Você está na página 1de 10

A Teoria é uma ideia ou um conjunto de ideias geradas

através de um questionamento sobre um objeto de pesquisa, visa


fundamentar a prática clínica, explicar a partir de uma "lente", ou
seja, um olhar teórico.  O método científico refere-se a um
conjunto de regras básicas e  procedimentos enquanto um
"caminho" para se chegar a algum objetivo. Segundo  (BRUSCIA,
2000) um método (terapêutico) é um tipo particular de experiência
musical em que o cliente se engaja com propósitos terapêuticos,
ou seja, tem como objetivo modificar o cliente a partir da música. 
Feito essas distinções trataremos da definição da musicoterapia
segundo a federação mundial de MT (1996):
 

“ A Musicoterapia é a utilização da música e/ou seus elementos


(som, ritmo, melodia e harmonia) por um musicoterapeuta
qualificado, com um cliente ou grupo, num processo para facilitar
e promover a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização,
expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes,
no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais,
sociais e cognitivas.  A Musicoterapia objetiva desenvolver
potenciais e/ou restabelecer funções do indivíduo para que ele/ela
possa alcançar uma melhor integração intra e/ou interpessoal e,
consequentemente, uma melhor qualidade de vida, pela
prevenção, reabilitação ou tratamento. ”
 

No que diz respeito aos métodos presentes atualmente no campo


da Musicoterapia é possível destacar sete principais que articulam
a música enquanto principal elemento na tríade música, terapeuta,
cliente. Os que estão em negrito serão aprofundados nesse texto
(material de apoio).
 

1. Musicoterapia Músico Centrada (André Brandalise).


2.  Imagens Guiadas e Música (Helen Bonny) [GIM].
3. Musicoterapia Criativa (Nordoff-Robbins).
4. Musicoterapia Músico-verbal (Luiz Antônio Milleco).
5. A Vocal Psychotherapy (Diane Austin).
6. Experiências musicais de Bruscia (BRUSCIA).
 

Modelos orientados por concepções psicoterapêuticas:


Existem também outras abordagens teóricas que estão voltadas
às concepções psicoterapêuticas e que serão aprofundadas neste
tópico sendo estas Musicoterapia Analítica e Comportamental e
outras advindas do campo da psicologia, como a Psicodinâmica.
1. Musicoterapia Analítica (Mary Priestley).
2. Musicoterapia Comportamental (Clifford Madsen).
3. Método da identidade sonora de  Benenzon. (BENENZON).
 

Contexto histórico da Musicoterapia Músico Centrada


A prática clínica da musicoterapia como conhecemos
atualmente começou em meados da década de 1940 e, no início
do seu desenvolvimento, os fundamentos teóricos que
fundamentavam a prática advinham de outros campos como a
medicina e a psicologia (Garred, 2001).
No decorrer da prática clínica em Musicoterapia, houve um
momento, principalmente no início do desenvolvimento da
profissão no qual os musicoterapeutas tiveram que ajustar o que
observavam em suas práticas às teorias pré-existentes de outros
campos mas como nos sugere (BRANDALISE, 2015). Foi
fundamental para a partir dessas práticas alguns modelos de
musicoterapia surgissem.
Podemos separar para uma melhor compreensão modelos
de musicoterapia baseados em teorias externas à musicoterapia e
os advindos da música (músico centrada). No que diz respeito às
teorias externas à musicoterapia temos a  musicoterapia analítica
(PRIESTLEY, 1994), o modelo Benenzon (BENENZON, 1985) e
musicoterapia comportamental (MADSEN; COTTER; MADSEN,
1968). 
Já no final dos anos 50 e no início dos anos 60 como nos
descreve (BRANDALISE, , diversos teóricos estavam
concentrando seus esforços na tentativa de compreender melhor
a potência da música nos processos terapêuticos, tais como: Paul
Nordoff (1971), Clive Robbins (1977) e Helen Bonny (1978).
Em 1965 temos outro marco temporal teórico na qual Paul
Nordoff e Clive Robbins cunharam pela primeira vez o termo "a
arte da música como terapia''.
A partir de então  começou uma discussão de tentar explicar
o processo musicoterápico a partir das leis científicas, o que
segundo Bonny (1982) não era possível. 
Vale ressaltar que um dos esforços centrais de todos os
teóricos centrados na música é identificar a singularidade (unique)
da música, o que dessa maneira é único na musicoterapia. Um
musicoterapeuta centrado na música entende que os objetivos
musicais são objetivos clínicos, ou seja, a partir da tríade
terapeuta, cliente e música se desenvolve o processo terapêutico.
Turry e Marcus (2003) descrevem que a mudança ocorre
por meio dos processos musicais, que então se transferem para a
vida do cliente fora da sala de terapia, o que seria o objetivo de
qualquer terapia.
Epp (2001) também investigou o papel da auto expressão
na musicoterapia músico centrada e descreveu que não se pode
separar o conteúdo expressivo da performance musical, ou seja,
qualquer expressão sonora é interpretada enquanto música pelo
terapeuta. Deve ser possível que um insight psicoterapêutico
aconteça na e com a música (BRANDALISE, 2015).
Em termos históricos teorizar sobre a prática
musicoterapêutica sem ter que importar conceitos e teorias de
outros campos foi proposto pelo Simpósio de Musicoterapia em
Nova York - USA (NYU,1982) e segue em discussão pelos
musicoterapeutas músico centrados  até os dias atuais.
Tradução livre:
Fonte:https://musicoterapia.revistademusicoterapia.mus.br/
index.php/rbmt/article/view/104/95. BRANDALISE, 2015.  
 

Concepções músico centradas, Imagens guiadas e música


(GIM)
    Esse método foi desenvolvido pela musicista (pianista) dra.
Bonny, denominado de GIM (Imagens guiadas e música) a qual
utiliza a música erudita como fonte para acessar estados de
relaxamento mais profundo, acessando a linguagem do
inconsciente a partir do que denomina imagens mentais. A partir
de uma ficha de anamnese sobre o cliente, essas imagens têm
como objetivo guiar o cliente para que o levam intuitivamente a
solução das suas dificuldades que atrapalham o seu "cotidiano" e
problemas que muitas vezes não estão na superfície da
consciência. Em etapas temos:
 

1. Reafirmação do objetivo, 2. Relaxamento e indução, 3. Viagem


Guiada pela Música, 4. O Retorno. Este último momento tem
como objetivo gerar insights para que ações práticas possam se
tornar aplicáveis no seu dia a dia.
 

Musicoterapia criativa, O Modelo Nordoff-Robbins:


Esse modelo também é conhecido pelo nome Musicoterapia
criativa, foi desenvolvido entre 1960 e 70 pela parceria entre o
compositor Paul Nordoff e o músico educador Clive Robbins,
inspirados na "concepção de mundo" da psicologia humanista. É
centrado na utilização da improvisação musical, na qual propõe
uma constante interação entre musicoterapeuta e cliente nos
processos criativos musicais, propondo uma improvisação
"bilateral" capaz de problematizar e  transpor os limites de um
possível diagnóstico. 
 

Concepções Psicoterapêuticas, A musicoterapia analítica:


A Musicoterapia Analítica, criada na década de 1970 pela
musicoterapeuta britânica Mary Priestley, recebeu influência dos
trabalhos de Freud, Jung e Melanie Klein, pensa as expressões
musicais de maneira analítica e simbólica, possibilitando sua
manifestação para uma posterior análise. Um tema inicial é
definido inicialmente para que a improvisação possa ocorrer. O
fechamento da sessão se dá com a verbalização sobre o material
que foi criado durante a improvisação musical. 

 
Musicoterapia Comportamental: 
A abordagem Comportamental na Musicoterapia está
diretamente relacionada à pesquisa aplicada à análise do
comportamento. Segundo Dianne Gregory (2002) traz
contribuições ao campo da escuta musical e amplia as
possibilidades de intervenção no que diz respeito à modificação
comportamental do cliente a partir dos elementos musicais (ritmo,
harmonia e melodia). É bastante difundido na clínica com crianças
autistas, visto que facilita a modulação e mudança de
comportamentos estereotipados. 
 

Método da identidade sonora de Benenzon: 


Este método está calcado no entendimento sobre a
identidade sonora  que  propõe que todo indivíduo possui uma
(ISO) que se inicia desde a vida intrauterina e se modifica como
um processo dinâmico e complexo passando por todas as etapas
de desenvolvimento até o fim da vida. 
 

Técnicas em Musicoterapia:
Técnica vêm do grego τέχνη, téchnē, 'arte, técnica, ofício';
arte ou maneira de realizar uma ação ou conjunto de ações.
Podemos refletir segundo Gasset (2009) que a técnica é o
contrário da adaptação do sujeito ao meio, dado que é a
adaptação do meio ao sujeito. Em outras palavras, uma técnica é
uma habilidade adquirida  para reduzir o esforço de uma ação
objetiva, Um exemplo prático seria a realização de  exercícios
específicos de técnica de dedo para melhorar a habilidade em um
determinado instrumento musical para se tocar com o menor
esforço possível, ou no caso da terapia, conhecimentos que
ajudem a alcançar um objetivo terapêutico determinado. Segundo
(BENENZON, 1988) No que diz respeito a Musicoterapia as
técnicas utilizadas são: a improvisação, audição, composição e re-
criação (reprodução) musical.
 
Atividade Extra

Vídeo no youtube sobre Teoria, métodos e técnicas


musicoterápicas:
Aula Teoria Métodos e Técnicas Musicoterápicas Parte 1
 

Neste vídeo explica-se por que a musicoterapia funciona,


falaremos sobre a Identidade Sonora (método da identidade
sonora). Link do vídeo:
Minuto Musicoterapia | Por que a musicoterapia funciona: A
identidade sonora - Episódio 03
 

O que é Psicanálise? Uma explicação simples e rápida


PSICANÁLISE - Uma Explicação Simples e Rápida Sobre ID,
EGO e SUPEREGO
 

O que é Musicoterapia Improvisacional Músico Centrada:


Musica e Autismo: Tratamento em Musicoterapia Improvisacional
Musicocentrada
 
Referência Bibliográfica
ARNDT, Andressa. MAHEIRIE, Kátia. Musicoterapia: dos fazeres
biomédicos aos saberes sociocomunitários, Rev. Polis e Psique,
2019; 9(1): 54 – 71.
 

BARCELLOS, Lia Rejane Mendes. Cadernos de musicoterapia


1. Rio de Janeiro: Enelivros, 1992.
 

BARCELLOS, L. R. M. Musicoterapia em medicina: uma


tecnologia leve na promoção da saúde – a dança nas poltronas!
Revista Música Hodie, Goiânia, V.15 - n.2, 2015, p. 33-47.
 

BENENZON, Rolando. Teoria da Musicoterapia. Grupo Editorial


Summus. 1988. 184 p. Disponível em: < https://goo.gl/DA7LLz>
 

BRANDALISE,   André. The   psychodynamics   of   music-


centered   group music   therapy   with   people   in   the  
autistic   spectrum. Doctoral dissertation, Temple University, PA,
2015.
 

BRUSCIA, K. Definindo musicoterapia. 2.ed. Rio de Janeiro:


Editora Enelivros, 2000.
 

Chagas, M. Pedro, R. (2008). Musicoterapia: desafios entre a


Modernidade e a Contemporaneidade. Como sofrem os híbridos e
como se divertem. Rio de Janeiro: Mauad X: Bapera.
 

DIANNE, Gregory. Four Decades of Music Therapy Behavioral


Research Designs: A Content Analysis of Journal of Music
Therapy Articles, Journal of Music Therapy 39(1):56-71
DOI:10.1093/jmt/39.1.56, 2002.
 

FIGUEIRA, Bianca. A abordagem comportamental na


musicoterapia: Uma breve revisão bibliográfica, Anais da
Jornada de Análise do Comportamento da Universidade Federal
de São Carlos, 2010.
 

Freire, Marina Horta. Estudos de musicoterapia


improvisacional musico centrada e desenvolvimento musical
de crianças com autismo. 2019. 165 f., enc.;il. 
 

Garred, R. (2001). The Ontology of Music in Music Therapy.


Voices: A World Forum for Music Therapy, 1(3).
 

GASSET, José. Meditação sobre a Técnica. Editora: Fim de


Século Edições, 2009.
 

LOWEN, A. (1975). Bioenergética. São Paulo: Summus Editorial,


1975.
 

NORDOFF,  Paul,  ROBBINS,  Clive. Therapy  in  music  for


handicapped children. London: Victor Gollanez, Ltd, 1971.
 

PRIESTLEY,   Mary. Essays   on   analytic   music   therapy.


Gilsum, NH: Barcelona Publishers, 1994.
 

Revista Brasileira de Musicoterapia-Ano XVII n °19 ANO 2015.


Músico Centrada, Musicoterapia. Pag 52 –65.
 

ROMÃO, Suzanne. Os diferentes caminhos da música – Um


olhar sobre a musicoterapia. Encontro Nacional de Ensino,
Pesquisa e Extensão, Presidente Prudente, 19 a 22 de outubro de
2015.
 

VOLPI, Sheila. A Musicoterapia Na Escuta Do Sofrimento


Psíquico, http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpps/v9n1/v9n1a04.pdf,
2013.
● MATADOC ___ Ferramenta de Avaliação para Distúrbios da

Consciência (MAGEE et al, 2014, 2015, 2016; O´KELLY & MAGEE, 2013)

● IMTAP ___ Perfil de Avaliação Individual em Musicoterapia (BAXTER

et al, 2007; DA SILVA, 2012)

● IMCAP-ND ___ Perfil de Avaliação Individual Músico-Centrada dos

Transtornos de Neurodesenvolvimento (CARPENTE, 2016)

● Ferramenta de Avaliação Musicoterapêutica (SCHAPIRA, 2007)

● Testificação Musical (BENENZON, 2000, 2008; BARCELLOS, 2016)

● Escala ERI ___ Avaliação das Relações Intramusicais (FERRARI,

2013)

● Avaliação MEL ___ “Music in Everyday Life” (GOTTFRIED &

THOMPSON, 2012)

● Escala Nordoff-Robbins de Comunicabilidade Musical (ANDRÉ, 2017)

● Escala de Responsividade a Imagens Guiadas e Música (YOUNG,

2016)

● MiDAS ___ Music in Dementia Assessment Scales (MCDERMOTT et

al, 2014, 2015)

● PAMT ___ Perfil de Atenção em Musicoterapia (ESLAVA-MEJÍA, 2015)

● Escala IAP´’s ___ Improvisation Assessment Profiles (BRUSCIA, 1987;

GATTINO et al, 2016a; GATTINO et al, 2016b)

● APC-R ___ Assessment of Parental Competency -Revised Avaliação

da Interação Cuidador (JACOBSEN & MCKINNEY, 2015)

● CIM ___ Classificação da Interação Musical (PAVLICEVIC, 1995)

● SEMPA ___ Sistema de Evaluación Musicoterapéutica para Personas

con Alzheimer Y Otras Demencias (HERNÁNDEZ, MARCOS & CORRAL,

2012)

Intervenções em Musicoterapia: Métodos e Técnicas Musicoterapêuticos de

Tratamento

● 64 técnicas de Improvisação Clínica Musicoterapêutica (BRUSCIA,

1987)
● 21 técnicas da Musicoterapia Neurológica (THAUT & HOEMBERG,

2015)

● 38 técnicas da Abordagem Plurimodal de Musicoterapia (SCHAPIRA,

2007)

● Técnicas do Modelo Benenzon de Musicoterapia (BENENZON, 2008)

● Métodos e Técnicas de Musicoterapia na Reabilitação Neurológica

(BAKER & TAMPLIN, 2006)

● BMGIM ___ Método Bonny de Imagens Guiadas e Música (BONNY e

SAVARY, 1973; BONNY, 2002; BARCELLOS, 1999; GROCKE e MOE, 2015)

● Entrainment (DILEO, 1997)

● Técnica Provocativa-Musical em Musicoterapia (BARCELLOS, 2009,

2016

Você também pode gostar