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Etapa Ensino Médio Língua

Portuguesa

Literatura: O
Humanismo em
Portugal
1ª SÉRIE
Aula 4 – 3º Bimestre
Conteúdo Objetivos

● Humanismo em Portugal; ● Analisar visões de mundo


referentes ao período do
● Historiografia de Fernão
Humanismo em Portugal;
Lopes;
● Compreender características
● Prosa didática do século XV;
do Humanismo;
● Poesia palaciana.
● Identificar características da
historiografia portuguesa, da
prosa didática e da poesia
palaciana.
Para começar

Você conhece a obra ao lado? Trata-se


do quadro Mona Lisa, também
conhecida como A Gioconda, de
Leonardo da Vinci.
Sabe quem foi o seu autor e a
importância que ele tem para o mundo
ocidental?
Técnica LEMOV:
Puxe mais
Para começar
Leonardo da Vinci nasceu em 15 de abril de 1452 em Florença, na
Itália, e é considerado um dos maiores expoentes do mundo ocidental.
O seu trabalho se estendeu por diversas áreas do conhecimento, como
pintura, escultura, arquitetura, matemática e música, entre outras. O
seu nome entrou para a História da arte e da cultura, sobretudo devido
às obras que pintou, entre as quais se destacam A última ceia (1495)
e Mona Lisa (1503). Tornou-se um dos expoentes máximos do
Renascimento, movimento artístico e cultural que promovia uma
redescoberta do mundo e do Homem, priorizando o humano em
detrimento do divino.
Vamos conhecer um pouco mais sobre o período do Renascimento
em Portugal e seus desdobramentos.
Foco no conteúdo
Que elementos a pintura da Mona Lisa apresenta e que são
profundamente inovadores para a arte da época?
1. As formas, os contornos, o volume, o peso e a profundidade do
desenho como meio de marcar a representação realista do humano.
2. O domínio da perspectiva e do sfumato (técnica de pintura usada
para criar graduações suaves de tonalidade).
3. A captação da expressividade humana. Observe que a
representação do humano está na base dessa arte.
Vamos saber se esse aspecto está entre as marcas do Renascimento
em Portugal.
Foco no conteúdo
Humanismo em Portugal
O marco inicial do Humanismo português é controverso porque
alguns autores consideram o ano de 1418, quando Fernão Lopes
é designado guardador-mor da Biblioteca da Torre do Tombo, e
outros, 1434, ano em que o mesmo Fernão Lopes é nomeado
cronista-mor do reino. Independentemente dessas datas, na
primeira metade do século XV surge a mentalidade humanista.
Oficialmente, o Humanismo dura até 1527 em Portugal, data de
início do Classicismo.
Foco no conteúdo

Nesse período, a prosa se estabelece com mais vigor, tanto


pelas novelas de cavalaria quanto pelos livros de linhagens, ou
nobiliários, que continham a genealogia de famílias nobres.
Foram quatro os tipos de produção que marcaram o século XV
e o início do XVI: a historiografia de Fernão Lopes, a prosa
didática (ou doutrinária), a poesia palaciana e o teatro de Gil
Vicente.
Foco no conteúdo
Historiografia de Fernão Lopes
Fernão Lopes é conhecido como pai da História de Portugal,
considerado um historiador superior ao seu tempo. Sua habilidade
de concatenar fatos, dados e versões diferentes de um mesmo
episódio, possibilitando a construção de uma obra de grande valor
histórico e literário, é notória. Escreveu a História de Portugal com
base em documentos, sem permitir que seu ponto de vista pessoal
prevalecesse sobre os fatos, mas sem perder a capacidade de
produzir obras de grande valor literário. São comprovadamente dele
as obras Crônica d’el rei D. Pedro, Crônica d’el rei D. Fernando e
Crônica d’el rei D. João I (1ª e 2ª partes).
Foco no conteúdo
As narrativas de Fernão Lopes se destacam por uma dinâmica viva e
contagiante, com falas, criação de suspenses e tensões. Mas o mais
marcante é a participação das camadas populares, o que revela sua
visão mais ampla da história, caracterizada por tensões entre
interesses diversos e sem espaço apenas para reis e nobres heróis.
Uma das mais famosas é a Crônica d’el rei D. Pedro, que narra um dos
episódios mais terríveis da História portuguesa. D. Pedro era tomado
de amores pela bela Inês de Castro, de origem castelhana. Temeroso
que esse romance pudesse trazer problemas para a sucessão
portuguesa, o pai de D. Pedro manda assassiná-la. Esse episódio faz
parte do imaginário popular português, tendo sido citado em muitas
obras literárias e dado origem à expressão “Inês é morta”, que
significa “não adianta mais”.
Foco no conteúdo
A prosa didática
O século XV foi extremamente importante para a evolução da língua
portuguesa. A nobreza culta que governou Portugal durante esse
período tratou de encomendar traduções de várias obras estrangeiras
importantes, alargando os horizontes do idioma. A prosa didática,
que também contribuiu muito para essa ampliação, tinha por
finalidade doutrinar fidalgos e nobres, educando-os sobre os
procedimentos tidos como adequados para a vida na corte.
Um dos avanços do século XV foi a criação da imprensa. Portugal
está entre os primeiros países a adotá-la.
Foco no conteúdo
As principais obras dessa tendência literária são:
Livro da montaria, de D. João I. O autor fala sobre a arte de caçar
porcos monteses.
Livro de falcoaria, de Pêro Menino. Ensina a tratar falcões.
Leal conselheiro e Livro da Ensinança de bem cavalgar toda sela, de
D. Duarte. Na primeira obra, o autor expõe considerações filosóficas
influenciadas por correntes de pensamento variadas; na segunda,
trata dos prazeres e benefícios da vida ao ar livre e do hipismo.
Livro da virtuosa benfeitoria, de D. Pedro (trata-se de um filho
bastardo de D. João, não é o mesmo do episódio de Inês de Castro).
É uma adaptação da obra De Beneficiis, de Sêneca.
Na prática
Assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas.
( ) O Humanismo em Portugal está diretamente associado à produção
do cronista-mor do Reino, Fernão Lopes.
( ) A poesia palaciana está entre as produções dos séculos XV e XVI
em Portugal.
( ) Uma das marcas de Fernão Lopes é a sua capacidade de
transformar fatos históricos em relatos literários.
( ) Uma das crônicas mais famosas de Fernão Lopes narra o episódio
da morte de Inês de Castro, amada de D. Pedro, assassinada por ser
castelhana e atrapalhar os planos de sucessão do trono português.
( ) A prosa didática em Portugal foi produzida para ensinar as
camadas populares a agir como nobres e fidalgos.
Na prática Correção
Assinale V para as alternativas verdadeiras e F para as falsas.
( V ) O humanismo em Portugal está diretamente associado à
produção do cronista-mor do Reino, Fernão Lopes.
( V ) A poesia palaciana está entre as produções dos séculos XV e XVI
em Portugal.
( V ) Uma das marcas de Fernão Lopes é a sua capacidade de
transformar fatos históricos em relatos literários.
( V ) Uma das crônicas mais famosas de Fernão Lopes narra o episódio
da morte de Inês de Castro, amada de D. Pedro, assassinada por ser
castelhana e atrapalhar os planos de sucessão do trono português.
( F ) A prosa didática em Portugal foi produzida para ensinar as
camadas populares a agir como nobres e fidalgos.
Foco no conteúdo
Poesia palaciana
Ao contrário do período trovadoresco português, em que a poesia foi
amplamente cultivada, o Humanismo foi o momento da prosa. Entre o
início do século XIV e o início do XV, não há registros de poesia em
Portugal. É possível que tenham se perdido um ou mais cancioneiros.
De qualquer modo, o entusiasmo trovadoresco pela poesia arrefeceu,
sendo resgatado no século XV.
Garcia de Resende, secretário particular dos reis D. João II e D. Manuel
I, colecionou perto de mil poesias de 286 poetas e as fez publicar em
1516, no Cancioneiro geral. Sem critério de seleção, ele apenas as
colecionava, juntando as que podia encontrar, tanto em português
quanto em castelhano (cerca de 150 delas são nesse idioma).
Foco no conteúdo
O bilinguismo (a prática da convivência e uso de duas línguas; neste
caso, português e castelhano) foi comum em Portugal até o século
XVI. A herança trovadoresca, aliada às influências de Dante e Petrarca,
forjou uma poética mais estilizada, em que a própria natureza do amor
é discutida. São dominantes os versos redondilhos – a redondilha
maior, com sete sílabas poéticas, e a redondilha menor, com cinco
sílabas poéticas. A partir do Classicismo, passam a ser chamados de
versos de medida velha. Apesar de muitas composições dessa época
se intitularem “cantigas”, estas já não estavam atreladas à música.
Dentre os poetas presentes no Cancioneiro geral, destacam-se Sá de
Miranda, Gil Vicente, Garcia de Resende, Jorge de Aguiar, João Ruiz de
Castelo Branco, Duarte de Brito, Francisco de Sousa e Aires Teles.
Na prática
Leia o texto a seguir para responder ao que se pede.

Cantiga sua partindo-se


Senhora, partem tão tristes Partem tão tristes os tristes,
Meus olhos por vós, meu bem, tão fora d´esperar bem,
Que nunca tão tristes vistes Que nunca tão tristes vistes
Outros nenhuns por ninguém. Outros nenhuns por ninguém.
Tão tristes, tão saudosos,
Tão doentes da partida, João Ruiz de Castelo Branco. In:
Tão cansados, tão chorosos, Massaud Moises. A literatura
Da morte mais desejosos Portuguesa através dos tempos. 14
Cem mil vezes que da vida ed. São Paulo: Cultrix, 1985.
Na prática
Explique em que medida o texto Cantiga sua partindo-se
traz similaridades e diferenças em relação às cantigas de
amor e de amigo do Trovadorismo.
Na prática Correção
Explique em que medida o texto Cantiga sua partindo-se
traz similaridades e diferenças em relação às cantigas de
amor e de amigo do Trovadorismo.
Aproxima-se das cantigas de amor por ter um eu lírico
masculino, que expressa seu sofrimento amoroso e dá à
mulher amada o tratamento de “senhora”. Mas o amor que
ele exprime não parece ser idealizado nem impossível. O
poema assemelha-se às cantigas de amigo apenas se
considerado o tema da partida e do distanciamento, no
entanto o eu lírico não é feminino.
Técnica LEMOV:
Aplicando Todo mundo escreve

Leia o seguinte excerto:


“Ora atentai se foi bom sabor: jazia el-rei em Lisboa, uma noite na
cama, e não lhe vinha sono para dormir. E fez levantar os moços e
quantos dormiam no paço. E mandou chamar João Mateus e Lourenço
Paios que trouxessem as trombas de prata. E fez acender tochas e
meteu-se na vila em dança com os outros. As gentes que dormiam
saíam às janelas ver que festa era aquela, ou porque se fazia. E
quando viram daquela guisa el-rei, tomaram prazer de o ver assim
ledo. E andou el-rei assim grande parte da noite. E tornou-se ao paço
em dança; e pediu vinho e fruta, e deitou-se a dormir.”
Massaud Moisés. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo:
Cultrix, 1997.
Técnica LEMOV:
Aplicando Todo mundo escreve

Em duplas ou trios, respondam ao que se pede:


1. Quem é o personagem principal desse trecho?
2. Que personagens são nomeados? O que é solicitado a eles?
3. Qual é o problema vivido pelo protagonista e como ele decidiu
resolvê-lo?
4. O que chama a atenção na resolução desse problema? Como as
pessoas reagiam a isso?
5. A forma como esse evento é descrito pelo narrador torna o
personagem principal distante e intocável ou próximo e humano?
6. Destaque palavras que exprimem o espírito leve e divertido dessa
cena.
Técnica LEMOV:
Aplicando Correção Todo mundo escreve

1. Quem é o personagem principal desse trecho? O rei.


2. Que personagens são nomeados? O que é solicitado a eles? João
Mateus e Lourenço Paios, a quem são solicitadas as
trombas de prata (instrumento para despertar, trombetas).
3. Qual é o problema vivido pelo protagonista e como ele decidiu
resolvê-lo? O rei estava com insônia e resolveu acordar
todas as pessoas do palácio para dançar na vila com elas.
Técnica LEMOV:
Aplicando Correção Todo mundo escreve

4. O que chama a atenção na resolução desse problema? Como as


pessoas reagiam a isso? Chama a atenção o fato de um rei ir
até a vila divertir-se com outros palacianos a fim de tentar
resolver sua insônia. As pessoas que estavam dormindo
poderiam ter ficado bravas, mas ficaram felizes por verem
o rei alegre.
5. A forma como esse evento é descrito pelo narrador torna o
personagem principal distante e intocável ou próximo e humano?
Torna o personagem próximo e humano.
6. Destaque palavras que exprimem o espírito leve e divertido dessa
cena. Fez levantar, trombas de prata, acender tochas,
dança, festa, prazer, ledo, vinho, frutas.
O que aprendemos hoje?

● Analisamos visões de mundo referentes ao período do


Humanismo em Portugal;
● Compreendemos características do período do
Humanismo;
● Identificamos características da historiografia
portuguesa, da prosa didática e da poesia palaciana.
Tarefa SP
Localizador: 97690

1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com


seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.

Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/
Referências
OLIVEIRA, Clenir Bellezi de. Literatura em contexto: a arte literária
luso-brasileira. Ensino Médio – volume único. São Paulo: FTD, 2012.
SÃO PAULO (ESTADO). Secretaria da Educação. Currículo Paulista
do Ensino Médio. São Paulo, 2020.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos tempos.
14. ed. São Paulo: Cultrix, 1997.
Referências
Lista de imagens e vídeos
Slide 3 – Mona Lisa, by Leonardo da Vinci, from C2RMF retouched.
Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mona_Lisa#/media/Ficheiro:Mona_Lisa,
_by_Leonardo_da_Vinci,_from_C2RMF_retouched.jpg. Acesso em: 14
jun. 2023.
Material
Digital

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