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Capa p. 1
Índice p. 2
Introdução p. 3
Corte e Administração Régia de D. Pedro I de Portugal (1357-1367): pp. 4-20
Análise da Corte e Administração Régia na Idade Média pp. 4-6
Abordagem Geral da Corte Medieval Portuguesa pp. 7-10
Referência aos cargos de Oficiais do Rei D. Pedro I pp. 11-12
Funcionários da Administração Régia: pp. 13-16
Corregedor da Corte – Lourenço Gonçalves; pp. 13-14
Mordomo-Mor e Alferes-Mor – D. João Afonso Telo, Conde de Barcelos; pp. 14-15
Almirante-Mor – Lançarote Pessanha. pp. 15-16
Funcionários da Casa do Rei: pp. 17-20
Escrivão da Puridade – Gonçalo Vasques de Góis; pp. 17-18
«Manceba» del-Rei e Criada – Beatriz Dias. pp. 18-20
Conclusão p. 21
Fontes e Bibliografia pp. 22-24
2
Introdução
A presente investigação, realizada no âmbito do Seminário de Monarquia e Casa
Real, pretende analisar alguns cargos da Corte e da Administração Régia do Rei D.
Pedro I e os detentores desses mesmos cargos entre os anos de 1357 e 1367.
3
Corte e Administração Régia de D. Pedro I de Portugal
(1357-1367)
1
Vide Rita Costa Gomes, A Corte dos Reis de Portugal no final da Idade Média, Lisboa, Difel, 1995, p.
7.
2
Vide idem, ibidem, p. 7.
4
público” 3. Durante toda a época Medieval, Palatium (e os seus derivados Portugueses
Palácio e Paço), foi o termo mais frequente como sinónimo de corte.
Na Idade Média, a Aula corresponde uma larga sala onde se congrega um grupo
de homens. Também serve “para designar a totalidade da corte, uma vez que também
serve para nomear apenas uma das suas partes – provavelmente a essencial, pois evoca a
reunião do rei com os seus homens” 4. Por fim, Schola retoma o conceito de séquito
armado que emergia de cohors; nos documentos medievais, estes dois termos tendem a
ser conciliados.
Durante a Idade Média, a Corte dos Reis é o palácio onde vive com a sua família
e vários funcionários com as mais diversas obrigações.
“É de sublinhar, no entanto, que estes vocábulos precisam que sempre de um
denominativo (palatium regis, aula regis, schola regis), pois não se usam
exclusivamente para a corte dos reis. Eles podem designar também outros organismos,
como a casa de um bispo ou de um grande senhor. Nos textos da Península Ibérica
medieval, como no resto da Europa, encontramos todos estes termos latinos, com os
seus derivados, para designar a corte régias e os seus membros (denominados
familiares, curiales, aulici, palatini)” 5.
Para concluir a definição de Corte, temos que reflectir na interpretação
apresentada pelo Rei Afonso X de Castela na obra Sete Partidas; em que é diferenciado
o significado de Corte e de Palácio. Segundo a Segunda Partida, Corte significa o
“logar do es es rey, et sus vassalos et sus oficiales com él, que le han cotidianamente de
consejar e de servir, et los otros del regno que se llegan hi ó por honra del, ó por
alcanzar derecho, ó por fazer recaldar has otras cosas que han de ver con el” 6; ou seja,
Corte quer dizer o lugar onde está o Rei. Por outro lado, o Palácio é “aquel logar do el
rey se ayunta paladinamente para fablar com los homes; et esto es en tres maneras, ó
para librar los pleytos, ó para comer, ó para fablar en gasajado” 7; isto é, o Palácio é o
espaço onde o Rei se reúne com os seus homens. Nota-se, tanto num contexto ou
noutro, “a importância do elemento espacial para definir a Corte e o Palácio: ambos são
3
Vide idem, ibidem, p. 7.
4
Vide idem, ibidem, p. 8.
5
Vide idem, ibidem, pp. 8-9.
6
Vide idem, ibidem, p. 9.
7
Vide idem, ibidem, p. 9.
5
“lugares”, o que parece óbvio quanto ao segundo caso, mas levanta alguns problemas
interessantes no primeiro” 8.
Desde o tempo de Carlos Magno, que a Corte se dividia em três partes: Aula,
Câmara e Capela. “O serviço da Aula é comandado pela trilogia senescalcus,
buticularius e comes stanuli, a Câmara é posta sob a autoridade do camerarius e a
Capela do apocrisiarius ou archicapellanus, a quem obedece o cancellarius” 9.
Da Capela surgiu a guarda do tesouro e as mais variadas instituições financeiras.
Já da Capela emergiram os ofícios da escrita e a Chancelaria. Da Aula viu-se várias
funções judiciais e de organização militar.
Segundo as Partidas do Rei Afonso X, a Corte Castelhana divide-se em três
partes: Puridade, Corpo e a Guarda do Rei; estas partes correspondem à Câmara, à
Capela e à Aula respectivamente. A Puridade do Rei era composta pelo Capelão, pelo
Chanceler, pelos Conselheiros, pelos Notários e pelos escribas. O Corpo do Rei era
10
constituído por “Mesnaderos” , por Físicos, por Oficiais do comer e do beber, pelos
Reposteiros, por Camareiros, por Despenseiros, por Porteiros e por Pousadeiro. A
Guarda do Rei era formado pelo Alferes, pelo Alferes, pelo Mordomo, pelos Juízes,
11
pelo Adelantado (Sobrejuiz). Pelo Aguazil, “Mandaderos” , Adelantados Maiores,
Meirinhos Mores, “Cabdilho de nave” 12, Almoxarifes e Corregedores.
Conclui-se que todas as Cortes Medievais se dividem em Câmara, Capela e
Aula.
8
Vide idem, ibidem, p. 9.
9
Vide idem, ibidem, p. 12.
10
Vide idem, ibidem, p. 17.
11
Vide idem, ibidem, p. 17.
12
Vide idem, ibidem, p. 17.
6
Abordagem Geral da Corte Medieval Portuguesa
13
Vide idem, ibidem, p. 24.
14
Vide idem, ibidem., p. 24.
15
Vide idem, ibidem., p. 24.
7
referidos na Partidas, são corrobados numa lei do Rei D. Afonso II de 1222; onde se
determina que, na falta de um deles, sejam representados pelo próprio Rei.
“A produção legislativa e a maior profusão de documentos régios durante a
centúria de Duzentos permitem, pela primeira vez, uma maior “visibilidade” da
estruturação dos diversos cargos. Na corte de D. Afonso III e D. Dinis, por exemplo,
poderemos distinguir vários serviços no âmbito da Aula: Cozinha, Copa e Escançaria,
Ucharia, Estrebaria, Caça e Montaria. Para além destes, surgem os serviços da Câmara,
os da Repostaria e os da Capela” 16.
Constata-se, a partir da legislação de 1258, “a separação conhecida noutras
cortes entre a “cozinha del-rei de seu corpo” e a “cozinha do paço”, uma separação que
talvez aflore já na menção simultânea de um dapifer curie e de um dapifer dominis
regis no século XII” 17.
A Copa e a Escançaria, ao abrigo do domínio de um Copeiro-Mor e de um
Escanção-Mor, “teriam a seu cargo o serviço do vinho à corte e ao rei, bem como,
naturalmente, a guarda da baixela a ele associada” 18.
O ofício colocado sob a competência do Uchão aparenta ser dos mais
complicados, estando interligado com o fornecimento de cereais e variados
mantimentos à Corte. “As contas Ucharia entre 1257 e 1270 mostram-nos o afluxo de
quantidades apreciáveis de carne e de pescado (provenientes de “colheitas” devidas ao
rei), bem como a despesa feita pelo comprador, cujas contas deviam ser confrontadas
com as do que já mencionado escrivão da cozinha, perante o mordomo e o chanceler.
Como o pão cozido e a sua distribuição relacionam-se por sua vez o saquiteiro e o
mantieiro, estando o fabrico do pão para a mesa régia a cargo da regueiferia” 19.
Este grupo de ofícios relacionados com a Cozinha, a Copa e Escançaria e a
Ucharia “corresponde sem dúvida à designação genérica das Partidas de “oficiales del
comer et del beber” 20.
A Estrebaria é composta pelo Estrabeiro-Mor, pelo Cevadeiro-Mor e pelos seus
subalternos (cavalariços e azemeis) e abastece a Corte com cavalos e cevada. Diversos
Monteiros, Homens de Montaria, Falcoeiros e Açoreiros compõem a Caça e a Montaria
do Rei.
16
Vide idem, ibidem., p. 25.
17
Vide idem, ibidem., p. 25.
18
Vide idem, ibidem., p. 25.
19
Vide idem, ibidem., p. 25.
20
Vide idem, ibidem., p. 25.
8
As funções da Câmara e da Repostaria são bastante mencionadas nos
documentos dos anos Duzentos. “Incluiremos, no primeiro, camareiros, alfaiate,
lavadeira, físico e barbeiro (…). Com o mundo da Câmara deve relacionar-se,
igualmente, o serviço do pousador ou aposentador, tendo a seu cargo a itinerância do rei
e da corte” 21.
A primeira referência à divisão da Repostaria decorre no testamento do Rei D.
Sancho I, onde é referido como responsável pela guarda dos objectos valiosos e das
alfaias da Câmara. Nos documentos Régios Portugueses do séc. XIII são mais
recorrentes as informações sobre a Repostaria do que sobre a Câmara.
“Todos estes dados apontam, pois, para a constituição da Repostaria como um
departamento com atribuições financeiras relacionadas com o funcionamento da Corte,
em íntima conexão com o Tesouro dos reis que tenderia, como se observa no caso de D.
Afonso III, a fixar-se em local precioso, enquanto a Repostaria acompanha o monarca
nas suas deambulações” 22. Nas leis de 1261 alude-se como competência do Reposteiro
supervisionar a concessão de rações na Casa do Rei e, também, a cobrança de coimas
que a ela dizem respeito. Anteriormente foi mencionada que segundo as Partidas de
Afonso X, o Reposteiro tem diversas obrigações: “el há de tener las cosas que el rey
manda guardar en poridat: et aun há de tener otras cosas guardadas que tañen á la
guarda del cuerpo del rey, asi como la fruta, et la sal, et los cuchiellos com que tajan
ente él, et algunas cosas otras que son del comer quel traen en presente que él han de
guardar” 23.
As obrigações do Reposteiro correspondem às do «Chambre» Francês e da
Câmara Papal, mas principalmente às do «Wardrobe» Inglês criado no séc. XIII.
Relativamente à Corte Medieval Portuguesa, não existem documentos de âmbito
financeiro; o que concederia a perspectiva completa das funções da Repostaria.
Segundo as leis do Rei D. Afonso III, somente o Alferes-Mor, o Chanceler-Mor,
o Mordomo-Mor e Reposteiro podiam convocar o seu rival para ser julgado na Corte.
As escassas referências à Repostaria na legislação Portuguesa prejudicam os
trabalhos nesta área; só, mais tarde, com o Regimento Manuelino sobre o Reposteiro-
Mor de 1506. As informações são mais detalhadas.
21
Vide idem, ibidem., p. 25.
22
Vide idem, ibidem., p. 26.
23
Vide idem, ibidem., apud Las Siete Partidas del Reu Afonso el Sabio, cotejadas com vários códigos
antíguos, Madrid, Real Academia de la Historia, 1807, p. 68.
9
“Em contrapartida, a ocorrência frequente, nestas fontes legislativas, da palavra
“ovençal” levou à construção de uma teoria segundo a qual os “ovençais” seriam parte
importante da composição da corte, no século XIII. Examinemos de novo a legislação
atribuída a D. Afonso II, por exemplo: para além de referências genéricas, enumeram-se
entre os “ovençais” o porteiro, o alfaiate, o reposteiro, o saquiteiro, o cevadeiro, o
escanção, o uchão e o estalageiro (designação arcaica de estrabeiro ou do pousador)” 24.
Segundo Gama Barros, os Senhores leigos e os Mosteiros também possuem os
seus ovençais.
24
Vide Rita Costa Gomes, op. cit., p. 27.
10
Referência aos cargos de Oficiais do Rei D. Pedro I
Para Gama Barros, Vedor da Chancelaria era outro nome para denominar o
cargo de Chanceler pelo menos durante o Reinado de D. Fernando. Mas, durante a
governação de D. Pedro até 1360 temos um Chanceler e dois Vedores da Chancelaria.
Um deles é o “Mestre Afonso das Leis, homem vindo já dos quadros do tempo de D.
Afonso IV” 27, e o outro é João Esteves, “mencionado no exercício de tal cargo na casa
25
Vide Armando de Carvalho Homem, «Subsídios para o estudo da Administração Central no reinado de
D. Pedro I», in Portugal nos Finais da Idade Média: Estado, Instituições, Sociedade Política, Lisboa,
Livros Horizonte, 1990, p. 64.
26
Vide idem, O Desembargo Régio (1320-1433), Porto, Instituto Nacional de Investigação Científica –
Centro de História da Universidade do Porto, 1990, p. 390.
27
Vide idem, «Subsídios para o estudo da Administração Central no reinado de D. Pedro I», in Portugal
nos Finais da Idade Média: Estado, Instituições, Sociedade Política, Lisboa, Livros Horizonte, 1990, p.
65.
11
Real a partir de 1361, é uma das raras individualidades que se conservam em funções
praticamente durante todo o reinado” 28
28
Vide idem, ibidem., p. 66.
12
Funcionários da Administração Régia
29
Vide Armando de Carvalho Homem, O Desembargo Régio (1320-1433), Porto, Instituto Nacional de
Investigação Científica – Centro de História da Universidade do Porto, 1990, p. 114.
30
Vide Ordenações Afonsinas apud idem, ibidem, p. 115.
13
Carvalho Homem crê “que o Corregedor da Corte no período em apreço, mais
do que pm ‘privado’ do monarca, como o Escrivão da Puridade, será sobretudo, e tal
como o Chanceler, um homem da ‘máquina administrativa’, e dentro disso
inegavelmente com um lugar fundamental no funcionamento do Desembargo e da
Justiça Superior” 31.
Na Chancelaria de D. Pedro I (1357-1367), existem pelo menos 30 documentos
tendo Lourenço Gonçalves como testemunha; estando escrito que “el rrey o mandou per
afomso annes d alanquer seu vassalo e ouujidor dos seus fectos e per lourenço
gonçalluez outrossy seu uasallo e corregedor na sua casa” 32.
31
Vide Armando de Carvalho Homem, O Desembargo Régio (1320-1433), p. 118.
32
Vide A. H. de Oliveira Marques, Chancelaria de D. Pedro I (1357-1367), Lisboa, Instituto Nacional de
Investigação Científica, 1984, p. 64.
33
Alferes-Mor de Portugal, https://pt.wikipedia.org/wiki/Alferes-mor_de_Portugal. Consultado a 16 de
Janeiro de 2017.
34
Vide Armando de Carvalho Homem, op. cit., p. 69.
35
Vide A. H. de Oliveira Marques, op. cit., p. 474.
14
No artigo «Subsídios para o estudo da Administração Central no Reinado de D.
Pedro I», Carvalho Homem afirma que “isto leva-nos a encarar este personagem mais
como um valido do soberano, com um certo peso nas suas decisões, susceptível de ser
encarregado de incumbências especiais – veja-se a declaração matrimonial –
inclusivamente diplomáticas – como perante Pedro I de Castela, quando este pretendia o
auxílio militar do seu homónimo português – do que propriamente como um alto
funcionário da Administração” 36.
Isto parece sugerir que mais um cargo da Administração Central tende a
diminuir de importância.
36
Vide Armando de Carvalho Homem, «Subsídios para o estudo da Administração Central no reinado de
D. Pedro I», in Portugal nos Finais da Idade Média: Estado, Instituições, Sociedade Política, p. 70.
37
Vide A. H. de Oliveira Marques, op. cit., p. 10.
38
Vide idem, ibidem., p. 10.
15
outrossy pella guisa que a Ja auja fecta ao dicto meu padre E pera comprir e guardar
todas as cousas que hi som contheudas” 39.
A 11 de Março de 1361, em Beja, concede uma carta de privilégio a Lançarote
Pessanha, seu Almirante-Mor. A carta, escrita por Fausto Eanes e tendo Lourenço
Esteves como testemunha, enunciava “querendo fazer graça e mercee a lançarote
peçonho meu almjrante Tenho por bem e mando que elle leue a ancoragem dos naujos
que portarem portos e lugares do meu senhorio e lançarem ancora fora” 40.
39
Vide idem, ibidem., p. 29.
40
Vide idem, ibidem., p. 208.
16
Funcionários da Corte do Rei
41
Vide Armando de Carvalho Homem, O Desembargo Régio (1320-1433), p. 111.
42
Vide Fernão Lopes, Crónica de D. Pedro, Lisboa, Livros Horizonte, 1977, p. 62.
43
Vide Armando de Carvalho Homem, «Subsídios para o estudo da Administração Central no Reinado de
D. Pedro I», in Portugal nos Finais da Idade Média: Estado, Instituições, Sociedade Política, Lisboa,
Livros Horizonte, 1990, p. 71.
17
esta carta virem faço saber que eu querendo fazer graça e mercee a gonçalo uaasquez
scriuam da mjnha puridade por muito serujço que me fez” 44.
44
Vide A. H. de Oliveira Marques, op. cit., p. 421.
45
Vide Fernão Lopes, op. cit., p. 66.
46
Vide Saul António Gomes, “Uma dama na Leiria medieval: Beatriz Dias, “manceba delrei” D. Pedro
I”, in Biblos: Revista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, vol. 77, 2001, p. 115.
47
Vide idem, ibidem., pp. 115 e 116.
48
Vide idem, ibidem., p. 116.
18
Na obra Amantes dos Reis de Portugal, as Modernistas Paula Lourenço, Ana
Cristina Pereira e Joana e Troni defendem que quase nada “se sabe sobre esta amiga
49
íntima de D. Pedro e da relação entre ambos” . As autoras ainda referem que Beatriz
Dias devia pertencer ao povo, mas uma fase importante da sua vida foi passada junto do
Rei vivendo no Palácio Real.
Além da referência a esta manceba na Crónica de D. Pedro e no testamento do
Rei, Beatriz Dias é citada em 3 doações na Chancelaria de D. Pedro. Essas dádivas
serão apresentadas em seguida.
A 10 de Maio de 1361, em Elvas, D. Pedro outorga uma carta de privilégio a
Beatriz Dias feita por Afonso Miguéis. O documento régio diz “querendo fazer graça e
mercee a briatiz diaz mjnha criada com outorgamento do Jffante dom Fernando meu
filho dou lhe e faço lhe doaçam pera sempre a ella e a todos seus sucesores da mjnha
qujntaa da lançada que jaz em Ribateio a par de sarilhos com suas salinas de sal (…) a
qual qujntaa foy d aluaro gonçalluez meyrinho que foy del rrey dom afomso meu padre
50
a que deus perdoe” . Pedro ainda ordena que a quinta fique para sempre na posse de
Beatriz Dias e dos seus sucessores.
Dois anos depois, no dia 08 de Março de 1363, Pedro doa a quinta de Ciral, no
termo de Leiria, à sua criada Beatriz Dias numa carta elaborada por Afonso Miguéis.
Essa quinta tinha pertencido a João Esteves Casqueiro, que foi Almoxarife do Rei D.
Afonso IV. Além disso, Pedro decide “que aa dicta qujntaa perteence daquj em diante
pera todo sempre E que ella e todos seus sucesores façam della todo o que lhe aprouuver
como de sua própria posisom sem embargo nenhuu” 51.
No dia 17 de Abril de 1365, na vila de Torres Vedras, o Rei concede à sua criada
Beatriz Dias a sua lezíria “a que chamam do galego que he em termo de Santarém a soo
os meus paaços da ualada” 52. A 11 de Junho desse mesmo ano, Beatriz pede a D. Pedro
que lhe de uma carta de privilégio onde confirme que a quinta do Galego foi sempre
coutada; ele fez-lhe a vontade e ordenou a Gonçalo Esteves que escrevesse uma carta
que dizia: “eu veendo o que me pedia e querendo lhe fazer graça e mercee Tenho por
bem E mando uos vistas sobr esto cartas dos reis que ante mjm forom como a dicta
lizira fora coutada e esteuam da guarda que a tjnha dos reis que ante mjm forom que
49
Vide Paula Lourenço, Ana Cristina Pereira, Joana Troni, Amantes dos Reis de Portugal, 8.ª edição,
Lisboa, A Esfera dos Livros, 2011, p. 73.
50
Vide A. H. de Oliveira Marques, op. cit., p. 220.
51
Vide idem, ibidem., pp. 365-366.
52
Vide idem, ibidem., p. 468.
19
nom sofrades a nehuu que Seia desa ujlla nem d outros lugares nehuus que façam dãpno
na dicta lizira nas cousas sobre dictas nem em outras nehuas” 53.
53
Vide idem, ibidem., p. 483.
20
Conclusão
Neste trabalho de investigação abordei alguns cargos da Corte e da
Administração Régia do Rei D: Pedro I de Portugal e analisei a evolução do termo
Corte na Europa Medieval e depois mais especificamente na Idade Média Portuguesa.
Concluiu que os oficiais régios são muito importantes para o funcionamento do
Reino e que sem eles o Rei não poderia governar.
Cumpri todos os objectivos que me tinha proposto no início do semestre, pois na
medida do que foi possível consegui referir alguma coisa sobre os cargos em estudo e os
seus detentores.
Esta investigação foi muito importante para mim, pois permitiu-me conhecer
algumas funções da Administração e da Corte de D. Pedro como antevisão da minha
Dissertação de Mestrado.
21
Fontes
HOMEM, Armando de Carvalho,
O Desembargo Régio (1320-1433), Porto, Instituto Nacional de Investigação
Científica – Centro de História da Universidade do Porto, 1990.
LOPES, Fernão,
Crónica de D. Pedro I, Lisboa, Livros Horizonte, 1977.
MACHADO, J. T. Montalvão,
Itinerários de El-Rei D. Pedro I (1357-1367), Lisboa, Academia Portuguesa da
História, 1978.
Bibliografia
Obras Gerais
22
HESPANHA, Manuel,
História das Instituições. Épocas medieval e moderna, Coimbra, 1982.
MATTOSO, José,
“Barregão-barregã: notas de semântica”, in Naquele tempo. Ensaios de história
medieval, vol. I das Obras Completas, Lisboa, Círculo de Leitores, 2000, pp. 55-63.
PIMENTA, Cristina,
D. Pedro I, Rio de Mouro, Círculo de Leitores, 2015.
Obras Específicas
23
MORATO, Francisco Manoel Trigozo de Aragão,
«Memoria sobre os Secretarios dos Reis e Regentes de Portugal, desde os
antigos tempos da Monarquia até à aclamação de El-Rei D. João IV», in Historia e
Memorias da Academia Real das Siencias de Lisboa, 2ª série, t. I, parte I (1843), pp.
27-79.
24