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Corte e Administração Régia de

D. Pedro I de Portugal (1357-1367)

Trabalho de Investigação apresentado no Seminário de Monarquia e Casa Real,


regido pelas Profs.ª Doutoras Mª Paula Marçal e Manuela Santos Silva
Ana Filipa Coelho Muxagata, nº 48327
Mestrado em História – Especialidade de História Medieval
Lisboa, 30 de Janeiro de 2017
Índice

Capa p. 1
Índice p. 2
Introdução p. 3
Corte e Administração Régia de D. Pedro I de Portugal (1357-1367): pp. 4-20
Análise da Corte e Administração Régia na Idade Média pp. 4-6
Abordagem Geral da Corte Medieval Portuguesa pp. 7-10
Referência aos cargos de Oficiais do Rei D. Pedro I pp. 11-12
Funcionários da Administração Régia: pp. 13-16
Corregedor da Corte – Lourenço Gonçalves; pp. 13-14
Mordomo-Mor e Alferes-Mor – D. João Afonso Telo, Conde de Barcelos; pp. 14-15
Almirante-Mor – Lançarote Pessanha. pp. 15-16
Funcionários da Casa do Rei: pp. 17-20
Escrivão da Puridade – Gonçalo Vasques de Góis; pp. 17-18
«Manceba» del-Rei e Criada – Beatriz Dias. pp. 18-20
Conclusão p. 21
Fontes e Bibliografia pp. 22-24

2
Introdução
A presente investigação, realizada no âmbito do Seminário de Monarquia e Casa
Real, pretende analisar alguns cargos da Corte e da Administração Régia do Rei D.
Pedro I e os detentores desses mesmos cargos entre os anos de 1357 e 1367.

Durante a investigação que efectuei, além d’O Desembargo Régio (1320-1433),


da Crónica de D. Pedro, dos Itinerários de El-Rei D. Pedro I (1357-1367) e da
Chancelaria de D. Pedro I, foram vários os autores que escreveram sobre os
funcionários da Corte e da Administração Régia do Rei D. Pedro I durante os seus 10
anos de Reinado; serão esses autores (e as suas obras) que definiram a bibliografia do
meu trabalho de investigação.
Maria de Freitas, na sua dissertação de licenciatura intitulada Documentos da
Chancelaria de D. Pedro I – Anos 1363-1367, e Maria Irene da Silva Pimenta, na sua
dissertação de licenciatura Documentos da Chancelaria de D. Pedro I – Anos 1360-
1362, analisam todos os documentos da Chancelaria deste Rei.
No artigo «Uma dama na Leiria medieval: Beatriz Dias, manceba del-rei” D.
Pedro I» inserido no vol. 77 da revista Biblos, Saul António Gomes escreve sobre uma
rapariga que vivia na Casa do Rei D. Pedro.
Armando Luís de Carvalho Homem analisa a Administração Régia no artigo
«Subsídios para o estudo da Administração Central no reinado de D. Pedro I» incluído
na Revista de História do Centro de História da Universidade do Porto de 1978.
Na obra História das Instituições. Época medieval e moderna, Manuel Hespanha
explicita os vários cargos existentes na Corte e na Administração Régia durante a Idade
Média.
Finalmente, Cristina Pimenta, na biografia de D. Pedro, e António Caetano de
Sousa, no capítulo “El-Rey D. Pedro I” in História Genealógica da Casa Real
Portuguesa, também referem alguns dados sobre os detentores dos cargos mais
importantes da Corte e da Administração Régia de D. Pedro.

3
Corte e Administração Régia de D. Pedro I de Portugal
(1357-1367)

Análise da Corte e Administração Régia na Idade Média

Primeiramente, irei reflectir sobre a evolução do conceito de Corte na Idade


Média.
Para nomear a corte dos Reis, a Medievalidade empregou um grande grupo de
palavras. “Enquanto o latim predominou como língua da escrita no Ocidente, os textos
recorreram a várias designações – Curia, Aula, Palatium, Schola – ao mesmo tempo
que emerge aquela que será a palavra destinada a triunfar de todas estas: Cors/Curtis” 1.
Curia e cohors não eram exactamente sinónimos no Latim Clássico.
Primitivamente um lugar desocupado e limitado no interior de um complexo de
habitação era nomeado por cohors; pouco tempo depois, a utilização do vocábulo
expandiu-se para a linguagem militar. “Mais importante para nós é, no entanto, a
evolução que de cohors nos leva a cors/curtis ou seja, a uma palavra que nos tempos da
Alta Idade Média serviu para designar o centro de um complexo fundiário,
simultaneamente na sua materialidade (presente ainda hoje no português “corte” como
sinónimo de pátio ou local de estabulação) e na evocação do centro do poder senhorial”
2
.
Relativamente ao termo curia, a sua utilização servia para denominar
organizações políticas.
No Baixo Império, a expressão Palatium indicava a luxuosa mansão imperial
construída sobre uma das colinas de Roma conhecida como Palatino; fazendo com que
se passasse a designar todas as moradas principescas ou régias do Ocidente Medieval.
“O seu emprego é muito corrente no campo semântico das actividades judiciais, tendo a
vantagem de juntar, como o binómio curtis/curia, a morada régia ao exercício do poder

1
Vide Rita Costa Gomes, A Corte dos Reis de Portugal no final da Idade Média, Lisboa, Difel, 1995, p.
7.
2
Vide idem, ibidem, p. 7.

4
público” 3. Durante toda a época Medieval, Palatium (e os seus derivados Portugueses
Palácio e Paço), foi o termo mais frequente como sinónimo de corte.
Na Idade Média, a Aula corresponde uma larga sala onde se congrega um grupo
de homens. Também serve “para designar a totalidade da corte, uma vez que também
serve para nomear apenas uma das suas partes – provavelmente a essencial, pois evoca a
reunião do rei com os seus homens” 4. Por fim, Schola retoma o conceito de séquito
armado que emergia de cohors; nos documentos medievais, estes dois termos tendem a
ser conciliados.
Durante a Idade Média, a Corte dos Reis é o palácio onde vive com a sua família
e vários funcionários com as mais diversas obrigações.
“É de sublinhar, no entanto, que estes vocábulos precisam que sempre de um
denominativo (palatium regis, aula regis, schola regis), pois não se usam
exclusivamente para a corte dos reis. Eles podem designar também outros organismos,
como a casa de um bispo ou de um grande senhor. Nos textos da Península Ibérica
medieval, como no resto da Europa, encontramos todos estes termos latinos, com os
seus derivados, para designar a corte régias e os seus membros (denominados
familiares, curiales, aulici, palatini)” 5.
Para concluir a definição de Corte, temos que reflectir na interpretação
apresentada pelo Rei Afonso X de Castela na obra Sete Partidas; em que é diferenciado
o significado de Corte e de Palácio. Segundo a Segunda Partida, Corte significa o
“logar do es es rey, et sus vassalos et sus oficiales com él, que le han cotidianamente de
consejar e de servir, et los otros del regno que se llegan hi ó por honra del, ó por
alcanzar derecho, ó por fazer recaldar has otras cosas que han de ver con el” 6; ou seja,
Corte quer dizer o lugar onde está o Rei. Por outro lado, o Palácio é “aquel logar do el
rey se ayunta paladinamente para fablar com los homes; et esto es en tres maneras, ó
para librar los pleytos, ó para comer, ó para fablar en gasajado” 7; isto é, o Palácio é o
espaço onde o Rei se reúne com os seus homens. Nota-se, tanto num contexto ou
noutro, “a importância do elemento espacial para definir a Corte e o Palácio: ambos são

3
Vide idem, ibidem, p. 7.
4
Vide idem, ibidem, p. 8.
5
Vide idem, ibidem, pp. 8-9.
6
Vide idem, ibidem, p. 9.
7
Vide idem, ibidem, p. 9.

5
“lugares”, o que parece óbvio quanto ao segundo caso, mas levanta alguns problemas
interessantes no primeiro” 8.

Desde o tempo de Carlos Magno, que a Corte se dividia em três partes: Aula,
Câmara e Capela. “O serviço da Aula é comandado pela trilogia senescalcus,
buticularius e comes stanuli, a Câmara é posta sob a autoridade do camerarius e a
Capela do apocrisiarius ou archicapellanus, a quem obedece o cancellarius” 9.
Da Capela surgiu a guarda do tesouro e as mais variadas instituições financeiras.
Já da Capela emergiram os ofícios da escrita e a Chancelaria. Da Aula viu-se várias
funções judiciais e de organização militar.
Segundo as Partidas do Rei Afonso X, a Corte Castelhana divide-se em três
partes: Puridade, Corpo e a Guarda do Rei; estas partes correspondem à Câmara, à
Capela e à Aula respectivamente. A Puridade do Rei era composta pelo Capelão, pelo
Chanceler, pelos Conselheiros, pelos Notários e pelos escribas. O Corpo do Rei era
10
constituído por “Mesnaderos” , por Físicos, por Oficiais do comer e do beber, pelos
Reposteiros, por Camareiros, por Despenseiros, por Porteiros e por Pousadeiro. A
Guarda do Rei era formado pelo Alferes, pelo Alferes, pelo Mordomo, pelos Juízes,
11
pelo Adelantado (Sobrejuiz). Pelo Aguazil, “Mandaderos” , Adelantados Maiores,
Meirinhos Mores, “Cabdilho de nave” 12, Almoxarifes e Corregedores.
Conclui-se que todas as Cortes Medievais se dividem em Câmara, Capela e
Aula.

8
Vide idem, ibidem, p. 9.
9
Vide idem, ibidem, p. 12.
10
Vide idem, ibidem, p. 17.
11
Vide idem, ibidem, p. 17.
12
Vide idem, ibidem, p. 17.

6
Abordagem Geral da Corte Medieval Portuguesa

Depois de ter analisado a Corte e a Administração Régia na Idade Média, irei


aferir sobre a Corte Medieval Portuguesa. Segundo Rita Costa Gomes, “a reivindicação
da dignidade régia por parte dos nossos primeiros monarcas foi, naturalmente,
acompanhada pela estruturação da corte segundo o uso comum às zonas mais ocidentais
da Península. Assim, encontramos já na corte dos condes portucalenses, como mais
tarde na de Afonso Henriques, a mencionada distinção entre maiordomus e armiger
(designado também por alferes nos documentos deste último) que caracterizava as
cortes ibéricas” 13.
A composição da Aula Régia Portuguesa nos primeiros Reinados deixou
escassos sinais nos documentos, mas provocou a subtileza interpretativa dos
historiadores. Salientando-se os trabalhos de Claudio Sánchez-Albornoz, “desenhado,
nas suas principais linhas, uma evolução que nos levaria das reuniões da cúria primitiva,
feitas por chamamento expresso do monarca e a que compareciam os seus vassalos
ligados pelo dever feudal do consilium et auxilium, ao posterior desenvolvimento de
dois tipos de reunião (“ordinárias” e “extraordinárias”) em que o historiador espanhol
viu as origens, respectivamente, do Conselho Régio e das Cortes” 14.
A divulgação dos diplomas dos primitivos Monarcas proporcionou novas
questões devido à sugestão de várias funções da corte primitiva. De acordo com Rita
Costa Gomes, “na sua síntese feita a partir da documentação régia, Rui de Azevedo
identificou, até ao final do século XII, vários ofícios no âmbito da Aula –
nomeadamente o dapifer, o picerna e o dispensator – colocados com toda a
probabilidade sob a autoridade do maiordomus, assinalando, também, a presença de
alferes. Do mesmo modo, Avelino de Jesus da Costa sublinha a ligação da Capela com
a Chancelaria dos nossos primeiros reis, colocadas ambas sucessivamente sob a
influência dos clérigos de Braga, da Catedral de Coimbra e do Mosteiro de Santa Cruz”
15
.
No período anterior do séc. XIII, quase nada se pode desenvolver a estrutura da
Corte Portuguesa. Os três principais cargos (Mordomo, Alferes e Chanceler), já

13
Vide idem, ibidem, p. 24.
14
Vide idem, ibidem., p. 24.
15
Vide idem, ibidem., p. 24.

7
referidos na Partidas, são corrobados numa lei do Rei D. Afonso II de 1222; onde se
determina que, na falta de um deles, sejam representados pelo próprio Rei.
“A produção legislativa e a maior profusão de documentos régios durante a
centúria de Duzentos permitem, pela primeira vez, uma maior “visibilidade” da
estruturação dos diversos cargos. Na corte de D. Afonso III e D. Dinis, por exemplo,
poderemos distinguir vários serviços no âmbito da Aula: Cozinha, Copa e Escançaria,
Ucharia, Estrebaria, Caça e Montaria. Para além destes, surgem os serviços da Câmara,
os da Repostaria e os da Capela” 16.
Constata-se, a partir da legislação de 1258, “a separação conhecida noutras
cortes entre a “cozinha del-rei de seu corpo” e a “cozinha do paço”, uma separação que
talvez aflore já na menção simultânea de um dapifer curie e de um dapifer dominis
regis no século XII” 17.
A Copa e a Escançaria, ao abrigo do domínio de um Copeiro-Mor e de um
Escanção-Mor, “teriam a seu cargo o serviço do vinho à corte e ao rei, bem como,
naturalmente, a guarda da baixela a ele associada” 18.
O ofício colocado sob a competência do Uchão aparenta ser dos mais
complicados, estando interligado com o fornecimento de cereais e variados
mantimentos à Corte. “As contas Ucharia entre 1257 e 1270 mostram-nos o afluxo de
quantidades apreciáveis de carne e de pescado (provenientes de “colheitas” devidas ao
rei), bem como a despesa feita pelo comprador, cujas contas deviam ser confrontadas
com as do que já mencionado escrivão da cozinha, perante o mordomo e o chanceler.
Como o pão cozido e a sua distribuição relacionam-se por sua vez o saquiteiro e o
mantieiro, estando o fabrico do pão para a mesa régia a cargo da regueiferia” 19.
Este grupo de ofícios relacionados com a Cozinha, a Copa e Escançaria e a
Ucharia “corresponde sem dúvida à designação genérica das Partidas de “oficiales del
comer et del beber” 20.
A Estrebaria é composta pelo Estrabeiro-Mor, pelo Cevadeiro-Mor e pelos seus
subalternos (cavalariços e azemeis) e abastece a Corte com cavalos e cevada. Diversos
Monteiros, Homens de Montaria, Falcoeiros e Açoreiros compõem a Caça e a Montaria
do Rei.

16
Vide idem, ibidem., p. 25.
17
Vide idem, ibidem., p. 25.
18
Vide idem, ibidem., p. 25.
19
Vide idem, ibidem., p. 25.
20
Vide idem, ibidem., p. 25.

8
As funções da Câmara e da Repostaria são bastante mencionadas nos
documentos dos anos Duzentos. “Incluiremos, no primeiro, camareiros, alfaiate,
lavadeira, físico e barbeiro (…). Com o mundo da Câmara deve relacionar-se,
igualmente, o serviço do pousador ou aposentador, tendo a seu cargo a itinerância do rei
e da corte” 21.
A primeira referência à divisão da Repostaria decorre no testamento do Rei D.
Sancho I, onde é referido como responsável pela guarda dos objectos valiosos e das
alfaias da Câmara. Nos documentos Régios Portugueses do séc. XIII são mais
recorrentes as informações sobre a Repostaria do que sobre a Câmara.
“Todos estes dados apontam, pois, para a constituição da Repostaria como um
departamento com atribuições financeiras relacionadas com o funcionamento da Corte,
em íntima conexão com o Tesouro dos reis que tenderia, como se observa no caso de D.
Afonso III, a fixar-se em local precioso, enquanto a Repostaria acompanha o monarca
nas suas deambulações” 22. Nas leis de 1261 alude-se como competência do Reposteiro
supervisionar a concessão de rações na Casa do Rei e, também, a cobrança de coimas
que a ela dizem respeito. Anteriormente foi mencionada que segundo as Partidas de
Afonso X, o Reposteiro tem diversas obrigações: “el há de tener las cosas que el rey
manda guardar en poridat: et aun há de tener otras cosas guardadas que tañen á la
guarda del cuerpo del rey, asi como la fruta, et la sal, et los cuchiellos com que tajan
ente él, et algunas cosas otras que son del comer quel traen en presente que él han de
guardar” 23.
As obrigações do Reposteiro correspondem às do «Chambre» Francês e da
Câmara Papal, mas principalmente às do «Wardrobe» Inglês criado no séc. XIII.
Relativamente à Corte Medieval Portuguesa, não existem documentos de âmbito
financeiro; o que concederia a perspectiva completa das funções da Repostaria.
Segundo as leis do Rei D. Afonso III, somente o Alferes-Mor, o Chanceler-Mor,
o Mordomo-Mor e Reposteiro podiam convocar o seu rival para ser julgado na Corte.
As escassas referências à Repostaria na legislação Portuguesa prejudicam os
trabalhos nesta área; só, mais tarde, com o Regimento Manuelino sobre o Reposteiro-
Mor de 1506. As informações são mais detalhadas.

21
Vide idem, ibidem., p. 25.
22
Vide idem, ibidem., p. 26.
23
Vide idem, ibidem., apud Las Siete Partidas del Reu Afonso el Sabio, cotejadas com vários códigos
antíguos, Madrid, Real Academia de la Historia, 1807, p. 68.

9
“Em contrapartida, a ocorrência frequente, nestas fontes legislativas, da palavra
“ovençal” levou à construção de uma teoria segundo a qual os “ovençais” seriam parte
importante da composição da corte, no século XIII. Examinemos de novo a legislação
atribuída a D. Afonso II, por exemplo: para além de referências genéricas, enumeram-se
entre os “ovençais” o porteiro, o alfaiate, o reposteiro, o saquiteiro, o cevadeiro, o
escanção, o uchão e o estalageiro (designação arcaica de estrabeiro ou do pousador)” 24.
Segundo Gama Barros, os Senhores leigos e os Mosteiros também possuem os
seus ovençais.

24
Vide Rita Costa Gomes, op. cit., p. 27.

10
Referência aos cargos de Oficiais do Rei D. Pedro I

O Reinado de D. Pedro I durou somente 10 anos, mas esteve vários cargos da


Administração Régia e da Corte em que na sua maioria foram ocupados pelos mesmos
oficiais. Os cargos existentes durante este Reinado: Chanceler, Mordomo-Mor, Alferes-
Mor, Corregedor da Corte, Vedor da Chancelaria, Desembargador, Privado del-Rei e do
Conselho, Alcaide-Mor em Lisboa, Almirante-Mor, Tabelião, Açoreiro, Porteiro-Mor,
«Promovedor da Universidade», Correeiro, Sapateiro de Correia, Corrector, Alfaiate,
Ferreira, Besteiro, Mestre de Galés, Almoxarife, Sobrejuiz, Físico-Mor, Contador,
Tesoureiro, Tanoeiro em Lisboa, Soqueiro, Amadel dos Besteiros do Couto de Lisboa,
Fanqueiro em Lisboa, Armeiro, Falcoeiro, Vedor das Obras del-Rei, Cirurgião, Tabelião
Geral e Procurador dos Feitos do Rei.

Chanceler é um ofício muito importante na Administração Régia Portuguesa,


principalmente a partir do séc. XIII. Este oficial, “depositário do selo real e encarregado
da elaboração das cartas régias, participa primitivamente na preparação das decisões do
monarca” 25. No decorrer do Reinado de D. Pedro, mais exactamente entre 1357 e 1360,
o cargo de Chanceler foi exercido por Vasco Martins de Sousa. Este rico-homem já era
uma personalidade importante na Corte nos últimos anos do Reinado de D. Afonso IV.
No dia 12 de Junho de 1360, “é uma das testemunhas da declaração pelo monarca do
seu casamento com D. Inês de Castro” 26.

Para Gama Barros, Vedor da Chancelaria era outro nome para denominar o
cargo de Chanceler pelo menos durante o Reinado de D. Fernando. Mas, durante a
governação de D. Pedro até 1360 temos um Chanceler e dois Vedores da Chancelaria.
Um deles é o “Mestre Afonso das Leis, homem vindo já dos quadros do tempo de D.
Afonso IV” 27, e o outro é João Esteves, “mencionado no exercício de tal cargo na casa

25
Vide Armando de Carvalho Homem, «Subsídios para o estudo da Administração Central no reinado de
D. Pedro I», in Portugal nos Finais da Idade Média: Estado, Instituições, Sociedade Política, Lisboa,
Livros Horizonte, 1990, p. 64.
26
Vide idem, O Desembargo Régio (1320-1433), Porto, Instituto Nacional de Investigação Científica –
Centro de História da Universidade do Porto, 1990, p. 390.
27
Vide idem, «Subsídios para o estudo da Administração Central no reinado de D. Pedro I», in Portugal
nos Finais da Idade Média: Estado, Instituições, Sociedade Política, Lisboa, Livros Horizonte, 1990, p.
65.

11
Real a partir de 1361, é uma das raras individualidades que se conservam em funções
praticamente durante todo o reinado” 28

28
Vide idem, ibidem., p. 66.

12
Funcionários da Administração Régia

Corregedor da Corte – Lourenço Gonçalves


O cargo de Corregedor da Corte só estabiliza durante o 2º quartel do séc. XIV,
conseguindo suplantarem-se dos Meirinhos. Segundo Armando de Carvalho Homem, na
obra O Desembargo Régio (1320-1433), “em relação a estes os Corregedores
apresentariam duas ‘novidades’: em primeiro lugar a permanência do exercício de
funções; em segundo a temporaridade dos titulares respectivos, em contraste com a
vitalidade dos seus ‘antecessores’”29.
Os documentos régios apenas referem a função de Corregedor da Corte em
1357, ou seja 25 anos depois do primeiro estatuto dos Corregedores das Comarcas
promulgado pelo Rei D. Afonso IV (pai de D. Pedro).
Baseando-se nas Ordenações Afonsinas, Carvalho Homem afirma “que o
Corregedor da Corte teria, nos locais em que o monarca ou o tribunal da Corte se
encontrassem, a mesma competências do Corregedores das Comarcas; caber-lhe-ia aí o
julgamento dos feitos das viúvas, dos órfãos e das «pessoas miseráveis» que tinham o
privilégio de perante ele poder demandar; tomaria conhecimento; tomaria conhecimento
de todos os feitos que se pudessem desembargar sem delonga, e ainda os respeitantes a
jogos de azar, usuras, excomunhões, porte de ouro, roupas «defesas» ou armas e a
barregueiros; fiscalizaria as contas e rendas dos concelhos, albergarias, hospitais e
órfãos; daria cartas para prisão dos malfeitores” 30.
As primeiras normais dizem respeito às leis de 1361 do Rei D. Pedro I de
Portugal, mais exactamente da segunda («Hordenaçam que elrrey fez como se ham de
desembargar as petições») que foi promulgada a Lourenço Gonçalves, titular do cargo
de Corregedor da Corte de 1357, e outros dois funcionários do Desembargo Régio.
Os Corregedores da Corte participam nas subscrições de cartas régias, nas
negociações diplomáticas e dão destaque às ordens do Rei.
Durante o Reinado de D. Pedro só existiu um Corregedor da Corte, Lourenço
Gonçalves (que se manteve no cargo durante dois primeiros anos de governo de D.
Fernando). Ele obteve a sua preparação para a função nas Magistraturas Superiores da
Administração Régia de D. Pedro.

29
Vide Armando de Carvalho Homem, O Desembargo Régio (1320-1433), Porto, Instituto Nacional de
Investigação Científica – Centro de História da Universidade do Porto, 1990, p. 114.
30
Vide Ordenações Afonsinas apud idem, ibidem, p. 115.

13
Carvalho Homem crê “que o Corregedor da Corte no período em apreço, mais
do que pm ‘privado’ do monarca, como o Escrivão da Puridade, será sobretudo, e tal
como o Chanceler, um homem da ‘máquina administrativa’, e dentro disso
inegavelmente com um lugar fundamental no funcionamento do Desembargo e da
Justiça Superior” 31.
Na Chancelaria de D. Pedro I (1357-1367), existem pelo menos 30 documentos
tendo Lourenço Gonçalves como testemunha; estando escrito que “el rrey o mandou per
afomso annes d alanquer seu vassalo e ouujidor dos seus fectos e per lourenço
gonçalluez outrossy seu uasallo e corregedor na sua casa” 32.

Mordomo-Mor e Alferes-Mor– D. João Afonso Telo, Conde de Barcelos


Mordomo-Mor é uma função de notável relevância na primitiva Administração
Central, mas com o tempo tende a decrescer. Durante a governação de D. Pedro, este
cargo foi preenchido por D. João Afonso Telo (Conde de Barcelos), que também
ocupava o cargo de Alferes-Mor.
O Alferes-Mor “constituía o alto oficial da Coroa que tinha como função levar a
bandeira do Reino de Portugal no campo de batalha” 33
Segundo Carvalho Homem, D. João Afonso Telo já “aparece mencionado como
vassalo de D. Pedro aquando da concórdia deste com seu pai, em 1355. Surge também
como testemunha da citada declaração matrimonial do monarca e, como dissemos, é ele
quem a torna pública. É igualmente nomeado entre os testamenteiros do monarca” 34.
D. João Afonso Telo é uma das pessoas mais próxima de D. Pedro, o que se
depreende da magnífica festa, que o Rei mandou organizar em sua honra quando da sua
armação como cavaleiro, e das várias cartas de privilégio que a Chancelaria de D.
Pedro apresenta; como refere a procuração do Infante D. Dinis (filho do Rei D. Pedro)
para se casar com a Infanta Dona Isabel de Castela que diz “dom joham afomso conde
de barcellos e moordomo moor do dicto senhor Rey portador deste presente
procuraçom” 35.

31
Vide Armando de Carvalho Homem, O Desembargo Régio (1320-1433), p. 118.
32
Vide A. H. de Oliveira Marques, Chancelaria de D. Pedro I (1357-1367), Lisboa, Instituto Nacional de
Investigação Científica, 1984, p. 64.
33
Alferes-Mor de Portugal, https://pt.wikipedia.org/wiki/Alferes-mor_de_Portugal. Consultado a 16 de
Janeiro de 2017.
34
Vide Armando de Carvalho Homem, op. cit., p. 69.
35
Vide A. H. de Oliveira Marques, op. cit., p. 474.

14
No artigo «Subsídios para o estudo da Administração Central no Reinado de D.
Pedro I», Carvalho Homem afirma que “isto leva-nos a encarar este personagem mais
como um valido do soberano, com um certo peso nas suas decisões, susceptível de ser
encarregado de incumbências especiais – veja-se a declaração matrimonial –
inclusivamente diplomáticas – como perante Pedro I de Castela, quando este pretendia o
auxílio militar do seu homónimo português – do que propriamente como um alto
funcionário da Administração” 36.
Isto parece sugerir que mais um cargo da Administração Central tende a
diminuir de importância.

Almirante-Mor – Lançarote Pessanha


No dia 26 de Junho de 1357, na cidade de Lisboa, o Rei D. Pedro ordena a
Gonçalo Vasques que faça uma carta que diga “eu querendo fazer graça e mercee a
lançarote peçanha meu uasallo faço o meu almjrante mayor assy como he contheudo em
huu priujlegio del rrey dom denjs meu auoo e confirmado per el rrey meu padre a que
37
deus perdooe que o el per djreito deue a seer o qual priujillegio eu a el confirmey” .
Nesse mesmo documento, o Rei determina que todos os seus corsários, alcaides,
[arrayzes], despenseiros e oficiais obedeçam às ordens de Lançarote Pessanha. O
diploma ainda refere que “mando a todollos homens de mar do meu senhorio que
quando el por elles mandar pera meu serujço que uenham a seu mandado e façam por el
assy como fariam por mjm se eu por elles mandase” 38.
Na mesma cidade, 5 dias depois (a 01 de Julho), Pedro manda a Gonçalo
Vasques que faça um documento onde reproduza as cartas de privilégios concedidos
pelos Reis D. Dinis (avô de Pedro) e D. Afonso IV (pai de Pedro) a Manuel e
Bartolomeu Pessanha (pai e irmão de Lançarote, respectivamente). O documento dizia:
“pedio me por mercee que vise as dictas cartas e priujlegio que assy os dictos reis derom
ao dicto seu padre e Jrmão e/a el outrossy e aos seus sucesores que lhas quisese
confirmar e aguardar como em elllas era contheudo E que elle prestes era pera me fazer
menagem e Juramento pella guisa que nas dictas cartas e priujlegio era contheudo E

36
Vide Armando de Carvalho Homem, «Subsídios para o estudo da Administração Central no reinado de
D. Pedro I», in Portugal nos Finais da Idade Média: Estado, Instituições, Sociedade Política, p. 70.
37
Vide A. H. de Oliveira Marques, op. cit., p. 10.
38
Vide idem, ibidem., p. 10.

15
outrossy pella guisa que a Ja auja fecta ao dicto meu padre E pera comprir e guardar
todas as cousas que hi som contheudas” 39.
A 11 de Março de 1361, em Beja, concede uma carta de privilégio a Lançarote
Pessanha, seu Almirante-Mor. A carta, escrita por Fausto Eanes e tendo Lourenço
Esteves como testemunha, enunciava “querendo fazer graça e mercee a lançarote
peçonho meu almjrante Tenho por bem e mando que elle leue a ancoragem dos naujos
que portarem portos e lugares do meu senhorio e lançarem ancora fora” 40.

39
Vide idem, ibidem., p. 29.
40
Vide idem, ibidem., p. 208.

16
Funcionários da Corte do Rei

Escrivão da Puridade – Gonçalo Vasques de Góis


O cargo de Escrivão da Puridade surgiu em meados do séc. XIV por mão do Rei
D. Afonso IV, mas possui precedentes no Reinado de D. Afonso III. Segundo Carvalho
Homem, desde “há muito que o Escrivão da Puridade é isto como o agente que, a partir
do reinando de D. Pedro I, ‘ameaça’ o tradicional primado do Chanceler entre os
oficiais régios. Baseia-se este ponto de vista na segunda ordenação sobre o desembargo,
atribuível a 1361: nos termos desta lei caberia a GONÇALO VASQUES [DE GÓIS] –
de quem não é indicado o cargo – receber todas as petições e cartas chegadas à Corte,
para depois as remeter ao desembargo competente” 41. Nesta altura, este e outros cargos
passam a ser ocupados por funcionários privados do Rei; como prova da proximidade
de Gonçalo Vasques de Góis a D. Pedro temos um relato de Fernão Lopes na Crónica
de D. Pedro, que diz: “E não ousavam de entrar na câmara pela defesa que el-rei tinha
posta, se não fora Gonçalo Vasques de Góis, seu escrivão da puridade, que disse que
queria entrar por lhe mostrar cartas que sobrevieram del-rei de Castela a grande pressa.
E por tal azo e fingimento, houveram entrada dentro na câmara e acharam el-rei como
bispo em razões da guiza que havemos dito” 42.
Na perspectiva de Carvalho Homem, no artigo «Subsídios para o estudo da
Administração Central no Reinado de D. Pedro I», “o titular deste cargo tende a tornar-
se autêntico “primeiro ministro do despacho”, fazendo tombar em relativa penumbra os
cargos tradicionais, para o que contribui, em parte, a intensificação do uso do selo
particular do Rei – camafeu – que dispensa o selo da Chancelaria e aumenta a
importância dos escrivães nos negócios não puramente judiciais” 43
Na Chancelaria de D. Pedro, aparecem três documentos referentes a Gonçalo
Vasques de Góis. No primeiro, o Escrivão da Puridade é referido apenas como
testemunha. Já as seguintes são duas cartas de privilégio concedidas pelo Monarca ao
mesmo Escrivão, sendo que a segunda inicia mesmo assim “[D]om pedro ect A quantos

41
Vide Armando de Carvalho Homem, O Desembargo Régio (1320-1433), p. 111.
42
Vide Fernão Lopes, Crónica de D. Pedro, Lisboa, Livros Horizonte, 1977, p. 62.
43
Vide Armando de Carvalho Homem, «Subsídios para o estudo da Administração Central no Reinado de
D. Pedro I», in Portugal nos Finais da Idade Média: Estado, Instituições, Sociedade Política, Lisboa,
Livros Horizonte, 1990, p. 71.

17
esta carta virem faço saber que eu querendo fazer graça e mercee a gonçalo uaasquez
scriuam da mjnha puridade por muito serujço que me fez” 44.

«Manceba» del-Rei e Criada – Beatriz Dias


Na Crónica de D. Pedro, Fernão Lopes só refere Beatriz Dias uma única vez,
45
mas explica quem ela é. Somente a descreve como “manceba del-rei” no relato do
enforcamento do tesoureiro do Rei em que o Conde de Barcelos, D. João Afonso Telo,
nem Beatriz Dias. Para Saul António Gomes, no artigo “Uma dama na Leiria medieval:
Beatriz Dias, “manceba del­rei” D. Pedro I”, mesmo aparecendo uma só vez na Crónica
“ela não pode deixar de ser uma figura cortesã dotada de um importante poder junto do
monarca e, também, uma peça humana significativa no contexto da teia de influências
que constituía o xadrez político e social do palácio áulico de D. Pedro I” 46.
Outra prova da colocação privilegiada de Beatriz Dias junto de D. Pedro é o
testamento do Rei feito no dia 17 de Janeiro de 1367 na vila de Estremoz onde “logo
após a enunciação dos legados aos infantes reais, surge, em posição que traduz uma
óbvia hierarquização própria da comunidade paulatina, justamente, o nome dessa
mulher, então referida como “nossa criada”, tendo sido contemplada com quatro mil
libras” 47.
O testamento de Pedro alude a Beatriz Dias como sua criada, mas Fernão Lopes
refere-se a ela como manceba. Este termo, no final da Idade Média, aplicava-se “como
sinónimo de “manceba mundaria”, de “mulher solteira”, “mulher do mundo”, de
acolitada à “mancebia” ou postíbulo social, de, na melhor das leituras, especialmente
quando de figura íntima da biografia de um monarca, de “concubina real” 48.
Nesse caso, para Fernão Lopes, Beatriz seria uma concubina do Rei D. Pedro; o
que não seria estranho, pois era normal os Reis terem barregãs e até filhos dessas
mesmas mulheres como D. João (futuro D. João I), filho do Rei e de Dona Teresa
Lourenço. Eu não concordo que Beatriz tenha sido concubina de D. Pedro, uma vez que
na minha opinião, terá simplesmente sido uma criada importante na casa do Monarca
que recebeu vários privilégios por parte de D. Pedro.

44
Vide A. H. de Oliveira Marques, op. cit., p. 421.
45
Vide Fernão Lopes, op. cit., p. 66.
46
Vide Saul António Gomes, “Uma dama na Leiria medieval: Beatriz Dias, “manceba del­rei” D. Pedro
I”, in Biblos: Revista da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, vol. 77, 2001, p. 115.
47
Vide idem, ibidem., pp. 115 e 116.
48
Vide idem, ibidem., p. 116.

18
Na obra Amantes dos Reis de Portugal, as Modernistas Paula Lourenço, Ana
Cristina Pereira e Joana e Troni defendem que quase nada “se sabe sobre esta amiga
49
íntima de D. Pedro e da relação entre ambos” . As autoras ainda referem que Beatriz
Dias devia pertencer ao povo, mas uma fase importante da sua vida foi passada junto do
Rei vivendo no Palácio Real.
Além da referência a esta manceba na Crónica de D. Pedro e no testamento do
Rei, Beatriz Dias é citada em 3 doações na Chancelaria de D. Pedro. Essas dádivas
serão apresentadas em seguida.
A 10 de Maio de 1361, em Elvas, D. Pedro outorga uma carta de privilégio a
Beatriz Dias feita por Afonso Miguéis. O documento régio diz “querendo fazer graça e
mercee a briatiz diaz mjnha criada com outorgamento do Jffante dom Fernando meu
filho dou lhe e faço lhe doaçam pera sempre a ella e a todos seus sucesores da mjnha
qujntaa da lançada que jaz em Ribateio a par de sarilhos com suas salinas de sal (…) a
qual qujntaa foy d aluaro gonçalluez meyrinho que foy del rrey dom afomso meu padre
50
a que deus perdoe” . Pedro ainda ordena que a quinta fique para sempre na posse de
Beatriz Dias e dos seus sucessores.
Dois anos depois, no dia 08 de Março de 1363, Pedro doa a quinta de Ciral, no
termo de Leiria, à sua criada Beatriz Dias numa carta elaborada por Afonso Miguéis.
Essa quinta tinha pertencido a João Esteves Casqueiro, que foi Almoxarife do Rei D.
Afonso IV. Além disso, Pedro decide “que aa dicta qujntaa perteence daquj em diante
pera todo sempre E que ella e todos seus sucesores façam della todo o que lhe aprouuver
como de sua própria posisom sem embargo nenhuu” 51.
No dia 17 de Abril de 1365, na vila de Torres Vedras, o Rei concede à sua criada
Beatriz Dias a sua lezíria “a que chamam do galego que he em termo de Santarém a soo
os meus paaços da ualada” 52. A 11 de Junho desse mesmo ano, Beatriz pede a D. Pedro
que lhe de uma carta de privilégio onde confirme que a quinta do Galego foi sempre
coutada; ele fez-lhe a vontade e ordenou a Gonçalo Esteves que escrevesse uma carta
que dizia: “eu veendo o que me pedia e querendo lhe fazer graça e mercee Tenho por
bem E mando uos vistas sobr esto cartas dos reis que ante mjm forom como a dicta
lizira fora coutada e esteuam da guarda que a tjnha dos reis que ante mjm forom que

49
Vide Paula Lourenço, Ana Cristina Pereira, Joana Troni, Amantes dos Reis de Portugal, 8.ª edição,
Lisboa, A Esfera dos Livros, 2011, p. 73.
50
Vide A. H. de Oliveira Marques, op. cit., p. 220.
51
Vide idem, ibidem., pp. 365-366.
52
Vide idem, ibidem., p. 468.

19
nom sofrades a nehuu que Seia desa ujlla nem d outros lugares nehuus que façam dãpno
na dicta lizira nas cousas sobre dictas nem em outras nehuas” 53.

53
Vide idem, ibidem., p. 483.

20
Conclusão
Neste trabalho de investigação abordei alguns cargos da Corte e da
Administração Régia do Rei D: Pedro I de Portugal e analisei a evolução do termo
Corte na Europa Medieval e depois mais especificamente na Idade Média Portuguesa.
Concluiu que os oficiais régios são muito importantes para o funcionamento do
Reino e que sem eles o Rei não poderia governar.
Cumpri todos os objectivos que me tinha proposto no início do semestre, pois na
medida do que foi possível consegui referir alguma coisa sobre os cargos em estudo e os
seus detentores.
Esta investigação foi muito importante para mim, pois permitiu-me conhecer
algumas funções da Administração e da Corte de D. Pedro como antevisão da minha
Dissertação de Mestrado.

21
Fontes
HOMEM, Armando de Carvalho,
O Desembargo Régio (1320-1433), Porto, Instituto Nacional de Investigação
Científica – Centro de História da Universidade do Porto, 1990.

LEÃO, Duarte Nunes de,


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História, 1978.

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Bibliografia

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22
HESPANHA, Manuel,
História das Instituições. Épocas medieval e moderna, Coimbra, 1982.

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D. Pedro I, Rio de Mouro, Círculo de Leitores, 2015.

Obras Específicas

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Memorias da Academia das Siencias de Lisboa, t. XII, parte II (1839), pp. 91-107.

23
MORATO, Francisco Manoel Trigozo de Aragão,
«Memoria sobre os Secretarios dos Reis e Regentes de Portugal, desde os
antigos tempos da Monarquia até à aclamação de El-Rei D. João IV», in Historia e
Memorias da Academia Real das Siencias de Lisboa, 2ª série, t. I, parte I (1843), pp.
27-79.

MORATO, Francisco Manoel Trigozo de Aragão,


«Memoria sobre os escrivães da puridade dos reis de Portugal e do que a este
officio partence», in Memorias da Academia Real das Siencias de Lisboa, t. XII, parte I
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Documentos da Chancelaria de D. Pedro I – Anos 1360-1362. Leitura e alguns
comentários, dissertação de licenciatura apresentada à Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra, dactil., Coimbra, 1964.

Referências Bibliográficas Electrónicas

Alferes-Mor de Portugal, https://pt.wikipedia.org/wiki/Alferes-


mor_de_Portugal. Consultado a 16 de Janeiro de 2017.

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