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1.Caracteriza o século XVII nos seus aspetos económicos, sociais, políticos e religiosos.
- Aspetos sociais: sociedade de ordens ou seja, uma sociedade assente no princípio da desigualdade
social através do nascimento e do estatuto jurídico; regista-se o predomínio social do clero e da
nobreza e a ascensão económica da burguesia;
- Aspetos políticos: época de centralização do poder real, justificado pela origem divina do poder real,
o que levou à criação de um aparelho administrativo centralizado;
- Aspetos religiosos: época conturbado a nível religioso com disputas e lutas entre protestantes e
católicos, depois de, no século XVI, se ter iniciado a Reforma Protestante e, como reação, a Igreja
Católica ter procedido à Contrarreforma.
A arte surge como elemento de propaganda, quer nas reformas nas capitais, quer na construção de
enormes palácios, com sumptuosos jardins, pinturas, esculturas, espelhos, móveis e tapeçarias, onde
se realizam luxuosas festas (teatro, música e dança). A centralização do poder real vai permitir,
portanto, um incremento das artes.
A Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) é a denominação genérica de uma série de guerras que diversas
nações europeias travaram entre si a partir de 1618, especialmente na Alemanha, por motivos
variados: rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais. As rivalidades entre católicos e
protestantes gradualmente se transformaram numa luta europeia. O conflito foi basicamente entre o
Sacro Império Romano-Germânico, católico e dominado pela casa de Habsburgo, e um vasto conjunto
de cidades e principados alemães protestantes, apoiados primeiro pelas principais potências
anticatólicas, a Suécia e os Países Baixos, e depois também pela França católica, em mais um capítulo
das antigas rivalidades entre os franceses e os Habsburgos.
As lutas religiosas tiveram repercussão na arte: enquanto que os católicos utilizaram as imagens
religiosas (martírios e êxtases de santos) e construíram inúmeras igrejas, os protestantes proibiram a
idolatria e vão limitar-se a representar retratos, paisagens e cenas do quotidiano.
5. Justifica a relação que se pode estabelecer entre a Idade Média e o Barroco quanto à finalidade
da produção arquitetónica.
Tal como na Idade Média, também no século XVII a arte barroca vai ser utilizada pela Igreja, após o
movimento da Contrarreforma como um veículo de mensagem ideológica, através dos estímulos à
emoção e ao sentimento. Daí a utilização da imagem plástica, quer visual quer auditiva, como meios
de propaganda e de doutrinação católicos.
6. Quando foi, porque ocorreu e que países envolveu a Guerra de Sucessão de Espanha?
A Guerra de Sucessão de Espanha desenrolou-se entre 1702 e 1714 após a morte de Carlos II, sem ter
descendentes diretos. Disputou-se entre Filipe, duque de Anjou (neto de Luís XIV), apoiado pela França
e pela Baviera, e José Fernando da Baviera (neto de Leopoldo I, arquiduque da Áustria), com o apoio
de, por exemplo, Inglaterra e Portugal.
Repartição de territórios: - Filipe V: fica na posse do reino de Espanha e das colónias espanholas na
América - Áustria: Países Baixos Espanhóis, Nápoles, Milão e Sardenha - Inglaterra: Gibraltar e Minorca
(Espanha); territórios coloniais na América do Norte (França)
• transfere a corte para Versalhes, onde constrói um palácio magnificente como forma de demonstrar o
seu poder e onde a vida girava à sua volta
• nomeou Colbert como ministro das finanças, cuja política mercantilista permitiu enriquecer o Estado
(rei) francês e, portanto, proceder à sua política de ostentação
10. Partindo do exemplo de Versalhes, descreve a vida nas cortes europeias deste período,
integrando-a no contexto sociopolítico.
• O rei atraia à corte inúmeros funcionários e conselheiros da nobreza tradicional, seduzidos pela
expectativa de uma mercê ou favor real
• desta forma, o rei controlava e disciplinava a nobreza, que se digladiava entre ela por um favor real
• A corte era o palco onde o rei é a personagem principal e os nobres meros figurantes • Objetivo: exibir
e exaltar o poder real, de forma a subordinar a corte ao esplendor real
• Palácio e jardins como autênticos palcos • Espetáculos organizados de forma espetacular, nos quais
muitas vezes a própria corte e o rei participavam.
11. Integra a “La cérémonie turque”, em “Le Bourgeois Gentilhomme” (1670) nas festividades
realizadas na corte de Luís XIV.
O gosto da corte absolutista de Versalhes pela encenação do poder e pelo artifício, por espetáculos
que associavam a representação à dança ou pelo «ballet de cour» levou ao desenvolvimento do teatro
e ao aparecimento, desenvolvimento e difusão da ópera. Grandes festas da corte (exemplos):
• edificação do Palais Royal, o primeiro teatro francês construído em espaço fechado, e surgimento da
ópera de Versalhes; • Luís XIV e a sua corte cultivaram o gosto por espetáculos que fundiam a
representação e a dança, como a comédia-ballet, de Jean-Baptiste Lully e Molière: Le Bourgeois
Gentilhomme;
• “Le Bourgeois Gentilhomme”, com texto de Molière e música de Lully, é uma sátira social às
pretensões de grandeza dos novos ricos, que desejam aparentar o que não são (grupo personificado
pelo protagonista, Monsieur Jordain), associando o teatro, a música e a dança. Durante a Cerimónia
Turca, no IV Ato, Cléonte, o pretendente à mão de sua filha Lucille, disfarçado de turco (filho do Grande
Turco), numa cerimónia burlesca cheia de movimento, cor e exotismo, vê Monsieur Jourdin aceitar o
seu casamento com a sua filha.
A igreja como espaço físico foi utilizado como um palco pela Igreja como instituição na sua luta contra
o protestantismo (Contrarreforma) e como local de doutrinação e de sedução dos crentes, onde todos
os sentidos serão exacerbados de forma a intensificar a fé.
A função da arte barroca é fascinar pelos sentidos e servir de veículo de uma mensagem ideológica.
Destina-se, portanto, ao grande público, e tem como principal objetivo estimular as emoções. Por isso,
opõe-se à arte renascentista porque tem como principais características o movimento curvilíneo, real
ou aparente, a assimetria, o jogo ostenta tório entre luz e sombra, a busca do infinito e a procura do
teatral e do fantástico.
O Papa Sisto V promoveu a reforma urbanística de Roma de forma a resolver problemas urbanísticos
da cidade e a ligar os principais lugares religiosos à Basílica de S. Pedro, permitindo a inauguração do
urbanismo moderno. Na remodelação da cidade, são construídas amplas artérias, abertas praças,
onde se destaca a igreja como símbolo da comunidade, e são colocados obeliscos, esculturas e fontes
com jogos de água. Roma torna-se uma cidade-espetáculo, símbolo do poder papal, com dinamismo,
esplendor e extensão.
19. Demonstra de que forma a arquitetura barroca corresponde a uma nova linguagem
decorativa.
• Aliança com pintura, escultura, jardinagem, jogos de água • Efeitos perspéticos e ilusórios através da
decoração (linhas estruturais divergentes para dar maior amplitude, jogos de claro-escuro e massas
salientes e reentrantes), nomeadamente nos tetos e nas cúpulas
• Elementos construtivos meramente decorativos: movimento ascensional das fachadas, através das
colunas torsas, helicoidais, duplas ou triplas e dos frontões centrais
• Paredes ondulantes: côncavas e/ou convexas, permitindo um efeito de surpresa e efeitos luminosos;
cobertura interior feita de estuques, pintura ou retábulos em talha dourada; Ilusão de espaço maior,
pela ligação parede/teto
• Porta principal: acumulação de ornamentação para transmitir numa ilusão de verticalidade; a torre
sineira como elemento independente, que reforça a verticalidade
20. Descreve os outros elementos formais da arquitetura barroca (planta, fachada, cobertura).
• Plantas retangulares (nave central alonga-se + naves laterais reduzidas a capelas abertas para o
espaço central), elíptico-transversais e elíptico-longitudinais
• Coberturas: abóbadas com contrafortes exteriores (com volutas); cúpula colossal ( céu) prolonga
harmoniosamente as paredes
• Fachadas: esquema renascentista e maneirista (corpo central rematado por grande frontão+
verticalidade); fachada com dois andares sobrepostos, com formas onduladas + irregularidade bizarra
21. Identifica alguns dos mais importantes arquitetos italianos da época.
22. Relaciona a arquitetura civil com a tentativa de afirmação do poder político e social.
A construção de palácios nas cidades e de villas por parte de reis, nobres e burgueses, foi expressão do
poder absoluto por parte dos reis, da importância social e política da nobreza e do poder económico
da burguesia.
• Palácios:
◊ planta em U ou duplo U ◊ Fachada: pilastras colossais, corpo central e portal com maior decoração,
frontarias em U ou em formas onduladas (esquema côncavo)
◊ Interiores: 1º andar (pinao nobile): sala de festas ao centro; galerias e escadarias a ligar os andares
(dois lanços simétricos)
• Villas:
◊ Diálogo com a natureza: jardins arquiteturais (escadarias, terraços, estátuas) e utilização de artifícios
cenográficos (bosques, grutas artificiais, pavilhões, labirintos)
24. Apresenta os aspetos da escultura barroca que a tornaram a forma de arte mais difundida da
época.
A escultura foi a arte mais praticada e difundida neste período porque foi associada à arquitetura e à
pintura, colocada isoladamente em praças e jardins ou sobre os mais variados objetos. As razões
devem-se à sua adaptabilidade a interiores e exteriores e às suas capacidades plásticas: a modelação
de volumes (realismo tridimensional), a dialética de contrastes (luz/sombra), o movimento e
expressividade, a cenografia das composições.
25. Descreve a função simbólica da escultura barroca, dos relevos e das esculturas de vulto
redondo, religiosas ou laicas.
A escultura foi utilizada pela Igreja na transmissão da fé e dos dogmas e no reforço da mensagem
espiritual, pelos Reis na manifestação pública do seu poder e na divulgação da ordem ideológica que o
fundamenta, e pelas famílias ricas como manifestação do seu individualismo e gosto pelo quotidiano.
• Perfeição das formas (anatomias de cânones renascentistas, mas de proporções mais esguias),
modeladas com pormenores de realismo e naturalismo levados ao exagero (grande rigor na execução
técnica)
• utilização dos panejamentos para dar volume e agitação à composição. • procura dos efeitos de
contraste de textura e de cor
• Escultura de vulto-redondo: nichos, consolas ou mísulas nas fachadas dos edifícios ou paredes
interiores; filas horizontais sobre os parapeitos das pontes e dos áticos dos edifícios, escadarias e
colunatas; estátuas-colunas sustentando tetos e entablamentos: atlantes (figuras masculinas) e
cariátides (figuras femininas); monumentos escultóricos, com mistura de estatuária, relevos e
elementos arquitetónicos: baldaquinos, retábulos e mausoléus
A escultura de Bernini (Apolo e Dafne, O Êxtase de Sta. Teresa de Ávila, David, Plutão e Proserpia), ao
captar o estado de alma da personagem com expressividade e dramatismo, pretendeu atrair os fiéis e
estimular a piedade e o culto, segundo os princípios tridentinos (Concílio de Trento). Temática
(exemplos):
• temas marianos;
• Posições em desequilíbrio
• contraste luz/sombra;
• Elevação do espírito
28. Relaciona a função da pintura barroca com as suas características gerais.
A pintura barroca, tal como as outras formas de arte nasceu em Itália e foi a aplicação dos princípios
propostos pela Igreja da Contrarreforma. A Igreja, através da sedução dos sentidos, tentou captar a
atenção e a fé das multidões, ao contrário do espírito racional que tinha caracterizado o
Renascimento. Daí que o objetivo da pintura barroca seja o deslumbramento, a surpresa, a encenação
e a luza, integrando um “espetáculo” que se queria total. Estes objetivos têm reflexos nas
características da pintura barroca: a irracionalidade, os contrastes, a exuberância, o dramatismo e os
ambientes grandiosos.
• Diversidade temática: temas religiosos, temas profanos, temas mitológicos, retratos, paisagens,
naturezas mortas
• Linha do horizonte delineada abaixo do normal para dar primazia aos elementos representados e
destacar as figuras representadas
• União plástica da luz/sombra e da cor para focalizar a atenção nos principais elementos da
composição (por vezes de forma artificial); os restantes elementos ficam diluídos na penumbra: a luz
rasante chama a atenção para determinadas zonas do quadro, orientando a leitura; a cor pura e cálida
tem como objetivo captar e sensibilizar o espectador
• O aspeto mais notável da sua obra é o tratamento da luz: a luz, rasante e descontínua, ilumina o
essencial da composição;
• acentua-se o contraste claro-escuro, ao pintar o fundo da tela com tons escuros – tenebrismo: a luz é
projetada sobre as formas, por vezes com violência, e em contraste intenso e brusco com as sombras;
as figuras e as cenas sobressaem num fundo sem fundo.
Nas paredes e nos tetos das igrejas e dos palácios foram utilizadas as seguintes técnicas:
- trompe-l’oeil - truques de perspetiva que criam uma ilusão ótica de objetos ou formas que não
existem realmente
- soto in sú – perspetiva vista de baixo para cima, transmitindo a noção de espaço místico
- Quadri riportati – Imitação dos quadros de cavalete inscritos nas paredes ou nos tetos
Arquitetura:
• Barroco exuberante: Alemanah (Palácio de Sanssouci, Palácio Zwinger), Áustria (Palácio Belvedere,
Igreja de S. Carlos Borromeo), Flandres (Praça de Bruxelas)
• Bélgica: Pieter Paul Rubens - formação em Itália; pintor oficial e diplomata mais influente da corte do
rei de Espanha nos Países Baixos; pintor da Europa da Contrarreforma; pintura requintada, sensual e
faustosa cor e forma); temas: retratos, temas religiosos e mitológicos
• Holanda: pintura executada em reduzidas dimensões, feita para casas de gente vulgar e comerciada
livremente, daí a sua grande diversidade temática (com destaque para os objetos e as jarras) e o
elevado realismo; William Heda, Jan de Heem, Jan de Vermeer, Franz Hals, Rembrandt e Jacob von
Ruysdael
• Espanha: presença forte do Barroco devido ao absolutismo régio e à forte ação da Contrarreforma
(Inquisição) – o século XVII como o “século de ouro” da arte espanhola
• Palácio de San Lorenzo do Escorial, mandado construir por Filipe II em 1562, como tentativa de
reproduzir o templo de Salomão e como forma de conciliar o poder divino e poder temporal; exerceu
influência sobre toda a arquitetura espanhola e até francesa
• Diego Vélasquez: pintor oficial da corte espanhola; composição cuidada (jogos espaciais reais e
imaginados); formas tratadas com pequenas manchas de cor com leitura apenas à distância; múltiplos
focos de luz; cariz fotográfico e humana
• Francisco Zurbarán: realismo das naturezas-mortas; temas religiosos tratados como assuntos
rotineiros e vulgares
• Bartolomé Esteban Murillo: elevado naturalismo, repleto de serenidade e suavidade, com quase
ausência de simbolismo
- Situação político-económica no século XVII: domínio filipino, Guerra da Restauração, Crise dinástica
(D. Afonso VI / D. Pedro III), Inquisição
- Período de esplendor no século XVIII (D. João V e D. José I): a afirmação do absolutismo régio e a
chegada do ouro do Brasil permitem o apoio às artes e à cultura