Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LEOPOLDO PONTES
CAPA: MANDALA Nº 5, PELO AUTOR.
Lições sobre a
Psicanálise.
TOMO 4 – QUESTÕES FILOSÓFICAS.
Por
LEOPOLDO PONTES
"- A senhora não sabe que na hora do almoço deve estar em casa?
Quis explicar-lhe – o que, nem sei – mas ele não permitiu:
- Cale a boca! Quando eu falo não admito respostas...
- Mas, Papai!
- Cale a boca, já disse...
- Mas...
- Cale-se!...
Senti-me invadida por um sentimento de revolta, veio-me à cabeça uma frase
anarquista que ele gostava muito de recitar. Não vacilei, levantei-me da mesa, encostei-me à
porta e larguei o verbo, com a mesma entonação com que havia aprendido, com o mesmo
dedo em riste que ele empregava:
- “Quando la fórza e la ragion contrasta, vince la fórza, la ragion non basta!” – e
escapuli-me pela casa adentro.
Preparada para receber a primeira surra de meu pai, fiquei esperando lá no
quarto de mamãe. Eu abusara desta vez, excedera-me, enfrentando-o. Quem teria a coragem
de afrontá-lo daquela maneira? Nem mesmo mamãe!
Não demorou muito, apareceu Vera, ainda assombrada com o que acontecia:
- Papai mandou chamar você para ir almoçar, disse que a comida está esfriando.”
1. Generalidades;
2. O imaginário, o simbólico e o real;
3. A busca pelo equilíbrio;
4. Questões filosóficas;
5. Dialética e polialética;
6. Ciências sociais.
Boa leitura.
L.P.
Explico.
Quando um ser vive, ele passa pelo ciclo de nascimento, vida e morte. Isso
é o que chamamos de existência. Ele está dentro do que conhecemos por tempo-espaço.
Se não tem idade, podemos dizer que ela é nula, não-zero. Nem negativa,
nem positiva. Portanto, qualquer ser existente é mais velho que o não existente.
O site da revista Seleções de 28 de abril de 2018 trouxe uma matéria que consiste
basicamente de onze frases escolhidas, dentre as falas dos personagens dos livros de J. R. R.
Tolkien, “para inspirar o seu dia.”
Uma em particular chamou-me a atenção, de autoria de Gandalf:”Tudo que temos
de decidir é o que fazer com o tempo que nos é dado.”
Afinal, que tempo é esse? Quem nos dá esse tempo? Com essas duas perguntas
respondidas saberemos como decidir, ou pelo menos teremos um ponto de partida.
Não conheço o contexto dessa sentença, mesmo porque não sou leitor das obras
literárias mais famosas desse autor, mas a intenção da matéria, pelo que me parece, é
justamente fazer isso, trazer-nos as palavras dos personagens soltas, para que possam nos
inspirar.
Pois então. Penso, naturalmente, no tempo de vida que nos é disponibilizado.
Nunca sabemos quanto tempo temos à frente, apenas o passado.
Quanto mais velhos ficamos, mais achamos que estamos mais próximos do final.
Mas isso é uma ilusão. Quando eu tinha dezenove anos pensava que não chegaria aos trinta. E
cá estou. Sem saber nunca quanto tempo de vida ainda terei.
Existe a metanoia: a pessoa chega em um momento de sua vida que acha que
precisa mudar radicalmente de rumo. Ela se divorcia, ou muda de carreira, de país, de
pensamento pessoal, entra para uma religião, se desliga da crença que seguiu desde seus
primeiros anos ... o objetivo é uma transformação total em sua vida. Sartre escreveu sobre isso
em seu livro “A idade da razão”. Normalmente, é quando o indivíduo acha que só tem pela
frente o resto, a metade final de sua vida. A pessoa quer fazer o que nunca fez antes.
Mas Gandalf vai adiante. O que fazer com esse tempo presente? Já que o futuro
não está em nosso controle... Pois não adiantarão as metas, os planos, ou o que quer que faça
para o tempo que virá. A morte é implacável: quando chega o momento, nada a demove. Nem
ninguém.
Ora, quem nos dá o tempo que vivemos ou o que resta? Pode-se pedir a Deus ou
ao Universo um adiamento, se der ocasião, mas nada nem ninguém pode garantir que isso
aconteça.
O prazo nunca é fatal, mas quando chega o momento em que nos deparamos
frente a frente com o perecimento, enganá-lo é uma discussão inglória.
Importante, então, é o que fazemos no presente imediato, que é a única coisa que
existe. O aqui-e-agora. Muita gente resolve desafiar a morte, pois só assim consegue sentir a
vida. Precisam da adrenalina para sentir o sangue correr. Outros são mais pacíficos, não
temem por sua própria extinção, e vivem, por exemplo, meditando, lendo, praticando obras
não voltadas à autodestruição.
2.
Você pode andar a pé, mas se tiver uma bicicleta você poderá ir mais
longe. A liberdade que ela possibilita faz você ir mais além.
Ora, para tanto são necessárias algumas regras: você tem que se
equilibrar, pedalar, ter freios para ajudar a parar. Ainda que sejam os pés na roda.
Você pode ter um câmbio, a fim de trocar marchas.
São múltiplas as possibilidades, mas quanto mais vantagens, maior o
número de regras: como utilizá-las, como não estragá-las, quando podem, ou devem, ser
usadas e assim por diante.
Se você não quiser normas de conduta, você não poderá usar a bicicleta, e
assim não terá tanta liberdade: você estará limitado ao andar a pé. Correr e sentir o vento no
corpo não é a mesma coisa que senti-lo sobre uma bicicleta. É diferente.
A liberdade exige regras para ser usufruída.
Sabedoria.
Em 1984, quando morava em Santos, comprei uma edição do Tao Te King.
Trata-se de um livro composto por 81 ensinamentos em forma de poemas. Neles, o leitor é
instado a não-agir, isto é, atuar no mundo de acordo com os movimentos da natureza e do
universo.
------------------------------------------
SABEDORIA
O sagrado e o profano.
Este é o nome de um livro de Mircea Eliade, em que ele diz que um é o oposto
do outro. O sagrado é separado e consagrado; o profano é o resto, ou seja, o que está fora do
templo. Assim, se o sagrado é uma pedra, ou determinada árvore ou tipo de árvore, ou um
Ser, tudo o que o externa é profano.
Porém, penso nas religiões anímicas, em que os deuses são partes da própria
Natureza. Dessa forma, o Sagrado envolve o ser humano junto com o profano, embora, para
invocá-lo, seja necessário algum rito especial.
Em tais formas de culto, encontramos o panteísmo, que considera tudo e
todos como Deus.
Assim também, a Bíblia, em seu primeiro livro, o Genesis, diz que o Espírito
pairava sobre as águas, no princípio (I; 2). Era a representação do masculino sobre o feminino.
Algumas palavras.
Acho que o melhor é não saber. Basta o que sentimos como conhecimento. O
que sentimos com nossas consciências, com nossos inconscientes, com nossos sentidos.
Por outro lado, nunca devemos incentivar a ignorância. A Verdade nos move
para a frente e sempre nos mantém despertos.
Terei-de-consertá-lo-ou-comprar-um-novo.
Tudo-são-escolhas.Quando-comprei-este-teclado,quando-comecou-a-dar-defeito-e-não-levei-
para-a-assistência-técnica...
Não-acredito-em-destino.Não-acredito-que-tá-tudo-escrito-no-Universo-como-tem-que-
ser.Não-acredito-na-fatalidade.
É-certo-que-tem-acontecimentos-inevitáveis,mas-são-efeitos,causados-por-uma-escolha,sua-
ou-não.
2.
Na verdade eu queria voltar a falar da fatalidade. Sei que existem fatos que
ocorrem em nossa vida que interferem no resultado que esperávamos. São coercitivos. Isso
não é o destino imutável, nós sempre podemos escolher entre aceitar, nos sujeitar, nos
adaptar ou lutar contra. É a vida.
O ser e o não-ser.
Para a filosofia, o ser é o que é; portanto, o não-ser não é. Em outras palavras,
o ser existe e o não-ser não existe.
Para os judeus, apenas o Eterno é; nós existimos, mas não somos. Quando nos
apresentamos, dizemos: Ani Leopoldo (Eu Leopoldo), pois, o único que é, é o Senhor. Não
podem dizer eu sou Leopoldo.
Assim, para continuar nossa exposição, proponho a ideia de escrever Ser para
o Criador e ser para o existente filosófico.
Assim podemos dizer que a injustiça não existe, mas a falta de justiça; como
dizem os físicos, não existe o frio, mas a falta de calor, até o zero absoluto (0 Kelvin, -375°C).
Como não existem as trevas, mas a falta de luz, a não-luz!
Tolerância religiosa.
1.
Tal conceito é primordial na convivência entre pessoas de religiões diferentes.
Quem pertence a uma, não pode querer obrigar outra a aceitar sua própria crença, pois isso é
uma questão de fé, mais do que, muito mais do que, opinião.
Falar em tolerância não é apenas aceitar que o outro tenha uma crença
diferente, mas respeitar isso e não deixar que tal fato evite amizades.
2.
Quando se fala em tolerar outras religiões, não quer dizer que se admita que
todas elas sejam iguais ou verdadeiras. Nem que possamos ser todos amiguinhos.
A tolerância religiosa é conseguir conviver com pessoas que tenham pensamentos
espirituais diferentes, sejam ateus, teístas, pertencentes a alguma denominação, panteístas,
politeístas, animistas, ou seja lá o que for.
Tem a ver com respeitar o que os outros pensam, mesmo que não seja a nossa
crença pessoal. Mesmo que eu seja o único a ter determinada ideia, ou não seja, não posso
esperar que outros compartilhem comigo o que acredito, ou o que deixo de acreditar. Posso
tentar converter, mas nunca à força, obrigando. E se não conseguir a conversão do próximo,
admitir a possibilidade de não ser invencível é um grande passo.
A resposta nem sempre é única, podem ser várias para uma só pergunta. Por
exemplo, qual a cor do céu?
Respostas possíveis: azul (a mais óbvia!); o céu de que planeta?; plúmbeo (se
estiver armando chuva), etc.
Há perguntas das quais se pode obter uma resposta não-imediata, mas após
intensa meditação (e aqui entenda-se meditação como quiser). Essa resposta pode ser
definitiva até que se prove o contrário, ou outra, depois de nova intensa meditação. São
perguntas de ordem filosófica ou religiosa ou metafísica ou...
Não há pergunta sem resposta. Nós podemos não saber, o que é diferente,
mas vale a pena dar uma pesquisadinha nos livros, na internet, nos nossos cadernos, nas
nossas revistas, conversando com os outros (como Sócrates, o filósofo ateniense). Não
podemos desistir..
Olimpíadas 1972.
Eu era um menino, ainda, e aprendia naqueles dias, que, como havia dito o
Barão de Coupertin, o importante não é vencer, mas competir. Aprendíamos isso na escola,
com o professor de educação física.
Fatalidade.
Já escrevi que não acreditava no destino. Ainda não acredito, mas no livre
arbítrio.
Futuro.
Penso muito no futuro. Mas não no meu futuro. No futuro do mundo, no
futuro da Terra.
Quero acreditar.
Medianos.
Não são os maiores nem os menores; não são os mais gordos nem os mais magros;
nem os mais inteligentes nem os mais burros.
São medianos.
Nunca!
Opostos.
As trevas são a ausência da luz, não o seu oposto, assim como o mal é a
ausência do bem, não seu oposto.
O oposto da luz é a própria luz, assim como o oposto do mal é o próprio mal.
O bem é composto pelas forças yin e yang, assim como o mal; a luz contém em
si as forças complementares, assim como as trevas.
Uma alimentação equilibrada nem sempre é boa, depende dos elementos que
a compõe: se são complementares bons, ela é boa e vice-versa.
E a filosofia?
Ora, são duas matérias diversas, uma não tem nada a ver com outra. Como
podem dizer que a filosofia está morta? Não a conhecem, isso é verdade, por isso se acham no
direito de julgá-la. A filosofia, como a física, continua discutindo a realidade e sua natureza, o
comportamento do universo, o mundo em que nos encontramos, entre outras dúvidas
colocadas pelos autores em sua obra conjunta. Eles perguntam ainda: “O universo precisou de
um criador?“
O propósito da existência.
Uma pergunta crucial para o ser humano é o porquê de sua existência. Por que existo?
A religião ou a filosofia podem dar uma resposta, mas é pouco. É sempre racional
demais para o que precisamos. Podemos momentaneamente achar uma resposta, que não
pode ser descrita em palavras, mas ainda assim não nos damos por satisfeitos.
Na série Jornada nas Estrelas – A Nova Geração (4ª temporada, episódio 3, “brothers”),
há uma cena em que o androide Data pergunta a seu criador, Dr. Soon, o porquê de ter sido
criado. A filha do androide, que ele mesmo construiu, Lal, pergunta ao pai o seu propósito (3ª
temporada, episódio 16, “descendência”). É sempre a mesma indagação.
Não importa aqui a resposta, assista aos episódios, mas a pergunta de Data e de Lal. É
a própria indagação que o ser humano faz a Deus. Na série, os androides perguntam a quem os
criou o propósito de suas existências. É algo tão sensível, tão próprio da dúvida primordial, que
pensamos em Data e Lal como o próprio ser humano perguntando a Deus.
Por mais que obtenhamos uma resposta, nunca é satisfatória. Se a ciência pudesse
dizer algo a respeito, seria totalmente impróprio e impalpável, porque estaria sujeito a futura
alteração (como é próprio à certeza científica).
Caetano Velloso, numa época de grande inspiração, fez uma canção cuja letra dizia:
“Existirmos/ A que será que se destina?“ [Cajuína]
Muitas são as respostas que ouvimos, ou lemos. Mas elas nunca nos satisfazem...
Pessoas respondem do alto de suas cabeças como se elas tivessem soluções para tudo.
Mas nunca é satisfatório. Pode valer por um tempo, mas depois as palavras se desfazem.
Palavras da moda.
. interagir;
. conectar;
. atualizar e
. acessar.
O antigo filósofo grego não deixou nada escrito. Ele, segundo disseram – e escreveram
– temia que a escrita fizesse com que abandonássemos a memória.
Nunca pensou que adquiriríamos um novo tipo de memória, como se fosse um índice
catalogador de uma imensa biblioteca, ou de arquivos de um computador, em vez de apenas
alguns livros.
Francisco Bosco, em seu livro Alta Ajuda, no capítulo Modos de Saber, informa que “na
Antiguidade um leitor que tivesse lido cem livros era considerado um sábio; cem livros é, hoje,
o que um intelectual estudioso pode ler num ano –“.
Se Sócrates escrevesse – e se seus livros durassem até hoje – saberíamos que tal
filósofo realmente existira e como realmente ele pensara e se exprimira.
No presente, tudo o que sabemos é o que escreveram Platão e Xenofonte sobre o que
ele teria dito. Seu busto, preservado até hoje, pode ter sido apenas uma escultura posada por
um modelo qualquer, ou, quiçá, o Alter ego de Platão.
Essa é uma teoria que tenho cá comigo. Penso que Platão era um caso de dupla-
personalidade. Sentindo-se com a vida muito reprimida, sem querer criou Sócrates, como seu
mestre. Assim, este era um alter ego de Platão, seu segundo “eu”.
Sócrates não acreditava nos deuses, Platão sim. Sócrates era ousado em seus diálogos,
chegou a ter até uma esposa fictícia – Xantipa – e filhos. Talvez a segunda personalidade de
Platão fosse tão visível aos olhos dos outros atenienses, que ele tivesse realmente uma esposa
real.
Essa dupla vida não devia ser vista como um desvio mental para seus conterrâneos,
mas talvez como um presente dos deuses. Afinal, um homem só, ser portador de duas
personalidades tão diferentes, e ambas de filósofos...
Sabemos que, quando uma pessoa tem dupla-personalidade, cada uma destas pode
ter uma completa diferença na aparência, nos trajes, na voz e entonação, além das
características mais íntimas, como individualidade, traços típicos e gostos pessoais.
A História coloca como data de morte de Sócrates 399 Antes da Era Comum (AEC),
portanto muito anterior à de Platão, cuja data de morte é 348/347 AEC. A diferença de idade
entre os dois era de aproximadamente 42 anos, perturbador para quem desconhece os casos
de dupla ou múltipla-personalidade. A transformação de Platão em Sócrates era, portanto,
enorme.
Sócrates era um homem com muito mais liberdade em seu estilo de vida que Platão.
Sócrates andava pelas ruas, fazendo perguntas aos passantes, extraindo daí respostas que
construíam sua filosofia, baseada em sermos pessoas nobres, justas e boas.
Isso diferenciava os guerreiros espartanos dos filósofos gregos, cuja atração física por
tenros rapazes era fugaz e apenas carnal.
Mas voltando a falar de Platão, este era um homem reprimido socialmente, e nas
ideias, embora muito inteligente. Seu caso mais famoso está no livro A República. O capítulo
VII trata do “mito da caverna”, em que ele descreve a mente dos intelectuais, que desbravam
suas cabeças, mas depois são desacreditados pelos comuns, tidos por estes como visionários.
Platão já tinha essa dupla personalidade desde jovem, pois, sendo rico e nobre,
Sócrates deveria ser pobre e de descendência inculta, não sabendo ler nem escrever, embora
tivesse uma oratória que dominava os invejosos sofistas de então.
Os pais de Platão, vendo o filho poeta, queriam-no na carreira política, no mau sentido
do termo, e o incitaram a ver Sócrates discursar na praça. Não sabiam que Sócrates era a
segunda personalidade de seu próprio querido filho.
Naturalmente, foi quando as duas personalidades viveram seu maior auge, ambas
como filósofos. Era uma mão na roda que Sócrates confiasse na memória, e desconfiasse de
textos escritos, pois todos os textos atribuídos a este eram na forma de diálogos, tal qual as
obras de Platão. Pelo menos as não consideradas apócrifas.
Seus concidadãos reconheciam Sócrates como maior que Platão, muito mais sábio. O
dramaturgo Aristófanes, em sua comédia “As Nuvens” tirou sarro dele, fazendo de Sócrates o
protagonista da peça, e apresentando-o como um ser que vivia apenas flutuando nas ideias,
sem tempo para a vida real.
De tal forma Sócrates era famoso em seu tempo e lugar, para o bem e para o mal, que
Platão teve ciúmes de seu próprio segundo “eu”, decidindo acabar com sua vida. Na verdade,
Platão integrou em si mesmo a personalidade de Sócrates, e curou-se.
Sócrates teria expulsado Xantipa de seu ato heroico, pois as mulheres não tinham
valor algum na incipiente democracia ateniense, que as excluía inclusive dos pleitos, assim
como aos escravos.
Do mesmo modo, como a morte de Sócrates não existiu aos olhos de ninguém, apenas
na literatura de Platão, que fora poeta quando jovem, Xantipa e os seus filhos, se existiram,
não poderiam mesmo estar presentes. Na “Apologia”, Platão e outros discípulos presenciaram
a morte do mestre.
Não houve nenhum corpo para ser enterrado. Claro! Nenhum ateniense esperava por
isso. Da dupla personalidade, uma foi condenada. Foi o momento de obrigatória metanoia
para Platão.
A vida imitou a arte. Platão inventou uma história para Sócrates, e a História aceitou
como verdadeira.
Ele escreveu sempre em seu próprio nome, às vezes assinando-se como si mesmo, e
outras escrevendo o que Sócrates teria dito a seus discípulos.
Por essa razão, não há livro algum assinado por Sócrates, embora seja ele a
personificação da mais alta filosofia grega antiga. Mas, sabendo de tudo acima exposto,
chegamos à conclusão que PLATÃO foi o maior filósofo, não só da Academia, mas o mais
prolífico da antiga Grécia.
Um dia, porque toda história tem um dia... Pois, um dia cinco deles se soltaram
das correntes e foram para fora. A luz do dia lhes ofuscou a vista, pois não estavam
acostumados com tanta luminosidade. Com o passar do tempo se acostumaram e puderam
ver que a realidade era muito mais do que as sombras.
O segundo retornou e contou a todos o que viu; foi dado como insano e foi
acorrentado contra sua própria vontade.
O terceiro se deslumbrou com o que viu e não quis voltar, mas era tanta
informação que enlouqueceu.
O quinto sabia que nunca mais poderia voltar, pois o passo que dera ao sair da
caverna era definitivo: sua vida nunca mais seria a mesma...
O bom selvagem?
Não é ele, como disse Luiz Felipe Pondé, no Guia Politicamente Incorreto da
Filosofia, o precursor do politicamente correto de nossos dias.
Ora, Rousseau não dizia que o ser humano selvagem, distante da civilização,
era bom, mas sim o que acabou de nascer. Pois o selvagem guerreia, briga, luta para conseguir
alimento, como o civilizado. Igual é o ser que acaba de nascer, seja no meio selvagem ou no
meio da civilização.
Nietzsche nazista?
Muitos leitores de filosofia, ou que apenas ouviram falar nesse filósofo sem
nunca o ler, que o discutem como se houvessem lido com atenção a pelo menos um de seus
livros, dizem que ele era nazista.
Depois que ele morreu, em 1900, sua irmã ficou detentora de todos os seus
arquivos. Ao subir Hitler no poder, imediatamente ela disse que o Super-Homem do filósofo
era um ideal baseado na raça ariana, desprezando todas as outras raças. Esse era o ideal
nazista, mas não o de Nietzsche, conforme confirma Nicholas Fearn, em seu livro Aprendendo
a Filosofar em 25 Lições. Ora, a ideia do Homem Superior, de Assim falou Zaratustra, era a de
um homem acima da mesquinharia intelectual humana, ou além da mediocridade, como
podemos ler em Ecce Homo.
Hitler gostava muito da música de Wagner, que foi muito admirado
também por Nietzsche. Mas este, com o passar do tempo, desgostou do compositor, diz
Nicholas, já por seus ideais pró-nazismo. Também desprezava seu próprio povo, o alemão.
Nietzsche gostava de outras nações muito mais que a sua.
A propósito:
Henry Miller, no seu texto “A Hora dos Assassinos”, na parte onde fala de sua
relação com o poeta Arthur Rimbaud, declara: “O novo homem só se descobrirá quando
terminar o conflito entre a coletividade e o indivíduo.” (Trad. Milton Persson.)
Predestinação.
Já falei duma outra vez que não acredito em predestinação. Que para mim tudo
depende de livre arbítrio.
Porém, não pensei direito, naquela feita. Se eu digo que a possibilidade de escolha
ocorre sempre, sempre, sempre, estou admitindo que isso é o destino dos acontecimentos.
Vamos então propor um novo dito: não acredito na fatalidade, pois quase todas as
vezes há o livre arbítrio.
Da imortalidade.
Fala-se dos corpos, humanos ou não, que ao morrer se desfazem em pó. Sejam
pessoas simples, sejam celebridades, sejam Conquistadores, sejam políticos, sejam artistas ou
que quer que sejam, todos voltam ao pó.
Nada deixam, a não ser suas memórias na cabeça das pessoas que sobrevivem, seus
escritos, suas pinturas e esculturas, suas obras beneméritas, mas tudo isso também tem um
fim.
Shakespeare era famoso em seu tempo. Suas peças eram assistidas pelo mesmo povo
que via circos e trupes que passavam pela cidade. Viam sem pensar muito, chupando laranja,
pois a linguagem usada nas peças era popular naqueles dias. Não precisavam fazer análises
literárias ou histórico-geográficas para entendê-las.
Machado de Assis era publicado em bordas de jornais, como escritor de uma
subliteratura. Ele também escrevia numa linguagem totalmente acessível a um público pouco
letrado. E, no entanto, hoje é estudado em universidades e tido como um dos maiores
escritores do mundo.
O que fica disso tudo? Quem entende os antigos sábios? Interpretações sobre
interpretações são construídas sobre traduções nem sempre corretas. E o que é uma tradução
correta? Ler os originais seria opção, se não vivêssemos nos tempos atuais, com outro
contexto.
Tudo passa, diz o Eclesiastes, nada sobra para o futuro. Os registros, por menos que se
degradem, são apenas registros. A cabeça do ser humano muda, as circunstâncias são sempre
outras. Podemos tentar guardar, mas nunca deixam de ser tentativas.
Minimalismo.
Um novo nome para uma tendência que há vários anos se encontra entre nós.
Tem a ver com o desapego. Chamam agora de destralhe, que é se livrar das tralhas. Se
desfazer e sentir paz interior.
Esse é um processo longo, que não pode ser feito de uma só vez. Tem que ser aos
pouquinhos, alguns minutos por dia, digamos vinte.
“O desapego não pode ser dolorido”, explica Rosana Radke, no vídeo do YouTube
“MINIMALISMO ESTILO DE VIDA feat Rosana Radke”. Ela explica que se deve começar pelo que
se tem menos amor, pelas coisas que são menos queridas. É “viver com o essencial”, algo que
varia de pessoa para pessoa.
“Gostar de tudo que se tem e usar tudo que se tem”, diz ela, é minimalismo.
Malas menores para viajar, menos malas, menos roupas, levar só o que vai realmente
usar.
Ainda segundo Pinho 2019, o minimalismo mental é um sacrifício num lugar para
aproveitar em outro. Pensar no que gosta realmente, economizar no que não gosta tanto e
gastar no que gosta mais.
Paradoxo da tolerância.
“Se a gente é absolutamente tolerante a tudo, inclusive aos intolerantes, a gente corre
o grave risco de que os intolerantes destruam a própria tolerância.”
Isso foi citado pelo advogado e professor Daniel Antônio de Moraes Sarmento, na live
pelo Instagram da OAB/ESA “Liberdade de Expressão e Limites ao Discurso Democrático”.
Estamos num momento em que nossa Democracia corre o grave risco de desabar
completamente, pois ela não termina na escolha de nossos governantes, porém continua na
liberdade de continuarmos expressando nossas opiniões.
O jurista comentou o caso de Hitler, que foi eleito num pleito democrático e tornou-se
o grande ditador, proclamador de um “discurso de ódio” que contaminou, durante uma era,
toda a nação.
Por deixarmos que pessoas intolerantes ajam de acordo com seus discursos, podemos
perder o direito à tolerância em nosso país. E aí quero dizer o direito à tolerância sobre
racismo, homofobia, deficientes físicos, emocionais e mentais, entre outras coisas.
Setembro\2022.
Adendo
O homem, dizem, é um animal racional. Não sei porque não se diz ser um animal
afetivo ou sentimental. Por acaso a diferença dos outros animais seja mais o sentimento que a
razão? Mais vezes vê-se um gato raciocinar que rir ou chorar. Talvez chore ou ri por dentro,
mas talvez por dentro também o caranguejo resolva equações de segundo grau.
O dogma
Toda hipótese é um dogma. Tem que ser, pois é a partir dela que se desenvolve o
método científico de experimentações e resultados.
Se não criar dogmas, não há método científico. Não há hipótese. Não há tese dialética.
A igreja católica, por exemplo, é baseada em dogmas irrefutáveis, que não podem ser
cientificamente experimentados, dialeticamente refutados. É um tipo distinto de dogma, pois,
a partir destes, se constrói essa religião.
Nem toda religião tem essa base. Muitas têm experimentações, ainda que espirituais.
Ou debates. Ou inspirações.
Instituições.
Se uma instituição funciona mal, ou não funciona, é dever de quem se serve dela, ou a
administra, ou é seu servidor, protestar.
Isso deve ser feito de forma democrática, civilizada, sem partir para a violência. Se os
meios mais simples não derem efeito, vale o diálogo entre as partes.
Se ainda assim, não houver mudanças para melhor, aí entra o sistema legal de
protesto na rua. Ou de abaixo-assinados, que podem ser virtuais.
É assim que deve funcionar, sem violência de nenhuma das partes, como não sói
ocorrer. Na prática.
Nova Gaya
Há uma tese que diz que a Terra é um ecossistema altamente integrado. O que
acontece com a natureza da Nigéria, África, tem influência sobre a Amazônia. Que tem
influência sobre Paris. Que tem influência sobre as montanhas do Tibete.
Ou seja, tudo no mundo está integrado com tudo, por menos que pareça. O que eu
faço na Terra, influi sobre o pensamento de várias pessoas, que influem sobre o meu
pensamento, que influi sobre as ações da cadela de nossa casa. O que essa cachorrinha faz,
influi sobre a natureza do planeta.
Todos os seres vivos estão integrados, sejam animais, vegetais, protistas ou minerais.
Tudo é vida.
Isso é Gaya.
A tecnologia está imitando Gaya, em sua crescente e artificial forma de nos conectar,
através de uma internet cada vez mais pessoal.
Pouco a pouco, os dados de cada ser vivo são mais e mais investigados. Cada ser vivo é
transformado em dados computadorizados.
Há, porém, tribos indígenas na Amazônia que ainda não foram descobertas. Há plantas
e animais se extinguindo antes de sequer sabermos de suas existências. Falta a conexão de
dados para esses seres.
Existe Gaya. A tecnologia tenta imitar Gaya, mas ainda vai demorar para chegar a
tanto. Se é que um imprevisto não faça, um dia, tudo se desconectar.
Adendo
“E quando o amor é tão grande e tão vivo, e tão forte e transbordante que a tudo ama,
que então personaliza tudo e descobre que o total Todo, que o Universo é Pessoa também, que
tem uma Consciência que, por sua vez, sofre, compadece e ama, quer dizer, é consciência.”
Ética
A ética vem, normalmente, sob a forma de um sistema legal escrito. Não é algo
natural, como a moral e os costumes. Um grupo decide o que é ético, escreve sobre um
códice, e diz: este é o código de ética de tal profissão.
Um professor de Direito Civil que tive na faculdade disse que, no Brasil, tem leis que
“pegam” e outras que não.
Não deu certo mandar que falássemos “afrodescendente” no lugar de “negro”, porque
para nós não existe essa necessidade. Somos um país de maioria parda, não há o que negar.
O estoico Zenão de Cítio chamava a ética de um bom fluxo de vida. Podia ser no tempo
e na terra dele, mas aqui em nosso país não é bem assim que funciona. É um bom fluxo de vida
quando a lei está de acordo com o nosso pensamento, nossos costumes.
É assim.
Adendo
“E o que é ser bom ou ser mau? Isto é já do domínio da ética, não da religião. Ou
melhor, não é da ética o fazer o bem, ainda que se seja mau, e da religião o ser bom, ainda que
se faça o mal?”
Filosofia e futebol.
A filosofia é como um jogo de futebol. Ver por baixo ou por cima é a diferença entre
não entender ou entender.
O que quero dizer é que há duas maneiras de se ler, ou ouvir alguém falar sobre algum
assunto filosófico.
Nós podemos ler com muita atenção, voltar páginas, ler de novo, pesquisar sobre o
que não entendemos, seja em livros, na internet – em sites confiáveis - ou mesmo perguntar
para pessoas que conhecemos e que confiamos em sua sabedoria no assunto.
O mesmo se dá quando ouvimos alguém falar sobre algum assunto que não
compreendemos. Podemos até indagar à própria pessoa sobre o que ela explica, caso ela
tenha entendimento suficiente para fazê-lo, não seja petulante ou arrogante. Mesmo assim, se
ela tiver disposição para explanar, sempre vale a pena.
Quando assistimos a um jogo de futebol, e entendemos as regras, tudo bem. É ver por
cima.
Mas se assistimos sem entender nada, e não temos como pedir explicações, é ver por
baixo. É como na filosofia.
Porém, para ver por cima, é preciso mais algumas coisas. É necessário o desejo de
perscrutar o assunto, de digeri-lo e sentir o seu aroma, o seu sabor. É necessário se apaixonar.
Senão, não tem jeito.
Ver por cima ou ver por baixo são, portanto, as duas maneiras de se observar, ler,
ouvir, assistir, comprender alguma coisa. Podemos ver por cima ou ver por baixo de acordo
com a boa vontade nossa e/ou dos outros.
Então, assim como o Todo é o Ser, Eu também sou o Ser. E qualquer que seja o Outro,
também é o Ser.
Se perguntar a um professor que lide com o tema, ele terá, talvez, uma resposta. E
cada filósofo entende o Ser de um jeito diferente.
Platão complicava muito, dividindo em quatro conceitos diferentes. Sartre tinha seu
conceito, Jaspers outro, Heidegger outro.
Tenho minha individualidade. Sou o Ser. Outra pessoa tem sua própria individualidade.
Também é o Ser. Ela é outro Ser, diferente de mim. Um cão é o Ser. Uma planta é o Ser. Uma
pedra é o Ser. Um conjunto de pedras é o Ser.
Então, tudo o que existe, pensa. O Ser pensa. O Ser respira. O Ser vive. A natureza vive.
E o aparelho tecnológico? Não é como uma pedra, foi construído pelo ser humano. Pelo Ser.
Ele existe. Mas ele pensa?
Um Ser constrói outro Ser? São necessários dois seres da mesma espécie – em geral –
para nascer um terceiro. Quem construiu a individualidade desse Ser? Quem criou a
individualidade desse Ser?
A individualidade é mais que o DNA, tem espírito, que faz o Ser existir.
O Ser, seja eu, seja o outro, sejamos nós, tem uma personalidade. A comunidade é um
Ser, com personalidade. Mas não com individualidade.
Sabedoria.
Tem gente que diz que não precisa aprender mais nada, que já sabe o suficiente.
Tem gente que se acha sempre certa, que nunca está errada.
Tem gente que acha que não tem mais idade para aprender nada, que já passou seu
tempo.
Infelizes.
Sempre aprendemos algumas coisas durante nossos dias de vida. Seja lendo,
estudando, conversando, assistindo TV, ouvindo rádio, pesquisando na internet, vendo um
jornal ou revista, experimentando uma comida que não conhecemos, sei lá, há tantas formas
de se buscar conhecimento!
Há várias formas de inteligência: mental – QI, emocional, musical, social, espiritual, etc.
Precisamos manter nossa mente aberta, nosso espírito aberto, porque nunca é tarde
demais para conhecermos algo novo, diferente do que estamos acostumados.
Muito se fala sobre a condição humana. Sartre dizia que o que limitava a vida do ser
humano era sua condição de ser humano.
Para os que acreditam que o ser humano está dependente da condição humana, não
há saída. Sempre haverá a luta entre a pessoa e a sociedade.
São as formas de vida que nós impomos a nós mesmos para sobrevivermos.
Segundo Hannah Arendt, todos nós somos condicionados de acordo com o local e o
momento histórico do qual vivemos. São o ortesgeist - espírito do lugar, e o zeitgeist –
espírito do tempo. E todos nós somos sujeitos à condição humana. Os que condicionam os
comportamentos dos outros se tornam condicionados pelo próprio movimento de
condicionar.
O livre arbítrio é essencial, pois deve-se sempre viver pela liberdade, sobrepujar a ideia
de que tudo está escrito nas estrelas.
Acreditar na condição humana é dizer que tudo na vida é apenas um prelúdio para a
morte, que passa apenas a ser a negação da vida.
De que a vida não pode ser apenas a luta pela sobrevivência. De que devemos ter
tempo para o nosso lazer, passar tempo com quem amamos, estudar, ler, assistir a bons
filmes, séries que nos façam pensar.
Fazer, enfim, coisas que nos edifiquem, e que possamos levar para nosso inconsciente.
Ou para nossa alma. Depende do que acreditamos. Ou do que não cremos.
O Tempo do mundo.
Existe uma datação bíblica que coloca a criação do mundo no ano de 4004
AC. Isso é um dado apenas para os que acreditam.
Parece pouco tempo, perto dos 4,5 bilhões estimados pela ciência atual,
que é também apenas para os que acreditam.
Entretanto, o que muitos notam é que vivemos dias cada vez menores, o
tempo parecendo que corre mais rápido que quando éramos meninos. É claro que aí entra a
questão pessoal, de que quando somos mais jovens, com menos tempo de vida, os dias
parecem realmente maiores, em comparação com o que sentimos no futuro. Mas, mesmo
assim, as pessoas estão dizendo que o tempo está mais acelerado que no passado. Muitos
jovens estão achando que tudo está passando muito rápido!
Já os seis dias de criação foram grandes eras, ou quem sabe tenham sido
bem grandinhos. Duraram bem mais que os atuais. E a noção de história fica comprometida,
da mesma forma como a ideia de que o método do carbono 14 pode nos dar o tempo
decorrido de um objeto.
O Tempo Circular.
1.
Da maneira como concebemos o tempo, ele é linear, com um passado,
um presente e um futuro, com os dias, meses e anos se seguindo de forma regular.
2.
Os relógios são circulares. Mesmo quando são feitos em outros formatos,
seu funcionamento é circular. Tem sido assim desde o nascimento do primeiro.
Talvez não seja apenas coincidência que assim o seja. Quando o primeiro
foi criado, a ideia que se tinha do tempo era que ele era também circunferencial, não linear
como o entendemos hoje.
3.
O tempo, para os povos indígenas brasileiros, também é circular. Não há,
para eles, a noção de continuidade, mas sim de repetição de ciclos. O passado é estático, não
existe História.
O nascimento do universo.
1.
Um dia nasceu o universo.
A ciência atual fala do Big Bang: uma explosão teria originado a existência
e tudo que nela contém.
Alguém o criou ou foi uma ação espontânea? Ele já existia ou veio com o
Big Bang? Algumas religiões e a ciência têm crenças ou teorias a respeito. Mas o mais
interessante é saber o que passou a existir com o nascimento do universo: tudo o que
conhecemos. Antes disso, nem o caos, que já seria alguma coisa.
2.
O que existia antes de nascer o universo? Ninguém sabe. Talvez o Nada.
Falamos sobre o nascimento do universo. Mas o que havia antes do Big Bang?
A primeira ideia é de que não havia nada, ou talvez um imenso Nada, uma
não-existência. No entanto, isso é apenas um primeiro conceito. Um segundo pensa na
eternidade, algo que está além da existência de qualquer cosmogonia.
Vem à nossa cabeça o pensamento de que outro universo possa ter
existido antes deste e no seu lugar. Assim como outros existem além do nosso, algum houve
anteriormente no mesmo local.
Se assim não fosse, haveria uma existência entre dois Nadas, ou ele
sempre teria existido e nunca teria fim.
3.
Mircea Eliade, sem seu livro O Sagrado e o Profano, fala sobre o tempo
circular.
Portanto, a existência das coisas e dos seres começava com o Tempo. Antes de
ocorrer a existência, não havia o Tempo, ambos eram concomitantes.
Vai-e-vem.
A Teoria de Gaya pressupõe a Terra como um organismo vivo, ela como
um todo. Ora, podemos falar o mesmo do nosso universo.
O Tempo no vai-e-vem.
O universo pulsa. Com seu nascimento, surgiu o espaço e o tempo. O
primeiro está em expansão. O segundo, num estágio de decréscimo, correndo cada vez mais
rápido, a volta da espiral cada vez menor.
O universo maleável.
Então você volta a realizar o mesmo processo, várias vezes, até que ele se
deforma e vai perdendo sua elasticidade.
O zero e o nada.
O zero é uma grandeza física, pode ser medido, ao contrário do nada. Tanto
que falamos em números negativos, mas não em algo aquém do nada.
Por isso o zero e o nada são conceitos diferentes. Não devem ser confundidos.
O Tempo.
Mais uma vez venho falar sobre o Tempo. Não o vejo como algo regular, mas
descontínuo, com momentos mais vagarosos e outros mais rápidos. E isso varia de pessoa para
pessoa.
Para alguns, a vida passa mais rápido; para outros, mais devagar. Mesmo que
vivam menos, podem ter suas vidas mais vagarosas. O Tempo pode correr mais rápido em
algumas vidas que em outras. E de acordo com o momento, o Tempo pode se descontinuar.
Fica a pergunta no ar: o Tempo pode parar? Disse Cazuza que o tempo não
para. Foi o sentimento que ele teve, de que não lhe restava Tempo e que precisava aproveitar
seus últimos dias, escrevendo e gravando suas letras.
No princípio.
Tempo.
O Big Bang.
Podemos duvidar, já que é apenas uma teoria científica. E como toda teoria,
mesmo que pudesse ser de alguma forma comprovada para todos nós, seria a qualquer
momento refutada por algum cientista ou alguma nova ciência.
Deepak Chopra, em seu livro Como Conhecer Deus, disse que o Genesis é
agora.
Com isso, está expressa a ideia de que ocorre a todo instante a criação do
mundo, quiçá do universo, ou até extrapolando, de todos os universos!
É a velha tese de que tudo muda a todo instante, tudo se recria sempre...
Ora, por outro lado, ao contrário do que ele afirma nesse livro, penso que Deus
deixa pegadas bem visíveis na realidade. É fácil de se observar isso.
O início do Tempo.
Universo em expansão.
Vórtices
No livro “10 Lugares Mais Assustadores do Mundo”, da Editora PESAFRA, há um local
que diz que, “Segundo especialistas, lá [no Queen Mary] está localizado um vórtice que faz
uma ligação inter-dimensional entre nosso mundo e o mundo paranormal”.
Seguindo esse pensamento, se há um vórtice entre nosso mundo e o sobrenatural, tal
vórtice não estaria ligado a vários mundos sobrenaturais? Ou devemos pensar que, na
verdade, existem muitos desses pelo nosso planeta, cada qual ligado a um ou mais universos
sobrenaturais?
Ou talvez o choque tenha criado tal quantidade de energia que, depois do crescimento
exponencial inicial, parte da energia tenha começado a se transformar em matéria e radiação,
conforme artigo de Stephen Hawking e Thomas Hertog, publicado no Journal of High Energy
Physics, por volta de 2020.
Importante ressaltar que isso pode estar continuamente ocorrendo, e sempre sendo
criados novos universos, a partir da colisão entre dois ou mais. Assim, o multiverso existe como
uma eterna expansão de criações de universos que se expandem.
Nessa mesma matéria, a autora compara os universos com bolhas de sabão, que
quando duas encostam uma na outra, a área em que elas se tocam torna-se circular, formando
uma nova bolha de sabão.
Uma dúvida permanece: o que existe além dos universos? Há um espaço entre eles,
um vácuo ou o quê? Até agora a ideia era que existiam todos no mesmo lugar do espaço. E
mesmo assim permanece a pergunta: o que existe além do multiverso?
Percepção do universo.
Existe uma percepção diferente em cada ser consciente quanto ao universo em que
vive. Isso eu já falei anteriormente.
O que quero dizer agora é que em cada instante cada ser cria um novo universo sem
morrer o anterior.
Quanto ao futuro, não existe ainda, embora hajam possibilidades, que podem ser
desfeitas.
Breves respostas para grandes questões
Esse é o nome de um livro de Stephen Hawking que acabei de ler. Entre as anotações
que fiz, vou expor algumas.
No primeiro capítulo, “DEUS EXISTE?” ele escreve: “Não quero passar a impressão de
que meu trabalho é sobre provar ou refutar a existência dele. Meu trabalho é encontrar uma
estrutura racional para compreender o universo que nos cerca.”
Ora, o autor é um cientista, o método científico é formalmente lógico e racional. Ele,
portanto, não o observa por outros aspectos, digamos, emocionais, espirituais, imateriais,
sociais etc. Então, claro que nunca obterá uma resposta afirmativa a respeito da existência do
divino, pois esta nunca está entre as alternativas racionais.
Mais à frente, o autor: “O que isso significa em nossa busca por descobrir se existe um
deus? Se o universo resulta em nada, não é preciso alguém para criá-lo. O universo é o
supremo almoço grátis.”
Tentar provar racionalmente que Deus não existe é simples. Impossível provar
racionalmente o contrário, apesar de muitos terem achado que conseguiram.
Então, ele diz: “Não quero ofender a fé de ninguém, mas acho que a ciência tem uma
explicação mais convincente do que a existência de um criador divino”.
Na verdade, com seus conceitos e da forma como ele explana, não ofende a fé de
ninguém. É o direito dele em expor sua própria crença, como o de qualquer um de nós, cada
qual com suas razões pessoais.
Termina o capítulo de uma forma belíssima: “Acho que, quando morremos, voltamos
ao pó. Mas, em certo sentido, continuamos a viver: na influência que deixamos, nos genes que
passamos adiante para nossos filhos. Temos apenas esta vida para apreciar o grande plano do
universo, e sou extremamente grato por isso.”
Isto é uma visão emocional, pelo menos. É mais que uma crença, é um tipo de
evidência para quem quiser enxergar.
O autor do livro escreve também que a inteligência artificial “tem potencial para
erradicar a doença e a pobreza, mas os cientistas devem trabalhar” para mantê-la sob
controle.
E mais: “não podemos prever o que será possível conseguir quando nossas mentes
forem ampliadas pela IA. [...] Empregando implantes de chip de silício e interfaces eletrônicas
wireless entre o cérebro e o corpo, a tecnologia permitiria que as pessoas controlassem seus
movimentos corporais com o pensamento.”
Stephen fala sobre a possibilidade de um chip possibilitar a um tetraplégico, por
exemplo, voltar a ter todos os seus movimentos normais. E eu penso na possibilidade de um
chip curar doenças como o Alzheimer, ou simplesmente deixar alguém com uma memória
mais poderosa, ou com um raciocínio mais rápido.
Podemos, desta maneira, estar caminhando para uma utopia ou um pesadelo. Sem
meias medidas, a bem dizer.
Por fim, no décimo e último capítulo, “COMO MOLDAREMOS O FUTURO?”, ele fala da
importância dos professores em nossa vida, e cita um que ele teve no secundário. Ele ainda
diz: “Quando pensamos nas coisas que sabemos fazer na vida, há grandes chances de que que
a sabemos graças a um professor.”
Pois eu digo: o universo pode mesmo estar se expandindo, mas não necessariamente
de maneira regular. Falam que é cada vez mais rápido, mas a uma aceleração constante (K). E
se for aos trancos? E se a cada avanço der um pequeno atraso?
Penso que não podemos pensar nas coisas como eternamente previsíveis. Não só na
física, mas em todos os aspectos. Todos. Ou talvez quase todos, para não sermos fatalistas.
Sempre podemos nos espantar e levar sustos.
Antigamente, era ideia corrente de que o universo era infinito, tanto espacial como
temporalmente. Além dele não ter início nem fim, nunca houvera um começo de sua
existência ou um final.
Lembro-me, numa aula de catecismo, que perguntei ao professor, quando ele disse
que o universo era finito: o que existe além? Ele respondeu: Deus. Eu era criança, ele era da
TFP, achei melhor não perguntar mais.
Quando os físicos vieram com a ideia do Big Bang, eles estavam dizendo que o
universo tem um instante de nascimento e uma dimensão limitada que tende a crescer, a
partir do quase zero, do infinitesimal. A partir de algo menor que uma partícula, muito menor
que um quark. Isso vale tanto para matéria como para energia.
Foi uma movimentação muito grande em direção contra o que Newton e Einstein
apregoavam.
Dimensão quântica.
É fácil pensar na dualidade das coisas. Sempre foi assim. Positivo e negativo, yin e
yang, o masculino e o feminino, o zero e o um.
Mas agora temos mais que o espectro. Temos a dimensão quântica. Podemos ser
positivos ou negativos, mas também os dois ao mesmo tempo ou nenhum. Ou ambos em
diferentes situações. Ou ser algo que esteja entre os dois ou os envolva. Ou em lugares
diferentes ao mesmo tempo.
Isso não é insanidade. É o que aprendemos com o novo conceito dos computadores
quânticos.
Falo mais sobre isso em meu livro “O Pensamento Quântico não é místico.”.
Adendo
Podemos imaginar sobre o equilíbrio quântico. Não é um pesar entre dois extremos.
DNA alienígena.
É a teoria de Gaia interplanetária, inferindo que todos e tudo tem algo a ver com o que
existe no espaço.
O espaço é vazio?
Dizem cientistas que o espaço tem apenas vinte por cento preenchido por matéria. O
resto todo seria apenas espaço vazio, sem o mínimo resquício de matéria.
Ora.
Oitenta por cento não precisa necessariamente estar vazio. Pode ter algum tipo de
matéria que não reconhecemos como tal.
Da mesma forma, a maior parte dos cientistas só reconhece a vida quando baseada em
carbono. Não é por isso que não podemos supor vida inteligente experimentada em outro tipo
de elemento. Talvez até num que nos seja desconhecido ainda.
Temos esse direito, pois toda verdade científica só existe até ser superada por outra.
Isso é cientificamente ensinado.
Por outro lado, somos feitos de matéria, a matéria é feita de moléculas, as moléculas
são feitas de átomos. Os átomos são, em sua quase totalidade, formados por um vazio.
Então, somos formados por, digamos, 99% de vazio. Toda nossa matéria visível e táctil
é, na verdade, um grande vazio.
Físicos acreditam que podem resumir numa única teoria, numa única fórmula
matemática, quiçá, o resumo de toda a física.
A meu ver, é o mesmo que a busca pelo Santo Graal. Ou a tentativa dos alquimistas
em transformar material espúrio em ouro.
Se bem que, alquimistas modernos, dizem que, a busca pelo ouro, era espiritual, não
material.
Filósofos já tentaram conseguir fazer uma filosofia que fosse a final, a derradeira, a
que terminaria com todas as outras, a que seria A Filosofia. Claro que não conseguiram, pois o
próprio significado da palavra é a busca pela sabedoria.
A busca.
Da mesma forma, na física, sempre há teses que se sobrepõe a outras. Cada conclusão,
levanta uma nova hipótese. Nunca há um desfecho. E após a física quântica, certamente será
criada outra. Não existe humanamente uma grande obra final. Um termo.
Começamos por perguntar sobre o que é ser inteligente. Não é simplesmente ter um
determinado grau de Quociente de Inteligência. Afinal, já se fala em Inteligência Emocional.
Há vários tipos de inteligência, mas todas cabem dentro dessas três, como a lógica, a
intrapessoal e a interpessoal. A inteligência musical.
Não podemos esquecer da inteligência espiritual, inata, pelo menos, a todo ser
humano, quando perguntamos quem somos nós, de onde viemos, se existe uma inteligência
superior, como ela é, coisas assim.
Na verdade, ligamos nossa inteligência ao aspecto sensorial, isto é, ao que todos os
nossos sentidos captam. Ela pode ser mais do que isso. Ela tem a ver com sentir todas as coisas
sempre como se fosse a primeira vez, somado às experiências anteriores.
Cientistas tentam criar a inteligência artificial, que deverá abarcar todas as formas de
inteligência. Senão, sairão perdendo para os seres humanos. A inteligência artificial terá que
ter alma, para nos alcançar.
Queremos saber se, em outros planetas, encontraremos seres com esse tipo de
“inteligência”.
Animais têm sua forma de inteligência. Vegetais, minerais e protistas. Todos têm uma
forma de inteligência.
Podemos encontrar, em outros planetas, seres que pensem da mesma maneira que
nós?
Quem é fã de Star Trek, a série clássica, já se deparou com alienígenas que têm vida
inteligente tal qual a nossa, que têm uma linguagem formada de palavras, e formato
humanoide. Mas também encontrou formas de inteligência diferente da nossa, e que, nem por
isso, deixavam de ser inteligentes. Formas de vida não senscientes. Consciências incorpóreas.
Dos anos 1960, até hoje, a espiritualidade começou a dar as mãos para a ciência, e
vice-versa.
Segundo, deve se valer de uma linguagem simples, explicando os conceitos que usará
no trabalho.
Terceiro, enfim, não deve roubar ideias de outrem, mas apresentar a sua própria. Se
escrever algo que outro disse ou escreveu, faça-o entre aspas, e identifique a citação.
No caso do texto literário, por estar entre as artes, tem sua forma bem mais aberta.
Ocasiões existem, na literatura, em que o texto tem que ser prolixo e confuso para ir ao ponto
que necessita.
De qualquer forma, quando ouço falar que determinada fórmula científica é elegante,
agora sei do que se trata. Pode até ser enorme, e cheia de símbolos indecifráveis aos leigos,
mas é o que mais se aproxima da simplificação.
Quando eu era criança, antes de entrar para a escola, achava que vivíamos num
infinito. Não tinha ideia de que vivíamos numa fina superfície de atmosfera em um planeta.
Porque nossa lógica é limitada. Temos que ir além da Lógica e superarmos nossa
Imaginação.
O universo pode ser como a Terra, isto é, limitado por fronteiras. O formato pode ser
esférico, contatando com outros universos, ou talvez cada universo tenha um formato
diferente, que não precisa ser necessariamente simétrico.
Ainda não os desbravamos. Nossos telescópios ainda não conseguem enxergar os seus
limites. Por enquanto, tudo é ficção astrofísica.
A Terra é uma geoide, isto é, se for representada em três dimensões, ela é cheia de
protuberâncias e vales enormes.
O atlas de meu pai, mostrava que a Terra era totalmente irregular, imaginando-se tal
formato em razão dos inúmeros terremotos, maremotos e condições climáticas sofridas por
ela durante o seu tempo de vida.
Na minha infância, na escola, antes do ser humano sair da Terra, era-nos ensinado que
nosso planeta tinha o formato de uma pera.
Quando a Apolo 8 foi pro espaço, as fotos mostravam uma forma esférica.
A Terra, no entanto, não é uma esfera, como aparece em nossos globos escolares, mas
uma geoide, como as fotos dos satélites devem indicar.
13/2/2022, 9h56.
Luiz Eduardo Anelli, em sua palestra no TED-X São Paulo, abriu em minha cabeça uma
nova perspectiva.
Segundo ele, ainda quando a parte seca da Terra era um só continente, a Pangeia, os
primeiros seres multicelulares apareceram onde hoje é o Brasil.
Da mesma forma, quando o meteoro caiu em nosso planeta, exterminando toda a vida
multicelular, ele caiu onde hoje é o Mato Grosso.
Nossas escolas não ensinam isso. Procurei hoje no Google sobre a pré-história no
Brasil e só achei a vida dos seres humanos. Nada de dinossauros brasileiros.
Entretanto, já tivemos em São Paulo exposições com esqueletos completos de
dinossauros que viveram, por exemplo, onde hoje é Minas Gerais. E quando o meteoro caiu, as
Américas já começavam a se formar.
Segundo Luiz comentou, nossas escolas brasileiras são passíveis de tal riqueza cultural,
que poderíamos comparar a ter uma piscina olímpica em cada uma, e não ensinar os alunos a
nadar.
Ele disse que as crianças adoram a pré-história e os dinossauros. Por que não ensiná-
las sobre os dinossauros brasileiros?
Já falei que a Terra tem inúmeras Histórias não contadas. A História oficial, contada
por cada historiador, nunca é a única, e ele sempre deixa diversos fatos de fora.
Vou falar agora da História do Universo. Quantas não haverão? E se em cada um dos
universos do multiverso, houver uma coleção de Histórias alternativas? Em um universo,
Galileu Galilei não nasceu; em outro, não existiu a guerra fria, ou as guerras mundiais, ou há
paz planetária?
O pai, está sentado na poltrona, vendo as notícias em seu celular. De repente, desvia
seu olhar, abobalhado, para o filho de seis anos, quando ele lhe pergunta:
- Papai, por que a professora ficou brava comigo, quando perguntei se poderia amar o
sol?
4. Na falta de lei melhor, vige a pior, para que não se fique sem lei.
Evidentemente, a sociedade não subsiste sem normas, ainda que somente
verbais, ainda que apenas pela consciência individual, ainda que pela sobrevivência do grupo,
ainda que pela força pura e simples de um chefe tirano, ou pela inteligência grupal. Se não
existem normas, não há sociedade. Ubi jus, ibi societas ; ubi societas, ibi jus.
Na falta, pois, de uma lei que se coadune com a política a se manter ou a
ser implantada, utiliza-se da lei que se tiver, a fim de se manter a sociedade ou a comunidade
unida, preservada. Algum grupo será o dominante, e a lei desse grupo será a que dominará. Se
falamos em lei das ruas, não como código do trânsito, mas como o conjunto de normas
adotadas por um grupo ou comunidade marginal de uma sociedade, e se tal insurge como
dominante em determinado tempo e espaço, essa então será a lei, até que u’a melhor apareça
para solapá-la. A lei aqui considerada não é a dos códigos e consolidações, mas a que tenha
eficácia.
Sobre O Autor.
Leopoldo Luiz Rodrigues Pontes é meu nome. Nasci às 4 e meia da manhã, do dia 4 de
abril de 1958, no bairro da Lapa, na cidade de São Paulo.
No final dos anos 1970 e início dos 80, publiquei uma série de livros de poemas, por
conta própria, na base do mimeógrafo e do off-set. Tentei fazer alguns para educação popular,
mas não foram para frente.
Enveredei pelas artes plásticas e pela música. Fiz várias exposições individuais e
participei de coletivas. Fui solista de guitarra e cantei, em várias bandas de rock que não
duraram quase nada.
Meu primeiro emprego foi ajudar meu pai no depósito de artigos de época, fazendo
pacotes, atendendo a freguesia, carregando mercadoria, auxiliando no escritório, e fazendo
contas.
Aí, recebi uma pequena herança e abri uma lanchonete que era também uma casa de
chá. Logo, minha esposa estava participando, até que, de repente, passou a cuidar sozinha do
local.
Nesse meio tempo, fui chamado como redator e repórter da Rádio Emissora de
Campos do Jordão. Depois, concomitantemente, fui empregado de diversos jornais escritos,
como diretor de redação, fotógrafo, editor, redator, repórter, diagramador, etc, tudo ao
mesmo tempo, já que eram jornais pequenos.
Nessa época, escrevi pra burro, tudo quanto eram notícias, editoriais, resenhas, entre
outras coisas. Mas nunca fui convidado para a Academia Jordanense de Letras.
Também trabalhei, uns meses, como jornalista da prefeitura, o que me garantiu uns
bicos em períodos eleitorais.
Como jornalista, fiz ainda alguns frilas e uma correspondência por três meses tórridos!
Noutra época, meus finais de semana eram tomados por uma galeria de arte de
Campos do Jordão.
Quando fui demitido da Rádio Emissora, comecei a trabalhar como advogado, e logo
fui chamado pela Sabesp, para a qual havia prestado concurso, em Caraguatatuba, onde
trabalhei como atendente a consumidores.
Moro atualmente no litoral norte do estado de São Paulo. Meus hobbies são: ouvir
discos de vinil, desenhar, fazer colagens, escrever, tocar violão, ler muito, e ver filmes e séries.
E fazer cursos e oficinas pela internet.
Alguns dias antes do Natal de 2021, tive um acidente doméstico em que quebrei o
ombro e o braço esquerdos. Soma-se a isso meus acidentes anteriores, no cotovelo e no
tornozelo direitos, e uma danação na coluna. Fora isso, estou bem. Fazendo eventuais
fisioterapias, me alimentando, etc.
Só a cabeça não anda lá essas coisas. Por isso escrevo, para preservar minha memória
para o futuro. Sim. Eu acredito no futuro.
Contato: leopoldopontes21@gmail.com
Fim.
Índice: