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Do Trovadorismo ao

Modernismo:
resumo dos
movimentos literários
até o século 20
Trovadorismo (1189 – 1418)
O Trovadorismo surgiu em meados do século 11 na região da Occitânia – onde
hoje estão França, Itália e Espanha. Os poemas da época eram feitos para ser
cantados, e os artistas eram divididos entre Trovadores, que eram compositores de
origem nobre, e Jograis, que eram servos, muitos deles, profissionais da música.

As cantigas trovadoras carregam características da Idade Média e muitas


foram escritas em galego-portugués. Elas se dividem em Líricas (Cantigas de Amor
e Cantigas de Amigo) e Satíricas (Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer).

Nas cantigas de amor, o tema mais desenvolvido é o amor não


correspondido no qual o trovador destaca as qualidades da mulher amada
(suserana) e se coloca em posição “inferior”, de vassalo.
Nas cantigas de amigo o eu-lírico é uma mulher, embora os escritores da época fossem homens. Nessas
obras, há a lamentação da dama perante a falta de seu amado, que é chamado de “amigo”.

Nas cantigas de escárnio, por sua vez, há uso de duplo sentido e sátiras indiretas sem citar nomes. Já nas
cantigas de maldizer, há sátiras diretas com uso de palavrões e muitas vezes com o nome da pessoa
criticada.

Os principais autores do Trovadorismo são Ricardo Coração de Leão, Afonso Sanches, Dom Dinis I de
Portugal, João Zorro, Paio Soares de Taveirós, Paio Gomes Charinho, entre outros. As cantigas estão em
compilações de diversos autores, chamadas de cancioneiros. Os principais cancioneiros são o da Ajuda, o da
Vaticana e o da Biblioteca Nacional.
Humanismo (1418-1527)
O Humanismo como movimento literário ocorre no período entre a Idade Média e o início da Idade Moderna.
Em Portugal, foram produzidos três tipos literários no Humanismo: prosa, poesia e teatro. O movimento é marcado
pela ideia de racionalidade, antropocentrismo (o homem no centro de tudo), o cientificismo, a beleza e a perfeição e a
valorização do corpo humano.

Havia a chamada crônica histórica, representada sobretudo por Fernão Lopes. A obra do autor contém ironia e
crítica à sociedade portuguesa. No Humanismo também era comum a poesia palaciana, que reproduzia a visão de
mundo dos nobres. Nessa poesia, o amor é sensual e a mulher deixa de ser tão idealizada quanto era no Trovadorismo.

Outra grande manifestação do período foi o teatro popular, cujo principal representante é Gil Vicente, autor de
Auto da Barca do Inferno (1516). A obra dele está ligada a valores cristãos, visão maniqueísta (bem versus mal) e
apresenta caráter moralizante. Outros títulos notáveis são Auto da Visitação (1502) e Farsa de Inês Pereira (1523).
Quinhentismo (1500 – 1601)
O Quinhentismo foi a primeira manifestação literária do Brasil e tem esse nome pelo fato da literatura
nacional ter começado no ano de 1500, época da colonização portuguesa. Por isso, as obras não eram ligadas
ao povo brasileiro, mas aos colonizadores europeus.

Faz parte do Quinhentismo a literatura de informação produzida pelos viajantes portugueses no período
do Descobrimento do Brasil e das Grandes Navegações. Os textos eram simples e adjetivados – a maioria
deles crônicas de viagens, bastante descritivas. Mas também havia literatura de catequese feita pelos jesuítas,
na qual se abordava não só a conquista material, mas também a espiritual.

Destacam-se autores como Pero Vaz de Caminha, que registrou suas primeiras impressões das terras
brasileiras. A Carta a el-Rei Dom Manoel sobre a "descoberta" do Brasil, escrita por ele, foi o primeiro
documento redigido sobre a história do país.

Outros autores do Quinhentismo são o padre jesuíta José de Anchieta (Arte de gramática da língua mais usada
na costa do Brasil , de 1595); o cronista português Pero de Magalhães Gândavo ( O Tratado da Terra do Brasil,
de 1576) e o Padre Manuel da Nóbrega ( Tratado contra a Antropofagia, de 1559).
Classicismo (1527 – 1580)
A estética literária do Classicismo surgiu a partir do movimento cultural do Renascimento. Foi inspirada
no fim do contexto medieval religioso e na retomada de valores clássicos racionais da antiguidade. O
capitalismo começava e a Idade Média acabara, marcando o nascimento da Idade Moderna na Europa.

As Grandes Navegações tinham feito com que o homem do início do século 16 se sentisse orgulhoso e
daí surgiram as ideias de racionalismo e antropocentrismo, noção humanista de que o homem estaria à
frente de tudo, inclusive de Deus.

As características principais do Classicismo são a valorização da cultura greco-romana clássica e a


mitologia pagã, a influência do pensamento humanista, perfeição estética e a procura por um ideal de beleza
proveniente da Antiguidade Clássica.

Luiz Vaz de Camões é o grande nome do Classicismo e seu poema mais conhecido é Os Lusíadas, escrito em
dez cantos, com 1102 estrofes (compostas em oitava-rima e versos decassílabos) e cinco partes.

O herói do poema épico de Camões é o próprio povo português e ele conta a história da viagem de Vasco da
Gama em seu caminho para as Índias. Podemos também destacar os escritores Dante Alighieri, Petrarca e
Boccacio.
Barroco (1601 – 1768)

O Barroco marca uma crise dos valores renascentistas e mostra um mundo no qual há um combate entre
fé e razão. A Igreja havia sido questionada pelas reformas protestantes e o barroco vai em defesa da religião
católica, em um movimento ligado à contrarreforma.

O período é marcado por contradições, sobretudo a do homem que quer a salvação, mas ao mesmo
tempo usufrui dos prazeres mundanos. Destaca-se na literatura os sermões do Padre Antônio Vieira, um
português que ingressou na Companhia de Jesus, cuja obra principal é o Sermão da Sexagésima.

Outro autor essencial no período do barroco foi Gregório de Mattos, conhecido por seus poemas satíricos,
líricos e eróticos. Em suas obras Buscando a Cristo e A Cristo N. S. Crucificado, ele procura mostrar a
insignificância do homem perante ao divino e fala do pecado e da busca pelo perdão.

De Mattos também gostava de criticar a sociedade baiana e, por causa do seu tom crítico e ácido, ganhou o
apelido de “Boca do Inferno”. Um de seus poemas do período criticava um político baiano e é chamado de A
cada canto um grande conselheiro.

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