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REINICIAR

É a Solução pra Tudo!


Por

LEOPOLDO PONTES
REINICIAR
É a Solução pra Tudo!
Por

LEOPOLDO PONTES

Capa: “Desperto” – linoleogravura do autor.

“Ars longa, vita brevis.”


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312240708 - 11341860 2021-01-29 15:53:27 UTC
À Fafí
Sumário
1. Emoções.....................................................................................................................................................7
2. Voltar a tocar..............................................................................................................................................9
3. Não Querem Acreditar.............................................................................................................................10
4. Tocar Violão..............................................................................................................................................11
5. Chiar a Chaleira.........................................................................................................................................12
6. Lítio...........................................................................................................................................................14
7. O Espaço é Vazio?.....................................................................................................................................17
8. Reis e Rainhas...........................................................................................................................................18
9. O Eu-Comigo e com o Outro.....................................................................................................................19
10. Empatia: o Olhar do Outro...................................................................................................................21
11. Sentir-se Mais Inteligente.....................................................................................................................23
12. Livre Arbítrio é uma Grande Coisa a Se Pensar.....................................................................................25
13. Sempre em Frente!...............................................................................................................................28
14. Viver o Que Sonhou ou Ganhar Dinheiro?............................................................................................30
15. Jornais Preto e Branco..........................................................................................................................32
16. Terminar um Livro Legal.......................................................................................................................33
17. No Café Existencialista..........................................................................................................................35
18. A Busca pela Felicidade segundo os Astecas........................................................................................37
19. Dor é Vida.............................................................................................................................................40
20. Coisa mais Linda...................................................................................................................................41
21. Cordas Novas........................................................................................................................................43
22. Dor Social..............................................................................................................................................44
23. Respire..................................................................................................................................................45
24. Focinho de Cão.....................................................................................................................................47
25. A Verdade está com as Crianças...........................................................................................................48
26. Felicidade e Alegria...............................................................................................................................49
27. Meditação Guiada................................................................................................................................51
28. Star Trek Discovery: 3ª Temporada......................................................................................................53
29. Democracia Digital................................................................................................................................56
30. Religião e Religio...................................................................................................................................58
31. Reiniciar é a Solução pra Tudo!............................................................................................................60
32. A Teoria de Tudo?.................................................................................................................................62
33. Impermanência.....................................................................................................................................63
34. As Palavras Faladas e as Palavras Escritas.............................................................................................65
35. Um Chimas no Jardim...........................................................................................................................66
36. Incredulidade........................................................................................................................................68
37. Flauta Doce em Línguas........................................................................................................................69
38. Dilítio em Star Trek e a série Marte......................................................................................................70
39. Computadores Quânticos Detonam!....................................................................................................72
40. A Verdadeira Dialética!.........................................................................................................................73
41. O que Fica de Tudo Isso?......................................................................................................................74
42. Por Que Somos Agressivos?..................................................................................................................75
43. Perdoar para se Sentir Mais Leve.........................................................................................................77
44. Emburrecimento Político......................................................................................................................79
45. Violão Novo..........................................................................................................................................81
46. Um Chimarrão Perfeito.........................................................................................................................82
47. Resoluções de Ano Novo......................................................................................................................83
48. Teclado Novo........................................................................................................................................84
49. Desperto...............................................................................................................................................85
Extra. Minha Mãe e Meu Pai............................................................................................................................87
Sobre o autor....................................................................................................................................................88
Livros de Leopoldo Pontes editados pela Amazon:..........................................................................................89
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1. Emoções

A palavra emoção vem do latim ex movere, que tem a ver com sair do
movimento, isto é, coloca-lo de dentro para fora. É uma manifestação física que nos
põe em movimento dentro e fora de nós mesmos.
Além de ser uma forma de nos defender, de termos atenção e memória, é
também uma maneira de nos exprimir. Entre outras coisas.
Temos que aprender a dar nomes às nossas emoções.
Isso não é algo tão trivial, como pode parecer à primeira vista. É uma questão
de reconhecimento de coisas que podem funcionar melhor para nossa vida.
O primeiro passo é reconhecer que as emoções não são sempre as mesmas.
Elas variam bastante, e precisamos reconhece-las em nós mesmos, para um bom
exercício de autoconhecimento.
A raiva é diferente do ódio, que é diferente de estar bravo com alguém, que é
diferente de estar bravo com todo mundo.
Estar alegre não é necessariamente estar feliz. Que não é estritamente estar
cheio de sorrisos.
Podemos pensar que hoje estamos nos sentindo de determinada maneira, de um
modo geral, ou que neste momento já não estou com o sentimento de uma hora atrás.
Tudo muda. Os sentimentos variam.
Não adianta dizer para nós mesmos coisas como estou mexido. Precisamos
entender de que forma estamos mexidos, se estamos magoados com que, e com quem,
se estamos tristes, se estamos sentidos, se estamos mais sensibilizados, e com qual
motivo.
Ou motivos.
Podemos estar nos sentindo mais sentimentais, mais nervosos, mais tácteis.
Temos que achar os nomes mais exatos quanto possível.
O mais aproximado possível nunca é o perfeito, mas é o mais importante.
Se aprendermos a dar nomes às nossas emoções, rumaremos a um
autoconhecimento mais pleno. E assim, a uma vida mais inteira, mas ligada à nossa
realidade interior e mais conectada ao nosso exterior.
Isso nos ajuda a sermos mais sensíveis sensorialmente, emocionalmente,
mentalmente, socialmente e espiritualmente.

18/10/2020.
2. Voltar a tocar

Quem leu meu livro anterior, sabe que parei de todar flauta doce há alguns
meses em razão de um tombo que levei, e que me causou uma dor nos lombos
excruciante.
Hoje, com os remédios contra dor, quase estou bem, desde que não carregue
pesos maiores que dois quilos etc. Enquanto a UBS não marcar a data de meu
ortopedista, não poderei fazer os exames necessários, nem partir para a fisioterapia.
O que vinha me impedindo de tocar era a posição correta que eu tinha que ficar,
segundo os manuais e métodos de flauta doce.
Pensava que, quando pudesse voltar, estaria tão destreinado que teria que
começar tudo de novo.
Pois bem. Agora há pouco, sentei-me num sofazinho, desci a estante de
partituras à minha altura, e na posição “incorreta” comecei a tocar. Utilizei a flauta
contralto, que é a minha preferida, e toquei alguns temas de minha predileção. Até que
não estava tão mal assim, como achava que fosse estar.
Enfim, retornei. Acho que toquei apenas por uns vinte minutos, mas foi o
bastante para recomeçar. Volto tocando na posição “errada”, mas volto. Viva o prazer!

Domingo de sol, ar fresco de primavera, 18 de outubro de 2020.


3. Não Querem Acreditar

Muitas pessoas não estão querendo crer. Estão saindo sem máscara às ruas,
tocando-se pele-a-pele umas nas outras, não lavando mais as mãos corretamente, entre
os dedos, até o cotovelo, nem usando álcool-gel.
Estão havendo aglomerações de gente em tudo quanto é lugar do Brasil.
Elas acham que o período da pandemia do Covid19 já passou. E que a fase
pesada foi só nos primeiros meses do ano.
Não existe vacina ainda. E o tratamento é incipiente. Quem pegou o vírus uma
vez, mesmo que tenha sido “curado”, ainda permanece com o vírus dentro do corpo.
Vai precisar da vacina.
Não é porque uma pessoa pegou coronavírus e se curou que não está arriscada a
pegar novamente.
Não é porque uma pessoa que não apresenta os sintomas que ela não possa ser
uma portadora do pernicioso vírus.
O próprio governo não apresenta os números reais do espalhamento da doença.
Quem se curou não está livre de contaminar outras pessoas.
Enquanto não existir uma vacina comprovadamente eficaz, devemos
permanecer em quarentena, e manter todos os cuidados básicos para não pegar o vírus,
ou não contaminar os outros.

19/10/2020.

Adendo

Agora, temos vacina, em duas doses. Mesmo assim, temos tempo ainda até
normalizar a situação da pandemia. Todo cuidado é necessário.

25/01/2021.
4. Tocar Violão

Decidi voltar a estudar violão por música.


Baixei pela internet um método baseado no Tárrega, que é, mais ou menos, o
que eu estudava entre meus dezesseis e dezoito anos, com o professor Serafim. Na
época, eu parei de estudar violão para tocar guitarra elétrica por ouvido. Tudo porque
ouvira dizer que Jimi Hendrix nunca soubera uma nota por música. Eu queria tocar
como ele!
Vou comprar tinta para a impressora, imprimir o método, e colocar as páginas
num arquivo de folhas de envelope plásticas.
Não pego em meu violão há mais de um ano, nem para limpar. Trata-se de um
Málaga, chinês, com cordas de aço, faltando a primeira corda.
Não é estilo clássico. Não tem nada a ver com o tipo de violão exigido para se
estudar pelo método clássico.
Mesmo assim, vou começar por ele mesmo, iniciando pela compra do
encordoamento de aço. Um bem baratinho.
Depois pensarei em comprar um violão de cordas de nylon, simples, mais
próprio para estudo.
Fará parte de meu hobby por música, junto com a flauta doce. Nem me
importarei com a posição correta do corpo.

19/10/2020.
5. Chiar a Chaleira

Para tomar um bom chimarrão, devemos ter a água na temperatura correta, entre
70 e 86 graus Celsius.
Para começar, costumo ferver a chaleira no fogo mínimo, para não a estragar. E
também porque assim controlo melhor a fervura.
Pra arrumar a erva, temos que primeiro encher de dois terços a três quintos da
cuia de erva. Depois, tampar o bocal da cuia. Depois, viramos a cuia de cabeça para
baixo, e sacudimos a erva, com todo o vigor.
Então, viramos a cuia novamente pra cima, formamos um morrinho na ponta, e
jogamos a água atrás do morrinho. Fazemos isso com a água ainda morna.
Quando falo em chaleira, não é aquela que vem com apito na ponta. É a sem
apito. É a comum que tem que ser usada.
Tropeiros e carreteiros gaúchos usam a cambona, uma meia lata de forma
achatada. É uma chaleira rústica, para aquecer a água no fogo de chão. Seu formato
achatado se deve à facilidade de ser carregada no lombo dos cavalos durante as
viagens. Pelo menos é o que está escrito na embalagem do excelente mate Cambona,
de Machadinho (RS).
Tem gente que segue essa tradição, e não usa a chaleira tradicional, mas uma
caneca de fogão.
Não uso o termômetro adequado. Então, faço por ouvido, como se é de
costume.
Sei que o tempo necessário, nestes dias que se passam, é de aproximadamente
oito minutos no fogão novo.
Quando está chegando o final do tempo, fico atento.
Se a chaleira chiar e parar, chiar e parar, não é a hora ainda, mas está pertinho!
Normalmente, ela faz isso duas, ou quatro vezes. Mais ou menos. Tem que
prestar muita atenção, pra não deixar a água ferver. Água fervida queima a erva. E o
que é queimar a erva?
Quando a gente põe a água fervendo sobre a erva, todo o sabor e aroma fica na
primeira cuia. Pode até dar um travo. Não existem mais cuias. Ficam todas sem gosto
nem cheiro.
Quando a chaleira chia sem parar, devemos imediatamente desligar. Mas tem
que chiar alto, mesmo.
Às vezes, a chaleira vai direto pro chiar sem parar. Temos que prestar muita
atenção.
Nesse instante, a água estará pronta para um bom chimarrão.
Mas... e a camisinha na bomba? Coloco sempre, para não entupir. E a bomba?
Botamos ela antes ou depois da água? Sempre o fiz após a água, tampando o bocal.
Agora, faço diferente. Logo antes da água, arrumo-a no mate macio, e aí vai.
Então, vagarosamente, colocamos a água sobre a erva previamente arrumada na
cuia, desde o fundo, até enchê-la.
Depois, enchemos a garrafa térmica.
Após isso, a água na cuia pode ter descido um pouco. Completamos e levamos
tudo para um local agradável, onde possamos curtir.

20/10/2020.

Adendo

Importante é a temperatura em que deve estar o mate para ser tomado.


Aprendi com os gaúchos a fazê-lo imediatamente, após a cuia estar cheia.
Entretanto, com o passar dos anos, senti que é mais agradável esperar a água
absorver o sabor do mate, para só depois tomá-lo.
Questão de gosto.

24/10/2020.
6. Lítio

“Eu estou tão feliz


Pois hoje, encontrei meus amigos
Eles são imaginários
Eu sou tão feio
Mas tudo bem, pois você também é
Quebramos nossos espelhos

Manhã de domingo
É todo dia, para tudo que me importa
E não estou assustado
Acendo minhas velas
Atordoado, pois encontrei Deus!

Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah

Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah, yeah

Estou tão solitário


Mas tudo bem, raspei minha cabeça
E não estou triste
E talvez
Eu seja o culpado por tudo que ouvi
Mas não tenho certeza

Estou tão empolgado


Mal posso esperar para te encontrar lá
Mas não me importo
Estou tão excitado
Mas tudo bem, minha intenção é boa

Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah, yeah

Eu gosto disso (eu não vou pirar)


Eu sinto sua falta (eu não vou pirar)
Eu te amo (eu não vou pirar)
Eu te matei (eu não vou pirar)

Eu gosto disso (eu não vou pirar)


Eu sinto sua falta (eu não vou pirar)
Eu te amo (eu não vou pirar)
Eu te matei (eu não vou pirar)

Eu estou tão feliz


Pois hoje, encontrei meus amigos
Eles são imaginários
Eu sou tão feio
Mas tudo bem, pois você também é
Quebramos nossos espelhos

Manhã de domingo
É todo dia, porque eu não me importo
E não estou assustado
Acendo minhas velas em transe
Pois encontrei Deus

Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah
Yeah, yeah, yeah

Eu gosto disso (eu não vou pirar)


Eu sinto sua falta (eu não vou pirar)
Eu te amo (eu não vou pirar)
Eu te matei (eu não vou pirar)

Eu gosto disso (eu não vou pirar)


Eu sinto sua falta (eu não vou pirar)
Eu te amo (eu não vou pirar)
Eu te matei (eu não vou pirar).”
Composição de Dave Grohl/ Krist Novoselic/ Kurt Cobain.
Gravado pelo Nirvana.
Tradução de Jessica.
Capturado de https://www.letras.mus.br/nirvana/28497/traducao.html
no dia 21/10/2020, às 13h34’.
O lítio é, normalmente, a primeira substância ministrada aos pacientes de
depressão ou transtorno bipolar.
Ele é dado, inicialmente, numa dose básica, que é depois regulada pelo médico
especializado, para doses maiores ou menores, até que se estabeleça a dosagem
adequada.
É um remédio para toda a vida, se não for substituído por outro, e depois por
outro, sucessivamente, conforme a necessidade do portador. Ou por mudança de
diagnóstico.
Um medicamento para toda a vida é para nos sentirmos melhor. Se pararmos,
voltamos a um estágio pior que o inicial. Se não o tomarmos, logo de início,
tenderemos a piorar cada vez mais.
Tomamos para viver melhor.
Não é nenhum bicho de sete cabeças, como no excelente filme de mesmo nome.
É perfeitamente normal tomarmos, assim como uma aspirina, quando não nos
sentimos bem, ou quando achamos que estamos bem e o médico acha alguma coisa
imperfeita em nosso corpo.
Ninguém tem o corpo perfeito. Nem o médico. Só Deus.

21/10/2020.
7. O Espaço é Vazio?

Dizem cientistas que o espaço tem apenas vinte por cento preenchido por
matéria. O resto todo seria apenas espaço vazio, sem o mínimo resquício de matéria.
Ora.
Vamos pensar um pouco.
Oitenta por cento não precisa necessariamente estar vazio. Pode ter algum tipo
de matéria que não reconhecemos como tal.
Da mesma forma, a maior parte dos cientistas só reconhece a vida quando
baseada em carbono. Não é por isso que não podemos supor vida inteligente
experimentada em outro tipo de elemento. Talvez até num que nos seja desconhecido
ainda.
De qualquer maneira, estamos apenas especulando. Assim como qualquer autor
de ficção científica.
Temos esse direito, pois toda verdade científica só existe até ser superada por
outra. Isso é cientificamente ensinado.

21/10/2020.
8. Reis e Rainhas

No Brasil e no mundo, o rei do futebol é o Pelé.


Existem fortes motivos para tanto, pelas técnicas que ele usava (intuitivamente)
em suas jogadas, seus dribles e em suas goleadas.
Ele é considerado, internacionalmente, O Atleta do Século XX.
Mas no Brasil, temos também “O Rei”.
Em qualquer lugar que se vá, o povo chama o cantor Roberto Carlos dessa
forma. Isso vem do tempo da jovem-guarda, quando o aclamavam o rei do iê-iê-iê.
Naqueles dias, no lugar de se escrever rock se escrevia ié-ié-ié. Desse jeitinho.
Pelo menos no Brasil. Ou iê-iê-iê. Como dissemos antes. E, às vezes, apenas ié-ié...
Isso por causa dos roqueiros estrangeiros cantarem tantos yeahs. E os brasileiros
imitarem. E quando os anglo-americanos cantavam wow-wow, nós imitávamos
cantando uôu-uôu.
Ainda nos anos 1970, Roberto Carlos passou a ser, apenas e simplesmente, “O
Rei”. Um título amoroso, carinhoso, sem precisar mais de motivos. Mesmo tendo
deixado de ser um cantor de iê-iê-iê para ser um cantor romântico.
De qualquer forma, a jovem-guarda já fazia músicas romanescas com ritmo
acelerado.
Grande parte da população brasileira tem a coleção quase completa de elepês,
compactos, e/ou CDs d“O Rei”.
Da mesma forma, se tivéssemos uma rainha do rock brasileiro, seria,
indiscutivelmente, Rita Lee.
Nenhuma roqueira, em nosso país, amealhou gerações seguidas em torno de si.
Nem vendeu tantos discos.
Nem juntou tanta gente, de diferentes idades, em seus últimos shows. Famílias.
Em que os avós a curtiram nos anos 1960 e 70. Os pais, nos 80, 90 e seguinte. E os
netos, na geração seguinte, que vêm até às crianças de hoje.
Na verdade, o brasileiro gosta de reis e rainhas. No teatro, no cinema, no rádio,
na TV. No carnaval. Menos na política. A república veio para ficar.

25/10/2020.
9. O Eu-Comigo e com o Outro

Temos uma individualidade, uma propriedade pessoal, um íntimo, que gosto de


chamar de eu-mesmo, ou eu-comigo.
Nosso eu-mesmo é percebido por todos os sentidos de nosso corpo, o que
chamamos de percepção sensorial. Mas também por suas extensões.
Podemos considerar uma extensão de nosso corpo este teclado que uso para
escrever, como sendo uma extensão de meus dedos, de minhas mãos. Um lápis ou
caneta, poderia também ser uma extensão. Assim como o papel em que escreveria, ou
a tela do computador, que fica na frente de meu rosto.
Nosso eu-mesmo é, igualmente, percebido emocionalmente pelos nossos
sentimentos. No caso, referentes ao ato de escrever, o que sentimos, ao pensar no que
escrevemos. O que sentimos sobre como digitamos, se com um dedo só, se com os
dedões no celular, ou se com todos no teclado do laptop. Ou se de outra forma.
As nossas emoções, considero uma extensão de nosso corpo tão importante
quanto nossas percepções sensoriais, pois elas – as emoções – dão sentido à nossa
vida.
Poderia falar das extensões espirituais, mas aí complicaria demais o texto. Fica
para uma outra vez.
Nosso eu-comigo tem que estar atrelado ao outro, que pode ser uma pessoa
próxima a nós, ou duas, ou cinco, por exemplo. É a pessoa amada, a companheira, a
amiga, a família próxima, os amigos mais próximos – os que cabem na mão esquerda
– a não ser famílias com mais filhos.
Sem o outro, não temos uma reflexão crítica e amorosa sobre nós mesmos,
sobre nosso eu-mesmo.
Esse nós, mistura do eu com o outro, deve se relacionar com a comunidade.
Que nos influencia, e sobre a qual exercemos, de uma forma ou de outra, nossa
influência pessoal. Ou também influência de dupla, ou de grupo.
Essa relação existe, no mínimo, pelos exemplos de como vivemos, como
falamos, como nos portamos um com o outro. O eu-mesmo com o outro.
Há um eu-social, que é como me relaciono com a sociedade, de uma forma mais
ampla do que com a comunidade. Chamo aqui de sociedade a reunião de múltiplas
comunidades. É já a nação, por exemplo. No caso do Brasil, pode ser um estado, como
São Paulo, ou Alagoas, ou um pedaço do Amazonas. Estados grandes são várias
sociedades. Mesmo cidades grandes, podem ser sociedades.
O eu-social pode se sentir intimidado, limitado em suas extensões pela censura
imposta pela sociedade. Essa censura pode ser intelectual, moral, espiritual,
emocional, e até sensorial.
Por exemplo, uma censura intelectual seria nós não podermos expressar nossos
pensamentos como gostaríamos, sob pena de sermos rechaçados pelos outros. Pelo
outro-social.
Ao mesmo tempo, o eu-social pode se sentir libertado, sentir seus horizontes
mais abertos. Pode ser uma relação que nos amplie intelectualmente.
A sociedade pode nos dar cursos gratuitos. Ou pagos, se tivermos condições
para tanto. Pode nos dar escolas, creches, universidades, bibliotecas, museus de arte,
históricos. Podemos ampliar nossos horizontes, principalmente quando a sociedade é
democrática e livre.
A libertação pode ser também moral, espiritual etc.
Por fim, há o eu-global.
Nesse, sofremos mais limitações que libertações.
Qualquer um pode citar a internet como exemplo. Ao tempo em que nos
instruímos, fazemos cursos, baixamos livros, nos divertimos com bons filmes e boa
música, também podemos ser estragados com a má influência de porcarias que
circulam pela internet. Temos que saber filtrar, o que nem sempre é fácil.
Da mesma forma, constantemente colocamos nossos dados pessoais na rede, e o
que fazemos, uma única vez, fica marcado para sempre, na memória globalizante da
internet. Seja uma fotografia, um nome, um apelido, um endereço, nosso CPF ou RG.
Isto é. Uma única vez que coloquemos qualquer dado, foto, ficará para sempre na
nuvem, enquanto existir a rede, seja a internet ou a que a ela sobrevenha.
Precisamos aprender. Desde a relação do eu comigo mesmo, através do
autoconhecimento, até ser um eu-global digno. E discreto.

26/10/2020.
10. Empatia: o Olhar do Outro

A questão da empatia é algo que se tornou viral nos dias de hoje. Todos falam
sobre isso, em todo lugar.
É tão simples que não é nada simples.
É estarmos olhando as coisas sob a perspectiva do outro. Isto é, se estamos
conversando com alguém, devemos entender o que aquela pessoa está falando como se
fôssemos ela mesma.
É estarmos no lugar dela.
Não é uma ação mental, intelectiva. É mais de sentir, compreender
emocionalmente o que aquela pessoa está arrazoando, sentindo, ao dizer aquilo.
Devemos aprender a ouvir primeiro. Ponderar, antes de tentar dar uma resposta.
Esperar, nos entregar à audição, respondendo o mínimo possível.
Depois de escutar tudo o que a pessoa tem a falar, ou desabafar, aí é que
poderemos dar o nosso palpite, o nosso pitaco.
Ao responder, devemos entender primeiro a perspectiva de quem está
conversando conosco.
Conversar é saber escutar, ponderar, e responder com responsabilidade. Se
somos interrompidos, devemos entender que nossa fala não será mais ouvida, se
tentarmos continuar.
É melhor esperar.
A empatia é isso. É mais que apenas ouvir, é ouvir sentindo o que o outro sente.
É saber que nossa resposta tem que ser responsável. Se não sabemos o que dizer,
sejamos sinceros. Dizemos que, por hora, não sabemos nada. Mas vamos pensar nisso.
E saímos de lá, realmente pensando no assunto, como resolver.
Ou ainda melhor. Pode até ser o momento de um pensar juntos, de um
raciocinar juntos, de um arrazoamento mútuo, de estarmos envolvidos numa só
emoção. Ela pode ser algo que una ambas as emoções.
Não é porque estou falando aqui, que acho uma situação fácil.
Algumas pessoas podem ter o dom. Mas, no geral, temos que treinar muito,
aprender muito.
Não é fácil.
Mas pode acontecer.
Basta querermos de verdade.

27/10/2020.
11. Sentir-se Mais Inteligente...

Tem manhãs que a gente acorda com ideias, alguma coisa pronta para fazer,
escrever, pintar, desenhar, tocar, sei lá. Resolver uma conta, um problema matemático,
um problema filosófico, um problema caseiro.
Mas tem manhã... que a gente acorda insone, completamente com vontade de
retornar a dormir.
Tem dia que a gente se sente inteligente. Consegue ler os textos e livros mais
difíceis, e compreendê-los.
Tem dia, entretanto, que a gente se sente completamente burro! Hoje, pra mim,
é um dia desses.
Não consigo ler nada mais profundo que a areia da praia. Não consigo escrever
nada mais interessante que a lista de compras.
Não consigo tocar flauta por mais de dez minutos, sem que ela entupa e, mesmo
desentupindo, tenho dificuldade em tocar o dó grave. Tocar violão, nem se diga, já que
está faltando uma corda, as outras estão enferrujadas, não tenho tinta para imprimir o
método, tá uma desgraceira.
Quando me sinto inteligente, consigo tocar qualquer instrumento, não importa o
estado em que esteja (o instrumento). Consigo escrever com facilidade, e criar com
mais imaginação.
Mas hoje... desde que acordei, só consegui baixar texto no computador, para ler
quando estiver mais inteligente. Só li superficialidades. Tentei ler um texto sobre
inteligência artificial, no site The Conversation... and nothing of nothing!
A única coisa que fiz até agora, mais interessante, está sendo digitar este texto.
E olhe lá.
Estou em meu segundo chimarrão. Acordei por volta das sete da manhã, com
sono, mas não podendo voltar pra cama, por causa da dor nos lombos. Não consegui
tocar flauta, nem por dez minutos. Sentado no sofazinho da sala de música.
Mas a vida é assim. O melhor a fazer é usar dias como hoje pra só realizar
coisas fáceis, que não exijam muito da gente. E deixar preparado, o que puder, para os
dias melhores. Em que nos sintamos inteligentes.
Porque hoje...
Estou o ó!
Até me esqueci de tomar os remédios da manhã. Vou tomar agora, 14h30’.
Espero nunca mais ficar tão mal quanto neste dia.
Never more!, como diria Edgar Allan Poe.

28/10/20120, digo, 2020.

Adendo

Interessante. Depois que dei uma descansada, ao final do entardecer, senti-me


renovado. Li várias matérias sobre Inteligência Artificial, no site The Conversation, e
entendi perfeitamente. Inclusive aquela que não compreendera à tarde.

28/10/2020.

Outro Adendo

É assim mesmo.
Tem dia que a gente se sente um burrão.
Não consegue entender nada. Não consegue aprender nada. Não sente que
consegue absorver coisa alguma.
Se sente um tapado.
Mas é dia. É fase.
Depois, tudo muda.
A gente fica mais capaz. Mais inteligente. Mais absorvível.
Hoje levantei cedinho. Preparei um ótimo chimarrão, e me sinto muito bem.

20/11/2020.
12. Livre Arbítrio é uma Grande Coisa a Se Pensar

Poder escolher, entre uma ou outra opção, pode ser um martírio para algumas
pessoas. Elas não conseguem se decidir se querem tomar banho quente ou morno, por
exemplo. Mas é um direito que temos, principalmente quando se multiplicam as
opções.
Isso me lembra de quando tínhamos uma casa de chá. O cliente chegava e pedia
uma coxinha, digamos. Eu dizia:
- Pode escolher, é mais gostoso.
Ele respondia: - Qualquer uma!
Eu sempre insistia, e, em minha juventude, não percebia o quão doloroso, ou
inútil, pode parecer, para algumas pessoas, ter que fazer uma escolha. Ainda que seja
de algo tão prosaico.
Pessoalmente, acho tão bom selecionar qual salgadinho queremos. Um é
diferente do outro, sempre tem um que é mais tostadinho, ou que tá mais clarinho. É
gostoso optar.
Poder escolher qual sabor de sorvete iremos tomar, qual roupa iremos vestir,
que horas iremos dormir, tudo depende do que chamamos livre arbítrio (free will).
Há quem acredite no maktub, isto é, que tudo está escrito no universo. Que não
existem coincidências. Que o que acontece é porque já estava determinado a
acontecer. Que não temos autonomia alguma sobre o que vamos fazer ou pensar. Que
Deus ou o Universo impõe nossos anseios. Que não temos vontade própria.
É o fatalismo.
Uma matéria do site The Conversation ( https://theconversation.com/will-i-or-wont-i-
scientists-still-havent-figured-out-free-will-but-theyre-having-fun-trying-132085), de 27 de
outubro último, publicada às 14h31’, informa que cientistas estão tentando provar que
o livre arbítrio não existe.
Segundo a matéria, podemos duvidar se temos controle sobre nossas próprias
vidas (control over our own lives).
Tudo começou (segundo a matéria) em 1983, quando o fisiologista norte-
americano Benjamin Libet conectou pessoas a um aparelho que media suas atividades
cerebrais e musculares.
Benjamin pediu a essas pessoas que flexionassem o pulso sempre que
quisessem. Em seguida, elas tinham que observar o momento em que percebessem
pela primeira vez sua intenção de flexionar o pulso.
Essas pessoas tinham que fazer isso lembrando-se da posição de um ponto
giratório no mostrador de um relógio.
Ele descobriu que, a atividade cerebral, acontecia aproximadamente meio
segundo antes das pessoas relatarem suas intenções de flexionar o pulso.
A conclusão de Benjamin foi que talvez os cérebros dessas pessoas já haviam
decidido se mover, meio segundo antes delas se sentirem conscientes disso. Era uma
prova do livre-arbítrio.
Pesquisadores começaram então a arguir que, a ideia intuitiva de que temos uma
consciência distinta de nossos cérebros, poderia estar errada. Nesse caso, uma intenção
é uma consequência, e não a origem da atividade cerebral.
No entanto, foi questionado, se flexionar o pulso é realmente uma decisão. Não
uma ação alternativa. E se podemos realmente julgar o momento de nossa vontade
com tanta precisão.
Considerou-se que talvez o estardalhaço fosse muita coisa por nada.
Poderíamos dizer não ao que o cérebro quer fazer? Isso nos daria um livre
arbítrio.
Para tanto, um novo estudo pediu para que voluntários jogassem contra um
computador. Esse computador teria sido programado para prever suas intenções a
partir de sua atividade cerebral.
Esse novo estudo descobriu que os voluntários poderiam cancelar suas ações, se
o computador descobrisse o que pretendiam fazer, pelo menos até mais ou menos
duzentos milissegundos antes da ação, após o que, já era tarde demais.
1
Vale lembrar que se trata de um quinto de segundo: ( 5 ¿s.

Fica a pergunta: a decisão de não fazer é tão diferente da de fazer?


Quer dizer, pensar em não realizar alguma coisa, é tão diferente de pensar em
realizar? Digo que, afinal, decidir que não quer mais casar, em cima da hora do
casamento, é diferente de decidir casar, após meses de preparação, ou depois de um
consentimento mútuo.
Segundo a matéria, há sempre fatores dentro de nós que influenciam nossas
escolhas, como nossas decisões anteriores, nossas memórias, nossos desejos, vontades
e objetivos. Tudo está representado no cérebro.
A maior parte de nossas decisões são mais complexas que simplesmente mover
ou não o pulso.
Fazer uma compra, casar-se, são escolhas que realmente importam. E, para
tanto, elas exigem muito mais atividade cerebral.
Mesmo uma compra por impulso exige uma preferência.
A decisão é, portanto: o momento em que alcançamos um resultado, ou todo o
processo em que levamos a alcança-lo?

29/10/2020.
13. Sempre em Frente!

Falo muito isso em meus livros. Sempre em frente.


É um incentivo para não ficarmos olhando para trás, para seguirmos com nossa
vida, pensarmos no presente e seguirmos com tudo para o futuro.
No entanto, sei que é inevitável darmos sempre uma repassada no que já
fizemos em nossas vidas. Isso, às vezes, é muito delicioso. Mas outras, um tanto
pesaroso, desgastante.
De uma forma ou de outra, não podemos evitar, é verdade. O que não
precisamos, é nos acostumar a ficar resgatando esses momentos o tempo todo, como
se o presente não tivesse importância.
Devemos lembrar que o passado já se foi. Ele não volta. Sempre houveram
episódios bons e ruins, e depende de nós mesmos selecionarmos o que queremos levar
para o futuro.
Sei que nem sempre é fácil.
Mas temos que buscar o melhor. Sempre tentar, nunca desistir.
Mesmo quando a desistência pareça a única solução. Sempre existe uma saída
que ainda não achamos.
É uma questão de exorcizar os acontecimentos ruins, seja conversando sobre
eles com um companheiro, com um amigo, com a esposa, com um terapeuta.
Transformar esses eventos ruins em coisas que não nos afetem mais, que não
atrapalhem mais as nossas vidas.
Os lances bons, os sucessos, não devem se resumir em nostalgias, mas em
ocorrências que levamos conosco para alimentar nossos egos, no bom sentido da
palavra. Também valem a pena serem levados em conta, nas conversas com nosso
companheiro, com nosso amigo, com nossa esposa, com nossa terapeuta.
Podemos estar passando por uma situação horrível. Mas ela vai passar, de um
jeito ou de outro. Tudo é uma fase.
Sei também que, vez por outra, precisamos descansar de nossos afazeres.
Periodicamente. Dar uma parada. Olhar onde estamos. Ver o que já fizemos,
congratularmos com as coisas boas, aprendermos com as ruins. Dar um tempo, pra
depois seguir.
Tudo isso faz parte.
Por isso, falo sempre em frente! É um negócio que otimiza, que dignifica. É
uma maneira de ser. É um estar em sintonia com o presente, seja ele qual for. E tentar
levar para o futuro o melhor que puder.
A vida é sempre a mais perfeita solução.

30/10/2020.
14. Viver o Que Sonhou ou Ganhar Dinheiro?

Meu pai sempre dizia que eu vivia de sonhos. Que a vida não era assim e que eu
devia estudar para ganhar dinheiro. Muito dinheiro. Para não ficar à míngua. Sábias
palavras.
Ele queria que eu fizesse algo como engenharia, medicina, ou ciências
contábeis. Não o escutei.
Fui estudar comunicação social. Não porque dava dinheiro, mas porque me
pareceu um curso legal. Legal porque me parecia aberto, largo, cheio de informações e
sabedoria de toda espécie. Legal porque parecia que poderia ampliar minha
consciência.
Naqueles dias, era isso que me importava. Eu tinha vinte e três anos.
Não fiquei chateado por meus pais não irem à formatura. Minha esposa estava
presente, e participou das comemorações. Éramos um grupinho, celebrando juntos o
término do curso.
Alguns já tinham emprego na área, a maioria só promessas, ou nem isso. Eu
fazia parte dessa maioria, mas não estava nem aí.
No final do ano seguinte, fomos, minha esposa e eu, junto com nosso filho –
naquela época só tínhamos ele – para Campos do Jordão. Criar cachorros e fundar uma
casa de chá: A Ponte do Leão.
Tive um convite para trabalhar na TV Morena, de Cuiabá. Não me interessei.
Tudo o que eu queria era abrir um barzinho. Não importava o que estudara. Para mim,
os estudos haviam sido um crescimento de meu espírito. E a casa de chá seria a
continuação.
Depois teve minha carreira jornalística na cidade, principalmente na Rádio
Emissora. A única da região. A única do ABC da Mantiqueira. Foi muito gratificante.
O jornalismo ampliou bastante minhas fronteiras de conhecimento. Depois,
quando fiz direito, e trabalhei na advocacia, foi mais uma dilatação. Assim como
outros cursos.
Trabalhei em outras coisas, também. Nunca ganhei muito dinheiro. Mas fui
muito feliz.
Até hoje, não sei ganhar dinheiro. Mas sou feliz. E continuo procurando
estender minha consciência.
É o que importa.
E desafiando uma regra gramatical, ainda sou um sonhador...

30/10/2020.
15. Jornais Preto e Branco

Antigamente, os jornais não eram coloridos. Lembro-me, no início dos anos


1980, como ansiava pela vinda do jornal a cores.
Os jornais de papel eram todos em preto e branco. Mesmo os grandes, como a
Folha de São Paulo, o Estado de São Paulo, o Globo, o Jornal do Brasil etc.
Suplementos culturais costumavam ter cores, principalmente quando eram
impressos em papel especial. Aos domingos.
Eles sujavam as mãos com sua tinta. Não muito, mas sujavam. Os jornais de
menor tiragem, sujavam mais, porque eram feitos no chumbão.
No final do século XIX e início do século passado, os empregados de famílias
ricas, passavam a ferro os jornais, para que seus patrões não sujassem suas mãozinhas,
ao ler seus importantes periódicos.
Hoje, qualquer jornal é colorido. Fotos, e às vezes até os textos. Jornais de
grande tiragem, suburbanos, interioranos, de propaganda, todos. E não sujam mais,
quase, as mãos.
Fotos preto e branco, só as de arte, de um modo geral.
Com o jornalismo digital, a internet traz as notícias rapidamente, a cores, e sem
sujar as mãos de quem as lê.

31/10/2020.
16. Terminar um Livro Legal

Quando a gente termina de ler um livro muito legal, mas muito legal mesmo,
daqueles que nos preenchem, que nos fizeram pensar, que nos fizeram sonhar, que
sentimos que transformaram alguma coisa em nós, é porque lemos um livro muito
especial.
Quando nos acontece isso, é impossível buscar outro.
Temos que parar, e fazer outra coisa. Ou não fazer nada mesmo.
É o momento de meditar sobre o que acabamos de ler.
Essa pausa pode durar horas, ou um dia inteiro, ou dias.
Se somos de fazer marcações, podemos nem conseguir voltar a elas, para dar
aquela geral no livro, novamente.
Temos que dar um tempo.
Esse tempo nos renovará as energias, será o que precisamos para retornar às
marcações ou para retomar um novo livro.
O que ocorre, e isso geralmente, é que não encontramos nenhum título que nos
agrade tanto. Nada parece ser tão bom.
É isso que faz alguns livros serem tão especiais. São únicos.
O que ocorre, muitas vezes, é que, anos depois, voltamos a eles e... já não
parecem a mesma coisa. Se mostram opacos, mornos.
Mas outras, poucas vezes, eles se renovam. São esses os livros que nos fazem
viver de novo, não as mesmas, mas novas emoções.
Aconteceu isso comigo com Cleo e Daniel, de Roberto Freire. Foi, para mim,
um livro inovador. Eu tinha quatorze anos, e a visão de mundo renovou-se. Releio,
com prazer, até hoje.
Teve, anos depois, A Morte Organizada, de Luiz Carlos Maciel. Esse livro
mostrou-me que poderia continuar sendo um intelectual, sem deixar de ser, por
exemplo, roqueiro. Era uma nova forma de literatura. Rabisquei ele pra caramba, e o
enchi de anotações.
Por causa desse livro, comprei outros do mesmo autor, posteriormente. Mas
nenhum teve o mesmo impacto.
Aconteceu também com O Jogo das Contas de Vidro, de Hermann Hesse. A
história do jogo dos avelórios, e das passagens em latim, me fizeram pirar! Até
comprei um caderno, para anotar minhas impressões sobre o livro. Já vinha lendo
outros livros dele, com muito fervor, como Caminhada, e O Lobo da Estepe, mas esse
foi inspirador.
Finalmente, O Nome da Rosa, de Umberto Eco. A história, cheia de silêncio,
falando de livros antigos. As passagens em latim medieval. As horas, segundo os
mosteiros. Até comprei um relógio, para adaptar o mostrador naqueles horários.
Já gostava do autor, de seus livros sobre semiótica. O romance foi uma
descoberta.
Foram grandes experiências, nas várias vezes em que os li.
Houve outros, mas não foram tão marcantes.

01/11/2020.
17. No Café Existencialista

Esse é um livro legal. Terminei-o de ler há alguns dias, e só agora estou


conseguindo falar sobre ele.
Acho que vai ficar entre os memoráveis.
Sua autora me deixou totalmente chapado, com seu modo de escrever. Ela fez
um verdadeiro manual de filosofia existencialista para leigos, para não iniciados em
filosofia.
O incrível é que ela pouco cita Platão, Sócrates e toda aquela gregaiada. Ao
contrário do geral dos livros sobre filosofia, que sempre discorrem páginas e páginas
sobre eles. Pouco cita filósofos como Kant, e nada de Schopenhauer.
Mas fala de Husserl, de Kierkegaard (um pouco), de Jaspers, de Merleau-Ponty,
de Camus (o escritor), de Heidegger (muito), e, principalmente, de Sartre e Beauvoir.
Entre outros.
Aprendi, humildemente, que o existencialismo não nasceu na França, com Jean-
Paul Sartre e Simone de Beauvoir.
Sarah Bakewell cita dados biográficos de todos eles. Fala de suas discussões, de
suas brigas, de suas ideias, de como cada um mudou seu pensamento e influenciou os
dos outros, respectivamente.
No dia em que terminei o livro, fiquei pasmo. Perplexo. Não conseguia parar de
pensar nele. Não conseguia repassar as marcações.
Só hoje à tarde comecei a observar as marcações e fazer minhas anotações num
caderno.
Depois de alguns dias.
Comecei. Não terminei.
Fui fazer um chimarrão e vim escrever sobre ele.
Eu ia anotar aqui algumas passagens que mais me agradaram, que + me
apaixonaram...
Mas não tem como. Estou ainda boquiaberto com a densidade que ele tem. Ele é
magnífico!
As fotos de locais específicos, como a do Café de Flore, as gravuras, as imagens
de propagandas da época e quetais, as fotografias dos filósofos, tudo contribui para
uma melhor imersão no que está escrito.
Não é para ser lido em forma eletrônica, num e-reader. Tem que ser no papel,
mesmo, pesando sobre o colo, ou sobre as pernas cruzadas, ou sobre uma mesa, com a
possibilidade do vento bater e querer virar as folhas. De observar as fotografias e
estampas.
É um livro quase pesado, e quase grosso. Suas letras são pequeninas, para
minha vista míope. E cansada.
É para se ler devagar, com atenção, muita atenção, voltando parágrafos,
voltando páginas, relendo o que não foi bem entendido, ou a passagem mais prazerosa.
O mais importante é que não tem introdução. Nem prefácio. Vai direto ao
assunto. O último capítulo serve como uma conclusão, todavia é mais que isso.
Na verdade, tem orelhas. A primeira, faz uma introdução ao livro. Você lê se
quiser. Eu li depois que o terminei. A última orelha traz alguns elogios e a biografia da
autora.
Eu o havia lido numa amostra gratuita da Amazon, em meu Kindle. Pela
amostra, senti que valeria a pena tê-lo fisicamente. Esperei ter o dinheiro para tanto –
ele é caro!, mesmo não sendo de capa dura – e o adquiri.
Foi uma verdadeira descoberta. Não me arrependi. Fiquei feliz com a
aquisição. Espero que, numa futura releitura, ele me pareça tão bom. Ou melhor que
agora.
Tentei ler com o maior cuidado, mas mesmo assim a lombada ficou curvada
para dentro, e algumas partes destacadas, como se tivesse aberto o livro demais
naquelas páginas. É um defeito, que a editora poderia corrigir, se não fosse tão
gananciosa em pedir tanto, por um livro de capa mole. E encadernação simples.

02/11/2020.
18. A Busca pela Felicidade segundo os Astecas

Os astecas, do México, tinham uma filosofia que chamavam de a arte de viver


bem, mas que os pesquisadores atuais chamam de busca pela felicidade.
Os rituais do Dia dos Mortos, no México, acontecem entre os dias 31 de outubro
e dois de novembro. As famílias constroem pequenos altares em suas casas para
homenagear seus antepassados. Colocam comida, bebida, fotos e outros itens pessoais,
além de decorar seus túmulos.
Esses rituais estão enraizados na antiga filosofia asteca.
Segundo ela, o problema básico da vida é que, nós, os humanos, não somos
perfeitos. Cometemos erros. Os astecas diziam: a terra é escorregadia, escorregadia.
Para evitarmos cometer erros, precisamos viver uma vida equilibrada em três
níveis diferentes: em nossas psiques, em nossos corpos e na nossa sociedade.
O principal objetivo individual é que equilibremos nossa psique.
Isso é feito alinhando o coração – o yollotl – e o rosto – o ixtli. Por coração, ela
quer dizer os pensamentos e desejos. Por rosto, ela quer dizer a organização racional
desses desejos.
A vida feliz é alcançada por meio do equilíbrio.
Individualmente, significa equilibrar rosto e coração. Socialmente, envolve
amigos, família e antepassados.
Os rituais do Dia dos Mortos ajudam nesse equilíbrio social.
O coração é uma metáfora para todos os desejos do corpo. Corpo é o mesmo
que mente. Vou explicar.
Cada região do corpo tem sua própria mente. Nossos olhos pensam de uma
maneira, nossos ouvidos de outra e nossa pele de outra.
Segundo o estudioso Alfredo Lopéz Austin, os astecas pensavam na consciência
como um ecossistema de mentes. Cada mente compete por atenção e expressa seus
próprios desejos.
Dentro desse ecossistema de mentes, três regiões detêm a maior concentração
de forças cósmicas. Essas forças cósmicas nos tornam vivos e em movimento. São
elas: o coração (físico), a cabeça e o fígado.
Esse coração abriga a yolia, que é a nossa personalidade consciente. A cabeça
abriga o tonalli, nossa força de caráter e do nosso destino. E o fígado abriga o ihiyotl,
responsável por nossa respiração e saúde.
Quando morremos, esses três poderes são separados de nossos corpos.
O ihiyotl, que é a respiração, reúne-se imediatamente com a natureza. O tonalli,
que é a força vital, retorna como energia. O yolia, a personalidade, viaja para Mictlán,
a terra dos mortos. Lá, ele passa por uma série de provações, como fome e ventos
frios.
Para ajudar na viagem, o yolia é acompanhado por um cachorrinho amarelo,
além de todas as oferendas que os vivos lhe façam.
É por isso que, em vários dias do ano, além do Dia dos Mortos, os membros da
família devem ajudar o yolia de parentes falecidos recentemente, em seus santuários.
Depois de quatro anos, o yolia termina sua jornada e se reúne à energia
fundamental do universo, ometeotl.
Tudo o que resta do falecido é sua força de personalidade como tonalli, que
pode ser invocada pela lembrança de seu nome.
Ao lembrar os antepassados, ajudamos a equilibrar nossas vidas na Terra. Além
disso, apoiamos nossos entes queridos em sua vida após a morte.
As informações deste texto foram baseadas em matéria capturada no dia de
hoje, às 20h52’, em https://theconversation.com/what-day-of-the-dead-tells-us-about-the-aztec-
philosophy-of-happiness-147552?utm_medium=email&utm_campaign=Daily%20newsletter
%201122020&utm_content=Daily%20newsletter
%201122020+CID_05fd89d1a4cec2a688664400c0a80a87&utm_source=campaign_monitor_us&ut
m_term=What%20Day%20of%20the%20Dead%20tells%20us%20about%20the%20Aztec
%20philosophy%20of%20happiness.

02/11/2020.

Adendo

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem um programa para
procurarmos nossos antepassados, aqueles que não temos informação suficiente, ou
que nem sequer sabemos os nomes.
Esse programa cruza as pesquisas das pessoas que fizeram suas genealogias
com outras genealogias.
Quando fazemos a nossa, podemos encontrar boas surpresas.
É só procurar em https://www.familysearch.org/pt/.

03/11/2020.
19. Dor é Vida

Ninguém quer sentir dor. Claro!


Imaginamos um Éden quando pensamos que não precisaríamos mais sentir dor.
Isso pode acontecer numa futura vida, onde não dependamos dela, para nos cuidar.
Pois é isso.
A dor é um aviso de que alguma coisa em nosso corpo não está bem.
Se não sentirmos dor, o mal se propaga, e ficamos doentes sem saber porquê.
Ou perdemos uma parte de nosso corpo sem ter aviso prévio.
Poderíamos dizer: - Dor, és apenas uma palavra!
Isso seria a negação, mas não resolveria. Seria muito estoico de nossa parte, e
isso não faz bem a ninguém.
Quando sentimos dor, temos que primeiro saber a causa, que é o que a está
provocando. Ou as causas. Isso é assertividade.
Sabendo a causa, podemos realmente nos tratar.
Se simplesmente tomamos remédio para ela passar, sabemos que ela poderá
voltar, e cada vez pior. É uma forma de negação.
Mas, dor, é o que nos move a agir. É o que nos mostra que estamos vivos.
Não sabemos o que é o prazer, se não soubermos o que é o
sofrimento. Não pode existir um, se não houver o outro.
Há vários tamanhos de dor, como existem vários tamanhos de gozo. Um não é,
simplesmente, o contrário de outro. Podemos ter os dois ao mesmo tempo, até.
Nós nunca sabemos qual é o máximo da dor, ou do gozo. O máximo, dos dois, é
a morte de um corpo. Mas sabemos o quanto já aguentamos. De cada um.
Podemos não nos lembrar. Essas coisas, se esquecem facilmente. Podemos ter
um vislumbre da lembrança, mas, graças aos céus, não temos lembrança perfeita.
Dor, e prazer, são vida.

03/11/2020.
20. Coisa mais Linda

A bossa nova era algo que eu execrava. Gostava da MPB, mas considerava a
bossa nova um estilo muito elitista. E era, mesmo, em 1958. Era coisa da zona sul
carioca.
Gostava de rock, de música barroca, de música clássica, de música antiga, de
jazz, de MPB, e por aí vai.
Foi quando vi a série Coisa mais Linda, na Netflix. É uma série em que, uma
moça paulistana, decide abrir uma boate de música no Rio de Janeiro, parece que em
1959. E descobre um músico que canta baixinho, e toca violão com dissonâncias, mas
num ritmo que mistura o samba com jazz. Um som que voa.
Ela fica impressionada. E decide contratá-lo para sua boate.
Naquele tempo, as boates não eram como hoje, uma barulheira infernal. Tinham
mesas, e podia-se conversar, em voz normal, se a música não fosse tão interessante.
Eram baseadas nas casas de jazz norte-americanas.
O personagem que interpreta o músico é claramente baseado em João Gilberto,
numa livre adaptação. Uma homenagem, digamos assim.
Na verdade, naqueles anos, quais eram as opções musicais do brasileiro, em
termos de música popular? Tinha o samba, o samba-canção (popularíssimo), o jazz e o
rock’n’roll norte-americano (para poucos). No rádio, o que mais tocava, era o samba-
canção. Até a música de fossa era samba-canção.
Claro, tinha o baião, o frevo, as marchinhas etc, mas o que pegava nas boates
era o samba-canção. O vozeirão, inclusive, sem microfone.
A bossa nova foi uma renovação musical. Para a classe média burguesa do Rio
de Janeiro. Mas logo chamou a atenção dos jazzistas norte-americanos, que passaram
a copiá-la descuidada e descaradamente.
Hoje ela influencia várias gerações de músicos, de vários estilos.
Eu tinha dois discos – vinis – de João Gilberto. Com capa desgastada. Pensava
firmemente em vende-los, a bom preço.
Depois da série, desisti. E agora os ouço com calma e frequência. Além de
outros discos desse gênero que temos em casa.
Não podemos esquecer de Baden Powell, precursor do gênero no Brasil. E no
mundo. Desse, eu já gostava.
Se João Gilberto era perfeccionista, Baden Powell era um verdadeiro ilusionista
no violão.
Passei a ter uma nova visão da bossa nova. Não a considero mais tão elitista
assim.

05/11/2020.
21. Cordas Novas

Comprei, ontem à tardinha, um encordoamento novo, para meu velho violão


chinês Málaga.
Estava faltando a corda mizinha, e o resto estava meio enferrujado.
Obtive um encordoamento da Giannini, de aço, leve. Cordas de bronze. Paguei
35 paus na loja de música da cidade. Achei caro. Mas, vamos ver, com o uso, como
elas se portam. Pode ser que a qualidade supere o custo.
As tarraxas, precisarei passar grafite, pois estão duras, com a falta de uso. Há
anos que não toco mais violão.
Estou enferrujado. Tive dificuldade em fazer alguns exercícios de escala.
A afinação, porém, foi perfeita. Usei meu velho afinador em lá. Não me fio
nesses afinadores de celular. Para tanto, tenho ouvido musical treinado. Isso não se
perde.
Agora, está faltando imprimir o método, que eu baixei pela internet, baseado no
mestre Tárrega, que foi o que estudei entre meus dezesseis e dezoito anos.

06/11/2020.

Adendo

Tentei, ontem, imprimir o método. Por ser antiga a cópia, e fotografada em


PDF, as folhas saíram muito clarinhas. Não deu certo.
Imprimi algumas páginas de pauta musical. E estou copiando exercícios à mão,
na melhor tradição dos copistas de orquestras.

10/11/2020.
22. Dor Social

A dor não existe apenas fisicamente. Ela também pode ser emocional, mental,
espiritual, social, intelectual etc.
Uma dor social é a que sentimos quando somos rejeitados pela sociedade. Isso
pode acontecer por nossa opção sexual. Por nossa condição mental. Por nossa opinião.
Por nossa religião, ou por nos declararmos ateus. Por sermos pessoas muito tristes. Ou
até por sermos ativos demais. Por nossa cor de pele. Ou por como usamos nossos
cabelos, ou barba, ou pelas roupas que vestimos.
Há inúmeros motivos para sentirmos uma dor social. Para sermos ignorados
pela sociedade. Ou para sermos importunados por ela.
A dor social é algo que eu não tenho resposta, a não ser a educação da própria
sociedade. Contra o preconceito de todas as formas.
Quem sente dor social, pode buscar ajuda. Dependendo do caso, se for uma
doença, existem remédios que podem ser prescritos por especialistas.
Porém. Dependendo do caso, quando não é doença, precisamos saber nos
impor, levantar nossa própria crença, nosso pensamento, nossa moral. E buscar
pessoas que pensem, ou que ajam, ou que sejam como nós. Para ter mais força perante
a sociedade preconceituosa.
Se não encontramos nenhum como nós, somos solitários. E temos que aprender
a enfrentar a sociedade, sem perdermos nossa individualidade.

07/11/2020.
23. Respire

É fundamental.
O que representa vida é a respiração.
A primeira coisa que fazemos, quando nascemos, é chorar. Berrar. Significa que
estamos respirando.
Todos ficam felizes. O bebê está respirando. Está vivo!
Respirar é tão importante, que todas nossas outras funções corporais dependem
disso. O funcionamento do coração, cujo bater significa tanto, depende da respiração.
Do ar entrando em nosso corpo, e saindo, ininterruptamente.
Inspiração e expiração.
É tão fundamental que, todo tipo de meditação, a tem por princípio. Inspirar
profundamente, e expirar lentamente.
Ouvi e li especialistas dizendo que devemos expirar por mais tempo que
inspirar. Algo em torno de, três vezes a expiração, para uma de inspiração. Não ser o
porquê. Mas deve ter lá sua razão. Eu mesmo tento, tento, e consigo muito mal.
Já vi iogues fazendo justamente o contrário: inspirando e expirando
rapidamente. Não entendi o motivo. Especulo.
O controle da respiração e o respirar com a barriga são importantes para
diversas atividades, como tocar instrumentos de sopro, fazer meditação, ioga, e até
para o dia-a-dia.
Respirar com o tórax é insuficiente. Não se impõe para o corpo de uma forma
completa.
Experimentemos isso. Vamos por uma mão sobre a barriga e a outra sobre o
peito. Respiremos. Se o que avançar para a frente for o tórax, estamos incorretos. Se
for o diafragma, perfeito!
Quando nascemos, respiramos com a barriga. Depois, quando crescemos, não
sei porque, passamos a fazer errado. Daí, temos que treinar, para voltar a acertar.
Traduzamos isto: respirar! Conscientemente. Pensando no aqui e agora.
Respirar significa vida. Por princípio. Por base. É nossa força vital. É nossa
natureza.
Teve uma mulher, nos Estados Unidos, que lançou livro e ficou famosa dizendo
que vivia de ar. Que não precisava comer nem beber. Só respirar. Muita gente
acreditou.
Foi desmascarada. Fotografaram-na comendo em local público. Se ela levou
processo de alguém, não sei, pois por lá as coisas são levadas muito a sério.
Vamos pensar em parar a respiração. Para ficar debaixo d’água, por exemplo. É
um hiato, uma partícula de tempo. Não conseguimos, por mais que treinemos, ficar
sem respirar por mais que alguns minutos. Algumas pessoas mais. Mergulhadores que
pescam sem máscaras.
Respirar é um presente que recebemos. Inspirar o ar e expirar. É o mínimo que
podemos agradecer.
Não precisamos nos lembrar, é automático.
Como se diz, respire, mantenha a calma e seja positivo.
Vamos caprichar na respiração. É importante.

07/11/2020.
24. Focinho de Cão

O cachorro tem um faro invejável. Sentem cheiros onde nem percebemos que
pode haver alguma coisa.
Algumas raças, não. Têm visão mais apurada. As de caça.
Mesmo assim, os cães, de uma forma geral, têm visão curta. São míopes, de
certa forma. Embora enxerguem bem no lusco-fusco e à noite.
Mas a audição é muito melhor que a nossa. Eles ouvem alturas que não
conseguimos, por serem baixas, ou altas demais.
Nós tínhamos o costume de acender a luz para nossa cachorrinha jantar, até que
aprendemos isso. Não acendemos mais a luz, e ela vai pelo faro.
O faro do cão é incrível! Ele tem capacidade para distinguir muito mais
diferenças de cheiro que nós. E numa distância bem maior.
Por isso que a polícia treina pastores para detectar drogas, em locais de difícil
acesso.
Arqueólogos usam pastores para achar tumbas antigas, onde tenham ossos
humanos. E até cemitérios abandonados, de povoados que não existem mais. São cães
que, anteriormente, foram utilizados por policiais, para encontrar cadáveres.
De qualquer forma, de uma maneira geral, todo cachorro tem um faro
admirável. Se pusermos um pouquinho de caldo de carne, no prato de arroz com
feijão, de nossa cadelinha, ela imediatamente detecta, e devora o prato. Mesmo no
escuro.

07/11/2020.
25. A Verdade está com as Crianças

O pai, está sentado na poltrona, vendo as notícias em seu celular. De repente,


desvia seu olhar, abobalhado, para o filho de seis anos, quando ele lhe pergunta:
- Papai, por que a professora ficou brava comigo, quando perguntei se poderia
amar o sol?

08/11/2020.
26. Felicidade e Alegria

Felicidade não pode ser confundida com alegria. São dois conceitos
completamente diversos, conforme nos garante o estudioso da alegria, George H.
Truett, na matéria capturada em The Conversation, hoje, às 18h41’:
theconversation.com/finding-joy-in-2020-its-not-such-an-absurd-idea-really-145993?
utm_medium=email&utm_campaign=Latest%20from%20The%20Conversation%20for
%20November%209%202020%20-%201780917279&utm_content=Latest%20from%20The
%20Conversation%20for%20November%209%202020%20-
%201780917279+CID_51a6ddfbe32721df9369c744de57477c&utm_source=campaign_monitor_us
&utm_term=Finding%20joy%20in%202020%20Its%20not%20such%20an%20absurd%20idea
%20really.

Segundo ele, A felicidade tende a ser a sensação de prazer que sentimos por
ter a sensação de que a vida está indo bem. Já, a alegria tem uma capacidade
misteriosa de ser sentida ao lado da tristeza e até mesmo - às vezes, mais
especialmente - em meio ao sofrimento.
De uma certa forma, para mim, a felicidade é um estado de espírito, que se
obtém como algo perene. Mas dinâmico.
Na felicidade, nem sempre estamos alegres, mas vemos as coisas por um lado
mais otimista. A alegria é instantânea e volátil, podendo acontecer em meio a um mar
de tristeza.
Podemos ter graus de felicidade. Podemos estar nos sentindo momentaneamente
mais felizes, ou ter dias em que nos sintamos menos felizes. Mas se consideramos
nossa vida feliz, num aspecto otimista, haverá menos chances de nos sentirmos
infelizes.
Podemos ter ímpetos maiores de alegria. Ou menores. Graus de alegria não nos
farão essencialmente felizes. Mas podem ajudar.
Não precisamos ser pessoas alegres para sermos felizes. Assim como, nem toda
gente alegre é feliz.
Não são apenas pessoas tristes que se suicidam. Pessoas alegres, também. Pois a
taxa de infelizes é bem grande. Gente que planeja por muito tempo, ou que,
aparentemente, comete num átimo. Na verdade, sempre há sinais anteriores. Que quem
está do lado de fora pode – ou não consegue – ver.
A alegria é momentânea. A felicidade é um plano.
A alegria se vê estampada no rosto. A felicidade, é mais sutil.
09/11/2020.
27. Meditação Guiada

Lápis de cor sobre aquarela pelo autor.

O melhor modo de se praticar uma meditação guiada é através de podcasts


direcionados a tanto. Ou de canais no YouTube. É só entrar no YouTube e escrever
meditação guiada que encontramos diversos vídeos nesse sentido.
Antigamente existiam disquinhos de vinil e fitas cassete destinados a tanto. Foi-
se o tempo.
Como é uma meditação guiada? Ela tem um tempo determinado. Início, meio e
fim. Pode ter música de fundo, sons de natureza, ou apenas um sininho aqui e ali, tudo
feito para acompanhar uma voz que nos guiará, dizendo a posição em que devemos
ficar, as atitudes a tomar, que respiração fazer, essas coisas.
Para que serve uma meditação guiada? Por ter um tempo determinado, o
meditante sabe se caberá em seu período disponível. Além do mais, serve para
iniciantes, que não sabem como começar. Ou até mesmo para quem já está
acostumado, ter uma experiência nova.
Para quem não serve?
Gente que tem seu próprio método. Tem sua própria disciplina. Sua atmosfera.
Gente que já tem o savoir-faire. O know-how.
Pessoalmente, não gosto de meditar com música de fundo. Acabo prestando
atenção na música. Prefiro o silêncio.
E tem mais.
Sem tempo para terminar, sem relógio de tipo algum, sem timer.

10/11/2020.

Adendo

Entrou hoje na Netflix uma série muito interessante, headspace – Meditação


Guiada.
Comecei a assistir e estou achando muito legal. É intuitiva e faz-nos participar.

01/01/2021.
28. Star Trek Discovery: 3ª Temporada

Estamos assistindo a terceira temporada de Star Trek Discovery. Assistimos o


quarto episódio. E agora estou revendo todos para não ter dúvidas.
Parece que, nesta terceira temporada, finalmente, Discovery acertou a mão.
Voltou a ser Jornada nas Estrelas. Quase mil anos à frente, com novas tecnologias.
Ainda não tão surpreendentes. Vamos aguardar.
A Discovery está visitando planetas, civilizações. O próprio planeta Terra e o
planeta Trill. O episódio quatro foi emocionante, a bem dizer. As cenas na caverna, o
encontro de Adira com seus antecedentes...
Claro. Porque a primeira temporada foi Star Wars, nitidamente. Além de
desgraçar com o visual e o som da voz dos klingons.
A segunda temporada foi de Time Trek. Salvo o episódio no planeta de Saru –
comovente –, e um retorno ao design dos klingons, o resto foi todo de viagem pelo
tempo. Nada a ver.
Agora, a terceira temporada promete. Estamos ansiosos pela próxima sexta-
feira. Depois de amanhã, para quando está prometido o quinto episódio.

11/11/2020.

Adendo

O quinto episódio manteve as expectativas. Assistimos no primeiro horário de


nosso dia.
A viagem à nave com as sementes, a exploração dela, a interação com os
alienígenas. A Federação em novo estilo. As novas naves. Tudo foi ótimo.
Esperamos com ansiedade pelo próximo episódio.

14/11/2020.

Outro Adendo
O sexto episódio, Piratas, chamou-me atenção pelas atualizações. A nave não
precisa mais das naceles, os controles são bio-adaptados, as insígnias têm várias
funções.
Fora isso, a história foi emocionante. Está valendo a pena essa terceira
temporada. Assisti o episódio na sexta-feira, e ontem o reassisti.

26/11/2020.

Mais um Adendo

Sexta feira assistimos o sétimo episódio, Unificação III.


Reassisti ontem, quase no final da tarde, e fiz umas anotações para escrever
sobre ele hoje. Porque gostei demais! Foi o melhor, até agora.
Desta vez, as novas tecnologias impressionaram.
Além do mais, Vulcano não se chama mais Vulcano. O planeta mudou de nome,
para Ni’Var. Na hora, não gostei muito mas, em 930 anos, como é normal um país
mudar de nome, não poderia um planeta?
Agora, com a reunificação, ele é habitado por vulcanos e romulanos. Talvez,
por isso, a mudança de nome. Mui provavelmente.
Michael Burnham invoca à Presidente de Ni’Var o T’Kal-In-Ket, um “processo
filosófico projetado para descobrir verdades”, usado desde a época de Surak, segundo
ela explica.
É um Conselho, misto de romulanos e vulcanos, com uma advogada pertencente
à ordem Qowat Milat, aquela do Caminho da Franqueza Total, da primeira temporada
de Picard. Essa advogada defenderá Burnham. Tudo acontece e termina neste
episódio.
Essa é uma boa característica desta temporada: apesar da continuidade, cada
episódio conta uma história diferente.

29/11/2020.
Mais Outro Adendo

A Imperatriz Georgiou entra no Universo Espelho, e tenta ter uma relação


diferente com sua filha. É o único ponto a ser ressaltado no episódio nove de Star Trek
Discovery, Terra Firme Parte 1.
Afinal, essa história de universo paralelo já deu o que tinha que dar, na primeira
temporada. Principalmente, porque se fala tanto, hoje em dia, em multiversos. Essa
sim, seria uma história e tanto, mas não para Jornada nas Estrelas...

14/12/2020.

Adendo Final

Os últimos episódios da terceira temporada careceram de imaginação. Foi só


lutinhas, guerrinha, um retorno a star wars. E não foram mais uma história diferente a
cada episódio.
Só o que salvou foi o espaço holográfico de Su’Kal. E a explicação da
Combustão.

14/01/2021.
29. Democracia Digital

Amanhã será o dia das eleições municipais. Domingão.


Vamos ter que levar nossa própria caneta e documentos. E máscara.
Esperamos que não haja aglomeração de pessoas. Que não haja folhetos
espalhados pelas calçadas. Que não haja políticos colhendo votos.
Que os eleitos sejam pessoas dignas. Sabemos que, dificilmente, isso tudo irá
acontecer. O povo quase sempre escolhe mal. Porém, aguardemos. A esperança nunca
morre.
Estamos em plena revolução digital. As eleições não ficam de fora.
Notícias falsas circulam pela web como rastilhos de pólvora. Com a pandemia,
nunca a internet foi tão importante. As pessoas não verificam, se a procedência da
notícia é confiável. Vão atrás e passam adiante.
Já tivemos esse problema na última eleição presidencial. As notícias falsas –
fake news – tiveram muita força. E o povão acreditou nelas. Quis acreditar.
Segundo Emerson Garcia, Promotor de Justiça no Ministério Público do Rio de
Janeiro, A democracia digital nada mais é que o uso da comunicação e da informação
tecnológica, em todas as espécies de mídia, com o objetivo de ampliar a participação
política do cidadão. Isto ocorre sem os tradicionais limitadores de tempo e espaço,
próprios do ambiente analógico. (Revista Justiça & Cidadania nº 243, Democracia
digital e eleições 2020, p.41.)
Porém, o que parece que acontece, é que não amplia, mas limita, como
acabamos de expor. Precisamos de uma inteligência artificial, que atue na rede,
mostrando quando a notícia é falsa, e quando não. Isso já existe, está em fase de testes,
vai ser um grande avanço.
No tempo da eleição em papel, também haviam notícias falsas, mas não corriam
com a mesma velocidade de hoje.

14/11/2020, sábado de sol.

Adendo
Não houve sujeira nas calçadas. Não houve aglomeração de pessoas. Pelo
menos no horário e onde votei. Não vi políticos na entrada do local de votação.
Mas quem ganhou foram os mesmos de sempre.

16/11/2020.

Outro Adendo

Em direito processual, há uma corrente que acredita que o processo pode


delimitar a ação dos juízes, já que eles não podem ser demitidos.
Essa mesma corrente crê na possibilidade de demissão de políticos, no
legislativo e no executivo, através das eleições. Como são belas as teorias!
Como vemos, em nível municipal, como no estadual e federal, não ocorre
demissão, mas reeleição. De vereadores e prefeitos. De deputados estaduais e
governadores. De deputados federais, senadores e presidentes.
Além do mais, ficam ainda se jogando, de um poleiro para outro, indo do
legislativo para o executivo, e vice-versa.
Fazem a chamada carreira política, dizendo que têm experiência na área, e por
isso se veem no direito do continuísmo. Como se política fosse uma profissão. Não
dão chance aos não-carreiristas.
Veja o exemplo de Lula. Foi eleito e reeleito Presidente da República. Como
não podia se eleger novamente, colocou como candidata, em seu lugar, Dilma
Rousseff, que foi posta para fora pela população, antes de terminar seu segundo
mandato. Por impeachment.
No caso de Bolsonaro, foi eleito cinco vezes em seguida, como deputado
federal. Não se contam, nos dedos da mão direita, o número de projetos apresentados
durante suas cinco gestões, e votados na mesa. Em seguida, foi eleito Presidente da
República. E ainda quer ser reeleito.
Collor e Sarney foram Presidentes do país, e hoje fazem parte do legislativo.
Não querem perder a boquinha.

18/11/2020.
30. Religião e Religio

Muitos religiosos, esotéricos e exotéricos insistem em dizer, e escrever, em


livros, sites, blogues etc, que a palavra religião tem sua origem no latim religare. Isso
daria a ideia de que ela religaria o ser humano à divindade.
Nada a ver. Livros de filosofia, teologia e etimologia de meados do século
passado já renegavam isso.
Eles explicam que a palavra religião vem do latim vulgar relegere, que significa
prestar um culto, de experimentar um fervor apaixonado, como dizem Denis Huisman
e André Vergez, no livro Compêndio Moderno de Filosofia, volume I, A Ação, pág.
14. A edição consultada é de 1966.
Em alguns casos, pode ser admiração.
Os antigos egípcios não tinham essa palavra para definir seus rituais e cultos a
deusas e deuses. Eram parte do estatuto do Estado. A religião, na verdade, fazia parte
do cotidiano.
No Antigo Testamento, não se menciona esse vocábulo. Nunca.
Ser um religioso significa acreditar em coisas sagradas, num aspecto
sobrenatural. Tem a ver com fé, muito mais que com convicção intelectual.
A fé consiste em acreditar. Simplesmente acreditar. Sem necessitar de
explicação. Apenas por revelação pessoal.
Quem não tem uma revelação pessoal, não tem fé.
Tem que crer, sem nunca ter visto, ou ouvido, ou etc. É um acreditar sem
explicação.
Toda religião tem que se basear numa revelação. E o fiel tem que ter sua
revelação pessoal nela. Se não houver esses princípios, não existe religião.
Ela pode ser institucionalizada, ou não.
Pode ter membros no mundo inteiro, ou ser localizada.
Pode ter pouquíssimos membros.
Pode ter um local específico de adoração. Pode ser numa capela, num templo,
num terreiro, na natureza, ou em casa.
Como já dissemos, etimologicamente, religião tem a ver com prestar um culto, a
uma, ou mais divindades. De experimentar a sensação. De fazer isso com paixão
inexplicada.

17/11/2020.
31. Reiniciar é a Solução pra Tudo!

Reiniciar é a grande solução pra tudo.


Inclusive, no mundo da informática.
Já no tempo da eletrônica, quando tudo parecia dar errado, a solução era dar um
pontapé na televisão, ou um soco no rádio. Ou então, desligar tudo, tirar tudo da
tomada, e recomeçar a ligar tudo de novo.
Em eletricidade, acontece o mesmo. Quando tudo dá errado, a solução é refazer
todas as ligações, talvez trocar os componentes, ou alguns deles, e ligar de novo.
Os mecânicos fazem o mesmo. Seja com automóveis, seja com relógios, a
solução é, muitas vezes, recomeçar do zero. Desmontar tudo e remontar tudo de novo.
Quando um Kindle, um computador de mesa, um laptop, um smartphone, ou
seja lá que aparelho for, não parece funcionar mais, reiniciamos.
Quando dá pau, reiniciamos.
Outro dia, num meet da igreja, um domingo, eu aparecia, mas meu microfone
não funcionava. Reiniciei o computador, e tudo aconteceu perfeitamente. O microfone
passou a funcionar.
Nosso teclado e mouse são wireless. De repente, o teclado ficou doido, e o que
aparecia na tela não era o que eu digitava. O mouse, não obedecia aos comandos das
duas teclas.
Tentei trocar de lugar os pendrives. Não deu certo.
Reiniciei! E tudo voltou ao normal, como se nada houvesse passado.
Ainda outra vez, nossa impressora, que também é sem fio, não funcionava. Eu
mandava impressões e nada! De repente, desconectei o pendrive respectivo com
antena e conectei novamente. Mandei uma nova impressão. Imediatamente, todas as
impressões saíram.
Reiniciar é a grande solução, sempre que vemos tudo dar errado.
Só não conseguimos fazer isso com seres vivos. Animais e vegetais. Às vezes,
dependendo do caso, conseguimos reanimar. Mas é porque ainda tem um sopro de
vida.
Pensando bem, com aparelhos eletrônicos, mesmo computadores, se dá o
mesmo. Tem vezes que o aparelho morre, não tem mais jeito, só comprando um novo.
Reiniciar só dá certo quando ele ainda funciona. Mesmo que mal-e-mal.
No dia-a-dia, temos que aprender a reiniciar. Quando estamos fazendo algo,
fazendo, fazendo, fazendo, e não dá certo, o negócio é parar com tudo e recomeçar.
Como se nada tivesse sido feito até então.
Não é uma atitude inútil, porque temos a experiência do que já foi feito. Ela vai
servir para nos ajudar a não cometer os mesmos erros das vezes anteriores.
Dá muito certo, eu mesmo já reiniciei muitas vezes em minha vida, e sempre
foram experiências renovadoras, um sopro de ar fresco, no calor das emoções.
Quando terminou a Segunda Guerra, muitas pessoas precisaram se refazer do
zero. A vida não era a mesma, muitos perderam tudo o que tinham.
Esperamos pelo término da pandemia para reiniciarmos nossas vidas. Não
sabemos como será, mas de algum jeito deverá acontecer. Esperamos.
Reiniciar é o mesmo que reinicializar. Que é a mesma coisa que recomeçar,
começar de novo, e até, de uma certa forma, restaurar.
Já tive essa dúvida por muito tempo, até decidir pesquisar no dicionário
inFormal (https://www.dicionarioinformal.com.br/diferenca-entre/reinicializou/reiniciou/
#:~:text=Flex%C3%A3o%20de%20reinicializar.,o%20seu%20computador%20naquele%20dia), às
11h17’, de 19 de novembro.

19/11/2020. Editado em 27/12/2020.


32. A Teoria de Tudo?

Físicos acreditam que podem resumir numa única teoria, numa única fórmula
matemática, quiçá, o resumo de toda a física.
A meu ver, é o mesmo que a busca pelo Santo Graal. Ou a tentativa dos
alquimistas em transformar material espúrio em ouro.
Se bem que, alquimistas modernos, dizem que, a busca pelo ouro, era espiritual,
não material.
Em 1989, Francis Fukuyama proclamou o fim da História. Na verdade, segundo
ele explicou, em 92, não era o início da paz mundial, mas o princípio do liberalismo
como aceitação notavelmente ampla, e o fim da ideia de uma sociedade comunista
marxista.
Mesmo assim, os anos futuros mostraram caminhos bem diversos, como o
crescimento do fanatismo de várias formas e maneiras.
Filósofos já tentaram conseguir fazer uma filosofia que fosse a final, a
derradeira, a que terminaria com todas as outras, a que seria A Filosofia. Claro que
não conseguiram, pois o próprio significado da palavra é a busca pela sabedoria.
A busca.
Da mesma forma, na física, sempre há teses que se sobrepõe a outras. Cada
conclusão, levanta uma nova hipótese. Nunca há um desfecho. Uma grande obra final.
Um termo.
Por isso, não acredito na Teoria de Tudo.

20/11/2020.
33. Impermanência

Tudo muda.
Essa é uma lei que funciona em todo o nosso Universo. Em outros, não sei.
O conceito da impermanência originou-se com os ensinamentos de Buda,
segundo consta na História da filosofia.
Dizem que Heráclito, de Éfeso, teria falado que nenhum ser humano pode
banhar-se duas vezes no mesmo rio, pois, na segunda vez, o rio já não é o mesmo, e
nem mesmo o ser humano.
Platão falou desse conceito, em seus livros, mas de outra forma. Ele pensava em
termos de natureza, incluindo, naturalmente, o ser humano.
Aliás, é o ser humano que nos interessa aqui.
Sabemos que as plantas se modificam com o passar dos dias, os animais, as
árvores com o passar dos anos, das décadas, dos séculos. As pedras, as montanhas,
tudo muda ao sabor dos tempos. E quando falo tempos, não é só o do relógio, mas
também o climático.
Nós, seres humanos, temos percepções sensoriais e extra-sensoriais, emoções,
espiritualidade (ativa ou embotada), moral pessoal e social, e inteligência.
Nossas percepções alteram quem somos, a cada instante, a cada nova percepção
sentida.
Uma nova sensação pode transformar nossa emoção. Por exemplo, quando nos
sentimos pressionados por um prazo no trabalho, tendemos a ficar menos tranquilos,
mais nervosos, mais ansiosos, mais inquietos, mais apreensivos. Isso pode acontecer
de uma hora para outra, pode nos mudar no átimo de tempo entre o saber do prazo
exíguo até a conclusão do serviço.
Então, com a tarefa terminada, relaxamos. Isso é uma mudança notável. Ela
existe.
Ou quando estamos curtindo aquele calorzinho gostoso, e de repente esfria sem
esperarmos. Isso pode modificar nosso humor, achando que estamos sem casaco, que
não tinha como prever a mudança do tempo. Podemos nos sentir ácidos. Ou, quem
sabe até, podemos gostar da variação climática.
Em cada segundo, nossa mente e nosso corpo agem para produzir um propósito.
Simone de Beauvoir disse: Lemos os gregos e os romanos, enquanto o mundo
mudou.
Jean-Paul Sartre respondeu: Lemo-los como sendo de outra época, e isso
também é diferente. (Simone de Beauvoir – A Cerimônia do Adeus, primeira
entrevista.)
Eles falam de lermos pensamentos e autores do passado, como se fossem atuais.
E também, de qualquer forma, esses pensamentos e autores são lidos distintamente de
quando eram vivos.
Espiritualmente, podemos evoluir sempre, ou nos estagnar, mas ainda assim
estaremos sempre nos alterando em nossas percepções espirituais. Mesmo que sejamos
embotados, nada impede que, um dia, despertemos. Ou, o inverso, também pode
ocorrer.
Nossa inteligência se altera, sempre que aprendemos alguma coisa, ou quando
esquecemos. Essas coisas acontecem o tempo todo. Ainda que minimamente.

25/11/2020, um mês para o Natal.


34. As Palavras Faladas e as Palavras Escritas

Existe um antiquíssimo brocardo latino que diz: verba volant, scripta manent.
A versão dele, em português, é, mais ou menos: as palavras faladas voam,
enquanto as palavras escritas permanecem.
É o dístico da Academia de Letras de Campos do Jordão. Tem a ver,
naturalmente, com o sentido de que, o que está escrito, é mais duradouro do que o que
é apenas dito em voz alta.
Estudiosos, porém, destoam, quanto ao sentido original dessa frase. Segundo
eles, quando ela foi criada, seu sentido era de que, as palavras, ao serem faladas, iam
mais longe, do que quando eram apenas escritas.
Tem muito a ver, com uma época em que apenas escribas, e alguns bem
aventurados, sabiam ler. A tradição e os ensinamentos eram passados aos
descendentes por via oral. Não haviam livros, como hoje. E o que se falava podia ser
ouvido ao longe e repetido.
Mais fácil será, se nos contentarmos com o provérbio chinês: a tinta mais
pálida, é melhor que a memória mais fiel. Esse eu não sei o original. Mas vale para
nossas recordações.
A palavra, ainda que mal escrita, dura mais tempo que a melhor memória
humana. Para lembrarmos de algo, é melhor escrever, que simplesmente memorizar.
Só não vale esquecer, depois, onde escreveu.

25/11/2020.
35. Um Chimas no Jardim

Depois de um dia tolo, em que não consegui fazer nada – um dia daqueles – tive
uma experiência incrível! Tanto que a gravei, enquanto acontecia. E deu nisto:
“Que prazer...
Tomar um chimarrão no final da tarde, no jardim da frente de casa...
Um frescor de tarde de primavera...
Pés descalços no chão...
Ouvindo os passarinhos...
Cães que latem ao longe...
Som de música, baixinho, do vizinho...
Passarinhos...
As árvores na frente...
Vegetação...
Eu sentado numa poltrona de plástico, muito bem confortável. E a meu lado,
um caixote de madeira. Nesse caixote, estão meus apetrechos de chimarrão: cuia
cheia de um bom mate, com a bomba, e a garrafa térmica. Pra tomar suavemente,
sem pressa...
Às vezes, um carro que passa...
Não tem movimento na rua. Só mesmo o que eu já falei...
Curtir a vegetação, os sons à nossa volta...
Alguma bicicleta que passa...
O cheiro do chimas invadindo o ar, junto com o cheiro dos vegetais, o cheiro
do cair da tarde...
É um prazer inolvidável. Algo que eu nunca tinha experimentado antes...
As luzes de natal do vizinho já estão funcionando, brilhando à toda prova...
As luzes da rua se acendem...
O chimarrão termina...
Tomar chimas, no jardim da frente de casa, é algo sensacional.
Nada melhor. Um momento mágico.”

27/11/2020. Início da noite.


36. Incredulidade

Se procurarmos na internet, vamos achar essa palavra como significando falta


de fé religiosa, ateísmo, ceticismo, falta de não se deixar convencer.
Mas, incredulidade, teologicamente falando, é mais que não acreditar.
Podemos chamar de incréu aquele que chegou a se convencer, mas não pratica a
fé. Não a exerce.
Aliás, para se ter fé, tem mais do que ser convencido. Convencer é um ato
racional, intelectivo. Pode a qualquer momento ser contestado. Passa a ser apenas uma
hipótese a ser dialeticamente discutida.
Para a pessoa ser crédula, tem que acreditar sem precisar de provas. O crédulo,
ainda que lhe apresentem provas contrárias à sua fé, continua crendo. É um
convertido.
Na verdade, tem que querer acreditar. Crer porque quer crer.
O fanático vai além do fervor da fé. Ele quer impor o que acha que é certo, não
levando em conta a opinião dos outros. Pode até chegar a matar pessoas, só por não
crerem no que ele acredita. Ou no que acha que acredita. É um exagerado.
A incredulidade, teologicamente falando, tem a ver com ter sido convertido, ter
sido um crédulo, um crente, e ser corrompido, passando a não mais exercer sua fé,
mesmo sabendo, no fundo, que a tem, mas falando contrariamente a ela.
O iconoclasta é aquele que, além de ser incréu, sem necessariamente ser um
incrédulo no sentido teológico da palavra, destrói imagens religiosas, símbolos, livros
etc, só por serem objetos de culto piedoso.

05/12/2020.
37. Flauta Doce em Línguas

Há várias formas, no mundo, de se falar flauta doce, ou flauta de bico.


Também se poderia dizer flauta de vento. Pois toda flauta se toca com o vento
da boca (ou do nariz, numa flauta africana.).
Em Portugal, dizem flauta de bisel.
Em inglês, falar flute tem a ver com a flauta transversal, ou um tubo de órgão.
Para eles, flauta doce é recorder. A mesma palavra usada para dizer gravador. Mas
também pode ser chamada de english flute, menos comumente usada.
Em alemão é blockflöte, flauta de bloco, por causa do bloco existente na
boquilha, para formar o som. Em muitas flautas doces, esse bloco pode ser retirado
para uma limpeza melhor da boquilha. Só nas de péssima qualidade, isso não é
possível. Mesmo assim, não tenho coragem de tirar o bloco de meus instrumentos.
Algo pessoal.
Em francês fala-se flauta de bico, flûte a bec. Tudo para diferenciar da
transversal. Mas também se diz enregistreur.
Em espanhol, flauta dulce. Mas também grabadora.
Em italiano, flauti dolci é o plural. No singular flauto dolce, ou flauto a becco.
Na antiga Grécia, havia o aulo, e o diaulos, uma flauta doce de dois tubos.
Em latim, é tibia recta, algo como tubo oco reto.
Em hebraico, hollow elith, algo como flauta oca, ‫חלילית‬.
Em klingon, bot Dov’agh. A palavra bot, é proibir, segundo o Dicionário
Klingon, de Marc Okrand. Em toda a saga Star Trek que consegui ver, nunca vi um
habitante, nascido ou descendente de Kronos, tocar flauta doce. Pelo que me lembre.
Porém, alguns longas ainda não consegui assistir. Quem sabe. Qaplá!

05/12/2020.
38. Dilítio em Star Trek e a série Marte

Como treker convicto, nunca percebi que o combustível que as naves da


franquia Star Trek – Jornada nas Estrelas – usam, o dilítio, é recurso natural de outros
mundos.
Quer dizer, mesmo na utopia de Gene Roddenberry, continuamos a explorar os
combustíveis fósseis de planetas alienígenas.
Tolamente, só fui prestar atenção nisso apenas cerca de dois meses atrás, num
episódio que trevi, do Enterprise, em que uma família extrai dilítio de um planeta, e
vive disso, vivendo como nômades, de uma parte a outra dele, explorando seus
recursos naturais. Um bando de klingons paga pouco por cada primeira extração e os
deixa sempre à míngua. Dilítio é o petróleo deles.
A utopia de Gene faz, na verdade, em outros mundos, o mesmo erro que
cometemos na Terra. O aquecimento global é uma verdade imensa, e podemos
exportar o mesmo erro se formos pensar em colonizar e terraformar outros astros.
Percebi isso claramente assistindo a série da Netflix, Marte, ontem. Começamos
a ver a segunda temporada, onde empresas particulares, que visam lucro, somente,
começam a explorar o solo marciano, e já contaminam a água existente, assim que a
encontram, não respeitando o acordo espacial terrestre. Nem respeitam os cientistas,
que já estão lá há anos, a IMSF.
Vimos o primeiro episódio, em que o casal decide ter o bebê a nascer em Marte,
mesmo sabendo que ele nunca aguentará a gravidade terrestre. Mas poderá ser o
primeiro habitante marciano de uma Marte terraformada.
O importante é que os cientistas descobriram uma vida natural marciana
microscópica, e querem preserva-la, estuda-la. Coisa que a empresa Lukrum não está
deixando. Como ocorre na Terra.
A arte imita a vida.

06/12/2020.

Adendo
Terminamos, hoje de manhã, de ver a segunda temporada de Marte. A menina
marciana, Gabriella Durand Delgado, está viva, aos três anos de idade e experiência,
no planeta vermelho. E a empresa Lukrum, depois de uma mal sucedida operação, teve
que se curvar à IMSF.
Aguardo, ansioso, pela terceira temporada!
Desculpem o spoiler, para quem ainda não assistiu a série, mas não pude
resistir. De qualquer forma, quando este livro sair à lume, os interessados já deverão
ter assistido à segunda temporada da série. Se não, perdão novamente.

08/12/2020.
39. Computadores Quânticos Detonam!

Enquanto achamos que lidamos com a oitava maravilha do mundo, os


computadores binários digitais, os cientistas lidam com os computadores quânticos.
Esses computadores não jogam com bits, mas com qubits (pronuncia-se
quilbits). A diferença é que cada bit é zero (0) ou um (1). Ou um, ou outro. Nossos
computadores digitais são assim, como sabemos.
Os computadores quânticos já existem, são analógicos, portanto, mais próximos
ao cérebro humano. Que não é digital, nunca foi, nem nunca será (acho).
Um qubit pode valer zero, um, os dois ao mesmo tempo, ou qualquer valor entre
eles. As ligações entre os qubits são mais próximas às de nossos neurônios. Assim,
acredito que será mais fácil mexer com os computadores quânticos, do que com os
atuais.
Será a grande evolução da informática. Será maior do que entre os antigos
cérebros eletrônicos, e os presentes computadores pessoais. Quem sabe aprendamos,
novamente, a não pensar tão dicotomicamente, com tanto radicalismo, e observar o
verdadeiro espectro da natureza, da sociedade, e do universo... Dos multiversos...
Os chineses construíram um novo tipo de computador quântico, segundo
matéria no SITE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Computador quântico chinês detona supremacia quântica.
04/12/2020. Online. Disponível em www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?
artigo=computador-quantico-chines-detona-supremacia-quantica. Capturado em 08/12/2020.

Ele, chamado Jiuzhang, faz, em duzentos segundos (3’20”), o mesmo resultado


de cálculo que o supercomputador japonês Fugaku, o mais poderoso do mundo (até
então), demoraria 600 milhões de anos.
Cálculos foram a primeira coisa que os computadores no mundo fizeram, se
considerarmos o ábaco, ou os dedos das mãos, o primeiro. Depois, veio o que se sabe.
Imaginemos então o que podemos esperar dos computadores quânticos!

08/12/2020.
40. A Verdadeira Dialética!

Intelectuais e pensadores, filósofos e apresentadores de TV, âncoras de rádio e


telejornais, entre outros, teimam em chamar de dialética qualquer contradição.
Isso é o grande erro, pois a dialética não é a contradição em si, como já expus
em meu livro Dialética sem Encher Linguiça.
Para que ela exista, tem que haver dois pontos contrários, duas posições ou
opiniões contraditórias, sim, mas não para por aí. Tem que existir uma forte discussão
entre essas duas opiniões, um verdadeiro debate.
Esse debate não pode existir para que uma parte convença a outra. Não. Mas
para que ambas estejam buscando a verdade, que deverá ser fruto dessa discussão.
Como a verdade intelectual nunca termina, o resultado final será a hipótese a ser
contraditada novamente no futuro. Inevitavelmente. Por amor à verdade intelectiva.
O que todos confundem é que a dialética não é a contradição em si, mas o
resultado da discussão entre duas opiniões contrárias.
Esse resultado não é previsível. Quando há previsão, não existe dialética. Ela se
rege pelo princípio da imprevisão. Isto é, é impossível saber previamente o resultado
de um debate honesto.
Sobre essa questão da imprevisão, há um livro, A Lógica do Cisne Negro. de
Nassim Nicholas Taleb, que fala exatamente sobre isso. Acreditava-se que todo cisne
era branco, essa era a regra. Até que, no início do século XVII, avistaram o primeiro
cisne negro. Hoje, eles são comuns em nosso meio.
Ele quer dizer que, as estatísticas, não costumam revelar toda a verdade. As
grandes invenções, como o motor a combustão, o computador pessoal e a internet,
segundo o autor, surgiram do nada, contrariando todas as estatísticas futuristas.
Isso é dialética.

14/12/2020. Uma bela manhã de sol após a chuva.


41. O que Fica de Tudo Isso?

Meu pai detestava física. A matéria de ciências, física.


Quando ele entrou para a Aeronáutica, em 1942, qual foi a primeira função que
lhe deram? Ser professor de Física! Cheguei a ter, quando criança, e conservar até há
pouco tempo, as apostilas de física que ele usava para dar aulas. Eram mimeografadas
à tinta.
Depois ele teve outras funções, como mecânico de aeronaves. Ele trabalhava no
correio aéreo, e teve muitas horas agradáveis de voo.
Valeu a pena. Ele adorou, e sempre falava sobre isso, durante sua vida.
Ora. Sempre detestei notícias policiais e futebol.
O que me deu mais dinheiro quando trabalhei com jornalismo? Notícias
policiais e futebol. Inclusive, num programa esportivo, em que todos declaravam seu
time de coração, não falei que era são paulino. Preferi declinar, porque achei que
afetaria meu profissionalismo. Frescura. De jornalista novato.
Mas tive, em minha curta carreira jornalística, muitos momentos prazerosos.
Com músicos, arte, entre outras coisas. E até com futebol.
O que fica, de tudo isso? É que, mesmo quando temos tarefas desagradáveis,
sempre podemos tirar boas lições. E bons instantes de felicidade.

14/12/2020.
42. Por Que Somos Agressivos?

A agressividade é uma ação originada de emoções e sentimentos.


Podemos ser agressivos o tempo inteiro, mas termos momentos de delicadeza.
Ou podemos ser pessoas tranquilas, meigas, que, de uma hora para outra, caímos num
surto de agressividade. Ou mesmo, termos épocas do ano em que nos tornamos mais
agressivos que o normal.
O que acontece, para sermos agressivos, seja constantemente, ou
temporariamente?
Há sempre um engate que nos provoca a agressividade. Uma palavra, um
conjuminar de eventos, uma coleção de frases, uma ideia solta no ar que nos
desagrade, ou mesmo alguma coisa que aconteça que nos deixa à beira da fúria!
A psicóloga Miriã Pereira da Silva, me ensinou que nós temos três maneiras de
agir, diante dessas situações: passividade, impulsividade, e assertividade.
A passividade é apenas escutar, e não se posicionar, o que não é nosso caso.
Mas, creio que deve fazer muito mal ficar guardando tudo dentro de nós mesmos, e
não reagirmos. O pior é que uma hora fazemos BUM!
A impulsividade é o que acontece conosco. Reagimos sem pensar. Nosso lado
emocional fala mais forte, e abandona totalmente nossa racionalidade. Nossa
espiritualidade fica em suspenso e mal conseguimos respirar direito. Sentimo-nos mais
fortes, com a adrenalina, e atacamos, física ou verbalmente.
Podemos ser pessoas que agem impulsivamente por necessidade moral, por
acharmos que estamos perante uma injustiça. Podemos sentir que fomos provocados, e
que devemos revidar. Podemos achar, ainda, que já é demais, tanto destrato contínuo
que vemos sofrendo.
De qualquer forma, a impulsividade é um agir sem pensar, e nunca traz bons
resultados.
No entanto, grandes revoluções culturais aconteceram impulsivamente, não
podemos negar.
A terceira via, o caminho do meio, é a assertividade, segundo Miriã. Nós
analisamos o que acontece à nossa volta, observamos, reconhecemos o que ocorre
dentro de nós, respiramos, e só aí comunicamos.
Não é fácil. Digo isto de moto próprio, pois sou uma pessoa altamente
impulsiva. Sou calmo, tranquilo, todavia, se me pegarem de mau-jeito, explodo
mesmo!
Estou aprendendo a agir, pouco a pouco, com mais assertividade.
Faço isso por escrito.
Toda vez que tenho uma experiência em que ajo por impulso, anoto o que fiz, o
que deveria ter feito, quais foram as consequências positivas e negativas, peso na
balança, e guardo para reler depois.
Da mesma maneira, quando consigo agir assertivamente, anoto o que fiz, e o
que deixei de fazer, quais foram as consequências, e como me senti no final.
Na verdade, nem sempre me lembro de escrever, mas o faço com uma certa
constância.
Isso tem me ajudado muito, a tentar ser uma pessoa melhor. A fazer deste
mundo um lugar mais agradável para se viver.

18/12/2020.
43. Perdoar para se Sentir Mais Leve

Quantas vezes não escutamos as pessoas dizerem: esse tipo de coisa eu não
perdoo. Ou ainda: essa pessoa eu não consigo perdoar. Ou mesmo: perdoo, mas não
esqueço.
Há dois tipos de perdão: aquele em que o fazemos, a agimos como se nada
tivesse acontecido, e aquele outro, em que perdoamos, mas não olvidamos.
O primeiro pode ser incondicional. Não importa o que a pessoa tenha feito para
nós, ou a alguém, perdoamos. Podemos reprovar o ato, mas queremos acreditar que a
pessoa não o faria novamente. Nem se tivesse chance. Acreditamos em sua boa-fé.
Mas também pode ter condições. Perdoamos aquela pessoa, desde que ela não
repita o ato conosco, nem com ninguém. Se repetir o ato, mantemos o perdão da
primeira vez, porque já o fizemos, mas não da seguinte.
O segundo é um perdão espiritual. Mas a emoção fica ressentida, ainda que,
intelectualmente, o caso tenha sido resolvido. Ou melhor, resolvido, mas não
esquecido. Porque a emoção não deixa.
O perdão é, realmente, válido para nós mesmos. Quando não perdoamos, nos
sentimos aprisionados, por toda a nossa vida, àquele momento ingrato. Carregamos
em nossas costas o mal, a decepção, o pavor, o ódio, o sentimento ruim. Muito pior
para nós, que para as pessoas a quem não perdoamos.
Perdoar é descarregar o peso. Pode ser importante, ou não, para a pessoa que
perdoamos, mas é mais importante para nós mesmos.
A mágoa, o ressentimento e o rancor só nos fazem mal. Ficar guardando um
sentimento que nos pesa, faz mal a nós mesmos. A pessoa que fez mal pode até nem
estar aí, mas nós sofremos.
Podemos nos sentir ressentidos por algo durante muitos anos, e isso nos faz
carregar uma carga muito pesada.
Podemos não desculpar até a nós mesmos. Ficamos carregando a carga de algo
que fizemos há tanto tempo, e não nos desapegamos.
Não é algo que acontece de repente. Pode ser um período breve, pode ser um
longo processo, mas tem que acontecer. Precisamos, realmente, nos desapegar.
Estamos sempre criticando, julgando, coisas que fazemos a outras pessoas, e
que elas nos fazem. Ficamos usando nossas cabeças pra isso, em vez de coisas mais
importantes. Isso não melhora nossas vidas. Só nos martiriza.
Temos que aprender a ter discernimento sobre o que pesa tanto em nós.
Aprender a tirar de nossas costas o que nos tira o vigor, que nos deixa cansados, sem
saber porque.
A raiva que sentimos por alguém, pode ser transmutada em distribuição de
felicidade. Felicidade para esse alguém, mas, principalmente, felicidade para nós
mesmos. Por dispersarmos a dor.
Jesus disse para perdoarmos nossos inimigos. Sei que não é fácil, para nenhum
de nós, mas ele perdoou.
Meditação pode ajudar. Orações fervorosas. O que soubermos fazer para nos
ajudar. Porém, necessitamos disso. Com toda a nossa força e disposição.
Ter essa atitude pode ser libertador! Para nós mesmos.
Sermos críticos conosco mesmos, ou com outras pessoas, não nos deixa viver
com união e bondade com a gente, ou com os outros.
Como diz o antigo hino, ou também uma velha música do Hair, por muitos de
nós conhecida, deixa a luz do sol entrar!
Perdoar é se sentir mais leve.

18/12/2020.
44. Emburrecimento Político

Está havendo uma radicalização política muito grande no Brasil, a exemplo do


que vem acontecendo pelo mundo afora.
O estranho é que isso vem ocorrendo, ao mesmo tempo em que, em outras
áreas, não. Como a sexualidade e as questões emocionais e mentais, onde cresce o
espectro de possibilidades.
Explico. No Brasil, hoje, quem não está de acordo com alguma medida do
governo, é logo chamado de esquerdista. Pejorativamente. Sem discussões. E quem é
a favor, se diz de direita.
Não há mais debates sobre as medidas governamentais, sejam de que esfera
forem. Ou se é contra, ou se é a favor. As pessoas falam suas opiniões, sem aceitar que
haja contradições, ou mesmo pequenas diferenças.
Não precisa ser uma opinião contrária à minha, ou à sua, ou à nossa, mas pode
apenas ser diferente.
As diferenças se completam, se amalgamam, se fundem, se ligam, debatem,
achando soluções inimagináveis. As diferenças não são necessariamente
contraditórias. São simplesmente... diferenças.
Na ciência, cada vez mais encontramos mundos de possibilidades, universos de
resultados.
Vejamos no caso da Covid19. Acharam três vacinas contra ela. Nenhuma cem
por cento eficaz, mas decidiram começar a aplicar assim mesmo, antes que o vírus
continue. E não é que, no Reino Unido, descobriram um vírus Covid novo, muito mais
poderoso, incontrolável por essas vacinas? Ninguém sabe, ainda, qual o alcance desse
novíssimo coronavírus, quais as medidas de proteção mais eficazes.
Por outro lado, a ciência não considera mais que, os dois únicos sexos, sejam o
masculino e o feminino, mas que há um espectro entre os dois extremos. Ninguém é
tão derradeiro assim. Freud já dizia que todo homem tem sua anima, seu lado
feminino, e toda mulher seu animus.
Já há muitos anos, a física não fala mais de universos paralelos, mas de
multiversos. Cada qual diferente do outro. Não invertido, simplesmente. E alguns
cientistas dizem que novos universos continuam nascendo. Diferentes do nosso.
A computação quântica, fala em qubits, onde o zero pode ser, ao mesmo tempo,
um, ou qualquer valor entre eles, e pode estar em mais de um lugar ao mesmo tempo.
As pessoas que sofrem de transtorno emocionais e mentais, cada vez mais, não
podem ser classificadas em diagnósticos estanques.
Com tanta coisa se alterando no mundo, como a política pode se emburrecer
tanto? O que será que deverá acontecer para mudar tal estado de coisas?

23/12/2020.
45. Violão Novo

Uns tempos atrás falei que não estava aguentando ouvir violão de cordas de
nylon, principalmente bossa nova e música de barzinho.
Alguma coisa mudou em meus ouvidos. Interessei-me novamente na música de
violão de cordas de nylon, e comprei um. É da marca Vogga, clássico, preto, modelo
VCA204BK.
Comprei pra tocar por música. mas como é um instrumento que já tenho
domínio, estou tocando por ouvido, também.
Estou completamente destreinado. Afinal, há anos que não toco num desses.
Mas acho que é como andar de bicicleta.
Decifrar as partituras está um pouco difícil. Há décadas, não leio partituras de
violão. Mas, vamos em frente!
O repertório ainda é pequeno. Não sei quase nenhuma música e tenho
pouquíssimas partituras. Por enquanto.
Não me lembrava como as cordas de nylon deslizam tanto para afinar. Levei
horas para uma afinação a contento. Ainda bem que ainda tenho meu diapasão afinado
em lá. Pelo som dele, afino todas as cordas. De ouvido, que é a maneira tradicional.
Compramos pela internet. Chegou há uns dez dias, mas abrimos dia 21, quando
houve a conjunção dos planetas Marte e Saturno.
Estou treinando algumas coisas, por música e por ouvido. As flautas doces estão
encostadas, por enquanto.

24/12/2020.
46. Um Chimarrão Perfeito

Acabei de preparar um chimarrão. É de manhã, cedinho. O tempo ainda está


fresquinho.
Consegui colocar a quantidade exata de erva.
É uma erva de ótima qualidade, verdinha, cheirosa, saborosa.
O morrinho ficou perfeito, e promete se manter até o final.
O chimas perfeito é como quando se faz um bolo e ele sai do jeito que a gente
quer. O forno ajuda, ninguém abre o forno antes da hora, o bolo não fica torto, não
sola, fica macio, dá vontade de tirar fotografia.
Estou tomando o chimas e ele está gostoso, não travou, está aromático.
Só não vou tirar fotografia porque no Kindle vai sair em preto e branco, vai
perder toda a graça.

28/12/2020.

PS: o morrinho se manteve firme até o fim. E o sabor e aroma permaneceram.


Não travou. Foi perfeito!

Adendo

O chimas da manhã de hoje foi perfeito, com o morrinho bem feito e a água na
temperatura exata. Estou tomando com o ventilador ligado porque amanheceu bem
quente!
Não vou tirar fotografia.

31/12/2020.
47. Resoluções de Ano Novo

Como todos sabem, sou contra metas.


Metas desapontam. Se não conseguimos cumpri-las, ficamos frustrados. Se as
cumprimos, não sabemos o que fazer depois. Só inventando outra. Para dar mais
trabalho.
Sou a favor das resoluções. Desde que sejam de nosso tamanho. Explico.
Normalmente, as metas são tomadas assim: a partir da próxima segunda-feira, a
partir do próximo ano, a partir de... e aí nos sentimos obrigados a pagar a conta, pagar
a promessa, custe o que custar. E nem sempre temos forças para tanto.
Uma resolução tem que ser algo mais leve. Algo que podemos realizar,
inevitavelmente.
Claro que, uma resolução pra valer, tem que mudar alguma coisa em nossa vida.
Porém, não pode ser nada tão radical, como vou emagrecer um quilo por
semana, se não tivermos disposição psicológica e física, e acompanhamento médico
especializado para isso. Ou, talvez, orar numa mesquita de Bagdá, se não tivermos
dinheiro suficiente para tanto, não tivermos tempo disponível, se não formos
muçulmanos e não soubermos as regras de uma oração em uma mesquita. Por
exemplo.
A mudança tem que ser de dentro para fora. Algo que nos faça ser melhores em
nossas vidas.
Por exemplo: este ano vou evitar falar tanto palavrão. Ou ainda: este ano, vou
evitar xingar tanto quanto xingo. Vou agradecer mais. Vou elogiar mais as pessoas.
Vou buscar mais autoconfiança. Vou tratar melhor minha consorte. E assim por diante.
Tem que ser algo que esteja a nosso alcance. E que mantenhamos, de tal forma
que no ano posterior ao seguinte já nos tenhamos acostumado à nova situação.
Assim, a resolução de Ano Novo, passa a ser algo que nos engrandece. De
dentro para fora. A partir de nosso próprio interior.
Não apenas para o próximo ano, mas para a nossa vida! Toda a nossa vida
futura.

10/01/2021.
48. Teclado Novo

Nosso teclado pifou. Tentei reiniciar várias vezes o computador, trocar o


pendrive – ele é wireless – e nada!
Dessa vez, o teclado morreu. Não teve jeito.
Nosso dinheiro estava no fim, mas esperávamos por um dinheiro que ia cair
dentro de alguns dias. Por isso, chegamos a pesquisar o preço de um teclado novo.
Quase compramos. Mas, graças à intuição da Fafí, não o fizemos.
O dinheiro não caiu.
Uma amiga, Kamilah, sabendo de nossa falta de teclado, falou que tinha um
usado com ela, que ela não usava. Ela o ofereceu. Perguntei quanto ela queria por ele.
Ela falou: - Nada, não estou usando, por causa disso e daquilo etc.
Disse também que, quando se tem algo que não se usa, não se vende, se dá.
Então, eu aceitei.
Enquanto isso, fui me virando com um teclado virtual. É bom, mas cansa muito
o indicador. Não é apropriado para quem está acostumado a usar todos os dedos.
Depois de uns dias, o teclado prometido chegou.
Novo. Lacrado de fábrica. Com pilhas. De primeira linha. Fácil de usar,
intuitivo. Amigável. Wireless. Pendrive diferente do pendrive do mouse. As teclas não
emperram de jeito nenhum, como nosso antigo teclado. Ergonômico.
Só tenho a agradecer. Para a Kamilah, que falou que era um presente de início
de ano. Pra minha esposa, que teve o espírito de me mandar aguardar. E para Deus,
que nos concedeu essa amizade.

26/01/2021.
49. Desperto

Linoleogravura sobre papel (do autor).

Em minha juventude, e até o início de minha maturidade, eu era muito


intransigente. Tinha o que se chama, eufemisticamente, uma personalidade forte.
Fortíssima!
Entretanto, a virada do século, do milênio, deixou-me mais atento às
contradições, às várias facetas de cada aspecto da realidade, à polialética das coisas e
da sociedade, e até mesmo das pessoas em suas personas.
Passei a sentir que não tinha mais como ter uma opinião definitiva sobre as
situações. Tenho que estar em constante alerta acerca de uma ou mais atenções da
vida.
Por essa razão, noto alterações em meu estado intelectual constantemente, cada
vez mais achando erros em minhas opiniões de tempos dantes.
Venho ouvindo e lendo com maior zelo as contraditórias ao que penso, e
formando cada vez mais polialeticamente minhas opiniões, quando ainda consigo ter
alguma.
Posso dizer que ainda sou uma pessoa de personalidade, eufemisticamente
dizendo, forte. Ainda luto com garras e dentes para defender o que acredito. E minha
individualidade tem firmes convicções.
Todavia, se ouço ou leio algo que me pareça realmente desafiador, de índole
logicamente proporcionada, tendo a analisar e até me dispor a mudar algo de posição.
Mas tem que ser algo muito bem arrazoado.
Inclusive, não precisa de endosso algum, se for uma ideia original. Bem
exposta.
É muito uma questão de melhora das percepções intelectivas. E também
emocionais e espirituais.
Tudo isso afeta, necessariamente, minhas ações. E assim, as ações de quem está
à minha volta. E, consequentemente, ao universo.
Sempre lembrando que, os posicionamentos, nunca se dividem em dois opostos,
mas em multiplicidades que se multiplicam.

Caraguatatuba, ano do Rato de Metal.


Extra. Minha Mãe e Meu Pai

Minha mãe morreu ontem, às 21 horas. Dormindo.


Percebi quando fui levar a ela o suco para ela tomar. Fafí a havia visto meia-
hora antes, e ela dormia profundamente.
Fomos nos deitar ontem às duas e meia da madrugada. Levantei-me hoje às 8 e
meia. Totalmente quebrado. Fiz um chimarrão forte.
Tivemos ajuda de muita gente, principalmente da Sirlete e do seu Fábio, nos
últimos meses de vida de minha mãe.
De ontem para hoje, Ethel tomou a frente de todos os trâmites do SAMU e da
funerária. E do velório e do enterro. Tudo, inclusive tudo, foi cuidado por ela. Eu
fiquei com a Fafí, em casa, descansando.
Minha mãe morreu com 89 anos, com a saúde em dia, a não ser uma crescente
anemia. Como disse a Fafí, apagou-se feito uma vela.
Foi diferente de meu pai, que morreu em 30 de março de 2005. Com 81 anos.
Ele tinha câncer, que se alastrou pelo corpo todo. Morreu com muita dor.
Nos últimos anos, ele apresentou sinais de Parkinson e Alzheimer, que,
entretanto, foram controlados, o que o permitiu ler até o final de sua vida. Leitura
sempre foi sua paixão.
Minha mãe ainda ficava sentada, embora não conseguisse mais andar, desde o
fim de dezembro. Ela não tinha interesse em fazer nada, durante os últimos anos.
Meu pai só ficava deitado, e, graças a seu prazer de toda a vida em ler, leu até
seu último dia. O último livro que ele estava relendo era Paris é uma Festa, de Ernest
Hemingway. Ficou pela metade. Aproveitei, na época, para ler esse livro, que eu
nunca tinha lido, e conhecer assim um pouco mais de meu pai.
Minha mãe era um mistério. Nunca mostrou o que era realmente, sempre foi
escusa. Nunca tive a chance de conhece-la realmente.
No entanto, estou deprimido.

27/01/2021.
Sobre o autor

Foto por Fafi Pontes

Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes é meu nome. Nasci às 4 e meia da manhã, do


dia 4 de abril de 1958, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo.
No final dos anos 1970 e início dos 80, publiquei uma série de livros de poemas,
por conta própria, na base do mimeógrafo e do off-set.
Recebi premiações por contos, estadual e nacional.
Enveredei pelas artes plásticas e pela música. Fiz várias exposições individuais
e participei de coletivas. Toquei guitarra e cantei, em várias bandas de rock.
Individualmente, toquei vários outros instrumentos, sempre de ouvido, embora tenha
estudado profundamente música, o que ainda o faço.
Minha formação acadêmica inclui jornalismo e direito, além de uma pós-
graduação em língua portuguesa e literatura.
Moro atualmente no litoral norte do estado de São Paulo. Meu hobby é estudar
flauta doce e violão. Ler muito, ver filmes e séries.

Contato: leopoldopontes21@gmail.com
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(Na ordem por publicação)


1. Gabriel: a História do Roqueiro que virou o Grande Herói Nacional
2. Asas para Teotino
3. Minha Experiência com o Kindle
4. Poemas para se Ler em Voz Alta
5. V.M.P.M.: Duas Histórias de Amor
6. 4 COROS DA TERRA E DOS CÉUS E UMA CANÇÃO INFLAMADA:
Teatro
7. Dialética no Direito: O Estado Leigo
8. Análise de Matrix e outros filmes e textos
9. Dialética sem Encher Linguiça
10. ZEN SEM FRESCURA: O Livro da Anti-Autoajuda: Tudo o que os livros
de autoajuda não te deixam acreditar
11. O Gosto das Coisas - Trilogia:
1. E o Rock Não Morreu...
2. A Gorda vai Cantar
3. O Tempo e as Estações
12. VMPM e Outros Contos
13. ROCK NÃO SE APRENDE NA ESCOLA (maio de 2020)
14. NA CONTRAMÃO (maio de 2020)
15. Tudo ao Normal – Felicidade não é obrigatória (julho de 2020)
16. Antes do Despertar - α € Ω A Nova Gaia (outubro de 2020)
17. REINICIAR é a Solução pra Tudo!
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(Este texto foi baseado no texto final do e-book “VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO
- Reflexões sobre a pandemia”, organizado por Cássio Cipriano e Paulo
Narley, Publicação Digital Independente, 2020.)

FIM
Índice
1. Emoções
2. Voltar a tocar
3. Não Querem Acreditar
4. Tocar Violão
5. Chiar a Chaleira
6. Lítio
7. O Espaço é Vazio?
8. Reis e Rainhas
9. O Eu-Comigo e com o Outro
10. Empatia: o Olhar do Outro
11. Sentir-se Mais Inteligente...
12. Livre Arbítrio é uma Grande Coisa a Se Pensar
13. Sempre em Frente!
14. Viver o Que Sonhou ou Ganhar Dinheiro?
15. Jornais Preto e Branco
16. Terminar um Livro Legal
17. No Café Existencialista
18. A Busca pela Felicidade segundo os Astecas
19. Dor é Vida
20. Coisa mais Linda
21. Cordas Novas
22. Dor Social
23. Respire
24. Focinho de Cão
25. A Verdade está com as Crianças
26. Felicidade e Alegria
27. Meditação Guiada
28. Star Trek Discovery: 3ª Temporada
29. Democracia Digital
30. Religião e Religio
31. Reiniciar é a Solução pra Tudo!
32. A Teoria de Tudo?
33. Impermanência
34. As Palavras Faladas e as Palavras Escritas
35. Um Chimas no Jardim
36. Incredulidade
37. Flauta Doce em Línguas
38. Dilítio em Star Trek e a série Marte
39. Computadores Quânticos Detonam!
40. A Verdadeira Dialética!
41. O que Fica de Tudo Isso?
42. Por Que Somos Agressivos?
43. Perdoar para se Sentir Mais Leve
44. Emburrecimento Político
45. Violão Novo
46. Um Chimarrão Perfeito
47. Resoluções de Ano Novo
48. Teclado Novo
49. Desperto
Extra. Minha Mãe e Meu Pai
Sobre o autor
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