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DEFINIÇÃO

Apresentação do Barroco e do Rococó nas colônias latino-americanas e suas variações


estéticas na Europa e no Brasil.

PROPÓSITO
Fomentar o conhecimento da história da arte barroca e das variações do Rococó, estilos
presentes e influentes no Brasil, compreendendo seu vínculo com o contexto.

OBJETIVOS

MÓDULO 1

Identificar a formação dos movimentos artísticos Barroco e


Rococó

MÓDULO 2

Definir os estilos Barroco e Rococó

MÓDULO 3

Identificar as manifestações de Barroco e Rococó no Brasil

INTRODUÇÃO
Quando pensamos em arte no Brasil, em pleno século XXI, falamos do Barroco, estilo
artístico originado na Itália que, no país, assumiu a identidade de arte do ouro. Mas, a
palavra
que o designa vem de Portugal, onde barroco significa uma pérola irregular, de
valor inferior às esféricas, negociadas pelos portugueses nos séculos XVI e XVII na
cidade de Barokia,
Índia (SILVA, 1979, p. 362-363).

Fonte:Shutterstock
 A beleza
barroca está na sua imperfeição.

Na História, convencionamos a existência de períodos ou eras (como medieval ou moderno),


e na arte não seria diferente. Barroco é a arte que floresce no século
XVI e Rococó o
estilo artístico que o sucede. 

Entender a arte é compreender a forma dialógica como ela é construída ao


longo do tempo, já que na História Geral ou na da Arte, um período jamais substitui o
outro de forma
automática, há um diálogo constante entre os estilos artísticos. Por
isso, encontramos elementos medievais na era moderna, da mesma forma que encontramos
elementos barrocos
no estilo Rococó. 

O Rococó é um filho muito próximo do Barroco, e muito do segundo sobrevive no


primeiro, o que dificulta a diferenciação, já que as características e os gostos locais
– como no Brasil
– misturam ainda mais os dois elementos.

NESTE TEMA, O BARROCO SERÁ O GUIA E O ROCOCÓ SEU CONTRAPONTO, QUE


ESTUDAREMOS SEM TENTAR, ILUSORIAMENTE, CRIAR UM DISTANCIAMENTO QUE NÃO
EXISTE.

MÓDULO 1

 Identificar a formação dos


movimentos artísticos Barroco e Rococó

A HISTÓRIA DO MOVIMENTO ARTÍSTICO


O início de movimentos e estilos artísticos são estabelecidos a partir de uma obra
inovadora ou um acontecimento extraordinário. Essa é uma estimativa que nos permite,
como
estudiosos e pesquisadores, localizar esses estilos no tempo e no espaço.

O Barroco italiano não é dissociado do movimento de Contrarreforma da Igreja Católica.


Esse estilo vigoraria a partir dos fins do século XVI ao início do século XVIII,
atingindo o
apogeu no século XVII. Na França, o Barroco coincide com o reinado de Luís
XIV, entre 1643, ano de sua coroação, e 1715, ano de sua morte.

MAS, QUE MUNDO É ESSE?

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 Luís XVI e Sua Família,
Jean-Pierre Houël, 1711.

Seja bem-vindo ao Antigo Regime: os séculos XVII e


XVIII marcaram o auge da sociedade de cortes, dos grandes salões de
baile, de uma nova urbanidade, enriquecida como nunca
na história,
que criou e afirmou novos modos de vida. Seu ícone máximo é
a França. Mas, não é a única corte que ostenta luxos,
cultiva e difunde modas.

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 Carlos II da Inglaterra,
John Michael Wright, 1661-1662.

Na Inglaterra, os monarcas buscavam uma identidade e rompiam com as


tradições francesas.

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 O Príncipe-Eleitor da Prússia
Frederick William e sua esposa, Luise Henriette de Nassau,
Pieter Nason, 1666.

No Oeste, Áustria e Prússia criavam e valorizavam suas cortes, mais


ao oriente a corte do czar mostrava seu valor.

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 A entrevista de Luís XIV e
Filipe IV na ilha dos Faisões, Jacques Laumosnier, 1660.

No Ocidente, Espanha e Portugal tinham suas cortes, seus bailes e


casamentos. Era um mundo de poucos, mas visual e almejado para
muitos. Nesta obra, podemos observar o
momento em que o Rei Luís XIV
da França (1638-1715) conhece Filipe IV da Espanha (1605-1665) e sua
noiva, filha de Filipe, Maria Teresa (1638-1683).

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 Giulio De' Medici e Papa
Clemente VII, Sebastiano del Piombo e Raffaello Sanzio,
1478-1534.

E a Itália? A corte italiana era a mais tradicional


e mais antiga de todas: o papado. Ainda que as
formas variassem, o peso de sua riqueza e de seus luxos era
incomensurável.

O Barroco é filho da corte: religioso de um lado, amante do


luxo e da riqueza por outro. Um belo que primava por certo exagero, por um efeito que
não deixasse dúvida de sua
existência. 

O Rococó, francês, foi o estilo cultivado pela corte de Luís XV, com
início na regência (1715-1723) até a sua morte em 1774, chegando ao início do reinado de
Luís XVI. A casa
francesa vinculada aos Bourbon passava por um momento
de suas maiores dominações, que se estendiam ao reino espanhol e austríaco. Ainda por
casamento estavam presentes
no século XVIII na Inglaterra, em Portugal, e em uma série
de reinos menores. 

Depois dos tratados que geraram a Paz de Vestfália, foram encerrados


conflitos históricos entre casas reais – Habsburgo e Bourbon – e iniciado um momento em
que o novo sistema
internacional oferecia mais notoriedade aos Estados Modernos então
consolidados. Assim, as tradições culturais oriundas da França se disseminaram mundo
afora e permitiram que
houvesse obras barrocas da China às Américas.

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 Fachada da
Igreja de São Paulo (única parte da igreja que se encontra de pé), em Macau
(China). A UNESCO a classificou como Patrimônio Mundial da Humanidade.


SAIBA MAIS

A Paz de Vestfália foi composta por três tratados – Münster, hispano-neerlandês e Vestfália ‒, que definiram boa parte das fronteiras modernas da Europa e o
direito à soberania
dentro dessas divisas. Muitos autores consideram que a ideia
de Nação e suas relações estabelecidas na modernidade nascem da Paz de
Vestfália.

Os marcos eram mais nítidos nesses centros irradiadores, mas os dois estilos tiveram
sobrevidas em diversos lugares, principalmente na América Latina. Alguns historiadores
falam
em uma cultura barroca que resistiu ao tempo e se manifesta na contemporaneidade,
a exemplo de Omar Calabrese, em A idade
neobarroca, e Umberto Eco, em Obra aberta, com
a extensão do conceito de obra aberta do Barroco à contemporaneidade.

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 Paço
imperial, Rio de Janeiro.

OMAR CALABRESE

Omar Calabrese (1949-2012) foi um semiólogo italiano, premiado por seus trabalhos de
semiologia da arte. Doutor, atuou em universidades diversas da Europa e foi um dos
autores que explicaram a permanência do Barroco como arte ocidental.

UMBERTO ECO

Umberto Eco (1932-2016) foi um literato, filósofo e linguista. Catedrático de semiologia,


famoso por suas obras literárias – principalmente O Nome da Rosa – o autor se
destacou pelos estudos da arte.

Em Portugal e no Brasil, a maior atividade criativa do Barroco ocorreu no século XVIII,


especialmente na primeira metade, fomentado pelo rei D. João V (1689-1750). O Rococó
entrou
no mundo português na segunda metade do século XVIII, coincidindo com o reinado
de D. José I (1714-1777). 

A reconstrução de Lisboa, após o terremoto


de 1755, comandada
pelo ministro de D. José I, o Marquês de Pombal (1699-1782), foi realizada sob a
influência do Iluminismo, em que
elementos do Barroco se misturaram com o Rococó e mesmo
com o Neoclássico. No reinado de D. Maria I (1734-1816), o hibridismo entre Rococó e
Neoclássico foi dominante até a
ascensão do Neoclássico com D. João VI (1767-1826) e o
seu Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. É oportuno lembrar que o Barroco e o
Rococó sobreviveram por mais
tempo nas diversas localidades brasileiras, em muitos
casos, em uma negociação com a estética racionalista do Neoclássico.

RECONSTRUÇÃO DE LISBOA

Lisboa viveu um terremoto e um maremoto seguido por um incêndio que destruiu boa parte da
cidade e foi emblemático para o momento. Existe na internet uma simulação do
terremoto.
Vale lembrar que na época vivíamos o auge das Minas Gerais no Brasil e podemos afirmar
que o ouro brasileiro é o grande responsável pela reconstrução de Lisboa.

DEFINIÇÃO DE BARROCO E ROCOCÓ


Os termos Barroco e Rococó surgiram da avaliação
negativa, pejorativa, que os artistas e literatos de épocas posteriores fizeram do gosto
artístico predominante em cada um
desses períodos.

O conceito de Barroco, assim como o de Rococó, esteve por muito tempo associado ao mau
gosto, ao exagero e à irregularidade porque era entendido, erradamente, como uma
exacerbação. 

Na segunda metade do século XIX, com o avanço das pesquisas histórico-artísticas e


culturais, o Barroco passou a ser entendido como o estilo de um período em que artes e
cultura
se expressaram por meio de elementos comuns, mesmo fomentados por realidades
político-sociais diferentes, e o Rococó, quase sempre identificado como uma
radicalização do
Barroco, passou a ser distinguido como um estilo autônomo e
identificado com a vida da corte, especialmente, a francesa. 
Os artistas barrocos desenvolveram uma arte persuasiva, propagandística, empática,
mística, espetacular, dramática, e, nos Países Baixos, intimista. Estilo representativo
das
sociedades ocidentais que integraram o mundo globalizado pelo Colonialismo e
Mercantilismo intercontinental dos séculos XVI, XVII e XVIII.

SUBLINHA-SE COMO O ROCOCÓ VISAVA À GRAÇA, À


ELEGÂNCIA, AO REQUINTE, À ALEGRIA, AO
BRINCAR; E TAMBÉM AO BIZARRO, AO FANTÁSTICO,
AO EXÓTICO, AO PITORESCO, AO AFETADO, AO
EXUBERANTE. DE UMA MANEIRA MAIS FILOSÓFICA,
PROCURA-SE FAZER A DISTINÇÃO ENTRE O
ROCOCÓ E O BARROCO, QUE UTILIZARAM UM APARELHO
FORMAL E DECORATIVO PARA MUITOS
OBJETIVOS DIFERENTES E QUE MUITAS VEZES ESTIVERAM
PRESENTES, AO MESMO TEMPO, NO
MESMO PAÍS, ATÉ NA MESMA OBRA, NOTANDO-SE COMO O
ROCOCÓ PROCURAVA O BELLUM, OU
SEJA, O AGRADÁVEL, O REQUINTADO, O
DESENVOLTO, O SUTILMENTE SENSUAL, ENQUANTO O
BARROCO SE INCLINAVA PARA O
PULCHRUM, ISTO É, PARA O IMPONENTE, O SUBLIME, O PALACIANO,
O
GRANDILOQUENTE.

(CONTI, 1987, p. 3)

BARROCO E ROCOCÓ CONVIVEM, MAS


SE DISTINGUEM NOS PROPÓSITOS, NA
CONCEPÇÃO ESPACIAL, NO CROMATISMO, NAS
CARACTERÍSTICAS FORMAIS E NO
REPERTÓRIO TEMÁTICO E ORNAMENTAL.

BARROCO: CONTEXTO DE FORMAÇÃO


Variadas são as expressões da arte barroca, decorrentes das motivações sociais, da
liberdade de invenção, que impulsionaram os artistas a manipularem o repertório
ornamental
clássico, a introduzirem as inovações dos grandes mestres e a inventarem
novas soluções, constituindo tradições relacionadas com o ambiente artístico das
cidades, dos países e
das identidades formais desenvolvidas nas oficinas dos mestres.
Vejamos como essas identidades se constroem. 

Arnold Hauser (1972) distinguiu as principais motivações


político-religiosas para o fenômeno do Barroco. Na sua origem, a partir de Roma, o autor
denominou de Barroco das
cortes católicas; da Flandres e Holanda
identificou como o Barroco da burguesia protestante. Há ainda quem
especifique o Barroco gestado na França como o Barroco da
monarquia
absolutista. Este último modelo contribuiu diretamente para o surgimento do
Rococó. 

Diante de tamanho esplendor, muitas questões nos ocorrem:

Por que tantas igrejas Católicas em perímetros urbanos tão pequenos?

Qual a razão de uma ornamentação tão pomposa?

Não seria contraditório uma igreja de uma ordem como a franciscana, que faz voto de
pobreza, possuir um templo inteiramente de ouro, com móveis e objetos das melhores
madeiras e de metais e pedras preciosas?

O que dizem as cenas pintadas sobre tela, madeira e azulejos?

O que significam tantas imagens em inúmeros altares?

Por que o altar central é maior, mais elaborado e cercado de peças ricamente
trabalhadas? 

Para darmos respostas, é necessário recuarmos ao século XVI europeu e aos muitos
acontecimentos ocorridos que abalaram o antropocentrismo renascentista: 

Nicolau Copérnico (1473-1543) propôs


o heliocentrismo,
contradizendo o geocentrismo proposto por Ptolomeu (90-168 d.C.) e
Aristóteles (385-323 a.C.). Para ele, a Terra era um
dos planetas que
concluía sua órbita anualmente em torno de um Sol fixo e, diariamente,
em torno de seu eixo. Essa teoria foi publicada no livro Da
revolução de esferas celestes, em
1543, mas, antes disso, suas
ideias já se propagavam. Essa proposição, que não foi aceita por
unanimidade de imediato, ganhou força no final do século, mantendo-se
até hoje com
aprimoramentos de cientistas posteriores.


SAIBA MAIS

Vale pesquisar os argumentos em torno da dicotomia geocentrismo x heliocentrismo.

GEOCENTRISMO X HELIOCENTRISMO

A ciência antiga e medieval defendia a ideia de que a Terra era o centro do universo,
assim, Sol, Lua e estrelas giravam em torno dela. Essa imagem era interessante para a
Igreja como justificativa do homem e da Terra como a grande obra de Deus.

A partir de Galileu – obrigado a negar publicamente suas ideias – e Copérnico,


solidificou-se a ideia de que o Sol seria o centro do universo – atualmente, já
ampliamos esse
olhar. Esse valor é considerado renascentista, fundamentado no homem que
interpreta o mundo, e a tese é heliocentrista.

O QUE REPRESENTOU ESSA TEORIA PARA A AUTOESTIMA RENASCENTISTA?

A Terra, morada dos seres humanos, não era mais o centro do universo, mas apenas um dos
muitos planetas que giram em torno do Sol. Para se ter uma ideia do impacto científico
da proposição de Copérnico, basta investigar sobre os desdobramentos dela na obra de
Galileu Galilei (1564-1642) e Isaac Newton
(1643-1727). 

Os abalos nas convicções humanistas continuaram no século XVI com a


derrocada da República Florentina, modelo de governo irradiado pelo pensamento humanista
que
posicionou Florença como a segunda Roma republicana e pelo saque de Roma. Depois de
uma história de golpes e contragolpes, em 1532, o Papa Clemente VII
(1478-1534)
transformou a República Florentina em um ducado hereditário, instituindo
Alexandre de Médici (1510-1537) como duque. 

Contudo, o choque mais significativo para o surgimento da cultura barroca foi a cisão do
Cristianismo empreendida por Martinho Lutero (1483-1546), quando publicou em 1517, na
porta da Igreja de Wittenberg, Alemanha, em que era pároco, 95 teses.

Dentre elas, teses, como a de número 6, afetavam diretamente o poder que o papa tinha de
perdoar os pecados, resultando na venda de indulgências desenfreada na Alemanha
quinhentista para arrecadar mais dinheiro e suportar os gastos do Papa Leão X
(1475-1521) com as obras de arquitetura, urbanismo e artísticas que contribuíram para a
magnificência de Roma.

Convencionou-se, ao longo da história do Cristianismo, que o papado detinha “um tesouro de boas ações edificado pelos
apóstolos e pelos santos, juntamente com a vida pura de
Cristo” (COLLINS e PRICE, 1999.
p. 132).

Lutero propôs, também, uma única fé e uma única escritura, desencadeando um debate
teológico e um partidarismo popular, que finalizaram em sua excomunhão. 

AS TESES DE LUTERO DESTITUÍRAM A


AUTORIDADE PAPAL,

CONSTRUÍDA EM MAIS DE UM MILÊNIO DE HISTÓRIA.

A cisão da cristandade estava decretada. Lutero protestou no lugar certo e na hora certa,
atraindo para o seu lado o monarca, os camponeses e a burguesia, todos ávidos pela
dissolução do regime feudal, em que a Igreja Católica era a principal suserana. 

As ideias de Lutero se propagaram velozmente com a imprensa de


Gutemberg e o aumento das tiragens de livros, e a
circulação de imagens, facilitados pela gravura em metal.
Com o avanço da imprensa,
Lutero pôde publicar a primeira Bíblia em língua nacional (só existia em latim)
possibilitando sua leitura por todos, dispensando as interpretações dos
sacerdotes.

Diante da perda de fiéis para o Protestantismo, que logo teve lideranças em outros
países, como Inglaterra e França, conquistando reis e rainhas, o Papa Paulo III
(1468-1549)
convocou o Concílio de Trento, o qual ocorreu em
várias sessões entre 1545 e 1563. Uma Reforma Católica mais conhecida como Contrarreforma.

A última sessão do Concílio de Trento foi decisiva para a importância da arte na


configuração do templo católico:

HUMANISTAS

Movimento intelectual do século XV em que a valorização da razão foi remodelada e a


leitura do homem é o agente de transformação do universo.

95 TESES

Foram questionamentos diretos aos dogmas da Igreja Católica Apostólica Romana.

INDULGÊNCIAS

As indulgências eram documentos com selos papais que perdoavam total (indulgência
plenária) ou parcialmente os pecados daquele que as comprasse, podendo uma pessoa
comprar indulgência para um parente ou amigo já falecido. A propaganda da venda dizia
que, ao tilintar da moeda no cofre, a alma já se livrava do purgatório e alcançava a
salvação.

TESOURO DE BOAS AÇÕES

Esse tesouro dava aos papas o poder de absolver os pecados e, com isso, salvar as almas
do purgatório, estágio intermediário entre o Céu e a Terra, que servia para purificar
as
almas dos pecados, podendo a alma não os purificar e serem precipitadas para o inferno.
Essa ideia do purgatório alimentava a venda de indulgências, atividade que
manteve o
mercado aquecido na Alemanha do século XVI.
IMPRENSA DE GUTEMBERG

Significou a revolução da tecnologia de impressão – um modelo de tipos que multiplica a


possibilidade de as palavras circularem. Aumentam os leitores – diretos e indiretos –
com a facilidade de abandonar as cópias manuscritas para a impressão.

CONCÍLIO DE TRENTO

Concílio é uma reunião eclesiástica de clérigos da Igreja Católica. Era ecumênico e dali
saíam as decisões que deveriam nortear toda a Igreja Católica.

CONTRARREFORMA

Historicamente, a Contrarreforma é uma das muitas reformas da Igreja. Tem como princípios
o conservadorismo, e a busca de um retorno à Igreja verdadeira, mais rígida,
afastada dos modismos da
contemporaneidade.

Afirmou-se o culto das relíquias, a importância do culto dos santos como


intercessores entre os homens e Deus.

O papel pedagógico das imagens e o necessário decoro na representação dos


ícones.

A importância da Virgem Maria como a maior credenciada intercessora junto ao


seu filho Jesus e a seguinte recomendação.

Conflitos e guerras estimulados pelo antagonismo protestantes x católicos


desencadearam-se pela Europa causando a destruição sistemática do patrimônio artístico
nos lugares em
que as correntes protestantes vigoraram. Acontecimentos sangrentos de
matança ocorreram nos dois lados, notabilizando-se A Noite de São
Bartolomeu e a Defenestração de
Praga.

Todos esses acontecimentos misturavam-se à ansiedade de os artistas escaparem dos cânones


clássicos renascentistas e alcançarem uma liberdade de criação em que a emoção, o
sentimento, a expressão e uma comunicação empática se estabelecessem na obra de arte.

A NOITE DE SÃO BARTOLOMEU

Conflitos entre cristãos – católicos e protestantes – geraram um massacre na França,


orquestrado por reis católicos contra os movimentos resistentes de protestantes, em
1572.
Claro que existem controvérsias e debates. Se quiser conhecer um pouco mais sobre
o caso, veja a indicação na sessão Explore+.

DE UMA CONCHA SE FEZ O ROCOCÓ


A vida na corte de Luís XIV foi de tal maneira formalizada, que criou um modelo de vida
aristocrática de corte. A nobreza tinha que se ocupar e, para isso, era estabelecido um
calendário de atividades para o dia e para a noite. Entre bailes, caçadas, passeios nos
jardins, festas e galanteios, houve uma normatização das maneiras e dos procederes,
resultando na etiqueta.

Luís XIV morreu em 1715, e seu sucessor, o bisneto Luís XV (1710-1774), era menor de
idade e não pôde assumir o trono de imediato, ficando a regência a cargo de seu tio-avô
Filipe II (1527-1598). Ainda no período da regência, os nobres concentrados em Versalhes
foram dispersos. Não quiseram mais retornar aos gélidos castelos medievais nas suas
propriedades rurais. Preferiram construir palácios menores em Paris conhecidos como
“hotels”, mas exigiram dos arquitetos que esses palácios reproduzissem o luxo de
Versalhes.

Os arquitetos enfrentaram o desafio e criaram ambientes graciosos, aconchegantes e


requintados expressando as bases do novo estilo denominado de Rococó.

Fonte: Wikimedia.org
 Desenho
de uma concha, de Antoine Watteau.

O termo Rococó define o estilo artístico que surgiu na França, e tem sua origem em
determinada concha de formato assimétrico e filamentoso denominada rocaille, que
serviu de
inspiração para os ornamentistas criarem objetos e adornos. É
interessante apontar que os dois estilos provêm de elementos da
natureza.

Sem dúvida, o Rococó foi inspirado em conchas assimétricas, esgarçadas,


filamentosas e debruadas, desenhadas e estilizadas por pintores, como Watteau
(1684-1721), e por
muitos artistas da primeira metade do século XVIII, que
conceberam unidades ornamentais, conjuntos decorativos completos e toda sorte de objetos
a partir das estilizações e
fantasias inspiradas nessas conchas.

ETIQUETA

Conjunto de regras que distinguia os cortesãos dos demais mortais e girava em torno da
ovação do monarca supremo.

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 “Rocaille” ornamento
Rococó, de Riester Clerget.

O novo estilo se expressava menos pela pompa e mais pelo desejo de


conforto e elegância. Dessa forma, a ornamentação profusa e de
volumes dramáticos do Barroco foi
substituída pela delicadeza,
suavidade.

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 Interior Rococó da Igreja da
Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé - Centro - Rio de Janeiro -
Brasil.

Os entalhes e os estuques eram entalhados e moldados com pouca


saliência, os fundos passaram a ser pintados de branco ou de cores
suaves, com preferência para as tonalidades
baixas de azuis e rosas.
O douramento ficou restrito aos ornatos entalhados.

Wikimedia.org

O Amalienburg é um elaborado pavilhão de caça no terreno do


Ninfaenburg Palace Park, Munique, no sul da Alemanha. Foi projetado
por François de Cuvilliés (1695-1768) no estilo
rococó e construído
entre 1734 e 1739 para o eleitor Karl Albrecht e, mais tarde, o
Sacro Imperador Romano-Germânico Carlos VII (1697-1745) e sua
esposa, Maria Amália da
Áustria (1701-1756).

VAMOS DIFERENCIAR O BARROCO E O ROCOCÓ?

CARACTERÍSTICAS BARROCO ROCOCÓ

Principal evento histórico Contrarreforma Iluminismo


Foco de irradiação Itália França

Técnica inovadora Chiaroscuro Jogo de luz

Uso do dourado Douramento pleno Uso do branco com ornamento dourado

Público Cotidiano – dramaticidade como essência Nobreza – cultura de salão

O olhar para ambos acaba por gerar um entendimento melhor do que chamamos desdobramento.
O Barroco é popular, exposto, público. Está nas festas, nas ruas, nas pessoas e
influencia a revalorização da nobreza francesa em seu auge. Na sua identidade de
diferenciação, existe a apropriação dessa obra, dessa forma de sucesso, para que fosse
adequada
às elites, valorizando força e beleza e, ao mesmo tempo, adequando ao
refinamento e ao “bom gosto” que normalmente são apontados e valorizados. 

QUER ENTENDER MELHOR?

Vamos à pintura. 

O Barroco em Rubens traduz a modéstia e o jogo de luz de personagens


simples, da vida cotidiana. O contraste com o Rococó de Boucher traduz a opulência do
estilo, a sociedade
de corte, a mulher pujante e luxuosa substitui a camponesa contrita.

Fonte: Wikimedia.org
 Mulher
velha e menino com velas, Peter Paul Rubens, 1616-1617.

A professora Flávia Miguel – professora de História e


pós-graduada em História da Arte e Patrimônio – fala sobre a diferença entre o Barroco e
o Rococó.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. POR QUE FALAMOS EM CULTURA BARROCA?

A) Porque foi uma expressão renascentista.

B) Por se tratar de uma filosofia humanista.

C) Porque abrangeu os vários aspectos da expressão social da época.

D) Por ser antropocêntrica.

E) Por ser uma crítica a cultura da época.

2. O CONTEXTO DE FORMULAÇÃO DO BARROCO E DO ROCOCÓ DEVE SER RELACIONADO A DOIS FENÔMENOS HISTÓRICOS. QUAIS
SÃO ELES?

A) Consolidação das cortes e afirmação do Protestantismo.

B) Crítica a cortes e reformas da Igreja Católica.

C) Negação do humanismo e das manifestações de retorno do clássico.

D) Valorização da cultura das cortes e crise religiosa entre protestantes e católicos.

E) Por ser a era das Revoluções e a luta do povo.

GABARITO

1. Por que falamos em Cultura Barroca?

A alternativa "C " está correta.

A arte e a história se relacionam. Uma não vive sem a outra. Arte é uma manifestação humana e homens vivem no tempo, sempre que notamos uma manifestação artística é também
de um grupo diante de dada sociedade. O Barroco é uma reação ao Renascimento, dialoga com a filosofia humanista, mas se vê de forma contraditória entre seus preceitos e suas
negações, ainda que valorize o homem não expressa sua indiscutível centralidade.

2. O contexto de formulação do Barroco e do Rococó deve ser relacionado a dois fenômenos históricos. Quais são eles?

A alternativa "D ","E " está correta.

O Barroco expressa as contradições de uma sociedade, mesmo criticadas as cortes acabam sendo admiradas e repetidas como modelo. A religião entra em debate por conta de
Lutero e o desenvolvimento do Protestantismo de um lado e a reestruturação da Igreja Católica por outro.

MÓDULO 2

 Definir os estilos do Barroco e


Rococó

COMO A ARQUITETURA BARROCA SE FORMULOU?


Um pacto entre a Igreja Católica e as potências coloniais da época garantiu a ação
catequética na porção do mundo colonizada por espanhóis e portugueses. A Companhia de
Jesus
foi incumbida especialmente para a conversão dos povos nativos das Américas e dos
consolidados Impérios do Oriente e todo povo não cristão católico.

Fonte: Wikimedia.org
 Igreja de
Jesus, Roma, 1568-1580, sede da Companhia de Jesus. / Igreja do Colégio da
Companhia de Jesus, 1672, Salvador, Bahia (atual Catedral da Sé Primacial).

Couberam aos jesuítas as inovações arquitetônicas que inauguraram a linguagem maneirista


na arquitetura. O arquiteto Giacomo Vignola interpretou as
necessidades da catequese
jesuíta e concebeu a igreja da sede da Companhia, em Roma, como uma igreja de
nave
única, contrariando o modelo medieval de três naves. Uma igreja com salão
único prendia
a
atenção dos fiéis e aumentava o controle dos sacerdotes sobre o comportamento deles,
facilitando a fruição dos ensinamentos morais a partir do púlpito.

No plano exterior, o modelo dos jesuítas inaugurou um uso mais livre dos
elementos da arquitetura clássica (colunas, pilastras, frontões, cornijas etc.), que
passaram a ser usados
não apenas para cumprir as utilidades, como a sustentação (colunas
e pilastras) e a prevenção de derrame de água das chuvas sobre a parede (função das
cornijas); mas também
passaram a contribuir para a dinâmica e beleza, funcionando como
ornamento e como jogos de volumes que imprimiam dramaticidade à fachada.

Fonte: Wikimedia.org
 Planta
baixa da Igreja de Jesus, Roma.

Em Roma, as obras criaram um novo urbanismo, os edifícios monumentais se concentravam nas


praças, as ruas convergiam para essas praças e, no centro delas, uma enorme fonte
de
água com muitas esculturas passou a deslumbrar o transeunte: o elemento surpresa foi
inserido no traçado urbano romano e serviu de modelo para o mundo ocidental. Dois
arquitetos se notabilizaram: Francesco
Borromini e Gian Lorenzo
Bernini.

GIACOMO VIGNOLA

Giacomo Barozzi da Vignola (1507-1573) estudou arquitetura e pintura em Bolonha.


Importantes artistas da época, como Sebastiano Serlio (1475-1554) e
Baldassare Peruzzi
(1481-1536), eram os principais pintores
perspectivistas da época, e ambos tinham migrado da pintura à arquitetura e tiveram
grande influência sobre a formação de Vignola.
Fonte: EBAD.

FRANCESCO BORROMINI

O artista Francesco Borromini (1599-1667) movimentou a estrutura dos


edifícios, tornou curvas e contracurvas as paredes das fachadas e dos interiores,
decorou com formas
complexas e de grande profundidade as cúpulas das igrejas que
projetou. A arquitetura de Borromini ficou conhecida como borromínica.

GIAN LORENZO BERNINI

Gian Lorenzo Bernini (1598-1680) foi o arquiteto oficial do Papa, assim, dotou a sede
papal de edifícios repletos de esculturas e de elementos urbanísticos, como a colunata
de
São Pedro, adensou a decoração dos templos e palácios com uma ornamentação expressiva
baseada em concheados e volutas acânticas, sem desprezar o repertório clássico.
Como
também era escultor, Bernini criou peças para pontes e logradouros de Roma com força
expressiva, dinâmica e dramaticidade. Nessa arquitetura barroca, usou-se, com
frequência, a ordem colossal, em que as colunas têm altura de dois ou mais pavimentos.

Fonte: Wikimedia.org
 A Praça de
São Pedro vista do alto da Basílica, no Vaticano, arquitetada por Gian
Lorenzo Bernini.

A ESCULTURA BARROCA
Os escultores do Barroco criaram uma movimentação das figuras sem precedentes na
história da arte: a abordagem renascentista privilegiava o olhar frontal, a
peça podia ser
vista nas suas três dimensões, frente, lado e costas; mas as posturas,
mesmo que indicassem movimento, eram estáticas.

No Barroco, os corpos adquirem torsões dramáticas que enriquecem as visualidades da peça


constituindo em experiências diversas o olhar a partir de múltiplos ângulos. Para tanto,
era escolhido o momento de maior tensão dramática da narrativa:

Fonte:Shutterstock
 David, Michelangelo, 1501-1504.

Miguel Ângelo escolheu representar


o Davi vigoroso, com o propulsor na mão, determinado a matar o gigante Golias.

Fonte:Shutterstock
 David, Gian Lorenzo Bernini,
1623-1624.

Bernini representou Davi no ato do arremesso da pedra no gigante


Golias, que pode ser qualquer um que esteja na sua frente.

MIGUEL ÂNGELO

Miguel Ângelo ou Michelangelo (1475-1564), envolvido em situação embaraçosa, foi


protegido pelo papa e contratado para pintar um dos mais famosos tetos da história da
Igreja.

É uma arte que inclui o observador e não mais delimita seu espaço como
se fazia no Renascimento; o espectador é testemunha ocular do acontecimento. A
movimentação da
figura que se fazia tendo por base a linha serpentinada, helicoidal,
criava uma tensão entre claro e escuro, zonas mais iluminadas, outras menos ou
totalmente escurecidas. É a base
do conceito de obra aberta aprofundado na produção de
Umberto Eco.

Fonte:Shutterstock
 O
Êxtase de Santa Teresa, Gian Lorenzo Bernini, 1647-1652.

Para intensificar a comunicação emocional, os escultores cuidavam de representar o


sentimento do personagem esculpido. Os artistas, no desenho, estudavam a fisiologia das
paixões, ou seja, as reações anímicas dos humanos diante das situações (alegria,
tristeza, dor, prazer, piedade, desespero etc.).

No Renascimento, isso era evitado para o bem da harmonia e da sobriedade da obra. A


representação dos sentimentos através da fisionomia potencializava as emoções que o
artista
pretendia comunicar e desencadear em sua obra.

Fonte:Wikimedia.org
 As estátuas antigas de Atlantes, no museu Hermitage, em São Petersburgo, Rússia.

AS NARRATIVAS DA PINTURA
O historiador da arte suíço Heinrich Wölfflin foi um dos pioneiros na
valorização do Barroco e difusor do método formalista. Criou cinco pares de oposição
entre a pintura
renascentista e a barroca:

HEINRICH WÖLFFLIN

Heinrich Wölfflin (1864-1945) foi autor de história da arte e considerado um dos que
ajudam a delimitar as classificações adotadas e misturas em regiões diversas.

O nascimento de Vênus, Sandro Botticelli, 1485-1486. Fonte: Wikimedia.org

RENASCENTISTA

Linear

Unidade

Plano

Forma aberta

Iluminação aberta

Incredulidade de São Tomé, Caravaggio, 1599. Fonte: Wikimedia.org

BARROCA

Pictórico

Pluralidade

Profundidade

Forma fechada

Iluminação pontual

COMO NO MUNDO OCIDENTAL O ANALFABETISMO


ERA GRANDE, O CONCÍLIO DE TRENTO
REAFIRMOU A TRADIÇÃO DO USO PEDAGÓGICO DAS IMAGENS
AMPLIANDO SEU PAPEL
NA EVANGELIZAÇÃO.

Os pintores se incumbiam da composição de cenas das narrativas bíblicas, da vida de


Jesus, da Virgem Maria, de São José e dos santos; produziam alegorias, paisagens,
história
dos feitos e das conquistas de reis e rainhas, retratos, naturezas-mortas,
figuras e cenas da mitologia greco-romana.

Fonte: Wikimedia.org
 A
Assunção da Virgem Maria, Peter Paul Rubens, 1625, na Catedral de
Antuérpia.

As características estilísticas do Barroco, que já vimos na arquitetura e na escultura,


manifestavam-se com maior intensidade na pintura; e o modelo italiano, mas não só,
espalhou-se
pelo Ocidente por meio da gravura em
metal.

GRAVURA EM METAL

Fonte: Unsplash.com
 Relógio de
bolso antigo com detalhes barrocos no metal.

Essas gravuras eram em preto e branco, não havia informações das cores, e os pintores
contribuíam com sua paleta, também definida pelo gosto barroco.

O modo de compor renascentista foi inteiramente modificado, quando comparamos ao Barroco:

O pintor passou a abordar o tema pelo seu acontecimento mais dramático;

As figuras eram pintadas com uma movimentação em linhas diagonais e espiraladas, que
remetiam ao infinito;

Os corpos das figuras se entrelaçavam, alcançando uma unicidade compositiva


diferente da multiplicidade de personagens típica do Renascimento;

A luz iluminava com intensidade o motivo principal e esmaecia nas adjacências até a
escuridão profunda do fundo, revelando parcialmente as figuras.

Fonte: Wikimedia.org
 The
procuress, Gerard Van Honthorst, 1625.

Essa técnica ficou conhecida como chiaroscuro e teve grande influência na


pintura barroca em diversos lugares do mundo.

A iluminação teatral intensificava a sensação de que a cena se passava no espaço do


observador;

As cores eram quentes (vermelhos, laranjas, amarelos) e contrastantes;


Havia um empenho grande na reprodução das texturas e dos brilhos dos tecidos, mas a
pincelada era solta, não mais limitada pelo desenho, e podia ser empastada. 

Os limites do suporte (tela, madeira etc.) eram desfeitos, de maneira que partes das
figuras ou de outros elementos da composição apareciam interrompidos, induzindo a
pensarmos
que havia uma continuidade no espaço ocupado pelo observador, aumentando a
sensação de participação do acontecimento pintado. Pintores como Rubens levaram essa
técnica ao
nível da excelência, como podemos perceber na obra O rapto das filhas de
Leucipo.

Fonte: Wikimedia.org
 O rapto
das filhas de Leucipo, Peter Paul Rubens e Jan Wildens, 1617-1618.

A pintura mais espetacular concebida no período Barroco é a de tetos em perspectiva


criada pelo jesuíta Andrea Pozzo. Trata-se de uma pintura ilusionista que simula a
abertura dos
tetos de igrejas e palácios, com pinturas de elementos arquitetônicos e
muitas figuras em voo ascendente até o infinito do céu com suas nuvens.

Fonte: Shutterstock
 A
Apoteose de Santo Inácio, Andrea Pozzo, 1688-1694.

A formulação dessa pintura utilizou as regras matemáticas da perspectiva com ponto de


fuga central, da perspectiva aérea, em que as cores vão esmaecendo conforme as figuras
se
distanciam; os corpos das figuras foram representados a partir do ângulo de visão de
quem está no chão; com sistema de correção ótica (deformações de elementos e das figuras
para favorecer uma visão correta à distância do observador). A sensação desses tetos é
apoteótica. Neles, os santos e anjos se elevam em glória, ao encontro do reino
celestial.

Na França, os pintores deram especial atenção à figuração dos personagens da Comédie


Française, um gênero teatral que tratava de temas engraçados e divertidos, com
personagens trapalhões, como o Arlequim, e apaixonados, como o Mezzetin.

Fonte: Wikimedia.org
 Mezzetin, Jean-Antoine Watteau,
1718-1720.


SAIBA MAIS

Os personagens citados e outros, como camponesas,


casais de enamorados e danças, foram reproduzidos nas figuras de
porcelana conhecidas como biscuits, que povoaram as
cristaleiras e os
móveis das casas brasileiras até a primeira metade do século XX.

Fonte: Wikimedia.org

O BARROCO DA BURGUESIA PROTESTANTE


Ao contrário das cortes católicas, nos lugares em que o Protestantismo predominou, em
suas várias vertentes, os templos não eras dotados de decoração ou de imagens
esculpidas,
ou pintadas, afinal a Reforma Protestante se afirmou repudiando o culto das
imagens, dos santos e das relíquias. A presença das artes nos ritos protestantes se
restringiu à música
instrumental, ao canto coral e à oratória. Entretanto, os artistas
continuaram a existir e a viver da arte da pintura e da escultura.

Na Holanda do século XVII, o gosto de uma classe média endinheirada com o sucesso das
companhias marítimas comerciais, como a Companhia das Índias, fez surgir, pela primeira
vez, um mercado de arte no qual os pintores ofereciam suas obras de temáticas variadas
ao público, que passou a adquiri-las para suas casas.

A preferência desse público ditou a produção dos artistas e fez com que eles se
especializassem em determinados temas, aqueles que mais vendiam. Desenvolveu-se, assim,
a
pintura de paisagens, de naturezas-mortas, os retratos, as cenas do interior das casas
com os personagens nos seus afazeres diários, cenas campestres e marinhas.

O QUE MAIS INTERESSA A ESTA ARTE SÃO OS


BENS QUE SE ENCONTRAM NA POSSE DO INDIVÍDUO,
DA FAMÍLIA, DA COMUNIDADE E DA NAÇÃO:
SALAS E PÁTIOS, A CIDADE E OS ARREDORES, A
PAISAGEM LOCAL E O CAMPO LIBERTADO E
GANHO. MAS AINDA MAIS TÍPICO, NA ARTE HOLANDESA,
DO QUE A ESCOLHA DO ASSUNTO É O
NATURALISMO ESPECIAL PELO QUAL SE DISTINGUE, NÃO SÓ
DO BARROCO GERAL EUROPEU – COM
AS SUAS ATITUDES HEROICAS, A SUA SOLENIDADE AUSTERA
E MUITAS VEZES RÍGIDA, O SEU
SENSUALISMO IMPETUOSO E EXUBERANTE, MAS TAMBÉM DE TODOS
OS ESTILOS PRIMITIVOS
BASEADOS NA FIDELIDADE À NATUREZA

(HAUSER, 1982, t. 1, p. 606)

Nesse cenário, as demandas artísticas não estavam concentradas nas hostes eclesiásticas
ou na realeza, mas em uma classe média de cultura variada e de organizações, como
grêmios e corporações de ofícios, que encomendavam e se eternizavam nos retratos de
grupos. O gosto burguês se projetou na produção pictórica holandesa, onde se destacaram
muitos pintores, como:

 Paisagem com Diana e


Calisto, Cornelis van Poelenburgh, primeira metade do século
XVII.

CORNELIS VAN POELENBURGH (1594-1667)

 Deus responsabiliza Adão e


Eva, Adrien van der Werff, 1717.

ADRIEN VAN DER WERFF (1659-1722)

 A ratificação do Tratado de
Münster, Gerard ter Borch, 1648.

GERARD TER BORCH (1617-1681)


 Dois soldados jogando cartas e
uma garota enchendo um cachimbo, Pieter de Hooch, 1657-1658.

PIETER DE HOOCH (1629-1684)

 Mulher de azul lendo uma


carta, Johannes Vermeer, 1663-1664.

JOHANNES VERMEER (VERMEER VAN DELFT) (1632-1675)

 Mulher no banheiro, Jan Steen,


1655-1660.

JAN STEEN (1626-1679)

 A Ronda Noturna, Rembrandt,


1642.

REMBRANDT (1606-1669)

O PALÁCIO E O BARROCO DA MONARQUIA ABSOLUTISTA


Na maioria dos países da Europa, os palácios, tanto quanto as igrejas, eram alvo de
projetos magníficos e decorações diferenciadas que os transformavam em símbolo do poder,
da
riqueza e importância de seus proprietários e moradores, fossem eles reis, nobres e
ricos burgueses.

Fonte: Unsplash.com
 Palácio de
Versalhes.

Na França, o rei Luís XIV projetou o seu modo de governar, conhecido como Absolutismo, na
grandiosidade e no luxo do Palácio de Versalhes. A escolha da localidade, nos arredores
de Paris, onde havia um pavilhão de caça gracioso, mas modesto, norteou-se pelo desejo
de estabelecer uma vida que mesclasse o requinte urbano aliado a uma natureza
domesticada pelos jardins.

Fonte: Shuterstock
 Interior do
Palácio de Versalhes.

Era um lugar em que nada faltava para a nobreza francesa, que, em torno do Rei Sol e
vivendo no palácio, passou a ser controlada, evitando-se, com isso, as costumeiras
intrigas e
sublevações contra o rei.

Versalhes foi, ao longo dos anos, ganhando grandiosidade e beleza nunca vistas em uma
morada real, passou a ser referência de palácio e impressionava as delegações
diplomáticas dos vários países. Luís XIV empregou os melhores engenheiros, arquitetos,
pintores, escultores, paisagistas, jardineiros e a indústria artesanal para dotar o
palácio do
melhor que havia na França. A arte foi posta a serviço de um projeto
de poder e da propaganda de sua grandiosa nobreza.

Fonte: Shuterstock
 Iluminação
noturna do Palácio de Versalhes.

 DICA

A série televisiva Versailles, de Simon Mirren e David


Wolstencroft, expõe a construção desse modelo de poder centrado no palácio como
morada de toda a corte.

O PALÁCIO ROCOCÓ: LUXO E ILUMINISMO


Se os palácios europeus desse período tinham no Barroco um símbolo de suntuosidade, os
palácios que se seguirão a este estilo primavam pela elegância. Nunca é demais lembrar
que toda arte é uma representação da sociedade e, por isso, muda de acordo com desejos,
vontades, novas estéticas e novas crenças.

 O rei
Frederico II (centro), em Sanssouci, com Voltaire (esquerda) e os principais
cientistas da Academia de Ciências de Berlim, Adolph Menzel, 1850.

O Barroco, vinculado à Igreja e ao Absolutismo, deu lugar ao Rococó, símbolo dos palácios
dos déspotas esclarecidos, governantes que se guiavam pela razão tão intensamente
defendida pelos iluministas. Esses reis filósofos construíram seus palácios buscando
arquitetura e ornamentação que remetessem à elegância e à riqueza dos grandes salões de
baile, sem o excesso que caracterizava o Barroco, o qual passou a ser visto como símbolo
de atraso e obscuridade, “arte de igreja”.

 Interior do
Salão de Victória, na Alemanha.

A pintura que representa o palácio rococó do Rei Frederico II da Prússia traz duas
questões importantes: uma se refere ao fato de todos estarem reunidos em um ambiente
rococó.
Outra por mostrar que são reis e filósofos debatendo em uma clara rejeição a uma
ideia obscurantista ou religiosa que predominava na linguagem estética barroca.

Fonte: Shutterstock
 Palácio
Eszterháza.

Dois outros grandes exemplos de palácios rococó fogem dessa perspectiva ocidental
clássica. Além da Prússia, vemos exemplares significativos na Hungria e na Rússia. Na
Hungria,
o maior monumento rococó é exatamente o do Palácio Eszterháza e, na Rússia,
destaca-se o Palácio de Verão de Catarina, a Grande.

Fonte: Shutterstock
 Palácio de
Verão de Catarina, a Grande.

MAS, ENGANA-SE QUEM PRENDE


UM ESTILO ARTÍSTICO A UM ÚNICO USO.

O Rococó, independentemente de ser um estilo ligado a um racionalismo, não deixou de ser


usado em igrejas, sobretudo como elemento decorativo. No Rio de Janeiro, a Igreja
Matriz
de Santa Rita traz, em seu interior lindamente rococó, esse exemplo, indicando que a
arte é livre e não pode ser meramente caracterizada por onde ou como é utilizada.

Veja o vídeo:

A ÓPERA BARROCA
O fenômeno Barroco pressupõe a manifestação integrada de todas as artes e, não por acaso,
na sua vigência foi desenvolvido um novo gênero artístico: a ópera.

A ópera foi inspirada nos rituais religiosos ocorridos nas igrejas Católicas barrocas em
qualquer lugar em que o catolicismo tridentino esteve presente. A arquitetura oferecia
aos fiéis
interiores exuberantes, em que escultura, pintura, mobiliário e obras de
serralheria ordenavam o espaço em um frenesi ornamental identificado na expressão, em
latim, horror vacui
(horror aos espaços vazios).

Essa ornamentação envolvente movimentava o espírito do fiel desde que penetrava nos templos
e ainda hoje maravilha a todos que neles adentram. Os rituais religiosos que se
processavam na liturgia tridentina eram repletos de solenidade, teatralidade e
performance ao som da música do órgão, do canto coral polifônico e dos odores
característicos, em que
o cheiro do incenso purificava, evocando o cheiro da casa
celestial.

Fonte: Shutterstock
 Ópera de
Paris.

Os sacerdotes, trajando seus paramentos bordados a ouro ou prata, com motivos semelhantes
ao da talha, e também reproduzidos na pintura, imprimiam teatralidade a seus gestos
para
que os fiéis se convencessem da verdade de seus atos e dizeres; a literatura estava
presente nos sermões recitados a partir dos púlpitos, e entraram para a história de
muitos
países.

Essas eram óperas regulares, ocorridas com maior ou menor pompa, segundo requeria o
evento, expressando-se na rua pelas procissões religiosas. Delas, ficaram partituras de
missas cantadas ainda reproduzidas pelas orquestras e corais; peças literárias que ainda
deleitam seus leitores, mas muito se perdeu da arte efêmera concebida em papel, madeira,
entre outros, que compunham as alegorias, os andores e a decoração de ruas e do próprio
templo.

ÓPERA

Nesse tipo de espetáculo, todos os artistas contribuem para o acontecimento em que


arquitetura, escultura e pintura se encontram nos cenários, na iluminação, nos figurinos
e
nos adereços; a engenharia, nas engrenagens que movimentam os cenários e fazem jorrar
água nas fontes, e simulações de tempestades; o teatro, na interpretação dos
personagens; a música, no acompanhamento instrumental (orquestral) e no canto dos
personagens, já que as falas são cantadas; a dança, nos vários momentos em que elas
acontecem em contextos de festas, bailes, danças folclóricas; e a literatura, no libreto
que traz o roteiro e o argumento da narrativa da ópera, em drama, tragédia, amor,
paixão,
vida, morte e desespero, dão a cor emocional ao enredo.

AS FESTAS BARROCAS
O caráter espetacular do Barroco se manifestava nas festas, entendidas aqui como
comemorações de datas cívicas, religiosas, acontecimentos reais e exéquias.

Essas festas eram elaboradas com antecedência, e os artistas eram ocupados em planejar
cenários, alegorias, adereços, indumentária e acontecimentos que surpreendessem pela
pompa e pelo inusitado.

As principais festas sacras estavam relacionadas aos dias dos padroeiro(a)s, comemorados
com procissões esplendorosas. As comemorações reais também causavam grande
impacto,
começando pela riqueza gastronômica da mesa e dos objetos de ouro, prata e porcelana,
até a música especialmente composta para a ocasião pelos grandes mestres da
música
ocidental, cujas características se assemelhavam aos das artes visuais, com o uso
abundante de ornamentos, polifonia e interpretações com variações emocionais.

O maior exemplo de sobrevivência da tradição barroca são as procissões da Semana Santa


que ainda ocorrem na cidade espanhola de Sevilha.

PINTURA BARROCA X PINTURA ROCOCÓ


No Barroco e no Rococó, a pintura teve papel importante, era o principal e privilegiado
meio de narrar a história, registrar figuras, fixar a fisionomia dos indivíduos e
representar a
realidade. Há, contudo, diferenças significativas entre as pinturas
barroca e a rococó:

REQUISITOS BARROCO ROCOCÓ

Preferência às narrativas religiosas, mitológicas, históricas e Privilegiava temas relacionados com os prazeres da vida, festas campestres,
jogos
Narrativa dramáticas,
abordadas no momento crucial da ação, ou seja, e brincadeiras, narrativas mitológicas, personagens da Comédia de Arte
e a
aquele mais tenso e
animicamente movimentado. vaidade feminina, abordados de maneira elegante e suave.

Cores O cromatismo barroco fixava-se na tensão, no contraste forte de Tonalidades alegres e baixas, os famosos tons pastéis de azul, amarelo,
cor-de-
tons e na
busca da representação para além do realismo, ou seja, rosa, acentuando a leveza e elegância dos temas em pinceladas
cuidadosas que
a realidade era exacerbada para
convencer o fruidor e envolvê-lo revelavam as texturas dos materiais, o brilho das sedas, o
frescor da pele.
emocionalmente.

O décor barroco explorava os recursos das pinturas e de suas O plano ornamental rococó diminuiu a importância da pintura parietal em
função
reproduções na tapeçaria. Não havia no plano Barroco um cuidado de outros elementos decorativos, como os espelhos e suas caprichosas
molduras,
Composição especial,
como no Rococó, com a integração pelo ornamento das o mobiliário constante de móveis de encosto e o uso de uma pintura
decorativa
paredes com os tetos e
com os demais elementos, por menores com motivos orientais integrados aos estuques, às talhas e demais
pinturas de
que fossem. ornatos.

Uso do
Douramento pleno Uso do branco com ornamento dourado
dourado

Público Cotidiano – dramaticidade como essência Nobreza – cultura de salão

ELEGANTE E SUAVE

Afinal, era um estilo feminino que refletia a vida da corte preenchida de divertimentos,
caçadas e galanteios.

REALIDADE ERA EXACERBADA

Matthias Grünewald (1470-1528) foi quem primeiro representou o Cristo flagelado e


crucificado com as carnes machucadas, hematomas, o sangue escorrendo em
abundância
por todo o corpo, e a carne já em processo de deterioração.
Representação tão diferente da renascentista, muito impactou a sociedade da
época.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. SOBRE A CARACTERIZAÇÃO DO BARROCO, É NECESSÁRIO COMPREENDER A SUA RELAÇÃO COM AS CORTES CATÓLICAS.
ASSINALE A CARACTERÍSTICA QUE MELHOR ESTABELECE ESSA RELAÇÃO:

A) Ser uma expressão da burguesia protestante, logo, crítica às cortes católicas.

B) Ser uma arte que apontava a contradição das cortes escravistas, suntuosas e exageradas nas capitais com os centros pobres na periferia.

C) Ser uma arte religiosa, grupo que legitimava os reis, expressando o sentimento religioso que marcava as cortes.

D) Ser um ícone de poder a partir dos palácios e pinturas, principalmente.

2. A PINTURA BARROCA NOS TEMPLOS CATÓLICOS CUMPRIU A FUNÇÃO PROGRAMADA DE:

A) Embelezar a Igreja para o deleite dos fiéis.

B) Narrar as histórias sagradas, evangelizando a massa de analfabetos.

C) Suprir a necessidade de trabalho dos pintores.

D) Retratar as paisagens locais.

GABARITO

1. Sobre a caracterização do Barroco, é necessário compreender a sua relação com as cortes católicas. Assinale a característica que melhor estabelece essa relação:

A alternativa "D " está correta.

Poder é símbolo. O crescimento dos centros de poder solidificou a necessidade de que esse poder precisava ser reconhecido, fosse pela Igreja, fosse pelas monarquias – aqui nosso
objeto. A suntuosidade e o poderio da arte barroca e mesmo de seu desdobramento no Rococó marcam a iconografia de poder.

2. A pintura barroca nos templos católicos cumpriu a função programada de:

A alternativa "B " está correta.

O Barroco não rompeu com funções medievais da arte, pois, ainda que começassem a sair das igrejas, lá era o espaço esperado. Nos tetos e na arquitetura, percebia-se o valor da
construção imagética; o peso de sua vivência e suas histórias buscavam mostrar e – principalmente – legitimar o valor da imagem como ícone católico em contraposição à crítica
protestante nas representações.

MÓDULO 3

 O
contexto do Barroco no Brasil

No século XVII, no Brasil a mais importante das colônias portuguesas na América – foram
descobertas as primeiras jazidas de ouro e diamantes nas regiões das Minas Gerais. O
resultado foi a consolidação do enriquecimento português; problemas de desvios e redução
das remessas faziam Portugal intensificar as cobranças de impostos.

O fluxo intenso de ouro transformou a economia de Portugal e, por conta das trocas
mercantis entre os reinos, de toda a Europa. Contribuíram para isso o afluxo de
mercadorias, o
intenso tráfico de africanos escravizados, o crescimento de cidades
distantes dos portos como Vila Rica – atual Ouro Preto. Histórias fantásticas, como a do
Rei Africano – Chico Rei
– que se tornou Francisco e um grande explorador de ouro ou,
ainda, de Chica da Silva, marcaram a rápida e intensa transformação da colônia, onde o
ouro se tornaria o centro da
economia.


SAIBA MAIS

Vila Rica, Diamantina, Tiradentes também mudaram


o Brasil: o porto mais importante saiu de Salvador para o Rio de
Janeiro, que se tornou a capital do país. Por isso, depois de
Minas Gerais, Rio
de Janeiro e Salvador são os grandes centros de Barroco no Brasil.

Fonte: Shutterstock
 Fachada da
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, Ouro Preto – MG, 1765-1774.

Aqui, não havia o receio do exagero, da procura por mais formas; era uma busca constante
para reafirmar poder. O momento de crise do ouro não diminuiu em nada essa busca, pelo
contrário, na tentativa de afirmar normalidade, foi o momento de crescimento da
arquitetura, em especial a eclesiástica. Se, no mundo, o Rococó foi tido como um
exagero, um ato
final da monarquia francesa, no Brasil ele se tornou a prática, afinal,
era um jeito de nos aproximarmos da França.

VAMOS
EXEMPLIFICAR ALGUMAS MANIFESTAÇÕES ARTÍSTICAS

DO BARROCO E DO ROCOCÓ NO
BRASIL.

ARQUITETURA BARROCA NO BRASIL


A ordem jesuíta, uma das mais significativas que ocuparam o Brasil, foi, em certa medida,
responsável pela expansão do estilo Barroco. A Ordem era um instrumento da
Contrarreforma e nada mais natural que adotasse em suas grandiosas construções o estilo
característico deste movimento, não só no Brasil, mas em toda a América Latina.

O modelo jesuítico foi predominante na maioria das igrejas construídas no Brasil até
princípios do século XX. A estrutura permanecia a mesma, mas os ornatos de portas e
janelas, do
frontão e dos arremates de torres foram ganhando as marcas das várias fases
do Barroco, do Rococó e do Neoclássico.

Fonte: Wikimedia.org
 Igreja do
Colégio da Companhia de Jesus, 1672, Salvador, Bahia (atual Catedral da Sé
Primacial).

O modelo do urbanismo Barroco de Roma difundiu-se em Portugal e nas colônias:

Concentrando o tratamento artístico nas igrejas, fontes, pontes e nos oratórios;

Teatralizando as cidades com as ruas estreitas, enladeiradas e a dinâmica visual dos


telhados e volumes das casas;

Destacando as igrejas nos terrenos mais altos, com suas torres vistas a grande
distância e capazes de comunicar todo tipo de acontecimento por meio das badaladas
de seus
sinos.

A arquitetura borromínica foi desdobrada na obra de Guarino Guarini


(1624-1683) e repercutiu em Minas Gerais, Mariana e Ouro Preto, cujos exemplares mais
significativos são: A
Igreja da Ordem Terceira de São Francisco e a da
Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, ambas em Ouro Preto.

Fonte: Wikimedia.org
 Igreja da
Ordem Terceira de São Francisco e Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do
Rosário dos Pretos, Ouro Preto, MG.

ESCULTURA BARROCA BRASILEIRA


Nos países católicos, as imagens da Sagrada Família e dos santos incorporaram artifícios
miméticos, que ampliavam a percepção realista da representação artística: as imagens dos
santos eram constituídas de olhos de vidro, com pintura que imitava os ricos tecidos
bordados a ouro (adamascados, brocados de seda etc.) e as rendas de bilros, carnação (Uso de
resinas que imitavam o tom e a textura da pele.)
e com vernizes e resinas que imitavam lágrimas e gotas de sangue, adotados porque não
perdiam o brilho, fazendo crer que o
sangue ou a lágrima acabava de ser derramada.

Fonte: Wikimedia.org
 Escultura
de Aleijadinho

As imagens sacras também esboçavam uma movimentação iniciada com o


contraposto, ou esquema em forma de “S”, atingindo uma complexidade
ampliada pelos pregueados das
vestes, movimentação que parece ser reproduzida pela ação
de uma ventania, ou de um ventilador. Todos os recursos expostos possibilitavam e
favoreciam as expressões da
piedade dos fiéis, reforçando os laços religiosos e o apego
ao sistema religioso católico. Auxiliavam a conquista de novos fiéis, a reconquista
daqueles perdidos para o Protestantismo
e consolidavam a fé dos recém-conquistados.

Fonte: Museu de Arte Sacra de São Paulo.


 Nossa
Senhora das Dores, Aleijadinho, século XVIII.

No Brasil, a escultura barroca se tornou sinônimo de Aleijadinho, o artista Antônio Francisco


Lisboa (1738-1814), que restringiu seus trabalhos à região das Minas. Apesar de ser o
mais conhecido autor desse estilo, não era o único. Havia outros escultores barrocos no
Brasil, como Mestre Valentim (1745-1813), no Rio de Janeiro.

ALEIJADINHO

A produção de Aleijadinho incluiu obras tão variadas e vivas que não pode ser vinculada a
uma linha de formação artística: ele produziu de acordo com o contexto em que
estava
inserido. Sua obra já foi classificada como Barroco Tardio, Barroco Mineiro ou como
ícone do Rococó, uma vez que suas rocalhas são mais arredondadas e há
aproximação com o
arabesco. Independentemente de qualquer rótulo, Aleijadinho é icônico para
compreendermos que a arte não é tão domável ou classificável como querem
muitos
historiadores da arte.

PINTURA E AS IGREJAS BARROCAS NO BRASIL


Em Portugal e nas colônias, principalmente nos grandes centros urbanos brasileiros, esse
tipo de pintura foi praticado segundo outra solução para tetos em perspectiva, também
concebida na Itália: são os tetos em perspectiva com quadro recolocado, em que somente a
arquitetura criada pela pintura é submetida às regras de perspectiva, utilizando-se mais
de um ponto de fuga.

Fonte: Shutterstock.
 Teto da
catedral de
Lamego, em Portugal, pintado por Nicolau Nasoni.

Na composição, é pintado um quadro central com a figura frontal do santo, como se fosse
feito
para um painel de parede, desfazendo a sensação de infinito da solução de Pozzo. No
mais, são
usadas a perspectiva aérea e as correções óticas. Essa tentativa de reprodução com
formas
variadas foi marcante nas igrejas do Barroco e do Rococó.

Fonte: Shutterstock.
 Teto da
Igreja da
Nossa Senhora da Corrente, em Alagoas.

As grandes somas que as colônias proporcionavam ao reino português resultaram no intenso


desejo
de reafirmação do poder por meio dos palácios suntuosos. Como já dissemos,
por toda a
parte
procurou-se reproduzir a majestade e a  beleza de Versalhes. 

No Brasil, as casas de ricos senhores de engenhos, burocratas da Coroa e comerciantes se


distinguiam pelo tamanho, número de janelas e, nas cidades mais abastadas, pela porta
principal
da casa, que ganhava o tratamento de almofadas geométricas ou de perfis curvos em
madeira, com
molduras salientes e reentrâncias semelhantes às que se usavam nas
igrejas. As portadas
mais
elaboradas recebiam esculturas e relevos em pedra que confluíam para o brasão do
pater
familia, cuja nobreza era menos de sangue e mais de título
outorgado pelo rei
por meio
de documento.

Entre a segunda metade do século XVIII e o século XIX, essas casas, conhecidas como
solares,
ganharam elementos estilísticos filiados ao Barroco, ao Rococó e ao ecletismo de fim
dos
anos
1800. Os móveis não eram abundantes, mas herdeiros da excelente tradição da movelaria
ibérica
que caracteriza o nosso Barroco brasileiro.

Por exemplo, mesas de jacarandá com expressivos torneados em que formas de bolas, discos,
peras e torcidos conferem um movimento típico da estética barroca.

Fonte:Shutterstock
 Mesa de madeira antiga.

HÁ MAIS DE BARROCO NO BRASIL DO QUE SONHA NOSSA VÃ FILOSOFIA


Se Rio de janeiro, Salvador e Minas Gerais foram os centros pulsantes do Barroco
brasileiro, não podemos ignorar sua existência em outros lugares onde foram igualmente
significativos.

Vamos conhecer algumas importantes igrejas


barrocas?

Fora dos grandes centros, o Barroco se manifestou não só nas fachadas, mas, sobretudo,
nas ornamentações internas. Vamos acompanhar:

Vemos isso no retábulo barroco que adorna a Catedral de São Luís, no


Maranhão, trazendo não só o total preenchimento dourado
característico, mas as colunas torsas salomônicas
que, a despeito de
serem barrocas, foram também utilizadas em retábulos rococó,
mostrando a influência entre os estilos.

O ouro barroco predomina também na chamada Capela Dourada, em Recife,


onde a arquitetura e a ornamentação barroca coexistem com o teto e a
pintura em caixotões. Essa é
uma variação do estilo barroco para
tetos que, em alguns casos, como podemos ver no barroco mineiro,
possuem a ideia de infinito.

A ideia de infinito se revela no teto do Centro Cultural São


Francisco, em João Pessoa, na Paraíba, que reúne, juntamente com o
Convento de Santo Antônio e a Capela da Ordem
Terceira de São
Francisco, um dos mais belos conjuntos do diálogo entre o Barroco e
o Rococó no Brasil.

A ligação entre o estilo barroco e a prática missionária jesuíta


acompanha esta ordem desde seus primeiros momentos. As Ruinas de São
Miguel, no chamado Sete Povos das
Missões, no Rio Grande do Sul,
mostram o que restou da arquitetura barroca.

Um dos mais notáveis historiadores da arte do mundo, o francês Germain Bazin (1901-1990),
afirma que:

O MAIS BELO CONJUNTO É O DE JOÃO PESSOA.


DOIS MUROS DIVERGENTES, ENFEITADOS COM
AZULEJOS BRANCOS, PARTEM DAS DUAS
EXTREMIDADES DA FACHADA E DESCEM, EM RESSALTOS,
UMA LADEIRA SUAVE ATÉ A CRUZ, CUJO
SOCO TEM A MESMA FORMA BOLBOSA DOS CAMPANÁRIOS
DA REGIÃO E NO CUME ESTÁ ENFEITADO
COM UM FRISO DE PELICANOS, EMBLEMAS DA PAIXÃO

(BAZIN, 1956 p.151)

BRASIL E ROCOCÓ
O mais notável na concepção decorativa dos espaços é a harmonia entre todos os
elementos; podemos falar em um design integrado pelo ornamento e pela
estrutura, de modo
que a rocaille estilizada escorregava por paredes, móveis,
fechaduras e maçanetas das portas.

A arquitetura tornou-se mais vertical com linhas sinuosas delgadas, nada voluptuosas, com
os elementos escultóricos seguindo as mesmas linhas e traduzindo uma alegria de viver,
uma festa permanente. As aberturas envidraçadas também se elevaram, e o uso abundante de
espelhos ajudava a ampliar os espaços.

Em Portugal e no Brasil, esse estilo se desenvolveu nos elementos decorativos entalhados


nos arremates de portas, janelas e torres, e nas caprichosas volutas dos frontões das
igrejas. O mobiliário também ganhou graça e elegância, e as rocailles adornavam
as partes sensíveis de mesas, cadeiras e poltronas. Nunca se preocupou tanto com a
comodidade e
com o conforto; os móveis de assento desse período são ainda hoje
requisitados na decoração de interiores.

Cenas galantes (o homem cortejando a mulher), de passeios no campo, de todo tipo de


divertimento nos jardins, como jogos, danças, caçadas, passaram a figurar na pintura e
na
azulejaria. Os personagens das cenas religiosas foram representados como cortesãos ou
campesinos elegantemente vestidos, penteados e com posturas elegantes e sensualismo
discreto.

Fonte: Wikimedia.org
 Um verão
pastoril, François Boucher, 1749.

DE VOLTA AO COMEÇO
A sociedade brasileira dos primeiros séculos foi constituída de colonos portugueses,
indígenas, evangelizados ou não, e africanos escravizados. De modo sintético, essa
sociedade
era dividida em uma camada de pessoas livres e outra de pessoas cativas e foi
estruturada a partir das ordens conventuais religiosas (Franciscanos, Beneditinos,
Carmelitas etc.) da
Companhia de Jesus, e das irmandades e ordens terceiras de leigos.

Fonte: Shutterstock
 Franciscanos em oração.

As irmandades e ordens terceiras eram


organizações de cidadãos comuns que se agrupavam em torno de um santo de devoção.
Originavam-se quase sempre dentro de uma
igreja matriz, ou conventual. Com a evolução
econômica da irmandade, a perspectiva era a de construírem seus próprios templos.

Cada irmandade ou ordem terceira reunia homens da mesma classe social e a entrada era
regulada pelo valor cobrado para ingresso e anuidade, refletindo a hierarquia social.
Essas
organizações religiosas se espalharam por todo o país e acompanharam o crescimento
dos centros urbanos e da economia. Por isso, há um número muito grande de igrejas em
cidades mais antigas como Salvador, Rio de Janeiro e Ouro Preto.

Os irmãos das ordens religiosas regulares (conventuais) contraíam votos de castidade,


obediência e pobreza, mas as igrejas dos conventos franciscanos de Salvador e das ordens
terceiras do Rio de Janeiro e de Recife apresentam templos inteiramente decorados em talha dourada.

Fonte:Flickr
 Exemplo da
talha dourada aplicada na Igreja e Torre dos Clérigos, de Porto (Portugal).

IRMANDADES E ORDENS TERCEIRAS

Além da devoção ao santo padroeiro, as organizações religiosas de leigos prestavam


assistência aos membros e às famílias, garantindo os ritos fúnebres necessários para que
a alma do morto pudesse chegar ao Juízo Final em condições de ser salva. Os irmãos
cuidavam de tudo, da missa de corpo presente, da tumba, das orações, do cortejo e do
pranto. Também assistiam na doença e na fraqueza econômica, ajudando com empréstimos e
outros auxílios.

TALHA DOURADA

O douramento da talha em madeira, por meio de técnicas milenares, simulava uma


ornamentação em ouro maciço. O ouro é um metal que não se corrompe, de elevado valor, e
suas características se assemelhariam a Cristo, incorruptível.


SAIBA MAIS

Os franciscanos davam muita ênfase ao voto de pobreza,


afinal o seu patrono São Francisco tinha renunciado às riquezas materiais de sua
família para uma vida devotada à oração e
ao auxílio aos pobres.

PARECE CONTRADIÇÃO?

Fonte: Shutterstock
 Vitral
representando cinco santos beneditinos, localizado no Mosteiro de São Bento.

Mas, não é, pois a ornamentação dos templos era regida pelo conceito de ordem e decoro; o
espaço sagrado deveria ser ordenado para o culto divino, tudo deveria ser feito para
glorificar o Senhor, portanto, a sua casa deveria refletir as maravilhas do Reino de
Deus. Note que, fora a igreja, nenhum outro espaço recebeu tratamento artístico
semelhante; na
área onde os frades dormiam, simplicidade e pobreza dominavam em quartos
pequenos, com uma cama, uma mesa e uma cadeira.

A ornamentação das igrejas entre o século XVII e o XIX evoluiu a partir dos retábulos dos altares, nos quais os
santos, representados por imagens pintadas ou esculpidas, eram
venerados nas paróquias,
irmandades e ordens religiosas.

Fonte: Shutterstock
 Retábulo
da Catedral de Saint Stephen, em Toulouse (França).

O retábulo-mor era sempre dedicado ao Santíssimo Sacramento, representado pelo Cristo


Crucificado e pelo(a) padroeiro(a), uma invocação da Virgem, ou um santo católico. Além
de
ser o maior, ocupava o espaço mais sagrado da igreja, a capela-mor. Nele, era guardada a
hóstia consagrada, representando o Corpo de Deus e sobre a mesa do altar era
realizada a
eucaristia.

A história de cada santo católico presente nos retábulos dos altares era testemunho da
fé, resiliência, resistência, devoção, firmeza de caráter, bravura, fidelidade e cultivo
das
virtudes cristãs. Essas histórias deveriam servir de exemplo e inspirar os demais
fiéis na fé e no cultivo das virtudes. Tanto as imagens dos santos quanto as narrativas
pintadas nos
painéis e nos azulejos oferecem lições e testemunhos da fé, dos milagres,
da esperança, da caridade e principalmente da ressurreição para a vida eterna, maior
promessa do
Cristianismo.

RETÁBULOS

Os retábulos eram feitos em peças de mobiliário com elaboração complexa e regida pelo
sistema da arquitetura clássica, com toda a fantasia que o Barroco e o Rococó
permitiram.

VERIFICANDO O APRENDIZADO

1. SÃO EXEMPLOS DA ESTÉTICA DA ARTE BARROCA NO BRASIL:

A) As figuras nos prédios barrocos são estáticas e paradas demonstrando seriedade.

B) O exagero nas formas e no uso do ouro visavam demonstrar poder e fizeram o Barroco dominar o Brasil.

C) As figuras, fortemente marcadas pela tradição eclesiástica, movimentam-se e expressam sentimentos.

D) As principais peças do Barroco brasileiro são todas de ouro, e as obras de arte circulavam na elite.

2. O ROCOCÓ EM TERRAS BRASILEIRAS FOI UM FENÔMENO SINGULAR. LONGE DAS CORTES EUROPEIAS, ELE SE MANIFESTOU NA
ARQUITETURA DE PRÉDIOS PÚBLICOS, TENTANDO IMPRIMIR UMA MÉTRICA DE BOM GOSTO. NO ENTANTO, ASSUMIU CONTORNOS
ORIGINAIS, TÍPICOS DA HIBRIDIZAÇÃO, QUANDO:

A) Apresenta traços comuns em Brasil e Portugal ao existir na forma de ornamento, mais recorrente nas fachadas, nos prédios públicos, ainda que o Barroco se misturasse no
interior.

B) Alcançou capitais marginais do Império brasileiro, gerando exemplares de Rococó recifense.

C) Manifesta sua proximidade com os movimentos da América Latina, ao Rococó andino, por meio de uma forte mistura com o Barroco.

D) Identifica o que acontece em Minas Gerais, na região de Ouro Preto, em que o chamado de Barroco mineiro é uma grande expressão do Rococó, mas que mantém alguns traços
do Barroco, principalmente a valorização do dourado ao invés do branco.

GABARITO

1. São exemplos da estética da arte barroca no Brasil:

A alternativa "C " está correta.

O Barroco brasileiro assume características singulares em uma sociedade sectária, buscava demonstrar poder e não media esforços na técnica, mantendo movimento. Localmente
ele se multiplica em formas, mas algumas características se destacam, como, por exemplo, a presença primordial da tradição eclesiástica.

2. O Rococó em terras brasileiras foi um fenômeno singular. Longe das cortes europeias, ele se manifestou na arquitetura de prédios públicos, tentando imprimir uma
métrica de bom gosto. No entanto, assumiu contornos originais, típicos da hibridização, quando:

A alternativa "A " está correta.

O Rococó no Brasil tem como face primordial a mistura de elementos. É difícil distingui-lo sem fazer algum pormenor, algum senão. Nas questões temos algumas provocações
interessantes, como sua proximidade com os movimentos latino-americanos, que não chega a ser uma força, ou, ainda, um estilo menor e concorrente do Barroco; isso não ocorre.

A maior fonte de dúvida poderia ser entre as questões C e D, pois a resposta certa marca como ele tem elementos mais recorrentes na fachada como sinônimo de bom gosto e como
Brasil e Portugal demonstraram essa forma; ainda que internamente, os prédios eram barrocos, ou outro estilo.

Em Minas, temos formas muito híbridas, muito singulares; entram aspectos de gosto, da forma, da tensão, mas sem uma distinção clara, sem a mistura de uma forma única.

CONCLUSÃO

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, você teve a oportunidade de reconhecer o Barroco e o Rococó, buscando sua
relação na história da arte. Percebemos seu papel na Europa, como ele representa uma
crise de negação por um lado, e pelo outro é uma exaltação da suntuosidade e do poder.

Observamos suas características estéticas variadas na Europa e como se materializa no


Brasil, mostrando o quanto este movimento está enraizado em nossa forma de ver e
compreender a arte, mesmo com forte vinculação eclesiástica.

AVALIAÇÃO DO TEMA:

REFERÊNCIAS
COLLIS, M.; PRICE, M. A. História do Cristianismo: 2000 anos de fé. São
Paulo: Livraria Civilização Editora, 2000. 240 p. il. 

CONTI, F. Como reconhecer a arte Rococó. Lisboa: Edições 70, 1987. 68 p.


il. 

HAUSER, A. História social da literatura e da arte. São Paulo: Mestre


Jou, 1972-1982. 2 t. il. 

SILVA, M. A. Teoria da Literatura. 3. ed. Coimbra: Livraria Almedina,


1979. 711 p.

EXPLORE+
Assista ao filme Moça com brinco de pérola (2003), baseado no quadro de mesmo
nome de Vermeer e dirigido por Peter Webber, que reproduz, com muita precisão, o
contexto do
século XVII, a posição do artista nessa sociedade e suas relações com os
clientes. 

O episódio da Noite de São Bartolomeu foi muito bem abordado no filme


A Rainha Margot (1994), dirigido por Patrice Chéreau e baseado no romance
homônimo de Alexandre
Dumas. 

Para conhecer um pouco da biografia de Antônio Francisco Lisboa, procure


o artigo Aleijadinho no site da ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural.

CONTEUDISTA
Luiz Alberto Ribeiro Freire

 CURRÍCULO LATTES

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