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4.

Os Estoicos
A Lei e a Vida Conforme a Natureza

Introdução
Em geral, temos a ideia de que as leis não devem ser totalmente arbitrárias e
não devem resultar da escolha pessoal de um qualquer governante ou de uma mera
convenção que permitisse qualquer lei. Mesmo pareça existir certa arbitrariedade (nas
medidas usadas no comércio, na dureza das penas), não parece ser indiferente se a lei é
de uma maneira ou de outra. Parece-nos até que certos princípios legais decorrem de
alguma forma da nossa condição humana ou da forma como estamos constituídos (seja
ela mais ou menos determinada e mais ou menos fixa), e devem ser válidos para todos,
mesmo que não tivessem sido partilhados no passado, ou noutras paragens distantes.
Pensamos também que temos a qualquer capacidade de identificar essa condição
humana, por meio da racionalidade ou do pensamento (ou, em todo o caso, de nos
aproximarmos dela e de debater o seu conteúdo).
Apesar de esta compreensão da lei encerrar muitos problemas e dificuldades,
que motivaram ou um estrito positivismo legal, ou um grande ceticismo, esta noção de
lei tem uma longa história, que remonta à Antiguidade. No século V a.C., no contexto
da sofística, a lei (no sentido de lato de nomos, que inclui também os costumes e a forma
de ver a vida em geral) era frequentemente oposta à natureza, uma vez que se observava
que diferentes comunidades humanas tinham leis e costumes muito diferentes e que
nada parecia ser determinado naturalmente e, enquanto tal, universalmente válido.1 A
ideia de que há leis mais altas que as leis do país surge também na Antígona de Sófocles,
onde se contrapõem as leis humanas, temporalmente finitas, e as leis dos deuses, que
são não-escritas e infalíveis.2 No entanto, em nenhum destes casos se chega a usar a
expressão “lei natural”.
Uma das ocorrências mais antigas desta noção surge no Górgias de Platão.
Segundo o sofista Cálicles, são os mais fracos (e mais numerosos) que estabelecem, por
convenção, as leis das cidades, para se limitarem uns aos outros e assim se protegerem
dos mais fortes, mas estas leis opõem-se à lei natural, que requer que cada indivíduo
obtenha cada vez mais coisas e imponha o seu poder sobre os outros (Górgias 483b-
484c). Sócrates, porém, procura refutar Cálicles e mostrar a importância da justiça.
Aristóteles, ao discutir a justiça política na Ética a Nicómaco, distingue a justiça
convencional e a que existe por natureza, e na Retórica distingue as leis particulares (de
cada cidade) e leis universais, baseadas na natureza.3 Contudo, Aristóteles na Retórica
não está exprimir a sua opinião, mas a sugerir argumentos para o debate público. Na
Ética a Nicómaco afirma claramente que a justiça natural é parte do direito político.
Os primeiros a desenvolver a fundo a ideia de que há uma lei natural e que as
leis das cidades (e até da vida humana em geral) se devem orientar por essas leis ou
decorrem delas são os Estoicos. Esta ideia de legislação natural está intrinsecamente
ligada ao cosmopolitismo – ou seja, à comparação entre o cosmos e uma cidade – e à
42 UMA HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS E SOCIAIS
verdadeira “cidade” de que todos os seres humanos são cidadãos, quer tenham noção
disso ou não.
Mais conhecidos por alguns aspetos mais práticos do seu pensamento (como o
controlo das emoções ou a distinção entre as coisas que estão em nosso poder e as que
não estão), os Estoicos estão de facto preocupados com a questão ética de como
devemos viver, mas para responder a essa questão desenvolvem um complexo sistema,
dividido em lógica (que abarcava também a teoria do conhecimento), física (que incluía
questões metafísicas e teológicas) e ética (de que também fazia parte a política).
Inspirados por Heraclito, eles defendem que o cosmos ou a natureza universal
tem uma ordem racional e que a razão humana, enquanto núcleo da natureza individual,
é capaz de identificar essa ordem e de viver de acordo com ela. Ainda que essa ordem
seja muitas vezes identificada com a divindade (Zeus) ou como decorrente dela, essa
divindade não é concebida como um deus pessoal, mas apenas como uma pura
racionalidade que governa tudo e que, enquanto tal, tem (ou deveria ter) profundos
efeitos na vida e na sociedade humanas.

Vidas e Obras dos Estoicos


O Estoicismo foi uma das mais populares correntes e escolas de pensamento
da Antiguidade, juntamente com o Platonismo, o Aristotelismo e o Epicurismo.
Contudo, ao contrário de outras escolas, é difícil identificar o Estoicismo com uma
figura principal.4 Com efeito, há, por um lado, os primeiros teóricos, que desenvolveram
grande parte da doutrina, mas cujas obras se perderam e que conhecemos apenas por
citações ou por referências indiretas (sobretudo o relato da vida e das doutrinas dos
filósofos feito por Diógenes de Laércio). Por outro lado, há figuras mais tardias que
foram menos originais e tiveram uma influência menor dentro da escola, mas cujas obras
se tornaram posteriormente mais conhecidas (sobretudo a partir do Renascimento) e
tiveram por isso uma influência maior nos tempos modernos.
Os principais nomes da escola viveram em períodos muito diferentes (entre o
século IV a.C. e o século II d.C.) e em regiões distintas (especialmente Atenas e Roma),
mas isso não impede que haja uma grande afinidade nas suas teorias, o que permite falar
de uma única escola. Ainda assim, a ideia de esta ser uma única escola por vezes esconde
o facto de haver algumas divergências significativas e um fértil debate sobre pontos
essenciais da doutrina dentro da própria escola. Algumas das principais diferenças são
as que levam a que normalmente se divida o Estoicismo antigo em três períodos: o
período inicial (sécs. IV e III a.C.), o período médio (sécs. II e I a.C.) e o período tardio
(sécs. I e II d.C.).
O período inicial começa com a fundação da escola por Zenão de Cítio (c. 334
- c. 262 a.C.). Inicialmente aluno do cínico Crates, Zenão teve dificuldade em adaptar-
se ao modo de vida cínico – em especial, ao modo como os cínicos, no seu esforço de
viver segundo a natureza e de forma virtuosa, recusavam por completo os costumes e
o pudor. O Estoicismo foi, assim, desenvolvimento como uma versão mais moderada
ou mais conformista do Cinismo.
PORQUE PENSAMOS COMO PENSAMOS 43

Zenão desenvolveu a abordagem e as principais doutrinas da escola. Mais


concretamente, ele desenvolveu a lógica como forma de evitar erro cognitivos e também
a compreensão do cosmos como estando regido por Deus ou pela racionalidade. Na
ética, determinou que se deve seguir a razão e que a virtude, que tudo o mais é
indiferente, ainda que possa ter diferentes valores.
Zenão foi sucedido na liderança da escola por Cleantes de Assos (c. 330 - c.
230 a.C.), mas a outra figura mais importante neste primeiro período é o sucessor de
Cleantes, Crísipo de Solos (c. 279 – c. 206 a.C.). Crísipo escreveu abundantemente,
desenvolveu a fundo as doutrinas da escola e deu-lhes uma fundamentação mais sólida
– a ponto de ser descrito como o segundo fundador ou o refundador da escola. Ele
introduziu grandes avanços na lógica – em especial, no estudo das proposições e dos
silogismos – e na física estudou a fundo, entre outras, a questão do destino e como
conciliar a necessidade com a liberdade. Na ética, merece especial destaque a sua teoria
das paixões como tendo um carácter cognitivo ou intelectual e também o estudo de
como nos podemos curar delas ou erradicá-las, de modo a atingir um estado de
desafetação ou tranquilidade, a apatheia.
O período médio do Estoicismo caracteriza-se por um maior ecletismo e pelo
começo da transição geográfica para Roma, onde as principais figuras ensinaram.
Panécio de Rodes (c. 185 - c. 110 a.C.) aproximou-se do platonismo, abandonou
algumas teorias físicas dos Estoicos anteriores, admitiu como aceitáveis prazeres que
sejam de acordo com a natureza e reconheceu a importância de estabelecer preceitos
que possam ser úteis a quem ainda não atingiu a sabedoria.
A segunda figura importante deste período médio é Posidónio de Apameia ou
Rodes (c. 135 - c. 51 a.C.), que se dedicou a muitas áreas diferentes do saber (não só à
filosofia em sentido mais estrito, mas também à astronomia, geografia, história,
matemática, etc.). Merece destaque a suposta apropriação que fez (segundo Galeno) da
teoria platónica da tripartição da alma, que separa a racionalidade, a irascibilidade e os
desejos sensíveis (o que estaria em contraste com a tese de Crísipo de que as emoções
não são separadas da razão, mas resultam do uso indevido desta).
O período tardio é, como se disse, o que inclui as figuras mais conhecidas nas
épocas posteriores e também atualmente. Este período caracteriza-se por uma maior
popularização do Estoicismo e uma maior consciência da dificuldade em atingir o ideal
estoico da virtude ou da sabedoria, de modo que se admite a ideia do progresso moral
e se desenvolvem um conjunto de exercícios de autoaperfeiçoamento que permitiriam
uma maior aproximação ao ideal.
Uma das principais figuras deste período é Séneca (c. 4 - 65 d.C.), que foi tutor
do imperador Nero e acabou por ser forçado por este a tirar a sua própria vida. A calma
com que enfrentou essa situação tornou-se emblemática da atitude e tranquilidade
estoicas. No campo teórico, Séneca integrou elementos do Platonismo e Epicurismo
nas suas doutrinas e escreveu sobre as paixões, a finitude, a tranquilidade, os benefícios,
a natureza em geral e muitos outros temas. As suas Cartas a Lucílio são um exemplo de
aconselhamento espiritual para lidar com situações quotidianas. Escreveu também
tragédias, que ilustram a falta de controlo das paixões e os seus efeitos destrutivos. Foi
44 UMA HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS E SOCIAIS
muitas vezes lido como sendo inteiramente conforme ao Cristianismo, o que o tornou
bastante popular.
Menos conhecida é a figura de Musónio Rufo (séc. I), que se opôs a Nero e foi
por isso exilado. Rufo foi um dos principais teóricos deste tempo, mas dele
preservaram-se apenas 21 breves discursos, onde defende – entre outras coisas – que as
mulheres também deveriam ter a mesma educação que os homens. Em geral, ele
enfatiza as questões éticas e dá especial atenção à componente corporal e ao treino ou
prática das doutrinas, de modo a melhor incorporá-las na vida.
O mais célebre aluno de Rufo é Epicteto (c. 50 - c. 135 d.C.), que nasceu
escravo e foi tutor em Roma, tendo sido liberto e posteriormente condenado ao exílio.
A sua escola recebia não só filósofos, mas também figuras eminentes que procuravam
aconselhamento prático. Para além de um pequeno manual (Enchiridion), preservaram-
se um conjunto de ensinamentos transcritos pelo seu aluno Arriano, com o título de
Discursos. Nesta obra, Epicteto discute muitos temas, começando por estabelecer a
diferença entre as coisas que estão em nosso poder (nas quais nos devemos esforçar ao
máximo por interferir de forma virtuosa) e as coisas que não estão em nosso poder (que
temos de aceitar e desvalorizar). Para além disso, Epicteto sublinha muitas outras ideias,
como a componente prática da filosofia, a importância da imperturbabilidade e a relação
com a divindade.
Outra figura muito conhecida é a de Marco Aurélio (121-180), imperador
romano entre 161 e 180, num período de muitos conflitos militares. Ele teve uma
formação estoica e escreve entre 170 e 180 um conjunto de breves reflexões pessoais
sobre aspetos da doutrina estoica. Estas reflexões, que não eram conhecidas na
Antiguidade e a que foi dado o título póstumo de Para si Mesmo (ainda que sejam mais
comummente designadas como Meditações), funcionam como exercícios teóricos que
visam incorporar a doutrina na sua vida prática e incluem, entre outros, o esforço de se
recordar de que é mortal, de que infortúnios podem acontecer a qualquer momento, de
que é um ser racional e enquanto tal está ligado a todos os outros seres racionais, de que
deve controlar as emoções e sobretudo a ira, etc.
Por fim, merece ainda destaque Hiérocles (séc. II), de quem pouco se sabe
pouco, mas cujos excertos recentemente descobertos de uma obra intitulada Elementos
de Ética, bem como os excertos preservados por Estobeu (uma das principais fontes
para muitos destes autores) permite reconstruir alguns elementos importantes das
doutrinas estoicas – em especial a doutrina da apropriação (oikeiōsis).5

A virtude como único bem e a vida de acordo com a natureza


Como se disse, o problema ético de como devemos viver está no centro do
Estoicismo e as questões lógicas e físicas em sentido lato servem precisamente esse
problema. A solução encontrada pelos Estoicos passa pela distinção acima mencionada
(salientada sobretudo por Epicteto) entre as coisas que estão em nosso poder (e em
especial o modo como nos relacionamos com as nossas representações, mas também o
modo como tentamos agir ou como o nosso princípio condutor ou a racionalidade
PORQUE PENSAMOS COMO PENSAMOS 45

orienta a ação) e as coisas que não estão em nosso poder (as quais dizem respeito aos
resultados das ações e a tudo o que seja exterior a nós). O essencial é, pois, a orientação
da escolha ou o modo como nos determinamos a nós mesmos.
Como princípio de orientação, os Estoicos estabelecem que o único bem (ou
seja, a única coisa que determina a felicidade do ser humano) é a virtude. Essa tese tem
alguma afinidade com pensadores como Sócrates, Platão ou Aristóteles, que também
destacavam o valor da virtude, mas introduz também uma inovação, na medida em que
declara que só a virtude é um bem e só o vício é um mal, ao passo que tudo o mais (os
chamados bens externos, as situações por que passamos e os outros) não são
verdadeiramente um bem ou um mal, mas antes coisas indiferentes (adiaphora).
A virtude é concebida pelos Estoicos em termos intelectualistas, como o
exercício perfeito da racionalidade, e exprime-se não só em ações sábias, mas também
justas, temperadas e corajosas. Nesse sentido, a virtude coincide com a razão ou a
sabedoria e, para os Estoicos (pelo menos na fase inicial), não existe meio-termo: ou se
é virtuoso e sábio, ou se é vicioso e ignorante.
Segundo os Estoicos, devemos perseguir a virtude e, na medida em que esta é
a consumação da razão e a razão é a nossa natureza, devemos viver de acordo com a
natureza – ou seja, de acordo com a nossa natureza racional. Este é o núcleo da vida de
acordo com a natureza, embora a noção de natureza não se aplique só ao indivíduo e
inclua também uma dimensão mais vasta e até cósmica.
Uma outra componente da vida de acordo com a natureza decorre do facto de
os Estoicos não se limitarem a reconhecer um único bem e a ver tudo o resto ser visto
como indiferente. Em geral, eles defendiam que as coisas indiferentes têm diferentes
valores (mesmo que não sejam bens em sentido estrito) e que algumas delas são
preferíveis (por exemplo, a saúde relativamente à doença), precisamente na medida em
que são mais conformes à natureza em geral. A virtude consistiria, então, na escolha
devida das coisas indiferentes de acordo com o seu valor intrínseco (embora também
se devesse ter em conta o valor que as coisas têm em determinadas circunstâncias e que
podem levar a que se escolha algo que não o que é por si mesmo preferível).
Esta escolha dos indiferentes preferíveis (na medida em que não é a escolha de
um bem ou do bem) deve ser feita com reserva e distância, pois só assim se consegue
estar ao abrigo dos acontecimentos externos e da fortuna.
Este é um aspeto essencial do Estoicismo, que se exprime no ideal da
desafetação ou tranquilidade (apatheia). Segundo Zenão, as afeções (pathē) são um
impulso excessivo ou irracional e, segundo os estoicos em geral, elas assentam num
juízo errado ou num uso indevido da razão. Mais especificamente, o erro estaria em
julgar que algo que não a virtude é bom ou algo que não o vício é mau. Isso é o que
seria preciso corrigir e, uma vez que se compreendesse que a virtude é o único bem,
seria possível estar protegido das afeções ou perturbações da alma, numa espécie de
cidadela interior, como diz Marco Aurélio.6
46 UMA HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS E SOCIAIS
Os Deveres ou Funções Próprias
Esta ideia da cidadela interior e vários outros aspetos do pensamento estoico
sugerem que a vida estoica é uma vida inteiramente retirada da cidade e dos assuntos
pública – ou seja, uma vida apolítica. Isso é muitas vezes associado ao declínio da pólis
como instituição política e ao estabelecimento de impérios (primeiro o de Alexandre,
depois o de Roma), nos quais a participação política e cívica se teria tornado muito
menos restrita. O Estoicismo, seguindo essa tendência, estaria preocupado apenas com
o espaço interior e despreocupado com as coisas exteriores, o que se traduziria numa
uma atitude geral conformista.
Esta é, no entanto, uma ideia inteiramente errada, como muitos intérpretes têm
sublinhado. Um dos aspetos que refuta essa ideia está relacionado com a noção acima
mencionada de indiferente preferível (ou seja, de algo que não é um bem intrínseco, mas
tem ainda assim valor). Os indiferentes preferíveis determinam um conjunto de funções
próprias, ações apropriadas ou deveres (kathēkonta ou officia), os quais têm
frequentemente uma dimensão social, correspondente aos modos como devemos agir
relativamente aos outros. Estes deveres são todos de acordo com a constituição natural
dos entes e é possível fazer o seu inventário, como se vê no Sobre os Deveres de Cícero,
onde é apresentada a doutrina de Panécio. Os deveres dizem respeito à moralidade em
sentido estrito, à utilidade e à relação entre os dois domínios, e são mais gerais ou mais
específicos.
A identificação dos deveres estabelece uma espécie de ordem objetiva pela qual
cada um tem de se esforçar. Supera-se, assim, o mero interesse próprio e desenvolve-se
uma relação privilegiada com a justiça e imparcialidade. A justiça, por seu turno, não
requer apenas que se promova a virtude dos outros e se ajude a evitar o vício (o que
seria o único verdadeiro benefício), mas implica a assistência em muitos outros aspetos
considerados indiferentes (mesmo que preferíveis).
Um aspeto importante neste quadro é o facto de a justiça e os deveres não
corresponderem apenas a ações gerais, que dão o mesmo valor a todos os seres
humanos. Para os Estoicos, sobretudo no período mais tardio, pode-se também
(mesmo no caso do sábio) ter relações preferenciais de amizade e até família. Além
disso, pode-se agir politicamente a um nível local e promover os interesses da
comunidade política a que se pertence, ou até de uma outra comunidade. Tudo isso
pode estar incluído na vida de acordo com a natureza, conforme a situação de cada um.
Os deveres identificados são algo que se pode seguir por prescrição (e nesse
sentido não requer que aquele que o segue tenha virtude ou seja plenamente racional),
mas também se podem (e, na verdade, devem) cumprir com plena consciência racional
do que está em causa (e nesse caso tratar-se-á de uma ação correta e perfeita, que
exprime a virtude). A filosofia estoica é, assim, extraordinariamente exigente e austera,
ainda que dê também uma orientação prática geral que promove valores e práticas
sociais e não requer uma dedicação excessiva à filosofia. Esse era, aliás, um dos
principais fatores que tornava o Estoicismo apelativo para os políticos romanos.
PORQUE PENSAMOS COMO PENSAMOS 47

A Teoria da Apropriação e a Génese da Justiça


A compreensão estoica da virtude e de uma vida de acordo com a natureza
poderá parecer muito artificial e abstrata. No entanto, os Estoicos desenvolveram
também uma teoria sobre o desenvolvimento do ser humano que permite perceber que
eles veem o seu ideal ético como estando em continuidade com a nossa constituição
animal. Esta teoria é expressamente apresentada como uma teoria sobre a génese da
justiça e assenta na noção de oikeiōsis, que é muitas vezes traduzida como apropriação e
exprime precisamente o ato de tornar algo próprio, familiar, doméstico, caro ou querido.
O que está em causa é, pois, um ato que estende o si a outras coisas ou permite que o
si se identifique com elas.
Segundo os Estoicos, o ser humano começa por se apropriar a si mesmo – ou
seja, começa por ter uma perceção de si ou da sua constituição e por se identificar com
isso, se preocupar com isso ou proteger isso. O impulso mais natural é assim a
autopreservação e não a procura do prazer e a fuga à dor, como os Epicuristas
defendiam.
Esta tese parece sugerir um egoísmo constitutivo, mas os Estoicos insistem que
há não só uma apropriação pessoal, mas também uma apropriação social – ou seja, uma
identificação dos outros como próprios ou como objeto de afeição. Os argumentos
usados para justificar esta apropriação social são vários: o impulso natural para procriar
e para proteger os filhos, o facto de os seres humanos serem animais gregários e
habitarem em cidades, o facto de haver uma atração natural por outros (que pode chegar
ao ponto de nos levar a proteger o país ou nos preocuparmos em ensinar algo ao maior
número possível de outros) e também o facto de não sermos indiferentes ao que
acontecerá aos outros depois da nossa morte.
Neste contexto, é particularmente significativo o fragmento de Hiérocles que
defende que o nosso campo de relações está sempre organizado num conjunto de
círculos concêntricos. No centro destes está o corpo próprio, no círculo seguinte estão
os familiares mais próximos, depois vêm os familiares mais distantes, os membros do
mesmo grupo, da mesma cidade, da mesma etnia e, por fim, a humanidade em geral.
Estes círculos traduzem-se em graus cada vez menores de afeição e correspondem
também a diferentes tipos de dever. Ainda assim, parece estar pressuposto que há
sempre uma qualquer relação com os outros e até com o círculo mais distante,
correspondente à humanidade no seu todo.7
A constituição mais imediata do ser humano está assim marcada por estas duas
formas de apropriação, a pessoal e social. Mas a noção estoica de natureza humana é
mais complexa e tem no seu centro a noção de razão (logos). Desse modo, os impulsos
mais imediatos do ser humano são radicalmente reconfigurados pela razão e, segundo
os Estoicos, essa reconfiguração vai ao ponto de anular as preocupações mais imediatas
e concentrar-se exclusivamente num novo conjunto de preocupações.
Ao nível individual, a apropriação racional passa a identificar como importante
(ou seja, como único bem) a virtude e tudo o que diz respeito ao corpo próprio e à
autopreservação passa a ser visto como um indiferente preferível. Do mesmo modo, ao
48 UMA HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS E SOCIAIS
nível da apropriação social, a razão mostra que os diferentes graus de proximidade dos
outros não se devem traduzir em graus de afeição e em deveres diferentes, pois todos
têm a mesma importância ou valor e, por isso, devemos preocupar-nos igualmente com
todos os outros e reconhecer os mesmos deveres para com todos. Mesmo que se possa
admitir deveres adicionais relativamente a amigos e familiares, isso não significa que se
deva atribuir-lhes um valor maior. A igualdade de valor entre todos os seres humanos
está associada à ideia, muito sublinhada por Marco Aurélio, de que a razão enquanto tal
é social, ou seja, ela implica o reconhecimento de outros seres racionais e de que todos
têm o mesmo estatuto. Outra forma de exprimir isso é através da ideia de que existimos
todos uns para os outros ou nascemos todos uns para os outros.
Se esse estado é atingível ou não, era já fortemente discutido na Antiguidade.
No Comentário Anónimo ao Teeteto de Platão, argumenta-se que não é possível sentir o
mesmo afeto pelos mais próximos e pelo mais distante dos Mísios, e também que na
hora da verdade, se for preciso salvarmo-nos a nós ou salvar outro, se verá que o nosso
verdadeiro compromisso não é racional.8 Ainda assim, os Estoicos veem esse
compromisso racional com todos os seres humanos como o ideal e procuraram
desenvolver exercícios de reflexão (como os que se veem ao longo das Meditações de
Marco Aurélio) para nos aproximar desse ideal ou para poder concretizá-lo melhor.

Cosmologia e Razão Universal


Uma outra dimensão importante da vida de acordo com a natureza é a que diz
respeito à natureza do cosmos enquanto tal, que para os Estoicos constitui o contexto
em que as naturezas individuais existem. O cosmos em geral é frequentemente
compreendido em termos materialistas, mas este materialismo é suficientemente
complexo para permitir a existência de almas e da racionalidade.
A natureza cósmica é vista como correspondendo à própria divindade (Zeus),
a qual é compreendida em termos impessoais, como a razão ou o logos cósmicos. Isso é
o que administra ou governa todo o universo e todas as naturezas individuais. Uma vez
que os seres humanos são eles próprios racionais, temos a possibilidade não só de
compreender a razão cósmica e a ordem das coisas, mas também de nos orientarmos
por ela ou viver de acordo com ela.
Essa racionalidade cósmica é o que em última análise determina e prescreve as
diversas funções naturais ou os diversos deveres – e os Estoicos chegam mesmo a
interpretar isso como uma espécie de providência. A razão cósmica vela pelos seres
humanos e cria o melhor universo para eles.
Além disso, os Estoicos defendem que há destino ou que os acontecimentos
ocorrem todos por necessidade. Isso parece negar a liberdade humana e gerar o famoso
sofisma do perigoso, segundo o qual é indiferente fazer ou não fazer algo, pois o que
está destinado acontecerá de todo o modo.
Contudo, Crísipo usa a imagem do cilindro para explicar como é possível
conciliar necessidade e liberdade. Segundo ele, é forçoso que o cilindro role, mas ele
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rola de acordo com a sua constituição e não apenas devido às forças externas que se
exercem sobre ele. Do mesmo modo o ser humano age de acordo com a sua própria
constituição, o que significa que age de acordo com o modo como o princípio que o
governa se autodetermina.9
Todos estes aspetos dão a ver um pensamento altamente especulativo e
problemático, que parece afastar-se muito do domínio da vida prática, mas todas estas
questões visam apenas determinar de forma mais precisa o que se deve fazer e têm, pois,
consequências diretas e profundas para a compreensão estoica da sociedade e da
política.

O Cosmopolitismo Estoico
As consequências éticas e políticas destas conceções exprimem-se sobretudo
na tese estoica de que os seres humanos são primariamente cidadãos do cosmos – e isso
tem uma conexão essencial com a noção de lei natural.
O cosmopolitismo em sentido mais estrito tem como principais antecedentes
as figuras de Sócrates e de Diógenes o Cínico. Tanto um com outro parecem ter
recusado uma preocupação exclusiva (ou até mesmo privilegiada) com os cidadãos da
sua cidade e desenvolvem ou personificam uma forma de amor pela humanidade
(philanthropia) que os leva também a cuidar de estrangeiros. Esta forma de pensar fora
do âmbito da pólis foi também fortemente estimulada pelo império alexandrino e depois
pelo império romano, que se entendiam como tendo também uma missão civilizadora.
No entanto, a compreensão estoica do cosmopolitismo (possivelmente influenciada
pelo Cinismo) introduz novas determinações.
Na sua República, Zenão de Cítio parece ter partido de Platão e da ideia da
comunidade perfeita dos guardiões na cidade ideal para, com base nisso, desenhar o
modelo da comunidade de sábios estoicos. Mas para os estoicos esse ideal não estava
apenas circunscrito a uma cidade concreta. De facto, todos os sábios pertenceriam a
uma única cidade – a cidade cósmica. Por outro lado, como mostram sobretudo os
Estoicos mais tardios, essa cidade cósmica ou Cosmópolis não abarca apenas os sábios,
mas inclui todos os seres racionais – ou seja, os deuses e todos os seres humanos (ainda
que grande parte dos seres humanos não tenha noção de pertencer a essa pólis). Nesse
sentido, qualquer ser humano poderia dizer o mesmo que Séneca ou Marco Aurélio e
afirmar que pertence tanto à pátria em que nasceu como à pátria universal.10
Esta pertença de todos os seres humanos à mesma cidade é pensada pelos
Estoicos em termos muito concretos. Como se vê, por exemplo, em Marco Aurélio, os
seres humanos são pensados como constituindo uma só família, um só corpo ou uma
só árvore.11 Mas, mais do que isso, a noção de uma cidade cósmica implica também a
ideia de que o universo, tal como uma cidade, tem as suas próprias leis e o seu próprio
legislador (a razão cósmica), às quais qualquer ser humano, enquanto cidadão dessa
cidade, está vinculado. Estas leis não são apenas (e não são primariamente) as leis
naturais tal como são estudas nas ciências naturais. Elas incluem também leis éticas e
até leis políticas, na medida em que determinam qual é o bem por que nos devemos
50 UMA HISTÓRIA DAS IDEIAS POLÍTICAS E SOCIAIS
orientar, qual o valor das coisas, o que devemos fazer e como se deve organizar a
comunidade.
O cosmopolitismo em causa é, porém, apenas um cosmopolitismo ético, na
medida em que a principal preocupação dos Estoicos é determinar como é que esta
pertença a uma cidade cósmica deve determinar o nosso modo de vida individual – ou
seja, aquilo que desejamos e o nosso comportamento relativamente a outros seres
humanos e até relativamente à comunidade no seu todo.
Isso inclui compreender racionalmente o que se deve fazer e agir de acordo
com essa compreensão, mas inclui também uma componente emocional, de apego ou
amizade (philia) a todos os seres humanos (de modo que não está em causa um ponto
de vista imparcial e indiferente, mas sim uma espécie de parcialidade universalizada).
Como se viu acima, o amor-próprio acaba por abranger todos e isso produz um ponto
de vista objetivo, que se preocupa igualmente com todos e que enquanto tal está imune
à possibilidade da ira ou do ódio.
A despeito dos profundos efeitos que esta noção de si como cidadão cósmico
tem sobre a vida individual, os Estoicos não desenvolvem (pelo menos nos textos que
nos restam) nenhuma reflexão especial sobre o tipo de medidas e instituições políticas
que podiam promover, garantir ou exprimir esse olhar objetivo que reconhece a todos
o mesmo valor. Algumas dessas medidas e instituições poderiam ser concebidas como
correspondendo ao império romano. Com efeito, estoicos tardios como Marco Aurélio
podem ter visto em Roma esta vocação universal. No entanto, Marco Aurélio em
particular parece também bastante pragmático e relembra a si mesmo que não se deve
esperar logo o regime de Platão (ou seja, a cidade ideal).12
É preciso reconhecer o enorme poder que o vício tem sobre a vida humana e
aceitar quão longe estamos da execução perfeita da racionalidade e de viver de acordo
com a natureza. Isso é algo de que os Estoicos tardios estavam particularmente
conscientes, de modo que se compreendiam a si mesmos não como sábios (ao contrário
dos primeiros Estoicos), mas apenas como indivíduos que estavam a progredir em
direção à virtude – e a sua compreensão de política parece incluir esta mesma ideia de
progresso racional.

O Futuro dos Estoicos


Os Estoicos foram lidos em diversos contextos ao longo dos séculos, o que
levou a que se enfatizasse diferentes aspetos: ora a orientação ética, ora a teoria das
emoções, ora a dimensão mais cosmológica e até teológica.
Autores cristãos apreciaram o tom ético e a conceção de divindade do
Estoicismo. Sente-se, por isso, uma forte influência estoica na linguagem, nas conceções
teológicas e até no Evangelho de S. João, nas cartas de São Paulo e dos padres da Igreja.
Entre os exemplos mais claros disso contam-se a compreensão do verbo (logos) divino,
da virtude, do espírito, da consciência moral, das duas cidades e da importância da
ascese.13
PORQUE PENSAMOS COMO PENSAMOS 51

Kant também se refere aos Estoicos na sua filosofia prática, como antecessores
da sua compreensão dos deveres, ainda que para os Estoicos os deveres não tenham
valor absoluto, mas sejam antes algo que se persegue em vista da felicidade, o que para
Kant é, na verdade, uma atitude antimoral. Os estoicos influenciaram também o seu
pensamento político, sobretudo a sua ideia de cosmopolitismo, a qual tem, contudo, um
carácter mais marcadamente político e institucional do que no caso dos estoicos.
Para além disso, o Estoicismo tornou-se muito popular fora dos meios
académicos, como uma forma de aperfeiçoamento pessoal que se pode aplicar à vida
profissional, sobretudo no contexto das empresas, e que se pode também adaptar a
preocupações contemporâneas, especialmente a preocupação ecológica com a natureza.

Referências
Textos dos Estoicos
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Leituras Adicionais
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Notas

1 No entanto, vários pensadores esforçaram-se por compreender teoricamente a natureza e os


seus princípios. Entre esses pensadores, o filósofo Heraclito de Éfeso (c.535-c.475 a.C.) parece
ter sido quem pela primeira vez associou a natureza à ideia de lei. Segundo Heraclito, o cosmos
tem uma constituição racional e é governado pelo logos (um termo com muitos sentidos e que
abarca as ideias de razão, princípio, proporção e palavra), tal como uma cidade é governada ou
baseia a sua força na lei. Além disso, Heraclito defende também que, as leis humanas assentam
numa lei divina. Cf. em especial o fragmento DK B114.
2 Cf. vv. 450-457.
3 Cf. Ética a Nicómaco V, 7, 1134b18ss. e Retórica I, 13, 1373b1ss.
4 Isso vê-se, aliás, no facto de o próprio nome da escola não fazer referência a uma pessoa, mas
sim ao sítio onde os membros da escola se reuniam em Atenas: o pórtico colorido ou variegado
(stoa poikilē).
5Também importantes para esta reconstrução são as obras de Cícero, Plutarco e mais alguns
autores antigos que se referem frequentemente aos estoicos.
6 Cf. Meditações VIII, 48.
7 Cf. Long e Sedley. (Eds.) (1987). The Hellenistic Philosophers (Vol. 1), 349-350.
8 Cf. Long e Sedley. (Eds.) (1987). The Hellenistic Philosophers (Vol. 1), 350.
9 Cp. Long e Sedley. (Eds.) (1987). The Hellenistic Philosophers (Vol. 1), 388.
10 Cf., respetivamente, Sobre o Ócio 4.1 e Meditações VI, 44.
11 Cf. Meditações II, 16; III, 11; IV, 4; VI, 44; VIII, 34; IX, 23; X, 15; XI, 8; XII, 26; XII, 36.
12 Meditações IX, 29.
13 No Renascimento, Justus Lipsius e vários outros autores desenvolveram o chamado
Neoestoicismo, que sintetiza o Estoicismo com o cristianismo e influenciou autores famosos.
Espinosa, por seu turno, mostra uma grande afinidade com os Estoicos em vários aspetos do
seu pensamento, como o seu panteísmo, a identificação da natureza com a razão, o
reconhecimento do universo como marcado pela necessidade e o controlo racional das emoções.

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