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O barroco, também chamado seiscentismo, foi uma tendência artística que reagiu ao otimismo
antropocentrista do Renascimento, tendo dominado a literatura, a arquitetura e as artes
plásticas no século XVII. Ao contrário do sonho humanista, que lançou os europeus às Grandes
Navegações e ao ideal de proporção e equilíbrio nas artes, a escola barroca foi tomada por um
pessimismo rancoroso e desconfiado, de fundo religioso, que valorizava o exagero e a
expressão metafórica.
Há um tom lamurioso no barroco, um lamento pela mudança perpétua das coisas, bem como
uma cautela com a efusão renascentista, que colocava o homem no centro do universo e
propunha um novo paradigma para a época.
A Igreja Católica, por sua vez, iniciou um movimento de Contrarreforma, em que estabelecia
mudanças internas de pouca expressão estrutural. Preocupados com a disseminação da fé
católica, criaram medidas de expansão de sua doutrina, como a Companhia de Jesus,
responsável pela catequização de europeus, asiáticos e povos ameríndios, e medidas de
perseguição, como o Tribunal do Santo Ofício, que propôs a Inquisição como forma de punição
àqueles que se desviassem do catolicismo.
Barroco da Europa
O estilo barroco teve maior expressão e duração nos países da Europa neolatina,
principalmente Espanha e Portugal, que se viam já em certa postura defensiva ante os avanços
da Reforma Luterana, que se estendia pelos países germânicos, e ante os ideais racionalistas,
que se espalhavam pela Inglaterra, França e Holanda.
O principal nome do barroco espanhol foi Luís de Gôngora y Argote (1561-1627), que
consolidou um estilo composicional próprio, chamado cultismo, ou gongorismo, reproduzido
por muitos seguidores. Em Portugal, data-se o início do barroco a partir de 1580, data da morte
de Camões. A tendência foi predominante nas artes por quase dois séculos, até 1756, quando
começou a se manifestar uma nova escola, o arcadismo. Entre os autores barrocos
portugueses, destacam-se:
Padre Antônio Vieira (1608-1697), conhecido por seus Sermões, obra em 15 volumes;
a freira Mariana Alcoforado (1640-1723), autora das Cartas portuguesas (publicadas
em francês);
D. Francisco Manuel de Melo (1608-1666), autor da Carta de guia de casados, entre
outros títulos do que se chamou “prosa doutrinária” e de poemas reunidos em Obras
métricas;
Padre Manuel Bernardes (1644-1710), cuja obra mais relevante é Nova Floresta,
também exemplo de prosa doutrinária;
Matias Aires (1705-1763), que, embora tenha nascido em São Paulo, produziu toda a
sua obra em terra portuguesa, com especial destaque para Reflexões sobre a vaidade
dos homens;
o poeta Francisco Rodrigues Lobo (1580-1622), autor de Romanceiro, além de poemas
épicos, novelas pastoris e prosa doutrinária;
os poetas Jerônimo Baía (1620/1630-1688) e Antônio Barbosa Bacelar (1610-1663),
cujas obras encontram-se no cancioneiro Fênix Renascida;
Barroco do Brasil
O estilo teve início no Brasil em 1601, com a publicação de Prosopopeia, de autoria de Bento
Teixeira. Trata-se de uma obra em decassílabos heroicos, imitação de Os Lusíadas, em que o
poeta faz um longo elogio a Jorge Albuquerque Coelho, então capitão donatário de
Pernambuco.
Um dos mais conhecidos nomes do barroco brasileiro é Antônio Francisco Lisboa (1730-1814),
conhecido pela alcunha de Aleijadinho. Mestre escultor, seu trabalho com as curvas, os
elementos contorcidos e a sugestão de movimento das imagens tornaram-no um dos mais
célebres artistas plásticos nacionais.
O principal nome da literatura do período foi o baiano Gregório de Matos Guerra (1636-1696),
cuja obra ramifica-se em poemas satíricos, líricos e religiosos. Encarnação dos contrastes
barrocos, suas composições são das mais ácidas – que lhe renderam o apelido de Boca do
Inferno, atacando diretamente os mais diversos setores da sociedade baiana da época – e
também das mais devotas, nas quais glorifica Jesus Cristo e cai em profunda reflexão acerca da
efemeridade da vida e da contrição dos pecados.