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O CORVO

EDGAR ALLAN POE


1845
O CORVO
EDGAR ALLAN POE
Publicado em janeiro de 1845

Tradução de Leopoldo Pontes


Junho de 2022
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TÍTULO DA OBRA ORIGINAL: THE RAVEN

AUTOR DA OBRA ORIGINAL: EDGAR ALLAN POE

ARQUIVO DA OBRA: o-corvo.docx[20220629_193738].zip

REGISTRADO POR: LEOPOLDO LUIZ RODRIGUES PONTES (AUTOR DE TRADUÇÃO)

ANO DE CONCLUSÃO: 2022

IDIOMA: PORTUGUÊS [BR]


Sumário

O CORVO – EDGAR ALLAN POE – Tradução de Leopoldo Pontes................6


Sobre o autor..............................................................................................12
Alguns detalhes sobre a tradução.............................................................13
Livros do autor:...........................................................................................14
Sobre o tradutor.........................................................................................15
Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:.......................................................17

~o~
O CORVO – EDGAR ALLAN POE – Tradução de Leopoldo
Pontes.
junho de 2022.

Era uma meia-noite sinistra, enquanto eu ponderava, fraco e cansado,


Em meio a muitos e curiosos livros de conhecimento esquecido,
Ao tempo que eu assentia, quase cochilando, a ouvir uma leve batida.
Tal qual uma gentil pancadinha na porta da câmara onde eu me encontrava.
“É algum visitante”, matutei, “batendo na porta da minha câmara.
Apenas isso, e nada mais.”

Ah, distintamente lembrei-me que estava no frio dezembro


E cada tição de fogo que, separado, agonizava, forjava seu espírito no chão.
Ansiosamente eu desejei o amanhã – em vão eu o emprestara
Da fonte de dores que vinham de meus livros – dores pela perdida Lenore –
Da rara e radiante donzela que os anjos chamam Lenore –
Sem nome aqui para sempre.

E o sedoso e incerto farfalhar de cada cortina púrpura


Trilhou-me – proveu-me com fantásticos terrores nunca antes sentidos;
Tanto que agora, ainda a batida de meu coração, eu fico a repetir
“É algum visitante entrando pela porta da minha câmara
Algum visitante tardio entrando pela porta da minha câmara –
Apenas isso, e nada mais.”

Atualmente minha alma está mais forte; hesitando quando não tão distante;
“Senhor,” eu disse, “ou madame, eu imploro de verdade vosso perdão;
Mas o fato é que estava cochilando, e tão gentilmente vós viestes batendo,
E tão ligeiramente voltastes dando pancadinhas, pancadinhas na porta da
minha câmara,
Que eu estava certo de ouvir-vos” – que eu abri totalmente a porta –
Apenas Escuridão, e nada mais.

Profundamente e pareando com aquela escuridão, longo tempo fiquei lá


pensando, com medo,
Duvidando, sonhando sonhos não mortais nunca ousados sonhar antes;
Mas o silêncio foi quebrado, e a escuridão não deu indício algum,
E a única palavra lá falada era a palavra sussurrada: “Lenore!”
Isso eu sussurrava, e um eco murmurava: “Lenore!”
Tão só isto e nada mais.

De volta para a câmara, rodando, toda minha alma queimava comigo.


Logo novamente ouvi uma pancada, desta vez bem mais alta que antes.
“Certamente”, eu disse, “certamente é algo na grade da minha janela;
Deixe-me ver, então, do que se trata, e esse mistério terminar –
Deixe meu coração ainda bater por um momento e esse mistério terminar; –
É o vento e nada mais!”

Abri a vidraça, quando, em estranho tremor,


Eis então que pisou um imponente Corvo dos dias santificados de outrora.
Fez uma grande reverência; nem um minuto ele parou ou estacou;
Mas, com aspecto de senhor ou senhora, ficou empoleirado sobre o umbral
da porta da minha câmara –
Empoleirado sobre um busto de Palas bem acima da porta da minha câmara

Empoleirado, e sentado, e nada mais.
Então esse pássaro de ébano iludiu minha imaginação com um sorriso,
Pelo grave e austero decoro do semblante que usava,
“Embora seu brasão seja cortado e tosquiado, tu,”
Eu disse, “és de arte não covarde,
Medonho, sombrio e ancestral Corvo divagante pela margem da Noite, –
Conte-me o que em nome dos senhores da Noite,
Divagante Plutônico!”,
Fala o Corvo: “Nunca-mais.”

Muito me maravilhei com essa deselegante ave para ouvir o discurso tão
claramente,
Embora, essa resposta, pequeno significado – pequena relevância tenha;
Por não podermos ajudar não estamos de acordo com o ser humano
Até então abençoado com visão de pássaro sobre sua porta da câmara –
Pássaro ou besta sobre o busto escultural sobre sua porta da câmara,
Com cada nome como “Nunca-mais.”

Mas o Corvo, sentado solitário sobre o plácido busto, falou somente


Uma palavra, tão se sua alma em que uma palavra ele fizesse derramar.
Nada além do que ele proferiu – nem uma plumagem quando ele tremeu –
Até que eu mal resmungue, “Outros amigos têm tremido antes –
Na madrugada que me levará, junto com minhas esperanças voaram antes.”
Então o pássaro falou: “Nunca-mais.”

Chocado com a calma quebrada pelo eco falado com tal aptidão,
“Sem dúvida,” eu disse, “que ele expresse somente linhagem e memória,
Cativo de algum infeliz mestre saído de um impiedoso Desastre
Seguido rápido e mais rápido até suas canções serem um fardo aborrecido –
Até os lamentos funerários desta Esperança que melancolicamente saturam
de aborrecimento
De “Nunca – nunca-mais.”

Mas o Corvo ainda ilude toda a tristeza de minha alma com seu sorriso.
Lanço em linha reta uma seta almofadada em direção ao pássaro e busto e
porta;
Até o afundamento do veludo, eu apostei comigo mesmo em ligar
Imaginação com imaginação, pensando nesse ameaçador pássaro do
passado –
Que este sombrio, desajeitado, medonho, raquítico e ameaçador pássaro do
passado
Coaxava: “Nunca-mais.”

Sentei-me destinado a adivinhar, mas sem expressar sílaba


Para a ave cujos impetuosos olhos agora queimavam para o centro de meu
peito;
Isso e mais eu adivinhava, com minha cabeça reclinando levemente
Sobre o forro da almofada de veludo, forro que a luz do lampião jubilava,
Mas cujo veludo violeta reclinava com o lampião radiante.
Ela anunciava: ah, nunca-mais!

Então, arrazoei, o ar ficou mais denso, perfumado de um incenso


Agitado por serafim cujos pés-pensos tilintam sobre o chão atormentado.
“Desgraçado,” gritei, “este Deus tem te emprestado – por esses anjos ele
tem enviado teu
Descanso – descanso e Nepentes de tuas memórias de Lenore!
Beba, oh beba esse tipo de Nepente, e esqueça a perdida Lenore!”
Fala o Corvo: “Nunca-mais.”

“Profeta!” eu digo, coisa do mal! – profeta ainda, se pássaro ou demônio! –


Se o Tentador enviou, ou se a tempestade te atirou aqui em terra,
Desolado ainda que destemido, sobre este deserto, terra encantada –
Sobre este lar de Horror assombrado – conte-me a verdade, imploro –
É aqui – é aqui o bálsamo de Gilead? – conte-me – conte-me, imploro!”
Fala o Corvo: “Nunca-mais.”

“Profeta” eu disse, “coisa do mal – profeta ainda, se pássaro ou demônio!


Por este Céu curvas acima, nós – por esse Deus que ambos adoramos –
Conte a esta alma pesarosa se, sem o distante Éden,
Subiu uma santificada donzela que os anjos chamam Lenore –
Subiu uma rara e radiante donzela que os anjos chamam Lenore.”
Fala o Corvo: “Nunca-mais.”

“Que palavra será nosso sinal de partida, pássaro ou monstro?”, gritei


arrogante –
“Dá a volta em torno da tempestade e o Plutônico da Noite margeia.
Não deixe a insígnia da pluma negra da mentira de tua alma tomar a
palavra!
Deixe minha solidão sem se quebrar! – abandona o busto sobre a minha
porta!
Tire teu bico de fora de meu coração, e cai fora da minha porta!”
Fala o Corvo: “Nunca-mais.”

E o Corvo, nunca mudando, ainda está sentado, ainda está sentado


Sobre o pálido busto de Palas, bem em cima da porta da minha câmara;
E seus olhos têm todo o olhar de um demônio sonhando.
E a luz do lampião sobre ele mostrou sua sombra no chão;
E minha alma de fora daquela sombra que mentia inconstante sobre o chão
Deve ser levantado – nunca-mais!

~o~
Sobre o autor.

Edgar Allan Poe nasceu em Boston, Estados Unidos, em 1809, e morreu no


mesmo país, em Baltimore, 40 anos depois.
Foi escritor, poeta, crítico literário e editor. Durante sua curta vida, criou o
gênero conto, o mistério policial, e é considerado um precursor da ficção
científica.
Casou-se com sua prima de 13 anos, Virginia Eliza Clemm, em 1836,
tendo se enviuvado em 1847. Ela morreu de tuberculose, mal comum na
época.
Dizem as más línguas que Lenore teria sido uma personagem saída das
visões futurísticas de Edgar, já que a publicação de O Corvo data de janeiro
de 1845, e teria, portanto, sido baseada em sua própria esposa.
Edgar nunca teve uma vida regular. Nunca teve filhos registrados, mas teve
diversas mulheres, de todas as situações sociais, durante sua breve
juventude.
Sua morte nunca foi devidamente solucionada. Tem sido atribuída a
diversas causas, do homicídio ao suicídio, passando pelo consumo
exagerado de substâncias tóxicas, do álcool às drogas ilícitas, doenças
venéreas e de várias espécies outras.
~o~
Alguns detalhes sobre a tradução.

O original que busquei é uma edição integral. Portanto, difere das traduções
em geral encontradas por aí, que são cortadas antes das linhas finais, as
quais repetem, de certa forma, o espírito tétrico do poema em seu teor.
Nepenthes, ou nepentes, são bebidas alcoólicas bem narcotizantes. O
objetivo, no caso, é ser um entorpecente para que o autor se esqueça da
lembrança dolorosa de sua amada, que já não vive.
Aidden é o nome do Paraíso árabe, que traduzi para Éden.
~o~
Livros do autor:

Tamerlão e outros poemas (1827)

O Norte-Americano (1827)

Al Aaraaf, Tamerlão e poemas menores (1829)

Poemas (1831)

A narrativa de Arthur Gordon Pyn (1838)

Contos do grotesco e do arabesco (1840)

O Corvo (1845)

Contos (1846)

Eureka: um poema em prosa (1848)

Histórias Extraordinárias (1859)

~o~

Edgar Allan Poe publicou ainda muitas novelas, poemas, contos,


ensaios, críticas, em periódicos norte-americanos. Muito de sua
obra só foi publicada postumamente, principalmente os escritos
para jornais.
~o~
Sobre o tradutor

Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes é meu nome. Nasci às 4 e meia da manhã, do dia 4 de
abril de 1958, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo.

No final dos anos 1970 e início dos 80, publiquei uma série de livros de poemas, por
conta própria, na base do mimeógrafo e do off-set. Tentei fazer alguns para educação popular,
mas não foram para frente.

Enveredei pelas artes plásticas e pela música. Fiz várias exposições individuais e
participei de coletivas. Fui solista de guitarra e cantei, em várias bandas de rock que não
duraram quase nada.

Individualmente, toquei vários outros instrumentos, não só de corda, mas também,


muito mal, de sopro e percussão. Sempre de ouvido, embora tenha estudado profundamente
música, o que ainda o faço.

Minha formação acadêmica inclui jornalismo em Santos e direito em Taubaté, além de


meia-pós-graduação em comunicação social e uma pós-graduação em língua portuguesa e
literatura. Atualmente faço um curso de psicanálise clínica. Fiz vários pequenos cursos
adicionais, incluindo extensões, todos presenciais, que é o que existia naquele tempo.

Meu primeiro emprego foi ajudar meu pai no depósito de artigos de época, fazendo
pacotes, atendendo a freguesia, carregando mercadoria, auxiliando no escritório, e fazendo
contas.

Depois vagabundeei um pouco e fui ser cobrador. Passou um tempo e voltei a


vagabundear, para depois atuar com artes plásticas e antiguidades. O dinheiro não dava para
nada.

Aí, recebi uma pequena herança e abri uma lanchonete que era também uma casa de
chá. Logo, minha esposa estava participando, até que, de repente, passou a cuidar sozinha do
local.

Nesse meio tempo, fui chamado como redator e repórter da Rádio Emissora de
Campos do Jordão. Depois, concomitantemente, fui empregado de diversos jornais escritos,
como diretor de redação, fotógrafo, editor, redator, repórter, diagramador, etc, tudo ao
mesmo tempo, já que eram jornais pequenos.

Nessa época, escrevi pra burro, tudo quanto eram notícias, editoriais, resenhas, entre
outras coisas. Mas nunca fui convidado para a Academia Jordanense de Letras.

Também trabalhei, uns meses, como jornalista da prefeitura, o que me garantiu uns
bicos em períodos eleitorais.

Como jornalista, fiz ainda alguns frilas e uma correspondência por três meses tórridos!

Noutra época, meus finais de semana eram tomados por uma galeria de arte de
Campos do Jordão.
Quando fui demitido da Rádio Emissora, comecei a trabalhar como advogado, e logo
fui chamado pela Sabesp, para a qual havia prestado concurso, em Caraguatatuba, onde
trabalhei como atendente a consumidores.

Minha aposentadoria foi pela Sabesp.

Moro atualmente no litoral norte do estado de São Paulo. Meus hobbies são: ouvir
discos de vinil, desenhar, escrever, tocar violão, ler muito, e ver filmes e séries. E fazer cursos e
oficinas pela internet.

Contato: leopoldopontes21@gmail.com

Foto by Fafí Pontes.


Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:

(Na ordem por publicação)

1. Paixões Remuneradas (1979) (esgotado)


2. Sobre Rio Claro (1980) (esgotado)
3. Já que tá, então fica (1981) (esgotado)
4. (Arte em mimeógrafo) (série) (1981) (esgotada)
5. Série Poemetos (1981) (esgotada)
6. Homoteo – o livro do ateísmo devocional (1982) (não publicado)
7. Gabriel: a História do Roqueiro que virou o Grande Herói Nacional (2000)
(reeditado em agosto de 2016)
8. Asas para Teotino (2001) (reeditado em outubro de 2016)
9. Minha Experiência com o Kindle (novembro de 2016)
10. Poemas para serem lidos em voz alta (novembro de 2016)
11. V.M.P.M.: Duas Histórias de Amor (janeiro de 2017)
12. Dialética no Direito: O Estado Leigo (dezembro de 2018)
13. Análise de Matrix e outros filmes e textos (janeiro de 2019)
14. 4 COROS DA TERRA E DOS CÉUS E UMA CANÇÃO INFLAMADA: Teatro (janeiro de
2019)
15. O gosto das coisas: E o Rock não morreu... (abril de 2019)
16. O gosto das coisas: A Gorda vai cantar (abril de 2019)
17. O gosto das coisas: O Tempo e as Estações (abril de 2019)
18. Dialética sem Encher Linguiça (maio de 2020)
19. ZEN SEM FRESCURA: o livro da anti-autoajuda: tudo o que os livros de autoajuda
não te deixam acreditar (maio de 2020)
20. VMPM e outros contos (maio de 2020)
21. ROCK NÃO SE APRENDE NA ESCOLA (maio de 2020)
22. NA CONTRAMÃO (maio de 2020)
23. TUDO AO NORMAL – Felicidade não é obrigatória (julho de 2020)
24. Antes do despertar - α € Ω A Nova Gaia (outubro de 2020)
25. REINICIAR é a Solução pra Tudo! (janeiro de 2021)
26. Contos jurídicos (julho de 2021)
27. O prazer de fazer barulho (abril de 2022)
28. O corvo (tradução do poema de Edgar Allan Poe) (junho de 2022)
29. Música do Planeta Terra [agosto de 2022]
30. O pensamento quântico não é místico [setembro de 2022]

FIM

Índice:

O CORVO – EDGAR ALLAN POE – Tradução de Leopoldo Pontes................................................6


Sobre o autor.............................................................................................................................12
Alguns detalhes sobre a tradução.............................................................................................13
Livros do autor:..........................................................................................................................14
Sobre o tradutor........................................................................................................................15
Livros e e-Books de Leopoldo Pontes:.......................................................................................17

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