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As letras hebraicas
~ Seu significado ~
Por
LEOPOLDO PONTES
2
“O temor do SENHOR é o princípio do conhecimento; os tolos desprezam a sabedoria e a
instrução.”
(Provérbios, I; 7)
3
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4
5
À Fafí
6
Sumário
Prefácio........................................................................................................................................8
Aleph..........................................................................................................................................10
Beth, Veth..................................................................................................................................13
Ghimel........................................................................................................................................15
Daleth.........................................................................................................................................18
Heh.............................................................................................................................................20
Vauv...........................................................................................................................................22
Dzain..........................................................................................................................................24
Chet............................................................................................................................................26
Teth............................................................................................................................................28
Iod..............................................................................................................................................29
Caph, Chaph...............................................................................................................................31
Lamed.........................................................................................................................................31
Maim..........................................................................................................................................33
Nun.............................................................................................................................................35
Ksamek.......................................................................................................................................37
Chuain........................................................................................................................................39
Peh, Pheh...................................................................................................................................40
Tsadik.........................................................................................................................................41
Qoph..........................................................................................................................................43
Resh............................................................................................................................................44
Shin, Sin......................................................................................................................................46
Thau...........................................................................................................................................48
O Zero [0]...................................................................................................................................50
Posfácio......................................................................................................................................51
Sobre O Autor............................................................................................................................52
Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:........................................................................................54
7
As letras hebraicas
~ Seu significado ~
Prefácio.
As letras hebraicas são também números. Elas têm, cada uma, um significado, uma
simbologia, que é proveniente de muita ancestralidade, de muitos séculos. Vêm de tempos
milenares.
Não existem vogais, apenas consoantes. Algumas letras são aspirações, que os antigos
hebreus sabiam como pronunciar por uma questão de prática oral. Tais letras têm importância
no simbolismo das palavras, pois, como já falei, têm um valor numérico.
Sua escrita é da direita para a esquerda. Mas, neste livro, na exposição, estão
dispostas ao contrário, por uma questão de didática.
Talvez, suponho, sua origem, advenha da primeira escrita pós-adâmica, quando cada
sinal tinha um sentido, não só de signo, mas simbólico, espiritual, amplo, além do sensorial,
mágico, para os escribas de então.
Neste livro, tento colocar tudo o que me lembro e pesquisei a respeito de cada letra\
número primordial hebraico, no aspecto principalmente espiritual, já que são os signos
utilizados nas primeiras santas escrituras, a Torat.
A própria palavra, torat, ou tarot, mostra como o alephbeth [alfabeto] liga o fim ao
começo, mostra que tudo reinicia sempre, como os orientais ensinavam sobre a roda da
Sansara, e que isso é a vida do ser humano, sempre retornando ao começo, mas com a
experiência anterior.
8
Todas as civilizações têm mitologias e histórias parecidas. As letras hebraicas são um
resumo, como muitos outros: i-ching, runas, tao-te-king, mitologias greco-romana, nórdica,
egípcia, babilônica, etc, e até cristã. Temos aprendizado de todos os meios, e, um por um, nos
ensina algo mais.
Espero que este e-book sirva como fonte de sabedoria para você, leitora ou leitor, ou
seja, que possa somar, para a sua multiplicação, como serviram o pão e os peixes para o
Messias.
“Jesus disse que o mundo é uma ponte, passa por ela, mas não mores.” Inscrição no
pórtico da mesquita de Fattest Fru Sky Kri.
9
Aleph.
Seu formato é de dois Iods intermediados por um Vauv. O iod superior é a face, e o
inferior uma perna com um pé.
É o masculino, a paternidade, o pai. É Adam, que quer dizer “muitos”, conforme nos é
explicado na Pérola de Grande Valor, 1,34.
Tem também a ver com o primogênito, Caim, que é um nome no plural, assim como
Aharam [Aarão].
É a multiplicidade na unidade.
Assim, o próprio Senhor criou os deuses anímicos para os seres humanos, antes que
Abraham tivesse a noção do “Eu Sou”, um dos componentes do Eterno, ou seja, Jesus Cristo. O
outro é o Pai Celestial.
10
É o primeiro versículo do Evangelho de São João: “No princípio, foi a Palavra, e a
Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus.” Porque a criação foi feita a partir das palavras
do Senhor, em sua língua, incompreensível para nós. Como fala o terceiro versículo do
Genesis: “ E disse Deus: [...]”
Destarte, é a letra da oralidade. E da música, que se torna a arte número um. Como o
som só se faz na presença do ar, é também a atmosfera.
Tudo é Deus! As montanhas são Deus, os rios são Deus, o mar é Deus, os seres
humanos, cada um, e como humanidade, são Deus. Os animais são Deus. Os sons são Deus.
Não é dizer que tudo foi criado por ele. Não existe Ele.
Não há pensamento de indivíduo, mas de pertencimento. Não sou, faço parte do Ser.
Não estou falando de um periodo histórico, mas de uma ideia que existe, e que é
própria de alguns indivíduos.
11
Tem a ver com o primeiro chacra, que fica na base da espinha dorsal, age diretamente
sobre os órgãos pélvicos. É de onde sai a Kundalini, a serpente ígnea, que percorre toda a
medula espinhal até o último chacra, no cocuruto da cabeça. É um conduto de energia.
Principal linha de onde saem todos os meridianos. Tais são linhas de condução do präna.
Do Aleph saiu a letra grega alfa, que tem a forma de um peixe. Por isso, os seguidores
de Jesus Cristo, no cristianismo primitivo, se reconheciam desenhando a letra alfa, que tinha o
significado do Mestre.
Seu som musical é a letra sânscrita AUM (OM) , o som primordial do Universo.
Tudo começou aí. Do som, saiu a matéria, conforme nos ensina Rolando O. Benenson, em
seu livro Musicoterapia, da teoria à prática.
A criação da Terra também foi assim: “E Deus disse: - Faça-se a Luz!” ou seja,
primeiro o som. Daí a música ser a primeira das artes.
As notas musicais são uma modulação do AUM, que ecoa até hoje, e o fará até o
final dos tempos. Por isso, talvez, seja hoje mais agudo que no Princípio, e as notas
musicais venham se tornando cada vez mais agudas. Segundo Mario de Andrade, em seu
livro Pequena História da Música, desde os antigos gregos, o dó central elevou sua altura
um tom e meio, até os dias atuais.
12
Beth, Veth.
O vocábulo Beth significa casa, morada. É o estábulo onde Jesus Cristo foi concebido.
Sua pronúncia é b.
É a dualidade, o dualismo, o duplo. Jesus Cristo enviou seus discípulos aos pares,
conforme está em Lucas, 10,1.
Hermes Trimegistus escreveu mais ou menos o que se segue: o que está em cima é
como o que está embaixo.
Os missionários de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias nunca são
enviados sós, mas normalmente em duplas.
É também a separação em 2: o conflito. Por isso, é tanto a ligação de Deus com o ser
humano, como o ser humano se desligando de Deus.
13
Existe ainda o aspecto do movimento, sendo, pois, o impulsionador.
Na psicanálise, é a persona.
14
Ghimel.
Seu formato é Vauv – um corpo – com o Iod no pé: caminhando. Pode ser um trono.
É Mosheh (Moisés, o terceiro filho). É Seth, o filho de Adão e Eva, que veio para
compensar a perda de Abel pelo fratricídio de Caim.
15
Tem a ver com Lilith, que foi, segundo a cabala judaica, criada do barro, como Adão, e
que foi expulsa do Éden por querer igualar seu poder ao do homem, inclusive na questão
sexual. Lilith “cavalga” sobre Adão, proporcionando um prazer mútuo.
Na cabala judaica, Lilith foi a primeira esposa de Adão. Por ter sido construída do
barro, tinha iguais direitos, deveres e poderes. Por essa razão, também quis se igualar no
acasalamento, coisas que foram tidas como não certas, segundo a cabala judaica. Há quem fale
que ela queria dominar Adão.
Dessa forma, foi expulsa do paraíso, e, no inferno, obteve um marido demônio, junto
ao qual teve vários e vários filhos. Segundo outros rabinos, a Lilith velha teve outro marido,
também demônio.
Após Lilith sair do paraíso, o Senhor teria criado Eva, da costela de Adão, para ser sua
adjutora, iguais direitos, deveres e poderes complementares.
O Tao é o aqui-e-agora. Não existe passado para se arrepender, nem futuro para
imaginar. É o completo desapego.
O ser humano nunca é Tao, mas pode, e deve, sempre buscar o Tao, o equilíbrio entre
o positivo e o negativo, a vida e a morte.
A intuição é irmã da fé, pois nenhuma das duas pensa, nem imagina: sabe porque
sabe, é porque é, é sim porque é sim, é não porque é não, é quiçá porque é quiçá, é talvez
porque é talvez.
No ocidente, Carl Jung ensinou isso dizendo que, toda mulher tem um “animus”, que é
seu lado masculino; e todo homem tem sua “anima”, que é seu lado feminino.
O “anima” tem a ver com o Ying; o “animus”, com o Yang. Ying é terra, Yang o céu.
Tem que haver o casamento entre o céu e a terra.
Algumas pessoas são mais Yang.; outras, mais Ying. A idade também vai
transformando uma jovem com tendência Yang a um ser maduro com tendência Ying. Todavia,
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isso não vai dizer que elas não tenham, dentro de si, um ímpeto de tendências inversas ao que
elas expõem a si mesmas, à sua volta, e à sociedade.
Seu símbolo geométrico é o triângulo. Pode ser virado para cima, significando o ser
humano direcionado à espiritualidade; ou para baixo, quando este se volta para o mal, ou para
os prazeres carnais. O triângulo invertido também tem o significado de Deus olhando para a
Terra. O triângulo é o equilíbrio, a estabilidade, quando com a ponta para cima; o inverso é o
equilíbrio instável, dinâmico. Perfeição divina. O terceiro olho completamente aberto.
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Daleth.
Sua pronúncia é d.
Seu formato é o Vauv encimado por um Vauv na horizontal, como se fosse o ser
humano ligado ao divino.
Na psicanálise, é o ego.
um cetro em forma da cruz egípcia do deus Thot: A outra está sobre a cintura. Os
espaldares de seu trono têm duas figuras com chifres torcidos para baixo e para dentro. Ou ele
pode estar em pé, com as pernas formando um quatro.
Tem a ver com o homem que governa, que assiste aos que dele precisam. Por outro
lado, pode ser o tirano, o que manda matar, mas também pode ser o que governa com justiça,
moderação e tenência.
São os quatro elementos primordiais: fogo, ar, terra e água. Também os quatro pontos
cardeais: norte, sul, leste, oeste – setentrião, meridião, oriente, ocidente.
18
É simbolizada pelas cruzes de quatro pontas: cruz de são Pedro, cruz latina,
Também pode ser simbolizada pela cruz do Lábaro, que são as iniciais gregas X e P
interligadas (Kristós): .
19
Heh.
Na psicanálise, é o superego.
Seu formato é um daleth com um iod abaixo, formando uma janela entre os dois. É
feito um portal com uma janela num dos lados, ou uma coluna menor que a outra.
Na alquimia, é a quintessência.
São os cinco elementos na mística chinesa: água, ar, fogo, madeira e metal.
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Seu símbolo geométrico é o pentagrama, a estrela de cinco pontas: em primeira mão,
representa o ser humano, biologicamente falando.
21
Vauv
Sua pronúncia primordial é v, mas pode ser também u, ou melhor, como o “ou”
francês. Há quem diga que o 6 é também w, o que é uma inverdade, pois esta letra inexiste no
hebreu, e corresponderia a um duplo vauv. O “w” é um v duplo. Se formos considerá-lo, tem o
valor numérico 12. Ou 300, para sermos mais exatos.
É também a liberdade.
22
Seu símbolo geométrico é a estrela de David.
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Dzain.
Tem a ver com andamento de um processo, avanço, ir para a frente. Pode ser a busca
por novos horizontes.
Por outro lado, tem a ver com o retrocesso, a volta, o retorno para o começo. O que se
sabe é que, como falam os ingleses, thing change – as coisas mudam – e o retorno ao início
nunca é voltar ao que se era antes. Pois, como Heráclito ensinou, quando um homem volta a
se banhar num rio, nem as águas são as mesmas, nem o homem.
24
Seu arquétipo é Zebulon.
25
Chet.
Seu formato é um vauv e um dzain, encimados por um vauv horizontal. São como duas
colunas servindo de base para um travessão, formando um portal.
No tarot, é “a justiça”. A carta mostra uma jovem com uma coroa trinária e um
quadrado desenhado. Ela carrega numa das mãos uma balança, e na outra uma espada em
riste, como a deusa Themis. De suas longas vestes, apenas um dos pés é visível. Ela está
entre duas colunas diferentes entre si.
Tem a ver com a teoria da imprevisão: nunca se sabe para que lado a balança vai
pender. É um eterno desequilíbrio, mas sempre há uma determinada decisão, que pode ser
favorável a apenas uma das partes, ou para ambas.
É a capacidade de ver o que está por todos os lados. Por outro aspecto, a capacidade
de ver o que está oculto.
pois é a circunferência quebrada ao girar para a direita, para criar) , utilizada por algumas
religiões hinduístas, e por alguns tipos de budismo; e, por outro lado, a usada pelos nazistas, a
26
Essa letra é também associada à cruz do batismo: , simbolizando a regeneração
e a adoção. É o cruzamento da primeira letra grega de Cristo (X) com a cruz grega.
27
Teth.
Seu som é o de um T.
Seu desenho é um resh deitado, encimado por um iod de um lado, e por uma
inclinação de outro.
É o buscador, o estudioso, mas pode ser aquele que procura o que está escondido.
“Continua Krshna: "Presta atenção, ó Arjuna! quero dar-te ainda mais esclarecimentos
e ensinar-te mais verdades da Suprema Sabedoria. Esta Sabedoria é o melhor que se pode
possuir; os sábios e santos que a possuíram chegaram às alturas da Suprema Perfeição.””
Bhagavad Gita XIV,1.
Na psicanálise, é o inconsciente.
Seu símbolo geométrico é a circunferência, a serpente que come seu próprio rabo
(ouroboros), que não tem início nem fim: o . ou três triângulos sobrepostos, ou cruzados.
28
Iod.
É a primeira letra do nome do Irmão mais velho de todos nós, o Filho do Pai Celeste,
Jesus Cristo – Ieoshuah, ou Jeoshuah.
É o Terceiro Olho, o olho que tudo vê, tudo ouve, tudo sente, tudo faz. É o responsável
pelos milagres, quando bem aberto. Todos nós o temos, mas geralmente apenas parcialmente
aberto, o que fornece azo ao chamado sexto sentido. É o que eu denomino 31º sentido de
percepção, em meu e-book Lições sobre a Psicanálise, Tomo II, O imaginário, o simbólico e o
real, in O que é real 3. A maioria o têm completamente fechado.
1. Qether (Coroa);
2. Choqmah (Sabedoria);
3. Binah (Inteligência);
4. Chessed (Bondade);
5. Gheburah (Rigor);
6. Tipheret (Beleza);
7. Netsah (Glória);
29
8. Hod (Vitória);
9. Iessod (Fundamento); e
10. Malquth (Reino).
30
Caph, Chaph.
:
Caph é a décima-primeira letra no alfabeto hebraico, e corresponde ao número 20.
Seu som é o “k”; ou um “h” bem aspirado com a garganta, quando no final do
vocábulo: chaph.
Seu formato é um resh sobre um vauv deitado, ou um guimel esticado quando no final.
No tarot, é a moça frágil abrindo a boca de um leão: “a força”. Ela tem, acima de sua
cabeça, o símbolo do infinito.
O símbolo geométrico associado a esta letra são dois segmentos de reta superpostos
inscritos numa circunferência.
Lamed.
31
:
Eis a décima-segunda letra, correspondente ao número 30.
Seu formato é um vauv pousado sobre um caph. Quando no final, o vauv está
inclinado.
Tem a ver com os doze apóstolos, as doze tribos de Sião. A tribo de Efraim. O
desgarrado. O adotado. O freak. O fora-da-lei. O desajustado.
No tarot, é um homem pendurado por um dos pés, com a outra perna formando um
quatro com a perna esticada. Ele está vivo, embora normalmente a carta o chame de “o
Enforcado”. É póstero ao daleth, isto é, tem muito a ver com ele, mas de uma forma mais
espiritual. Ele está pendurado por uma corda numa cruz de Tau, e em alguns casos sua
cabeça é iluminada. É também chamada de “o sacrifício”, ou “o pendurado”
Não é uma letra negativa, mas de sacrifício, que pode ser justificado, voluntário ou
não. Pode ser um jejum, um ritual, ou por outro lado um crime, ou um atentado.
32
Maim.
:
Eis a décima-terceira letra do alfabeto hebraico. Tem o valor numérico de 40.
Seu som é sempre de um “m” bem pronunciado, não podendo nunca, nem no final,
ser pronunciado como um “N”. Assim, diferentemente da língua portuguesa, quando se
pronuncia, por exemplo, “maim” – as águas – deve-se pronunciar a última letra tal qual a
primeira.
33
Algumas cruzes estão associadas a esta letra: a cruz celta , ou ou
, e a cruz solar .
34
Nun.
:
Esta é a décima-quarta letra do alfabeto hebreu. Seu valor numérico é 50.
Tem a ver com o equilíbrio dinâmico. É um pouco aqui, outro pouco ali, sempre
desequilibrando de um lugar, pondo no outro para equilibrar... É a Harmonia das Esferas, mas
também a possibilidade de fazer uma reversão.
Na psiquiatria é o bipolar.
É a aguadeira, a moça que vive trocando a água de lugar, juntando-a nos potes.
1
Vide isso em meus e-books “O pensamento quântico não é místico” e “Lições sobre a psicanálise –
tomo V – dialética e polialética”.
35
Sua cruz é a gnóstica: , uma adaptação cristã primitiva da cruz de Thot.
36
Ksamek.
Diz o ditado: “Não existe água impura, o que há é impureza na água”. Isso porque tal
letra tem a ver com a contrariedade, mas também com o Mal. Ou com a paixão, com a falta de
controle sobre nossas ações, nossos sentidos, nossos sentimentos, nossas emoções.
Na literatura, é a sátira.
No I-Ching, são três barras inteiras sobre três quebradas: (O criativo se retira
cada vez mais, enquanto a terra abaixo mergulha nas profundezas. Os poderes criadores estão
dissociados. É a época da estagnação e do declínio.)
37
Seu som musical é o sol sustenido.
38
Chuain.
Seu significado é “olho”. É o olho humano. Pode também ser de outro animal.
Sua cruz é a copta primitiva, que é a cruz de Tau sustentando a cruz solar: .
39
Peh, Pheh.
:
Esta é a décima-sétima letra do alephbeth. Tem o valor numérico de 80.
Quando no início, ou no meio, tem o formato de um iod pendurado num caph, e o som
de “p”; quando no final do vocábulo, tem o som do “F”, e o formato de um iod pendurado num
chaph.
No tarot, é chamada “a estrela”, com uma moça nua despejando com sua mão direita
um jarro de água sobre um lago, e com a esquerda um outro sobre o gramado. Ao fundo, oito
estrelas, sendo uma principal maior que as outras. Um pé da moça está sobre o lago, mas não
dentro. O outro está fora. No canto ou ao fundo, pode haver uma criança com uma estrela na
testa e outra no traseiro.
Seu som musical é a nota lá. Ou o lá acrescido de um quarto de tom, quando no final.
40
Tsadik.
Seu formato é um nun torcido encimado por um dzain. Quando no final, um dzain
saindo do meio de outro dzain, como um ramo de uma árvore.
41
“Há quem pense que a pessoa que se interessa por seus sonhos se torna um lunático
solitário ou um tipo estranho de autista que segue seus próprios sonhos de modo antissocial.
Isso não é verdade, muitas vezes os sonhos sugerem uma relação com alguém ou alguma coisa
que absolutamente não ocorre no plano consciente. Elas criam laços sociais, da mesma forma
como às vezes cortam laços sociais velhos. Mas o sonho não é de modo algum um fundamento
antissocial. José poderia ter se insurgido contra a mulher e usado de medidas destrutivas. Mas
graças à ajuda de um sonho ele mudou totalmente de atitude e a apoiou pelo resto da vida.”
(Marie Louise Von Franz – O Caminho dos Sonhos, capitulo 6: A Linguagem Esquecida.)
“Eu mesmo não sei com que sonham os animais. Mas um provérbio para o qual minha
atenção foi despertada por um de meus alunos, alega realmente saber. Com que, pergunta o
provérbio, sonham os gansos? E responde: com milho. Toda a teoria de que os sonhos são
realizações de desejos se acha contida nessas duas frases. Como se vê, poderíamos ter
chegado mais depressa a nossa teoria do sentido oculto dos sonhos simplesmente usando o
uso linguístico. (...) Grosso modo, porém, o uso comum trata os sonhos, acima de tudo, como
abençoados realizadores de desejos. Sempre que vemos nossas expectativas ultrapassadas por
um acontecimento, exclamamos em nossa alegria: Eu nunca teria imaginado tal coisa, nem
mesmo em meus sonhos mais fantásticos!” (Sigmund Freud – Interpretação dos Sonhos,
capítulo 3, final.)
“(...) Os dois pontos essenciais a respeito dos sonhos são os seguintes: em primeiro
lugar, o sonho deve ser tratado como um fato a respeito do qual não se fazem suposições
prévias, a não ser a de que ele tem um certo sentido; em segundo lugar, é necessário
aceitarmos que o sonho é uma expressão específica do inconsciente.” (Carl Gustav Jung – O
Homem e seus Símbolos, subcapítulo o passado e o futuro no inconsciente, início.)
Nem todos os sonhos são bons. Existem os bad dreams e os nigthmares, ou seja, os
sonhos ruins e os pesadelos. Estes últimos podem nos fazer acordar gritando! Embora
desagradáveis, acontecem, com uma certa irregularidade, variando de pessoa para pessoa,
de momento da vida, da indisposição física, moral, sexual, espiritual, mental,...
Há sonhos lúcidos, sonhos guiados, sonhos que não temos controle: estes últimos são
os que interessam, para todos os efeitos. Pode-se sonhar em cores, com música, com textos,
com poemas, sentindo a chuva, o sol, a poça d’água, com cheiros, com todos os sentidos
possíveis. No sonho, vivemos uma realidade alternativa. É uma expressão de nosso
inconsciente.
No tarot, é chamada “a lua”. Seu desenho mostra dois cães de cores opostas, uivando
para uma lua com rosto fechado, fazendo eclipse sobre o sol. Nos cantos direito e esquerdo da
carta, há torres, uma de cada lado, cada qual com uma janela aberta, ou escura. Um
caranguejo espreita, saindo de um rio abaixo dos cães, entrando num caminho que leva a um
lugar distante. Para onde vai esse caminho, ninguém sabe.
42
43
Qoph.
É o paradoxo. E a risada.
É a letra da inspiração, sob todos os sentidos que esta palavra nos fornece.
No tarot, é “o sol”. Uma criança frágil cavalga sem esforço um belo cavalo branco,
tendo ao fundo girassóis voltados em sua direção e um enorme sol brilhante, com face firme e
olhos bem abertos. A criança está nua, com os braços abertos, como a comemorar algo. Ou é
um casal de crianças nuas, andando na mesma direção, com um sol radiante iluminando-as, e
um muro protegendo-as, ao fundo.
44
Resh.
É a serenidade.
Seu som é o “RR”. Ou “RH”. Corresponde à nossa letra R, como falada no início de
nossas palavras.
O símbolo que representa esta letra são dois segmentos de reta superpostos,
contornados por uma circunferência, que por sua vez é contornada por outra circunferência.
45
Seu som musical é a nota si acrescida de um quarto de tom.
46
Shin, Sin.
Como é falado, a sabedoria dos santos é loucura para os homens. O livro que ilustra
essa letra é O evangelho de são João.
Tanto pode ser a insanidade total como a sabedoria do Senhor. Ambas são
incompreensíveis ao ser humano.
Há duas maneiras de se ler essa letra: chin (“sh”), ou sin (“ss”). Sua pronúncia, nos
tempos antigos, mudava de acordo com a região onde a língua era falada. No livro de juízes,
capítulo 12, versículos 4 a 6, o povo de Efraim tentava atravessar a ponte do rio Jordão, que
estava guardada pelo povo de Ghilead, vencedor na batalha entre os dois; como não havia
maneira de identificar quem era de que filiação, os guardas na ponte mandavam que os que a
quisessem atravessá-la pronunciassem a palavra shibbolet []ִׁש ֹּבֶלת, que significava “curso de
água”, “espiga”. Mas os efraimitas pronunciavam sibbolet. Era apenas uma questão de
sotaque. Assim, morriam os do povo de Efraim pelos guardas de Ghilead.
47
Quando os judeus não sabiam mais como ler corretamente a torat, um grupo de
sábios, chamados “setenta”, ou “massoretas”, colocaram os sinais massoréticos, que são
pontos e traços nas consoantes, vocalizando-as e ensinando quando era o caso de pronunciar
letras como esta, e outras, que têm dupla sonoridade, alterada de acordo com o sentido da
palavra. No caso desta letra, especificamente, o local onde fica o ponto acima dela sinaliza sua
pronúncia.
Hoje, a torat tem também pontuação – dois pontos [:] – para mostrar quando uma
frase termina. No tempo em que ela foi escrita, todas as palavras eram escritas juntinhas, não
havendo separação entre elas, muito menos entre as frases: era um bloco só!
48
Thau.
É um portal espiritual...
É também o útero, de onde sai a vida. É a união do Alpha com o Ômega, o Princípio
com o Fim, e vice-versa.
Tem a ver com o último chacra, o da coroa, que fica no cocuruto da cabeça. É o maior
grau, não necessariamente o mais importante, pois todos os chacras têm a mesma
importância. Porém, é o mais proeminente. É o que liga o ser humano ao universo.
A última letra no alfabeto grego clássico, porém, é o ômega, não o thau. Por isso, Jesus
Cristo falou que ele era o alfa e o ômega. Seria o mesmo que dizer, em hebraico, o Aleph e o
Thau. Mas o Mestre falava num hebraico aramaizado, que era a língua usada naquele lugar e
época, e as palavras exatas que ele usou... eu não sei.
Seu formato mostra um resh, sustentado por um dzain misturado com um vauv!
Seu planeta é Júpiter! No panteão dos deuses gregos, é Zeus! Dos nórdicos, Odin!
49
no espaço, e assim é concebida como movimento. O tempo é a base desse movimento.
Portanto, o hexagrama inclui também o poder do tempo, e o poder de persistir no tempo. Tem
2 sentidos: em relação ao universo, expressa a atividade criativa e poderosa do Divino; no
mundo dos seres humanos, representa a ação criativa dos santos e dos sábios, dos que
conduzem e governam a humanidade, e que, por sua força, despertam e desenvolvem a
natureza mais elevada dos seres humanos.
A tira de pano que semiveste a moça esvoaça ao vento, e ela tem um de seus pés
levantado, formando um quatro com suas pernas.
O símbolo que o representa é uma cruz solar circundada por uma circunferência. Ou
uma circunferência centralizada por um ponto, significando o planeta astrológico Sol.
50
O Zero [0].
É uma invenção indiana, de aproximadamente 600 anos Antes da Era Comum [AEC] 2 .
Não existe no alephbeth.
Inicialmente, era representado por um círculo, como a dizer que ali tinha um “vazio”,
um “nada”. Após um bom tempo, passou a ser um ovalado, para distinguir da letra “o”.
Significa o caos, mas não o nada, e sim o todo desorganizado. É o todo antes da
criação, em potência. É a matéria desorganizada.
O terceiro olho, ou Jesus Cristo na Terra. Pintura do autor: tinta de tecido sobre tela.
2
Prefiro usar AEC e dEC, no lugar de AC e dC, justamente porque ninguém sabe o ano exato do
nascimento de Nosso Senhor. Por respeito a Ele, portanto, uso essa forma mais atual.
51
Posfácio.
Seguir as regras é uma norma de convivência, mas precisamos quebrar as regras para
irmos além da mera sobrevivência, para, em verdade, progredirmos internamente. A História
só existe porque as pessoas quebram as regras. As regras existem para serem quebradas.
Não podemos ser um arquétipo, nem mesmo construído por nós mesmos. Temos que
ter nossa personalidade firme, sabendo que as características mudam a cada instante. O que
sou aqui e agora é a minha personalidade.
Nosso espírito, nossa consciência, é a nossa música interna, que tentamos tocar para
os outros ouvirem, a fim de nos comunicar. Fazemos isso, não só através de nossa
verbalização, nossos gestos, mas com nossa arte, seja ela visual, literária, auditiva, aromática,
culinária, táctil, ou sei lá.
“O jogo entre som e ruído constitui a música. O som do mundo é ruído, o mundo se
apresenta para nós a todo momento através de frequências irregulares e caóticas com as quais
a música trabalha para extrair-lhes uma ordenação (ordenação que contém também margens
de instabilidade, com certos padrões sonoros interferindo sobre outros).” WISNIK, José Miguel
– O SOM E O SENTIDO; uma outra história das músicas – São Paulo, Companhia das Letras,
2007, 2ª edição. Página 33.
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Sobre O Autor.
Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes é meu nome. Nasci às 4 e meia da manhã, do dia 4 de
abril de 1958, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo.
No final dos anos 1970 e início dos 80, publiquei uma série de livros de poemas, por
conta própria, na base do mimeógrafo e do offset. Tentei fazer alguns para educação popular,
mas não foram para frente.
Enveredei pelas artes plásticas e pela música. Fiz várias exposições individuais e
participei de coletivas. Fui solista de guitarra e cantei, em várias bandas de rock que não
duraram quase nada.
Meu primeiro emprego foi ajudar meu pai no depósito de artigos de época, fazendo
pacotes, atendendo a freguesia, carregando mercadoria, auxiliando no escritório, e fazendo
contas.
Aí, recebi uma pequena herança e abri uma lanchonete que era também uma casa de
chá. Logo, minha esposa estava participando, até que, de repente, passou a cuidar sozinha do
local.
Nesse meio tempo, fui chamado como redator e repórter da Rádio Emissora de
Campos do Jordão. Depois, concomitantemente, fui empregado de diversos jornais escritos,
como diretor de redação, fotógrafo, editor, redator, repórter, diagramador, etc, tudo ao
mesmo tempo, já que eram jornais pequenos.
Nessa época, escrevi pra burro, tudo quanto eram notícias, editoriais, resenhas, entre
outras coisas. Mas nunca fui convidado para a Academia Jordanense de Letras.
Também trabalhei, uns meses, como jornalista da prefeitura, o que me garantiu uns
bicos em períodos eleitorais.
Como jornalista, fiz ainda alguns frilas e uma correspondência por três meses tórridos!
Noutra época, meus finais de semana eram tomados por uma galeria de arte de
Campos do Jordão.
Quando fui demitido da Rádio Emissora, comecei a trabalhar como advogado, e logo
fui chamado pela Sabesp, para a qual havia prestado concurso, em Caraguatatuba, onde
trabalhei como atendente a consumidores.
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Minha aposentadoria foi pela Sabesp.
Moro atualmente no litoral norte do estado de São Paulo. Meus hobbies são: ouvir
discos de vinil, desenhar, pintar, fazer colagens, escrever, tocar violão, ler muito, e ver filmes e
séries. E fazer cursos e oficinas pela internet.
Alguns dias antes do Natal de 2021, tive um acidente doméstico em que quebrei o
ombro e o braço esquerdos. Soma-se a isso meus acidentes anteriores, no cotovelo e
tornozelo direitos, e uma danação na coluna. Fora isso, estou bem. Fazendo eventuais
fisioterapias, me alimentando, etc.
Só a cabeça não anda lá essas coisas. Por isso escrevo, para preservar minha memória
para o futuro. Sim. Eu acredito no futuro.
Contato: leopoldopontes21@gmail.com
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Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:
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30. Música do Planeta Terra (agosto de 2022) Aqui só tem matérias sobre música!
31. O pensamento quântico não é místico (outubro de 2022)
32. Lições sobre a psicanálise – Tomo 1 – Generalidades (novembro de 2022)
33. Lições sobre a psicanálise – Tomo 2 – O imaginário, o simbólico e o real.
(novembro de 2022)
34. Lições sobre a psicanálise – Tomo 3 – A busca pelo equilíbrio (novembro de 2022)
35. Lições sobre a psicanálise – Tomo 4 – Questões filosóficas (novembro
de 2022)
36. Lições sobre a psicanálise – Tomo 5 – Dialética e polialética (novembro de 2022)
37. Lições sobre a psicanálise – Tomo 6 – Ciências sociais (novembro de 2022)
38. Lições sobre a psicanálise – (os 6 tomos) (novembro de 2022)
39. Hai-Kais (dezembro de 2022)
40. Já que tá, então fica – poemas de amor e desamor – edição atualizada e revista
(dezembro de 2022)
41. Suíte nº1 em sol maior para violoncelo, de Bach. Para se ler no barzinho ou na
pastelaria. Poemas (dezembro de 2022)
42. A representação do homem [sonhos] (maio de 2023)
43. Stairway to Heaven – Led Zeppellin – tradução e comentários por Leopoldo Pontes
(maio de 2023)
44. As letras hebraicas – seu significado (maio de 2023)
45. “Quem quiser nascer, tem que destruir um mundo” – instalação\peça de teatro
(maio de 2023)
46. A filha de Spock – fanfic (maio de 2023)
Fim.
Índice:
Prefácio.
Aleph.
Beth, Veth.
Ghimel.
Daleth.
Heh.
Vauv
Dzain.
Chet.
Teth.
Iod.
Caph, Chaph.
Lamed.
Maim.
Nun.
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Ksamek.
Chuain.
Peh, Pheh.
Tsadik.
Qoph.
Resh.
Shin, Sin.
Thau.
O Zero [0].
Posfácio.
Sobre O Autor.
Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:
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