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Trevas

Jards Macalé
Jards Macalé
• Jards Anet da Silva (Rio de Janeiro – RJ, 1943).
• Compositor, cantor, violonista, arranjador, produtor musical e ator.
• Desde a infância teve forte contato com a música, indo com frequência, levado
pelos pais, a concertos de música erudita.
• Sua bagagem musical inclui o jazz, o samba, a marchinha carnavalesca, a valsa e
a modinha, além do batuque dos morros e do Rock’n’Roll.
• Integra o movimento tropicalista, seja como compositor, instrumentista ou
produtor, a exemplo de sua participação em disco de Caetano Veloso, gravado
em Londres em 1971.
• Destaca-se como compositor de trilhas sonoras de vários filmes nacionais em
meados dos anos ‘60 e ’70.
Jards Macalé
• Vaiado no FIC de 1969 com Gotham City.
- Espécie de happening.
- Fantasiado com capa preta estampada com grafismos psicodélicos.
- Canto agressivo.
- Arranjo dissonante, desequilibrado, cheio de misturas musicais feito pelo excelente
Rogério Duprat.
- "Cuidado, há um morcego na porta principal" crítica à repressão política instituída pela
ditadura militar na qual vive o Brasil.
- Gotham City, seja em relação à letra com referências à cultura pop ou à poética musical,
que mistura o rock e a MPB, é um exemplo da estética tropicalista à qual ele se filia
• Censura: O Banquete dos Mendigos, 1973 show com vários artistas organizado por
Macalé e Xico Chaves, em celebração aos 25 anos da Declaração Universal dos Direitos
Humanos. O vinil do show foi censurado.
Jards Macalé
• Suas composições evocam uma poética que se vale da experimentação e da
irreverência e sua voz sincretiza dicções do blues, da bossa nova e do samba
do morro, configurando a marca singular de sua interpretação. Não menos
singular é a maneira como executa o violão, às harmonias dissonantes
somam-se levadas rítmicas que exploram possibilidades percussivas do
instrumento.
• Entre seus intérpretes destaca-se Gal Costa com a gravação antológica de
Vapor Barato, em 1971,no disco gravado ao vivo, Gal a Todo Vapor, parte da
trilha sonora do filme Terra Estrangeira, 1995, de Walter Salles. Um ano
depois, a canção chega às novas gerações do público na interpretação do
grupo O Rappa. Nos anos 1980, sua música Gotham City é revisitada pelo pop
rock nacional em gravação do grupo Camisa de Vênus.
Trevas – análise da obra
• “Chegamos ao limite da água mais funda / Levanto o olhar pro céu /
Trevas, trevas / Treva, a mais negra sobre homens tristes”. Há quem
diga que os versos se encaixam na situação política do Brasil em 2019.
Mas foram escritos por Jards Macalé com base em um poema bem
antigo.
• Trata-se de “Canto I”, do modernista norte-americano Ezra Pound
(1885 – 1972). O poema serviu como inspiração para a composição de
“Trevas”, primeira música inédita lançada pelo cantor e compositor
carioca desde o álbum “O Q Faço É Música”, de 1998.
• É a faixa single do álbum de Jards Macalé, Besta Fera, lançado em
2019, o primeiro do artista em 20 anos. Nas 12 canções estão alguns
dos registros mais dignos e contemporâneos de um dos maiores
compositores da música brasileira.
• Trevas é uma das mais modernas canções da música brasileira, onde
Jards mostra que apesar da longa carreira, pode contribuir muito com
novas interpretações da nossa música.
Trevas – análise da obra
• A gravação contou com violões, a guitarra, o baixo e a bateria, e Macalé
assina a direção musical. Soturna e propositalmente torta, a música
alterna um verso sujo e repetitivo de guitarra com momentos “dançantes”
de samba (Bossa Nova), dando lugar, ainda, a um solo de guitarra
quebrado e dissonante.
• No vídeo, dirigido por Gregório Gananian, imagens densas e escuras se
alternam, fazendo a ligação entre a letra e os tempos atuais. Entre uma e
outra aparição de Macalé, surgem o desenho em néon de um militar
batendo continência e a imagem da obra “Seja Marginal, Seja Herói”
(1968), de Hélio Oiticica, banhada em um líquido vermelho-sangue.
• Link com análise da obra (Videoclipe)
Trevas – análise da obra
• Sequência de acordes que vão descendo em uma escala cromática.
Essa característica decrescente, pode remeter a uma certa decadência
da humanidade, a descida ao fundo do poço. Como ele fala na letra:
“ao limite da água mais funda”.
• A bossa nova (um subgênero do samba) traz um momento de luz,
mas traz também um momento de ironia. É como “rir” para a própria
desgraça, como defesa. Como se você desarmasse seus inimigos,
sorrindo. Rindo deles. (ponto de vista pessoal)
Trevas – análise da obra
• “A canção tem um começo com ataques pontuais feitos por repiques
da bateria, como se descrevesse um lugar comum no status quo
(“estado das coisas”) do país, como que “estacionado na lama e não
conseguisse sair nunca, há mais de 500 anos, sai mas volta” (Kiko
Dinucci – um dos produtores musicais do disco).
• “A ideia foi transformar um videoclipe em um pensamento de
cinema, que não fosse algo só o clipe. É imagem, é ritual, a imagem é
poderosa. A ideia é de não ser somente um ornamento para a música.
Um clipe consegue fazer ressoar vários pontos luminosos para se
pensar atualmente”, (Gregório Gananian – diretor do clipe)
Esturtura
Sol rumo ao sono Intro
Sombras sobre o oceano Estrofe A
Cidades cobertas de névoa espessa Estrofe B
Jamais devassada Refrão C
Por brilho do sol Estrofe B
Refrão C
Chegamos ao limite da água mais funda Solo de guitarra com a voz
Levanto o olhar pro céu fazendo “borbulhas”
Chegamos ao limite da água mais funda Solo de Guitarra
Levanto o olhar pro céu Estrofe B na bacia d’água
Refrão C
Trevas, trevas
Treva a mais negra sobre homens tristes
Trevas, trevas
Treva a mais negra sobre homens tristes
Me calo
Estilo
• Há uma mistura de estilos, podemos ouvir uma referência à Bossa
Nova na parte B, ao Jazz no solo de guitarra, mas o destaque maior vai
para o rock. Jards faz um retorno estético ao seu primeiro álbum,
lançado em 1972, com a sonoridade do power trio violão com cordas
de aço, baixo e bateria.
Instrumentação
• Voz e Violão: Jards Macalé.

• Violão: Kiko Dinucci.

• Baixo: Pedro Dantas.

• Bateria: Thomas Harres.

• Guitarra: Guilherme Held.


Métrica
• Binária.
Textura
• Homofônica

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