Classicismo
Épica camoniana
Classicismo
Classicismo é o nome dado às manifestações
artísticas que se desenvolveram em determinado período
do Renascimento, na Europa do século XV. Compreende
o período literário do século XVI (entre 1527 e 1580),
devido a isso, também é conhecido como Quinhentismo.
Marcada pelo fim da Idade Média e surgimento da
Idade Moderna, a época retoma as características da
antiguidade clássica greco-romana.
Na literatura se desenvolveu em Portugal entre
1537 e 1580. O movimento teve início com a chegada do
poeta Francisco Sá de Miranda trazendo ao país,
inspirando-se no humanismo italiano, uma nova forma de
poesia, o “dolce stil nuevo” (doce estilo novo), como a
medida nova. O modelo tinha como base a forma fixa do
soneto (2 quartetos e 2 tercetos), nos versos decassílabos
e na oitava rima. Há outros também: 1. éclogas (poesia
em forma de diálogo, com tema pastoril); 2. elegias
(composições que expressam tristeza); 3. canções
(composições curtas); 4. oitavas (poemas com as estrofes
de 8 versos); e 5. sextinas (poemas com as estrofes de 6
versos).
Porém, a partir de Luís de Camões, um dos
principais poetas de Portugal e do mundo, que a literatura
portuguesa ganhou em escala global.
Principais Autores
1. Luís Vaz de Camões (1524 – 1579 ou 1580);
2. Francisco Sá de Miranda (1481 – 1558);
3. Francesco Petrarca (1304 – 1374), pai do humanismo
e inventor do soneto.
Poesia Camoniana
Depois de Sá de Miranda, um dos principais
autores do classicismo português foi Luís de Camões,
famoso por seus sonetos. Em uma métrica perfeita para
os padrões do doce estilo novo, o poema narra as
aventuras das Grandes Navegações, precisamente a
viagem de Vasco da Gama às Índias.
A obra lírica de Camões é constituída por poemas
feitos em medida velha e em medida nova. A medida velha
obedece a poesia de tradição popular, as redondilhas, de
5 ou 7 sílabas (menor ou maior, respectivamente).
Prof.ª DZ – 1º ano
“As epopeias são narrativas de temática histórica
em que se registram poeticamente, pelo uso de rimas,
estrofes, versos, ou seja, dos elementos constitutivos da
poesia, as tradições e os ideais de um povo sob a forma
de aventuras de um ou de alguns heróis. Em língua
portuguesa, o poema épico mais famoso é Os Lusíadas,
de Luís Vaz de Camões.
Os Lusíadas é um clássico. Famosíssimo!!
Publicada pela primeira vez em 1572, seu enredo é
baseado no acontecimento histórico para Portugal: a
viagem de Vasco da Gama as Índias. Graças a essa
grande navegação que Portugal tornou-se cabeça da
corrida marítima pelo controle das especiarias na Europa.
Além disso, Camões coloca Vasco da Gama, o
protagonista, como narrador da sua própria viagem e
outros momentos importantes para Portugal.
“Épica: é um gênero poética que narra os feitos heroicos de
um povo, geralmente em um cenário de guerra, conferindo
a esses acontecimentos um caráter mitológico ou lendário.”
Lírica camoniana
Na poesia lírica, Camões escreveu poemas em
medida velha (redondilhas) e poemas em medida nova
(decassílabos), influência dos humanistas italianos,
principalmente do poeta Petrarca (1304-1374). As formas
líricas compostas foram o soneto, as éclogas, as odes, as
oitavas e as elegias. Destaca-se, em sua poesia lírica, o
seguinte soneto, um dos mais conhecidos do autor:
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
 nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor.
Observa-se, nesse soneto, quanto à forma, o
esquema de rima ABBA, ABBA, CDC, DCD, aos moldes
dos sonetos clássicos italianos.
No aspecto temático, predominaram temas
ligados ao neoplatonismo amoroso, à reflexão filosófica e
à natureza. Além das características formais da poesia
medieval, utilizando gêneros como a esparsa, a cantiga e
o vilancete. Portanto, acrescentou a tradição novos
elementos.
Grandes Transformações
Históricas
O período em que o Classicismo se desenvolveu foi
marcado por uma série de descobertas e transformações
históricas importantes como:
- As Grandes Navegações;
- Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero e
que culminou em uma grande crise religiosa;
- Invenção da Imprensa por Gutenberg;
- Fim do sistema feudal e início do capitalismo;
- Cientificismo de Galileu e Copérnico.
Esse contexto efervescente de descobertas
influenciou muitas pessoas a buscar por expressões
artísticas baseadas no equilíbrio clássico. O renascimento
cultural foi resultado de grandes transformações artísticas,
culturais e políticas. Esse movimento se espalhou pelo
continente europeu como um todo.
Contexto Histórico
Os dogmas e preceitos da Igreja Católica eram os
principais guias da sociedade no período da Idade Média.
Mas, com o crescimento do cientificismo, cominou ao
surgimento do Humanismo a partir do séc. XV. Diversas
questões, até então inquestionáveis, passaram a ser
questionadas. Dessa forma, o que antes era Deus no
centro (teocentrismo), transformou-se o homem no centro
(antropocentrismo).
“Estudiosos de diferentes áreas passaram a
propor novas formas de entender o mundo e a vida. Eles
propunham que poderia existir algo além do divino. As
questões apresentadas por esses estudiosos se
baseavam na racionalidade humana e no
antropocentrismo (visão que coloca o homem como centro
do mundo).”
Além disso, há as grandes transformações
históricas, ditas anteriormente. “A invenção da imprensa
possibilitou maior acesso à informação, o
desenvolvimento das Grandes Navegações proporcionou
maior contato com outras partes do mundo e a
comercialização fortaleceu esses laços. Agora, a
economia não era mais pautada em um acúmulo
desenfreado de riquezas na nação, ou seja, os homens
poderiam enriquecer individualmente, a partir do
capitalismo recém implantado.”
Características
- Foco na Antiguidade clássica;
- Antropocentrismo (o homem como o centro do
mundo);
- Humanismo (relevância da visão e das vontades
do homem em detrimento a Igreja);
- Universalismo;
- Racionalismo;
- Cientificismo (os fenômenos naturais e humanos
deveriam ser comprovados através do
empirismo**);
- Rigor formal;
- Equilíbrio;
- Paganismo (havia forte oposição à Igreja
Católica);
- Objetividade;
- Harmonia;
- Forte interesse pela mitologia greco-romana;
- Ideal platônico e de beleza.
**Empirismo é uma teoria filosófica que argumenta que todo
o conhecimento humano deve ser adquirido de
experiências sensoriais.
O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e
científico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda
a Europa, provocando transformações na sociedade. Os
estudiosos do período buscaram apoio na observação, no
modelo experimental e na reflexão racional, valorizando a
natureza e o ser humano.