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Avaliação Individual de Filosofia e Política

Licenciatura em História
Discente: Gustavo de Deus Garcia Aladim

1) Elabore um pequeno Glossário

Doxa: a noção de doxa (opinião) será geralmente entendida por pensadores gregos como
Platão como contrária ao conhecimento epistêmico, verdadeiro, devido ao fato de expressar
ou particularidades ligadas às percepções, que podem ser errôneas, ou a passionalidade
dos sujeitos. Aristóteles, através da análise de um tipo de opinião, endoxa, que coincide com
o verossímil na maioria das vezes, estabelecerá as espécies de opiniões que servirão de
base para argumentos dialéticos e retóricos.

Ortodoxia: condição de cumprimento absoluto com todas as decisões, preceitos e ideais de


certo padrão ou dogma considerado tradicional, de modo rigoroso e rígido.

Heterodoxia: de um modo geral, heterodoxia significa oposição às doutrinas ortodoxas, aos


princípios e às opiniões admitidas, pelo que só terá sentido a heterodoxia partindo
aprioristicamente da aceitação de uma ortodoxia com suas crenças e dogmas.

Senso Comum: trata-se de uma forma de compreensão do mundo que não é determinada
por métodos críticos nem através de rigor científico, bastando o amparo dos hábitos e
crenças populares.

Opinião Pública: modo pelo qual se manifesta livremente a consciência coletiva, no sentir,
apreender e julgar certos fatos da vida social que repercutem no seu íntimo. É o juízo critico
da maioria da sociedade, favorável ou contrário a pessoas ou coisas, principalmente
públicas, ou a determinados fatos particulares de conhecimento notório.

Episteme: na filosofia grega, principalmente no platonismo , o conhecimento verdadeiro, de


natureza científica, em oposição à opinião infundada ou irrefletida.

Epistemologia: reflexão geral em torno da natureza, etapas e limites do conhecimento


humano, especialmente nas relações que se estabelecem entre o sujeito indagativo e o
objeto inerte, as duas polaridades tradicionais do processo cognitivo.

Ciência: conhecimento que inclua, em qualquer forma ou medida, uma garantia da própria
validade. A limitação expressa pelas palavras "em qualquer forma ou medida" é aqui
incluída para tornar a definição aplicável à ciência moderna, que não tem pretensões
absolutas. Mas, segundo o conceito tradicional, a ciência inclui garantia absoluta de
validade, sendo, portanto, como conhecimento, o grau máximo da certeza.

Sistema (definição): conjunto de elementos, concretos ou abstratos, intelectualmente


organizados.

Sistemas Filosóficos: conjunto formado por premissas e conclusão ou o conjunto de


premissas; passou a ser usada em filosofia para indicar principalmente um discurso
organizado dedutivamente, ou seja, um discurso que constitui um todo cujas partes derivam
umas das outras.

Filosofia da Linguagem: este ramo da Filosofia se dedica a investigar não só as palavras


como forma de se relacionar com as pessoas, mas também o sentido delas como termos,
expressões e frases que se constroem dentro da estrutura de pensamento humano.

2) O que é ética, onde surgiu e sua relação com a filosofia? Explique como o belo e o bom
são pensados e suas relações com a gênese da preocupação ética.

Em linhas gerais, a ética é considerada a ciência da conduta. Duas concepções


fundamentais permeiam essa disciplina: a primeira a encara como a ciência que orienta a
conduta humana, definindo tanto os objetivos quanto os meios com base na natureza do ser
humano; a segunda a trata como a ciência que investiga os motivos por trás do
comportamento humano, buscando identificar esses motivos para guiar ou disciplinar tal
conduta. A origem da Ética remonta à Grécia Antiga, surgindo da necessidade de buscar o
bem, tanto em âmbito individual quanto coletivo. As discussões éticas tiveram início com
especulações dispersas dos chamados Pré-Socráticos, que viveram nos séculos VII e VI
a.C., incluindo figuras como Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito, entre outros. Esses
pensadores iniciais, de certa forma, buscaram dialogar sobre a conduta ética por meio da
avaliação das boas práticas, visando alcançar a areté e a sofrosine (virtude e autocontrole,
equilíbrio).
O belo pode ser entendido como manifestação do bem no que diz respeito a sua teoria
platônica. Segundo Platão, só à beleza, entre todas as substâncias perfeitas, "coube o
privilégio de ser a mais evidente e a mais amável". Por isso, na beleza e no amor que ela
suscita, o homem encontra o ponto de partida para a recordação ou a contemplação das
substâncias ideais.
Já o bem diz respeito a tudo o que possui valor, preço, dignidade, a qualquer título. O
modelo de todas as teorias metafísicas é a teoria de Platão, segundo a qual o bem é o que
confere verdade aos objetos cognoscíveis, que confere ao homem o poder de conhecê los,
que confere luz e beleza às coisas; em uma palavra, é fonte de todo ser, no homem e fora
do homem.

3) A ética profissional e os códigos de ética são a mesma coisa? Procure definir


semelhanças e diferenças entre eles.

Podemos dizer que a ética profissional é engendrada pelos códigos de ética, no sentido de
que estes são elaborados por conselhos ou órgãos que ditam a conduta dos indivíduos
atuantes em determinado ofício. Logo, a ética profissional é a concretização, no ambiente de
trabalho, das regras e normas definidas previamente, de modo que, em algum momento,
serão naturalizadas através das práticas diárias. Os códigos de ética variam conforme as
especificidades do exercício profissional, por exemplo: um professor e um médico devem
seguir orientações voltadas para uma boa relação para com seus alunos/pacientes,
respeitando e compreendendo o caráter biopsicossocial das pessoas com as quais eles
trabalham; porém, ao mesmo tempo, ambos têm contextos de atuação distintos, com
finalidades que não necessariamente convergem entre si.

4) A política é o exercício da ética na cidade. O Príncipe, obra fundamental de Nicolau


Maquiavel, trata de conceitos como a Fortuna e a Virtù definindo que o agir político e o
discernimento em relação às conjunturas devem agir em prol do mantenimento do poder.
Assim, relacione a “cidade” e o agir político levando em conta historicidade, contextos e
relações de poder.

É imprescindível considerarmos o contexto no qual viveu Maquiavel: entre fins do século XV


e começo do século XVI a Itália, seu país de origem, passava por uma série de
instabilidades políticas, as quais motivaram a reflexão do filósofo florentino sobre o poder e
as formas de sua manutenção. Em sua obra célebre, ele procurou dar fim à ideia de uma
ordem natural e eterna, bem como seu caráter extraterreno. Compreendendo o caos da
fragmentação do Estado Italiano, ele propõe a concentração do poder na figura do príncipe -
solução necessária para a unificação e regeneração do país. Para tanto, a autoridade deve
aprender com o tempo, ou melhor, com o passado, vislumbrando os meios já empregados
no jogo político a fim de compreender sua ciclicidade e preparar suas estratégias. Além
disso, é necessário saber fazer uso virtuoso da força em prol da manutenção da ordem,
agindo conforme as circunstâncias e abrindo mão da benevolência sempre que necessário.

5) A filosofia se constrói a partir da argumentação, assim, para filosofar é preciso construir


sistemas de pensamento que se estabelecem entre a opinião e a ciência. Estes sistemas,
portanto, sempre estiveram entre a Doxa e a Episteme. O método socrático se estabelece
numa catarse , um método catártico que se intitulou maiêutica, “o parto das ideias” que se
estabelece no exercício de concepções entre a verdade, conhecimento, discurso, ciência e
poder. Dialógica e dialeticamente há muito disso em Freud e também em Paulo Freire,
assim como pensar isso como processo de educação, emancipação e processos políticos
que se desdobram em fala, aprendizado e conhecimento? Como o conhecer é um processo
que passa por direitos, consciências histórica e política, visão de mundo e é, também, um
agente transformador da realidade ?

Podemos conceber o método socrático enquanto condutor de uma perspectiva libertadora


que nasce de uma constante indagação, seja sobre o aspecto político de opressão e
reconhecimento do contexto de dominação (marcas da pedagogia de Paulo Freire), seja de
acordo com uma abordagem psicanalítica na qual o indivíduo libera suas tensões reprimidas
(base da catarse freudiana). Em ambos os casos, é possível estabelecer aquilo que se
fundamenta como força-motriz da transformação social, do coletivo para o individual, e
vice-versa. Aqui, mobiliza-se uma série de fatores que orientam a atuação dos sujeitos:
valores que são construídos exteriormente por processos políticos e históricos.

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