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Luís XIV- A imagem de poder

Um nascimento «miraculoso»
Louis Dieudonné (deusdado) ou Luís XIV nasceu a 5 setembro de 1638. Foi um filho
tardio de Luís XIII e Ana de Áustria que, casados há 23 anos, não tinham ainda
descendentes assegurados.

 Luís XIV subi ao trono aos 4 anos e reinou 72 anos.

Os anos de Fronda
Entre 1648 e 1653, uma violenta revolta contra o reforço do poder real levado a cabo
pela regente Ana de Áustria e pelo seu ministro, o todo-poderoso Cardeal Mazarino,
colocou o país aferro e fogo.

Conhecida por Fronda, a revolta uniu os magistrados dos Parlamentos e a alta nobreza,
que se ressentiam da progressiva perda de influência política.

Depois da Fronda
Em 1653, depois de 5 anos de guerras civis, a Fronda termina com a vitória da
instituição monárquica.

Luís XIV tira três grandes lições da rebelião:

 A necessidade de enfraquecer politicamente os Parlamentos, cujos magistrados


tinham ousado lutar por um poder monárquico moderado;
 A necessidade de afastar a alta nobreza das instâncias governativas;
 A necessidade de vigiar e controlar pessoalmente os chefes das grandes casas
nobres.

No dia seguinte à morte do Cardeal Mazarino, Luís XIV toma para si as rédeas do poder.

Simbolos de poder

 Manto de veludo azul bordado a ouro com flores-de-lis.


 Colar da Ordem do Espírito Santo.
 Espada de Carlos Magno
 Cetro (bastão de comando)
 Coroa
 Mão de justiça
 Trono
Adjetivos

 Brilhante
 Iluminado
 Generoso
 Piedoso
 Justo
 Mais temido que um trovão
 Restaurador das leis
 Protetor das artes e das letras
 O rei mais católico
 O modelo mais perfeito para grandes reis

Entre outros, em suma, GRANDE, epíteto oficialmente adotado em 1671

Um cenário de grandeza
Em 1661, no mesmo ano em que assumiu o poder pessoal, Luís XIV deu início à
ampliação do pavilhão de caça mandado construir por seu pai, em Versalhes, perto de
Paris. Pouco a pouco, Versalhes ganhou relevo na vida da corte, que aí se estabeleceu,
de forma definitiva, em 1682.

Versalhes tornou-se um símbolo do poder absoluto.

«A magnificência e o esplendor que rodeiam o rei fazem parte do seu poder»

Rituais quotidiano:
Em Versalhes, a vida quotidiana do rei obedecia a rituais habilmente encenados e
carregados de significado simbólico: o levantar, o deitar, as refeições, tornaram-se
cerimónias públicas às quais era um privilégio assistir.

Ligados a estes rituais, alguns objetos adquiriram um carácter de representação real: o


leito vazio devia ser saudado com uma reverência por quem entreva no quarto era
proibido usar chapéu na sala em que a mesa já estivesse posta para o rei, assim como
voltar as costas ao trono ou ao retrato do soberano, na sua ausência.

«(O príncipe) deve ser senhor da expressão do seu rosto e das suas palavras, para que
se aperceba dos sentimentos de todos, sem revelar os seus.»
«Ninguém conhecia melhor do que Luís XIV a arte de sobrevalorizar um favor pela
maneira como o concedia; sabia como tirar o maior partido de uma palavra, um
sorriso, até um olhar.»

A sociedade do Antigo Regime


Estratificação e a mobilidade social na sociedade do Antigo Regime

Versalhes: o espelho do Absolutismo


Luís XIV assume o poder absoluto, o poder supremo, próximo de Deus e por Ele
legitimado. O poder absoluto difere do poder tirânico ou arbitrário. O principal
teorizador do “Direito Divino” foi Jacques-Bénigne Bossuet.

Segundo Bossuet:

O REI

É o representante de Deus na Terra

A sua autoridade é sagrada

O exercício do poder tem três características básicas:

 É sagrado, isto é, tem origem divina,


 É paternal, ou seja, está ao serviço do bem do povo edos fracos,
 É absoluto, mas não arbitrário.
Luís XIV reinou sem ministro a partir de 1661.

Em 1682, instalou a corte em Versalhes.

A vida na corte assumiu a forma de um cerimonial em que Luís XIV se assumiu como
a figura central. Nela participavam a sua família e os cortesãos, membros da alta
nobreza e altos dignitários do reino.

Ali residiam cerca de 15000 cortesãos.

De 1600 a 1715

1610, assassinato de Henrique IV

1623, Versalhes era um pavilhão de caça de Luís XIII

1643, morte de Luís XIII/ Luís XIV tem 5 anos/ regência de Ana de Áustria

1661, Luís XIV assume o poder e controla o governo do estado

1682, luís instala-se com a sua corte em Versalhes

1685, luís revoga o édito de Nantes

1715, morte de Luís XIV

Versalhes era um pavilhão de caça


Quando Luís XIV assumiu o poder, em 1661, decidiu transformar o espaço num
palácio à medida do seu poder.

Luís XIV decidiu afastar-se de Paris devido à má recordação dos acontecimentos das
revoltas da Fronda (1648-1653), dos nobres e dos parlamentos, durante a sua
menoridade e governo do cardeal Mazarin.

Versalhes é constituído por três partes fundamentais:

1. o palácio;

2. o parque/jardins;

3. As construções anexas:

• Grand Trianon e Petit Trianon.

O palácio e os jardins materializam a arquitetura do absolutismo do século XVII:


 sede da corte;
 símbolos do poder do rei;
 meios de propaganda do poder e da figura real;
 meio de vigilância e de dominação dos nobres;
 os nobres concentram-se em torno do rei.

A vida na corte era regulada pela etiqueta rigorosa e minuciosa. Os cortesãos assistiam
ao levantar, ao deitar e às refeições do rei. Estes acontecimentos do quotidiano
tornaram-se momentos do cerimonial e da teatralização do poder.

«Os povos sobre os quais nós governamos, incapazes de conhecer a profundidade das
coisas, regulam geralmente o seu julgamento pelo que veem de fora e é geralmente na
precedência e na hierarquização que eles medem o seu respeito e obediência».

Luís XIV, Memórias

A decoração do palácio é dominantemente barroca, destacando se a Galeria dos


Espelhos.

A Galeria dos Espelhos foi construída entre 1678 e 1684. Constituiu uma das
realizações mais emblemáticas de Luís XIV.

Possui 17 janelas e 357 espelhos.

Tem 73 m de comprimento e 10,5 m de largura.

Na abóbada da Galeria dos Espelhos, as pinturas evocam as grandes realizações do


reinado de Luís XIV.

 O estilo Luís XIV atinge a maturidade na Galeria dos Espelhos, em vidro e em


mármore, mas também no conjunto de criações e na decoração interior que
permitem a encenação da vida do rei e da corte: móveis, talhas, dourados,
embutidos e tapeçarias ..., exibindo a magnificência do poder real.

Versalhes foi o centro do poder real do Rei-Sol em torno de quem se organizava toda
a vida política, social e cultural do reino.

Versalhes foi o centro da produção musical no tempo de Luís XIV.


Sociedade e poder em Portugal
D.João V, o rei que fez a promessa de levantar um convento em Mafra.

séc. XVII-XVIII
Restauração da independência nacional, em 1640, por iniciativa da nobreza (liderada
pelo duque de Bragança, D. João, futuro D. João IV)

1. Preponderância da nobreza de sangue

 Cargos na governação,
 Cargos na administração

ultramarina e no comércio

2. Afastamento da burguesia das esferas do poder

 comércio colonial permitiu o enriquecimento da nobreza


 cavaleiro-mercador que, à imagem do rei (senhor docomércio colonial) e do
próprio Estado)

nobreza mercantil investe os lucros do comércio em terras e bens de luxo.

Difícil afirmação da burguesia. (só 2a metade do século XVIII, graças à ação do


Marquês de Pombal);

 Predomínio da pequena burguesia (com pouca capacidade económica para


investir)

Atraso económico de Portugal

 Mentalidade pouco dinâmica e conservadora da nobreza mercantil


 Excessivo protagonismo e peso da Coroa/nobreza
 Fortes entraves à iniciativa privada/ da Burguesia
Centralização do poder: sécs. XVII-XVIII

 Criando novos órgãos e/ou redefinindo as funções dos já existentes,


 Etapas da restruturação burocrática:

Século XVII- D. João IV – procede à reestruturação dos órgãos da administração


central. Assim, não sendo um rei de tipo absolutista, criou órgãos (como as
secretarias e os conselhos) nos quais delegava poderes. Note-se que após o fim do
domínio filipino com a Restauração da independência (a 1 de Dezembro de 1640),
Portugal enfrentou um período de guerra com Espanha que se prolongaria até 1668,
alcançando-se a paz nesse ano, já no reinado de D. Afonso VI.
Etapas da restruturação burocrática:

Segunda metade do século XVII, esta estrutura administrativa é aperfeiçoada, com o


rei (D. Pedro II).

 interferência governativa da nobreza foi aos poucos diminuindo


 as resoluções tomadas em Cortes tinham cada vez menos importância; a sua
convocação foi-se tornando cada vez mais rara, até se extinguirem
praticamente, a partir de 1697

Etapas da restruturação burocrática:


O rei D. João V (século XVIII):

 remodelando as secretarias criadas por

D. João IV,

 esvaziando os vários Conselhos das suas competências.


 rodeando-se de colaboradores de confiança (o que mais sobressaía era o
secretário dos Negócios do Reino, que dirigia o gabinete, secretariava o rei no
despacho e zelava pelo arquivo e expediente régio). D. João V afastou alguns
nobres da Corte, mantendo na sua proximidade apenas aqueles em quem
considerava que poderia confiar.

As reformas administrativas operadas por D. João V acabaram por não ter sucesso
porque:

 faltava uma ligação entre a administração central e a administração local;


 processo de decisão lento, porque todas as decisões careciam da decisão régia.

Primeira metade do século XVIII - reinado de D. João V (1706-1750)


Inspiração no modelo francês:

 submissão da nobreza
 diminuição do poder dos Conselhos
 reforço e reorganização do aparelho do Estado (Secretarias)
 fortalecimento da autoridade do rei
Tal como Rei-Sol (Luís XIV de França), D. João V (1706-1750) realçava a figura régia:

 através da magnificência (luxo) permitida pelo ouro e diamantes do Brasil;


 da autoridade;
 da ritualização do seu quotidiano em complexos cerimoniais de rigorosa
etiqueta;
 subordinação das ordens sociais (manifestada, por exemplo, na recusa em reunir
Cortes).

Primeira metade do século XVIII - reinado de D. João V (1706-1750)

Imagem do rei

 ostentação do luxo e do poder


 Grandeza e fausto da corte

A corte joanina
Aos olhos dos estrangeiros a corte portuguesa (...) Se as distrações eram escassas o luxo
era muito. Para brilho da corte portuguesa no reinado de D. João V contribuiu a riqueza
dos trajos e das jóias, seguindo-se em tudo a moda francesa. (...) Os elementos
femininos da família real eram os que mais contribuíam para o colorido com seus
enfeites de cabelo, suas joias de peito ou de cintura, seus brincos, anéis e pulseiras. (...)
Maria Beatriz Niza da Silva, D. João V, Col. Reis de Portugal, Círculo de Leitores, 2006
O absolutismo joanino manifestou-se na afirmação de Portugal a nível
Externo:

 A pedido do Papa, as forças militares e navais portuguesas participaram também


na luta contra os turcos, na famosa batalha de Matapão, em 1717. Em
reconhecimento pela valorosa participação portuguesa nessa batalha, o Papa
concede a D. João V o título de rei Fidelíssimo.
 D. João V recebeu embaixadas enviadas pelo imperador da China e pelo Grão-
Mogol
 Envio de embaixadas ao estrangeiro- destacando-se, pela sumptuosidade (trajes
sumptuosos, coches magníficos, ofertas exóticas - a de 1709 ao Papa) e pela
distribuição de mão cheias de moedas de ouro pela População que assistia à
Passagem dos cortejos.
 D. João V prossegue uma política de reforço da colonização do Brasil, bem
como a sua defesa militar e das rotas comerciais. É dessa grande colónia
portuguesa que vêm as toneladas de ouro que permitem a D. João V rodear-se
de uma corte luxuosa e iniciar um plano de construções por todo o reino.

O absolutismo joanino manifestou-se:


 Criação da Real Academia de História:
Seguiu o exemplo da academia real francesa
A academia ficou encarregue de elaborar uma História de Portugal que glorificasse
Portugal.

 Proteção de aristas e intelectuais estrangeiros e portugueses


Domenico Scarlatti (música)
Ludovice (Convento de Mafra)
Nicolau Nasoni (Torre dos clérigos, no Porto)
Vieira Lusitano (pintura)
Machado de Castro (escultura)
 O barroco em Portugal.
A ostentação e riqueza deste estilo significava também poder e autoridade. Foi a D.
João V que ficou a dever-se o incremento no nosso país do estilo barroco graças ao
ouro brasileiro
O imponente Convento de Mafra de autoria de Ludovice, reflete a influência do
barroco italiano.
Mas uma das mais originais manifestações do barroco português reside na escultura
decorativa:
 O esplendor da talha dourada que cobre os retábulos das Igrejas.
 As peças de ourivesaria e de mobiliário ou os coches.
 O azulejo, arte tipicamente portuguesa atingiu um grande desenvolvimento.
O dia a dia na corte
A corte vivia no maior dos luxos
A nobreza, que frequentava a corte de D. João V, beneficiava de toda esta riqueza.
O rei e a sua corte assistiam a concertos, peças de teatro, óperas e a sessões de
declamação de poesias.
Os banquetes, constituídos por oito, vinte ou trinta ou mais pratos, onde não faltavam
os doces, o chá, o café ou o chocolate e o vinho do Porto, tudo servido em ricas
porcelanas das Índias e em peças de ouro ou prata. Estas festas ocorriam com grande
regularidade e serviam para que o rei demonstrasse todo o seu poder.
Os banquetes e os bailes eram eventos realizados em palácios e palacetes majestosos e
decorados luxuosamente, com sedas orientais, veludos, tapeçarias, pinturas e
esculturas. De igual forma, o vestuário do rei e dos membros da sua corte,
influenciado pela moda francesa da época, resplandecia. Era feito com os melhores
tecidos e ricamente adornado com pedras preciosas, ouro e prata

Os nobres também ostentavam a sua riqueza nos ambientes que frequentavam, tais
como na ópera e no teatro, para onde se deslocavam de coches, seges, berlindas e
liteiras.

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