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João domingos Bomtempo

João Domingos Bomtempo, em um retrato de 1814


Nome completo: João Domingos Bomtempo

Nascimento: 28 de dezembro de 1775

Local de nascimento: Portugal,Lisboa

Morte: 18 de agosto de 1842 (66 anos)

Local de morte: Lisboa

Ocupações: Compositor, Pianista e professor de música

Instrumento: piano

Primeiros estudos com a música 🎼


Desde cedo iniciou os estudos de música, oboé e contraponto com seu pai,
Francesco Saverio Buontempo -oboísta na Corte de Lisboa-, que viera para
Portugal no tempo de D. José. Estudou no Seminário Patriarcal, aos 14 anos foi
admitido na Irmandade de Santa Cecília como cantor da Capela Real da Bemposta
e aos vinte anos tomou o lugar do pai, que faleceu, na Orquestra da Real Câmara,
da qual participou até 1801.

Em França(🇫🇷)
Em 1801 o músico decide ir para 🇫🇷 , contrariando o costume dos músicos
portugueses da época, que seria de uma eventual continuação dos seus estudos
em Itália. Assim, nesta data, no rescaldo da assinatura do Tratado de Badajoz e
com o agravamento das condições políticas e militares, vai para Paris, onde
encontra o melhor ambiente para desenvolver a sua vocação musical e onde
conviveu com o grupo de exilados adeptos das novas correntes filosóficas e
políticas, que se reuniam à volta do notável poeta Filinto Elísio. Com esta atitude
comprometeu a sua carreira no campo operático. Acolhido por este grupo de
emigrantes que partilham as suas ideias liberais inicia uma carreira de pianista
virtuoso à maneira de Clementi, Cramer, Dussek (músico muito apreciado por
Chopin) e outros, ao mesmo tempo que estreia ele mesmo algumas das suas
primeiras composições. São, dessa época, a Grande Sonata para Piano, dedicada a
Sua Alteza Real, a Princesa de Portugal.

O Primeiro Concerto foi apresentado em Mi bemol para Piano e Orquestra. O


Segundo Concerto para Piano, as Variações sobre o «Minueto Afandangado» e
ainda a Grande Sonate Pour le Forte Piano Composée et Dediée à Madame de
Genlie.

As primeiras obras de Bomtempo foram muito apreciados pelos parisienses e


prontamente publicadas pelas casas Leduc e Pleyel em Paris. Estas obras têm forte
inspiração em Clementi.

Quando em 1804 atinge uma fama muito importante, aparece, entre outros
lugares, na Salle Olympique como pianista e compositor.

Em Londres
Entretanto, em Portugal, as tropas de Napoleão sofriam pesadas derrotas
infligidas pelo exército luso-inglês e a sua situação em França começou a tornar-se
delicada, pelo que vai para Londres em 1810, ano em que a sua 1.ª Sinfonia é alvo
dos maiores elogios por parte da crítica parisiense. Na capital britânica é uma vez
mais bem recebido pela comunidade portuguesa. Também algumas famílias da
aristocracia inglesa lhes dão as boas vindas especialmente como professor de
piano. É então que se começa a relacionar com alguns dos mais importantes
músicos do seu tempo como Muzio Clementi e John Field e é professor da filha de
Lady Hamilton.

O contacto com Clementi, a quem o ligavam laços de amizade desde Paris, torna-
se mais frequente e é na editora do músico italiano que Bomtempo publicará a
maior parte das suas obras. Publica Variações sobre um tema de Paesiello - Nel cor
piú non mi sento. O Terceiro Concerto para Piano, o Capricho e Variações sobre o
«God Save The King». Três grandes sonatas para Piano, entre muitas outras obras.
Dado o perfil das pessoas com que se relaciona é provável que date desta época a
sua iniciação na Maçonaria.

Em 13 de maio de 1813, D. Domingos António de Sousa Coutinho, Conde do


Funchal, diplomata, ao tempo embaixador de Portugal em Londres, realiza um
grande festival com dois propósitos: o de celebrar o aniversário daquele que viria
a ser o rei D. João VI e a expulsão do exército francês do território português em
consequência da derrota de Massena. Influenciado pela euforia que se instalara
após a vitória luso-britânica, João Domingos Bomtempo compõe uma cantata
intitulada Hino Lusitano. Sobre versos do poeta liberal Dr. Vicente Pedro Nolasco
da Cunha. Neste festival apresentou-se perante uma audiência de personalidades
que incluía a quase totalidade do Conselho de Ministros britânico. As obras
compostas nesse período incluem a Primeira Grande Sinfonia.Executada pela
primeira vez em Londres em 1810, o Quarto Concerto para Piano. Executado pelo
autor em Hannover Square, Uma Sonata Fácil para Piano. Grande Fantasia para
Piano que dedica a um ilustre emigrado, liberal e seu particular amigo, Ferreira
Pinto, Duas Sonatas e Uma Ária Popular com Variações para Piano e um Quinteto
para Piano.
Em Portugal(🇵🇹) ou no estrangeiro depende das
alterações
Em 1815, após o congresso de Viena, regressou a pt no contexto de uma Europa
pacificada. Nesta sequência compõe «A Paz da Europa», Cantata que teria uma
edição em pt em versão reduzida com o título «O Anúncio da Paz». Preocupado
com o desconhecimento da música instrumental portuguesa do período clássico,
uma das ideias que trazia em mente era fundar em Portugal uma sociedade de
concertos ao estilo da Philharmonic Society londrina, esta fundada em Londres em
1812. Pretendia deste modo preencher uma grave lacuna na cultura musical
portuguesa.

Mas o ambiente que se vivia em Portugal, tornara-se ainda mais difícil do que
aquele que deixara em 1801 devido à ingerência inglesa na política portuguesa, à
ausência da Corte portuguesa no Brasil e o agravamento da repressão contra a
Maçonaria Portuguesa e contra todos os que ousavam defender os princípios
liberais do constitucionalismo. Deste modo decide regressar a Londres onde
publica Três Sonatas para Piano e Violino e, Elementos de Música e Método para
Tocar Piano Forte. O a sua principal obra pedagógica que dedicou à “nação
portuguesa”. Além disso compôs ainda, Grande Sonata para Piano. Fantasia e
Variações para Piano sobre a Ária de Mozart «Soyez Sensibles» uma Ária da Ópera
Alessandro in Efeso composta e arranjada para Piano, uma Valsa e uma Marcha.

Em 1816, passa por Paris e regressa a Lisboa aquando da morte de D. Maria I no


Brasil. Em 1817, Gomes Freire de Andrade é enforcado no Forte de S. Julião da
Barra e este ambiente de repressão leva-o a Paris, de novo em 1818, mas também
aí a crispação política não propicia às artes. De regresso a Portugal, dedica-se à
composição da que é considerada a sua obra-prima, o Requiem (À memória de
Camões), integrada no mesmo espírito de revivalismo que tinha originado a
publicação em França da famosa edição de Os Lusíadas pelo Morgado de Mateus
(1817). Este requiem é talvez o mais importante composto entre o Requiem de
Mozart (1791) e o de Berlioz (1837).

João Domingos Bomtempo volta a sair do país para em 9 de março de 1821,


apenas alguns meses depois da Revolução de 1820, oferecer ao Soberano
Congresso, uma nova missa de homenagem à regeneração política portuguesa.
Esta missa foi cantada na Igreja de S. Domingos no dia 28 de março, seguida de
um Te Deum mas, realizada a homenagem à nação, Bomtempo pode então
assumir o que não podia antes e, compõe uma nova Missa de Requiem, desta vez,
à memória de Gomes Freyre de Andrade e aos supliciados deprestigiado General e
grão-mestre da Maçonaria Portuguesa podia ser evocado, sem os riscos que essa
atitude comportaria, alguns anos antes. 1817. Agora, já o nome do

João Domingos Bomtempo alcançou a estima de D. João VI e dirigiu as exéquias


fúnebres de D. Maria I quando os seus restos mortais chegaram a Lisboa.
Conseguiu obter as condições que lhe permitiram fundar a ambicionada
Sociedade Filarmónica, que iniciou a sua actividade em agosto de 1822 com a
realização de concertos periódicos. No entanto, a política interpõe-se uma vez
mais no seu caminho, quando a reacção miguelista lhe proíbe a realização dos
concertos então levados a palco na Rua Nova do Carmo e mesmo após a sua
reabertura - no insuspeito palácio velho do duque de Cadaval, onde é hoje a
estação do Rossio – pela influência de alguns fidalgos admiradores de Bomtempo,
viu as suas portas serem definitivamente fechadas após os acontecimentos de
1828 (proclamação de D. Miguel-Guerras Liberais), altura em que o Absolutismo
volta ao poder. Este foi um período difícil na vida do compositor português,
quando até a sua integridade física esteve seriamente ameaçada. Acabou por ter
de se refugiar no Consulado da Rússia em Portugal, mantendo-se aí durante cinco
anos, até à chegada a Lisboa das forças liberais de D. Pedro.

O seu legado
A música de Bomtempo, apesar de revestida de inegável qualidade e de ter
alargado o panorama musical português da época, não é vanguardista, sendo
mesmo menos moderna que a de Haydn e Mozart e muito menos do que a de
Beethoven (seu contemporâneo e compositor de transição clássico-romântico).
Por último é importante referir que João Domingos Bomtempo foi sempre
defensor dos valores portugueses e na sua obra assumem posição de relevo os
valores da liberdade individual e da soberania da nação portuguesa.
O seu nome consta na lista de colaboradores da Reviscomposições compreendem
concertos, sonatas, fantasias e variações, compostas para piano-forte, desde
sempre o seu instrumento preferido e do qual foi exímio intérprete. Conhecem-se
também duas sinfonias, embora se admita a existência de mais cinco, que
transmitem de um modo mais flagrante a sua personalidade musical e as suas
influências invulgares para compositor ibérico da época, nomeadamente
influências germânicas clássicas. São ainda de destacar alguns trabalhos corais-
sinfónicos como o já o referido Requiem em memória de Camões e outros e ainda
alguns fragmentos a ópera Alessandro in Efeso. ta do Conservatório Real de Lisboa
(1842).

Alguns esforços têm sido feitos para divulgar a música de João Domingos
Bomtempo, nomeadamente algumas gravações, mas a grande parte mantém-se
desconhecida e inédita. As suas influências invulgares para compositor ibérico da
época, nomeadamente influências germânicas clássicas. São ainda de destacar
alguns trabalhos corais-sinfónicos como o já o referido Requiem em memória de
Camões e outros e ainda alguns fragmentos a ópera Alessandro in Efeso.

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