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As letras hebraicas
~ Seu significado ~
Por

LEOPOLDO PONTES

Capa pelo autor

2
“O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; os tolos desprezam a sabedoria e a
instrução.”
(Provérbios, I; 7)

“Eu sou a ponta de uma espada.”


(Amergin, narrador irlandês)

AUM – tinta de tecido sobre tela: pintura do autor.

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Timestamp Oficial: 2023-06-01 19:05:59 UTC

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À Fafí

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Sumário
Prefácio........................................................................................................................................8
Aleph..........................................................................................................................................10
Beth, Veth..................................................................................................................................13
Ghimel........................................................................................................................................15
Daleth.........................................................................................................................................18
Heh.............................................................................................................................................20
Vauv...........................................................................................................................................22
Dzain..........................................................................................................................................24
Chet............................................................................................................................................26
Teth............................................................................................................................................28
Iod..............................................................................................................................................29
Caph, Chaph...............................................................................................................................31
Lamed.........................................................................................................................................31
Maim..........................................................................................................................................33
Nun.............................................................................................................................................35
Ksamek.......................................................................................................................................37
Chuain........................................................................................................................................39
Peh, Pheh...................................................................................................................................40
Tsadik.........................................................................................................................................41
Qoph..........................................................................................................................................43
Resh............................................................................................................................................44
Shin, Sin......................................................................................................................................46
Thau...........................................................................................................................................48
O Zero [0]...................................................................................................................................50
Posfácio......................................................................................................................................51
Sobre O Autor............................................................................................................................52
Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:........................................................................................54

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As letras hebraicas
~ Seu significado ~
Prefácio.

As letras hebraicas são também números. Elas têm, cada uma, um significado, uma
simbologia, que é proveniente de muita ancestralidade, de muitos séculos. Vêm de tempos
milenares.

Não existem vogais, apenas consoantes. Algumas letras são aspirações, que os antigos
hebreus sabiam como pronunciar por uma questão de prática oral. Tais letras têm importância
no simbolismo das palavras, pois, como já falei, têm um valor numérico.

Não há variação entre maiúsculas e minúsculas.

Sua escrita é da direita para a esquerda. Mas, neste livro, na exposição, estão
dispostas ao contrário, por uma questão de didática.

Talvez, suponho, sua origem, advenha da primeira escrita pós-adâmica, quando cada
sinal tinha um sentido, não só de signo, mas simbólico, espiritual, amplo, além do sensorial,
mágico, para os escribas de então.

Neste livro, tento colocar tudo o que me lembro e pesquisei a respeito de cada letra\
número primordial hebraico, no aspecto principalmente espiritual, já que são os signos
utilizados nas primeiras santas escrituras, a Torat.

A própria palavra, torat, ou tarot, mostra como o alephbeth [alfabeto] liga o fim ao
começo, mostra que tudo reinicia sempre, como os orientais ensinavam sobre a roda da
Sansara, e que isso é a vida do ser humano, sempre retornando ao começo, mas com a
experiência anterior.

Torat e tarot são duas palavras de mesmo resultado numérico: 8. 8 é a soma de 2


quatros, ou seja, a soma da vida com a morte, ocidente com oriente. Portanto, por usarem
as mesmas letras, como num palíndromo, passam a ter a mesma substância. É necessário
dizer que, no tarot, as cartas não tratam de destinos, mas de possibilidades.

Na realidade, trata-se, a torat, do próprio ser humano, em todo o seu potencial. É a


descrição incompleta do Senhor. É, ao mesmo tempo que uma circunferência, uma escada,
que ascende da terra (aleph) aos céus (thau).

A saída para a pós-existência é o que os orientais chamam de Sunyata, ou Nirvana, o


que nós chamamos de Paraíso.

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Todas as civilizações têm mitologias e histórias parecidas. As letras hebraicas são um
resumo, como muitos outros: i-ching, runas, tao-te-king, mitologias greco-romana, nórdica,
egípcia, babilônica, etc, e até cristã. Temos aprendizado de todos os meios, e, um por um, nos
ensina algo mais.

Espero que este e-book sirva como fonte de sabedoria para você, leitora ou leitor, ou
seja, que possa somar, para a sua multiplicação, como serviram o pão e os peixes para o
Messias.

“Jesus disse que o mundo é uma ponte, passa por ela, mas não mores.” Inscrição no
pórtico da mesquita de Fattest Fru Sky Kri.

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Aleph.

Esta é a primeira letra, correspondente ao número um, algarismo um – 1.

Seu formato é de dois Iods intermediados por um Vauv. O iod superior é a face, e o
inferior uma perna com um pé.

O vocábulo Aleph significa boi.

Sua pronúncia é muda. Não tem som. Apenas nome.

É também o ensinamento, o paradoxo, o selo do Senhor no ser humano.

É o masculino, a paternidade, o pai. É Adam, que quer dizer “muitos”, conforme nos é
explicado na Pérola de Grande Valor, 1,34.

Tem também a ver com o primogênito, Caim, que é um nome no plural, assim como
Aharam [Aarão].

É a multiplicidade na unidade.

Corresponde ao elemento terra.

É o primeiro versículo do Genesis: “No princípio, [O Eterno] criaram os deuses para os


céus e para a terra.” Ou seja, primeiro criaram em espírito, energia, consciência, para então
fazê-lo materialmente. E por quê “criaram”? Porque é essa a palavra que está em hebraico,
“baro” – criar – e chegamos à conclusão que O Eterno são mais de um, com o mesmo
propósito.

Assim, o próprio Senhor criou os deuses anímicos para os seres humanos, antes que
Abraham tivesse a noção do “Eu Sou”, um dos componentes do Eterno, ou seja, Jesus Cristo. O
outro é o Pai Celestial.

Aleph é a letra da criação, da criatividade.

“E assim terminaremos os céus e a Terra e todas as suas hostes.” Abraão 5,1

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É o primeiro versículo do Evangelho de São João: “No princípio, foi a Palavra, e a
Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.” Porque a criação foi feita a partir das palavras
do Senhor, em sua língua, incompreensível para nós. Como fala o terceiro versículo do
Genesis: “ E disse Deus: [...]”

Destarte, é a letra da oralidade. E da música, que se torna a arte número um. Como o
som só se faz na presença do ar, é também a atmosfera.

No tarot, ela é chamada de “o mago”. É representada por um homem com um símbolo


do infinito sobre sua cabeça. Ele usa um manto. Em sua cintura, uma corda forma um laço, ou
usa um cinto de metal brilhante. Seu braço direito aponta para cima, e segura um bastão. Seu
braço esquerdo está em direção contrária e o indicador de sua mão aponta para baixo. Na sua
frente, há uma mesa com duas espadas. Entre as espadas, há uma taça dourada e um escudo
com um pentagrama.

Seu arquétipo é a manifestação do Messias na Terra. Significa a maior compaixão.

É o indiviso: pode ser tanto o indivíduo como o planeta. É o símbolo do panteísmo, da


totalidade. Cada partícula é dependente do completo, e o completo muda conforme a
alteração de cada partícula, ser humano, animal, vegetal, protista ou mineral.

Os gregos falavam: “en to pan” [tudo é um], significando que 1 = Tudo.

Tudo é Deus! As montanhas são Deus, os rios são Deus, o mar é Deus, os seres
humanos, cada um, e como humanidade, são Deus. Os animais são Deus. Os sons são Deus.

Não é dizer que tudo foi criado por ele. Não existe Ele.

Existe o Tudo. A natureza é tudo.

A ideia da Mãe-Terra e da Deusa-Mãe nasceu depois do Panteísmo.

Não há pensamento de indivíduo, mas de pertencimento. Não sou, faço parte do Ser.

Não louvo ao Ser, pois estaria louvando a mim mesmo.

Não há religião, não há confraternização de pessoas, não há a persona, apenas a união


do todo.

Não estou falando de um periodo histórico, mas de uma ideia que existe, e que é
própria de alguns indivíduos.

O que existe é a unidade. O Todo. Como já falei, não há a ideia de persona.

Trata-se do equilíbrio estático, imutável. É o Éden, o paraíso original.

No sistema binário, é o circuito ligado.

Seu símbolo geométrico é o ponto: a unidade imutável!

É o conservador. No hinduísmo, é Vishnu.

No i-ching, corresponde ao trigrama de três linhas descontinuadas, “a terra”: –


Disponibilidade, adaptabilidade, referência, senhor de si – Outras imagens: O receptivo, o
búfalo, a mãe, o ventre, um caldeirão, a economia, a igualdade, o velho com o búfalo, a
multidão, o tronco...

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Tem a ver com o primeiro chacra, que fica na base da espinha dorsal, age diretamente
sobre os órgãos pélvicos. É de onde sai a Kundalini, a serpente ígnea, que percorre toda a
medula espinhal até o último chacra, no cocuruto da cabeça. É um conduto de energia.
Principal linha de onde saem todos os meridianos. Tais são linhas de condução do präna.

Do Aleph saiu a letra grega alfa, que tem a forma de um peixe. Por isso, os seguidores
de Jesus Cristo, no cristianismo primitivo, se reconheciam desenhando a letra alfa, que tinha o
significado do Mestre.

Seu som musical é a letra sânscrita AUM (OM) , o som primordial do Universo.
Tudo começou aí. Do som, saiu a matéria, conforme nos ensina Rolando O. Benenson, em
seu livro Musicoterapia, da teoria à prática.

“Aum! Reverenciando Narayana e Nara, o mais sublime ser masculino, e também a


deusa Sarasvati, a palavra Jaya deve ser proferida.” O Mahabharata, de Krshna Dwaipayana
Vyasa 1,1.

Para os hindus, Brahman é o criador do universo.

A criação da Terra também foi assim: “E Deus disse: - Faça-se a Luz!” ou seja,
primeiro o som. Daí a música ser a primeira das artes.

O AUM é o som da Criação, e toda criatividade é parte de sua reverberação. Quando


se cria, é sempre a partir de algo já existente. Não sei como foi no caso do som primordial do
Universo.

As notas musicais são uma modulação do AUM, que ecoa até hoje, e o fará até o
final dos tempos. Por isso, talvez, seja hoje mais agudo que no Princípio, e as notas
musicais venham se tornando cada vez mais agudas. Segundo Mario de Andrade, em seu
livro Pequena História da Música, desde os antigos gregos, o dó central elevou sua altura
um tom e meio, até os dias atuais.

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Beth, Veth.

É a segunda letra, correspondente ao número e algarismo dois – 2.

O vocábulo Beth significa casa, morada. É o estábulo onde Jesus Cristo foi concebido.

Seu formato é o resh sobre uma base sólida.

Sua pronúncia é b.

Corresponde ao elemento ar. É a substância divina.

É o feminino, a maternidade, a mãe.

Beth é Eva, a mãe da humanidade.

É também Abel, o segundo filho.

É a dualidade, o dualismo, o duplo. Jesus Cristo enviou seus discípulos aos pares,
conforme está em Lucas, 10,1.

Hermes Trimegistus escreveu mais ou menos o que se segue: o que está em cima é
como o que está embaixo.

Em Deuteronômio 19,15, ensina-se a necessidade de 2 testemunhas para um ato


jurídico.

Os missionários de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias nunca são
enviados sós, mas normalmente em duplas.

É também a divisão [➗] em 2: masculino e feminino.

Trata-se identicamente da relação: Pai e Filho, pais e filhos, namorados, marido e


esposa, uma amizade, um relacionamento.

Também é o espelho, o outro lado, o reflexo.

Os opostos se complementam. Quando têm o mesmo propósito.

É também a separação em 2: o conflito. Por isso, é tanto a ligação de Deus com o ser
humano, como o ser humano se desligando de Deus.

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Existe ainda o aspecto do movimento, sendo, pois, o impulsionador.

É também a criação de alguma coisa a partir do desorganizado.

Na psicanálise, é a persona.

Seu símbolo geométrico são duas barras paralelas: a dualidade. Ou o ângulo.

Seu arquétipo é Abraham – Abraão.

Seu planeta é a lua.

No tarot, é “a sacerdotisa”, ou “a papisa”. Ela tem o dom de mutar os elementos. É


representada por uma jovem sentada, coberta por um manto, segurando a torat, com uma
cruz latina em seu peito. Em sua cabeça ela usa uma coroa em forma de meia-lua, encimada
por uma esfera; ao seu lado direito há uma coluna com a letra beth ‫ב‬, e do esquerdo uma
coluna com a letra iod ‫י‬.

Seu som musical é a nota dó.

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Ghimel.

Eis a terceira letra, correspondente ao número e algarismo três – 3.

O vocábulo ghimel significa “camelo”, “ponte”.

Sua pronúncia é um guê gutural, fortemente falado com a garganta.

Seu formato é Vauv – um corpo – com o Iod no pé: caminhando. Pode ser um trono.

É o que impulsiona, é o movimento. É a partir daqui que as coisas começam a


acontecer. É diferente de Beth, pois não é o movimento impulsionador, é o movimento em
ação. É Gaya.

É a integração de Aleph com Beth, o filho.

É o Efeito, cuja Causa foi o impulsionamento (Beth) sobre o Objeto (Aleph}.

É Mosheh (Moisés, o terceiro filho). É Seth, o filho de Adão e Eva, que veio para
compensar a perda de Abel pelo fratricídio de Caim.

Seu arquétipo é Isaque, ou, por outro lado, Isaac.

No tarot, é “a imperatriz”. É representada por uma mulher com um vestido estampado


largo e longo, com um cetro levantado numa das mãos e a outra em repouso. Sobre sua
cabeça está uma coroa de estrelas em formato de um triângulo, ou em outros casos, um
círculo. Ela está sentada num trono, onde ao lado há um coração com o símbolo feminino
usado em psicologia. Pode ser alada, com um escudo em formato semiovalado.

Corresponde ao elemento água.

É o trinário, ou a trindade: Pai, filho, Espírito-Santo; Bhraman, Vishnu, Shivah; Cohen,


Levi e Israel. São os três órgãos principais do ser humano: cérebro, coração e reprodutor.

No terceiro dia, as águas deram lugar à Pangeia.

Ester jejuou três dias e três noites.

Passaram-se três dias entre a morte e a ressurreição do Cristo.

Aqui tratamos da intuição, do poder feminino, do feminismo.

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Tem a ver com Lilith, que foi, segundo a cabala judaica, criada do barro, como Adão, e
que foi expulsa do Éden por querer igualar seu poder ao do homem, inclusive na questão
sexual. Lilith “cavalga” sobre Adão, proporcionando um prazer mútuo.

Na cabala judaica, Lilith foi a primeira esposa de Adão. Por ter sido construída do
barro, tinha iguais direitos, deveres e poderes. Por essa razão, também quis se igualar no
acasalamento, coisas que foram tidas como não certas, segundo a cabala judaica. Há quem fale
que ela queria dominar Adão.

Alguns a fazem símbolo do feminismo. Por outro lado, é o alternativo, o contrário ao


sistema dominante.

Assim, torna-se o progressivo, o que combate o opressor. É a segunda geração.

Dessa forma, foi expulsa do paraíso, e, no inferno, obteve um marido demônio, junto
ao qual teve vários e vários filhos. Segundo outros rabinos, a Lilith velha teve outro marido,
também demônio.

Após Lilith sair do paraíso, o Senhor teria criado Eva, da costela de Adão, para ser sua
adjutora, iguais direitos, deveres e poderes complementares.

Na psicanálise, é o consciente. É a parte racional do cérebro, a que toma decisões. É o


líder, por um lado, mas, por ser Gaya, por outro aspecto, é o elemento agregador, é o Todo em
constante mutação.

Na literatura, são os poemas de Safo.

É também o Tao. O bem é o Tao, o equilíbrio entre as forças contrárias; o mal é o


desequilíbrio.

O Tao é o aqui-e-agora. Não existe passado para se arrepender, nem futuro para
imaginar. É o completo desapego.

O ser humano nunca é Tao, mas pode, e deve, sempre buscar o Tao, o equilíbrio entre
o positivo e o negativo, a vida e a morte.

A palavra “Tao” é literalmente traduzida como “via”, “caminho”, “vereda”. A


compreensão verdadeira do Tao só é obtida pela intuição. A intuição é um meio de conhecer a
verdade sem a intermediação de qualquer raciocínio lógico. É pá-pum. Ela funciona de maneira
imediata, irrefletida. O intuitivo decide sem pensar, ou melhor, pensando imediatamente, sem
raciocinar. Ela compreende um conceito, ou um ser, sem precisar experimentar, ou refletir
sobre. O insight é o produto final desta forma de pensamento.

A intuição é irmã da fé, pois nenhuma das duas pensa, nem imagina: sabe porque
sabe, é porque é, é sim porque é sim, é não porque é não, é quiçá porque é quiçá, é talvez
porque é talvez.

No ocidente, Carl Jung ensinou isso dizendo que, toda mulher tem um “animus”, que é
seu lado masculino; e todo homem tem sua “anima”, que é seu lado feminino.

O “anima” tem a ver com o Ying; o “animus”, com o Yang. Ying é terra, Yang o céu.
Tem que haver o casamento entre o céu e a terra.

Algumas pessoas são mais Yang.; outras, mais Ying. A idade também vai
transformando uma jovem com tendência Yang a um ser maduro com tendência Ying. Todavia,

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isso não vai dizer que elas não tenham, dentro de si, um ímpeto de tendências inversas ao que
elas expõem a si mesmas, à sua volta, e à sociedade.

Tudo isso é Ghimel.

Seu símbolo geométrico é o triângulo. Pode ser virado para cima, significando o ser
humano direcionado à espiritualidade; ou para baixo, quando este se volta para o mal, ou para
os prazeres carnais. O triângulo invertido também tem o significado de Deus olhando para a
Terra. O triângulo é o equilíbrio, a estabilidade, quando com a ponta para cima; o inverso é o
equilíbrio instável, dinâmico. Perfeição divina. O terceiro olho completamente aberto.

É a encruzilhada em forma de Y, ou a cruz de Tau: , .

Seu som musical é a nota dó, elevada de um quarto de tom: dóx.

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Daleth.

O daleth é a quarta letra, correspondente ao algarismo e número quatro – 4.

O vocábulo significa “porta”. Pode estar aberta ou fechada.

Sua pronúncia é d.

Seu formato é o Vauv encimado por um Vauv na horizontal, como se fosse o ser
humano ligado ao divino.

No oriente, quatro significa a morte; no ocidente, a vida. É o símbolo da passagem, da


ponte, do túnel. É o caminho, a jornada.

É também a matéria, o elemento fogo, a autoridade e a proteção.

Na psicanálise, é o ego.

No tarot, é “o sacerdote”. Ou “o imperador”. É representado por um homem de


cabelos e barba longos, coroa na cabeça, sentado sobre um trono. Uma de suas mãos segura

um cetro em forma da cruz egípcia do deus Thot: A outra está sobre a cintura. Os
espaldares de seu trono têm duas figuras com chifres torcidos para baixo e para dentro. Ou ele
pode estar em pé, com as pernas formando um quatro.

Seu símbolo geométrico é o quadrado, a estabilidade. Nesse caso, representa as


instituições. Mas também pode ser o losango, um movimento temporário. Aí, representa a
revolução, ou a simples evolução, de acordo com o caso.

Seu arquétipo é Jacob.

Tem a ver com o homem que governa, que assiste aos que dele precisam. Por outro
lado, pode ser o tirano, o que manda matar, mas também pode ser o que governa com justiça,
moderação e tenência.

São os quatro elementos primordiais: fogo, ar, terra e água. Também os quatro pontos
cardeais: norte, sul, leste, oeste – setentrião, meridião, oriente, ocidente.

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É simbolizada pelas cruzes de quatro pontas: cruz de são Pedro, cruz latina,

cruz grega, cruz de santo André, cruz índia, etc.

Também pode ser simbolizada pela cruz do Lábaro, que são as iniciais gregas X e P

interligadas (Kristós): .

Seu som musical é dó sustenido: dó#.

19
Heh.

Esta é a quinta letra, correspondente ao algarismo e número cinco – 5.

Seu vocábulo significa “janela”.

Sua pronúncia é um h aspirado levemente.

Na psicanálise, é o superego.

Seu formato é um daleth com um iod abaixo, formando uma janela entre os dois. É
feito um portal com uma janela num dos lados, ou uma coluna menor que a outra.

Seu arquétipo é Iehudah.

Corresponde ao mês de abril.

No tarot, é “o mestre”. Ou “o papa”, para os católicos. Ou “o sumo sacerdote”. É


representado por um jovem vestido com uma longa túnica, com um cetro numa das mãos,
encimado por uma cruz papal, ou outro tipo de cruz, de acordo com a crença de quem
desenha a carta, enquanto a outra mão gestua um símbolo eclesiástico, ou simplesmente
está levantada para cima. Ou está abençoando os homens a seus pés. Ele está sentado
entre duas colunas distintas entre si, e tem sobre a cabeça uma coroa monumental! A seus
pés, dois homens com torso, um de cada lado, com vestes eclesiásticas.

Tem a ver com o ato de lecionar, ensinar, doutrinar, ministrar. É a professora, o


professor. Eles mostram aos discípulos a sabedoria estabelecida, mas também, por outro lado,
podem ensinar o espírito crítico.

É a capacidade de expressão. É a letra também dos profetas, dos jornalistas, dos


advogados, de todos que se expressam pela escrita ou oralmente, mas sempre para doutrinar,
defender uma causa, qualquer que seja. Pode até ser uma causa perdida.

Na alquimia, é a quintessência.

É também a ideologia, a religião, a seita, a doutrina.

Corresponde ao chacra da garganta, da oralidade, da verbalização. A garganta é o


centro do mundo da palavra falada.

São os cinco elementos na mística chinesa: água, ar, fogo, madeira e metal.

20
Seu símbolo geométrico é o pentagrama, a estrela de cinco pontas: em primeira mão,
representa o ser humano, biologicamente falando.

Seu som musical é o ré.

21
Vauv

Eis a sexta letra, correspondente ao algarismo e número seis – 6.

O vocábulo vauv significa “gancho”.

Sua pronúncia primordial é v, mas pode ser também u, ou melhor, como o “ou”
francês. Há quem diga que o 6 é também w, o que é uma inverdade, pois esta letra inexiste no
hebreu, e corresponderia a um duplo vauv. O “w” é um v duplo. Se formos considerá-lo, tem o
valor numérico 12. Ou 300, para sermos mais exatos.

Seu formato é o de um corpo com cabeça. É também o de um suporte, uma perna de


cadeira ou de mesa.

Seu arquétipo é Issacar.

No tarot, corresponde a “os amantes”. É representado por um casal, ambos nus, e


acima deles um anjo, sacralizando a união. Ou podem apenas ser dois jovens, um casal,
ambos nus, entrelaçados. Ou um ser andrógino.

É o amor humano, tanto o sentimento, como o ato de fazer amor.

É a conexão, a ligação, o elo da corrente. É a motivação para o crescimento das


gerações e, igualmente, para a elevação espiritual da humanidade.

É também a liberdade.

Tem a ver com o chacra do coração, que regula também as emoções.

Os seis principais atributos do Senhor são: a onisciência, a santidade, a sabedoria, o


poder, a misericórdia e a verdade. (Thomas Watson – Um Tratado sobre a Meditação: um
cristão no monte.)

Na psicanálise, é o desejo, reprimido ou não. Também corresponde ao id. Por outro


lado, é Narciso, o que se enamorou pelo próprio reflexo, por si mesmo. Mas também tem a ver
com o amor-próprio.

22
Seu símbolo geométrico é a estrela de David.

Sua cruz é a ancorada: .

Também é a cruz Mãos de Deus: , da mitologia eslava. Associada com o


fogo, a vida, o sol e o equilíbrio do universo.

Seu som musical é o ré acrescido de um quarto de tom.

23
Dzain.

Eis a sétima letra, correspondente ao algarismo e ao número sete – 7.

O significado da letra dzain é “coroa”.

Sua pronúncia é dz, com acentuação no z.

Seu formato é um vauv encimado por um iod na horizontal, representando um homem


coroado. É um rei. É Jesus Cristo ressurreto.

É o sinal da nutrição, das escrituras.

É também a aquisição, o escambo, o comércio.

7 representa o final de um ciclo: é o último dia da semana. É o ciclo completo,


conforme o livro O caminho dos sonhos, de Marie Louise Von Franz.

No tarot, é “o carro”, “a carroça”. É representado por um homem num carro movido


por dois cavalos, um branco e o outro negro, ou duas esfinges. Na frente do carro, há um
par de asas, e ao fundo uma cidade murada, de onde ele saiu. O carro tem quatro colunas
com um toldo, e o condutor, no lugar de um chicote, usa um pequeno bastão, que não alcança
os cavalos, ou esfinges. Ele não precisa utilizar de violência para conduzir o carro.

Tem a ver com andamento de um processo, avanço, ir para a frente. Pode ser a busca
por novos horizontes.

Por outro lado, tem a ver com o retrocesso, a volta, o retorno para o começo. O que se
sabe é que, como falam os ingleses, thing change – as coisas mudam – e o retorno ao início
nunca é voltar ao que se era antes. Pois, como Heráclito ensinou, quando um homem volta a
se banhar num rio, nem as águas são as mesmas, nem o homem.

Seu símbolo geométrico é a estrela setenária. É também o quadrado inscrito num


triângulo, ou vice-versa. Ou ambas figuras se cruzando. Ou o triângulo superpondo-se ao
quadrado.

24
Seu arquétipo é Zebulon.

Seu som musical é o ré sustenido.

25
Chet.

Agora vamos à oitava letra, correspondente ao algarismo e número oito – 8.

Seu significado vocálico é “cerca”.

Sua pronúncia é a do ch alemão, como se fosse um h bem gutural, saído da garganta.

Seu formato é um vauv e um dzain, encimados por um vauv horizontal. São como duas
colunas servindo de base para um travessão, formando um portal.

8 é o reinício do ciclo setenário, conforme o livro O caminho dos sonhos, de Marie


Louise Von Franz.

No tarot, é “a justiça”. A carta mostra uma jovem com uma coroa trinária e um
quadrado desenhado. Ela carrega numa das mãos uma balança, e na outra uma espada em
riste, como a deusa Themis. De suas longas vestes, apenas um dos pés é visível. Ela está
entre duas colunas diferentes entre si.

Tem a ver com a teoria da imprevisão: nunca se sabe para que lado a balança vai
pender. É um eterno desequilíbrio, mas sempre há uma determinada decisão, que pode ser
favorável a apenas uma das partes, ou para ambas.

É a capacidade de ver o que está por todos os lados. Por outro aspecto, a capacidade
de ver o que está oculto.

Seu símbolo geométrico é o quadrado superposto por um losango regular. É o sinal do


movimento superpondo-se à estabilidade. Ou o equilíbrio entre ambos. Também é
simbolizado pelo oito deitado – o infinito – cujos limites são indecifráveis ao ser humano.

Sua cruz é a de Malta, de oito pontas: . Mas também é a gamada (destrógira,

pois é a circunferência quebrada ao girar para a direita, para criar) , utilizada por algumas
religiões hinduístas, e por alguns tipos de budismo; e, por outro lado, a usada pelos nazistas, a

sinistrógira (a circunferência quebrada ao girar para o lado esquerdo, para destruir) .

26
Essa letra é também associada à cruz do batismo: , simbolizando a regeneração
e a adoção. É o cruzamento da primeira letra grega de Cristo (X) com a cruz grega.

Seu arquétipo é Rubens.

Seu som musical é o mi bemol (miხ), que na escala não-temperada é um pouquinho


distante do ré sustenido.

27
Teth.

Esta é a nona letra, correspondente ao algarismo nove – 9.

Seu som é o de um T.

O significado da letra é “cajado “

Seu desenho é um resh deitado, encimado por um iod de um lado, e por uma
inclinação de outro.

Seu órgão do sentido é a audição.

É o buscador, o estudioso, mas pode ser aquele que procura o que está escondido.

Representa o conhecimento, e o autoconhecimento: Sócrates teria dito: “A única coisa


que sei é que não tenho conhecimento de nada.” E também: “Conhece-te a ti mesmo!”
Confúcio teria falado: “Já é saber quando reconheces que não sabes coisa alguma.”

“Continua Krshna: "Presta atenção, ó Arjuna! quero dar-te ainda mais esclarecimentos
e ensinar-te mais verdades da Suprema Sabedoria. Esta Sabedoria é o melhor que se pode
possuir; os sábios e santos que a possuíram chegaram às alturas da Suprema Perfeição.””
Bhagavad Gita XIV,1.

Na psicanálise, é o inconsciente.

No tarot é “o eremita”, o homem encapuzado, na beira do precipício escuro, com uma


lanterna acesa na mão, e o braço esticado, para melhor iluminar o que está oculto. A outra
mão leva um longo cajado. Pode significar a prudência...

Entre os animais, é o leão, a juba, a ferocidade, a proteção, mas também a mansidão


do que não é provocado.

Seu símbolo geométrico é a circunferência, a serpente que come seu próprio rabo

(ouroboros), que não tem início nem fim: o . ou três triângulos sobrepostos, ou cruzados.

Seu arquétipo bíblico é Simão.

Seu som musical é o mi bemol acrescido de um quarto de tom.

28
Iod.

Iod é a décima letra, e corresponde ao número dez – 10.

Correspondente à letra i e à letra j. O y é inexistente no hebreu.

O significado da letra é “mão”.

Seu formato é o de um ponto suspenso com um apêndice para baixo.

É a primeira letra do nome do Irmão mais velho de todos nós, o Filho do Pai Celeste,
Jesus Cristo – Ieoshuah, ou Jeoshuah.

É o Terceiro Olho, o olho que tudo vê, tudo ouve, tudo sente, tudo faz. É o responsável
pelos milagres, quando bem aberto. Todos nós o temos, mas geralmente apenas parcialmente
aberto, o que fornece azo ao chamado sexto sentido. É o que eu denomino 31º sentido de
percepção, em meu e-book Lições sobre a Psicanálise, Tomo II, O imaginário, o simbólico e o
real, in O que é real 3. A maioria o têm completamente fechado.

O terceiro olho, do qual a epífise é a glândula responsável, é o responsável pelo


despertar da Kundalini. Todos nós o temos, é um chacra um pouco acima do nariz. É invisível a
nossos sentidos. Jesus Cristo o tinha bem aberto, e era o que o possibilitava fazer milagres. O
terceiro olho aumenta consideravelmente a energia sutil – präna – de quem o desenvolve.

Seu arquétipo bíblico é Gad.

No tarot, é “a roda da fortuna”. Mostra um círculo no meio da carta, com as letras T, A.


R e O em cada lado. Entre o T e o O, um Thau; entre o O e o R. um Vauv; entre o R e o A,
um Resh; e entre o A e o T, um Aleph. As letras hebraicas podem também estar na ordem
oposta, já que tarot e torat têm o mesmo resultado numérico. Pode também ter um ser
subindo de um lado e outro descendo do outro. Sobre a roda, há uma esfinge com uma espada
em riste. Dentro dela, há uma estrela de David. Abaixo da roda, há duas serpentes, de cores
opostas, enroscadas num cilindro. Nos quatro cantos, há figuras: no superior esquerdo, há um
homem alado (Mateus); no superior direito, um pássaro (João); no inferior direito, um leão
alado (Marcos); no inferior direito, um touro alado (Lucas). Todos levam em suas mãos um
livro aberto.

Na Kabballah, são os dez atributos de Deus, a saber, em ordem decrescente:

1. Qether (Coroa);
2. Choqmah (Sabedoria);
3. Binah (Inteligência);
4. Chessed (Bondade);
5. Gheburah (Rigor);
6. Tipheret (Beleza);
7. Netsah (Glória);

29
8. Hod (Vitória);
9. Iessod (Fundamento); e
10. Malquth (Reino).

São os dez ramos da Árvore da Vida .

O símbolo geométrico associado a esta letra é um ponto inscrito no centro de uma


circunferência.

Seu som musical é a nota fá.

30
Caph, Chaph.

:
Caph é a décima-primeira letra no alfabeto hebraico, e corresponde ao número 20.

Seu som é o “k”; ou um “h” bem aspirado com a garganta, quando no final do
vocábulo: chaph.

O significado desta letra é “palma” da mão. A palma mostra algo.

Seu formato é um resh sobre um vauv deitado, ou um guimel esticado quando no final.

Seu arquétipo bíblico é Mosheh – Moisés.

Seu dia é quinta-feira.

Seu planeta é Vênus.

No tarot, é a moça frágil abrindo a boca de um leão: “a força”. Ela tem, acima de sua
cabeça, o símbolo do infinito.

Tem a ver com a possibilidade de se conseguir coisas inimagináveis no momento. Por


outro lado, é o Poder contrário se voltando contra quem estiver colocado na posição. É uma
letra de poder, de acordo forçado, de uma pessoa que vence, de um ser que vence, ou da força
de vontade. Ou, enfim, da Força do Senhor.

É o convencer, ou, por outro lado, o persuadir.

O símbolo geométrico associado a esta letra são dois segmentos de reta superpostos
inscritos numa circunferência.

Seu som musical é a nota fá acrescida de um quarto de tom. Ou o fá acrescido de uma


terça de tom quando no final.

Lamed.

31
:
Eis a décima-segunda letra, correspondente ao número 30.

Seu som é “L”.

Seu significado é “chicote”, como seu formato mostra: um chicote em ação!

Seu formato é um vauv pousado sobre um caph. Quando no final, o vauv está
inclinado.

Tem a ver com os doze apóstolos, as doze tribos de Sião. A tribo de Efraim. O
desgarrado. O adotado. O freak. O fora-da-lei. O desajustado.

Seu arquétipo bíblico é Efraim.

Seu órgão do sentido é o tato.

No tarot, é um homem pendurado por um dos pés, com a outra perna formando um
quatro com a perna esticada. Ele está vivo, embora normalmente a carta o chame de “o
Enforcado”. É póstero ao daleth, isto é, tem muito a ver com ele, mas de uma forma mais
espiritual. Ele está pendurado por uma corda numa cruz de Tau, e em alguns casos sua
cabeça é iluminada. É também chamada de “o sacrifício”, ou “o pendurado”

Não é uma letra negativa, mas de sacrifício, que pode ser justificado, voluntário ou
não. Pode ser um jejum, um ritual, ou por outro lado um crime, ou um atentado.

Na psicanálise, é o estádio do espelho, de Lacan.

Sua cruz é a de Thot, símbolo do renascimento e da reconciliação entre os opostos:

O símbolo geométrico associado a esta letra é o triângulo inscrito numa circunferência.

Seu som musical é o fá sustenido. Ou o fá sustenido acrescido de meio quarto de tom


quando no final.

32
Maim.

:
Eis a décima-terceira letra do alfabeto hebraico. Tem o valor numérico de 40.

É o número da Ceifadora, a deusa anciã, a mulher sábia. É o número da morte, da


passagem, do renascimento, da ressurreição. Pode indicar tanto a destruição de algo ou
alguém, ou de uma civilização, como pode mostrar uma alteração drástica de situação. Pode
ser o sinal para a iminente sabedoria, ou fracasso.

Há muita superstição em relação a esta letra, principalmente com relação aos


tarólogos. Eles a chamam de “a morte”, às vezes com letra maiúscula. Tem sempre alguma
representação de um esqueleto com uma foice, ou sobre um cavalo, vestido de armadura. O
cavalo está em movimento, ou a foice está ceifando, há pessoas mortas por onde ele passa e
outras vivas antes dele.

Para os hindus, é Shivah.

Quando no início ou no meio da palavra, tem o formato de vauv grudado a um caph.


Quando no final, de um resh grudado a seu oposto. É o reflexo, o espelho.

Seu planeta é a Terra.

Sua estação, o inverno.

O arquétipo bíblico desta letra é Meshiah Ben David.

Seu som é sempre de um “m” bem pronunciado, não podendo nunca, nem no final,
ser pronunciado como um “N”. Assim, diferentemente da língua portuguesa, quando se
pronuncia, por exemplo, “maim” – as águas – deve-se pronunciar a última letra tal qual a
primeira.

Seu significado é “águas”.

33
Algumas cruzes estão associadas a esta letra: a cruz celta , ou ou

, e a cruz solar .

O símbolo geométrico associado a ela é um quadrado, ou um losango, inscrito numa


circunferência.

Seu som musical é o sol bemol. Ou a nota sol quando no final.

34
Nun.

:
Esta é a décima-quarta letra do alfabeto hebreu. Seu valor numérico é 50.

Tem o significado de “peixe”.

Seu formato é o de um vauv sobre um iod invertido. Quando no final, de um vauv


esticado.

Seu som é “N”.

Seu órgão do sentido é o olfato.

Seu arquétipo bíblico é Menasheh – Manassés.

Tem a ver com o equilíbrio dinâmico. É um pouco aqui, outro pouco ali, sempre
desequilibrando de um lugar, pondo no outro para equilibrar... É a Harmonia das Esferas, mas
também a possibilidade de fazer uma reversão.

Filosoficamente, trata-se da dialética! É, nitidamente, o Princípio da Imprevisão 1.

Na psiquiatria é o bipolar.

Na psicanálise, é a interpretação dos sonhos, de Freud.

É a aguadeira, a moça que vive trocando a água de lugar, juntando-a nos potes.

No tarot, é “a temperança”, representada por um anjo com um triângulo dentro de um


quadrado no peito, ou uma moça com os seios nus, jogando água de uma taça para outra. Um
de seus pés está dentro do rio que passa à sua frente, outro fora. Ao seu lado direito, um sol
radiante está sobre as montanhas ao fundo, e um caminho segue, do local onde está o anjo, ou
a moça, às montanhas. Ao esquerdo, uma mata com flores.

1
Vide isso em meus e-books “O pensamento quântico não é místico” e “Lições sobre a psicanálise –
tomo V – dialética e polialética”.

35
Sua cruz é a gnóstica: , uma adaptação cristã primitiva da cruz de Thot.

O símbolo geométrico associado a esta letra é o pentagrama inscrito na circunferência.

Seu som musical é a nota sol acrescida de um quarto de tom.

36
Ksamek.

É a décima-quinta letra, cuja correspondência numérica é 60.

Tem o significado de “suporte”, “apoio”. Por extensão, “confiança”. Ou “condenação”.

Seu formato é o de um resh sobre outro resh invertido.

Seu som corresponde ao “ks” do x. Há quem o associe ao “ss”.

Diz o ditado: “Não existe água impura, o que há é impureza na água”. Isso porque tal
letra tem a ver com a contrariedade, mas também com o Mal. Ou com a paixão, com a falta de
controle sobre nossas ações, nossos sentidos, nossos sentimentos, nossas emoções.

Na psiquiatria é a psicopatia e a sociopatia.

No teatro, é o autor Aristófanes.

Na literatura, é a sátira.

Seu sentido é o sono.

Seu arquétipo bíblico, Benjamim.

No I-Ching, são três barras inteiras sobre três quebradas: (O criativo se retira
cada vez mais, enquanto a terra abaixo mergulha nas profundezas. Os poderes criadores estão
dissociados. É a época da estagnação e do declínio.)

No tarot, é “o diabo”, representado pelo próprio, sentado sobre um círculo, ou uma


esfera, com uma imensa coroa em sua cabeça, tendo à sua frente um casal acorrentado a si.

O símbolo geométrico associado a esta letra é um pentagrama invertido, significando a


queda de Lúcifer dos Céus ao inferno. Mas esse símbolo é também a queda do ser humano, do
espiritual para o material. Por outro lado, é associado à vinda de Jesus Cristo à Terra, ou de
seres celestiais ao nosso encontro.

Sua cruz é a Triunfal: .

37
Seu som musical é o sol sustenido.

38
Chuain.

Eis a décima-sexta letra do alephbeth. Sua correspondência numérica é 70.

Seu significado é “olho”. É o olho humano. Pode também ser de outro animal.

Seu som é o de um “huain” bem gutural.

Seu formato é um vauv torcido sustentando um dzain.

É a letra da queda, do desastre, do desabamento, da catástrofe. Do antagonismo. Por


outro lado, é a precaução de uma queda iminente, que pode ser evitada. Pode ser a queda de
um poder estabelecido, uma derrota, ou uma revolução. Porém, difere da morte por não ser
fatídica. Pode ser uma oportunidade para se adaptar a uma nova situação inevitável.

Na psicanálise, é a depressão e a ansiedade.

Seu sentido, a raiva.

Seu arquétipo bíblico é Dan.

Na literatura, “A peste”, de Albert Camus. Também pode ser “A metamorfose”, de


Franz Kafka. Ou “A pedra do reino”, de Ariano Suassuna.

No tarot, é chamada de “a torre”, sendo geralmente representada por uma torre


quebrada no alto por um raio, e pessoas caindo, normalmente um casal. Por vezes, essa torre
é encimada por uma coroa. É também chamada de “a casa de Deus”. Ou “a torre dos deuses”,
como a lembrar a tentativa dos seres humanos em subir ao Monte Olimpo.

Sua cruz é a copta primitiva, que é a cruz de Tau sustentando a cruz solar: .

Seu símbolo geométrico é uma estrela setenária inscrita na circunferência.

Seu som musical é o sol sustenido acrescido de um quarto de tom.

39
Peh, Pheh.

:
Esta é a décima-sétima letra do alephbeth. Tem o valor numérico de 80.

Seu significado é “boca”, como bem mostra sua figura.

Seu planeta é Mercúrio.

Seu dia, sexta-feira.

Seu arquétipo bíblico é Aarão.

Quando no início, ou no meio, tem o formato de um iod pendurado num caph, e o som
de “p”; quando no final do vocábulo, tem o som do “F”, e o formato de um iod pendurado num
chaph.

É a letra da boa sorte, do benfazejo, da boa estrela. Da esperança. Da fecundidade.


Das forças da natureza. Da Mãe-Terra.

No tarot, é chamada “a estrela”, com uma moça nua despejando com sua mão direita
um jarro de água sobre um lago, e com a esquerda um outro sobre o gramado. Ao fundo, oito
estrelas, sendo uma principal maior que as outras. Um pé da moça está sobre o lago, mas não
dentro. O outro está fora. No canto ou ao fundo, pode haver uma criança com uma estrela na
testa e outra no traseiro.

A estrela é o símbolo da eternidade. Da consciência. Do espírito que existia antes de se


revestir de um corpo e que sobreviverá eternamente a ele.

Seu símbolo geométrico é a estrela de oito pontas, ou um quadrado cruzado por um


losango. Representa a estabilidade junta com o dinamismo, isto é, um avançamento estável,
naturalmente evolutivo.

Seu som musical é a nota lá. Ou o lá acrescido de um quarto de tom, quando no final.

40
Tsadik.

O significado da palavra tsadik é “o justo”. O significado da letra é “anzol”

Na psicanálise, são os sonhos, o onírico, mas, por outro lado, é a imaginação.

Seu formato é um nun torcido encimado por um dzain. Quando no final, um dzain
saindo do meio de outro dzain, como um ramo de uma árvore.

Seu órgão do sentido é o paladar.

Seu arquétipo bíblico é Asher – Aser, filho de Lia (Genesis, 30,13).

É a décima-oitava letra do alfabeto hebreu. Seu correspondente numérico é 90.

Seu som é “ts”, ou, para outros, “ss”.

É a letra da ilusão. Dos inimigos ocultos. Mas também da esperança longínqua.

Trata do feminino no homem, a “anima”.

É também a letra dos sonhos.

41
“Há quem pense que a pessoa que se interessa por seus sonhos se torna um lunático
solitário ou um tipo estranho de autista que segue seus próprios sonhos de modo antissocial.
Isso não é verdade, muitas vezes os sonhos sugerem uma relação com alguém ou alguma coisa
que absolutamente não ocorre no plano consciente. Elas criam laços sociais, da mesma forma
como às vezes cortam laços sociais velhos. Mas o sonho não é de modo algum um fundamento
antissocial. José poderia ter se insurgido contra a mulher e usado de medidas destrutivas. Mas
graças à ajuda de um sonho ele mudou totalmente de atitude e a apoiou pelo resto da vida.”
(Marie Louise Von Franz – O Caminho dos Sonhos, capitulo 6: A Linguagem Esquecida.)

“Eu mesmo não sei com que sonham os animais. Mas um provérbio para o qual minha
atenção foi despertada por um de meus alunos, alega realmente saber. Com que, pergunta o
provérbio, sonham os gansos? E responde: com milho. Toda a teoria de que os sonhos são
realizações de desejos se acha contida nessas duas frases. Como se vê, poderíamos ter
chegado mais depressa a nossa teoria do sentido oculto dos sonhos simplesmente usando o
uso linguístico. (...) Grosso modo, porém, o uso comum trata os sonhos, acima de tudo, como
abençoados realizadores de desejos. Sempre que vemos nossas expectativas ultrapassadas por
um acontecimento, exclamamos em nossa alegria: Eu nunca teria imaginado tal coisa, nem
mesmo em meus sonhos mais fantásticos!” (Sigmund Freud – Interpretação dos Sonhos,
capítulo 3, final.)

“(...) Os dois pontos essenciais a respeito dos sonhos são os seguintes: em primeiro
lugar, o sonho deve ser tratado como um fato a respeito do qual não se fazem suposições
prévias, a não ser a de que ele tem um certo sentido; em segundo lugar, é necessário
aceitarmos que o sonho é uma expressão específica do inconsciente.” (Carl Gustav Jung – O
Homem e seus Símbolos, subcapítulo o passado e o futuro no inconsciente, início.)

Nem todos os sonhos são bons. Existem os bad dreams e os nigthmares, ou seja, os
sonhos ruins e os pesadelos. Estes últimos podem nos fazer acordar gritando! Embora
desagradáveis, acontecem, com uma certa irregularidade, variando de pessoa para pessoa,
de momento da vida, da indisposição física, moral, sexual, espiritual, mental,...

Há sonhos lúcidos, sonhos guiados, sonhos que não temos controle: estes últimos são
os que interessam, para todos os efeitos. Pode-se sonhar em cores, com música, com textos,
com poemas, sentindo a chuva, o sol, a poça d’água, com cheiros, com todos os sentidos
possíveis. No sonho, vivemos uma realidade alternativa. É uma expressão de nosso
inconsciente.

No tarot, é chamada “a lua”. Seu desenho mostra dois cães de cores opostas, uivando
para uma lua com rosto fechado, fazendo eclipse sobre o sol. Nos cantos direito e esquerdo da
carta, há torres, uma de cada lado, cada qual com uma janela aberta, ou escura. Um
caranguejo espreita, saindo de um rio abaixo dos cães, entrando num caminho que leva a um
lugar distante. Para onde vai esse caminho, ninguém sabe.

Seu símbolo geométrico é o de uma lua crescente inscrita numa circunferência.

Seu som musical é o lá sustenido. Ou o lá sustenido mais um quarto de tom (lá#x),


quando no final.

42
43
Qoph.

Na psicanálise, é a interpretação dos sonhos. Os pitagóricos, na antiga Grécia,


acreditavam que os sonhos eram mensagens dos deuses, codificadas.

É o paradoxo. E a risada.

É a décima-nona letra do alfabeto hebraico, e sua correspondência numérica é 100.

Seu significado é “agulha”.

Seu som é “Q”.

É a letra da radiância, do brilho, do vencedor de uma disputa. Tem o valor de uma


vitória com pouco esforço. Por outro lado, pode ser uma pequena vitória, já que pouco ou
nenhum esforço foi feito para se obtê-la. É uma letra de alegria, ou pelo menos de um sorriso.

É a letra da inspiração, sob todos os sentidos que esta palavra nos fornece.

No tarot, é “o sol”. Uma criança frágil cavalga sem esforço um belo cavalo branco,
tendo ao fundo girassóis voltados em sua direção e um enorme sol brilhante, com face firme e
olhos bem abertos. A criança está nua, com os braços abertos, como a comemorar algo. Ou é
um casal de crianças nuas, andando na mesma direção, com um sol radiante iluminando-as, e
um muro protegendo-as, ao fundo.

Seu arquétipo bíblico é Neftali.

Seu símbolo é a cruz solar.

Seu som musical é a nota si.

44
Resh.

Eis a vigésima letra do alephbeth. Seu valor numérico é 200.

Seu significado é “cabeça”.

É a serenidade.

Seu formato é primordial. É uma nuca.

Seu planeta é Saturno.

Seu dia é sábado.

Seu som é o “RR”. Ou “RH”. Corresponde à nossa letra R, como falada no início de
nossas palavras.

É a letra do julgamento, da opinião, ou mesmo da discussão, ou talvez de um debate. É


também o renascimento.

No tarot, é chamada “o julgamento”, mostrando túmulos abertos e pessoas saídas


deles, em suas perfeitas formas, em pose de prece ou de regozijo, nuas, e ao alto um anjo com
uma trombeta soando. Ou uma família saída de um túmulo, todos em sua perfeita forma, nus,
tendo um anjo acima anunciando a ressurreição. Representa o início do Milênio, onde o diabo
ficará preso por um tempo, e haverá paz total, para ser solto depois novamente, e as pessoas
agirem de acordo com seu livre arbítrio. Por outro lado, é a segunda ressurreição, onde todos
serão julgados. Pode ser, portanto, chamada de “a ressurreição”.

Seu arquétipo bíblico é Ioseph – José.

O símbolo que representa esta letra são dois segmentos de reta superpostos,
contornados por uma circunferência, que por sua vez é contornada por outra circunferência.

45
Seu som musical é a nota si acrescida de um quarto de tom.

46
Shin, Sin.

Esta é a vigésima-primeira letra hebraica. Tem a correspondência numérica de 300. É,


portanto, a terceira centena, o que à liga à “imperatriz”, e tem, assim, seus atributos. Mas é
uma letra especial, que, diferente da ghimel, tem o nome no tarot de “o louco”.

O significado desta letra é “dente”.

Sua cor é o vermelho escarlate.

Seu tempo, um ano terrestre.

Sua estação, o verão.

Sua correspondência é com a cabeça.

Seu arquétipo bíblico é Moisés, filho de José, no Antigo Testamento.

Como é falado, a sabedoria dos santos é loucura para os homens. O livro que ilustra
essa letra é O evangelho de são João.

Tanto pode ser a insanidade total como a sabedoria do Senhor. Ambas são
incompreensíveis ao ser humano.

Na psiquiatria, é a esquizofrenia, ou a mente equilibrada.

Na psicanálise, é a livre associação de ideias.

É a letra do ser humano. Representa-o.

Há duas maneiras de se ler essa letra: chin (“sh”), ou sin (“ss”). Sua pronúncia, nos
tempos antigos, mudava de acordo com a região onde a língua era falada. No livro de juízes,
capítulo 12, versículos 4 a 6, o povo de Efraim tentava atravessar a ponte do rio Jordão, que
estava guardada pelo povo de Ghilead, vencedor na batalha entre os dois; como não havia
maneira de identificar quem era de que filiação, os guardas na ponte mandavam que os que a
quisessem atravessá-la pronunciassem a palavra shibbolet [‫]ִׁש ֹּבֶלת‬, que significava “curso de
água”, “espiga”. Mas os efraimitas pronunciavam sibbolet. Era apenas uma questão de
sotaque. Assim, morriam os do povo de Efraim pelos guardas de Ghilead.

47
Quando os judeus não sabiam mais como ler corretamente a torat, um grupo de
sábios, chamados “setenta”, ou “massoretas”, colocaram os sinais massoréticos, que são
pontos e traços nas consoantes, vocalizando-as e ensinando quando era o caso de pronunciar
letras como esta, e outras, que têm dupla sonoridade, alterada de acordo com o sentido da
palavra. No caso desta letra, especificamente, o local onde fica o ponto acima dela sinaliza sua
pronúncia.

Hoje, a torat tem também pontuação – dois pontos [:] – para mostrar quando uma
frase termina. No tempo em que ela foi escrita, todas as palavras eram escritas juntinhas, não
havendo separação entre elas, muito menos entre as frases: era um bloco só!

No tarot, a carta correspondente a essa letra é chamada de “o louco”, como já


falamos. Mostra um jovem carregando uma trouxa num dos ombros. Em sua outra mão ele
leva uma flor, ou um cajado. Sua roupa é nova, e um cão rói seu calcanhar. Um sol brilha atrás
dele, mas o louco caminha para a beira de um precipício, olhando para o alto. Ou para trás.
Sua numeração na carta varia entre o 21 e o 0.

O símbolo que o representa é uma circunferência circundando uma cruz de Thot. É o


ser humano limitado pelo infinito.

Seu som musical é o si sustenido.

48
Thau.

Eis a última letra do alfabeto hebraico! Seu valor numérico é 400!

O Apocalipse tem 22 capítulos.

É o Templo estabelecido! É Beth-El, a casa de Deus.

É um portal espiritual...

É também o útero, de onde sai a vida. É a união do Alpha com o Ômega, o Princípio
com o Fim, e vice-versa.

É a letra do triunfo certo, e do Absoluto!

Tem a ver com o último chacra, o da coroa, que fica no cocuruto da cabeça. É o maior
grau, não necessariamente o mais importante, pois todos os chacras têm a mesma
importância. Porém, é o mais proeminente. É o que liga o ser humano ao universo.

A última letra no alfabeto grego clássico, porém, é o ômega, não o thau. Por isso, Jesus
Cristo falou que ele era o alfa e o ômega. Seria o mesmo que dizer, em hebraico, o Aleph e o
Thau. Mas o Mestre falava num hebraico aramaizado, que era a língua usada naquele lugar e
época, e as palavras exatas que ele usou... eu não sei.

Seu formato mostra um resh, sustentado por um dzain misturado com um vauv!

Seu planeta é Júpiter! No panteão dos deuses gregos, é Zeus! Dos nórdicos, Odin!

O significado desta letra é “sinal”. Por extensão, “impressão”.

Seu arquétipo bíblico é David.

No I-Ching, é CHI’EN, o céu, o que cria. É o primeiro hexagrama – 6 segmentos de


reta sobrepostos. Correspondem à energia que, em sua forma primordial, é luminosa, forte,
espiritual, ativa. Sua imagem é o céu, sua força nunca é limitada por condições determinadas

49
no espaço, e assim é concebida como movimento. O tempo é a base desse movimento.
Portanto, o hexagrama inclui também o poder do tempo, e o poder de persistir no tempo. Tem
2 sentidos: em relação ao universo, expressa a atividade criativa e poderosa do Divino; no
mundo dos seres humanos, representa a ação criativa dos santos e dos sábios, dos que
conduzem e governam a humanidade, e que, por sua força, despertam e desenvolvem a
natureza mais elevada dos seres humanos.

No tarot, é “o mundo”. É representada por uma jovem seminua, ou nua, com um


bastão em cada mão, rodeada por uma elipse de flores, tendo nos quatro cantos os principais
evangelistas: Matheus, João, Marcos e Lucas. Ou então, no canto superior esquerdo a cabeça
de um jovem; no canto superior direito, a cabeça de uma águia; no canto inferior direito a
cabeça de um leão; e no canto inferior esquerdo, a cabeça de um touro. Na verdade, os quatro
animais representam os quatro evangelistas. A numeração da carta varia: quando o louco é 0,
ela se torna 21; quando o louco é 21, ela é 22.

A tira de pano que semiveste a moça esvoaça ao vento, e ela tem um de seus pés
levantado, formando um quatro com suas pernas.

Sua figura geométrica é o losango...

O símbolo que o representa é uma cruz solar circundada por uma circunferência. Ou
uma circunferência centralizada por um ponto, significando o planeta astrológico Sol.

Seu som musical é o dó bemol.

50
O Zero [0].

É uma invenção indiana, de aproximadamente 600 anos Antes da Era Comum [AEC] 2 .
Não existe no alephbeth.

Inicialmente, era representado por um círculo, como a dizer que ali tinha um “vazio”,
um “nada”. Após um bom tempo, passou a ser um ovalado, para distinguir da letra “o”.

Significa o caos, mas não o nada, e sim o todo desorganizado. É o todo antes da
criação, em potência. É a matéria desorganizada.

Pode ser a insanidade, ou a potência da criatividade.

Está externo ao ser humano. Só o Senhor pode compreendê-lo.

Na matemática atual, é amplamente usado. É um número e um algarismo. Tem o


poder de ampliar qualquer algarismo ou número em decimais infinitas, até chegar ao oito
deitado, o infinito - ∞. É a junção de dois zeros interligados.
Não tem som musical. É, por outro lado, o silêncio. Mas o silêncio absoluto inexiste na
natureza terrestre. Sua existência é, apenas, no vácuo. Se somos colocados em uma câmara de
silêncio, ouviremos os sons involuntários de nosso corpo, pois há o ar, que conduz o som. O
zero, portanto, é apenas uma abstração matemática.

O terceiro olho, ou Jesus Cristo na Terra. Pintura do autor: tinta de tecido sobre tela.

2
Prefiro usar AEC e dEC, no lugar de AC e dC, justamente porque ninguém sabe o ano exato do
nascimento de Nosso Senhor. Por respeito a Ele, portanto, uso essa forma mais atual.

51
Posfácio.

As letras são 22 arquétipos do ser humano. Ou seja, em sã consciência, ninguém pode


ser um arquétipo, um molde. Somos, cada um de nós, como uma massa de modelar, sem
forma, e o arquétipo é uma fôrma, como aquelas fôrmas de bolinho, de formatos diversos.
Cada formato é um arquétipo, uma “caixa”: “o pai provedor”, “a dona-de-casa”, “o solteirão”,
“a mãe de família monoparental”, “a mãe guerreira”, “a carreirista”, “o símbolo sexual”, “o
filho bonzinho”, “a filha mimada”, “o herói”, “a heroína”, entre inúmeros outros, discernidos
pela sociedade.

Seguir as regras é uma norma de convivência, mas precisamos quebrar as regras para
irmos além da mera sobrevivência, para, em verdade, progredirmos internamente. A História
só existe porque as pessoas quebram as regras. As regras existem para serem quebradas.

Nosso autoconhecimento só se faz inteiramente se tivermos a coragem de


subvertermos as nossas próprias normas de segurança e de controle, de conduta e emocional.

Nossa autoestima só se fará presente quando estivermos emocionalmente e


intelectualmente imersos em nosso autoconhecimento, que é instável, mutável a todo
instante. Temos que aprender a ouvir essas mutações internas, e nunca deixarmos que uma
“caixa” nos molde.

Não podemos ser um arquétipo, nem mesmo construído por nós mesmos. Temos que
ter nossa personalidade firme, sabendo que as características mudam a cada instante. O que
sou aqui e agora é a minha personalidade.

É importante conhecermos os 22 arquétipos representados pelas letras hebraicas,


para melhor sabermos sobre o espírito, a alma humana.

Nosso espírito, nossa consciência, é a nossa música interna, que tentamos tocar para
os outros ouvirem, a fim de nos comunicar. Fazemos isso, não só através de nossa
verbalização, nossos gestos, mas com nossa arte, seja ela visual, literária, auditiva, aromática,
culinária, táctil, ou sei lá.

“O jogo entre som e ruído constitui a música. O som do mundo é ruído, o mundo se
apresenta para nós a todo momento através de frequências irregulares e caóticas com as quais
a música trabalha para extrair-lhes uma ordenação (ordenação que contém também margens
de instabilidade, com certos padrões sonoros interferindo sobre outros).” WISNIK, José Miguel
– O SOM E O SENTIDO; uma outra história das músicas – São Paulo, Companhia das Letras,
2007, 2ª edição. Página 33.

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Sobre O Autor.

Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes é meu nome. Nasci às 4 e meia da manhã, do dia 4 de
abril de 1958, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo.

No final dos anos 1970 e início dos 80, publiquei uma série de livros de poemas, por
conta própria, na base do mimeógrafo e do offset. Tentei fazer alguns para educação popular,
mas não foram para frente.

Enveredei pelas artes plásticas e pela música. Fiz várias exposições individuais e
participei de coletivas. Fui solista de guitarra e cantei, em várias bandas de rock que não
duraram quase nada.

Individualmente, toquei vários outros instrumentos, não só de corda, mas também,


muito mal, de sopro e percussão. Sempre de ouvido, embora tenha estudado profundamente
música, o que ainda o faço.

Minha formação acadêmica inclui jornalismo em Santos e direito em Taubaté, além de


meia-pós-graduação em comunicação social e uma pós-graduação em língua portuguesa e
literatura. E vários pequenos cursos adicionais, incluindo extensões, todos presenciais, que é o
que existia naquele tempo. Por último, fiz cursos de psicanálise por EAD.

Meu primeiro emprego foi ajudar meu pai no depósito de artigos de época, fazendo
pacotes, atendendo a freguesia, carregando mercadoria, auxiliando no escritório, e fazendo
contas.

Depois vagabundeei um pouco e fui ser cobrador. Passou um tempo e voltei a


vagabundear, para depois atuar com artes plásticas e antiguidades. O dinheiro não dava para
nada.

Aí, recebi uma pequena herança e abri uma lanchonete que era também uma casa de
chá. Logo, minha esposa estava participando, até que, de repente, passou a cuidar sozinha do
local.

Nesse meio tempo, fui chamado como redator e repórter da Rádio Emissora de
Campos do Jordão. Depois, concomitantemente, fui empregado de diversos jornais escritos,
como diretor de redação, fotógrafo, editor, redator, repórter, diagramador, etc, tudo ao
mesmo tempo, já que eram jornais pequenos.

Nessa época, escrevi pra burro, tudo quanto eram notícias, editoriais, resenhas, entre
outras coisas. Mas nunca fui convidado para a Academia Jordanense de Letras.

Também trabalhei, uns meses, como jornalista da prefeitura, o que me garantiu uns
bicos em períodos eleitorais.

Como jornalista, fiz ainda alguns frilas e uma correspondência por três meses tórridos!

Noutra época, meus finais de semana eram tomados por uma galeria de arte de
Campos do Jordão.

Quando fui demitido da Rádio Emissora, comecei a trabalhar como advogado, e logo
fui chamado pela Sabesp, para a qual havia prestado concurso, em Caraguatatuba, onde
trabalhei como atendente a consumidores.

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Minha aposentadoria foi pela Sabesp.

Moro atualmente no litoral norte do estado de São Paulo. Meus hobbies são: ouvir
discos de vinil, desenhar, pintar, fazer colagens, escrever, tocar violão, ler muito, e ver filmes e
séries. E fazer cursos e oficinas pela internet.

Alguns dias antes do Natal de 2021, tive um acidente doméstico em que quebrei o
ombro e o braço esquerdos. Soma-se a isso meus acidentes anteriores, no cotovelo e
tornozelo direitos, e uma danação na coluna. Fora isso, estou bem. Fazendo eventuais
fisioterapias, me alimentando, etc.

Só a cabeça não anda lá essas coisas. Por isso escrevo, para preservar minha memória
para o futuro. Sim. Eu acredito no futuro.

Contato: leopoldopontes21@gmail.com

Foto by Fafí Pontes. Abril\2023. Jimi & me.

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Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:

(Na ordem por publicação)

1. Paixões Remuneradas (1979) (esgotado)


2. Sobre Rio Claro (1980) (esgotado)
3. Já que tá, então fica (1981) (esgotado)
4. (Arte em mimeógrafo) (série) (1981) (esgotada)
5. Série Poemetos (1981) (esgotada)
6. Educação popular – 1981-82 - (série) (esgotada)
7. Homoteo – o livro do ateísmo devocional (1982) (não publicado)
8. Gabriel: a História do Roqueiro que virou o Grande Herói Nacional (2000)
(reeditado em agosto de 2016)
9. Asas para Teotino (2001) (reeditado em outubro de 2016)
10. Minha Experiência com o Kindle (novembro de 2016)
11. Poemas para serem lidos em voz alta (novembro de 2016)
12. V.M.P.M.: Duas Histórias de Amor (janeiro de 2017)
13. Dialética no Direito: O Estado Leigo (dezembro de 2018)
14. Análise de Matrix e outros filmes e textos (janeiro de 2019) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
15. 4 COROS DA TERRA E DOS CÉUS E UMA CANÇÃO INFLAMADA: Teatro (janeiro de
2019)
16. O gosto das coisas: E o Rock não morreu... (abril de 2019) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
17. O gosto das coisas: A Gorda vai cantar (abril de 2019) (retirado de circulação em
setembro de 2022)
18. O gosto das coisas: O Tempo e as Estações (abril de 2019) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
19. Dialética sem Encher Linguiça (maio de 2020) (retirado de circulação em setembro
de 2022)
20. ZEN SEM FRESCURA: o livro da anti-autoajuda: tudo o que os livros de autoajuda
não te deixam acreditar (maio de 2020) (retirado de circulação em setembro de
2022)
21. VMPM e outros contos (maio de 2020)
22. ROCK NÃO SE APRENDE NA ESCOLA (maio de 2020) (retirado de circulação em
setembro de 2022)
23. NA CONTRAMÃO (maio de 2020) (retirado de circulação em setembro de 2022)
24. TUDO AO NORMAL – Felicidade não é obrigatória (julho de 2020) (retirado de
circulação em setembro de 2022)
25. Antes do despertar - α € Ω A Nova Gaia (outubro de 2020) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
26. REINICIAR é a Solução pra Tudo! (janeiro de 2021) (retirado de circulação em
setembro de 2022)
27. Contos jurídicos (julho de 2021)
28. O prazer de fazer barulho (abril de 2022) (retirado de circulação em setembro de
2022)
29. O corvo (tradução do poema de Edgar Allan Poe) (junho de 2022)

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30. Música do Planeta Terra (agosto de 2022) Aqui só tem matérias sobre música!
31. O pensamento quântico não é místico (outubro de 2022)
32. Lições sobre a psicanálise – Tomo 1 – Generalidades (novembro de 2022)
33. Lições sobre a psicanálise – Tomo 2 – O imaginário, o simbólico e o real.
(novembro de 2022)
34. Lições sobre a psicanálise – Tomo 3 – A busca pelo equilíbrio (novembro de 2022)
35. Lições sobre a psicanálise – Tomo 4 – Questões filosóficas (novembro
de 2022)
36. Lições sobre a psicanálise – Tomo 5 – Dialética e polialética (novembro de 2022)
37. Lições sobre a psicanálise – Tomo 6 – Ciências sociais (novembro de 2022)
38. Lições sobre a psicanálise – (os 6 tomos) (novembro de 2022)
39. Hai-Kais (dezembro de 2022)
40. Já que tá, então fica – poemas de amor e desamor – edição atualizada e revista
(dezembro de 2022)
41. Suíte nº1 em sol maior para violoncelo, de Bach. Para se ler no barzinho ou na
pastelaria. Poemas (dezembro de 2022)
42. A representação do homem [sonhos] (maio de 2023)
43. Stairway to Heaven – Led Zeppellin – tradução e comentários por Leopoldo Pontes
(maio de 2023)
44. As letras hebraicas – seu significado (maio de 2023)
45. “Quem quiser nascer, tem que destruir um mundo” – instalação\peça de teatro
(maio de 2023)
46. A filha de Spock – fanfic (maio de 2023)

Fim.

Índice:
Prefácio.
Aleph.
Beth, Veth.
Ghimel.
Daleth.
Heh.
Vauv
Dzain.
Chet.
Teth.
Iod.
Caph, Chaph.
Lamed.
Maim.
Nun.

56
Ksamek.
Chuain.
Peh, Pheh.
Tsadik.
Qoph.
Resh.
Shin, Sin.
Thau.
O Zero [0].
Posfácio.
Sobre O Autor.
Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:

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