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Lições sobre a Psicanálise.

TOMO 1 – GENERALIDADES.
Por

LEOPOLDO PONTES
CAPA: MANDALA Nº 1, DO AUTOR
Lições sobre a
Psicanálise.
TOMO 1 – GENERALIDADES.

Por

LEOPOLDO PONTES
“Durante a leitura, antes de se conectar com o livro e se perder entre as páginas
cheias de reflexões e sentimentos, você se conecta com você mesmo. E se as pessoas
interpretassem a leitura como um ato de se amar em solidão, um autocuidado? [...] O que
torna a solidão doída é a sensação e não ter ninguém. A arte é a prova de que estamos sempre
conectados – não apenas uns com os outros e com artistas que nem estão mais aqui, mas com
a grande consciência que nos habita.”

(FRED ELBONI, “Há sol na solidão”; in Arte, solidão, cuidado e conexão, §§ 4º. e
último.)

“Mme. O. L. P. disse-me, inconsolável, que o seu filhinho era bom de mais, não
acordava à noite, nunca chorava, e isso a enchia de appreenções.

- Meu Deus, que desgostoso ter-se um filho bom! Eu, queria que elle fosse
como todos... dei-lhe um beliscão que o marcou, mas elle, nem assim, chorou como eu queria...

E eu, aterrado:

- A Senhora acha mau ter um filho bom? Que pensará se elle for genial?

- Então a desgraça vai ser maxima... Que vergonha – me disse ella.”

(MARTINS FONTES, “FANTASTICA”; página 39 – empresa editora j. fagundes, 1937,


1ª edição.)
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Timestamp: 2022-11-04 08:53:33 GMT

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À Fafí
PRÓLOGO

Este compêndio tem um total de seis tomos:

1. Generalidades;
2. O imaginário, o simbólico e o real;
3. A busca pelo equilíbrio;
4. Questões filosóficas;
5. Dialética e polialética;
6. Ciências sociais.

Seu objetivo é apresentar minhas ideias a respeito da psicanálise em vários


aspectos, já que ela é uma ciência ampla, sempre aberta a novas especialidades.
Poderia ter mais volumes, mas aí aconteceria o que se sucedeu com Jorge
Andrade Lins de Almeida Passos [“Gabriel”], e eu nunca conseguiria terminar o
compêndio.
Por isso, fica em aberto a possibilidade futura de haver mais tomos. Ou não.
Tenho muitas coisas sobre o que escrever. Escrevo vários livros ao mesmo tempo,
e quando estou terminando um, só aí então, é que me dedico exclusivamente a
ele.
Espero que você não me ache um escritor entediante, pois tento fazer meus
livros da forma mais simples possível. Escreva para mim. Fale sobre suas ideias a
respeito do e-book.
Meu contato é leopoldopontes21@gmail.com.

Boa leitura.

L.P.

Caraguatatuba, 4 de novembro de 2022.


Sumário
LIÇÕES SOBRE A PSICANÁLISE – TOMO 1 – GENERALIDADES.....................................................7
O processo de se fazer terapia é um longo caminho....................................................................7
Lilith e Eva....................................................................................................................................8
Diagnóstico e personalidade .......................................................................................................9
1...............................................................................................................................................9
2.............................................................................................................................................10
3.............................................................................................................................................10
"Ninguém é insubstituível.”........................................................................................................10
A transcendência da loucura......................................................................................................11
Sobre a reintegração das pessoas com transtorno na sociedade...............................................12
Eu e Nós.....................................................................................................................................12
O Eu-Comigo e com o Outro.......................................................................................................13
Empatia: o olhar do Outro..........................................................................................................14
Livre arbítrio é uma grande coisa a se pensar............................................................................16
Dores emocionais.......................................................................................................................18
Dores sociais..............................................................................................................................19
Dor é vida...................................................................................................................................19
Por que somos agressivos?........................................................................................................20
Perdoar para se sentir mais leve................................................................................................21
Temos que parar de repetir os erros familiares.........................................................................22
Por que gostamos tanto de bolsas?...........................................................................................24
Não fazer nada pode ser bom....................................................................................................24
Quando os problemas crescem, é porque nós estamos crescendo...........................................25
Ser um homem é sentir a pressão de ser um homem................................................................26
Violência sexual contra o homem..............................................................................................29
Lgbt+fobia..................................................................................................................................29
Feminismo é para todos.............................................................................................................30
1.............................................................................................................................................30
2.............................................................................................................................................31
Dia Internacional Da Mulher: a grande dúvida...........................................................................31
Adendo:.....................................................................................................................................33
Futebol é pra mulher!................................................................................................................33
Leis atrasadas.............................................................................................................................34
Desperto.....................................................................................................................................34
Pulsa, coração!...........................................................................................................................35
Quando o ato é pleno, não existe repetição..............................................................................36
O negro e o preto; o vermelho e o rubro...................................................................................37
Amor, razão e emoção...............................................................................................................39
Loucos e o preconceito..............................................................................................................39
A palavra não é a coisa...............................................................................................................40
Querela dos Universais...............................................................................................................40
Um olhar sobre a miopia............................................................................................................41
A resposta não-verbal................................................................................................................41
Todo mundo usa um par de óculos............................................................................................41
Abandonando a apatia...............................................................................................................42
O centro e o círculo....................................................................................................................43
Felicidade...................................................................................................................................43
1.............................................................................................................................................43
2.............................................................................................................................................44
A ditadura da felicidade.............................................................................................................45
Felicidade e Alegria....................................................................................................................45
1.............................................................................................................................................45
2.............................................................................................................................................46
Rubicão......................................................................................................................................47
Ansiedade...................................................................................................................................47
Liberdade...................................................................................................................................48
Ser parte da massa de manobra.................................................................................................48
Para quê meditar?......................................................................................................................49
1.............................................................................................................................................49
2.............................................................................................................................................49
Tédio..........................................................................................................................................49
“Bons tempos aqueles...”...........................................................................................................50
Resiliência..................................................................................................................................51
O direito de estar só...................................................................................................................51
A mente corre............................................................................................................................52
Propósito....................................................................................................................................53
Pensar positivo?.........................................................................................................................54
Sentir-se mais inteligente...........................................................................................................55
Doenças e curas.........................................................................................................................56
Usar demais a cabeça.................................................................................................................57
Sempre em frente!.....................................................................................................................57
O que fica de tudo isso?.............................................................................................................58
Sobre o autor.............................................................................................................................59
Livros e e-books de Leopoldo Pontes:........................................................................................61
LIÇÕES SOBRE A PSICANÁLISE – TOMO 1 –
GENERALIDADES.
O processo de se fazer terapia é um longo caminho.

Há várias formas de se fazer terapia. Pode ser com um(a) psicólogo(a), um(a)
psiquiatra, um(a) psicanalista, um(a) terapeuta ocupacional, um(a) coach, etc.

Os profissionais podem ser voluntários, pagos por uma instituição ou por um governo.
Ou podem ser particulares, pagos pelo paciente. Aliás, essa, normalmente, tem sido a forma
mais convencional, pois o analisando passa a sentir a responsabilidade de não faltar às
sessões, já que está pagando por elas.

Porém, na verdade, o que conta é o sentimento de compromisso assumido entre as


partes, a saber, paciente e analista.

O tempo de tratamento pode ser fixo. Ou indeterminado, podendo terminar com uma
alta do paciente, ou não. Não pode ter pressa. Existem vezes em que há uma previsão de, por
exemplo, vinte sessões, que pode ser viável ou não.

A duração de cada sessão varia, de acordo com o terapeuta, ou com a linha


terapêutica que ele siga.

Há gente que considera bobagem, coisa pra pirado, pra quem não tem mais o que
fazer na vida. Não é. Trata-se de um procedimento saudável, libertador. É sinal de maturidade
mental e emocional.

Assim como tratamos da saúde fisiológica, fazemos exames de sangue, ultrassons,


vamos a médicos, dentistas, também podemos naturalmente buscar a ajuda de um
especialista em saúde mental e emocional.

Tem gente que vai escondido. Às vezes, temos vergonha de dizer que frequentamos
um especialista, pelo medo do estigma de sermos considerados loucos. Nós temos, em nosso
país, uma população que protege o doente físico, mas não o alienado mental. Pelo contrário,
teme-o, com medo de ser confundida com ele.

Aliás, hoje em dia passou-se a falar das doenças mentais, ou pelo menos da maioria
delas, como males emocionais. Troca-se a palavra, a expressão, em razão do preconceito.
Algumas continuam sendo chamadas de doenças mentais, como a esquizofrenia e outras
formas de psicose. Essas são as mais estigmatizadas.

Todos temos uma parcela de loucura, aqui ou ali, maior num aspecto que em outro,
mais aparente em alguns que em outros, mas todos somos mais ou menos loucos. Ninguém é
inteiramente são, nem de cabeça, nem de corpo, nem de espírito.

É o caso do autista: cada um tem um lugar dentro do espectro, e não tem


característica facial ou corporal que os acompanhe. Eles estão espalhados entre a população e
passam, de modo geral, despercebidos. A não ser por algum aspecto que os façam se sentir
estranhos.
Quem se acha perfeito é que mais precisa de tratamento.

Terapia é autoconhecimento.

Pode ser presencial, ou à distância, em geral via internet. Quando é à distância, pode
ser apenas pelo som, ou com câmera, o que é mais usual, pois as partes se comunicam oral e
visualmente. Isso pode dar uma valorização dos atos falhos e das percepções audiovisuais.

Por outro lado, existe a possibilidade de se fazer uma terapia por escrito, tipo chat,
que muitos terapeutas desaprovam, mas que, para certos pacientes, pode ser mais
confortável, por uma razão ou outra.

Podem ser mais de um terapeuta ao mesmo tempo e um paciente, mais de um


terapeuta com vários pacientes ao mesmo tempo (terapia grupal), um só terapeuta com vários
pacientes ao mesmo tempo (também chamada de terapia grupal), um terapeuta com
pacientes que mantenham uma relação amorosa entre si (conjugal) e, finalmente, a terapia
individual, onde um único terapeuta atende a um único paciente.

Vou falar do último caso, onde um terapeuta, de qualquer sexo, atende a um paciente,
de qualquer sexo.

A terapia requer, no maior dos casos, distanciamento entre as partes. Elas não podem
se tornar amigas, assim como não podem ser amigas antes de começar a terapia. Elas têm de
ser desconhecidas entre si.

Podemos desconfiar de entregar nossas vidas a um estranho. Mas não é um estranho,


nem um amigo, é um analista.

Relacionamentos românticos entre pacientes e terapeutas são antiéticos, e altamente


desaconselhados pelos especialistas.

O contato entre as partes só pode acontecer nas sessões. Ou para completa-las, como
um e-mail contando algo que tenha sido pedido pela terapeuta, tipo um trabalho de casa, um
bordado, um trabalho manual. Ou por qualquer meio telefônico, a fim de combinar qualquer
coisa relacionada às sessões.

Um paciente pode convidar sua terapeuta para uma festa de aniversário, ou para um
café ou um jantar, por exemplo, mas esta não deve aceitar. O relacionamento deve ser
estritamente profissional.

Podem se cumprimentar na rua, caso desejem, mas não podem parar para uma
conversa social.

Normalmente, apenas o paciente se abre com a terapeuta. Ele deve evitar mentir,
mesmo porque isso apenas o deixaria em situação pior para ele mesmo, prejudicando a
terapia.

A terapeuta pode, num tom casual, contar algo de sua experiência pessoal, ou até
profissional, sem citar a fonte, o que ajuda, em muitos casos, mas isso não pode se tornar um
hábito. Senão, a situação entre ambos se inverteria. E o resultado iria para o buraco.

Às vezes, permanece um silêncio durante a sessão. É perturbador, mas serve para o


paciente pensar no que acabou de dizer. Ou porque o terapeuta não tem uma resposta
imediata. Se os períodos de silêncio ocorrem em demasia, é melhor trocar de terapeuta. Essa
é, pelo menos, a minha opinião.

Todavia, existe a escuta atenta do terapeuta, que é ouvir tudo o que o analisando tem
a dizer, intermediando com frases e interjeições que mostrem seu interesse.

Freud chamava de psicanálise selvagem, aquela em que o psicanalista tentava uma


resposta rápida ao problema do paciente, pensando no que ia responder, enquanto ouvia, em
vez de escutar, escutar, escutar.

Pode existir um desgaste da terapeuta. É quando ela não sabe mais o que fazer com o
paciente e, na maioria das vezes, dá-lhe alta. Ou, se for mais conscienciosa, o encaminha para
outro profissional.

Um paciente deve aprender a fazer terapia. Deve saber usar da sabedoria e da


experiência da terapeuta, em vez de, simplesmente, ir lá e esperar que as coisas aconteçam.

Não é bom também fazer listinha de assuntos. Acaba tornando-se improdutivo, pois
não se vai fundo nas questões. Embora o analisando possa achar que esteja aproveitando
melhor seu tempo, não está. O mais viável é ir com um tema e deixar que flua naturalmente
durante a sessão. Ou ir sem tema nenhum, e deixar que as coisas aconteçam.

Mas, nesse último caso, corre-se o risco do silêncio. Mútuo, se a terapeuta não tiver
traquejo para iniciar uma conversa, além do “como passou sua semana?”.

O paciente tem que aprender a se expor. Se não sentir confiança em relação à outra
parte, não há porque continuar com aquela. Tem que trocar. Mas deve conseguir empatia. Isso
requer uma dose de vulnerabilidade entre os dois. Dessa forma, um desenvolvimento lento e
gradual poderá acontecer, e durar assim por muitos anos.

Lilith e Eva.

Na cabala judaica, aprende-se que, antes de Eva, o Senhor fez Lilith do barro, tal qual
Adão. Era para serem companheiros iguais, já que tiveram a mesma origem.

Não se fala quem foi criado primeiro, pois o Senhor está além do Tempo, e para ele
não existe passado, presente e futuro. Ele vive num estado em que essas coisas são
dispensáveis.

Assim, Lilith foi a primeira esposa de Adão.

Por ter sido criada do barro, tal qual Adão, não admitia que seus direitos e deveres
fossem distintos do homem. Considerava isso uma injustiça, e lutou para ter seus direitos
garantidos.

Assim, na relação sexual, ela considerava que ambos deveriam ter o mesmo direito de
gozar, ambos deveriam ter o direito ao prazer. Por isso, ela não via erro em ficar por cima, e
Adão e Lilith tinham um prazer mútuo. Além disso, ela ponderava que seus direitos não eram
definitivamente respeitados.

Porém, segundo a cabala judaica, isso lhe foi posto como erro, e por castigo Lilith foi
mandada para o inferno, onde se juntou a um demônio, e teve inúmeros filhos demoninhos.
Por sua vez, Adão foi colocado num sono profundo e, de sua costela, foi formada Eva,
que seria sua adjutora. Direitos e deveres semelhantes, mas diferentes. Adão gostou da troca,
e passou a ficar por cima na relação sexual, o que era a posição admitida pelo Senhor, segundo
a cabala judaica.

Uma variação da cabala judaica diz que Lilith jovem tem um marido demônio, e Lilith
velha tem outro (marido demônio).

Na verdade, toda mulher tem dentro de si Lilith e Eva, em potência. São Lilith quando
lutam pelos seus direitos de igualdade de gênero, etc, e são Eva quando são esposas e
mulheres que se adaptam à sociedade. Ambas são complementares, e uma não pode
suplantar a outra.

As feministas são comparadas a Lilith, e muitas delas avaliam isso como um ponto
saudável.

Para um casamento ser feliz, o homem deve ter uma mulher que saiba quando ser
Lilith e quando ser Eva. E a mulher deve saber escolher um homem que consiga obter gosto
pelas duas em uma. Isso porque o homem também tem, dentro de si, duas facetas
complementares, a do trabalhador e a do amante. Por exemplo.

Adão teve com Eva inúmeros filhos, sendo os mais conhecidos Caim, Abel e Seth.
Desses, Caim foi o que caiu em erro e não se arrependeu. Abel foi vítima de fratricídio por
Caim. Seth nasceu para compensar a perda de Abel. Mas depois houveram outros filhos e
filhas para habitar na Terra, crescerem e multiplicarem-se.

Diagnóstico e personalidade .
1.
Quando o especialista dá ao paciente um diagnóstico, ele se baseia num livro, o DSM
(Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que vem sendo atualizado, mas
cuja criação deveu-se a acharem que o mal psíquico deveria ser compartimentalizado, a fim de
facilitar seu tratamento.

A base da criação do DSM é fazer a terapia se tornar uma ciência mais próxima às
exatas, mas há um movimento, o “stop-DSM”, que considera esse sistema muito falho, e
pretende destarte formar para cada paciente uma personalidade própria, independente de
rotulações.

O diagnóstico baseado no DSM diz como a pessoa se porta, o porquê dela ser assim,
seu comportamento e modo de pensar.

O paciente, em qualquer tipo de doença, deve ser tratado levando em conta todos os
seus dados pessoais, quero dizer, não só o que aparece superficialmente, em exames, por
exemplo, mas em conversas, terapias de várias formas.

O fito é que ele seja tratado não só organicamente, biologicamente, mas em suas
funcionalidades mentais. Também deve-se observar o meio em que ele vive, e trata-lo a partir
daí. Deve ser levado em conta seu aparelhamento espiritual, não necessariamente religioso.
Isso importa em certo grau para as pessoas, pois todos, em geral, tem indagações a respeito
do existir.
Se o paciente não estiver na mão de um bom especialista, sua personalidade será
desinventada, sua criatividade desacreditada, não podendo expandir-se pessoalmente.

É como no Direito: não se pode dizer que dois casos são iguais. Ora, são sempre
diferentes, por símiles que pareçam. Assim como o resfriado de junho não é igual ao de
dezembro.

2.
Cada um de nós tem uma personalidade diferente. Somos peças únicas, não existe
molde. Por mais parecidas que sejam duas pessoas, suas personalidades serão distintas.

Pois algumas têm sua personalidade forte, dominante, enquanto outras são passivas.
Na verdade, há um espectro que vai da mais ativa à menos. E cada qual tem seu lugar na
sociedade.

Ocorre no DSM que, cada vez mais, aspectos desse espectro são determinados como
doenças mentais, cada pormenor é identificado como um espécime sombrio.

Ora, tais sombras têm nomes como esquizofrenia paranoide, transtorno afetivo
bipolar, depressão leve, depressão profunda, euforia, entre outros diversos e diversos.

No final, as personalidades são o que nos tornam o que somos: humanos...

3.
Hoje em dia muitos estados emocionais ou mentais são classificados como
“transtornos mentais”.

Entre os mais citados estão a depressão, a ansiedade, o transtorno de déficit de


atenção, a insônia, a bipolaridade, a adicção, o alcoolismo, a esquizofrenia em suas várias
formas, entre outros não menos importantes.

É comum o hospedeiro de um transtorno ter associado outros ao principal, o que torna


difícil um diagnóstico do seu quadro psiquiátrico total. Para ser correto, o especialista deve ter
em mente que um transtorno nunca aparece sozinho, mesmo podendo ser o principal. Podem
haver muitos outros em menores graus.

Também é usual a dificuldade de se obter o diagnóstico da doença principal, pois


muitas vezes uma é confundida com outra. As características apresentadas pelo paciente
podem ser dúbias, se o profissional não for bem preparado para o ofício. As consequências
podem ser muito perigosas, podendo levar o hospedeiro ao suicídio, ou à morte, por troca
súbita de medicamentos.

Adendo

Há a personalidade e os transtornos. “Você não é a sua doença” (Amanda Ramalho,


dona do podcast “esquizofrenoias”). (Ouvido em 20/6/2020.)

"Ninguém é insubstituível.”
Essa frase é dita por pessoas que, normalmente, acham que têm algum poder de
mando. E normalmente elas têm, pouco ou muitíssimo, variando em graus. E sentam sobre seu
trono de poder.

São pessoas que não possuem o mínimo amor pelos seus semelhantes, estejam estes
acima ou debaixo de sua posição hierárquica.

Detesto essa frase!

A Fafí me contou, algumas vezes, que, quando era criança, nas festinhas, na hora que
ela ia pegar um refrigerante, só havia sobrado a água tônica. Ninguém gostava de água tônica,
a não ser misturada com gin ou como remédio.

No entanto, de tanto tomar, ela acabou pegando gosto, e hoje é um de seus refris
favoritos. Ela, inclusive, qualifica marcas e tipos. É uma connaisseuse.

A água tônica, desprezada antigamente, é hoje artigo de conhecedores e


colecionadores. De um refrigerante menor, tornou-se objeto de respeito e de degustação.

Porém, gente não é assim.

Cada um tem seu próprio valor, seus defeitos e qualidades. Claro, como já disse em
outro lugar, tem gente que tem o diabo no corpo, mas são exceções. Precisamos encontrar as
benesses em cada um e descobrir que, afinal, cada uma é uma. Não tem uma igual à outra.
Cada pessoa tem suas características, sua personalidade, sua unicidade.

Ninguém é substituível.

A transcendência da loucura.

O que é um louco? É alguém que não suporta a mediocridade do cotidiano, e busca


uma forma de transcendentalizar.

Essa transcendência é uma superação, e pode ser obtida por qualquer pessoa,
voluntariamente ou não.

Qualquer forma de vida tem sua maneira de se subtrair ao meio cruel em que habita.
Quando a realidade nos parece como uma Medusa, não podemos olhar para ela ou nos
tornaremos estátuas de pedra. Ninguém quer ser uma estátua de pedra. Por isso, poucos
olham para a mulher com cabelos de serpentes. Quem o faz, nunca mais produz nada, torna-se
escravo da sociedade, não contesta, não contribui, não sai de seu posto de morto-vivo...

Por isso a necessidade de sermos loucos. Um pouco, pelo menos.

Para tanto, cada qual tem sua maneira de enlouquecer: alguns escrevem, outros
tocam algum instrumento, outros imaginam propagandas incríveis ou realizam filmes
alternativos, fazem animações, outros usam drogas lícitas, como o cigarro e o álcool, ou ilícitas,
ou assistem tv, ou vão dormir, sonhar, sonham acordados, fazem revoluções, meditam, entre
outras coisas.

Meditar, por exemplo, é bom. Você tem um pensamento, pensa, vai se destituindo de
seus pensamentos, vai deixando a cabeça vazia, até transcender.
No entanto, existem pessoas que têm, naturalmente, o que chamamos de transtorno
mental. Elas não podem usar drogas, pois exacerbaria seu potencial, principalmente se forem
inteligentes, podendo entrar em viagens sem retorno. E passarem o resto de suas vidas fora do
real. E há os loucos furiosos, que é uma outra história.

Mas o que é real? Cada um de nós tem uma percepção diferente da realidade.
Ninguém sabe de verdade o que existe mesmo ou não.

O que quero aqui é falar sobre a transcendência. Transcendentalizar é sair da


mediocridade cotidiana e entrar numa realidade superior, onde somos mais perenes, criativos,
imaginativos, mais próximos de uma Energia que nos desoprime, nos liberta.

A transcendência é a liberdade. A loucura pode nos oprimir, pode nos fazer sofrer. Nos
faz sofrer. Dentro de nós mesmos e diante da sociedade. Se as pessoas percebem que somos
loucos, nos evitam. Todavia, um louco reconhece outro louco. E aí podem se dar bem. E ambos
se entendem na transcendência da loucura.

Sobre a reintegração das pessoas com transtorno na sociedade.

O tratamento de qualquer doença não deve se restringir aos medicamentos, porém


unida a outras formas.

Assim também as doenças mentais, em que as terapias são bastante importantes,


como o acompanhamento de um psicólogo e de uma terapia ocupacional, entre outras coisas,
conforme o caso.

O mais importante é a reintegração do paciente à sociedade, nunca seu confinamento.


Este é pernicioso para ambos, pois desincorpora as pessoas de seus familiares, amigos,
conhecidos, colegas de trabalho ou atividades em geral.

Entretanto, a própria mídia relata o portador de transtorno mental como louco,


violento, imprevisível, desconfiado. Pior, trata a doença mental como algo de que se tenha que
ter vergonha e culpa.

Mesmo pessoas que tenham passado por uma fase assim e se curado, se sentem
obrigadas a esconder o fato, já pelo estigma provocado pela sociedade e, principalmente,
pelos meios de comunicação. Estes, pouco têm feito a respeito. Pelo menos nada significativo,
como fazem com outros tipos de males, como câncer, por exemplo.

O preconceito é muito grande, igual à homofobia e ao racismo.

Será que vai precisar de lei para acabar com isso?

Eu e Nós.
Existem duas personalidades principais: a pessoal e a social.
A primeira é a do Eu, a do indivíduo, com nossas particularidades e o que nos torna
únicos.
Somos um na multitude, únicos na complexidade pessoal. É o que nos garante a
sobrevivência.
Depois vem a segunda personalidade, a social, a que nos coloca na teia, na sociedade,
que nos garante a sobrevivência como espécie.
Se a primeira necessita do amor próprio, a segunda precisa do amor entre os
semelhantes, ou melhor, entre os diferentes.
Semelhantes porque somos da mesma espécie, mas distintos porque somos cada qual
um indivíduo que tem que aceitar as diferenças do outro, para bem se posicionar na teia
social.
Caso não ocorra de maneira correta, surgem os guetos, o preconceito. Aí a espécie
sofre, o indivíduo sofre, e tudo fica fora de lugar.

O Eu-Comigo e com o Outro.

Temos uma individualidade, uma propriedade pessoal, um íntimo, que gosto de


chamar de eu-mesmo, ou eu-comigo.

Nosso eu-mesmo é percebido por todos os sentidos de nosso corpo, o que chamamos
de percepção sensorial. Mas também por suas extensões.

Podemos considerar uma extensão de nosso corpo este teclado que uso para escrever,
como sendo uma extensão de meus dedos, de minhas mãos. Um lápis ou caneta, poderia
também ser uma extensão. Assim como o papel em que escreveria, ou a tela do computador,
que fica na frente de meu rosto.

Nosso eu-mesmo é, igualmente, percebido emocionalmente pelos nossos


sentimentos. No caso, referentes ao ato de escrever, o que sentimos, ao pensar no que
escrevemos. O que sentimos sobre como digitamos, se com um dedo só, se com os dedões no
celular, ou se com todos no teclado do laptop. Ou se de outra forma.

As nossas emoções, considero uma extensão de nosso corpo tão importante quanto
nossas percepções sensoriais, pois elas – as emoções – dão sentido à nossa vida.

Poderia falar das extensões espirituais, mas aí complicaria demais o texto. Fica para
uma outra vez.

Nosso eu-comigo tem que estar atrelado ao outro, que pode ser uma pessoa próxima a
nós, ou duas, ou cinco, por exemplo. É a pessoa amada, a companheira, a amiga, a família
próxima, os amigos mais próximos – os que cabem na mão esquerda – a não ser famílias com
mais filhos.

Sem o outro, não temos uma reflexão crítica e amorosa sobre nós mesmos, sobre
nosso eu-mesmo.

Esse nós, mistura do eu com o outro, deve se relacionar com a comunidade. Que nos
influencia, e sobre a qual exercemos, de uma forma ou de outra, nossa influência pessoal. Ou
também influência de dupla, ou de grupo.

Essa relação existe, no mínimo, pelos exemplos de como vivemos, como falamos,
como nos portamos um com o outro. O eu-mesmo com o outro.

Há um eu-social, que é como me relaciono com a sociedade, de uma forma mais ampla
do que com a comunidade. Chamo aqui de sociedade a reunião de múltiplas comunidades. É já
a nação, por exemplo. No caso do Brasil, pode ser um estado, como São Paulo, ou Alagoas, ou
um pedaço do Amazonas. Estados grandes são várias sociedades. Mesmo cidades grandes,
podem ser compostas por várias sociedades.

O eu-social pode se sentir intimidado, limitado em suas extensões pela censura


imposta pela sociedade. Essa censura pode ser intelectual, moral, espiritual, emocional, e até
sensorial.

Por exemplo, uma censura intelectual seria nós não podermos expressar nossos
pensamentos como gostaríamos, sob pena de sermos rechaçados pelos outros. Pelo outro-
social.

Ao mesmo tempo, o eu-social pode se sentir libertado, sentir seus horizontes mais
abertos. Pode ser uma relação que nos amplie intelectualmente.

A sociedade pode nos dar cursos gratuitos. Ou pagos, se tivermos condições para
tanto. Pode nos dar escolas, creches, universidades, bibliotecas, museus de arte, históricos.
Podemos ampliar nossos horizontes, principalmente quando a sociedade é democrática e livre.

A libertação pode ser também moral, espiritual etc.

Por fim, há o eu-global.

Nesse, sofremos mais limitações que libertações.

Qualquer um pode citar a internet como exemplo. Ao tempo em que nos instruímos,
fazemos cursos, baixamos livros, nos divertimos com bons filmes e boa música, também
podemos ser estragados com a má influência de porcarias que circulam pela internet. Temos
que saber filtrar, o que nem sempre é fácil.

Da mesma forma, constantemente colocamos nossos dados pessoais na rede, e o que


fazemos, uma única vez, fica marcado para sempre, na memória globalizante da internet. Seja
uma fotografia, um nome, um apelido, um endereço, nosso CPF ou RG. Isto é. Uma única vez
que coloquemos qualquer dado, foto, ficará para sempre na nuvem, enquanto existir a rede,
seja a internet ou a que a ela sobrevenha.

Precisamos aprender. Desde a relação do eu comigo mesmo, através do


autoconhecimento, até ser um eu-global digno. E discreto.

Empatia: o olhar do Outro.

A questão da empatia é algo que se tornou viral nos dias de hoje. Todos falam sobre
isso, em todo lugar.

É tão simples que não é nada simples.

É estarmos olhando as coisas sob a perspectiva do outro. Isto é, se estamos


conversando com alguém, devemos entender o que aquela pessoa está falando como se
fôssemos ela mesma.

É estarmos no lugar dela.


Cada ser humano é único. Ninguém é comparável a ninguém. Pode nos fazer lembrar,
mas é só isso, não é igual.

Não adianta nada se tentarmos entendê-lo com os nossos valores, nosso ponto de
vista, com a nossa própria perspectiva de vida, mas aprender a pensar, sentir, como ele.

Não é uma ação mental, intelectiva. É mais de sentir, compreender emocionalmente o


que aquela pessoa está arrazoando, sentindo, ao dizer aquilo.

Devemos aprender a ouvir primeiro. Ponderar, antes de tentar dar uma resposta.
Esperar, nos entregar à audição, respondendo o mínimo possível.

Depois de escutar tudo o que a pessoa tem a falar, ou desabafar, aí é que poderemos
dar o nosso palpite, o nosso pitaco.

Ao responder, devemos entender primeiro a perspectiva de quem está conversando


conosco.

Conversar é saber escutar, ponderar, e responder com responsabilidade. Se somos


interrompidos, devemos entender que nossa fala não será mais ouvida, se tentarmos
continuar.

É melhor esperar. Deixar de lado o nosso egocentrismo.

A empatia é isso. É mais que apenas ouvir, é ouvir sentindo o que o outro sente. É
saber que nossa resposta tem que ser responsável. Se não sabemos o que dizer, sejamos
sinceros. Dizemos que, por hora, não sabemos nada. Mas vamos pensar nisso. E saímos de lá,
realmente pensando no assunto, como resolver.

Ou ainda melhor. Pode até ser o momento de um pensar juntos, de um raciocinar


juntos, de um arrazoamento mútuo, de estarmos envolvidos numa só emoção. Ela pode ser
algo que una ambas as emoções.

Não é porque estou falando aqui, que acho uma situação fácil.

Algumas pessoas podem ter o dom. Mas, no geral, temos que treinar muito, aprender
muito.

Normalmente, se passamos nossas vidas sendo muito criticados por nossos atos, ou
por como somos e pensamos, ou nos portamos, torna-se mais difícil sermos empáticos.

Se estivermos demasiadamente centrados em nós mesmos [egoísmo], dificilmente


conseguiremos ter empatia, pois apenas estamos interessados em participar de nossas
próprias necessidades.

Não é fácil.

Mas pode acontecer.

Basta querermos de verdade.

É algo que pode ser desenvolvido, treinado.

Pouca empatia nos leva a ter dificuldades em construir relacionamentos, já que nos
excedemos no julgamento do outro, e não aceitamos um ponto e vista distinto do nosso.
Primeiramente precisamos nos autoconhecer, reconhecermos nossos próprios
sentimentos e emoções, analisando os resultados mais fortes e os mais fracos.

Depois, começamos a fazer pequenos atos de generosidade, como abrir a porta para
alguém, carregar um pacote para outra pessoa, mesmo que ela não peça, só para ajudar, sem
esperar por nada em troca.

Por fim, passamos a trocar ideias com pessoas que tenham opiniões diferentes das
nossas, e em vez de retrucar, ouvimos pacientemente, tentando entender o ponto de vista
dela. Não querer ter sempre razão. Permitirmos mudar de ideia.

Se for o caso, um pequeno toque físico, como um afago na mão, ou um abraço. Muitas
vezes, o indivíduo ´não quer uma resolução, apenas ser ouvido, sem julgamento ou pressão.

Livre arbítrio é uma grande coisa a se pensar.

Poder escolher, entre uma ou outra opção, pode ser um martírio para algumas
pessoas. Elas não conseguem se decidir se querem tomar banho quente ou morno, por
exemplo. Mas é um direito que temos, principalmente quando se multiplicam as opções.

Isso me lembra de quando tínhamos uma casa de chá. O cliente chegava e pedia uma
coxinha, digamos. Eu dizia:

- Pode escolher, é mais gostoso.

Ele respondia: - Qualquer uma!

Eu sempre insistia, e, em minha juventude, não percebia o quão doloroso, ou inútil,


pode parecer, para algumas pessoas, ter que fazer uma escolha. Ainda que seja de algo tão
prosaico.

Pessoalmente, acho tão bom selecionar qual salgadinho queremos. Um é diferente do


outro, sempre tem um que é mais tostadinho, ou que tá mais clarinho. É gostoso optar.

Poder escolher qual sabor de sorvete iremos tomar, qual roupa iremos vestir, que
horas iremos dormir, tudo depende do que chamamos livre arbítrio (free will).

Há quem acredite no maktub, isto é, que tudo está escrito no universo. Que não
existem coincidências. Ou que só existem coincidências. Que o que acontece é porque já
estava determinado a acontecer. Que não temos autonomia alguma sobre o que vamos fazer,
ou pensar. Que Deus, ou o Universo, impõe nossos anseios. Que não temos vontade própria.

É o fatalismo.

Uma matéria do site The Conversation (https://theconversation.com/will-i-or-wont-i-


scientists-still-havent-figured-out-free-will-but-theyre-having-fun-trying-132085), de 27 de
outubro de 2020, publicada às 14h31’, informava que cientistas estão tentando provar que o
livre arbítrio não existe.

Segundo a matéria, podemos duvidar se temos controle sobre nossas próprias vidas
(control over our own lives).
Tudo começou (segundo a matéria) em 1983, quando o fisiologista norte-americano
Benjamin Libet conectou pessoas a um aparelho que media suas atividades cerebrais e
musculares.

Benjamin pediu a essas pessoas que flexionassem o pulso sempre que quisessem. Em
seguida, elas tinham que observar o momento em que percebessem pela primeira vez sua
intenção de flexionar o pulso.

Essas pessoas tinham que fazer isso lembrando-se da posição de um ponto giratório no
mostrador de um relógio.

Ele descobriu que, a atividade cerebral, acontecia aproximadamente meio segundo


antes das pessoas relatarem suas intenções de flexionar o pulso.

A conclusão de Benjamin foi que talvez os cérebros dessas pessoas já haviam decidido
se mover, meio segundo antes delas se sentirem conscientes disso. Era uma prova do livre-
arbítrio.

Pesquisadores começaram então a arguir que, a ideia intuitiva de que temos uma
consciência distinta de nossos cérebros, poderia estar errada. Nesse caso, uma intenção é uma
consequência, e não a origem da atividade cerebral.

No entanto, foi questionado, se flexionar o pulso é realmente uma decisão. Não uma
ação alternativa. E se podemos realmente julgar o momento de nossa vontade com tanta
precisão.

Considerou-se que talvez o estardalhaço fosse muita coisa por nada.

Poderíamos dizer não ao que o cérebro quer fazer? Isso nos daria um livre arbítrio.

Para tanto, um novo estudo pediu para que voluntários jogassem contra um
computador. Esse computador teria sido programado para prever suas intenções a partir de
sua atividade cerebral.

Esse novo estudo descobriu que os voluntários poderiam cancelar suas ações, se o
computador descobrisse o que pretendiam fazer, pelo menos até mais ou menos duzentos
milissegundos antes da ação, após o que, já era tarde demais.

1
Vale lembrar que se trata de um quinto de segundo: ( ¿s.
5
Fica a pergunta: a decisão de não fazer é tão diferente da de fazer?

Quer dizer, pensar em não realizar alguma coisa, é tão diferente de pensar em
realizar? Digo que, afinal, decidir que não quer mais casar, em cima da hora do casamento, é
diferente de decidir casar, após meses de preparação, ou depois de um consentimento mútuo.

Segundo a matéria, há sempre fatores dentro de nós que influenciam nossas escolhas,
como nossas decisões anteriores, nossas memórias, nossos desejos, vontades e objetivos.
Tudo está representado no cérebro.

A maior parte de nossas decisões são mais complexas que simplesmente mover ou não
o pulso.
Fazer uma compra, casar-se, são escolhas que realmente importam. E, para tanto, elas
exigem muito mais atividade cerebral.

Mesmo uma compra por impulso exige uma preferência.

A decisão é, portanto: o momento em que alcançamos um resultado, ou todo o


processo em que levamos a alcança-lo? Eis a questão da existência, ou não, do livre arbítrio.

As escrituras cristãs de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ensinam
que Deus forneceu ao ser humano o livre arbítrio para todos os seus momentos, e que isso
determinaria a sua vida.

O Corão é fatalista. Para ele tudo é determinado por Mohamed.

O Talmud não dá uma palavra final. Os judeus vivem estudando e discutindo, sem uma
conclusão.

O Bhagavat Gita, assim como os ensinamentos budistas, acredita no livre-arbítrio, de


uma forma geral. Isso porque alguns hindus e budistas são fatalistas. É tudo uma questão de
interpretação das escrituras.

O Cristianismo, conforme a religião, se divide.

Os antigos greco-romanos eram fatalistas, acreditavam que tudo estava previamente


determinado. Pelo menos os religiosos.

Dores emocionais.

Essas são diferentes das dores físicas.

Elas se assemelham com as físicas porque podem criar situações em nossa alma tal
qual as físicas causam em nosso corpo.

Mais ainda. Elas podem afetar corporalmente de tal maneira que a dor da alma cria
dores físicas, que nenhum médico consegue curar. Elas podem nos adoecer fisicamente. São as
dores somáticas.

Quando Freud cuidou de pessoas que sofriam de histeria, era exatamente o caso: elas
não tinham o problema físico, mas um mal psíquico, que arremedava o problema de paralisia,
ou afasia, ou qualquer outro que o paciente substituísse.

Temos a tristeza profunda, a melancolia, a raiva, o aborrecimento, o mau humor, a má


disposição, a falta de energia, a falta de auto-confiança, a desmotivação, o não conseguir
relaxar, a insatisfação, a intranquilidade, o descontentamento, a ira, o nervosismo, a irritação.

Temos também a frustração, o abatimento moral, a aflição, o sentimento de perda ou


de luto, a nostalgia, o desencanto, o desespero, a desilusão, a desolação, a mágoa, a amargura,
o desgosto, o desengano, o choque com algum acontecimento.

Temos ainda a confusão, a desorientação, o estarrecimento, o pavor, o medo, a


angústia, a apreensão diante de uma situação desconhecida, o susto, o terror, o sentimento de
desamparo, a disforia, entre outras dores emocionais.
O portador de alguma dessas formas de dor pode, ou de acordo com a intensidade, ou
o incômodo, buscar ajuda de uma pessoa amada, de um amigo. Ou, se for grave, de um auxílio
profissional. Alguém ligado a alguma forma de terapia.

As dores emocionais são normais, fazem parte de nossa vida cotidiana. Mas devem
passar logo. É quando perduram, que passamos a percebê-las como um incômodo em nossas
vidas, que necessitamos buscar algum tipo de ajuda profissional.

A questão não é sempre eliminar a dor. Se for raiva, ou ódio, claro que temos de
reconhecer e aprender a retirá-la de nós. Com paciência. Se for uma tristeza profunda,
devemos saber de onde vem, ou se vem de alguma causa, e aprender a controlá-la.

Olhar para o nosso interior, buscar o interior de nossa alma. E assim vai. A questão não
é solapar, mas saber o que é, querer controlar e assim viver melhor.

Dores sociais.

A dor pode ser emocional, mental, espiritual, social, intelectual etc.

Uma dor social é a que sentimos quando somos rejeitados pela sociedade. Isso pode
acontecer por nossa opção sexual. Por nossa condição mental. Por nossa opinião. Por nossa
religião, ou por nos declararmos ateus. Por sermos pessoas muito tristes. Ou até por sermos
ativos demais. Por nossa cor de pele. Ou por como usamos nossos cabelos, ou barba, ou pelas
roupas que vestimos.

Há inúmeros motivos para sentirmos uma dor social. Para sermos ignorados pela
sociedade. Ou para sermos importunados por ela.

A dor social é algo que eu não tenho resposta, a não ser a educação da própria
sociedade. Contra o preconceito de todas as formas.

Quem sente dor social, pode buscar ajuda. Dependendo do caso, se for uma doença,
existem remédios que podem ser prescritos por especialistas, ou curas espirituais, se tivermos
fé.

Porém. Dependendo do caso, quando não é doença, precisamos saber nos impor,
levantar nossa própria crença, nosso pensamento, nossa moral. E buscar pessoas que pensem,
ou que ajam, ou que sejam como nós. Para ter mais força perante a sociedade preconceituosa.

Se não encontramos nenhum como nós, somos solitários. E temos que aprender a
enfrentar a sociedade, sem perdermos nossa individualidade.

Dor é vida.

Ninguém quer sentir dor. Claro!

Imaginamos um Éden quando pensamos que não precisaríamos mais sentir dor. Isso
pode acontecer numa futura vida, onde não dependamos dela, para nos cuidar.

Pois é isso.

A dor é um aviso de que alguma coisa em nosso corpo não está bem.
Se não sentirmos dor, o mal se propaga, e ficamos doentes sem saber porquê. Ou
perdemos uma parte de nosso corpo sem ter aviso prévio.

Poderíamos dizer: - Dor, és apenas uma palavra!

Isso seria a negação, mas não resolveria. Seria muito estoico, no mal sentido do termo,
de nossa parte, e isso não faz bem a ninguém.

Quando sentimos dor, temos que primeiro saber a causa, que é o que a está
provocando. Ou as causas. Isso é assertividade.

Sabendo a causa, podemos realmente nos tratar.

Se simplesmente tomamos remédio para ela passar, sabemos que ela poderá voltar, e
cada vez pior. É uma forma de negação.

Mas, dor, é o que nos move a agir. É o que nos mostra que estamos vivos.

Não sabemos o que é o prazer, se não soubermos o que é o


sofrimento. Não pode existir um, se não houver o outro.

Há vários tamanhos de dor, como existem vários tamanhos de gozo. Um não é,


simplesmente, o contrário de outro. Podemos ter os dois ao mesmo tempo, até.

Nós nunca sabemos qual é o máximo da dor, ou do gozo. O máximo, dos dois, é a
morte de um corpo. Mas sabemos o quanto já aguentamos. De cada um.

Podemos não nos lembrar. Essas coisas, se esquecem facilmente. Podemos ter um
vislumbre da lembrança, mas, graças aos céus, não temos lembrança perfeita.

Dor e prazer são vida.

Por que somos agressivos?

A agressividade é uma ação originada de emoções e sentimentos.

Podemos ser agressivos o tempo inteiro, mas termos momentos de delicadeza. Ou


podemos ser pessoas tranquilas, meigas, que, de uma hora para outra, caímos num surto de
agressividade. Ou mesmo, termos épocas do ano em que nos tornamos mais agressivos que o
normal.

O que acontece, para sermos agressivos, seja constante, ou temporariamente?

Há sempre um engate que nos provoca a agressividade. Uma palavra, um conjuminar


de eventos, uma coleção de frases, uma ideia solta no ar que nos desagrade, ou mesmo
alguma coisa que aconteça que nos deixa à beira da fúria!

A psicóloga Miriã Pereira da Silva, me ensinou que nós temos três maneiras de agir,
diante dessas situações: passividade, impulsividade, e assertividade.

A passividade é apenas escutar, e não se posicionar, o que não é nosso caso. Mas,
creio que deve fazer muito mal ficar guardando tudo dentro de nós mesmos, e não reagirmos.
O pior é que uma hora fazemos BUM!
A impulsividade é o que acontece conosco. Reagimos sem pensar. Nosso lado
emocional fala mais forte, e abandona totalmente nossa racionalidade. Nossa espiritualidade
fica em suspenso e mal conseguimos respirar direito. Sentimo-nos mais fortes, com a
adrenalina, e atacamos, física ou verbalmente.

Podemos ser pessoas que agem impulsivamente por necessidade moral, por acharmos
que estamos perante uma injustiça. Podemos sentir que fomos provocados, e que devemos
revidar. Podemos achar, ainda, que já é demais, tanto destrato contínuo que vemos sofrendo.

De qualquer forma, a impulsividade é um agir sem pensar, e nunca traz bons


resultados.

No entanto, grandes revoluções culturais aconteceram impulsivamente, não podemos


negar.

A terceira via, o caminho do meio, é a assertividade, segundo Miriã. Nós analisamos o


que acontece à nossa volta, observamos, reconhecemos o que ocorre dentro de nós,
respiramos, e só aí comunicamos.

Não é fácil. Digo isto de moto próprio, pois sou uma pessoa altamente impulsiva. Sou
calmo, tranquilo, todavia, se me pegarem de mau-jeito, explodo mesmo!

Estou aprendendo a agir, pouco a pouco, com mais assertividade.

Faço isso por escrito.

Toda vez que tenho uma experiência em que ajo por impulso, anoto o que fiz, o que
deveria ter feito, quais foram as consequências positivas e negativas, peso na balança, e
guardo para reler depois.

Da mesma maneira, quando consigo agir assertivamente, anoto o que fiz, e o que
deixei de fazer, quais foram as consequências, e como me senti no final.

Na verdade, nem sempre me lembro de escrever, mas o faço com uma certa
constância.

Isso tem me ajudado muito, a tentar ser uma pessoa melhor. A fazer deste mundo um
lugar mais agradável para se viver.

Perdoar para se sentir mais leve.

Quantas vezes não escutamos as pessoas dizerem: esse tipo de coisa eu não perdoo.
Ou ainda: essa pessoa eu não consigo perdoar. Ou mesmo: perdoo, mas não esqueço.

Há dois tipos de perdão: aquele em que o fazemos, a agimos como se nada tivesse
acontecido, e aquele outro, em que perdoamos, mas não olvidamos.

O primeiro pode ser incondicional. Não importa o que a pessoa tenha feito para nós,
ou a alguém, perdoamos. Podemos reprovar o ato, mas queremos acreditar que a pessoa não
o faria novamente. Nem se tivesse chance. Acreditamos em sua boa-fé.
Mas também pode ter condições. Perdoamos aquela pessoa, desde que ela não repita
o ato conosco, nem com ninguém. Se repetir o ato, mantemos o perdão da primeira vez,
porque já o fizemos, mas não da seguinte.

O segundo é um perdão espiritual. Mas a emoção fica ressentida, ainda que,


intelectualmente, o caso tenha sido resolvido. Ou melhor, resolvido, mas não esquecido.
Porque a emoção não deixa.

O perdão é, realmente, válido para nós mesmos. Quando não perdoamos, nos
sentimos aprisionados, por toda a nossa vida, àquele momento ingrato. Carregamos em nossas
costas o mal, a decepção, o pavor, o ódio, o sentimento ruim. Muito pior para nós, que para as
pessoas a quem não perdoamos.

Perdoar é descarregar o peso. Pode ser importante, ou não, para a pessoa que
perdoamos, mas é mais importante para nós mesmos.

A mágoa, o ressentimento e o rancor só nos fazem mal. Ficar guardando um


sentimento que nos pesa, faz mal a nós mesmos. A pessoa que fez mal pode até nem estar aí,
mas nós sofremos.

Podemos nos sentir ressentidos por algo durante muitos anos, e isso nos faz carregar
uma carga muito pesada.

Podemos não desculpar até a nós mesmos. Ficamos carregando a carga de algo que
fizemos há tanto tempo, e não nos desapegamos.

Não é algo que acontece de repente. Pode ser um período breve, pode ser um longo
processo, mas tem que acontecer. Precisamos, realmente, nos desapegar.

Estamos sempre criticando, julgando, coisas que fazemos a outras pessoas, e que elas
nos fazem. Ficamos usando nossas cabeças pra isso, em vez de coisas mais importantes. Isso
não melhora nossas vidas. Só nos martiriza.

Temos que aprender a ter discernimento sobre o que pesa tanto em nós. Aprender a
tirar de nossas costas o que nos tira o vigor, que nos deixa cansados, sem saber porque.

A raiva que sentimos por alguém, pode ser transmutada em distribuição de felicidade.
Felicidade para esse alguém, mas, principalmente, felicidade para nós mesmos. Por
dispersarmos a dor.

Jesus Cristo disse para perdoarmos nossos inimigos. Sei que não é fácil, para nenhum
de nós, mas ele perdoou.

Há uma história, no antigo testamento, sobre a rainha Ester. Ele era judia, mas
ninguém no palácio sabia. O povo judeu era vilipendiado, naqueles dias. Até que, certa vez, ela
conseguiu do rei uma promessa, de que libertaria os judeus. Quando conseguiu isso, mandou
matar todos os que antes perseguiam os israelitas. Se ela tivesse os ensinamentos de Jesus
Cristo, teria perdoado os inimigos, e, à sua imitação, apagado de sua mente os pecados
anteriores destes. Quem sabe se muitos não houvessem se convertido ao judaísmo? Pelo
exemplo da rainha Ester.

Meditação pode ajudar. Orações fervorosas. O que soubermos fazer para nos ajudar.
Porém, necessitamos disso. Com toda a nossa força e disposição.
Ter essa atitude pode ser libertadora! Para nós mesmos.

Sermos críticos conosco mesmos, ou com outras pessoas, não nos deixa viver com
união e bondade com a gente, ou com os outros.

Como diz o antigo hino, ou também uma velha música da peça de teatro “Hair”, por
muitos de nós conhecida, deixa a luz do sol entrar!

Perdoar é se sentir mais leve.

Temos que parar de repetir os erros familiares.

O que quero dizer com isso? Parar de repetir pensamentos e comportamentos nocivos
que não são nossos de verdade, mas que imitamos de nossos pais, tios, avós, etc.

Nisso entram maus costumes, preconceitos, coisas assim, que só nos fazem mal, e
acabam fazendo mal às pessoas que nos cercam, sejam elas amigos, família, familiares,
conhecidos, colegas de trabalho, de profissão, semelhantes, e até com relação a animais,
plantas e minerais.

Tive uma criação militar, equilibrada pela sensibilidade de minha avó, uma prima que
morava junto conosco e minha madrinha.

Infelizmente, criei nosso primeiro filho com essa militarização na disciplina, apesar de
manter a sensibilidade feminina que recebi. Ele não aguentou, graças aos céus, como eu
também não aguentara. Entretanto, repeti nele a educação que recebi. O grande erro!

Todos os maus costumes e preconceitos que recebi, filtrados pela minha experiência
de vida, foram passados para ele. Felizmente, superamos, os dois, essa relação danosa.

Já com minha filha mais nova, tendo a experiência anterior de criação, passei a tratá-la
diferente de meu filho, e ela teve uma criação mais palatável.

O resultado final é que tenho dois filhos espetaculares, respeitosos e amáveis. Com
todas as outras pessoas, inclusive.

Num curso que fizemos, Fafí e eu, na igreja, aprendemos uma historinha.

Uma mulher, sempre que fazia o peru, assava as patas em separado. Perguntada do
porquê assar desse jeito o peru, ela dizia: - Não sei, foi assim que aprendi.

Assim ela havia aprendido com a mãe, que havia aprendido com a avó, que havia
aprendido com a bisavó...

Um dia, decidiram pesquisar a causa desse costume. Era simples. Os antepassados


assavam o peru por partes porque não cabia inteiro no forno. O que não precisava ser feito
nos fornos modernos, que são maiores.

Desde então, mudaram o costume, e passaram a assar o peru por inteiro.

Maira Milanez, no episódio 49 de seu podcast Meditação Guiada – Plenitude do Ser,


conta uma história parecida, que é, mais ou menos, a seguinte.
Uma moça tinha o costume de cortar as pontas do pão antes de guarda-lo. Perguntada
porque fazia isso, dizia que já era uma tradição dos antepassados. Mas ninguém sabia o
porquê.

Pesquisando, descobriram: a tigela onde os primeiros guardavam o pão, era muito


pequena para colocá-lo inteiro. Por isso, cortavam as pontas. Naturalmente, não havia mais a
necessidade de se manter a tradição.

Temos que fazer nossos próprios caminhos.

Claro, temos nossas raízes, as coisas boas que aprendemos, os ensinamentos que
recebemos, coisas que nos engrandecem, e fazem bem aos que nos rodeiam. Sejamos gratos
por isso.

Mas há os preconceitos que aprendemos, as coisas ruins que nos precederam. Essas,
devemos descartar. Com todo o desapego possível. Elas só são um peso para as nossas vidas e
para as vidas das pessoas que amamos.

Por que gostamos tanto de bolsas?

Diz a sociedade que as mulheres são apaixonadas por bolsas. Pequenas,


pequenininhas, médias, grandes, gigantes...

Mas não são só elas que gostam de bolsas. Homens também têm suas predileções.
Pochetes, mochilas, bolsos largos, maletas ou bolsas mesmos.

Tem gente que faz uma enorme coleção. Gostam de ter, de comprar, de adquirir, de
trocar. Colecionar por marcas, por tamanhos, por precisões.

Tenho uma teoria.

Isso vem da necessidade do útero, onde vivemos por vários meses, no geral nove.

A necessidade de se guardar coisas em uma bolsa, para carrega-las consigo, é a


necessidade de se viver dentro do útero, que fica guardado em nosso inconsciente.

É porque é confortável, quando estamos resguardados no útero de nossa mãe. Tão


confortável, que queremos levar isso conosco o resto de nossas vidas.

Carregar uma bolsa é carregar um útero artificial, inconscientemente, sub-


repticiamente.

Nós levamos em nossas bolsas coisas pessoais, até íntimas, que, às vezes, preferimos
não dividir com ninguém.

Levamos também objetos que mostramos a outras pessoas, desde que assim
desejemos.

Carregar uma bolsa é algo de primeira necessidade.

É primacial.

É nosso eterno retorno à paz que deixamos, quando estávamos na barriga materna.
Não devemos ter vergonha de carregar nossas bolsas, sejam elas em forma de
mochilas, pochetes, malas, bolsos grandes, ou bolsas mesmo. Encaremos isso da melhor forma
possível.

Somos todos iguais, com as mesmas necessidades. Predileções diferentes, únicos em


nosso íntimo, mas... todos precisamos de algum tipo de bolsa.

Não fazer nada pode ser bom.

Estamos acostumados a viver num tempo em que as pessoas consideram louvável


quem é ocupado. Quem vive o tempo todo ocupado. Quem trabalha o tempo todo. Quem não
tem tempo para outra coisa que não sejam os negócios. Quem leva trabalho para casa e não
tem tempo para família ou para o lazer. Quem nunca tira férias. Os workaholics.

A pandemia criou um tempo para parar. Para alguns. Outros, que trabalham em
sistema de home-office, trabalharam mais ainda, pois não têm limitação de horário.

Mas há uma tendência atual em parar. Criar um ócio.

Estamos descobrindo o prazer da ociosidade.

Há o ócio bom e o mau.

No ócio bom, nós descansamos de nossos afazeres, meditamos, lemos, vemos bons
filmes, agradamos nossos olfatos e paladares, fazemos coisas prazerosas ao corpo, à mente e
ao espírito.

No ócio mau, nós simplesmente nos entregamos à preguiça. Não fazemos nada, não
criamos nada, não realizamos nada de bom com nosso tempo livre. Apenas nos entregamos
aos atos maléficos a nós mesmos. Glutonarias, exercícios perigosos, livros e filmes
degradantes, ou somente muita preguiça.

Existe, entretanto, a preguiça boa: quem não gosta de, depois de uma semana de
trabalho, acordar um dia sem despertador, ficar na cama acordado, não olhar pro relógio e
deixar o tempo passar? Nem que, mais tarde, tenha algum compromisso inadiável. Mas só a
possibilidade de ter esse tempo só para nós, não é gostoso? Isso é ócio bom.

Antigos filósofos falavam sobre o ócio bom, como uma oportunidade para se afastar
das atividades urbanas e se dedicar às reflexões, que eram difíceis de serem feitas na cidade.

Empresas do Vale do Silício, como também algumas brasileiras, tipo a Folha de São
Paulo, concedem a seus funcionários o ano sabático. É dado a cada sete anos de serviço. Trata-
se de um tempo de doze meses livre do trabalho, com pagamento integral, para que eles
descansem, façam o que quiserem, e voltem mais criativos.

Alguns usam isso para viajar. Outros, vão para um retiro. Outros ainda simplesmente
não fazem nada. Há quem aproveite para tentar uma nova profissão, ou simplesmente
realizarem atividades que não costumam fazer normalmente.

Alguns estudantes tiram um ano sabático, quando terminam o ensino médio.


Aproveitam esse tempo para participar de atividades extra acadêmicas, ou viajar, ou
simplesmente pensar na vida, antes de partir para um curso profissionalizante ou outra coisa.
A palavra negócio saiu do vocábulo ócio. É negar o ócio.

Enfim, não fazer nada tem o seu lado bom. Tudo tem o seu tempo determinado, e todo
propósito debaixo do céu tem o seu tempo, diz o Eclesiastes (3;1).

Quando os problemas crescem, é porque nós estamos crescendo.

Ouvi essa frase outro dia, não sei onde, não sei por quem. Porém, achei que devia
escrever sobre ela.

O Genesis conta que Adão e Eva viviam no Éden, um paraíso onde não se conhecia a
diferença entre o bem e o mal, e nada se modificava. Tudo era sempre igual, os dias se
sucedendo às noites, sem nuvens, sem chuvas, só o vapor que subia da terra para manter a
vegetação. Todos os animais se davam bem, era, como já disse, tudo sempre igual.

Eva acatou a sugestão da serpente e comeu o fruto da árvore proibida, aprendendo a


diferença entre o bem e o mal. E levou esse fruto a Adão, que o comeu também.

Graças à transgressão, vivemos num mundo onde tudo se modifica o tempo todo, de
acordo com o nosso universo. O Éden deveria estar situado em outra dimensão, pois para ser
estático, essa é a única explicação.

Nossas vidas estão repletas de momentos diversos, alguns ótimos, outros não tão bons
assim, alguns péssimos, outros mais-ou-menos, de uma forma variada e colorida.

As dores sempre nos ensinam alguma coisa. Os problemas existem para isso. Quando
eles são pequenos, mostram algo que devemos aprender. Conforme vamos tendo problemas
maiores, naturalmente é porque estamos sendo preparados para enfrentar dificuldades
maiores. E assim, termos um aprendizado maior.

É por isso que quando os problemas crescem, é porque nós estamos crescendo.
Ninguém tem um problemão logo de cara, que não saiba como partir.

Quando o problema nos parece demais, devemos encará-lo de frente e nos perguntar:
- Por onde eu começo? E dividir o problemão em partes, em probleminhas. É como ir
esculpindo uma escada na montanha, até chegar ao topo.

Antes da montanha, tivemos que enfrentar colinas.

Depois de enfrentar uma montanha, o que são pedras pelo caminho?

Ser um homem é sentir a pressão de ser um homem.

Apesar de todas as mudanças que vêm ocorrendo no mundo, ainda existe, em todos
os lugares, a pressão de que o homem tem que ser dominador, machão, musculoso, o
provedor único da família, e ter sucesso em alguma carreira.

Existe uma coação para que os homens fiquem na posição de mando. Um homem não
pode aceitar que sua superior seja uma mulher. A não ser que, acima dela, haja outro homem.

Um homem não pode ter amizade com mulheres. Para que ele seja considerado um
homem de verdade, as mulheres só têm utilidade sexual e de procriação.
Ao homem é ensinado, desde pequeno, que chorar é para mulheres. (Essa é lugar
comum.)

Um homem não pode demonstrar emoções. Pode gritar, numa torcida, mas é só.

O homem vulnerável é desvalorizado pelos outros homens. Tem que ser forte. Tem
que ter a couraça dura. Depois, haja terapia!

No Brasil, tem que gostar de futebol. Tem que ser bom de bola.

Homem que é homem de verdade tem que dizer que seu lado feminino é sapatão.

Um homem pode ser heterossexual convicto, só ter desejo sexual por mulheres, só ter
atração pela estética feminina. Mas isso não pode determinar o homem.

Os chineses tinham um símbolo do Tao, que era um círculo dividido por um S. Eram os
dois extremos que se tocavam. Dentro de cada extremo, tinha uma bolinha que era igual ao
outro extremo. Assim, se uma face era feminina, ela tinha dentro de si um circulinho
masculino. E vice-versa. Eram chamados de Ying e Yang. Se um era preto, o outro era branco. E
as bolinhas da cor do oposto.

O Tao ensinava que, quanto mais uma faceta tentava ser extrema, mais se aproximava
da contrária. E vice-versa.

No ocidente, Carl Jung ensinou isso dizendo que, toda mulher tem um “animus”, que é
seu lado masculino; e todo homem tem sua “anima”, que é seu lado feminino.

Isso vale para todo mundo. Alguns tem seu lado feminino mais fortalecido que outros.
Algumas tem seu lado masculino mais fortalecido que outras.

Da mesma forma que as mulheres sofrem por receberem salários menores que
homens na mesma posição profissional, também homens sofrem por ter que superar, não só
as mulheres, mas também aos outros homens.

É esperado que o homem seja bem sucedido em uma profissão normal e rentável, seja
pai de uma família patriarcal, nunca aparente vulnerabilidade em público, aprecie esportes e
não seja chegado em poesia. A não ser que algum poeta esteja na mídia, mas aí, normalmente,
será em forma de hip-hop ou similares, nunca em livro.

A exceção são os clássicos aprendidos na escola, porém, mesmo assim, fazem questão
de esquecer.

A pressão para obedecer ao estereótipo de um homem que o mundo impõe é


insuportável.

A professora Cecília Sardenberg, membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares


sobre a Mulher, escreveu, em “A Violência simbólica de gênero e a lei ‘antibaixaria’ na Bahia”
(OBSERVE: NEIM/UFBA, 2011), o que se segue:

Por violência de gênero, ela se refere a toda e qualquer forma de agressão ou


constrangimento “físico, moral, psicológico, emocional, institucional, cultural ou patrimonial,
que tenha por base a organização social dos sexos e que seja impetrada contra determinados
indivíduos, explícita ou implicitamente, devido à sua condição de sexo ou orientação sexual”.
Imaginemos que a vítima seja um homem, que obedeça ao estereótipo que se espera
dele. Será também vítima da gozação de homens e mulheres, que atendam ao princípio
patriarcal. Dirão a ele coisas como: “Que homem é você, que leva surra de um(a) ...”

Se um homem disser que foi estuprado por uma mulher, dirão que isso é impossível.
No entanto, é muito possível, sim: uma moça pode se aproveitar do desejo sexual de um rapaz
e obrigá-lo a ter algum tipo de relação sexual com ela. Isso é tão possível que ocorre muitas
vezes, mas os rapazes têm vergonha de contar a verdade.

O homem, a bem da verdade, precisa ter seu lado feminino fortalecido.

Isso quer dizer que ele precisa aprender a reconhecer suas próprias emoções. Valorizar
cada sentimento próprio. Aprender a demonstrar suas emoções sem medo de ser julgado
menos homem.

Só assim poderá ter mais empatia, e reconhecer o sentimento, as emoções, de outras


pessoas.

Ser livre para abraçar o mundo.

Nós, homens de todos os gêneros, temos que aprender essas coisas todas. Não
tenhamos medo de fazer terapia, para sermos nós mesmos, descobrirmos nossos interiores.

A pressão que o mundo faz para que o homem siga o estereótipo não pode continuar,
a bem da saúde mental, espiritual, física, social, moral e sexual de cada um. Seja como
indivíduo, seja como cidadão.

Homens livres permitirão mulheres livres. Mulheres livres permitirão homens livres.
De todos os gêneros. Sem preconceitos de qualquer espécie.

Quando nascemos, somos definidos como meninos ou como meninas. Não temos
escolha. Somos educados dentro desse sexo, sem saber das inúmeras possibilidades existentes
entre eles.

Vou falar de minha experiência pessoal. Do que era ser menino nos anos 1960 e
adolescente/jovem nos 1970.

Nasci menino, nunca tive problemas com minha identidade sexual, sempre amei as
meninas e sempre detestei ver homens pelados. Tenho nojo. Até aí, no problems, para mim,
na sociedade.

Porém, existem os aspectos secundários. Esses, sempre me deram muitos problemas.


Precisei chegar na adolescência para me afirmar neles.

Estou falando de coisas como:

1. O menino tem que gostar de futebol. Tentei gostar, me esforcei, mas detesto o
som das transmissões de jogo. Como sempre detestei brincar na rua de futebol,
levar bolada na cara, levar tranco no meio do jogo;
2. Gostava de ir pra rua, mas pra passear, ir na casa dos amigos e amigas;
3. Detestava matemática, que era “matéria de homem”, e adorava redação, leitura,
arte, poesia, que eram “coisas de mulher”.
Felizmente, essas coisas estão mudando, e temos hoje mulheres engenheiras, e
meninos que se destacam nas escolas nas matérias que eram antigamente “coisas de mulher”,
sem precisar passar vergonha.

Futebol é para todos. E tenho a liberdade hoje de poder declarar minha falta de gosto
quanto a assistir qualquer tipo de demonstração esportiva ou competitiva, seja de que
modalidade for, até mesmo competições artísticas. Não gosto de pensar que se possa julgar
uma obra de arte ou uma demonstração artística. Isso é algo extremamente pessoal. Como
julgar a expressão de um sentimento?

Graças aos Céus, consegui chegar a uma idade em que não sou mais obrigado a aceitar
jogar uma “partidinha”. Não gosto de competições. Não gosto de baralho, jogos de
computador, não gosto de qualquer jogo onde hajam perdedores e vencedores. Considero
mais útil que as pessoas colaborem entre si para um bem comum. Que se ajudem. Melhor
ajudar que competir.

Quando eu era menino e adolescente, até meados dos anos 1970, a competição
masculina no trabalho era inevitável. Mesmo porque mulheres dificilmente trabalhavam fora,
a não ser que fossem solteiras. E ainda assim eram preteridas, como ainda o são, hoje em dia.

Claro, havia a competição feminina, mas para conseguir os melhores namorados, os


que tivessem melhor possibilidade de dar um futuro mais rentável. Porém, nesse tempo,
muitas moças se rebelaram contra essa valorização de costumes e casaram-se, ou juntaram-se,
por amor. Foram poucas, na verdade, se pensarmos num número total. O resto eram
carreiristas.

Penso o quão infame foi esse determinismo de que meninos tinham que usar azul e
meninas rosa. O quão infame foi não existir a ideia do espectro entre meninos e meninas, de
que eles podem ser o que quiserem. O mundo pode ser um lugar para todos, e todos os
gêneros podem coexistir.

Violência sexual contra o homem.

Fala-se muito sobre a violência sexual contra a mulher. Muito justo. Ninguém deve
aceitar a ideia de que o estupro é por sua própria causa.

Mas há também mulheres que fazem violência sexual contra outras mulheres.

Há muitos homens, principalmente garotos e rapazinhos, que sofrem traumas sexuais


que os acompanharão o resto de suas vidas. Os abusos sexuais não são só contra mulheres.

A violência sexual não depende do gênero, ela existe de várias formas. A lei penal
brasileira só trata do estupro do homem contra a mulher, o que é pouco, pois está
desatualizada.

Há muitos casos de homens que são bolinados, machucados em relações não


consensuais, e que não chegam às delegacias, assim como de mulheres. Há que se abrir um
canal para esse tipo de debate, o quanto antes.

Os casos de violência sexual, que chegam ao estupro, de mulheres contra homens, não
são praticamente contabilizados, e há pouquíssimos estudos acadêmicos a respeito. No mais,
são teses que ficam na base do “precisamos ver...” e não vão a fundo. Porém existem.
Os homens que sofrem com esse tipo de violência não vão às delegacias. Primeiro,
porque não existe uma “delegacia do homem”, posto que é determinado que ele sempre tem
como se defender de uma mulher. Segundo, porque ele tem vergonha, muito mais do que
uma mulher na posição contrária. Não se pensa na possibilidade de uma mulher aproveitar de
sua posição privilegiada como objeto de prazer numa relação em que o homem esteja
inapropriadamente advertido.

Vivemos numa sociedade patriarcal e machista, onde se acha que a mulher é sempre
culpada dos atos sexuais, e o homem sempre conhece tudo o que existe sobre sexo. Por isso,
num estupro de homem contra a mulher, o homem é inocentado pois a mulher se insinuou. E
um estupro de mulher contra um homem inexiste, porque a mulher não tem força para
segurar um homem. É só força física que conta?

Lgbt+fobia.
O preconceito contra os lgbt+ é mais do que o desacerto com o diferente, é o
preconceito contra a mulher.

O machismo pode partir de qualquer um dos sexos, pois é a não-afinidade com o que
há de feminino na pessoa. Vivemos ainda numa civilização onde os valores são masculinos,
onde o poder da força prevalece sobre o da intuição, e assim todo lgbt+ é desrespeitado pelo
que há de feminino nele. Mesmo no caso das lésbicas, é preconceito contra mulheres que não
seguem o padrão.

Isso prevalece nas mulheres que não se casam: ser um solteirão é ser um partidão; ser
uma solteirona é ser uma abandonada que ninguém quis.

Aliás, desde 13 de setembro de 2021, está assegurado no Brasil o direito das crianças
intersexo.

O que é isso? Bebês que nascem com formações sexuais duplas não precisam ter
identificação sexual na certidão de nascimento. Será aceito “sexo ignorado”.

Assim, não serão os pais que escolherão o sexo da pessoa que acabou de nascer, mas,
ela própria, em sua vivência, terá o direito de escolher seu gênero, seja qual for.

Até a data da promulgação dessa lei, não era lavrado o registro de nascimento do
bebê, só por falta da identificação sexual. Então, rapidamente, os pais escolhiam o sexo e
mandavam fazer a operação, ou várias cirurgias, se necessário parecesse, para que se tornasse
uma menina ou um menino.

Antes dessa lei, se os pais não fizessem a cirurgia mutilante, a criança não podia ser
inserida no plano de saúde dos pais, e eles não tinham direito à licença paternidade nem
maternidade.

Feminismo é para todos.

1.
Existem pessoas que dizem que as mulheres dominarão o mundo. Ora, isso já ocorre,
de certa maneira. São elas que educam a maioria dos homens, há milênios! É verdade, existem
os pais, mas no início da vida de cada criança quem mais fica do lado dele é normalmente a
mãe. Se homens dominam o mundo, em algum momento de suas vidas mulheres cuidaram
para que eles sobrevivessem: pelo menos uma mulher lhe deu de mamar. E tem mais, pelo
menos uma mulher lhe ensinou que deveria, quando crescesse, dominar o planeta! E essa
mesma mulher o ensinou a subjugar o sexo oposto.
Fora isso, nos dias que correm existem mulheres no poder, sim. Mas elas não são
feministas. Elas não propagam os valores femininos. Não raro, são tão ou mais machistas que
seus colegas masculinos. Ora, que vantagem existe de se usar gravata?
Utilizam-se dos mesmos estratagemas, dos mesmos vícios de governar. Não
aproveitam a oportunidade para colocar o feminino em ação.
O feminismo deve ser uma divulgação de outro modo de agir. Deve suavizar, não
dominar; deve ajudar, não competir; deve colocar seu coração ao lado da mentalidade
exclusivamente racional. Excluir o militarismo imperante e demonstrar afeto e amor às
pessoas. A intuição e a emoção auxiliando a razão.
Essa nova versão de Poder tem que ser usada por todos, homens e mulheres. O
feminino no Poder não é só para um dos sexos, é para todos!
Assim, ao criar as crianças, devemos ensiná-las a governar suas vidas antes de
quererem mandar nos outros. Talvez isso ajude a terminar com essa ânsia de poder que tanto
prevalece nos adultos de nossa civilização.
2.
Há quase dois séculos, as mulheres vêm conquistando direitos.

Há quase dois séculos, os homens vêm conquistando direitos.

O filosófico Problema do Homem é, hoje, discutido como o Problema do Ser Humano,


dada a pretensa igualdade entre mulheres e homens.

Ora, homens e mulheres não são iguais, mas merecem ser tratados com os mesmos
direitos e deveres, relativamente. Relativamente a quê?

Existe a fragilidade de algumas pessoas em relação a outras. Isso ocorre porque estas
fazem mais exercícios físicos, ou são geneticamente mais competentes em força física (?)...
Cada vez há uma nova ciência a discutir isso.

Destarte, alguns são mais sagazes em determinadas áreas, seja a inteligência mental,
emocional ou espiritual. Isso também decorre de formação pessoal?

Como explicar um rapaz, filho de pai ateu e mãe judia ortodoxa, adotado por uma
família de pai ateu e mãe católica não praticante, ser espiritualmente superativo? É genética
materna? É busca pessoal baseada em cultura fora de sua família? É inteligência espiritual
nascida com ele? – Falei rapaz como poderia ter dito uma mulher. Tudo são exemplos e
considerações.

A igualdade de direitos e deveres, na verdade, deve ser tratada de forma isonômica,


ou seja, de acordo com as possibilidades de cada indivíduo. Ora, se alguém é emocionalmente
mais estável que outro, não se pode dar aos dois o mesmo tipo de trabalho.

Os direitos são iguais, mas diversos. A cada qual o seu possível.

Quando falamos, pois, de feminismo, não podemos pensar em mulheres tomando o


lugar dos homens, mas participando lado a lado. Cada um com suas características.
O feminismo é o uso igualmente dos dois hemisférios do cérebro. Hoje predomina no
poder o uso do hemisfério esquerdo, o cálculo, o raciocínio, a lógica. Faz-se pouco da intuição,
do pensamento alógico, das qualidades do hemisfério direito do cérebro. Este, sozinho, não
pode sobreviver, como o outro. O sr. Spock, da série Jornada nas Estrelas, é um personagem
impossível. (É bom ressaltar que cientistas existem que repudiam a divisão da mente – não do
cérebro – em dois hemisférios...)

Não há necessidade da mulher contrair os vícios masculinos, ou deste contrair algum


vício feminino. Quero dizer, culturalmente – culturalmente, é o que digo bem e ressalto – as
mulheres desenvolveram o vício da fofoca – embora haja homens fofoqueiros. Assim como,
culturalmente, os homens desenvolveram o vício da violência contra os mais fracos – embora
existam mulheres violentas contra os mais fracos. Chamo isso de exemplos de vícios
masculinos e femininos.

O feminismo vencerá quando a mulher conseguir obter o seu lugar sem se corromper,
sem imitar os atuais poderosos, sejam eles mulheres ou homens. Vencerá quando os
poderosos não forem corruptos e puderem ser de qualquer sexo. Isso sim será a vitória do
verdadeiro feminismo.

Dia Internacional Da Mulher: a grande dúvida.

A primeira vez que ouvi falar disso, foi em 1981. Eu estava sentado, na escadaria da
faculdade de comunicação, ao lado de uma colega, e ela me disse: - Hoje é o Dia Internacional
Da Mulher.

Ela falou isso com um certo prazer de conquista, de orgulho – no bom sentido da
palavra – feminista.

Na hora, senti que não era certo.

Claro, a mulher tinha vencido muitos desafios, principalmente no século XX, mas eram
mais, mesmo, as privilegiadas, o pequeno percentual mundial que conseguia estudar, que
conseguia fazer uma faculdade, que não era subordinada ao marido. Por exemplo.

Criar um Dia Internacional da Mulher, na minha imaginação, era dizer: - Tá bem,


criamos um dia do ano pra você, tá contentinha? Agora, pega na vassoura, e vai lavar a louça,
em vez de estudar.

Penso assim até hoje. Não que pegar na vassoura, e lavar a louça, sejam coisas
menores. Eu mesmo, tenho dificuldade em varrer o chão, e demoro um tempão pra lavar a
louça. Mas tive oportunidades na vida, que poucas mulheres no mundo têm, só porque sou
homem.

Estudo até hoje, ainda que informalmente. Muitos homens o fazem. Quantas mulheres
têm essa oportunidade? Falo isso em nível nacional, e mundial. Não é um problema dos
rincões do estrangeiro, mas existe em nossas próprias cidades, em nossas capitais. Em grandes
proporções, em cada uma.

Vamos aos bairros periféricos e encontramos pais de família que saem todos os dias,
para o centro, a fim de trabalhar, e cujas esposas nunca saíram, durante todas as suas vidas, de
seu próprio bairro, porque o marido sequer pensou em levá-la a conhecer outro lugar.
Mulheres são preteridas, no lugar de homens, na hora de serem escolhidas para vagas
ou cargos em empresas, mesmo que mais qualificadas. Só porque são mulheres, e por isso
consideradas incapazes, inferiores. Ainda hoje. Hoje.

O Dia Internacional da Mulher não é para ser comemorado. O Mês da Mulher não é
para ser comemorado.

É para serem repensados.

A mulher exige igualdade de direitos e de deveres.

É claro que não discutimos o direito de uma criança ter mãe e pai, todavia temos que
saber o que isso significa realmente.

Devemos dizer não à repressão, de que o homem tem que ser o único provedor da
casa, que tem que ser um vencedor competidor, que tem que ser um macho ômega,
dominador e inveterado.

Devemos dizer não à repressão, de que a mulher não pode utilizar os serviços de uma
creche, para poder trabalhar fora, de ter alguém que reparta com ela os serviços de casa, que
podem até ser o marido e os filhos.

Ao mesmo tempo, a creche é a solução, quando mãe e pai têm de trabalhar fora, para
realizarem suas carreiras, não apenas para o necessário sustento da casa.

Tanto babás, sejam moças ou rapazes, como cuidadores de idosos, devem se


especializar, se tiverem vocação para tanto, a fim de que casais possam se realizar
profissionalmente em suas vidas.

Devemos dizer sim, ao fato de que, a educação dos filhos, cabe ao pai e à mãe,
igualmente. Não pode ser responsabilidade de um só.

Quando existe um divórcio, e há filhos, estes devem ter o direito de ficar, igualmente,
com o pai e com a mãe, se assim o desejarem. Sem haver a pressão de um dos progenitores
sobre as crianças, de falar mal do outro, para que elas não queiram ficar com este.

Quando a mulher no mundo tiver seu lugar, puder estar entre os governantes e
líderes, não como exceção, mas como parte integrante, quando a mulher tiver seu lugar no
mundo para poder erguer sua voz como o homem ergue a sua, então não precisaremos mais
do Dia Internacional da Mulher, que é uma grande mentira.

Porque não acredito no dia internacional da mulher, acho um grande engodo pra
satisfazer a ingenuidade de algumas e uma oportunidade pra oprimir outras.

Adendo:

Na verdade, temos de pensar no Dia Internacional do Igualitarismo. Para começarmos


a pensar que todos os gêneros devem ter direitos e deveres iguais, conforme suas
desigualdades.

Explico: uma mulher não precisa ser estivadora para mostrar que é igual ao homem,
mas se quiser, tem que lhe ser dado o direito. Basta ela ter a capacidade física, moral, social,
emocional, para tanto. Um homem não precisa ser homossexual para ser bailarino clássico.
Coisas assim já foram comprovadas pelo mundo, mas ainda existem os estigmas.

Há uma forma de feminismo que eu repudio: fazer da mulher a chefe da sociedade.


Ninguém tem que ser chefe de ninguém, cada qual cuida de sua própria vida. As pessoas
devem se ajudar, sempre, umas às outras, independente de gênero. E ninguém precisa ter que
dizer, em formulário algum, a que gênero pertence. É o mesmo que ter que, num formulário
qualquer, ter que dizer nossa etnia, cor, raça, etc. Isso é preconceito.

Futebol é pra mulher!

Desde que assisti, pela primeira vez, ao vivo, no banco do Ginásio Esportivo, uma
partida de futebol feminino, em Campos do Jordão, cheguei à conclusão que é um esporte
para ser praticado, principalmente, por mulheres.

O jogo que vi, em questão, era precário. As moças se esforçavam, tinham ótima boa
vontade, mas não tinham treinamento suficiente. Inclusive, o namorado machista de uma
delas ficou tirando sarro o tempo todo. Espero que o namoro entre os dois tenha terminado
esplendidamente! Ela não merecia um namorado que a pusesse tão para baixo.

Mas o futebol é, particularmente, jogado pelas pernas. Se a bola pega no braço, é


falta. O único que usa os braços é o goleiro, mas ele também usa, e muito, suas pernas. E
quem tem as pernas mais apropriadas para o esporte? A mulher!

O futebol não é um esporte de força, mas de agilidade, de percepção, de multitarefas,


de intuição. E quem melhor nisso tudo do que a mulher?

O futebol masculino se tornou muito violento, muito voltado para a força física. Isso
pode ser corrigido pelo feminino, com treinadoras mulheres, que conheçam as necessidades e
qualidades emocionais, fisiológicas, e, por que não dizer, mentais e morais das moças.

Entretanto, temos visto, na prática, a violência física entrando em campo, no futebol


feminino profissional.

Quando digo moças, é porque o futebol profissional não é um esporte para pessoas
maduras, não sei a razão.

Mulheres não devem ficar só na torcida. Têm que ir para o campo, mostrar aos
homens como se deve jogar o verdadeiro futebol. De forma limpa, clara, elegante, intuitiva,
sem violência. Com as pernas que Deus lhes deu.

Leis atrasadas

O governo brasileiro decidiu que trinta por cento das candidaturas devem ser para
mulheres, e vinte por cento para negros.

Chamam isso de “paritário”.

Na verdade, o verdadeiro paritarismo, no Brasil, deveria ser de eleger cinquenta por


cento de mulheres e pelo menos setenta por cento de pardos, indígenas e negros. Seria o
sistema de cotas para as eleições.
Isso tem a ver com a população nacional.

Não adianta colocar candidaturas de mulheres, por exemplo, só para constar


legalmente, se os partidos não deixam que elas se elejam efetivamente.

Estou falando de uma representatividade mais verdadeira de nossa população.

Como já disse em outras ocasiões, a reeleição é um desatino, e a carreira política algo


que não deveria existir. Assim como as aposentadorias especiais para políticos, o que é um
desaforo para nós, brasileiros.

Na verdade, esse tipo de igualdade que querem colocar não vale nada.

Desperto.

Em minha juventude, e até o início de minha maturidade, eu era muito intransigente.


Tinha o que se chama, eufemisticamente, uma personalidade forte.

Fortíssima!

Entretanto, a virada do século, do milênio, deixou-me mais atento às contradições, às


várias facetas de cada aspecto da realidade, à polialética das coisas e da sociedade, e até
mesmo das pessoas em suas personas.

Passei a sentir que não tinha mais como ter uma opinião definitiva sobre as situações.
Tenho que estar em constante alerta acerca de uma ou mais atenções da vida.

Por essa razão, noto alterações em meu estado intelectual constantemente, cada vez
mais achando erros em minhas opiniões de tempos dantes.

Venho ouvindo e lendo com maior zelo as contraditórias ao que penso, e formando
cada vez mais polialeticamente minhas opiniões, quando ainda consigo ter alguma.

Posso dizer que ainda sou uma pessoa de personalidade, eufemisticamente dizendo,
forte. Ainda luto com garras e dentes para defender o que acredito. E minha individualidade
tem firmes convicções.

Todavia, se ouço ou leio algo que me pareça realmente desafiador, de índole


logicamente proporcionada, tendo a analisar e até me dispor a mudar algo de posição. Mas
tem que ser algo muito bem arrazoado.

Inclusive, não precisa de endosso algum, se for uma ideia original. Bem exposta.

É muito uma questão de melhora das percepções intelectivas. E também emocionais e


espirituais.

Sim, pois não somos apenas intelecto; temos emoções, que nos levam a agir dessa ou
daquela maneira. Temos que ser inteligentes emocionalmente para nos controlar perante o
Outro. Para saber como responder às ações do Outro.

Temos consciência, que outros preferem chamar de alma, ou espírito. Ela comanda
nossas vidas desde antes de nosso nascimento. Quando estamos na barriga de nossa mãe
biológica, temos um relacionamento de unidade com ela e o mundo que a cerca. Até nossa
fase de latência, nossa consciência ainda está ligada aos elos parentais, mesmo que não
biológicos.

O aspecto espiritual é importante para todos, não só para quem crê em vida pré e pós-
morte, mas também para quem acredita na congregação dos elementos do corpo com os da
natureza.

Tudo isso afeta, necessariamente, minhas ações. E assim, as ações de quem está à
minha volta. E, consequentemente, ao universo.

Sempre lembrando que, os posicionamentos, nunca se dividem em dois opostos, mas


em multiplicidades que se multiplicam.

Pulsa, coração!

“Pulsa, coração,

Pulsa,

Num eterno feedback emocional”.

Esse poema, eu fiz no auge de meus 22 anos. Faz parte do livro Já que Tá, Então Fica,
esgotado, publicado em mimeógrafo, pela Giraornitorrinco, em 1981.

Fala da parte mais importante de nosso corpo. Sem ele, não há o que bombeie o ar
para nosso corpo, todo nosso corpo. Inclusive o cérebro.

Acredito piamente que a consciência esteja espalhada por todo o corpo.

Nossos artelhos têm consciência de que são artelhos e que se ligam a nossos pés. Têm
a consciência de que estão vivos e pensam por si, ligados ao cérebro, mas vivem graças ao
coração, que faz o sangue circular até eles.

Consciência é quando a gente tem o discernimento de sermos nós mesmos.

Cada célula de nosso corpo tem a sua consciência própria, que é ligada ao coração. As
células do cérebro só vivem graças ao coração.

Estudos recentes discutem a validade da morte cerebral. Isso quer dizer que, muitos
médicos e cientistas estão invalidando a tese de que a morte acontece quando o cérebro deixa
de funcionar.

Como exemplo, temos as crianças que nasceram sem cérebro, e permanecem vivas.

Pessoas que perdem um pedaço do cérebro continuam vivas, e o que sobra do cérebro
se condiciona a pensar como se fosse inteiro.

Se o coração falha, nada mais funciona. Mas ainda há a consciência corporal, que
permanece viva por alguns instantes.

Quando falei do coração pulsar, falei da consciência, do todo, que se liga ao planeta.

Somos coração, somos consciência, somos emoção. Esquecemos disso em nossas


vidas, racionais que somos.
Quando alguém nos pergunta: o que você achou da morte de fulano? Tendemos a dar
respostas racionais, como acho que ele poderia ter feito tal coisa para se preservar mais, em
vez de uma resposta emocional, como me deixou triste, me fez ficar mais sensível, deixou-me
desolado, ou ainda fiquei contente por não sofrer mais. Por exemplo.

Claro que nem todas as pessoas são assim. Algumas têm uma inteligência emocional
maior, e não têm dificuldade em expressar suas emoções.

O feedback emocional existe, porque tudo, tudo, que nosso coração expressa, tem
uma resposta. Das pessoas. Do planeta. Do universo. De Deus.

Isso é o que acredito.

Quando o ato é pleno, não existe repetição.

Clóvis de Barros filho, num curso promovido pelo Zenklub, disse que viu um filme em
que ficou 100% envolvido. De tal forma, que ficou triste, ao ver que o filme acabou. De tão
bom que o filme lhe pareceu.

Ele se sentiu pleno durante o filme. Mas tudo acabou, quando o filme terminou.

Penso que, nessas horas, devemos é ficar felizes por termos nos envolvido com um
filme de tal forma. A sensação que permanece é o que mais importa. O que vem depois, o
aspecto sensorial. As emoções. O pensamento.

Quero dizer, o que importa, não é o filme, porém como nos sentimos depois dele
terminar. Como nos lembramos de seus sons, de suas imagens, de como nossos sentidos se
situaram enquanto ele acontecia. Não precisamos assistir a outro em seguida, podemos curtir
o momento de pós-ver, pós-ouvir.

Se tivermos oportunidade, podemos assistir de novo. Rever e re-sentir o que sentimos.

Provavelmente, não será a mesma coisa.

O problema de fazermos uma maratona de filmes é justamente esse: a mistureba!


Acabamos não curtindo nenhum em particular, e o que fica é um resultado de entulho, de
desgaste emocional e intelectual.

É diferente de maratonar uma série: criamos em nós um sentimento que a série nos
passa, que pode ser a que ela pretende, ou o que nós pessoalmente captamos.

Quando nosso filho era criança, fomos a um cinema com duas salas, em Santos.
Enquanto fomos ver um filme, ele assistiu a A História Sem Fim.

Quando nos encontramos na saída do cinema, ele estava chorando. Perguntamos a ele
o que se passava, e ele não respondia. Só choramingava.

Indaguei: – Quer ver o filme de novo?

Ele fez um sinal afirmativo com a cabeça, e fomos os três ver A História Sem Fim.

Saímos deslumbrados! Os três. Mas, o melhor de tudo, foi o que sobrou depois do
filme. O clima entre nós. A sensação de felicidade.
Um filme é como qualquer coisa na vida. Deve ser curtido em toda a sua plenitude
durante o tempo em que ele acontece. E se for agradável, deve permanecer conosco, depois
de acabar. Devemos levar com a gente a sensação boa.

É como o sexo. Se não pudermos curtir o que existe de bom depois que ele acaba, não
valeu a pena. Se for apenas o ato pelo ato, sem significado, não valeu a pena. Tem que
acontecer com amor, com consciência entre as duas pessoas.

É errado pensar que pena que acabou... Devemos pensar: - Que bom que pudemos
participar dessa oficina, desse concerto, desse show, desse espetáculo. Que bom que pudemos
assistir a esse filme, a esse desenho. Que bom esse livro que acabei de ler, esse mangá . E curtir
a sensação que vem depois, em toda a sua plenitude.

O negro e o preto; o vermelho e o rubro.

NEGRO

Brilho

Anarquia

escuro

masculino

sério

PRETO

Fosco

Caos

escuro

masculino

sério

Minha ideia de anarquia é a de um sistema político acéfalo, mas ordenado; caos é


confusão, desorganização, bagunça!

VERMELHO

fogo

forte

sangue

fosco (cor de lápis)


RUBRO

fogo

forte

sangue

brilhante(cor de esmalte)

Lembro-me de um filme que tinha uma sequência onde apareciam diversas


crianças nuas, no campo, carregando bandeiras negras e bandeiras vermelhas. Na época, não
tive dúvida: minha leitura era de uma apologia ao anarquismo e ao comunismo como irmãos,
formas políticas que se amalgamavam.

Lendo Eni P.Orlandi1, num opúsculo recomendado pela profª Cibele 2, obtive outra
leitura das bandeiras negras: fascismo! Então, ao invés de um comunismo a par do anarquismo
libertando os povos, teríamos as ditaduras de direita e de esquerda oprimindo os povos,
embora com a inocência infantil?

Espero que não, ou meu equívoco leitor será afetado na lembrança como um
grande erro com respeito ao diretor daquele filme.

Que filme? Não me recordo de sobremaneira. Só sei que o assisti numa sessão da
Cinemateca de Santos.

Amor, razão e emoção.


Precisamos de nossa própria individualidade, para poder amar o próximo.
O amor nasce da razão ou da emoção? Digamos que de nenhum dos dois. A razão e a
emoção não são díspares, nem conjugam o mesmo lugar. O amor nasce dessa colisão, o
choque entre a razão e a emoção.
Não existe amor pelo outro sem haver autoconhecimento. E o autoconhecimento
acontece primeiro através de um estranhamento. O estranhamento do indivíduo de seus atos,
de suas emoções. Isso tem que ser feito por um especialista, por exemplo, ou pelo menos uma
procura por um caminho que o leve ao autoconhecimento.
O vazio ocorre quando, na experiência amorosa, as partes se desencontram, por falta
de conhecimento de si mesmas. E, na falta de conhecimento de si mesmas, por elas mesmas,
não há como saber como são seus consortes.

Loucos e o preconceito.

Quem, afinal, é são de espírito?


1
ORLANDI, Eni P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas, SP,
Pontes, 1999.
Cibele Mara Dugaich, que nos ministrou matéria de mesmo nome – Análise de
2

Discurso - em pós-graduação de língua portuguesa e literatura.


HORÁCIO; “Sátiras”, II

Antigamente jogavam pedras nos loucos. O doido da vila era gozado por todos,
tratado com menosprezo. Ou o doido da família. De certa forma, ainda é assim, toda família
elege um anormal. As pessoas têm medo de serem confundidas com eles, temem ser
chamadas de malucas, e assim arrumam um bode expiatório para sobre ele jogar todos os seus
medos. Riem do louco, para mostrar que são diferentes dele.
É por isso que se afastam de quem é diagnosticado com alguma insanidade,
debilidade mental, retardo ou deficiência. Grande coisa! Quanto mais tentam se desviar, mais
ficam próximas. E mais se parecem com eles.
Três perguntas ficam no ar. A primeira: os loucos têm consciência de sua própria
loucura? Eis a indagação feita por alguém que não se considera tal. Ninguém tem coragem de
admiti-lo. Todos dizem: eu não sou!
O que cada um é, só sabe quando outras pessoas lhe dizem. Cada qual é a somatória
daquilo que acha que é, com o que os outros lhe contam, e o que lhe deixam de contar.
Um homem normal, que more numa casa normal, tenha uma família normal, um
emprego normal, uma vida normal, pode estar a um passo da psicose, e não o saber.
A segunda pergunta: quem é louco? A medida de sua igualdade com a sociedade dá o
resultado. As pessoas tentam se proteger unindo-se com outras, como se todas fossem
igualmente sãs. E não o são.

Princípios regem a noção de normalidade. Estar bem consigo mesmo poderia ser um
princípio. Mas nem sempre o é. Indivíduos tidos como normais costumam ter muitos
problemas, são angustiados e perniciosos. Tanto quanto um alienado pode ser. São
normóticos, já que a sociedade é doente, e ser integrado a ela é ser insano, portanto.

A derradeira: então, quem não é louco? A questão é irrespondível. Afinal, um


pouquinho de piração na vida de cada um é o tempero de nossas personalidades.

A palavra não é a coisa.


Tenho notado como as pessoas têm confundido as palavras com aquilo que elas
representam. Principalmente quando se trata de sentimentos. Quero dizer: quando falo amor,
não estou mais que me referindo ao anseio. E pessoas acham que o ato de falar já é a coisa em
si. Complicado?

Nem tanto. A palavra já seria a emoção, em vez de apenas representá-la. Seria como
dizer que o mapa de um lugar é o território propriamente dito.

Incrível? Pois é o que acontece. Por milênios o ser humano usou palavras para
simular sentimentos, até que chegou o dia em que passou a achar que elas são a própria coisa
em si. Basta falar eu te amo e já é o amor. Isso, na verdade, não deveria ocorrer, mas acontece.
E muito! Ou que invocar um morto trará de volta o ente querido.

Ora, e por que isso se dá? Não sei, mas já é um fato. E quanto mais passa o tempo,
mais existe. Repare só no dia-a-dia, e veja se você também não está aplicando isso em sua
vida. De minha parte, estou me policiando.
Querela dos Universais.

Assim é chamada uma questão insistentemente discutida na Idade Média.


Basicamente, sobre a relação existente entre a palavra e a coisa. Isto é, a palavra fala de coisas
existentes e inexistentes. Qual a relação entre o nome e a coisa, a linguagem e a realidade?
Ora, qual a relação entre o que falamos e a realidade sobre o que
dizemos?

Quando damos o nome a algum objeto, não estamos mais do que apenas
apontando-o. Não precisamos estar com ele em nosso poder, embora o enunciando seja como
se o tivéssemos.

Por isso é tão importante usarmos palavras em nossas orações: ao


utilizarmo-nos de tais, adquirimos o poder de estar com as coisas como que em nossas mãos,
já naquele instante.

A meditação zen procura pensar em nada, no nada. É a ausência de


palavras, além de todo pensamento. É o estar fora de toda querência, o inverso da oração.

A Questão dos Universais se torna extremamente atual, considerando os


meios de comunicação de massa: o que se propaga com palavras é o que se está
apresentando? A veracidade pode não ser o que aparenta.

Um olhar sobre a miopia.

Uma característica tenho desde tenra idade: ser portador de miopia. O míope é aquele
que tem dificuldade de enxergar de longe. Ao se deparar com algo que esteja à distância, os
contornos não se definem bem. Então, o oculista recomenda o uso de lentes de correção.
Lembro-me que, quando era criança e jogava futebol – mal -, eu o fazia sem os óculos.
A bola aparecia de repente, era comum virar alvo. Não conseguia ter a noção da profundidade
tão bem como quando estava com eles. Mas então eu não podia jogar, porque podiam se
quebrar.

Os primeiros dias do uso de óculos são a grande descoberta: tudo parece mais
novinho, mais colorido, mais fácil de se ver. Os detalhes aparecem com mais facilidade. A vida
parece renovar-se!

Não sei se todo míope é assim: quando olho para alguma coisa, se a quero ver bem
devo focar, como uma câmera de projeção, ou de fotografia. Se olho rápido, não vejo com
clareza, tenho que ficar mirando o objetivo até ficar contrastado. Isso já me causou problemas.

Entretanto, há uma vantagem em ser míope: você passa a ter dois olhares sobre o
mundo, um com os óculos (ou lentes de contato), outro sem. No primeiro, as coisas aparecem
claras, firmes, sem alteração com relação à profundidade; no segundo olhar, sem os óculos (ou
sem as lentes), tudo aparece borrado, as cores se fundem, as três dimensões ficam
comprometidas. Duas realidades perceptíveis.

Se você quiser se inteirar do que te rodeia, é só colocar os óculos; se preferir


distanciar-se, descansar do mundo, é só tirá-los, e tudo fica bem. É melhor que usar drogas.
A resposta não-verbal.

Aprendemos, desde cedo, a sempre responder às perguntas. Para tanto, elas devem
ser lógicas, a fim de que a resposta também o possa ser. A dúvida deve ser respondível em
palavras. Assim, a questão nunca fica no ar, simplesmente, à toa.

No entanto, existem indagações que parecem não ter retorno. Poderia perguntar: qual
o som de duas mãos? E a pessoa responderia batendo palmas. E qual o som de um só dedo?
No zen, o mestre dá ao discípulo uma pergunta indecifrável, o koan, e este fica em
frente a uma parede branca pensando na possível resposta. É como: qual a diferença entre um
coelho? Aparentemente, não há solução. Mas o discípulo pensará naquela questão até ferver o
cérebro. Nesse ponto, cairá num vazio, o sunyata. E do vazio, virá a resposta.

Exercícios como esse podem movimentar a mente. Precisamos ter incertezas –


honestas – dentro de nós, a fim de tão somente buscar soluções. Para tanto, podemos nos
servir de outros meios, além do pensamento. Dentre todos, existe a arte, a mais simples forma
de se obter conhecimento.

Como já sabemos, nem sempre as respostas serão necessariamente verbais.

Todo mundo usa um par de óculos.

Durante a infância e adolescência meus amigos chamavam-me de filósofo, ou


intelectual, o que me desagradava bastante. Achava que por usar óculos, eles falavam isso. Eu
só queria ser um cara legal. Tanto que, à primeira oportunidade, passei a usar lentes de
contato. E decidi que não leria mais nenhum livro. Tinha então 19 anos de idade.
Um dia, enquanto esperava começar um show do Rock da Mortalha, na saída da estação
São Bento do metrô, conversava na plateia com alguns roqueiros. E discutia avidamente.
Eis que, num dado momento, uma garota virou-se pra mim, com todo seu entusiasmo, e
disse: “- Já sei! Você é um intelectual do rock!”
Aquilo me caiu como uma pedra. Tanto me esforçara para me desvencilhar daquela
imagem... Só queria ser um cara legal.
Foi quando descobri que existem certas coisas que fazem parte de nós, mesmo que não
queiramos.
Voltei a usar óculos. E a ler livros.
A questão é que existem aspectos bons e maus. Devemos considerar ambos, tornando
os positivos mais fortes e os negativos mais fracos. Mas só conseguimos isso se tivermos a
coragem de olhar para dentro de nós mesmos. Assumir o que faz parte de nós e não tentar
solapar, pois quanto mais queremos esconder, mais aparecem. E então trabalhar para fazer
crescer nossos pontos melhores e diminuir os que nos atrapalham.
No caso, os óculos eram o símbolo da intelectualidade, imagem da qual eu queria me
desvencilhar. Queria ser um rapaz igual aos outros, mas... eu não percebia que ser intelectual
fazia parte da minha personalidade.
Apesar de ser um péssimo aluno na escola, era muito inteligente, e tirava ótimas notas
em redação. Mas sempre ficava de segunda época – recuperação, segunda chamada, etc. Os
professores concordavam que eu escrevia bem, e assim passava de ano. Mas não queria
assumir minha diferença dos demais, o que me fazia desvencilhar-me da boiada.
Todo mundo usa óculos. Só que nem sempre é visível.

Abandonando a apatia.

Em meus tempos de colegial, em São Paulo, ao fazermos uma prova, todos ficávamos
com a cabeça pra baixo, olhando o que tínhamos que resolver, ou escrevendo a resposta.

De repente, vinha da rua o som de uma freada de carro! Ninguém subia o rosto, a não
ser um colega, que até comentava, em voz alta, o fato. Ele era o único que não havia sido
criado na capital paulista. Vinha do interior. Não era apático, como nós. Naquela época
e lugar, achávamos estranho alguém comentar algo tão corriqueiro quanto uma brecada de
automóvel. E, no entanto, nós estávamos errados. Todos nós.
A cidade grande tira das pessoas o ato de se surpreender diante das coisas. Nada é
motivo para grandes emoções. Nem para pequenas. Tudo se torna incolor, sem brilho.
Lembro-me que, naqueles dias, uma colega de classe disse que quase me atropelara, só para
brincar, e eu nem a notara.
Temos que reaprender a nos espantar. Como crianças. Os movimentos da vida têm que
nos maravilhar. A beleza de um arco-íris, de uma lua cheia, do canto de um pássaro. Não ter
medo de levar susto com freadas de automóvel, nem de nos deslumbrar com o que é comum.
Nada ou ninguém é tão comum que não mereça uma atenção.
Essas reações a impressões só irão nos enriquecer, e tornar nossas relações mais
prósperas com o mundo. No começo, temos que treinar, prestar mais atenção ao que nos
rodeia. O tempo fará o resto.

O centro e o círculo.

No estudo dos símbolos, ir da extremidade do círculo ao seu centro é passar


do exterior ao interior, do mundo das formas ao da contemplação, do temporal ao atemporal,
do múltiplo à unidade. É a viagem ao ponto criador.
O círculo é a representação do sol, da perfeição e da eternidade, assim
como do reino celeste e do número nove. É também o movimento, a roda do destino (Idade
Média) e a roda budista.
Opõe-se ao quadrado. A junção dos dois é muito comum nas mandalas
hindus e tibetanas. E nas figuras chinesas. E no grafismo medievo.

O símbolo do Tao é um círculo cortado ao meio por um sigma, ficando,


por exemplo, negro de um lado e branco do outro, tendo dois pequenos circulinhos, um em
cada lado, de cores inversas, como a dizer que em cada princípio há sempre um pouco de seu
oposto. Dentro de todo masculino, um pouquinho de feminino e vice-versa.

Nos emblemas religiosos, Deus é sempre colocado no centro. Em muitas


imagens cristãs, Jesus é colocado no meio e os evangelistas nos quatro cantos, como a
representarem o princípio da cristandade e sua estabilização.

Assim como o círculo é o mundo, o universo, o ser humano deve habitar o


seu núcleo para ser normal. O excêntrico é o que fica fora do centro (do latim Ex Centri, saído
do centro para a periferia). Entre os antigos gregos, os heróis eram todos centrados. No
entanto, em nossa sociedade, o indivíduo deve sair do centro para poder criar, produzir,
ficando de fora, para realizar os seus atos, a sua filosofia, a sua dança. E assim, tornar-se um
herói, um artista, um pensador. Ele cria seu próprio centro.
O círculo é simétrico e estático em sua simetria. O movimento implica
numa saída do centro para a periferia. Se pensarmos em mudar o lugar do centro, tudo se
alterará e teremos um novo sistema simétrico e estático.
Podemos pensar no círculo como instável e constantemente móvel. Aí,
teremos outra situação, onde ele passa a ser tomado por uma forma mais dinâmica.
Se pensarmos em termos psicanalíticos, o analista deverá fazer com que o
analisando reconheça o centro, sem necessariamente abstrair-se de sua excentricidade. O
próprio analista tem de sair do centro para entender o paciente, e levá-lo a um centro
dinâmico, que se altera o tempo inteiro. O analisando estará curado quando compreender
como o centro se move, para mover-se de acordo, já que o centro nunca é estático.

Felicidade.
1.

Feliz o homem que não pecou com a sua boca

e que não foi ferido pelo remorso dos pecados.

Feliz aquele cuja consciência não o acusa

e aquele que não perdeu sua esperança.


Eclesiástico 14:1-2

O objetivo da vida de qualquer pessoa é ser feliz. Mesmo um suicida, pratica


seu ato pensando numa felicidade de sair da situação em que se encontra. Alguém que se
encontre faminto, ou sedento, quer saciar sua fome, ou sede, para assim se tornar mais feliz. A
sobrevivência é felicidade.
Há muitas formas de se ser feliz. Mesmo quando a pessoa não perceba,
ela está constantemente procurando isso.

Procurar por fama, poder e dinheiro são maneiras de buscá-la, mesmo


que não se encontre.

Meditar e orar são também modos para se achá-la.

O que ocorre é que as pessoas ignoram a felicidade quando a encontram.


Estão vivas e não agradecem por isso. Estão lendo este livro e não distinguem a fortuna que é
poder ler e reconhecer mensagens através disto. Comem e bebem e não notam como isso é
prazeroso. Utilizam-se dos órgãos dos sentidos e não percebem como isso é importante para
sua alegria. Conseguem raciocinar! Podem ouvir música, admirar belos quadros, contemplar
esculturas, apreciar poemas, assistir filmes ou peças teatrais, dançar, cheirar perfumes!
Aprender coisas novas! Podem escolher no que acreditar! Conseguem conversar, trocar ideias!
Têm famílias, podem fazer amizades! E quantas coisas nos são possíveis! Tudo isso é ditoso. E
muito mais.

São sempre pequenas coisas, pequeninos detalhes. Do mínimo se obtém


o máximo.

O primeiro passo é reconhecer a felicidade. A não ser que você tenha


medo de ser feliz: aí, a história será outra.

2.

O que é ser feliz?


Não adianta viver buscando a felicidade, que nós nunca a encontraremos.
No entanto, podemos ser felizes, se não a procurarmos, mas se a reconhecer em cada
bom instante vivido. E esticar a sensação desse instante adiante, em nossos momentos
futuros.
É evidente que existem maus momentos, mas não precisamos perder nossos dias por
causa deles. Não precisamos dizer que a semana está estragada por causa de um mau dia
vivido.
Todos temos bons e maus dias, bons e maus momentos, mas não podemos carregar
os fardos eternamente. Só enquanto precisamos. E não necessitamos fazer isso de uma forma
negativa. Saber que é uma fase, ajuda.
Porque as fases passam. Uma tempestade não dura para sempre. Uma noite tende a
clarear pela manhã.
Porém, se você não quiser, também, ninguém é obrigado a ser feliz.

A ditadura da felicidade.
O pior de tudo são aquelas pessoas que estão sempre felizes e esperando que
você compartilhe a felicidade com elas. Na verdade, elas não são felizes, mas alegres,
contentes, o que é um estado momentâneo do sentimento, que passa. Não dá pra ser alegre o
tempo todo.

É proibido ficar triste. Vamos festejar que a vida é bela. Cantar e cantar e
cantar a beleza de ser um eterno aprendiz... Essa canção me deprime, porque quando você a
ouve é obrigado a cantar junto, dançar e sorrir. Sei que muitos discordarão de mim, falarão
que essa é uma joia da música popular brasileira... Mas eu detesto!

Não tem coisa pior que festa de fim-de-ano. Tem que pular sete ondas, tem
que guardar a folha de oliveira na carteira, tem que usar roupa de baixo na cor tal...

Não vale ficar em casa. Não vale ver um filme em vez do desfile de carnaval.
Posso até ver o desfile, mas não quero ser obrigado a isso. Gosto de ir à Festa Literária de
Paraty, é uma atividade que me deixa radiante. Amo ler. Sentado, no meu cantinho. Mais do
que ir à uma festa badalada, cheia de gente superexcitada, tocando música que eu não gosto.
Porque amo demais a música, amo rock, erudito contemporâneo, barroco, tocada bem alto
nas caixas de som! Odeio fones de ouvido.

Fico feliz dentro de um museu, mas não necessariamente contente. Talvez


circunspecto até. Ou talvez sorrindo. Mas é a minha forma de felicidade. Não acredito em
fórmulas para ser feliz: se nós não soubermos o nosso próprio caminho, cabe a nós mesmos
descobrir. Não esperemos que algum tipo de guru tente fazê-lo em nosso lugar.

Felicidade e Alegria.
1.
Felicidade não pode ser confundida com alegria. São dois conceitos completamente
diversos, conforme nos garante o estudioso da alegria, George H. Truett, na matéria capturada
em The Conversation, dia 9/11/2020, às 18h41’: theconversation.com/finding-joy-in-2020-its-
not-such-an-absurd-idea-really-145993?utm_medium=email&utm_campaign=Latest%20from
%20The%20Conversation%20for%20November%209%202020%20-
%201780917279&utm_content=Latest%20from%20The%20Conversation%20for
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%201780917279+CID_51a6ddfbe32721df9369c744de57477c&utm_source=campaign_monitor
_us&utm_term=Finding%20joy%20in%202020%20Its%20not%20such%20an%20absurd
%20idea%20really.

Segundo ele, A felicidade tende a ser a sensação de prazer que sentimos por ter a
sensação de que a vida está indo bem. Já, a alegria tem uma capacidade misteriosa de ser
sentida ao lado da tristeza e até mesmo - às vezes, mais especialmente - em meio ao
sofrimento.

De uma certa forma, para mim, a felicidade é um estado de espírito, que se obtém
como algo perene. Mas dinâmico.

Na felicidade, nem sempre estamos alegres, mas vemos as coisas por um lado mais
otimista. A alegria é instantânea e volátil, podendo acontecer em meio a um mar de tristeza.

Podemos ter graus de felicidade. Podemos estar nos sentindo momentaneamente


mais felizes, ou ter dias em que nos sintamos menos felizes. Mas se consideramos nossa vida
feliz, num aspecto otimista, haverá menos chances de nos sentirmos infelizes.

Podemos ter ímpetos maiores de alegria. Ou menores. Graus de alegria não nos farão
essencialmente felizes. Mas podem ajudar.

Não precisamos ser pessoas alegres para sermos felizes. Assim como, nem toda gente
alegre é feliz.

Não são apenas pessoas tristes que se suicidam. Pessoas alegres, também. Pois a taxa
de infelizes é bem grande. Gente que planeja por muito tempo, ou que, aparentemente,
comete num átimo. Na verdade, sempre há sinais anteriores. Que quem está do lado de fora
pode – ou não consegue – ver. Como diz minha esposa, o suicida nunca anuncia
explicitamente.

Podemos assistir uma série ou filme que consideramos muito engraçado – e rimos às
pândegas – isso é alegria, mas não necessariamente felicidade, embora possa contribuir para
tanto. Ou pode ter um humor mais ácido – e aí apenas sorrimos – não estamos alegres, mas
talvez felizes.

A alegria é momentânea. A felicidade é um plano.

A alegria se vê estampada no rosto. A felicidade, é mais sutil.


2.
Alegria é encontrar aquele dinheirinho esquecido no fundo de um bolso ou de uma
bolsa (nossos, claro).

Alegria é a chaleira chiar no ponto para fazer o chimarrão.

Alegria é a esposa fazer lasanha no domingo ou arroz de carreteiro no dia de semana.

Alegria é pedir pizza no delivery no final da noite, quando dá aquela fominha.

Alegria é tomar cerveja zero álcool junto com a feijoada regada à pimenta.

Alegria é curtir o churrasco do genro.

Alegria é aquela brisa fresca no verão.

Alegria é aquele edredom sobre edredom na fria noite de inverno.

Alegria é um tênis novo e andar com ele.

Alegria é ficar sem calçado ao chegar em casa, depois de um dia atribulado.

Alegria é pintar um quadro e achar que aquele é o melhor que já fizemos em toda
nossa vida.

Alegria é assistir um filme em casa, comendo pipoca, com a pessoa amada.

Alegria é receber do filho caminhoneiro, que viaja pelo sul do país, pelo correio, um
pacote cheio de chimarrão, que dá para o mês.

Alegria é receber da filha uma porção de chocolate zero no dia dos pais.

Alegria é poder estar num cantinho apropriado para ler.

Alegria é ter em mãos um livro novinho – pode ser usado – para ler.

Alegria é terminar de ler um livro muito legal, que você sente que te preencheu.

Alegria é poder ouvir música.

Alegria é se sentir em paz.

Alegria será quando tivermos a paz mundial.

Alegria será quando houver eletricidade, internet, comida abundante e água potável
encanada para todos.

Alegria será quando não houver mais déspotas nem corrupção.

Alegria será quando não houver mais competição selvagem.

Alegria é não ser obrigado a ser alegre.

Alegria é ser grato.

Alegria é celebrar uma banalidade.

Alegria é fotografar de memória e recordar depois.

Alegria é se sentir digno para ir ao Templo.


Alegria é contar os momentos felizes.

Rubicão.

Luís de Camões, em sua obra “Os Lusíadas”, tem um trecho que gosto muito,
que é quando ele atravessa o Rubicão.

Isso tem um significado muito profundo, porque é o momento em que ele


vence um obstáculo até então intransponível.

Quando vencemos um desafio que propomos a nós mesmos, quando


passamos por uma prova em nossa vida muito difícil, como terminar um luto, ou conseguir
algo pelo qual lutamos tanto tempo, nós atravessamos o Rubicão. É uma vitória grandiosa!

Ansiedade.
Nós colocamos nosso relógio adiantado ou chegamos uma hora antes no compromisso
para não nos atrasarmos. Nós vemos vários noticiários na tevê, aberta ou fechada, para nos
mantermos atualizados, e ainda assim não achamos que estamos informados o suficiente.
Então lemos as notícias dos jornais impressos e digitais pela internet, e continuamos achando-
nos desinformados.

Informações culturais, notícias, clássicos e contemporâneos, antigos e modernos, tudo


nos vêm de forma intensa e desmesurada. Não sabemos o que selecionar, isso nos causa
ansiedade na vida de hoje, o que Zigmunt Bauman designa de vida líquida, em que nunca
estamos em dia, que precisamos correr para não sair do lugar. Ou nos resignar a ficar para
trás, desinformados, longe de nossa sociedade, não despertos em nossa comunidade.

Precisamos aprender a viver neste mundo que existe em rápida transformação sem
precisarmos nos esfalfar. Contemplar e meditar sobre o que recebemos e buscamos ainda é
um objetivo plausível.

Sem ansiedade.

Liberdade.
Que palavra! Sempre foi utilizada para os mais distintos propósitos. Os nazistas a
utilizaram, os anarquistas, os liberais, os democratas, os que combatem alguma ditadura... seja
de esquerda ou de direita.

Palavras são assim: nunca dizem ao que vêm, a não ser pelo contexto em que estão
inscritas.

Nunca me esqueço de ter estado em Buenos Aires, no tempo da ditadura militar


argentina, e visto no chão de uma calçada alguns pôsteres à venda. O que chamou-me à
atenção foi um que mostrava uma cadeia de montanhas e um pássaro ao longe, com a
inscrição: La libertad es um don, pero um don que se conquista. Assinado por B.Max.
Havia um contexto no ar. A palavra liberdade tinha um peso importante. Na mesma
época, no Brasil, essa palavra era quase dita em sussurro, junto com abaixo a ditadura. O
interessante é que heróis daquele tempo, quando foi restabelecida a democracia no Brasil,
tornaram-se os novos corruptores e pretensos ditadores, mas não havia mais o clima para a
falta de liberdade, e o Judiciário nacional começou a agir diligentemente. E a palavra adquiriu
um novo sentido para o povo brasileiro.

A geração que nasceu sob a ordem da Constituição Cidadã não sabe o valor que existe
na liberdade de expressão, de se poder fazer caricaturas do Presidente da República sem ser
chamado às vias de fato, de se manifestar a favor ou contra um impeachment com carrinhos
de bebê e crianças na mão, levando bandeirinhas.

Ser parte da massa de manobra.

O conceito de massa confere um problema ao de indivíduo. É que o primeiro


desmobiliza o do segundo.

Considero primordial minha individualidade e não gosto de fazer parte de


nenhuma massa impensante.

Isso mesmo, a massa não pensa, só segue o pensamento reinante, não tem
gosto próprio, um saber. Só vai atrás do que a mídia ensina, entre aspas. É a turba!

Ser parte da massa, é diferente de participar de um grupo, de uma tribo, pois


aí, apesar dos participantes terem uma ideologia parecida, mantém suas individualidades.

O melhor é não ser parte de nada, mas indivíduo pensador. Preservar-se. É


frustrante ser parte da massa globalizada.

Para quê meditar?


1.
Cada um tem sua razão.

Pode ser porque acha que faz bem!

Pode ser para aquietar a mente.

Pode ser para entrar num estado de contemplação.

Pode ser para se autoconhecer.

Pode ser para procurar a paz.

Pode ser por simples curiosidade, para ver como é que é.

Difícil é começar e manter-se fazendo constantemente. Não podemos nos censurar,


por não conseguir seguir os passos corretamente logo de início, mas temos de ter paciência. É
como tocar um instrumento musical.

2.
Começamos a meditar pela respiração: inspira-se pelo nariz lentamente, e expira-se
pelo nariz mais lentamente ainda. Esse é o princípio. Precisamos estar parados, numa posição
confortável. Os olhos, é melhor que estejam fechados, para que possamos nos concentrar
mais facilmente na respiração.

Quanto a meditar para se encontrar com o ser superior, ou interior, sugiro começar
pelas meditações guiadas, em podcasts existentes com esse objetivo. Mesmo porque eles têm
um tempo determinado, e não precisamos usar um incômodo despertador.

Com o passar do tempo, aprenderemos a meditar em silêncio, e poderemos ouvir


nossa voz interior. Sempre prestando atenção na respiração.

Tédio.

Temos, em alguns momentos de nossas vidas, momentos de tédio.

Isso também ocorre em outras formas de vida, não é inerente apenas aos seres
humanos. Estudos comprovam tal estado principalmente em animais de estimação, já por
estarem mais próximos a nós. Porém, mesmo no meio selvagem, o ser vivente pode se
entediar.

Vegetais, protistas, podem sentir tédio? E para os partidários de que minerais também
vivem – sou um deles – o que acham sobre o assunto?

Dizer que a tecnologia pode aumentar a possibilidade de enfado é pura especulação.


Nenhum estudo sério comprova tal ideia. Até hoje, segundo saiba.

Um ser completo e perfeito pode se entediar? Deus pode sentir tédio?

Tal estado é um problema inerente ao ser vivente comum, uma característica, ou um


defeito?

É para todos e também para Ele? O que faziam os antigos deuses greco-romanos
nesses momentos? Não sei. Talvez buscassem estar entre os humanos.

Mas o tédio pode ser criativo. Pode ser um momento em que algo surja
espontaneamente. Nunca se sabe o momento da criação.

Um insight pode surgir num momento de tédio. Sem esperarmos.

“Bons tempos aqueles...”

As pessoas, às vezes, se perdem na nostalgia.

Já entre os antigos gregos, um filósofo reclamou da geração jovem, dizendo que não
respeitava os antigos valores, e que, se dependesse dela, o mundo não teria futuro.

As pessoas, quando vão ficando mais velhas – e não precisa ter muita idade para isso -
começam a achar que os tempos anteriores eram melhores. Em suas lembranças, escolhem as
boas coisas e esquecem das piores, como se essas não houvessem existido. Como se diz, a
memória é seletiva.

Daí vem a expressão: “Ah, nos bons tempos...”

Tudo ilusão.
As pessoas não percebem as benesses advindas dos novos tempos, seja uma nova
amizade, um amor mantido por todos os anos, uma mudança na vida que transformou sua
perspectiva. Uma nova tecnologia que magnificou seu modo de fazer as coisas.

Saudades podemos ter, sim, de pessoas e animais que morreram, e que amávamos, ou
que ainda amamos e não temos mais possibilidades de rever. Saudades de uma cidade ou vila
em que vivemos ou visitamos, Saudades de um restaurante ou barzinho que não temos mais
como frequentar.

Mas saudade não é nostalgia.

Adendo

“Antigamente, muitos fornecedores de alimentos inescrupulosos acrescentavam


substâncias aos alimentos com pouca consideração pela saúde. Os padeiros, por exemplo, às
vezes utilizavam gesso, argila ou até mesmo serragem para aumentar o peso dos pães.

Os cervejeiros adicionavam estricnina para “melhorar” o sabor da cerveja – e poupar


gastos com lúpulo. Mas nada era tão aterrorizante quanto os doces: as cores brilhantes que
atraíam crianças eram muitas vezes resultantes de sais venenosos de chumbo, mercúrio ou
cobre.”

Esse texto se encontra na matéria de Julia Monsores, e foi publicada no site da


Seleções. O endereço é https://www.selecoes.com.br/saude/o-que-sao-aditivos-alimentares/.
Lido em 22/06/2020.

“Bons tempos” eram aqueles?

Resiliência.

Resiliência é mais que otimismo.

É como como se fôssemos um elástico. A provação aparece e nos empurra para baixo.
Mas reagimos e vamos para cima novamente.

Ser resiliente é aceitar que a vida tem fases ruins que são inevitáveis, mas que não
durarão para sempre.

É saber que depois do desgaste vem a libertação. Quando acontece de nos


depararmos com algo que pareça sem solução, é a hora que temos de buscar de todas as
formas essa solução, mesmo que pareça inicialmente impossível. Ou insuportável. Tudo pode
ser resolvido, de uma forma ou de outra.

Não podemos ressuscitar alguém, ser vivo algum, porém podemos aprender a lidar
com o luto. Saber que ele não pode durar o resto da vida. Que os tempos seguem em frente.

Quanto mais formos resilientes, mais facilmente nos adaptaremos às novas situações.

Teremos mais confiança em nós mesmos.


Tudo tem um motivo para acontecer. Não são castigos dos Céus, são consequências. A
maioria das vezes, o que nos acontece de mau é consequência de algo que nós mesmos
praticamos.

Sendo mais resilientes sabemos melhor como lidar com as incertezas.

O normal é adquirirmos mais resiliência conforme vamos amadurecendo. Não


podemos esperar de um jovem o que um adulto consegue. Ou deve conseguir. Ela nos faz
conseguir recuperarmos de fases difíceis com mais facilidade.

É um procedimento diário. Viver cada instante presente com a máxima intensidade e


levar ele com a gente adiante, caso seja bom. Contar os momentos bons e descartar os maus,
aproveitando-os como experiência.

Assistir um filme engraçado. Não adianta pensar que vai achar tanta graça num filme,
ou série, quanto nosso amigo ou vizinho. Isso é algo extremamente pessoal. O mesmo vale
para livros, ou textos.

Reservar um tempo só para nós, e outro para ficar com quem gostamos.

Enfim, escrever aquela carta de agradecimento para alguém que nos prestou um favor
e não conseguimos agradecer direito. Pode ser um e-mail, um whatsapp ou qualquer outro
modo. Isso nos tira um grande peso.

Cientistas dizem que ser resiliente prolonga a vida. Isso não sei. Mas é bom para a
saúde física, mental, espiritual, social, emocional, moral e sensorial.

O direito de estar só.

Não falo de se viver como um eremita.

Falo da necessidade de cada um de nós ter de um momento de solitude em nossos


dias.

É aquela hora de poder ler em silêncio, tirar uma soneca, meditar, ou ficar pensando
em nada.

Há muitas formas de se curtir esse momento. Cada pessoa tem o seu jeito.

Isso não quer dizer que viveremos sozinhos, sem depender de ninguém. Sempre
dependemos de outras pessoas, e outras pessoas de nós. É uma teia.

O que não podemos é viver grudados nessa teia, como se nada mais existisse. Nem
querermos viver o tempo todo sozinhos, achando que somos totalmente autossuficientes.

A autossuficiência é uma qualidade, se pensarmos em nível de uma família ter


mantimentos para se suster sozinha durante três meses, ou um ano.

Mas não podemos pensar nisso como um meio de nos afastar da sociedade.

O importante é que não precisamos estar toda hora conversando com alguém.

Temos que ter nosso momento de solitude, para refletir, descansar, ou simplesmente
não fazer nada.
A mente corre.

[Mandala nº 5 – aquarela do autor]

Não há por onde fugir.

Por mais que tentemos manter nossa mente silenciosa, sempre há um ruído que nos
chama a atenção, um canto de passarinho, uma luz que perpassa à nossa frente, um
relâmpago, o som do celular tocando, o cheiro de uma empadinha, o latido de um cão ao
longe, um pensamento qualquer que nos atravessa a tentativa de aquietarmos o silêncio em
nossa cabeça.

Podemos tentar a meditação, um tipo de meditação que procure aquietar a mente.


Mas isso é muito chato.

O que é melhor que divagar, raciocinar, pensar, escolher, ter a liberdade de decidir?

Nada é igual a tudo. Integrar-se ao Todo só vale se for não estaticamente,


dinamicamente.

A vantagem de ser um indivíduo é poder ter consciência própria. Não acompanhar a


massa impensante, a boiada.

Existir é manter a individualidade aberta a tudo o que nos envolve, não se diluindo
entre outras ideias e sugestões, coisas e objetos. Mas digerindo o que interessa pessoalmente,
e resistindo às inutilidades e aos desaforos à nossa inteligência.

Existir leva a ser. O ser é o que existe. Tudo o que existe, pensa. Tudo o que é, pensa.

Podemos não compreender como um mineral pensa, como uma colmeia pensa, mas
sabemos que o ser humano pensa. E pensa porque existe.

A verdade pode morar no interior do ser humano, como disseram Santo Agostinho e
Edmond Husserl, porém não pode prescindir das portas e janelas que as percepções dão à
mente, ao corpo e ao espírito.
Propósito.

Há que se ter propósitos na vida para que ela valha a pena.

Não estou falando de metas. Isso é um despropósito. Porque quando nós atingimos
uma meta, o que fazer depois? Criar outra meta a ser alcançada?

Viver de metas não é vida que se leve.

Pior ainda se for uma meta inatingível. Aí, a gente corre o risco de viver frustrado de
nunca chegar lá.

Quando falo de propósitos, falo de coisas que podemos fazer.

Tenho meus propósitos.

Um deles é escrever livros. Isso, para mim, é minha forma de expressão maior, é minha
arte.

Outro de meus propósitos são as artes plásticas. Faço pouco, quando me dá na telha,
com menos frequência que escrever, mas também é uma forma de me expressar. Também faz
parte de minha arte.

Para que uso a arte? Para expressar o que não tenho condições de fazer falando. Não
sei fazer arte falando. Mas comecei ontem a praticar, com o uso do gravador de meu
smartphone.

Tocar violão. Desenhar, fazer flotages, colagens.

Não são metas. Não me cobro de praticar todos os dias. Nenhum de meus propósitos.

Claro que pretendo escrever, pintar, tocar, cada vez melhor. Mas não me cobro nisso.
Apenas sei que a prática nos torna melhores no que fazemos.

Não tenho a meta de aprender uma coisa nova a cada dia. Isso é frustrante. Mas tenho
o propósito de aprender cada vez mais, mesmo sabendo que meu consciente não consegue
apreender tudo que leio, ouço, cheiro, absorvo. Sei que sempre vou esquecer muita coisa.
Porém, algo fica. Na Consciência. No inconsciente.

O propósito é algo que nos motiva. Se não gostamos de nosso trabalho, nós o fazemos
desmotivados. Sem propósito.

O lazer e o descanso são importantes. Sempre. Isso deve ser um propósito em nossa
vida.

Dormir mal gera desequilíbrio físico. Mental. Emocional. Ficamos sonolentos durante o
dia. Passamos a nos sentir mal.

O propósito que deve existir em cada dia é dormir sem interrupções e de uma forma
tranquila. Mas não devemos nos cobrar nisso, quando vamos nos deitar, ou corremos o risco
de dormir mal.

Devemos ter o propósito de dormir em horários regulares. Todos os dias. Mas tem vez
que não dá. É um livro que não queremos parar de ler, é uma conversa que não podemos
deixar para depois, é uma festa, uma comemoração. Sempre têm as exceções. E aí? Nosso
propósito vai pro brejo? Não. E por quê?

Nosso propósito maior tem que ser o de “levar uma vida que valha a pena ser vivida”,
como disse Alana Nejara, em seu Podcast Psicologia na Prática, de setembro de 2020.

Pensar positivo?

Pensar positivo é bom, em certa medida.

Vou dar um exemplo.

Outro dia, nosso computador de mesa não estava pegando a internet, embora os
smartphones e o Kindle estivesse.

Nosso telefone é ligado à internet. Estava funcionando.

Nosso computador tem mais de oito anos. Dá pra considerar antiguinho, nos dias de
hoje. Mas, para o que precisamos, serve perfeitamente. É só ter paciência com a velocidade no
streaming e na abertura de sites.

Pois bem. O computador não estava pegando a internet. Fiz vários testes, conectei e
desconectei todos os cabos, reiniciei várias vezes. Nalgumas vezes que reiniciava, o mouse
wireless apresentava problema com seu funcionamento.

Fiz tudo o que era possível. E nada.

Então minha esposa disse pra fazer uma oração. É nosso modo de pensar positivo.

Fiz a oração, refiz os procedimentos de praxe e a internet voltou a funcionar.

Era um sábado. Não queríamos passar o final de semana desconectados.

Quero dizer, pensar positivo funciona dessa maneira. Não é apenas orar ou somente
acreditar que o Universo conspirará a nosso favor. É necessário que primeiro façamos tudo o
que está a nosso alcance. Tudo. Para depois pensar positivo e agir novamente.

É assim que funciona o pensamento positivo.

Sentir-se mais inteligente...

Tem manhãs que a gente acorda com ideias, alguma coisa pronta para fazer, escrever,
pintar, desenhar, tocar, sei lá. Resolver uma conta, um problema matemático, um problema
filosófico, um problema caseiro.

Mas tem manhã... que a gente acorda insone, completamente com vontade de
retornar a dormir.

Tem dia que a gente se sente inteligente. Consegue ler os textos e livros mais difíceis, e
compreendê-los.

Tem dia, entretanto, que a gente se sente completamente burro! Hoje, pra mim, é um
dia desses.
Não consigo ler nada mais profundo que a areia da praia. Não consigo escrever nada
mais interessante que a lista de compras.

Não consigo tocar flauta por mais de dez minutos, sem que ela entupa e, mesmo
desentupindo, tenho dificuldade em tocar o dó grave. Tocar violão, nem se diga, já que está
faltando uma corda, as outras estão enferrujadas, não tenho tinta para imprimir o método, tá
uma desgraceira.

Quando me sinto inteligente, consigo tocar qualquer instrumento, não importa o


estado em que esteja (o instrumento). Consigo escrever com facilidade, e criar com mais
imaginação.

Mas hoje... desde que acordei, só consegui baixar texto no computador, para ler
quando estiver mais inteligente. Só li superficialidades. Tentei ler um texto sobre inteligência
artificial, no site The Conversation... and nothing of nothing!

A única coisa que fiz até agora, mais interessante, está sendo digitar este texto. E olhe
lá.

Estou em meu segundo chimarrão. Acordei por volta das sete da manhã, com sono,
mas não podendo voltar pra cama, por causa da dor nos lombos. Não consegui tocar flauta,
nem por dez minutos. Sentado no sofazinho da sala de música.

Mas a vida é assim. O melhor a fazer é usar dias como hoje pra só realizar coisas fáceis,
que não exijam muito da gente. E deixar preparado, o que puder, para os dias melhores. Em
que nos sintamos inteligentes.

Porque hoje...

Estou o ó!

Até me esqueci de tomar os remédios da manhã. Vou tomar agora, 14h30’.

Espero nunca mais ficar tão mal quanto neste dia.

Never more!, como diria Edgar Allan Poe.

Adendo

Interessante. Depois que dei uma descansada, ao final do entardecer, senti-me


renovado. Li várias matérias sobre Inteligência Artificial, no site The Conversation, e entendi
perfeitamente. Inclusive aquela que não compreendera à tarde.

Outro Adendo

É assim mesmo.

Tem dia que a gente se sente um burrão.


Não consegue entender nada. Não consegue aprender nada. Não sente que consegue
absorver coisa alguma.

Se sente um tapado.

Mas é dia. É fase.

Depois, tudo muda.

A gente fica mais capaz. Mais inteligente. Mais absorvível.

Hoje é outro dia. Levantei cedinho. Preparei um ótimo chimarrão, e me sinto muito
bem.

Doenças e curas.

Qualquer tipo de cura, nunca é definitiva. Ela apenas trata, temporariamente, de algo
que acomete a pessoa adoentada,

A cura não impede uma nova doença, um efeito colateral. Cura-se a gonorreia,
aparece a sífilis. Desaparece a tuberculose, vem a aids. Acham-se paliativos para a aids, vem a
mortífera coronavírus.

Sempre existirão doenças a serem tratadas e curadas, mas elas serão substituídas por
novas e desconhecidas.

A histeria foi substituída pela neurastenia, que foi suplantada hoje pela depressão, que
antigamente era chamada de melancolia.

A doença é um dos maiores meios de se combater a superpopulação. Os governos


sabem disso, e se aproveitam. As indústrias farmacêuticas são as maiores beneficiadas, ao
ganhar dinheiro com a cura.

Usar demais a cabeça.

Quando tinha trinta e poucos anos, usava meu dia inteiro para trabalhos onde a mente
era necessária. Era já formado em Comunicação Social, trabalhava com isso, mas usava meu
tempo livre em nossa biblioteca pessoal. Ou na biblioteca municipal. Uma época, dei aulas à
noite. Noutra, usava os fins-de-semana trabalhando numa galeria de arte e antiguidades.

Em 1992, entrei para uma faculdade de Direito, a fim de formalizar meu


conhecimento. E levei muito a sério. No início dos anos 2000 fiz minha pós em língua
portuguesa e literatura. E novamente levei tudo excessivamente a sério.

Pouco depois disso, fui aposentado por invalidez. Minha cabeça já não aguentava tanta
pressão no trabalho.

Aos cinquenta e muitos anos, fui diagnosticado pela neurologista como tendo uma
mente desgastada, como se fosse alguns anos mais velha do que realmente ela era.

Motivo: foi utilizada em excesso.


Fisicamente, eu tinha a idade que tinha, mas mentalmente eu era mais velho que
parecia. Talvez isso reflita hoje em minha aparência.

Mas não me arrependo. Tudo que fiz na vida valeu a pena, e faria novamente se
pudesse repetir.

Sempre em frente!

Falo muito isso em meus livros. Sempre em frente.

É um incentivo para não ficarmos olhando para trás, para seguirmos com nossa vida,
pensarmos no presente, e seguirmos com tudo para o futuro.

No entanto, sei que é inevitável darmos sempre uma repassada no que já fizemos em
nossas vidas. Isso, às vezes, é muito delicioso. Mas outras, um tanto pesaroso, desgastante.

De uma forma ou de outra, não podemos evitar, é verdade. O que não precisamos, é
nos acostumar a ficar resgatando esses momentos o tempo todo, como se o presente não
tivesse importância.

Devemos lembrar que o passado já se foi. Ele não volta. Sempre houveram episódios
bons e ruins, e depende de nós mesmos selecionarmos o que queremos levar para o futuro.

Sei que nem sempre é fácil.

Mas temos que buscar o melhor. Sempre tentar, nunca desistir.

Mesmo quando a desistência pareça a única solução. Sempre existe uma saída que
ainda não achamos.

É uma questão de exorcizar os acontecimentos ruins, seja conversando sobre eles com
um companheiro, com um amigo, com a esposa, com um terapeuta. Transformar esses
eventos ruins em coisas que não nos afetem mais, que não atrapalhem mais as nossas vidas.

Os lances bons, os sucessos, não devem se resumir em nostalgias, mas em ocorrências


que levamos conosco para alimentar nossos egos, no bom sentido da palavra. Também valem
a pena serem levados em conta, nas conversas com nosso companheiro, com nosso amigo,
com nossa esposa, com nossa terapeuta.

Podemos estar passando por uma situação horrível. Mas ela vai passar, de um jeito ou
de outro. Tudo é uma fase.

Sei também que, vez por outra, precisamos descansar de nossos afazeres.
Periodicamente. Dar uma parada. Olhar onde estamos. Ver o que já fizemos, congratularmos
com as coisas boas, aprendermos com as ruins. Dar um tempo, pra depois seguir.

Tudo isso faz parte.

Por isso, falo sempre em frente! É um negócio que otimiza, que dignifica. É uma
maneira de ser. É um estar em sintonia com o presente, seja ele qual for. E tentar levar para o
futuro o melhor que puder.

A vida é sempre a mais perfeita solução.


O que fica de tudo isso?

Meu pai detestava física. A matéria de ciências, física.

Quando ele entrou para a Aeronáutica, em 1942, qual foi a primeira função que lhe
deram? Ser professor de Física! Cheguei a ter, quando criança, e conservar até há pouco
tempo, as apostilas de física que ele usava para dar aulas. Eram mimeografadas à tinta.

Depois ele teve outras funções, como mecânico de aeronaves. Ele trabalhava no
correio aéreo, e teve muitas horas agradáveis de voo.

Valeu a pena. Ele adorou, e sempre falava sobre isso, durante sua vida.

Ora. Sempre detestei notícias policiais e futebol.

O que me deu mais dinheiro quando trabalhei com jornalismo? Notícias policiais e
futebol. Inclusive, num programa esportivo, em que todos declaravam seu time de coração,
não falei que era são paulino. Preferi declinar, porque achei que afetaria meu profissionalismo.
Frescura. De jornalista novato.

Mas tive, em minha curta carreira jornalística, muitos momentos prazerosos. Com
músicos, arte, entre outras coisas. E até com futebol.

O que fica, de tudo isso? É que, mesmo quando temos tarefas desagradáveis, sempre
podemos tirar boas lições. E bons instantes de felicidade.
Sobre o autor.

Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes é meu nome. Nasci às 4 e meia da manhã, do dia 4 de
abril de 1958, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo.

No final dos anos 1970 e início dos 80, publiquei uma série de livros de poemas, por
conta própria, na base do mimeógrafo e do off-set. Tentei fazer alguns para educação popular,
mas não foram para frente.

Enveredei pelas artes plásticas e pela música. Fiz várias exposições individuais e
participei de coletivas. Fui solista de guitarra e cantei, em várias bandas de rock que não
duraram quase nada.

Individualmente, toquei vários outros instrumentos, não só de corda, mas também,


muito mal, de sopro e percussão. Sempre de ouvido, embora tenha estudado profundamente
música, o que ainda o faço.

Minha formação acadêmica inclui jornalismo em Santos e direito em Taubaté, além de


meia-pós-graduação em comunicação social e uma pós-graduação em língua portuguesa e
literatura. E vários pequenos cursos adicionais, incluindo extensões, todos presenciais, que é o
que existia naquele tempo. Agora, por último, terminei um curso de psicanálise clínica.

Meu primeiro emprego foi ajudar meu pai no depósito de artigos de época, fazendo
pacotes, atendendo a freguesia, carregando mercadoria, auxiliando no escritório, e fazendo
contas.

Depois vagabundeei um pouco e fui ser cobrador. Passou um tempo e voltei a


vagabundear, para depois atuar com artes plásticas e antiguidades. O dinheiro não dava para
nada.

Aí, recebi uma pequena herança e abri uma lanchonete que era também uma casa de
chá. Logo, minha esposa estava participando, até que, de repente, passou a cuidar sozinha do
local.

Nesse meio tempo, fui chamado como redator e repórter da Rádio Emissora de
Campos do Jordão. Depois, concomitantemente, fui empregado de diversos jornais escritos,
como diretor de redação, fotógrafo, editor, redator, repórter, diagramador, etc, tudo ao
mesmo tempo, já que eram jornais pequenos.

Nessa época, escrevi pra burro, tudo quanto eram notícias, editoriais, resenhas, entre
outras coisas. Mas nunca fui convidado para a Academia Jordanense de Letras.

Também trabalhei, uns meses, como jornalista da prefeitura, o que me garantiu uns
bicos em períodos eleitorais.

Como jornalista, fiz ainda alguns frilas e uma correspondência por três meses tórridos!

Noutra época, meus finais de semana eram tomados por uma galeria de arte de
Campos do Jordão.
Quando fui demitido da Rádio Emissora, comecei a trabalhar como advogado, e logo
fui chamado pela Sabesp, para a qual havia prestado concurso, em Caraguatatuba, onde
trabalhei como atendente a consumidores.

Minha aposentadoria foi pela Sabesp.

Moro atualmente no litoral norte do estado de São Paulo. Meus hobbies são: ouvir
discos de vinil, desenhar, fazer colagens, escrever, tocar violão, ler muito, e ver filmes e séries.
E fazer cursos e oficinas pela internet.

Alguns dias antes do Natal de 2021, tive um acidente doméstico em que quebrei o
ombro e o braço esquerdos. Soma-se a isso meus acidentes anteriores, no cotovelo e no
tornozelo direitos, e uma danação na coluna. Fora isso, estou bem. Fazendo eventuais
fisioterapias, me alimentando, etc.

Só a cabeça não anda lá essas coisas. Por isso escrevo, para preservar minha memória
para o futuro. Sim. Eu acredito no futuro.

Contato: leopoldopontes21@gmail.com

Foto by Fafí Pontes.


Livros e e-books de Leopoldo Pontes:

(Na ordem por publicação)

1. Paixões Remuneradas (1979) (esgotado)


2. Sobre Rio Claro (1980) (esgotado)
3. Já que tá, então fica (1981) (esgotado)
4. (Arte em mimeógrafo) (série) (1981) (esgotada)
5. Série Poemetos (1981) (esgotada)
6. Educação Popular (série) (esgotada)
7. Homoteo (1982) (não publicado)
8. Gabriel: a História do Roqueiro que virou o Grande Herói Nacional (2000)
(reeditado em agosto de 2016)
9. Asas para Teotino (2001) (reeditado em outubro de 2016)
10. Minha Experiência com o Kindle (novembro de 2016)
11. Poemas para serem lidos em voz alta (novembro de 2016)
12. V.M.P.M.: Duas Histórias de Amor (janeiro de 2017)
13. Dialética no Direito: O Estado Leigo (dezembro de 2018)
14. Análise de Matrix e outros filmes e textos (janeiro de 2019) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
15. 4 COROS DA TERRA E DOS CÉUS E UMA CANÇÃO INFLAMADA: Teatro (janeiro de
2019)
16. O gosto das coisas: E o Rock não morreu... (abril de 2019) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
17. O gosto das coisas: A Gorda vai cantar (abril de 2019) (retirado de circulação em
setembro de 2022)
18. O gosto das coisas: O Tempo e as Estações (abril de 2019) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
19. Dialética sem Encher Linguiça (maio de 2020) (retirado de circulação em setembro
de 2022)
20. ZEN SEM FRESCURA: o livro da anti-autoajuda: tudo o que os livros de autoajuda
não te deixam acreditar (maio de 2020) (retirado de circulação em setembro de
2022)
21. VMPM e outros contos (maio de 2020)
22. ROCK NÃO SE APRENDE NA ESCOLA (maio de 2020) (retirado de circulação em
setembro de 2022)
23. NA CONTRAMÃO (maio de 2020) (retirado de circulação em setembro de 2022)
24. TUDO AO NORMAL – Felicidade não é obrigatória (julho de 2020) (retirado de
circulação em setembro de 2022)
25. Antes do despertar - α € Ω A Nova Gaia (outubro de 2020) (retirado de circulação
em setembro de 2022)
26. REINICIAR é a Solução pra Tudo! (janeiro de 2021) (retirado de circulação em
setembro de 2022)
27. Contos jurídicos (julho de 2021)
28. O prazer de fazer barulho (abril de 2022) (retirado de circulação em setembro de
2022)
29. O corvo (tradução do poema de Edgar Allan Poe) (junho de 2022)
30. Música do Planeta Terra (agosto de 2022)
31. O pensamento quântico não é místico (outubro de 2022)
32. Lições sobre a psicanálise – Tomo 1 – Generalidades (novembro de 2022)
33. Lições sobre a psicanálise – Tomo 2 – O imaginário, o simbólico e o real.
(novembro de 2022)
34. Lições sobre a psicanálise – Tomo 3 – A busca pelo equilíbrio (novembro de 2022)
35. Lições sobre a psicanálise – Tomo 4 – Questões filosóficas (novembro de 2022)
36. Lições sobre a psicanálise – Tomo 5 – Dialética e polialética (novembro de 2022)
37. Lições sobre a psicanálise – Tomo 6 – Ciências Sociais [novembro de 2022.]

Fim.

Índice:

LIÇÕES SOBRE A PSICANÁLISE – TOMO 1 – GENERALIDADES.....................................................7


O processo de se fazer terapia é um longo caminho....................................................................7
Lilith e Eva....................................................................................................................................8
Diagnóstico e personalidade .......................................................................................................9
1...............................................................................................................................................9
2.............................................................................................................................................10
3.............................................................................................................................................10
"Ninguém é insubstituível.”........................................................................................................10
A transcendência da loucura......................................................................................................11
Sobre a reintegração das pessoas com transtorno na sociedade...............................................12
Eu e Nós.....................................................................................................................................12
O Eu-Comigo e com o Outro.......................................................................................................13
Empatia: o olhar do Outro..........................................................................................................14
Livre arbítrio é uma grande coisa a se pensar............................................................................16
Dores emocionais.......................................................................................................................18
Dores sociais..............................................................................................................................19
Dor é vida...................................................................................................................................19
Por que somos agressivos?........................................................................................................20
Perdoar para se sentir mais leve................................................................................................21
Temos que parar de repetir os erros familiares.........................................................................22
Por que gostamos tanto de bolsas?...........................................................................................24
Não fazer nada pode ser bom....................................................................................................24
Quando os problemas crescem, é porque nós estamos crescendo...........................................25
Ser um homem é sentir a pressão de ser um homem................................................................26
Violência sexual contra o homem..............................................................................................29
Lgbt+fobia..................................................................................................................................29
Feminismo é para todos.............................................................................................................30
1.............................................................................................................................................30
2.............................................................................................................................................31
Dia Internacional Da Mulher: a grande dúvida...........................................................................31
Adendo:.....................................................................................................................................33
Futebol é pra mulher!................................................................................................................33
Leis atrasadas.............................................................................................................................34
Desperto.....................................................................................................................................34
Pulsa, coração!...........................................................................................................................35
Quando o ato é pleno, não existe repetição..............................................................................36
O negro e o preto; o vermelho e o rubro...................................................................................37
Amor, razão e emoção...............................................................................................................39
Loucos e o preconceito..............................................................................................................39
A palavra não é a coisa...............................................................................................................40
Querela dos Universais...............................................................................................................40
Um olhar sobre a miopia............................................................................................................41
A resposta não-verbal................................................................................................................41
Todo mundo usa um par de óculos............................................................................................41
Abandonando a apatia...............................................................................................................42
O centro e o círculo....................................................................................................................43
Felicidade...................................................................................................................................43
1.............................................................................................................................................43
2.............................................................................................................................................44
A ditadura da felicidade.............................................................................................................45
Felicidade e Alegria....................................................................................................................45
1.............................................................................................................................................45
2.............................................................................................................................................46
Rubicão......................................................................................................................................47
Ansiedade...................................................................................................................................47
Liberdade...................................................................................................................................48
Ser parte da massa de manobra.................................................................................................48
Para quê meditar?......................................................................................................................49
1.............................................................................................................................................49
2.............................................................................................................................................49
Tédio..........................................................................................................................................49
“Bons tempos aqueles...”...........................................................................................................50
Resiliência..................................................................................................................................51
O direito de estar só...................................................................................................................51
A mente corre............................................................................................................................52
Propósito....................................................................................................................................53
Pensar positivo?.........................................................................................................................54
Sentir-se mais inteligente...........................................................................................................55
Doenças e curas.........................................................................................................................56
Usar demais a cabeça.................................................................................................................57
Sempre em frente!.....................................................................................................................57
O que fica de tudo isso?.............................................................................................................58
Sobre o autor.............................................................................................................................59
Livros e e-books de Leopoldo Pontes:........................................................................................61

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