros do ambiente) e da reversibilidade (fazer o caminho de ida e volta ao
manipular um brinquedo ou um instrumento musical).

*Conservação - https://www.youtube.com/watch?v=v1jaxufKfeg&t=90s
3° período: operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)

● Adquire domínio da reversibilidade - ação inversa ou recíproca

● Domina conservação de comprimento, de distâncias, de quantidades


discretas e contínuas, de quantidades físicas (peso, substância, volume etc).

● Torna-se capaz de descentralizar, observando um fenômeno por diversos


ângulos. Se interessa em saber o que os outros pensam das suas ideias.

● Apresenta ainda dificuldade em lidar com conceitos abstratos e hipóteses.


4° período: operações formais (11 ou 12 em diante).

● Tanto as operações como as estruturas se desligam progressivamente do


plano da manipulação concreta. Como resultado da experiência lógico
matemática.

● O adolescente consegue agrupar representações de representações em


estruturas equilibradas e adquire um raciocínio hipotético-dedutivo -
conclusões a partir de hipóteses, sem observação e manipulação reais.

● Entende Linguagem figurada. ―Quem semeia vento, colhe tempestade.‖


Qual a importância da Teoria Cognitiva para a Psicologia da Música?

● Elaborar uma teoria musical que seja um modelo psicopedagógico que proporcione
um modelo pedagógico estimulante.
● Desenvolvimento e exercício da música de acordo com as etapas do
desenvolvimento.
● Lacárcel (2001), explica que de acordo com a teoria piagetiana, o pensamento da
criança está subordinado aos modelos do meio - as crianças aprendem pelo jogo.
● A música seria mais uma das atividades da criança. Portanto, a música pode ser
ensinada por meio de jogos e do seu exercício com outras crianças e adultos. A
aprendizagem musical dá-se também pela interação social.
1° período: sensório-motor (0 a 2 anos)
● Baby-talk, termo criado por Hanus e Mechthil Papousek, do Instituto de Psiquiatria em
Munich, Alemanha - maneira que adultos utilizam para falar com os bebês. A experiência
musical mais precoce do bebê é o Baby-talk. Essa forma de interagir estimula suas
vocalizações - prosódia pré-verbal.

● Prosódia pré-verbal - importante para a correta evolução vocal das crianças - para o sentido
da própria corporeidade, uma vez que emitem sons mais ou menos fortes e insistentes para
se comunicar e satisfazer necessidades fisiológicas.

● Segundo Lacárcel (2001) - elementos musicais não se desenvolvem como fenômenos


solitários, mas fazem parte de uma condita global e de interação social. Por um lado
relacionado às raízes biológicas e por outro às cognitivas. O bebê é capaz de expressar
entonações e desenhos envolvendo elementos musicais como entonação, intensidade e
acentuação.
2° período: pré-operatório ou Simbólico (2 a 7 anos)

● Nessa fase a criança começa a diferenciar sons e ruídos, intensidades, tons,


timbres, além de expressar corporalmente a música que ouve por meio de
movimentos dirigidos por jogos. A criança canta e expressa sua experiência
musical em pinturas e desenhos.
3° período: operações concretas (7 a 11 ou 12 anos)

● Nesse estágio a criança pode enfrentar com segurança as mais variadas situações de
aprendizagem, assimilando novos conceitos de complexidade crescente. A criança
emite sons e é capaz de captar a voz humana, criando ritmos, melodias, e
compondo suas próprias canções, improvisando com o corpo ou instrumentos.
4° período: operações formais (11 ou 12 em diante)

● A música - atividade criadora - ativa as ideias para pré-adolescentes e adolescentes


criarem livremente e ampliem o estudo da voz, dos instrumentos e do corpo.
● Cognitivistas - levam em conta essas etapas para embasarem suas teorias sobre o
comportamento musical infantil. Analisam a aquisição das habilidades musicais
desde bebê até a adolescência.
● Jerome Brumer (1915 - 2016) - criou esquema de desenvolvimento cognitivo que
focava na motivação dos estudantes - aprender por meio de suas próprias
investigações -conteúdos adequados ao desenvolvimento cognitivo.
Jerome Bruner (1915 - 2016) – 3 modos de representação: Ativa; Icônica e Simbólica

● Baseado nas teorias de Piaget, elaborou os 3 níveis do sistema de representação:


Representação ativa – a compreensão se dá pela vivência/movimento (a criança
manipula os objetos pelo contato); Representação Icônica – o pensamento se
forma pela organização visual e sensorial, imagens visuais e auditivas ou
sinestésicas (faculdade de apreender algo pelos sentidos) ; Representação
simbólica – Forma mais evoluída do desenvolvimento cognitivo - a representação
se realiza traduzindo a experiência em linguagem e esta como instrumento do
pensamento. (representação que os símbolos ou a manifestação real das ideias
estão empregadas).
Psicologia Social da Música
● Com base na Psicologia Social, necessita de apoio de outras áreas para
fundamentação – Antropologia, estatística, psicometria, estudos de massa,
psicologia cognitiva, etc.

● Analisa a influência que a música exerce nos indivíduos e nos grupos e o


efeito desses sobre a música. Considera também o estilo musical da própria
cultura que influi nos grupos e destes ao nível individual.

● Analisa a transmissão da informação musical social, suas variáveis e suas


reações psicológicas de volta para a música.
Kurt Lewin (1890 – 1947)

● Psicólogo estadunidense – objetivo de suas pesquisas era averiguar (a fim


de prevenir) como as condutas sociais afetam as pessoas – clima social,
presença de carências e bloqueios nas relações sociais e meios de
comunicação.

● Natural que ocorra na música o mesmo que acontece com valores e gostos
sociais e culturais. A exemplo dos adolescentes, cujos gostos musicais
formam parte de um tecido integral de gostos que se nota também na sua
forma de vestir, estilo de penteado, programas de TV.
Erik Homburger Erikson (1902 – 1994)

● O psicanalista e pesquisador do desenvolvimento psicossocial, norte americano


de origem judaico-alemã - argumentava que era possível mudanças pessoais e
mapeou esses estágios.

● Para Erikson, a personalidade se desenvolvia pela resolução de tensões entre


várias etapas ao longo da vida.

● Grande diferencial – Descrever os estágios também da vida adulta e o


pensamento de que a não resolução satisfatória de uma fase afetaria as fases
subsequentes - acreditava que a terapia poderia encontrar meios para superar e
compensar um estágio deficiente.
Erik Erikson: os estágios psicossociais do desenvolvimento
1. Confiança x Desconfiança: até 2 anos. Nesse estágio, o bebê interage
com seus cuidadores próximos. Desses primeiros atos de socialização surge
um sentimento de segurança que desenvolverá a confiança.

1. Autonomia x Vergonha e Dúvida: entre 2–3 anos. A fase de aquisição da


linguagem coincide com o senso de autonomia. A criança começa a entender
que é um ser social dentre outros e a aprender a manipular objetos.

1. Iniciativa x Culpa: entre 4–5 anos. Uma vez desenvolvida a autonomia, a


criança parte para a iniciativa. Aplica suas capacidades físicas e mentais
1. Diligência x Inferioridade: entre 6–11 anos. A liberação da criatividade -
Surge, então, a necessidade de controlar a imaginação - foco criativo para
processos de socialização formal, principalmente a educação.
2. Identidade x Confusão de Identidade: entre 12 – 18 anos. Adolescência
domina a demanda pela identidade. A tensão entre ser diferente e se
conformar às normas de algum grupo para ser aceito - crise de identidade.
3. Intimidade x Isolamento: entre 19—40 anos. Uma vez estabelecida a
identidade, a pessoa aproxima-se de outras conforme os valores, gostos e
interesses
4. Generatividade x Estagnação: entre 40—60 anos. A socialização adulta
resulta em uma carreira, família ou amizades duradouras - começa
atividade reflexiva de transmissão dos bastões.
5. Integridade x Desespero: entre 60 anos e resto da vida. Fase do balanço. A
pessoa madura reflete sua vida. Sua história e legado são avaliados.
Bases psicofisiológicas e psicobiológicas

● O Cérebro - órgão que analisa os dados percebidos pelos sentidos básicos -


evolução biológica durante milhões de anos, até desenvolver uma percepção
correta do mundo exterior com precisão, permitindo que o Humano seja
adaptável.

● Nível de precisão garantiu a capacidade de nos adaptarmos e de funcionarmos


nesse mundo. A exemplo, as pessoas acometidas por graves enfermidades
mentais e neurológicas não podem se adaptar nem funcionar adequadamente.

● Música é som, vibração e energia transmitidas pelas chamadas ondas sonoras


que chegam aos ouvidos e deles ao cérebro - Tudo o que vemos e ouvimos são
imagens visuais e/ou auditivas - vão depender da habilidade do cérebro para
processar as informações.
Enfoque Psicofisiológico

● ZONA BULBAR: centro das reações físicas – localização da atividade sensorial


da música. Predominância rítmica. O ritmo afeta toda a vida fisiológica, Em
Educação Musical o ritmo influi muito para ativar e mobilizar as crianças.

● O DIENCÉFALO: zona profunda do cérebro, onde se localizam as emoções –


centro de percepção da mensagem afetiva da música, que afeta a vida emocional
das pessoas – que recebe os motivos e desenhos melódicos – despertando todo
o universo interior dos sentimentos e emoções.

● CORTÉX: a atividade intelectual está localizada no nível cortical. No âmbito da


harmonia, que apresenta elementos mais complexos e demanda uma atividade
psíquica e mental mais estruturada, sua interpretação se dá no córtex.
Música
o Cérebro atua como um todo

A música influi em diferentes


componentes, no que diz
respeito às funções cerebrais.
Devido à complexidade dos
processos, a música, com
respeito às funções cerebrais, se
situam em estruturas diferentes.
HEMISFERIO ESQUERDO HEMISFERIO DIREITO

● Predominância de Análises ● Predominância de Sinteses


● Ideias ● Percepção do Espaço
● Linguagem ● Percepção das Formas
● Matemática ● Percepção da Música

Cada conduta musical mobiliza áreas concretas, porém conectadas


com outras. Por exemplo: quando uma pessoa executa uma obra
musical, atua o Hemisfério Esquerdo. A interpretação é regulada pelo
Hemisfério Direito.
A Função tanto executiva como receptiva do cérebro permite mudar condutas.

En definitiva, podríamos concluir que la música permite un equilibrio dinámico entre


las capacidades del hemisferio izquierdo y derecho. Da lugar a un aprendizaje mucho
más equilibrado y adaptado tanto al medio, como a las propias capacidades
individuales. Dentro de esta individualidad, junto a la complejidad cerebral,
consideramos a la música como uno de los elementos con mayor capacidad para la
integración neurofuncional y neuropsicológica. Tiene una compleja actividad cerebral
que contribuye a desarrollar la percepción sonora, estados de ánimo, conductas
cognitivas, perceptivo–motrices y un largo etc. La actividad se sintetiza en una
función tanto receptiva como ejecutiva del cerebro, que permite modificar conductas.

(LACÁRCEL MORENO, 2003, p. 217)


Capítulo 3 - Inteligência Emocional e conduta musical
● Psicología de la Música – considera a pessoa em sua totalidade, de maneira
holística: como corpo e mente, emoção e espírito, inserida num meio natural
e em interação com outros seres e outras pessoas.

● A Música - ajuda no desenvolvimento psíquico e emocional, proporcionando


o equilíbrio necessário para se alcançar o bem estar e a felicidade.

● Atividade musical – covocam sentimentos e emoções complexas,


controladas pelos centros emocionais do cérebro e provadas por exames de
neuro imagem e eletroencefalograma.
Interação - Psicologia Emocional e a Música Inteligencia Emocional

● Conjunto de habilidades, tais como: controle dos impulsos, entusiasmo,


perseverança, capacidade de automotivação, empatia, agilidade mental.

● É uma forma de atuar no mundo considerando os sentimentos. Esta


inteligência desenvolve e configura os traços de caráter como a
autodisciplina, a compaixão e o altruísmo. Desta maneira se obtém o melhor
rendimento possível do potencial intelectual y pessoal de cada pessoa.

● Se constrói pelo vínculo criado entre os sentimentos, o caráter e os impulsos


morais.
A Dança e o Canto também permitem forjar emoções, espírito e caráter.

● Dança: o respeito ao domínio do corpo - influência positiva comprovada na


organização das relações espaciais e na expressão - contribui para dominar
e canalizar as emoções, já que requer o controle de gestos e de expressões
faciais - indivíduos com uma personalidade frágil, podem despertar suas
energias latentes, enquanto os impulsivos, canalizam melhor suas forças.

● Voz: manifestação de sentimentos e estados de ânimo - meio de


comunicação mais rico - instrumento mais antigo, perfeito e mais acessível
que temos - primeira manifestação emocional de um recém nascido.

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