Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Por
LEOPOLDO PONTES
CAPA: MANDALA Nº 3, PELO AUTOR.
Lições sobre a
Psicanálise.
TOMO 3 – A BUSCA PELO EQUILÍBRIO.
Por
LEOPOLDO PONTES
“Sua mente tem influência sobre seu corpo do mesmo modo que seu corpo
influencia sua mente.”
1. Generalidades;
2. O imaginário, o simbólico e o real;
3. A busca pelo equilíbrio;
4. Questões filosóficas;
5. Dialética e polialética;
6. Ciências sociais.
Boa leitura.
L.P.
Æqvjljbrjvm.
1.
Filosofias, religiões, ideologias, propugnam de uma forma ou de outra pelo
equilíbrio. As pessoas buscam esse modo de ser e de estar em suas vidas, conscientemente ou
não. E o que é o equilíbrio?
A palavra se origina do latim: æquilibrium. É a proporção equitativa.
Cândido de Figueiredo, em seu dicionário de língua portuguesa, dizia: “Estado de um corpo,
que é atrahido ou solicitado por fôrças oppostas, que se anullam sobre um ponto de
resistência.”
Assim, para se falar em equilíbrio, deve-se pensar em forças contrárias
que se anulem. E quais são elas?
A grande falácia é querer que sejam o bem e o mal, como se fossem esses
os extremos de uma balança. Ora, há apenas uma forma de se obter o bem, e inúmeras para o
mal. Só há uma maneira de se ser honesto, não importa a religião ou a falta dela, o
pensamento, e inúmeras de se praticar a desonestidade.
Não se pode ser mais ou menos digno, mais ou menos correto. Mas se
pode pensar num deputado mais corrupto ou menos. Ele pode ter assumido atos de corrupção
mais virulentos que outro. O primeiro será mais desonesto que o segundo, porém ambos não
serão honestos. A honestidade é a total ausência de corrupção. Ou se é ou se não é.
Estar no centro é estar longe dos limites. O bem está no fiel da balança. O
mal, não nas duas, mas nas múltiplas extremidades. Contrapô-las é destruí-las, resultando-se
também no equilíbrio, conforme definição do dicionário da Real Academia Espanhola: “Estado
de un cuerpo cuando fuerzas encontradas que obran en él se compensan destruyéndose
mutuamente.”
Outrossim, estar num dos extremos, qualquer deles, é mau. Pode-se estar
mais, ou menos, próximo de uma das pontas. Então, estar equilibrado é ser bom. Esse é o
princípio do equilíbrio.
2.
Buscar é um meio de se chegar a algum lugar. Entretanto, buscar o
equilíbrio é idealizar, pois nunca estamos exatamente no centro. Estar no centro é ser
eminentemente bom. Há uma única maneira de se ser bom, um único modo, um único estar.
Os opostos, longe do meio ideal, são sempre atraentes para o ser humano, que se desloca
fatalmente para eles.
Toda questão humana se resume em estar mais próximo ou distante do
equilíbrio. É diferente do animal, equilibrado com a natureza à sua volta, equilibrado com o
universo. Mas o animal não tem o livre arbítrio, segue seu caminho por instinto, apenas assim.
Com tanto poder na mão, o ser humano acaba não sabendo como agir, e
se desequilibra constantemente, nunca estando no centro. E no entanto, é o meio de
desenvolvimento, sempre saindo do centro, embora na busca do equilíbrio.
3.
Buridan, um pensador medieval, contou um caso hipotético que seria, a seu
ver, trágico! Pois eis que um asno, com muita fome e sede, ambas as coisas na mesma
intensidade, seria colocado bem no meio de um caminho que tivesse, de um lado, água, e do
outro, comida.
A tragédia existiria porque o asno não poderia decidir se saciaria primeiro
sua sede ou sua fome, ficando no meio do caminho até sua morte. Tudo porque não tem o
poder de decisão, o livre-arbítrio, próprio apenas do ser humano.
4.
O ser humano está sempre fora do centro, ao contrário dos animais. Mas
como podemos dizer que o animal é bom, se ele parece às vezes tão cruel para com seus
iguais?
Ora, é o que ele pode fazer com o que tem, impossível se superar! Ele
conta apenas com seu instinto, não tem livre arbítrio.
5.
Na antiga Grécia, Platão escreveu que o prazer é a ausência de dor. Epicuro
dizia que o supremo prazer é a ausência de dor e de agitação.
Até hoje, dor e prazer são vistos como antagônicos. E, no entanto, não o
são, embora sejam antônimos. Tanto um quanto outro são impressões sobre nosso físico,
nossa moral. Porém, cada qual é um por si. Pode-se ter maior ou menor prazer, sem a
presença da dor. E mais ou menos dor, na ausência de qualquer prazer.
Um homem pode estar muito infeliz e buscar uma forma de prazer para
esquecer sua dor. Ou mesmo vice-versa.
Até certo ponto, o prazer é agradável e a dor não. Assim também, a própria
felicidade não pode ser vista como uma sucessão de prazeres, ausente a dor. Nós buscamos
ambos, mesmo que inconscientemente. É parte de nossa vida, é característica de ser humano.
6. O homem de bem.
MARTINS FONTES
7.
Quem nos garante que o mundo gira sempre na mesma velocidade em
torno de si mesmo e sempre na mesma rota em torno do sol? Assim também, o ritmo de cada
pessoa funciona de maneira diferente. O ritmo biológico é pessoal, nem todos funcionam
igualmente.
Lembro-me quando, na adolescência, elaborei um biorritmo pessoal
analisando meus dias. Fazia curvas de aproximadamente sete dias subindo e sete descendo.
Por que sete? Porque é o número de dias da semana.
Depois, elaborei um biorritmo anual, analisando os anos de alta e os de
baixa que já se tinham passado. Cheguei à conclusão de que poderia prever os futuros anos em
ascensão e queda.
Onde errei? Justamente no fato de achar que o ritmo seria sempre igual,
tantos anos subindo e tantos descendo, regularmente. Isso não ocorre, nem mesmo com os
dias. Por isso, não podemos pensar em termos de simetria.
Creio que pensar numa ideia de biorritmo estável, eternamente estável, é o
mesmo que ter a ideia de que nosso corpo é um relógio. Não se pode imaginar um corpo como
se fosse uma simples máquina, externa ao meio em que vive. O meio influencia o ser como o
ser influencia o meio. O biorritmo é uma medida, mas não inexorável.
Ora, quando as pessoas não tinham relógios para regular seus
compromissos, elas funcionavam de acordo com seus ritmos pessoais, mais ou menos
ajustados ao da natureza. E ninguém tinha nada a ver com isso, estava tudo certo e na mais
absoluta ordem.
8.
Não existe essa história de dizer estou perfeitamente equilibrado. Só o fato de falar
tal coisa já mostra que o sujeito (mulher ou homem) está moralmente, espiritualmente e
mentalmente em desequilíbrio. É o tipo do arrogante, do pretensioso.
Podemos sempre estar na rota, na busca. Podemos estar nos sentindo bem, mas isso é
momentâneo e de uma forma geral. “Como está você?” “Estou bem”. É o que nos basta. Nunca
devemos levar a sério essa pergunta.
O equilíbrio é dinâmico: hoje estamos bem, amanhã não. Ninguém é obrigado a estar
bem o tempo todo, o que seria muito chato. Mas ninguém é obrigado a aguentar o mau-
humor dos outros.
Podemos, porém, falar num estado de equilíbrio relativo. É o que se obtém após um
relaxamento. Ou depois de levar um choque! Não necessariamente um choque físico, mas
aquela notícia, por exemplo, que nos desnorteia...
Meu equilíbrio relativo foi com minha aposentadoria: no começo, não sabia o que
fazer da vida; hoje, tenho todo meu tempo ocupado, mas sem o estresse do tempo em que
trabalhava.
Trazer a Índia.
E o Senhor chamou seu povo Sião...
Moisés 7:18
Soube de um casal que foi morar na Índia. Viviam eles em uma grande
cidade brasileira, com todos os vieses do trabalho estressante. Agora estão naquele país,
fazendo ioga todos os dias e buscando recuperar sua espiritualidade. Inclusive, encontraram
no povo indiano uma diferença de atitude perante a vida. Como irão se achar futuramente,
não sei, mas conheço outro caso parecido.
Nos anos 1960/70, havia uma corrente hippie, que se tornou uma alternativa,
que propagava a ideia do ser humano conectado à natureza e ao universo. Daí veio a
proliferação de se buscar a cultura oriental, na alimentação, no vestir, nos costumes, e
também às culturas perdidas ou esquecidas, que naturalmente eram mais próximas a um ser
humano integrado ao seu meio.
Tais formas de pensar e agir, que na época eram “coisa de bicho-grilo”, hoje
vêm sendo recuperadas pela sociedade consumista, com um público que permaneceu no estilo
alternativo somado a um relativamente recente que descobriu como novas essas formas de
cura, de alimentação e enfim, de viver.
2.
Existe uma diferença entre o que cada um percebe de seu meio ambiente,
rural ou urbano, através de seus sentidos, e da interpretação do que faz dessa percepção. O
diferencial é concernente ao que interessa à cada pessoa.
Mas a degradação dos bytes é muito mais rápida que dos papéis e das
plataformas analógicas. Isso também dá o que pensar.
Meditação.
Esse é o primeiro meio de expandir a consciência de que falarei. Há diversas formas de
se meditar.
Para não se distrair, e se concentrar profundamente, podemos usar um terço, ou um
japamala, ou ... não usar nada, apenas nosso próprio corpo.
Que posição ficar para se meditar? Os ortodoxos mandam que fiquemos sentados,
com as costas eretas e as pernas, se possível, cruzadas em posição de lótus.
Penso que, para nós, ocidentais do século XXI, isso não seja necessário. É o bastante
ficar numa posição confortável, exclusivamente para nós. Pode até ser deitado, desde que não
sobre a barriga.
Se ficarmos sentados, utilizamos um encosto. Pode ser numa cadeira, com o espaldar
reto. Ou numa poltrona, não tem nada a ver. Se quisermos ficar numa posição de ioga, que
seja confortável. O uso da barriga na meditação é essencial, como veremos mais adiante. O
importante é que a posição seja fixa. A prática nos mostrará que posição é a mais confortável.
Na meditação, aprendemos a nos distanciar do cálculo e da linguagem para nos
aproximarmos da união com a energia do universo. Ou com o nosso Eu interior. Para alguns é
uma aproximação espiritual, mas não acredito nisso. Penso que, para tanto, a oração é mais
eficaz.
Fala-se por aí em marcar o tempo para meditar. Isso é um erro, pois aí nos
concentramos no tempo, algo que deve ficar completamente fora. Mesmo que seja marcar
com o despertador, terminar uma meditação com um som qualquer é o mesmo que ser
acordado de um belo sonho subitamente! Não há impacto mais frustrante.
O melhor é meditar quando der, quando estiver disposto para tanto, e não ter hora
pra terminar. Não pode, a meditação, ser encarada como um exercício físico, a ser realizado
todos os dias, de tal hora a tal hora. Isso é estressante, completamente contrário ao, digamos,
espírito da meditação.
A prática constante é que dá resultado, mas não pode ser apenas um meio de se
distanciar do mundo. Dar um tempo para se sentir melhor, isso sim. Mas apenas isso.
Outra coisa que vemos também muito ser indicado é meditar em qualquer lugar – no
ônibus, no metrô – ..., o que é tremendamente desaconselhável, porque nos tira do contato
com o meio e com as pessoas que nos rodeiam. É terrivelmente egoísta. É o mesmo que
ficarmos mexendo o tempo todo no celular ou fazendo de conta que estamos dormindo só
para não ceder o lugar a um necessitado.
Dizem que a meditação reduz o estresse e a ansiedade, além de aumentar nosso poder
de concentração. Não posso garantir todas essas coisas.
A meditação é uma prática para focar nossa mente num objeto, num ponto, num
pensamento, ou atividade em particular, visando a clareza mental, emocional, espiritual, social
e até física. É para tornar-nos pessoas melhores.
Como meditar.
1.
Vamos começar pelo básico, que é a respiração. Podemos limitar nossas
meditações a essa forma, que já nos dará um melhor equilíbrio mental, emocional e físico.
Escolhemos um local onde podemos estar sozinhos, preferivelmente, ou, pelo
menos, onde ninguém vá nos atrapalhar.
Ficamos numa posição confortável. Fechamos os olhos e começamos a respirar da
seguinte forma: inspirar com o nariz enchendo a barriga de ar, lentamente.
Segurar. Por um pequeno tempo. Sem contar.
Soltar lentamente o ar pelo nariz, mesmo, desinchando completamente a barriga.
Essa expiração deve durar mais tempo que a inspiração.
Voltamos a inspirar pelo nariz, enchendo a barriga de ar, lentamente, segurando
um pouco e expirando novamente pelo nariz, lentamente.
A expiração pela boca causa sono, faz-nos bocejar. Pode ser feita, mas não
recomendo. A expiração mais natural é pelo nariz, mesmo, não pela boca. Se expirarmos pela
boca, acabaremos inspirando pela boca, o que não é correto. Há uma tentação natural de
expirarmos pela boca com ela fechada, achando que estamos expirando pelo nariz. Tem que
ser nasal, senão não vale!
Devemos relaxar o maxilar, não deixar que os dentes ranjam, e assim relaxar todo o
corpo.
Às vezes é difícil conseguir relaxar. A gente não consegue, mas podemos meditar
assim mesmo. Sempre há um resultado positivo.
Vai fazer barulho. Vamos prestar atenção a esse barulho, que deve ser regular, isto
é, sempre no mesmo ritmo. Prestamos atenção apenas a esse barulho, não nos importando
com mais nada. Mais nada existe, só nosso barulho, só nossa respiração.
Não importa quantas vezes respiramos, quanto tempo demoramos, o importante é
praticar.
No começo, não se deve fazer isso por mais que um tempinho, porque podemos
ficar tontos. Com o passar do tempo é que podemos demorar mais fazendo essa respiração.
Isso já é uma forma de meditação, excelente, que nos ajuda a um equilíbrio mental,
emocional e físico.
Claro, se alguém nos interromper, humano ou animal, devemos atender
prontamente, como quem sai de um sono repousante. Mesmo que não estejamos relaxados o
suficiente. Isso se chama respeito à vida.
O que não devemos é sair de nossa posição rapidamente, pois a meditação pode
causar queda da pressão arterial e sair da posição bruscamente pode causar tontura. Tudo
deve ser devagar. Isso não impede nossa atenção ao outro ser.
2.
O que representa vida é a respiração.
A primeira coisa que fazemos, quando nascemos, é chorar. Berrar. Significa que
estamos respirando.
Inspiração e expiração.
É tão fundamental que, todo tipo de meditação, a tem por princípio. Inspirar
profundamente, e expirar lentamente.
Ouvi e li especialistas dizendo que devemos expirar por mais tempo que inspirar. Algo
em torno de, três vezes a expiração, para uma de inspiração. Não ser o porquê. Mas deve ter lá
sua razão. Eu mesmo tento, tento, e consigo muito mal.
Respirar com o tórax é insuficiente. Não se impõe para o corpo uma forma completa.
Experimentemos isso. Vamos pôr uma mão sobre a barriga e a outra sobre o peito.
Respiremos. Se o que avançar para a frente for o tórax, estamos incorretos. Se for o diafragma,
perfeito!
Quando nascemos, respiramos com a barriga. Depois, quando crescemos, não sei
porque, passamos a fazer errado. Daí, temos que treinar, para voltar a acertar.
Respirar significa vida. Por princípio. Por base. É nossa força vital. É nossa natureza.
Teve uma mulher, nos Estados Unidos, que lançou livro e ficou famosa dizendo que
vivia de ar. Que não precisava comer nem beber. Só respirar. Muita gente acreditou.
Vamos pensar em parar a respiração. Para ficar debaixo d’água, por exemplo. É um
hiato, uma partícula de tempo. Não conseguimos, por mais que treinemos, ficar sem respirar
por mais que alguns minutos. Algumas pessoas mais. Mergulhadores que pescam sem
máscaras.
Ora, na vida normal, fora d’água, precisamos inspirar pelo nariz, pois ele tem os filtros
necessários contra as impurezas naturais do ar. Tanto é, que, em ambientes poluídos, os pelos
das narinas ficam mais sujos.
Devemos inspirar pelo abdômen, nunca pelo peito. A respiração abdominal leva o ar
para todo o nosso corpo, enquanto a pulmonar o leva apenas para a parte superior.
Para quem toca instrumento de sopro ou canta, ou fala em público, essa forma de
respirar é fundamental.
Quando estamos mais ansiosos, nossa inspiração é mais curta. Quando estamos mais
relaxados, conseguimos fazer uma inspiração mais prolongada.
Depois de um período fazendo essa respiração, pelo menos cinco vezes, meu nariz
desentupiu, finalmente, mesmo nas maiores crises de rinite alérgica. Ele fica escorrendo, mas a
respiração não fica interrompida em nenhuma das narinas. Se conseguimos fazer uma boa
respiração diafragmática, conseguimos focar melhor em nossa meditação, e ficar mais
conectados com o nosso aqui-e-agora.
Tem tudo a ver. A expansão da consciência, nos anos 1960, foi tentada com as drogas,
mas levou muito a perder. Não era o caminho correto. As pessoas usavam marijuana ou LSD e
curtiam viagens, boas ou más, e consideravam que estavam expandindo suas consciências. Na
verdade, encurtaram suas mentes, pois, depois do uso, não conseguiam mais viajar, sem as
drogas.
Posso dizer, pessoalmente, que depois que iniciei a respiração diafragmática, minhas
narinas, finalmente, depois de tantos anos, desentupiram, e tenho uma respiração mais plena.
Isso tem me facilitado no dia a dia, e em minhas meditações. Tem me ajudado a ser mais
focado.
Ver filmes condizentes também ajuda, que façam refletir. Saudades de gente que não
temos mais como rever. Com as quais gostaríamos de voltar a conviver, de algum modo.
Momentos felizes que passamos. Um chá reconfortante que tomamos.
Tudo são motivos para meditarmos. Viajarmos com nossas mentes. Viajarmos com
nossos conscientes. E assim, expandirmos nossas consciências.
Porém, e aí vem o porém, podemos meditar com os olhos abertos, olhando para uma
vela numa sala parcialmente escura. Não recomendo meditar no escuro, pois isso traz
vibrações negativas, o que não é bom para nosso bem-estar. Mental, espiritual e físico.
O objetivo desse tipo de meditação é se concentrar num foco. No caso da vela, pode
haver um momento em que não a enxerguemos mais. Esse tipo de concentração já fiz, e me
ajudou a relaxar os nervos, que estavam abalados.
Podemos também meditar com os olhos quase totalmente abertos, olhando um pouco
para baixo, em direção a um objeto, ou um ponto determinado, seja na parede, seja no
horizonte, ou numa coisa da natureza, como uma pedra ou planta. Ou flor.
A atenção é única. Serve para resolvermos uma situação, algo que pode ser prático, ou
até transcendental. Ou para respondermos perguntas indecifráveis, se tivermos paciência para
tanto. Isso porque a resposta sempre vem, mas pode demorar. E pode vir em forma não
verbal, indizível, impronunciável. Ou sem forma definida. Etc. Nunca se sabe que tipo de
resposta podemos obter.
Adendo
O princípio budista era a busca pela iluminação, e consistia mais do que apenas manter
o foco e deixar de lado o stress.
Meditar contando.
Muitos ortodoxos recomendam, eu não. Vou explicar este método para quem
quiser seguir. Aconselho a leitura como forma de aprendizagem e como opção. Não é porque
não sou a favor que outros não possam ser.
É como se segue.
Podemos, a cada inspiração, contar mentalmente, uma a uma, e nos concentrarmos
na contagem. É onde vão entrar o japamala ou o rosário, ou um colar de contas, se
preferirmos. O interessante do japamala ou do rosário é que eles têm uma conta fundamental,
maior que as outras, para termos uma ideia de que completamos um ciclo. E aí não precisamos
contar, apenas passar uma conta para cada inspiração. O pensamento deve se concentrar
apenas no barulho que fazemos com a respiração.
Podemos, também, contar sem ter nada nas mãos. Aí é onde entra a meta de se
contar de um a dez e repetir várias vezes, concentrando-se na contagem, só na contagem, não
deixando que qualquer outro pensamento perturbe a contagem, que pode ser até cem, ou até
mil.
Há ortodoxos que consideram essa última forma de meditar muito valiosa. Ela inclui
deixar os olhos semiabertos, focados em algum ponto de um objeto, ou do horizonte, não
fechados. Alguns usam uma imagem, como Buda, ou Krishna.
A respiração é sempre a que descrevi no capítulo anterior, e sempre será a mesma,
em qualquer forma de meditação.
Não gosto, pessoalmente, desta forma, por achá-la demasiadamente metódica.
Mas não nego que, para certas pessoas, é a mais eficaz.
Estar presente.
1.
Já era assim na meditação zen, e agora vêm com a mindfulness, como se fosse uma
grande novidade.
É focar nossa atenção total no que estamos fazendo. Concentração total. Seja lavando
a louça, seja lendo ou escrevendo. Devemos estar totalmente imersos no aqui-e-agora, não no
passado ou futuro. Não em outro lugar, que não onde estamos, no momento presente.
O silêncio é interior, pois não deixamos que outros pensamentos invadam o que
estamos fazendo.
Há também o necessário silêncio externo, para que possamos nos concentrar melhor.
Finalmente, a respiração. Devemos prestar atenção em nossa respiração, que deve ser
regular e com a barriga, que hoje em dia chamam de respiração diafragmática, ou abdominal.
Claro, isso não vale para toda hora, pois há muitas vezes que devemos atender à outra
pessoa que nos chama. Ou à uma necessidade, como uma chaleira que apita, enquanto
estamos varrendo o chão.
Eu mesmo, tenho muitos insights durante atividades que exigem concentração total.
2.
O necessário, neste tipo de meditação, é nos concentrarmos no aqui-e-agora.
Posição confortável, olhos fechados, sem pensar nas ações futuras ou passadas.
Apenas no tempo presente. E no exato local onde estamos.
Tudo o que pensarmos sobre o passado ou futuro deixamos passar. Tudo o que
importa é o presente, o lugar onde estamos sentados ou deitados, ou numa posição iogue –
asana.
Nossa atenção deve se voltar para dentro de nós mesmos, de nossa consciência
presente, só com o som de nossa respiração com a barriga.
Podemos primeiro atentarmos para as sensações corporais, mas isso deve passar, a
fim de nos centrarmos apenas na respiração e no não-pensamento presente.
3.
Se estamos conversando com alguém – não digo falando abobrinhas, mas conversando
de verdade – devemos ter consideração por essa pessoa, o bastante para estarmos cem por
cento presentes.
O que quer dizer isso? Quer dizer simplesmente que não ficaremos olhando no relógio
a cada momento. Nem muito menos consultando o celular, vendo os recados, as notificações,
respondendo... Devemos dar toda a nossa atenção para o indivíduo com quem estamos
conversando.
Se a chamada no celular for importante, a pessoa fará uma ligação. Então, nós nos
desculparemos, pediremos um tempo, atenderemos brevemente e voltaremos com toda
nossa atenção ao diálogo.
Se fazemos isso, é porque vale a pena estar com ele. Se vale a pena, devemos investir
nossa atenção no que ele diz, em suas ideias, ouvir e responder quando ele se calar.
Ao mesmo tempo, devemos fugir de quem não nos faz bem. Se a pessoa tem um olhar
mau, é negativa, devemos evitar ficar perto dela. A única razão contrária é se pudermos ajudá-
la a ser melhor.
O poder da palavra.
Dizem que a palavra tem poder. Com isso, as pessoas se servem de rezas prontas
e artifícios verbais para obter vantagens pessoais.
Penso nisso como uma forma muito egoísta de se viver. A linguagem foi criada
pelos seres humanos para nos comunicarmos.
Podemos ir mais acima, e dizer que tudo começou com o Om (AUM) primordial. E
que a linguagem divina foi ensinada a Adão, que por sua vez denominou todas as coisas num
idioma primacial, que hoje estaria perdido.
Ele não teria palavras para televisão, celular, fones de ouvido, ventilador, trem,
avião... Então essas palavras não têm poder?
O que qualifica o poder de uma palavra? Sua antiguidade? A língua a que ela
pertence?
Muitos ortodoxos dão uma atenção desmesurada a essa questão. E citam frases
ou textos que devem ser repetidos.
Isso sim, é algo que tem importância. Não importa o que dizemos, mas o que
sentimos. De dentro de nós, de nosso íntimo.
Se sentimos que não vamos conseguir passar em uma prova, provavelmente não
conseguiremos, mesmo. Mas se nosso sentimento puder ser alterado, então teremos muito
mais possibilidades de conseguir.
Autoconfiança não pode ser confundida com orgulho, que é algo muito diferente.
Achar-se melhor que os outros é o primeiro passo para se sentir humilhado. Isso é ruim para
nossos sentimentos.
O mantra é uma micro reza, que pode ser religiosa ou inventada por nós mesmos.
Neste último caso, se a meditação não for religiosa, o mantra não precisa ser de palavras
sagradas. Mas aí não poderá ser chamado de mantra.
Se não for religioso, pode ser uma palavra de nossa preferência, ou uma sequência
de palavras.
Não vejo muito sentido nesse tipo de meditação, a não ser para pessoas cuja
religião, ou crença, a adote. Então haverá sua razão.
Meditação perigosa.
Existe o risco de um tipo de meditação que é quando fazemos nosso espírito sair de
nosso corpo.
O grande perigo é que um espírito sem corpo pode querer tomar conta de nossa
pessoa. Aí, nosso próprio espírito não poderá voltar a nosso corpo, o que é extremamente
ruim para nosso carma.
Viagens astrais são perigosas, pois são o tipo de meditação em que muito
facilmente o espírito tem vontade de se desapegar do corpo. E depois se sente tão soltinho e
leve que não sente mais vontade de retornar. E se perde. Fica sem corpo. Mesmo que queira
voltar, não mais consegue, porque um espírito sem corpo se apossou naquele.
Quem vê de fora, dirá que a pessoa pirou, ou que mudou de personalidade, ou que
agora está muito diferente, maldosa, má. E passará a falar mal de todas as formas de
meditação. Por nossa única e exclusiva culpa.
Integrando-nos.
Esta forma de meditação é bem agradável, feita para nos integrar ao meio
ambiente. Deve ser feita quando em contato com a natureza, mas pode ser também feita em
casa, quando não há muitas interferências perturbadoras. Se quisermos, podemos colocar
música para tocar.
Podemos fechar os olhos, os ouvidos com os dedos, para prestar atenção ao que o
olfato nos diz. Ou fechar as narinas com os dedos e os olhos, respirando com a boca, para
atentarmos aos sons e ao tato.
Todas as variantes são para aprimorar os trinta e um sentidos. Falei sobre eles no
tomo II deste compêndio.
Meditação guiada
O melhor modo de se praticar uma meditação guiada é através de podcasts
direcionados a tanto. Ou de canais no YouTube. É só entrar no YouTube e escrever meditação
guiada que encontramos diversos vídeos nesse sentido.
Como é uma meditação guiada? Ela tem um tempo determinado. Início, meio e fim.
Pode ter música de fundo, sons de natureza, ou apenas um sininho aqui e ali, tudo feito para
acompanhar uma voz que nos guiará, dizendo a posição em que devemos ficar, as atitudes a
tomar, que respiração fazer, essas coisas.
Para que serve uma meditação guiada? Por ter um tempo determinado, o meditante
sabe se caberá em seu período disponível. Além do mais, serve para iniciantes, que não sabem
como começar. Ou até mesmo para quem já está acostumado, ter uma experiência nova.
Gente que tem seu próprio método. Tem sua própria disciplina. Sua atmosfera. Gente
que já tem o savoir-faire. O know-how.
Pessoalmente, não gosto de meditar com música de fundo. Acabo prestando atenção
na música. Prefiro o silêncio.
E tem mais.
Sem tempo para terminar, sem relógio de tipo algum, sem timer.
Há quem propugne por ouvir música durante a meditação. Eu sou contra! Acabo
prestando atenção na música e não me concentro. Existem gravações para relaxar, que podem
ser baixadas pela internet, mas não creio que possam servir para o nosso propósito. Elas
podem dar sono, o que não é nosso objetivo.
Claro que podemos meditar antes de dormir. Aí será direcionada nesse sentido e
será válida a música relaxante, por exemplo. Embora haja casos de pessoas que relaxem
ouvindo uma boa seleção de heavy-metal. Já tive minha época nisso.
Devemos nos concentrar desligando-nos de todo estímulo exterior. Por isso, não
importa que o ambiente esteja barulhento, embora seja melhor o silêncio.
Não tem nada a ver também acendermos um incenso, pois isso apenas nos
estimularia o olfato. A não ser que seja uma forma de nos concentrarmos através do nariz. Aí
pode ser um perfume com a tampa aberta. A vantagem do incenso é que nós podemos parar a
meditação quando o incenso termina. É um jeito que aprovo para terminar uma sessão de uma
maneira sensível.
Pela mesma razão aconselho fechar os olhos. Você pode enxergar coisas durante
a meditação, ter visões, audições, ou seja lá ao que você estiver mais direcionado.
Mesmo com os olhos fechados, não acho bom meditar no escuro. Sempre que
possível, devemos fazê-lo sob a luz do sol ou pelo menos de uma vela.
Nunca podemos meditar com o celular por perto, ou qualquer outra distração
possível. Importante é manter o foco.
Ah, sim, não devemos meditar quando estivermos com fome ou sede, embora
alguns ortodoxos considerem isso louvável. Também não devemos fazê-lo logo após uma lauta
refeição. Dificulta o processo.
Tem gente que medita para estar uno com Deus, ou com o Universo, ou com seu
Eu interior. A meditação pode servir para isso, de algum modo, mas pessoalmente prefiro estar
conectado com o Divino através da oração.
Por fim, volto a falar da respiração com a barriga. Ela é tão importante para nosso
corpo, que vale a pena se acostumar a mantê-la vinte e quatro horas por dia. Isto é, estejamos
meditando ou não.
Drogas lisérgicas.
Syd Barrett foi o típico exemplo de um cara que usou bastante as chamadas
drogas recreativas, a maior parte das vezes fornecida por fãs, ou ministrada por “amigos”, e
enlouqueceu. Alguns piraram com uma única dose. Outros usaram várias vezes e não tiveram
desvios mentais, porém emocionais. Passaram a ser pessoas muito ruins com elas mesmas e
com o próximo. As drogas recreativas fazem mal.
Leitura.
Parece, à primeira vista, fora de questão, mas a leitura é uma valiosa forma de
expansão da consciência.
O que ler?
A princípio, tudo!
O que vale não é o que lemos, mas como o fazemos. Notícias, seja pela internet ou
por outros meios, não devem nos ocupar muito tempo. Devem ser lidas rapidamente.
Informação é formidável, mas não expande nossa consciência.
Livros de ficção, ensaios, aforismas, poesia, devem ser lidos vagarosamente e com o
pensamento voltado exclusivamente a eles. Depois de cada sessão de leitura vem a reflexão. É
o momento mais importante. Pode acontecer enquanto realizamos alguma tarefa, ou não, mas
tem que existir. É isso que faz da leitura o meio.
Claro que nossa leitura pode também ser rápida, desde que seguida de reflexão.
Esse modo de ler existe ao lado da leitura dinâmica, que não aprovo, a não ser para notícias e
coisas tais.
Livros técnicos e afins devem ser lidos com muita concentração. Cansam a cabeça,
instruem, e podem expandir a consciência. Quando menos se espera, podem ser veículos.
Há outros tipos de livros, que não me vêm à cabeça agora, mas podem ou não
servir para a nossa razão de ser. Devemos saber separar, o que é lido para expandir nossa
consciência, ou o que é só para nossa informação ou instrução. Todos são frutíferos, mas nem
todos nos são o que queremos que sejam. Ler faz bem para o cérebro e para o espírito.
Xadrez.
A importância do xadrez é não nos fixarmos no jogo. Não pode ser encarado como
uma competição. Deve ser uma meditação a dois, em que não haja perdedor ou vencedor,
mas participantes de movimentos, de um fluxo que envolva ambas as partes igualmente.
Não deve ser utilizado relógio, daqueles que marcam até um minuto para cada
jogador, pois não há competidores, mas entes. Vale o pensamento sobre o caminho individual
a ser dado, sem determinação temporal.
O xadrez deve envolver duas pessoas numa meditação conjunta, sem contagem de
tempo nem vencedores. O ideal é sempre terminar num empate. Se não o houver, o que vai
vencer baixa a dama no tabuleiro, e declara empate.
Intuição.
Isso é algo que existe em todo ser humano. Que eu saiba, não existe ainda uma
máquina que a meça. Mas pode ser desenvolvida, ao tempo mesmo de ser solapada.
Há pessoas que acreditam na pura lógica cartesiana, no racionalismo puro. Não sabem
o que estão perdendo.
Por que precisamos da intuição? Ela é nossa tábua salvadora no mar das incertezas. Às
vezes, pode ser nosso último recurso para livrarmos nossa cara de algum problema na vida. Ela
não paga nossas contas, mas ajuda a acharmos soluções para fazê-lo.
Devemos usar nossa intuição sempre que a saída racional não for oferecida. (Quem a
oferece? Deus? O Universo? Nós como indivíduos? Isso é uma decisão que cabe a cada um de
nós.)
Ora, todos nós, e quero dizer todos nós, temos as duas perspectivas do mundo. Nossa
civilização fez o feminino desenvolver mais a intuição, a emoção, a sensibilidade, a
sensitividade. E fez o masculino desenvolver somente a racionalidade. Mas ambos têm o que
chamo de sentimentabilidade, sobre a qual falarei um pouco, mais adiante.
O que devemos é aprender a confiar em nossa intuição. Que pode ser desenvolvida
com o uso.
Não buscamos uma resposta exata, mas uma aproximação. Não pensamos na conta,
apenas damos a solução num átimo! De repente! O resultado aproximado é o que nos
interessa, pois a intuição não é exata.
Não precisamos jogar fora nosso relógio ou celular. Mas vamos prescindir um pouco
deles para saber as horas.
É assim: queremos saber que horas são. Em ver de buscarmos no relógio – de pulso, de
parede, no celular, no desktop etc – apenas sugerimos para nós mesmos que horas são.
Não precisamos ser precisos. Antes da invenção do relógio, não havia precisão maior
que na hora em que o galo cantar, ao meio-dia sobre nossas cabeças, ao entardecer, ... Mais
ou menos assim eram calculadas as matinas, as sextas...
Uma boa medida é, antes de qualquer coisa, sugerirmos a hora. Depois olhamos como
está o dia, ou a noite. E reiteramos, confirmando ou não. Para só depois olharmos o relógio.
Vamos retornar ao jogo de xadrez, que, como já vimos, para nós não é mais um jogo.
É a nossa vez de dar o lance. Temos todo o tempo do mundo para pensar. Podemos
tentar um lance por aproximação, mas aqui não tem como: ou movemos determinada peça
para determinada direção, ou sentido, ou não fazemos nada. Mas o lance é obrigatório. E o
que fizermos trará consequências para o resultado final.
Após raciocinarmos tudo o que precisamos, se não acharmos resposta, partimos para
eu acho que o melhor lance é este, e arriscamos. É a típica resolução intuitiva.
Pode dar certo ou não. É um salto no escuro, mas que sentimos como seguro, e com o
tempo passamos a acertar, mais que errar. Pode parecer absurdo, todavia é assim.
Esse tipo de intuição, podemos ter como resposta no lugar de uma explicação racional.
Simplesmente achamos que o caminho é aquele e ponto final. Sem passarmos pela via lógica,
como dito anteriormente.
Por que não dá certo em jogos de azar? Porque nesses casos há variantes outras que
não só o pensamento do oponente.
Se for difícil fazer isso sozinho, busque alguém que tenha uma opinião contrária à sua
e que esteja disposto a debater sem impor sua própria posição. Na verdade, isso é difícil, pois
as pessoas sempre querem colocar suas ideias acima das dos outros, nunca aceitam que possa
haver uma terceira via, que não seja nenhuma das apreciações iniciais. Por isso, devemos
tentar discutir conosco mesmo.
O insight.
Trata-se de uma revelação instantânea sobre algo que há tempos procurávamos saber.
Ou sobre algo que nem estávamos pensando. Pode acontecer quando acabamos de acordar,
ou num sonho, ou num momento qualquer do dia.
Do que se trata o insight? O assunto é pessoal, pode ser um conto a escrever, uma
resposta a uma dúvida, uma canção, uma fórmula matemática, ou qualquer outra coisa.
O que importa é o que fazemos com isso. Se não fizermos nada, desperdiçamos a
oportunidade. Então, devemos sempre aproveitar. Ter sempre papel e caneta à mão, por
exemplo. O certo é que, quanto mais desenvolvemos nossa intuição, maior a possibilidade de
termos insights.
Gozar a vida.
Nem todo mundo gosta de apostar a própria vida ou a de outras pessoas, por exemplo,
dirigindo um carro em alta velocidade pela estrada, ou pelas ruas de uma cidade. Eu não gosto.
A celebração da vida pode ser através da paz, que deve partir de nós mesmos.
Reviver é importante, desde que não fiquemos presos ao passado, mas sempre
buscando as boas coisas do presente.
Tamanho do manequim.
A robustez como sinônimo de saúde sempre existiu, assim como uma forma estética.
O corpo balançante da mulher sempre foi sinal de sensualidade. Mas isso não precisa valer
para todas. Assim como o corpo musculoso para os homens. Impor um determinado modelo
corporal como único a ser preservado é sinal de racismo, absolutismo, nazismo e
ditatorialismo cultural.
Naomi Wolf, em seu livro “O Mito da Beleza”, informa que a celulite foi imposta
como feiura pela revista Cosmopolitan, em 1973. O estigma começou aí. Antes disso, nenhuma
mulher se preocupava com a celulite, que, até certo ponto, é normal e natural. Se
procurarmos, vamos achar celulite até em Gisele Bünchen. Ou quem quer que tomemos como
modelo de beleza atual. Se quisermos uma mulher adulta sem celulite, só mesmo uma
travesti. Por exemplo. E olhe lá!
Fazer dieta?
Já faz um bom tempo que se sucedem dietas da moda, umas após as outras, sempre
com o objetivo de se obter o corpo perfeito, ou desejado. Ou ainda para se manter saudável.
Cada época se torna diferente a noção de uma dieta saudável. Vejamos num
almanaque no início do século vinte como é diferente do recomendado pelos médicos no
começo dos anos 1960 e pelas nutricionistas de hoje, que variam de pessoa para pessoa.
Conheci uma nutricionista que tinha uma apostila com duas páginas, única, que fornecia a
todos os seus pacientes. Não lhe importava a história de vida, os hábitos, os costumes, a
religião, onde morava, condições financeiras, nothing of nothing. Imagina só, que charlatã!
Não há, principalmente hoje, unanimidade. A ciência muda a todo instante, os tipos de
exercícios ou dietas, quais os melhores?
Não tomo mais bebidas alcoólicas, nem café, ou chá preto ou verde.
Não faço mais uso de fumo. Minha avó paterna às vezes fumava cigarro, com uma
piteira de metal, feita em casa, para limpar as narinas.
Quem sabe o que é uma dieta saudável, diante de tantas mudanças? Como já disse um
cronista, que tinha coluna na Folha de São Paulo, o qual não me lembro o nome, que quando
saiu a notícia que o ovo fazia bem para o bom colesterol – até então os médicos o rejeitavam –
ele escreveu que, um dia ainda, iriam falar que o bacon faz bem pras artérias.
A hora do chá.
Isso é de extrema importância. Devemos ter um, ou dois, ou três momentos no dia
para pausarmos completamente de nossos afazeres. É o que eu chamo aqui de a hora do chá.
Não precisa necessariamente ser um chá, mas algo estimulante, não excitante, nem
calmante. Algo que nos revigore para a continuidade do dia. Para mim, é o chimarrão.
Quando passo o dia inteiro em casa, tomo-o duas ou três vezes: ao acordar, às vezes
antes do almoço, e no entardecer. Se estiver um dia quente, faço-o sob a ação de um
ventilador.
Não raramente, assisto, enquanto isso, alguma coisa na internet, ou faço algo no
computador, ou copio notas em minha escrivaninha, ou leio em meu e-Reader (pois não
precisa segurar as páginas com uma das mãos). Ou só curto o momento em si.
Podemos, em vez disso, uma vez só no dia, dar uma cochiladinha. Curtinha, só pra
relaxar.
Estabelecer uma rotina para os afazeres diários é uma boa ideia. Ajuda a não esquecer
de nada. E cria um sistema para nosso organismo.
Tenho o costume de escrever pelas manhãs. Mas não todas as manhãs. Ou mesmo de
madrugada.
Tenho um método para a escrita, o que é um tipo de rotina. Quando tenho uma ideia,
anoto-a em meu e-Reader ou num caderno. Ou num aplicativo do celular que recentemente
instalei. Ou num pedaço de papel, rezando para não perdê-lo. Um ou dois tempos depois,
desenvolvo o pensamento diretamente no computador.
(Poucas vezes desenvolvi conceitos à mão. Só mesmo na escola. Mesmo nessa época,
às vezes, o fazia na máquina de datilografia de meu pai. Quando entrei na faculdade de
comunicação, ganhei uma Lettera, portátil, e passei a utilizar as máquinas de escrever direto.
Quase não escrevia mais manualmente. A vinda do computador foi clara, direta, perceptível e
bem-vinda.)
Isso não impede de ter ideias diretamente no computador. Pode calhar. É como na
música, estarmos tocando algo definido e cairmos numa improvisação repentina. Tudo pode
acontecer!
Mas é bem preciso manter os dias dentro de uma fórmula, a fim de não se perder por
aí.
Ora, a rotina é boa porque faz com que trabalhemos diretamente com nosso
inconsciente, muito mais amplo que nosso consciente.
Estresse do dinheiro.
Não há porque se estressar por falta de dinheiro. Sempre passamos por isso e ainda
estamos vivos.
Não adianta ligar muito só porque está escasseando o dinheiro. Mais dia ou menos dia,
a situação muda. Hoje temos mais, outra vez menos, e assim vai.
O estresse até certo ponto pode nos ajudar a sobreviver, mas a partir de então só
arruína nossas vidas. Ás vezes é uma questão de simplificarmos nosso dia-a-dia. Sabermos o
que é realmente importante e o que pode ser deixado para trás.
O que fazer se não temos dinheiro no momento? Se não achamos solução alguma,
depois de explorarmos todas as possibilidades... oramos. Caso sejamos ateus, aguardamos o
momento passar. E economizamos no que podemos – ou além. Não vai melhorar em nada nos
estressarmos.
O dinheiro não é algo com que não devamos nos preocupar. Ele faz parte de nossas
vidas. Mas não é tudo. Não podemos viver por ele, senão vira obsessão, e isso não faz bem pra
ninguém. Temos a vida pra viver e saborear.
O que não recomendo é confiar em testes que saem em revistas e sites que não sejam
sérios.
O que temos que saber é que nunca temos um conhecer definitivo que nos satisfaz.
Nem por isso devemos parar nossa busca. Nunca.
Sensibilidade e sentimentabilidade.
Geralmente, quando as pessoas dizem que são muito sensíveis, na verdade não estão
falando de sensibilidade, mas de sentimentos, de emoções. São pessoas, na verdade, muito
suscetíveis a qualquer coisa que o outro exprima, ou faça. Elas, por qualquer coisinha de nada,
ficam sentidas... É o que eu chamo de sentimentabilidade.
A sensibilidade se liga à emoção, também, mas de uma forma diferente. É ser sensível,
ficar tocado por obras de arte, por exemplo.
Sensitividade.
Quando falamos esta palavra estamos nos referindo ao que os ortodoxos chamam de
sexto sentido. (Para nós seria o trigésimo primeiro, como vimos no segundo tomo desta
coleção...) Eu prefiro chamar de percepção extra-sensorial.
Inteligência.
Claro, nada milagroso, porém o crescimento se faz pouco a pouco, bem devagarinho,
um dia a cada vez, e o resultado demora a se sentir. Quando se sente.
A prática não pode levar à perfeição, mas ao incremento da sagacidade.
Isso se faz através de práticas como jogar xadrez. Mas não para se tornar um campeão,
pois isso apenas aperfeiçoa a habilidade do jogo, nada mais.
É como fazer palavras cruzadas. É muito bom, todavia se passar todos os dias nisso vai
acabar se tornando um craque, mas não cultivará a inteligência.
Várias coisas servem para isso, mas devem ser praticadas pouco a pouco, variadas, não
apenas uma. É a variedade, portanto, que resultará numa mente mais desenvolvida.
Note bem: é como frequentar uma academia de ginástica. Se ficarmos nessa, vamos
nos tornar pessoas musculosas, mas sem conteúdo. O conteúdo que falo é obtido através da
leitura, de ver filmes de boa qualidade, de coisas assim, que levem a pensar, a refletir.
Não sou contra a musculação e o exercício físico, mas acho que as pessoas têm se
dedicado com demasiada atenção a isso, e esquecem da mente, do espírito, das emoções.
Saber tudo.
Ninguém é obrigado a saber tudo. Não precisamos ter respostas para todas as coisas.
O Talmude diz que o sábio é aquele que aprende com todo mundo.
É assim, não há idade para aprender. Também não precisamos impor a meta de
aprender uma coisa nova a cada dia, pois isso pode nos pressionar e causar até um mau
estresse.
Devemos manter a cabeça aberta para novas ideias, desde que nos acrescentem algo.
Não precisamos ouvir músicas horríveis só porque são novidade. Nem sempre o novo é bom.
Como nem sempre o antigo.
O importante é mantermos nossa cabeça aberta, mas com uma percepção crítica das
coisas. Selecionar o que vale a pena do que é dispensável.
Inclusive, o que consideramos em outros tempos algo muito legal, podemos hoje
detestar. E vice-versa. Nada nos impede de mudarmos as nossas opiniões, pareceres e
conclusões.
O ser humano não pode conhecer a suprema verdade das coisas. Se adquirir tal
conhecimento enquanto humano, enlouquece. É onde até a meditação pode levar à
insanidade. A ciência, a filosofia, a teologia, a religião, são métodos de se obter a verdade com
filtro, desde que não haja nenhum tipo de fanatismo. Esse filtro dá a cada ser humano a
compreensão possível.
O cérebro.
Dizem que o cérebro é dividido em duas partes: verdade!
Acontecimentos médicos mostraram como pessoas que tiveram danificada uma das
partes do cérebro puderam, com o passar do tempo, ter o domínio sobre toda forma de
conhecimento. Independentemente de ser o lado direito ou o esquerdo.
Na verdade, qualquer animal de estimação serve. Pode ser gato, por exemplo.
Qualquer bicho que nos exija cuidados permanentes, e nos faça companhia.
Nós temos duas cadelinhas em casa, atualmente. Além de nos fazerem companhia, o
fazem uma a outra. Aliás, uma delas é binária: depois de um tempo, desceram dois
pequeninos sacos escrotais.
Para certas pessoas, o animal pode ser substituído por plantas. Porém, elas não pedem
o mesmo cuidado. Sabemos, por outro lado, que tem gente que coloca música para as plantas,
conversa com elas, da mesma forma como fazemos com nossos animais.
Ora, quando falamos em ter um cachorro, ou gato – pode ser cadela ou gata, também,
é apenas força de expressão – estamos pensando em adotar aqueles que iriam ou estão na
rua. Não precisa ser de raça, mesmo que estes também sejam de bom trato.
Pela nossa experiência, tanto caninos como felinos, quando conseguem ficar bem
velhinhos, têm todos os mesmos maneirismos. Muita gente abandona seus bichos justamente
quando estão com uma idade avançada. Mas nada melhor que um bicho velhinho em casa
para trazer um espírito de paz.
Importante é manter uma rotina diária para nosso cachorrinho – ou cachorrão. Eles se
dão bem com isso e esperam por isso.
As melhores experiências que tivemos em casa foi com vira-latas, fossem cães ou
gatos. Mas isso é uma questão pessoal.
Há um porém: pessoas que tratam seus animais como se fossem gente! Isso os
estressa, nenhum deles gosta de ser tratado assim, bicho é bicho, gente é gente.
Amo colecionar selos. Não gosto dos autocolantes, só fico com os antigos. Não me
importa o valor, não tenho nenhum selo valioso, só comuns, porém, para mim, todos são
queridos.
Gosto de escrever, mas para mim isso não é um hobby, nem tampouco um trabalho, é
arte. Este, como outros tipos de arte que pratico, são formas de viver.
Quero falar sobre a flauta-doce. Aos quinze anos, comprei minha primeira. Mas nunca
liguei muito para sua execução completa. Agora estou tentando utilizá-la para ter uma forma
de disciplina. Por isso, só estou tocando respeitando a partitura. Não ensaio todos os dias, nem
marco tempo para tanto, ou horário fixo. Toco quando dá na veneta.
Não tenho também horário fixo para nenhum de meus outros hobbies, pois isso
poderia trazer tensão. E consequente estresse.
Para alguns de nós, a distração pode ser uma única, que ocupe todo nosso tempo
vago. O importante é não fazermos dela uma obrigação. Seu objetivo é, como ela mesmo
informa, nos distrair, colocar-nos fora do rigor diário.
Ansiedade.
Isso pode diminuir nosso tempo de vida, causar-nos estresse e inúmeras doenças
físicas. Entretanto, há pessoas tão acostumadas à ansiedade em seu cotidiano que nem
percebem, e os males físicos não lhe afetam. Neste caso, as emoções parecem se embotar.
Até certo ponto, é normal em todo mundo. Ela existe como maneira de enfrentar as
dificuldades do cotidiano. Seu exagero, todavia, é um distúrbio que deve ser tratado.
A ansiedade provoca reações, como, por exemplo, atacar constantemente a geladeira,
buscando na comida um substituto de nossa tranquilidade.
Uma das nossas atitudes para melhorar isso é aprimorar nossa atitude perante o sono,
algo que falaremos mais adiante.
Outra é organizar nossas diligências. Não podemos nos preocupar o tempo todo com
todas as coisas. Não é questão de minimizar nossos problemas, porém eles não podem tomar
conta de nossa cabeça.
Em vez de ficarmos atordoados com tudo que temos que fazer, façamos listas. Listas
de compras, listas de atividades, listas de preocupações, listas de pensamentos. Tudo é
possível enfiar numa lista. Isso nos dá uma perspectiva melhor do que precisamos realmente
dentro de nosso dia, nossa semana, nosso mês.
Isso nos deixa fora de pensamentos obsessivos, que vêm toda hora nos torrar a
paciência. Eles estão nas listas. E nós sabemos onde guardamos as listas. Elas estão num lugar
fácil de lembrar e onde ninguém irá mexer.
Uma agenda é uma boa solução, seja de papel ou eletrônica. A vantagem de se usá-la é
conseguir organizar o que antes parecia impossível de realizar, de tanta coisa para fazer.
Importante é termos uma tarefa a cada vez. Um passo, depois outro, depois outro, e
assim caminhamos. Sempre em frente. Podendo ter paradas e passos para trás, se precisar.
Sem traumas.
A ansiedade avança também quando não conseguimos lidar com nossas frustrações. É
preciso saber que não temos controle sobre tudo o que acontece à nossa volta. Precisamos
saber nossos limites e agir dentro deles.
Podemos prestar atenção no que fazemos bem – sempre tem alguma coisa que
fazemos bem – e partirmos para aquilo como hábito em nossas horas vagas.
Erros e acertos.
Ninguém no mundo vive só de acertar. Seria entediante se fosse assim.
Da mesma forma, ninguém vive apenas errando.
Todo mundo tem seus momentos em que acerta ou que erra. Às vezes, as coisas
simplesmente acontecem. E nem sempre é por nossa culpa. O que não podemos é ficar
parados nos erros. Mas corrigi-los.
Os resultados são sempre positivos, sejam errados ou certos. Ou mais ou menos
medianos.
Nossos erros servem para nos ensinar. Eles são indispensáveis. Se nunca os
tivéssemos, não progrediríamos. Eles formam o nosso caráter.
Nossos acertos nos incentivam a continuar atuando.
Um problema de planejarmos demais é justamente quando não conseguimos o que
esperamos. Por isso é melhor atuar logo do que ficar pensando muito antes de agir.
De tanto errar, chegamos a acertar. Ninguém faz uma omelete perfeita na primeira
vez. Muitos ovos serão quebrados, muito tempo se passará, até se conseguir ter uma omelete
razoável. O rei das omeletes teve que praticar muito tempo e quebrar muitos ovos!
Sono.
O que é dormir bem? É deitar-se num horário regular, dormir logo, repousar sem
interrupções e levantar disposto, após sete a nove horas de sono.
Se deixarmos de ter isso por uma noite, já nos sentimos afetados. Por várias seguidas,
então, o que dizer? Corpo, mente, emoções, espírito, tudo fica alterado. Os casos de
nervosismo e ansiedade se sucedem. Começa a dificuldade de concentração e falta de
estabilidade no humor.
Devemos priorizar nosso horário de sono. Deitar e levantar sempre mais ou menos na
mesma hora. Temos que não depender do despertador para acordar, mas fazer isso
naturalmente, antes que ele toque. Claro que estando descansados, não ansiosos para não
perder a hora.
Podemos, eventualmente, se o médico concordar, tomarmos um ansiolítico, ou um
remédio para dormir. Porém também podemos meditar especificamente para relaxar, ou fazer
alguma outra atividade que nos ajude nesse sentido, como ver um filme condizente ou ler na
cama.
Se bem que ver filmes ou ler pode também ser um incentivo para ficar acordado. Não
adianta vermos filmes violentos ou excitantes. Ou noticiários cheios de agressividade e
negatividade. Tem que ser relax...
Para mim dá certo assistir uns dois episódios de Jornada nas Estrelas. No meio do
segundo já estou indo pra Salvador da Bahia... Mas nem pensar em ter televisão no quarto,
isso é completamente contraproducente. Assisto na sala. Quando começo a viajar, vou pro
quarto.
Às vezes, já no quarto, perco o sono. Então pego uma leitura chata e lá vem ele de
novo. Pode também ser algo gostosinho e leve de se ler, que também dá resultado. Para mim,
pelo menos. Nós temos que descobrir as nossas próprias soluções.
Para algumas pessoas, um banhinho antes de dormir é relaxante. Morno. Mas se a
noite estiver muito quente, pode ser frio, para se sentir melhor. Mesmo assim, tudo varia de
pessoa para pessoa. Gosto de tomar banho antes do almoço, pra mim é estimulante. Se o fizer
antes de deitar, perco o sono.
Um chá calmante é bom. Recomendo o de camomila. Um copo de leite também serve.
Não pode estar muito quente, basta ficar morno. Devemos evitar café, chá preto, bebida
alcoólica e tabaco.
Pensamentos que nos vêm antes de dormir devemos escrever num bloquinho para
então esquecer, pra no dia seguinte, ou depois, pensar nisso.
Outra coisa importante é sempre respirar corretamente e relaxar. Podemos ouvir
música antes de dormir. Se nos condicionarmos a qualquer costume antes de ir para a cama,
vamos tender a nos sentir relaxados todas as noites após o ritual costumeiro.
Por fim, mas não o menos importante, é evitarmos celulares, tablets e laptops antes de
dormir. Aquela claridade excessiva num espaço mínimo, ajuda a tirar o sono. E mais e mais nos
deixa acordados.
Gratidão.
É útil e confortável agradecermos a tudo que temos e a tudo que somos. Se achamos
que não temos nada para nos sentirmos gratos, é porque não pensamos o suficiente.
Desde o ato de podermos respirar, de estarmos vivos nesta época do mundo, com
tanta tecnologia disponível, com alimentação muito mais completa que há cem anos, com a
medicina cada vez mais adiantada, com novas ocupações e empregos que nem se cogitavam
há cinquenta anos, até o fato de vivermos em um país que preza a liberdade individual, a
liberdade de culto, entre muitas outras coisas, temos muito a agradecer.
Podemos agradecer o fato de sermos humanos, de sentirmos emoções, pensarmos,
podermos ler estas páginas etc.
Agradecer o que não se tem ou o que não se é: isso é negativo, só traz maus
pensamentos e acarreta más ações. Bons pensamentos levam a bons atos.
Uma boa coisa é ir atrás daquela pessoa que fez algo importante para nós e agradecer
da forma como deveríamos já ter feito. E não fizemos até hoje. O problema é se essa pessoa já
morreu: então falamos com ela à beira de seu túmulo, ou agradecemos a um amigo ou
parente próximo, ou oramos por ela numa dedicação especial. Ou mandamos rezar uma missa
para ela. Sempre há um jeito.
Um bom modo de ser grato é saborear cada um dos prazeres, grandes ou
pequenininhos, de nosso dia-a-dia, concentrando-se sempre no presente. Não que o passado
não possa nos trazer boas recordações, ou o futuro boas expectativas, mas o presente é
sempre o mais importante.
28\10\2022.
Otimismo.
Não estamos falando de pensamento positivo. Mas se vemos um copo com água pela
metade (essa é clássica!), devemos ver um copo meio cheio, sempre, nunca meio vazio.
Os partidários do pessimismo, como o famoso Nietzsche, acham que nunca se
decepcionarão. Mas também não terão esperança, que pode movimentar invenções.
Ser otimista não é levantar sempre disposto e de bem com a vida, pois há dias que...
ahf! Contudo, levantemos a cabeça no mais das vezes, vamos seguir em frente com dignidade,
mesmo que as pessoas que encontremos tentem nos humilhar.
Nós sabemos que esse tipo de visão pode levar à decepção, mas se formos otimistas os
resultados não serão desoladores, mas de motivação para se tentar novamente. E de novo. E
de novo. E de novo. Pode haver uma maneira que não tentamos ainda. É superar as
adversidades. Se ainda não deu certo é porque ainda não terminamos.
O otimismo nos dá perspectivas.
Há uma frase clássica: Não há mundo melhor do que este! Pode ser vista como uma
sentença otimista ou pessimista. Qual foi nossa primeira leitura? Se foi a de que vivemos num
mundo excelente, estamos no caminho certo. Se foi a de que não há maneira de melhorarmos
nosso mundo, então alguma coisa está errada conosco.
Ser otimista não é ver tudo com olhos de nenê, nem quer dizer que não temos nada a
contribuir para melhorar o meio em que vivemos. Pelo contrário, é estarmos animados para
fazer isso. Não é dizer que tudo à nossa volta é bom. Mas saber ver o melhor lado de tudo e
não só os defeitos. É tentar resolver os problemas, e não ficar só reclamando deles.
Vivemos num mundo repleto de coisas muito boas e outras muito ruins, além de
outras não tão boas ou não tão ruins. Perceber isso pode nos colocar dentro de um ponto de
vista mais radiante, pois descobrimos que nossos problemas não são tão importantes assim.
Se ficarmos dando atenção à voz interior que desanima, só nos sentiremos mal.
Precisamos buscar a voz que nos anima, que nos põe no alto. É como um rádio, em que
sintonizamos o canal que mais nos faz bem.
Precisamos dar um tempo para nós mesmos nos conhecermos.
Vamos elevar o que temos de bom. Ao final do dia, vamos nos lembrar de tudo o que
fizemos de melhor e relevar as outras coisas, dando valor ao que há de bom. Reconhecer e
destacar nossas próprias qualidades, no lugar de nossas imperfeições. Isso é proveitoso e útil.
Saber aproveitar as oportunidades é vantajoso. Em vez de lamentarmos a falta de algo,
devemos buscar outra coisa para fazer no lugar. Se achamos que a falta de dinheiro nos
impede de pedir uma pizza, sempre podemos fazer em casa um sanduíche gostoso, por
exemplo. Ou se o tempo lá fora nos impede de sair no final de semana para passear, seja
porque está muito sol ou chuvoso, podemos aproveitar para ler um livro legal. Dentro de casa.
Adaptar-se à situação não é comodismo nem subserviência. É agir de acordo com o
movimento do universo. É Tao.
Novos hábitos.
Sempre temos que ter a ousadia de mudar.
Por mais difícil que isso pareça, temos que ter a coragem de ter novas opiniões, novas
maneiras de agir, principalmente diante das dificuldades.
Muitas vezes nossos hábitos antigos só nos fazem mal. Devemos aceitar as
possibilidades de mudança e não nos envergonhar disso. Pelo contrário, ter a perspicácia de
que somos capazes de fazê-lo.
O maior problema é quando nos arrependemos de uma mudança que não tentamos. A
que fizemos foi realizada, teve sua resposta. A alternativa de se arrepender de não ter agido é
pior, pois nunca saberemos o que teria acontecido, e poderemos morrer com a dúvida.
Há ideias novas o tempo todo, por todos os lados. Só temos que aprender a percebê-
las e filtrar as boas para levarmos conosco. Gente pensa. Gente sente. E todos podem
contribuir para nosso crescimento pessoal.
As alterações que fazemos em nossas vidas podem não dar resultados imediatos.
Devemos esperar por isso, ter paciência e seguir em frente. Por exemplo, ninguém aprende a
falar fluentemente sua língua materna em apenas um dia.
Pensar e fazer.
Nossa coragem primordial se resume em fazer o que pregamos. E o que pensamos.
Não adianta nada termos nossas convicções se não as levamos adiante. O que nos
move na vida é justamente agirmos segundo o que acreditamos. E principalmente segundo o
que falamos às outras pessoas.
Claro que nem sempre o que pensamos é possível de realizar. Há vários motivos para
isso. Contudo, existe um limite para ficarmos justificando para nós mesmos o porquê de não
agirmos segundo nossas convicções.
Precisamos seguir em frente, como sempre digo. Sem hipocrisia, o que só nos
atormenta.
Fazer o que nós acreditamos gera tranquilidade pessoal. Desde que isso não implique
em violência, o que nos levaria a um patamar destrutivo. Para os outros e para nós mesmos.
Habilidade social.
Viver em sociedade é respeitar as regras dessa sociedade e conviver com elas.
Podemos nos dar bem com isso ou não. Podemos gostar dessas regras ou não.
Podemos gostar dessa convivência ou não.
Ninguém é obrigado a aceitar maldades do outro.
Ninguém é obrigado a aceitar a mediocridade.
Mas há muitas coisas boas para se contatar, muitas pessoas boas. Todos têm seus
defeitos, claro, inclusive nós mesmos, cada um de nós e todos nós. Mas as pessoas não se
resumem a seus defeitos. Todos têm algo com que podemos confraternizar.
Só que, às vezes, o santo não bate. Daí, não adianta insistir. Não sejamos fingidos. Não
precisamos brigar por essa causa.
Habilidade social é sermos nós mesmos. Sem nos preocupar com o que os outros
pensam disso.
Comer um docinho.
Isso faz parte dos pequenos prazeres da vida. Um docinho após o almoço ou no meio
da tarde, só pra dar aquele gostinho bom na boca.
Ora, se não podemos comer açúcar, pode ser um diet. É a mesma coisa, é o gostinho
doce que vale. Na filosofia do Tao, é o momento yin, feminino, que todos precisamos em
nossas vidas.
Sei que tem gente que diz que não gosta de doce. Pra toda regra tem que haver uma
exceção. Aí, vamos comer um salgadinho...
Podemos combinar esse momento com uma das horas do chá!
Meu cantinho.
(Esse era o nome do primeiro jardim da infância que frequentei.)
Na verdade, todos devemos reservar um cantinho em nossa casa para fazermos as
nossas coisas, espairecermos, darmos um tempo ao tempo, ficarmos com nossos
pensamentos.
É um espaço onde podemos aproveitar para ler, ouvir música, liberar a tensão, enfim.
Esse lugar deve estar sempre bem organizado. A ver, não dissemos arrumado, mas
organizado. Essa organização deve ser estritamente pessoal, que nós possamos entender
perfeitamente, mesmo que para os outros aparente estar uma bagunça!
O local deve ser confortável, se possível fresco no verão e aquecido no inverno. Deve
estar guarnecido com nossas coisas mais queridas. É nossa toca.
Centro do universo.
Não podemos pensar que somos o centro do universo.
As coisas que acontecem à nossa volta não acontecem só por nossa causa. Não é tudo
para atrapalhar a nossa vida, nem é tudo para se harmonizar conosco.
As coincidências existem, sim, mas nem tudo é coincidência.
Os outros fazem coisas independentemente de nossas vidas, nem sempre têm a ver
conosco. Nem sempre têm a ver com o que fizemos antes ou sobre o que somos.
Nem sempre as ações dos outros são reações ao que fizemos ou a que somos.
Não somos o centro do universo.
Ócio.
É importante termos um momento do dia que não seja nem mesmo a hora do chá,
mas para não fazer nada.
Precisamos disso, desse descanso, curtir o ócio. É quando não pensamos em nada que
nos atrapalhe, só em coisas boas. Mas não devemos nos obrigar a pensar em nada, apenas não
fazer nada.
Não precisa durar muito tempo esse ócio, apenas alguns minutos por dia é o
suficiente. É um momento em que não se vê televisão, não se põe disco para tocar, apenas
ficamos sem fazer nada. Se não temos tempo para isso, pode ser ao acordar, ou antes de
dormir.
Rever expectativas.
Ocorre em muitas pessoas a vontade de estabelecer metas e cumpri-las em tempo
determinado.
Quando elas não conseguem, ficam desapontadas. Isso poderia ser natural, se não
pudesse ser tão levado a sério que causasse estresse. Aí vêm as dores de cabeça, de barriga,
entre outros males muito piores.
Ora, nem sempre tudo é como gostaríamos que fosse.
Por isso mesmo, se quisermos ter metas, devemos pensar naquelas que são viáveis,
dentro de nossos limites pessoais e de nosso tempo plausível.
Às vezes, esperamos de certas pessoas o que elas não têm como oferecer, porque não
faz parte de seu modo de ser, ou de sentir, ou de pensar. Ao invés de ficarmos simplesmente
decepcionados, é a hora de revermos nossas expectativas em relação a elas. E, como costumo
dizer, seguirmos sempre em frente!
Aceitar os limites.
Nossa sociedade impõe como regra quebrarmos nossos limites. Isso pode ser
motivador, às vezes, mas pode também ser frustrante.
Não somos máquinas, somos seres humanos. Devemos aprender a lidar com nossas
frustrações, sabendo que não podemos fazer tudo que queremos no tempo que queremos. Às
vezes, sim. Às vezes, não. Todavia, querer isso pode nos levar ao estresse, também.
Devemos primeiro conhecer nossos limites físicos, mentais, espirituais, emocionais e
sociais. Depois, aceitá-los. E trabalhar dentro deles.
Veremos, dessa forma, o quanto podemos fazer. É bastante e, quando olhamos para
trás, acaba sendo muito mais do que imaginamos inicialmente.
Workaholic.
Dá-se esse nome à pessoa conectada em seu trabalho muito mais do que deveria. Ela
não se dá folgas, não desliga, está sempre enviando e-mails profissionais e coisas do tipo.
Pensa em trabalho até nas horas livres.
Se esse é nosso caso, precisamos nos avaliar e ver se é preciso nos dedicarmos tanto
ao trabalho e tão pouco à nossa família, aos nossos animais, aos nossos amigos.
Muitas vezes achamos que, se não for assim, não ganharemos dinheiro suficiente.
Ora, o que adianta tanto dinheiro se prejudicamos nossa saúde física, psíquica, nossa
vida pessoal, familiar, social, espiritual?
Queremos realmente viver trabalhando duro? Tudo o que queremos é a recompensa,
que nunca nos satisfaz. É uma situação extrema, de sobreviver ou morrer.
Devemos buscar um equilíbrio, primeiro relaxando e, depois, o autoconhecimento,
para então ir às vias de fato. Sempre com momentos de descanso ao longo do dia. Horas de
lazer são indispensáveis. E boas horas de sono.
A compreensão do Todo.
É muito comum pessoas dizerem que, após algum tipo de processamento, evolução,
meditação, ciclo de mantras, ou o que quer que seja, atingiram a compreensão de todas as
coisas, de tudo, do Todo, assim mesmo, com letra maiúscula!
Existe um limite para nossa compreensão. Por mais que cresçamos nunca chegamos a
ultrapassar nosso próprio alcance. Precisamos ter, no mínimo, humildade para reconhecer.
Trata-se, portanto, de uma ilusão, quando alguém acha ter chegado a essa condição,
mais uma das inúmeras condicionadas pela mente do ser humano. Devemos ter cuidado com
pessoas que se dizem ter atingido tal grau: são arrogantes e perniciosas, apenas.
O dogma.
Não existem apenas dogmas católicos. Eles existem igualmente em outras áreas do
conhecimento. Dizer que a vida na Terra é originada da não-vida é um dogma científico, pois
muitos cientistas não discutem esse princípio. Ou não querem. Talvez por enquanto. Esse é
apenas um exemplo de dogma não religioso.
Ele vai contra o livre-arbítrio. Não temos a possibilidade de escolher, de dar nossa
opinião. Ele impõe um pensamento determinado como único certo.
Nesse ponto percebemos como somos tão quase-perfeitos e tão frágeis. Muitas vezes
não conseguimos emitir nossa opinião sem sermos magoados ou ridicularizados, humilhados.
Podemos ter uma conexão saudável com Gaya. Ou doentia. Vamos lá.
Podemos estar conectados o tempo todo com a energia da Terra, com seus elementos.
Nosso corpo é formado pelos mesmos componentes que formam nosso planeta.
Provavelmente não há elemento no mundo que não faça parte da composição de nosso corpo.
Daí nasce o tratamento de doenças com ervas ou drogas químicas. Tudo para equilibrar-nos
com Gaya.
Para tanto existem também o tai-chi-chuan, a meditação, a ioga (Recuso-me a falar “o”
ioga, que nada tem a ver com a nossa língua.), etc.
Portanto, não é preciso fazer nada demais para estar conectado com Gaya: apenas
viver o presente. Os sonhos, as esperanças estão dentro. As expectativas vazias, fora. O
importante é ser Tao.
Centro de tudo.
Logo no início do livro “O Pêndulo de Foucaut”, de Umberto Eco, há uma indagação:
“O Pêndulo dizia-me que, embora tudo se movesse, [...] desde os éons primitivos à matéria
mais viscosa, um único ponto permanecia, eixo, cavilha, engate ideal, deixando que o universo
se movesse em torno dele.”
Isso nos leva a perguntar, da arte à vida: existe um centro do universo em torno do
qual tudo gira? Ou um centro em torno do qual todos os universos giram?
Ou então: por que tudo tem que ter um centro? Podemos imaginar um universo que,
embora finito, não tenha propriamente um centro. Por que tem que ter?
Tanta coisa!
A gente passa a vida querendo ler diversos livros, ouvir diversos músicos, diversos
instrumentos, e nunca basta!
A gente compra discos, cds, baixa música pela internet, de vários estilos, guarda no
spotfire, ou em pendrives...
A gente fica desesperado em querer ler tudo, ouvir tudo, experimentar todas as
comidas, todas as bebidas, todos os perfumes, todas as paisagens, conhecer tudo que é
humanamente possível, que enlouquecemos por não conseguir chegar a uma fração ínfima do
todo.
Escolhemos um disco, compramos, ouvimos uma vez, outra talvez, em outro dia
novamente, sem nos importarmos quantos existem para se ouvir.
Não precisamos ter a obra completa de um autor, a não ser que leiamos também
outros autores.
Às vezes podemos passar por fases. Mas isso não pode se esticar muito, temos uma
vida pela frente para aproveitar, curtir.
Alguém está perguntando: e o tempo para trabalhar, ganhar a vida, o pão de cada dia?
Isso também faz parte da vida, além do que já disse acima. Mas não pode nos dominar.
Vemos sempre como as pessoas falam das virtudes do livre arbítrio. A liberdade de se
poder escolher que comida comer (quando se tem comida para comer), a liberdade de saciar a
sede ou de se manter sedento, a liberdade de se escolher o livro que se vai ler, a liberdade de
escolher se vai sair de casa ou não, a liberdade de escolher o curso que vai fazer, a liberdade
de estudar, trabalhar ou vadiar, a liberdade de procurar um emprego, a liberdade de se
demitir, a liberdade (ou não) de se pedir um aumento no salário...
O que Jean-Paul Sartre diz é que esse livre arbítrio pode ser penoso, pois a escolha
implica em decisões, que devem ser feitas pela pessoa.
O Bem e o Mal.
A dicotomia de dizer que alguém é totalmente bom, que não tem defeito algum, é
chamá-lo de Deus ou Deusa. E achar que alguém é totalmente mau é chamá-lo de íncubo ou
súcubo.
Se bem que tem gente que é mesmo o diabo de ruim... E nisso você há de concordar
comigo.
Estar bem é estar equilibrado. E isso é algo efêmero, não dura. Para ser bom, tem que
estar bem. Tem que estar equilibrado. Tem que estar com seus sentidos em ordem, sua saúde
física, mental, emocional, social, tudo em cima. Se não estiver com tudo em cima, não dá para
ser totalmente bom. E olhe lá!
Então daí vem os exemplos clássicos de bondade, de pessoas que não estavam
totalmente equilibradas, como falei acima, que nem vou citar aqui. Essas pessoas superaram
seus males para serem boas. Todavia não eram Deuses ou Deusas. Podiam estar no caminho,
mas nesse caminho qualquer de nós pode estar.
No início, acreditou-se em um universo paralelo, em que achavam que, tudo que fosse
de um jeito aqui, seria o contrário no outro. Então, quem seria cheio de ruindade aqui seria
uma doçura de bondade lá.
Graças aos céus essa teoria deu lugar à dos multiversos, em que várias realidades se
alternam, múltiplas, quiçá infinitas. Em cada uma, as noções de bem e mal podem ou não
existir.
Tudo existe. E tudo tem energia. Podemos nos deixar levar por uma das infinitas
formas do Mal ou buscar o equilíbrio efêmero do Bem, sempre buscar. O Mal é uma superfície
infinita e o Bem uma ponta ínfima e poderosa. Não são, portanto, faces contrárias de uma
moeda.
Isso é o que acredito.
Dor.
A dor.
A dor é a dor.
Existem algumas dores que foram as mais excruciantes e inesquecíveis de minha vida.
A primeira delas foi quando quebrei o cotovelo direito, aos 26 anos de idade, numa
escadaria de uma praça em São Paulo.
A segunda foi poucos anos depois, a do nervo trigêmeo, que atacava toda tarde,
impreterivelmente, até o remédio fazer efeito.
A terceira foi quando quebrei o tornozelo direito, numa corridinha, que não foi bem
consertado, e formou no local um calo ósseo, que às vezes dói sem avisar, até hoje. Mas não
tanto quanto quando fraturou.
A quarta foi a queda que me causou a dor lombar, que me incapacita para uma vida
normal.
A quinta foi quando quebrei o ombro e o braço esquerdos, numa outra queda, em que
escorreguei no limo do chão, ao limpar meus apetrechos de chimarrão.
A pior sempre parece a presente, porque é a que estamos vivendo. A dor é única.
Somente quem a sente sabe o que ela é. Faz parte da individualidade, do ser. Da
personalidade.
Por exemplo, a dor de ser discriminado por sua condição mental, ou de cor, ou de
gênero, ou de crença. Ou quando um grupo compartilha de dores parecidas, e seus
participantes conversam entre si sobre isso. Como bem mencionei, parecidas, nunca iguais.
São as mentais, como a depressão, em que a pessoa passa sozinha e poucos à volta a
entendem, acham que é bobagem ou frescura. A pessoa sofre por dentro, solitariamente, sem
possibilidade de consolo.
Tem gente que fala que de desgraça já basta a vida. Ora, a vida não é uma desgraça, é
um dom que recebemos ao nascer.
Mesmo quando temos transtornos mentais, que durem pelo resto de nossas vidas,
eles permitem momentos prazerosos. É só aprendermos a buscar.
Podemos tomar mais cuidado ao subir ou descer uma escada. Podemos ter mais
atenção ao dirigir um automóvel. Podemos ter mais cuidado ao subir ou descer de um ônibus.
Podemos ter mais atenção quando andamos pela casa ou pela rua. Podemos ter mais cuidado
com nossa alimentação.
Podemos orar com mais atenção no que falamos, com mais intensidade em nossa
ligação com o Supremo.
A prevenção existe, e é a melhor maneira para nos recuperarmos de algo que nos
aflige, ou de não sentirmos determinada dor, ou de a minorarmos.
Ensina a não repetirmos o ato que a provocou. Ensina que não somos invulneráveis.
Ensina a tratarmos com mais carinho de nossa vulnerabilidade humana.
Adendo
“É a dor física, ou ainda a doença, o que nos revela a existência de nossas próprias
entranhas. E assim ocorre também com a dor espiritual, com a angústia, pois é quando nos dá
conta de termos alma, até que esta nos doa.”
Perfeccionismo.
Adendo
Nesse mesmo livro que falei acima, no mesmo capítulo, a autora faz uma citação do
ilustrador Nicholas Wilton, da qual extraí o seguinte trecho, que achei bastante peculiar:
“Arte é tudo aquilo que é perfeitamente imperfeito.”
Mandalas.
1.
Esta coleção de tomos tem algumas, todas de minha autoria.
Elas não precisam necessariamente ser circulares. Essa é a forma mais comum, porém.
Elas podem ser quadradas, hexagonais, irregulares até. O importante é que são
sempre repetitivas em seu interior. Ou exterior.
Uma mandala pode até ser um círculo feito à mão, de forma rápida.
[Mandala à lápis sobre sulfite, pelo autor.]
Essa motivação existe também depois que são terminadas. Servem como vórtices de
energia para meditação.
2.
Dinheiro e felicidade.
É relativo.
Quando se lança um produto novo no mercado, ele é sempre muito caro, e poucas
pessoas podem comprar.
Tem gente que acha que felicidade é ter cada vez mais dinheiro. E nunca se sente feliz
porque não tem o que quer para alcançar em seus lucros.
Tem gente que acha que ser feliz é ter dinheiro para comprar tudo o que quer e ainda
sobrar. Essas pessoas nunca se sentem felizes. Porque sempre acham que não consomem o
suficiente como gostariam.
Tem gente que quer mostrar que tem dinheiro. Gasta mais do que pode em produtos
como carros novos, super-smartphones que têm tudo o que não precisam, e em casa comem
mal, economizando na saúde alimentar e nas necessidades básicas. São infelizes.
Tem gente que quer ter dinheiro para ter poder. Olha sempre para quem tem mais e
acha que apenas será feliz quando tiver mais dinheiro que aquele outro. E quando passa a ter
o poder máximo, não se sente feliz, porque quer mais poder.
Pode ser sujo, se servir para corromper pessoas, comprar direitos injustos, deter a
justiça, emperrar a sustentabilidade do planeta.
A felicidade não se obtém apenas quando conseguimos algo. Pois na hora em que
obtemos aquela coisa, a felicidade se esvai, pois a procura, que era o objetivo principal, se foi.
É a questão do consumismo.
Quem se sente feliz por achar que é o mais rico, seja em dinheiro, seja em bens, seja
em vitórias, pode tirar seu cavalinho da chuva. Nossa felicidade, se se baseia em ser o melhor,
o mais rico, o mais vitorioso, corre o risco de nunca ser o suficiente. Isso, porque sempre
haverá alguém disposto a superar nossas vitórias, nossa riqueza. Outro infeliz.
Não adianta pensarmos que somos eternos perdedores ou eternos vencedores. Isso é
uma noção norte-americana capitalista de vida, que nunca fez ninguém ser feliz. Não é o modo
de ser brasileiro.
Todos temos nossos momentos de perda e de vitória, mas o normal é não sermos uma
coisa nem outra.
A pior coisa que existe é querermos ensinar nossos filhos a serem vencedores na vida.
Serão eternos infelizes.
A felicidade é agora, neste instante. Por que não sermos gratos com o que já temos?
Com o que já somos? Com o que conseguimos até o presente momento? Porque sempre
atingimos algo no momento em que estamos. Sempre temos o que agradecer. Ser grato por
estar vivo é o básico. Poder respirar. Isso é um dom divino.
Meu pai sempre dizia que eu vivia de sonhos. Que a vida não era assim e que eu devia
estudar para ganhar dinheiro. Muito dinheiro. Para não ficar à míngua. Sábias palavras.
Ele queria que eu fizesse algo como engenharia, medicina, ou ciências contábeis. Não
o escutei.
Fui estudar comunicação social. Não porque dava dinheiro, mas porque me pareceu
um curso legal. Legal porque me parecia aberto, largo, cheio de conhecimento e sabedoria de
toda espécie. Legal porque parecia que poderia ampliar minha consciência.
Naqueles dias, era isso que me importava. Eu tinha vinte e três anos.
Não fiquei chateado por meus pais não irem à formatura. Minha esposa estava
presente, e participou das comemorações. Éramos um grupinho, celebrando juntos o término
do curso.
Alguns já tinham emprego na área, a maioria só promessas, ou nem isso. Eu fazia parte
dessa maioria, mas não estava nem aí.
No final do ano seguinte, fomos, minha esposa e eu, junto com nosso filho – naquela
época só tínhamos ele – para Campos do Jordão. Criar cachorros e fundar uma casa de chá: A
Ponte do Leão.
Trabalhei em outras coisas, também. Nunca ganhei muito dinheiro. Mas fui muito feliz.
Até hoje, não sei ganhar dinheiro. Mas sou feliz. E continuo procurando estender
minha consciência.
É o que importa.
Os astecas, do México, tinham uma filosofia que chamavam de a arte de viver bem,
mas que os pesquisadores atuais chamam de busca pela felicidade.
Os rituais do Dia dos Mortos, no México, acontecem entre os dias 31 de outubro e dois
de novembro. As famílias constroem pequenos altares em suas casas para homenagear seus
antepassados. Colocam comida, bebida, fotos e outros itens pessoais, além de decorar seus
túmulos.
Segundo ela, o problema básico da vida é que, nós, os humanos, não somos perfeitos.
Cometemos erros. Os astecas diziam: a terra é escorregadia, escorregadia.
Para evitarmos cometer erros, precisamos viver uma vida equilibrada em três níveis
diferentes: em nossas psiques, em nossos corpos e na nossa sociedade.
Isso é feito alinhando o coração – o yollotl – e o rosto – o ixtli. Por coração, ela quer
dizer os pensamentos e desejos. Por rosto, ela quer dizer a organização racional desses
desejos.
A vida feliz é alcançada por meio do equilíbrio.
O coração é uma metáfora para todos os desejos do corpo. Corpo é o mesmo que
mente. Vou explicar.
Cada região do corpo tem sua própria mente. Nossos olhos pensam de uma maneira,
nossos ouvidos de outra e nossa pele de outra.
Esse coração abriga a yolia, que é a nossa personalidade consciente. A cabeça abriga o
tonalli, nossa força de caráter e do nosso destino. E o fígado abriga o ihiyotl, responsável por
nossa respiração e saúde.
É por isso que, em vários dias do ano, além do Dia dos Mortos, os membros da família
devem ajudar o yolia – a personalidade – de parentes falecidos recentemente, em seus
santuários.
Depois de quatro anos, o yolia termina sua jornada e se reúne à energia fundamental
do universo, ometeotl.
Tudo o que resta do falecido é sua força de personalidade como tonalli, a força vital,
que pode ser invocada pela lembrança de seu nome.
A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias tem um programa para
procurarmos nossos antepassados, aqueles que não temos informação suficiente, ou que nem
sequer sabemos os nomes.
Esse programa cruza as pesquisas das pessoas que fizeram suas genealogias com
outras genealogias.
É só procurar em https://www.familysearch.org/pt/.
Impermanência.
Tudo muda.
Essa é uma lei que funciona em todo o nosso Universo. Em outros, não sei.
Dizem que Heráclito, de Éfeso, teria falado que nenhum ser humano pode banhar-se
duas vezes no mesmo rio, pois, na segunda vez, o rio já não é o mesmo, e nem mesmo o ser
humano.
Platão falou desse conceito, em seus livros, mas de outra forma. Ele pensava em
termos de natureza, incluindo, naturalmente, o ser humano.
Sabemos que as plantas se modificam com o passar dos dias, os animais, as árvores
com o passar dos anos, das décadas, dos séculos. As pedras, as montanhas, tudo muda ao
sabor dos tempos. E quando falo tempos, não é só o do relógio, mas também o climático.
Nossas percepções alteram quem somos, a cada instante, a cada nova percepção
sentida.
Uma nova sensação pode transformar nossa emoção. Por exemplo, quando nos
sentimos pressionados por um prazo no trabalho, tendemos a ficar menos tranquilos, mais
nervosos, mais ansiosos, mais inquietos, mais apreensivos. Isso pode acontecer de uma hora
para outra, pode nos mudar no átimo de tempo entre o saber do prazo exíguo até a conclusão
do serviço.
Então, com a tarefa terminada, relaxamos. Isso é uma mudança notável. Ela existe.
Ou quando estamos curtindo aquele calorzinho gostoso, e de repente esfria sem
esperarmos. Isso pode modificar nosso humor, achando que estamos sem casaco, que não
tinha como prever a mudança do tempo. Podemos nos sentir ácidos. Ou, quem sabe até,
podemos gostar da variação climática.
Em cada segundo, nossa mente e nosso corpo agem para produzir um propósito.
Jean-Paul Sartre respondeu: Lemo-los como sendo de outra época, e isso também é
diferente. (Simone de Beauvoir – “A Cerimônia do Adeus”, primeira entrevista.)
A grande biblioteca de Alexandria, uma das sete grandes maravilhas do mundo antigo,
foi saqueada por cristãos, que à época eram proibidos de frequentá-la. Eles então, à revelia,
queimaram uma porção de rolos e papiros, que eram os livros da época. E mataram muitas
pessoas que não seguiam o já não tão nascente cristianismo.
Minha própria Igreja, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, não é
protestante (evangélica), mas tem bastante imitadoras por aí, que se dizem mórmons.
Sem dúvida alguma, Jesus Cristo deve estar bem desgostoso da forma como o
interpretam hoje em dia. Creio que muitos punks são mais cristãos que aquelas pessoas que
batem com as escrituras no peito, ou a erguem no ar, falando palavras de ordem.
Meu pai era ateu, e fazia muitos atos de caridade que esses pseudocristãos sequer
pensam em realizar.
A questão é: o que originou a vida em nosso planeta: qual foi a primeira espécie.
Penso muito a respeito, e tenho chegado a uma conclusão que talvez não agrade a
todos. É a que se segue.
Não houve uma primeira espécie. A vida formou-se coletivamente, várias espécies
surgindo de maneiras diferentes. Assim, mesmo que a vida tenha iniciado na água, várias
espécies surgiram concomitantemente, não necessariamente ao mesmo tempo.
Creio que não tenha sido a água a única formadora de espécies, mas também os
outros elementos.
Pensamos na vida como sendo sempre baseada em carbono, mas ela pode ser vista a
partir de outros elementos, que não reconheçamos como vitais. O silício pode ter dado origem
a formas de vida minerais, que nós, humanos, não reconhecemos como vida.
Outros elementos existentes na Terra podem ter dado origem a outras espécies.
Quando as Escrituras, e várias religiões, falam em criação por Deus, podem estar dando uma
dica sobre essa possibilidade, de seres mais evoluídos que nós terem germinado nosso planeta
com diversas espécies, a partir de variados elementos, seja juntando-os, aglutinando-os,
mutando-os, ou simplesmente... criando-as.
É preciso acreditar.
O cético não.
Porém, o milagre cura. O milagre vem pela fé, algo inexplicável pela ciência
convencional. A neurociência diz que a fé atua numa região do cérebro que conecta a pessoa
ao inacreditável.
Temos que ter fé. Alguns tem fé numa estátua, outros numa figura pintada, outros
num santinho, outros nos elementos da natureza, outros na física atômica, outros na física
quântica, outros no darwinismo, mas, de um modo geral, todo ser humano tem fé em alguma
coisa.
Ter fé é não precisar de explicação. O dito é suficiente. Nem que seja precedido por
supostas explicações, por provas científicas, que sempre são superadas por novas provas. Mas
fé é assim mesmo: a gente acredita, e acabou.
A ilusão, o delírio, a lenda, o mito, a história, a lógica e a razão são todas a mesma face
da moeda. O outro lado é a realidade, inalcançável por qualquer ser humano. A fé é o único
meio de conseguirmos um feito real. E mesmo quando ele ocorre, não sabemos qual é o
resultado na realidade, pois está do outro lado da moeda.
Por isso, temos que ter fé que o aquecimento global vai se reverter, que as fontes de
energia renováveis substituirão as fontes fósseis. Temos que ter fé de que o dinheiro será
substituído pela confiança, que não precisaremos mais trabalhar para “ganhar a vida”, mas
para satisfazer nossas necessidades pessoais de cultura, de ajuda mútua.
Porque o maior inimigo do ser humano é o próprio ser humano. Precisamos ter fé para
reverter isso.
O botão da espiritualidade.
Poucas semanas antes de falecer, meu pai me segredou: - Quero ver como é
a passagem.
Ele se referia, naturalmente, à passagem desta vida para a outra.
Não seria estranho, a não ser no caso dele, que se declarara ateu durante
boa parte de seus dias na Terra.
As pessoas sempre têm uma grande curiosidade, ou ideia, a respeito do que
acontece quando se morre. Ninguém passa incólume a essa dúvida. Ela é própria ao ser
humano.
A espiritualidade existe em todos e pode ser desenvolvida. Ou sabotada.
Mas há um botão sempre pronto a desabrochar. Em alguns pode ser mais difícil, porém
sempre está lá.
O que ocorre é que nem sempre dá tempo na vida das pessoas dela se
traduzir em religião formal. Pode vir apenas em forma de filosofia, ou de simples boas ações,
como acontecia com meu pai.
A experiência direta.
Ao conversar com ele, faço-o com todo o respeito. Primeiro, invoco o Pai
dos Céus. Então, passo aos agradecimentos. Sempre temos o que agradecer: por mais um dia
de vida, por nosso corpo, pelas possibilidades que ele nos dá etc. Depois, peço. Às vezes
explico e dou minhas razões, a paciência é um atributo do Senhor. E termino em nome de
Jesus Cristo.
Por fim, o mais importante: ficar em silêncio para ouvir a resposta. Que não
será necessariamente verbal, como já disse em outra ocasião. E nem sempre virá no momento
em que esperamos, pois o tempo divino é diferente do nosso. Esse é o fundamento da
experiência direta com Deus. Eu a pratico com alguma constância e indico para todas as
circunstâncias.
Diz uma antiga teoria que esse mal apareceu com a urbanização. As
cidades exterminaram com os longínquos horizontes e o ser humano não precisou mais
enxergar tão ao longe. Não precisou e, com isso, perdeu a capacidade de ver, por si, as
extremidades do céu, do mar, da terra. Passou a usar lunetas, binóculos... e óculos.
Tudo isso nos levaria a crer que os nascidos e viventes do campo não
teriam nunca miopia. Não é verdade, pois o que se vê é gente apertando a vista para conseguir
enxergar, em vez de usar lentes de correção. Ora, no meio urbano mais pessoas fazem uso de
lentes de contato ou óculos porque estão mais próximas de pontos de consulta e venda.
Eu mesmo, uma época, mandei fazer óculos com grau menor, e passei a
fazer exercícios recomendados em livros voltados a esse assunto, por especialistas, a fim de
eliminar minha miopia. [Não podia, como os livros mandavam, simplesmente eliminar os
óculos, pois aí ficaria quase cego, vendo apenas vultos.]
Com o tempo, a gente passa a admitir o uso dos óculos. Nada melhor que
curtir uma armação nova, poder escolher entre a de metal ou de material plástico. Mandei até
fazer um par extra, uma época, com lentes escuras, para dirigir. Fora o par para leitura, cuja
necessidade adveio com a maturidade.
Destino.
Assim, tudo o que nos acontece é resultado do que fazemos, mas também
do que o Universo prepara para nós. Em outras palavras, o Destino nos dá uma determinada
vara para pescar e uma determinada lagoa, nós decidimos se vamos ou não pescar, como fazê-
lo, a que hora, como usar a vara, além do que Ele pode nos deixar mais ou menos peixes
disponíveis e nós podemos ser mais ou menos diligentes na pescaria, mais operosos ou
contemplativos... O resultado poderá ser múltiplo.
Tornar-se devoto.
tiveram fé.
Éter 12: 12
Ora, ninguém se torna devoto com uma explicação dessas. Ela pode servir
por um instante, ou dois, mas não permanece. Após o convencimento, uma contradição virá e
uma nova conclusão será tirada. O processo dialético é próprio da mente humana e não serve
para os propósitos da fé.
Quem cria animais sabe quando eles estão felizes. Um animal doméstico é
feliz quando sabe que tem um dono. Ele é feliz quando sabe atender ordens. Ele fica feliz
quando tem comida e água. Fica também feliz quando recebe carinho. E até quando dá uma
coçadinha ou lambidinha. Não é só quando está contente que ele é feliz.
Quando dou de comer a meus cães, costumo sempre que possível fazer
uma festinha neles: assim, comem com mais vontade e alegria, sempre abanando o rabinho. A
comida desce melhor e os nutrientes funcionam mais satisfatoriamente. É o mesmo que
acontece com o ser humano, que quando está risonho come melhor e o alimento se torna
mais nutritivo.
Minha filha tinha uma fêmea de anão russo, que é um tipo de hamster. O
bichinho foi vítima de um A.V.C. (derrame) e ficou arrastando as patas traseiras, com
deficiência no trato de uma das dianteiras. Ficou quase cega, ainda. Caso vivesse na natureza,
estaria totalmente perdida! Condenada à morte.
Todo ato possível para sua própria sobrevivência ela praticava. Mostrava-
se feliz com sua vidinha. Por que matá-la? Que direito teríamos para tanto? Resolvemos
mantê-la viva, e com todas as premissas para deixá-la o mais feliz possível.
O animal não tem as complicações criadas pela mente humana. Ele não se
revolta pelo destino que enfrenta. Sua psicologia é diferente, ele é muito mais adaptável que
nós às novas situações de sua vida e, portanto, muito mais apto a reconhecer sua felicidade.
Mesmo que nem saiba o que é isso.
O Carma.
Os hindus acreditam que vivemos o carma: somos, cada um de nós,
resultado do que fizemos em nossas vidas passadas. Três formas de carma existem: a primeira
é determinada no nascimento e termina nesta vida; a segunda fica latente enquanto se vive; a
terceira é o resultado final de como se age pela existência.
No fundo, todos convergem para uma coisa: não somos o que somos à
toa. Se vivemos com nossas alegrias, dores, presentes, é porque fizemos algo anteriormente
para merecê-los, seja antes ou durante nossa vida. Não é questão de culpa, mas de
consequência, pois, nem tudo que parece inicialmente ruim ou bom, o é realmente. E no dia-a-
dia, esse processo é contínuo, sempre ocorrendo os fatos de acordo com nossos atos.
Genesis 1;1.
Be: No, em o;
ROCh: vento, sopro;
BeRE: criar, criou, criará, criava,...;
ShTh: colocar, fazer, nomear, trocar, fundamento, base;
REShiTh: Princípio;
BaRO: criar, criou, criará, criava...;
ELoChIM: Deuses; deuses; Deus;
At: para;
ShaMa: o Céu;
ShaMaIM: os Céus;
Ve: e;
At: para;
AaReTz: a Terra.
Shalom.
Quando uma pessoa cumprimenta outra dessa forma, não é o mesmo que
dizer paz, porque se trata de uma paz diferente: não é contra o genocídio, mas algo muito
maior.
Shalom é uma palavra poderosa, concorrente a outras nas outras línguas. Mas
embora seja um cumprimento, é um desejo. Uma tradução melhor diria: a Paz do Senhor
esteja entre nós. Quando é dita pelo emissor, o receptor diria: que a Paz do Senhor esteja à
nossa volta, neste encontro.
É mais que a Paz do Senhor, é Shalom para o mundo inteiro. É uma palavra que
exige todo nosso respeito ao pronunciá-la. É como Namastê.
O infinito.
Nossa consciência não tem o poder de ver ou pensar no infinito. Por mais que
nos esforcemos, sempre esbarramos num ponto final, ou num horizonte. Nós intuímos o que é
o infinito.
Primeiramente, pensamos no que não para, que dura pra sempre, é constante,
contínuo, perene, perpétuo, que permanece.
Tudo muda porque tudo tem vida e assim o infinito sempre muda porque é um
organismo vivo. Se é um organismo, tem limites e, portanto, tem finitude, mesmo que não
consigamos perscrutá-la.
Se o infinito tem limites, então há múltiplos infinitos. Cada qual ocupando seu
próprio espaço e cada espaço contendo múltiplos infinitos. Essa é a ideia dos múltiplos
infinitos que se somam a múltiplos infinitos, que por isso se multiplicam em infinitos sem fim.
∞ + ∞ = 2 ∞ => ∞ x ∞ = ∞²//
∞® . ∞® = ∞°, onde ® é um número qualquer, e ° é um seu múltiplo.
Ode ao ateu.
Oh, como gosto dos ateus, que têm a coragem de não acreditar em Deus, ou
têm medo de acreditar. Eles não creem num Ser Superior. Vivem suas vidas ao léu,
independentes.
Quando falo em ateus, são os que não têm Deus algum, seja a Ciência, um
carro novo ou uma filosofia. Não creem em coisa alguma, não se apegam a nada.
Mesmo assim, não parou de praticar atos de caridade até o fim de sua vida,
digamos, uns dois anos antes de sua morte, quando teve Mal de Alzheimer, Mal de Parkinson e
seu câncer entrou em metástase.
Religiosos fanáticos diriam que ele morreu assim por não crer em um ser
supremo. Mas a doença é, por cristãos liberais, considerada uma provação, nunca um castigo.
Creio na religião que professo, creio que é a única verdadeira, sei que estou no
caminho certo. Também sei que muitos outros acham o mesmo de suas próprias. Há os que
creem em Algo Maior, mas não se submetem a nenhuma. Têm ainda aqueles que acreditam
que não creem em nada e há os ateus. Há também os que estão em vias de acreditar em
alguma coisa, contudo não sabem ainda em que.
Penso ainda que as sendas divergem e que outras convergem, porém ninguém
sabe quais irão para onde. Talvez algumas sejam mais longas, ou mais cheias de mudanças de
direções, enquanto outras sejam diretas ao ponto. Que ponto? Que pontos? Todas as religiões
do mundo têm o Olimpo e o Hades. Todas têm alguma recompensa, seja um paraíso, um
nirvana (saída do samsara), um espírito destituído de corpo, um corpo perfeito espiritual e
carnal, ...
A cura.
O que é mais importante, quando se está muito doente? A cura, para manter a
vida, ou ficar naquilo em que se acredita, e esperar pela resposta de Deus?
Vejo o exemplo de Bob Marley: ele tinha câncer no dedão do pé, mas sua
religião não permitia a cirurgia. Apesar dele prezar sua vida, respeitava sua crença, e não
operou. Seu corpo entrou em metástase, e ele morreu. Estava certo porque manteve sua fé no
que acreditava e foi com ela até o fim. Mas se fosse com o filho pequeno dele, será que teria
esse direito? Com a medicina de hoje ao dispor, proporcionando a cura para a criança?
Eis outro caso: a pessoa queria se curar a todo custo e participou de uma
operação espiritual não permitida por sua religião. E se curou.
Depois ele começa a separar e cria o politeísmo: Deuses relativos a cada parte
da natureza e talvez do espaço. Conhecemos igrejas politeístas como o Candomblé, a antiga
Greco-Romana, o Hinduísmo... Porém, mesmo essas, têm um Deus principal: Olorum, Zeus-
Júpiter, Brahman... o que nos faz pensar que, no fundo, são monoteístas.
Os muçulmanos creem em Allah como único Deus. Têm um profeta, têm seus
heróis, mas apenas oram para Allah.
Richard Dawkins, em seu livro Deus, um Delírio, diz que teólogos concordam
em dizer que o monoteísmo é sempre a evolução do politeísmo e do monoteísmo ele crê que
o caminho é para o ateísmo.
Opiniões.
Ele mesmo Se criou? Era um ser humano, que vivia num universo e se
desenvolveu de tal forma que se tornou um Deus. Não sei se foi antes ou depois do Big Bang,
neste ou num anterior universo.
Se o universo está se expandindo, ele não é infinito. E o que está além dele?
São outros universos ou o nada, o vácuo?
...?!?...
Seleção natural.
Para alguém que acredita em Deus, a seleção natural das espécies é algo que
está dentro de Seu plano. Não há porque o criacionismo deter as modificações naturais.
Ora, se Deus criou os primeiros seres vivos, os fez em eras diferentes, deixando
que se adaptassem ao meio-ambiente que se ia alterando. Da mesma forma, o ser humano
agora degrada seu próprio entorno e procura se adaptar a tanto, o que parece que não vem
dando muito certo...
Tudo é uma questão de crer. Se você acredita que um pedaço de cristal vai te
curar, mas não só acreditar, porém tiver fé, ele pode te curar. Se você tiver fé que o ser
humano descende do macaco e este dos seres aquáticos unicelulares, poderá morrer
pensando assim.
Muito tempo atrás, o teólogo Anselmo de Cantuária, que nasceu no século XI e morreu
no século XII, escreveu que, se a ideia de um Deus perfeito está presente na em nossa mente,
então Ele deve existir.
Porém, e se a pessoa for ateia? É aí que entra o pensamento de Anselmo. Mesmo que
ela não acredite no Divino, a ideia dEle está presente na mente dela e, portanto, deve existir
também na realidade.
Muito temerário, mas comum nas gentes que tentam convencer aos que não
acreditam, dizendo, por exemplo: como você pode não crer nEle, com toda essa maravilha à
nossa volta?
Comum também em quem diz o contrário, algo assim: como você pode acreditar nele,
com tanta desgraça à nossa volta?
Crença pessoal.
Sigo uma religião formal, na qual acredito piamente. Sigo todos seus rituais, creio em
suas doutrinas e respeito suas regras.
Na minha infância, a crença principal que eu seguia era, na verdade, a científica. Tinha,
dentro de mim, um sentimento de Deus, mas não seguia formalmente religião alguma, senão o
que dizia a ciência que eu aprendia na escola, com meu pai, minha avó, e com os livros, o
cinema e a tv.
Ficção científica, quando você lê muita, começa a encarar tudo como possível. E ela
pode sempre ser baseada na ciência de seu tempo.
Assim é com a crença religiosa: tudo passa a ser possível, baseado na sua fé.
Hoje respeito as outras religiões. E sempre que posso, busco conhecê-las, entendê-las
dentro do possível. Assim como às áreas da ciência, pois elas não são contraditórias no todo.
Digo dentro do possível porque não se pode dizer que se entende determinada crença
se não a viver cotidianamente, durante toda uma vida.
O que faço é apenas a busca do conhecer. E conhecimento nunca fez mal a ninguém.
Religião e Religio
Eles explicam que a palavra religião vem do latim vulgar relegere, que significa prestar
um culto, de experimentar um fervor apaixonado, como dizem Denis Huisman e André Vergez,
no livro Compêndio Moderno de Filosofia, volume I, A Ação, pág. 14. A edição consultada é de
1966.
Os antigos egípcios não tinham essa palavra para definir seus rituais e cultos a deusas
e deuses. Eram parte do estatuto do Estado. A religião, na verdade, fazia parte do cotidiano.
Ser um religioso significa acreditar em coisas sagradas, num aspecto sobrenatural. Tem
a ver com fé, muito mais que com convicção intelectual.
Tem que crer, sem nunca ter visto, ou ouvido, ou etc. É um acreditar sem explicação.
Toda religião tem que se basear numa revelação. E o fiel tem que ter sua revelação
pessoal nela. Se não houver esses princípios, não existe religião.
Como já dissemos, etimologicamente, religião tem a ver com prestar um culto, a uma,
ou mais divindades. De experimentar a sensação. De fazer isso com paixão inexplicada.
Incredulidade.
Podemos chamar de incréu aquele que chegou a se convencer, mas não pratica a fé.
Não a exerce.
Aliás, para se ter fé, tem mais do que ser convencido. Convencer é um ato racional,
intelectivo. Pode a qualquer momento ser contestado. Passa a ser apenas uma hipótese a ser
dialeticamente discutida.
Para a pessoa ser crédula, tem que acreditar sem precisar de provas. O crédulo, ainda
que lhe apresentem provas contrárias à sua fé, continua crendo. É um convertido.
O fanático vai além do fervor da fé. Ele quer impor o que acha que é certo, não
levando em conta a opinião dos outros. Pode até chegar a matar pessoas, só por não crerem
no que ele acredita. Ou no que acha que acredita. É um exagerado.
O iconoclasta é aquele que, além de ser incréu, sem necessariamente ser um incrédulo
no sentido teológico da palavra, destrói imagens religiosas, símbolos, livros, etc, só por serem
objetos de culto piedoso.
Quando o Genesis diz que Deus criou o mundo em seis dias, esquecemos que o livro
original foi escrito em hebraico.
Ora, YOM tem um significado amplo. Não se limita a dia, mas pode querer dizer época,
era, ou até, se quisermos, éon.
Mas quando digo aqui éon, não quero dizer eternidade, mas período amplo demais em
termos geológicos. É um período arbitrário, muito longo, que transcende a centenas de
milênios, muito mais do que isso. Mas não tem medida certa.
Portanto, nada impede que, no “dia” em que Ele tivesse separado as águas de cima
das águas de baixo, e deixado aparecer a terra, fosse a criação da Pangeia. E quando houvesse
criado as grandes baleias, fosse a era dos dinossauros. Ainda não havia a presença do ser
humano.
No sexto dia, na sexta era, finalmente, apareceram os seres humanos, os que criaram a
escrita, e que, finalmente, escreveram a Bíblia e os outros livros, sagrados e profanos.
Mais uma vez, não queremos dizer eras geológicas, mas de uma forma genérica,
simbólica.
Foi por isso que Moisés cunhou que Deus criou o mundo em seis YOM. Nada a
estranhar por ninguém. Por mais literais que queiramos ser. Basta buscarmos o original.
Para começar, não acredito em Destino. Nem em Fatalidade. O que está escrito nas
estrelas são possibilidades. Existem coincidências, mas nem tudo são coincidências. Acredito
no livre-arbítrio. Mas nem sempre dá tempo de o exercermos.
Como indivíduo, tenho uma Consciência. Ela tem livre-arbítrio. Essa, é minha primeira
tese.
Minha segunda tese é que, como indivíduo, minha Consciência está ligada à
Consciência Cósmica.
Até aí, nenhuma novidade. Nada que já não tenham dito antes, nestas ou em outras
palavras. Mãe-Natureza, Mãe-Terra, Cosmos, Universo, tudo tende a uma só ideia.
Entendemos que os animais também têm consciência. Não têm o raciocínio humano,
mas têm livre-arbítrio. Eles escolhem, por exemplo, se aceitam um dono. Se aceitam ser
domesticados. Mas não têm o dom da criatividade. A criatividade é exclusiva do ser humano e
dos Deuses.
Como diz aquela teoria, nada se cria, tudo se transforma. Ou como dizia o Chacrinha,
tudo se copia.
O ser humano tem uma consciência que pretende dominar o planeta, os outros seres
não humanos, e até mesmo os de sua própria espécie. Tudo depende do livre arbítrio de cada
um.
O que nos difere dos outros seres é nosso racionalismo. Nós criamos a linguagem e a
escrita, obras exclusivamente humanas. A arte. E a tecnologia. O racionalismo não criou a
matemática, descobriu-a. Apenas a decodificou, usando a criatividade.
Existe uma Consciência Coletiva, assim como há uma Inconsciência Coletiva. Dessa
forma, há um livre-arbítrio coletivo, uma responsabilidade coletiva, que parte da
responsabilidade individual.
Como disse Jean-Paul Sartre em seu discurso, relatado no livro L’EXISTENCIALISME est
un humanisme, na página 24, numa livre tradução pessoal, “quando dizemos que o homem é
responsável per si, não queremos dizer que ele o é individualmente, no sentido estrito, mas
que é responsável por todos os homens.”
Assim, o que pensamos, como agimos, seja conosco mesmos ou com outras pessoas,
ou com nossa comunidade, sociedade, nação, planeta, universo, interfere no que outros
indivíduos pensam e agem. Interferem em como a comunidade, a sociedade, a nação, o
planeta, o universo, pensa e age.
Porque existe uma Consciência Cósmica, una, que pensa e age sozinha, independente
e, acredito, ao mesmo tempo, dependente de nós.
Porque a Consciência Cósmica tem seu próprio livre-arbítrio, que nem sempre é o
mesmo que o meu, como indivíduo.
Porque, acredito, cada parte de meu corpo tem uma consciência própria. Mais ou
menos como os Astecas acreditavam. Todavia, vou além. Cada célula tem sua própria vida e
sua própria consciência. Cada molécula. Cada átomo. Cada quark tem sua própria vida,
consciência e livre-arbítrio, podendo seguir o que o cientista considera já determinado – ou
não.
Por outro lado, se pensarmos que podemos, como indivíduos, ter múltiplas
consciências numa só vida, teremos inúmeras maneiras de nos arbitrar, de acordo com cada
uma de nossas consciências.
Ou elas, em conjunto, podem decidir qual será minha escolha em cada situação. O
mesmo pode acontecer em todos os outros níveis, do quark ao multiverso.
Androides.
Um robô não pode ferir um ser humano
ou, por omissão, permitir
que um ser humano sofra algum mal.
ISAAC ASIMOV; Eu Robô
O ser humano tem ânsia de superação. Quer sempre estar acima e além de
onde já está. Assim, a criação de um similar, que tenha suas próprias características e ainda lhe
possa ser útil, é o grande motivo para pesquisas, descobertas e invenções.
A construção de computadores pessoais, a partir de 1976, mostrou ao
grande público ser possível arquitetar, calcular, pensar, enfim, com auxílio de máquinas. Cito
aqui o TK 2000, que era capaz de tocar música monofônica, composta pelo programador.
Sobre O Autor.
Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes é meu nome. Nasci às 4 e meia da manhã, do dia 4 de
abril de 1958, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo.
No final dos anos 1970 e início dos 80, publiquei uma série de livros de poemas, por
conta própria, na base do mimeógrafo e do off-set. Tentei fazer alguns para educação popular,
mas não foram para frente.
Enveredei pelas artes plásticas e pela música. Fiz várias exposições individuais e
participei de coletivas. Fui solista de guitarra e cantei, em várias bandas de rock que não
duraram quase nada.
Aí, recebi uma pequena herança e abri uma lanchonete que era também uma casa de
chá. Logo, minha esposa estava participando, até que, de repente, passou a cuidar sozinha do
local.
Nesse meio tempo, fui chamado como redator e repórter da Rádio Emissora de
Campos do Jordão. Depois, concomitantemente, fui empregado de diversos jornais escritos,
como diretor de redação, fotógrafo, editor, redator, repórter, diagramador, etc, tudo ao
mesmo tempo, já que eram jornais pequenos.
Nessa época, escrevi pra burro, tudo quanto eram notícias, editoriais, resenhas, entre
outras coisas. Mas nunca fui convidado para a Academia Jordanense de Letras.
Também trabalhei, uns meses, como jornalista da prefeitura, o que me garantiu uns
bicos em períodos eleitorais.
Como jornalista, fiz ainda alguns frilas e uma correspondência por três meses tórridos!
Noutra época, meus finais de semana eram tomados por uma galeria de arte de
Campos do Jordão.
Quando fui demitido da Rádio Emissora, comecei a trabalhar como advogado, e logo
fui chamado pela Sabesp, para a qual havia prestado concurso, em Caraguatatuba, onde
trabalhei como atendente a consumidores.
Moro atualmente no litoral norte do estado de São Paulo. Meus hobbies são: ouvir
discos de vinil, desenhar, fazer colagens, escrever, tocar violão, ler muito, e ver filmes e séries.
E fazer cursos e oficinas pela internet.
Alguns dias antes do Natal de 2021, tive um acidente doméstico em que quebrei o
ombro e o braço esquerdos. Soma-se a isso meus acidentes anteriores, no cotovelo e no
tornozelo direitos, e uma danação na coluna. Fora isso, estou bem. Fazendo eventuais
fisioterapias, me alimentando, etc.
Só a cabeça não anda lá essas coisas. Por isso escrevo, para preservar minha memória
para o futuro. Sim. Eu acredito no futuro.
Contato: leopoldopontes21@gmail.com
Foto by Fafí Pontes.
Livros e e-books de Leopoldo Pontes:
Finis
Índice: