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CLASSICISMO EM

PORTUGAL
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO
AMAPÁ – UEAP – CAMPUS I
Prof. Dr. Osmando Jesus Brasileiro
 Detalhe de A criação do homem, de Michelangelo, Capela Sistina. Nessa imagem,
aparecem as três características predominantes do Renascimento: serenidade,
sobriedade e racionalismo .
O Nascimento de Vênus (1484-1486), de Sandro Botticelli é
umas das obras mais emblemáticas do Renascimento italiano
INTRODUÇÃO

 O Classicismo corresponde a um
movimento artístico cultural que
ocorreu durante o período do
Renascimento (a partir do século XV)
na Europa.
 O nome do movimento que marca o
fim da Idade Média e o início da Idade
Moderna, faz referência aos modelos
clássicos (greco-romano).
No campo da literatura,
Classicismo é o nome dado aos
estilos literários que vigoravam no
século XVI, na época do
Renascimento. Por isso, a
produção desse período também
é chamada de Literatura
Renascentista.
Contexto Histórico do Classicismo

 Na idade Média, período que durou


dez séculos (V ao XV), o principal
atributo da sociedade era a religião.
 Esse momento esteve marcado pelo
teocentrismo, cujo lema eram os
dogmas e preceitos da Igreja Católica,
que cada vez mais adquiria fiéis.
 Assim, pessoas que estivessem contra ou
questionassem esses dogmas, eram
excomungados, além de sofrer alijamento
da sociedade, ou em último caso, a morte.
 O humanismo, que surgiu a partir do século
XV na Europa, começou a questionar
diversas questões uma vez que o
cientificismo despontava.
 A filosofia desponta como uma atividade intelectual
renovada, já que agora com interesse pelos autores da
antiguidade clássica. Virgílio, Aristóteles, Cícero e
Horácio foram nomes importantes para isso. É por
causa deles que este período também é chamado de
Classicismo.
 Neste contexto cultural que o humanismo surge, a visão
antropocêntrica influencia em todos os campos:
literatura, música, escultura e artes plásticas. Na
literatura, os autores que exerceram maior influência
foram: Dante Alighieri (Divina Comédia), Petrarca
(Cancioneiro) e Boccaccio (Decameron). Todos
italianos.
 Muitos estudiosos foram capazes de propor
novas formas de análise do mundo e da
vida, que estivessem além do divino. Ou
seja, apresentavam questões baseadas na
racionalidade humana e no
antropocentrismo (homem no centro do
mundo).
 Esse momento esteve marcado por
grandes transformações e descobertas
históricas:
 as Grandes Navegações;
 a Reforma Protestante (que levou a
uma crise religiosa) encabeçada por
Martinho Lutero;
 a invenção da Imprensa pelo alemão
Gutenberg;
 o fim do sistema feudal (início do
capitalismo);
 o cientificismo de Copérnico e Galileu.
 Foi nesse contexto que as pessoas
buscavam novas expressões artísticas
pautadas no equilíbrio clássico.
 Assim, surgiu o renascimento cultural,
período de grandes transformações
artísticas, culturais, políticas e que
espalhou-se por todo o continente
europeu.
Classicismo em Portugal

 Em Portugal, o Classicismo
compreende o período literário do
século XVI (entre 1537 e 1580). O
marco inicial do movimento foi a
chegada do poeta Francisco Sá de
Miranda a Portugal.
 Ali, ele se inspirou no humanismo
italiano, trazendo uma nova forma
de poesia: o “dolce stil nuevo”
(Doce estilo novo).
 Esse novo modelo estava baseado
na forma fixa do soneto (2
quartetos e 2 tercetos), nos versos
decassílabos e na oitava rima.
 Além de Sá de Miranda merecem destaque os
escritores portugueses classicistas:
 Bernardim Ribeiro (1482-1552), com sua
novela “Menina e Moça” (1554);
 António Ferreira (1528-1569), com sua
tragédia “A Castro” (1587).
 No entanto, foi a partir de Luís de Camões, um
dos maiores poetas portugueses e da literatura
mundial, que a literatura portuguesa ganha
notoriedade.
LUIZ VAZ DE CAMÕES

 Luís de Camões (1524-1580) foi o maior


destaque da literatura classicista em
Portugal
 Sua grande obra "Os Lusíadas” (1572), é
uma epopeia classicista onde ele narra a
viagem de Vasco da Gama às Índias. Ela
foi escrita em 10 cantos e está composta de
8816 versos decassílabos em oitava rima
distribuídos em 1120 estrofes.
 O Classicismo em Portugal
permaneceu até 1580. Esse é o ano
da morte de Camões e também da
União das Coroas Ibéricas, aliança
estabelecida até 1640 entre Espanha e
Portugal.
 Obs: No Brasil, esse período literário
ficou conhecido como Quinhentismo.
Características do Classicismo
 As principais características do
classicismo são:
 Antiguidade clássica

 Antropocentrismo

 Humanismo

 Universalismo

 Racionalismo
Cientificismo
Paganismo
Objetividade
Equilíbrio
Harmonia
Rigor formal
Mitologia greco-romana
Ideal platônico e de beleza
Principais autores e suas obras
 Decerto que na literatura
portuguesa o autor que recebe
destaque é Luís Vaz de Camões,
com sua obra “Os Lusíadas”
(1542). Já na Espanha, Miguel de
Cervantes (1547-1616) com sua
obra mais notável “Dom Quixote”
(1605).
 Destacam-se também os escritores
humanistas italianos:
 Dante Alighieri 1265-1321), com sua obra
mais popular “A Divina Comédia” (1555);
 Francesco Petrarca (1304-1374), pai do
humanismo e inventor do soneto;
 Giovanni Boccacio (1313-1375), com sua
obra Magma “Decamerão” (1348 e 1353).
O Gênero Épico
 O gênero épico remonta à antiguidade
grego e latina sendo os seus
expoentes máximos Homero e Virgílio.
 A epopeia é um gênero narrativo em
verso, em estilo elevado, que visa
celebrar feitos grandiosos de heróis
fora do comum reais ou lendários.
 Tem pois sempre um fundo histórico; de
notar que o gênero épico é um gênero
narrativo e que exige na sua estrutura a
presença de uma ação, desempenhada por
personagens num determinado tempo e
espaço.
 O estilo é elevado e grandioso e possui
uma estrutura própria, cujos principais
aspectos são:
 Proposição - em que o autor
apresenta a matéria do poema;
 Invocação - às musas ou outras
divindades e entidades míticas
protetoras das artes;
 Dedicatória - em que o autor dedica o
poema a alguém, sendo esta
facultativa;
Narração - a ação é narrada por
ordem cronológica dos
acontecimentos, mas inicia-se já no
decurso dos acontecimentos (“in
medias res”), sendo a parte inicial
narrada posteriormente num processo
de retrospectiva, “flashback” ou
“analepse”;
Presença de mitologia greco-latina -
contracenando heróis mitológicos e
heróis humanos.
Os Lusíadas (1572): EPOPEIA DE
IMITAÇÃO
Epopeia porque é uma narração em verso de
um fato histórico grandioso, de interesse
para toda a Humanidade.
Imitação porque segue os modelos das
epopeias primitivas (ex.: a Ilíada e a
Odisseia de Homero); contem dramatização
das ações dos heróis como reflexo do
conflito dos deuses (maravilhoso pagão)
Canta os feitos do presente em comparação
com feitos grandiosos do passado, e é ainda
a voz dos que se opunham aos
Descobrimentos (ex.: “Velho do Restelo”)
Estrutura Externa d'Os Lusíadas
O Gênero Épico
 Proposição
 Canto I, est. 1-3, em que Camões propõe-se
cantar as grandes vitórias e os homens ilustres
- “as armas e os barões assinalados”; as
conquistas e navegações no Oriente (reinados
de D. Manuel e de D. João III); as vitórias em
África e na Ásia desde D. João a D. Manuel,
que dilataram “a fé e o império”; e, por último,
todos aqueles que pelas suas obras valorosas
“se vão da lei da morte libertando”, todos
aqueles que mereceram e merecem a
“imortalidade” na memória dos homens.
O Gênero Épico
 Invocação
 Canto I, est. 4-5, o poeta pede ajuda a
entidades mitológicas, chamadas musas. Para
além das estâncias 4 e 5, onde o poeta se
dirige às Tágides, isso acontece várias vezes
ao longo do poema, sempre que o autor
precisa de inspiração:
O Gênero Épico
 Dedicatória
 Canto I, est. 6-18, é a dedicatória do poema a
D. Sebastião, que encara toda a esperança do
poeta, que quer ver nele um monarca
poderoso, capaz de retomar “a dilatação da fé
e do império” e de ultrapassar a crise do
momento.
 Termina com uma exortação ao rei para que
também se torne digno de ser cantado,
prosseguindo as lutas contra os Mouros.
A dedicatória tem uma estrutura
tipicamente clássica:
Exórdio (est. 6-8) - início do discurso;

Exposição (est. 9-11) - corpo do discurso;

Confirmação (est. 12-14) - onde são


apresentados os exemplos;
Peroração (est. 15-17) - espécie de recapitulação
ou remate;

Epílogo (est. 18) - conclusão.


 Narração
 Começa no Canto I, est. 19 e constitui a ação
principal que, à maneira clássica, se inicia “in
medias res”, isto é, quando a viagem já vai a
meio, “Já no largo oceano navegavam” (C. I,
est. 19) , encontrando-se já os portugueses
em pleno Oceano Índico.
 Este começo da ação central, a viagem da
descoberta do caminho marítimo para a Índia,
quando os portugueses se encontram já a
meio do percurso do canal de Moçambique vai
permitir:
O Gêero Épico

A narração do percurso até Melinde;

A narração da História de Portugal até à viagem


(por Vasco da Gama);

A inclusão da narração da primeira parte da


viagem;

A apresentação do último troço da viagem.


O Gênero Épico
 A narrativa organiza-se em quatro planos: o da
viagem, e o dos deuses, em alternância,
ocupam uma posição importante. A História
de Portugal está encaixada na viagem. As
considerações pessoais aparecem
normalmente nos finais de canto e constituem,
de um modo geral, a visão crítica do poeta
sobre o seu tempo.
Episódios Presentes n'Os Lusíadas
 Episódios Mitológicos:
 Concílio dos Deuses no Olimpo
 Concílio dos Deuses Marinhos
 Episódio Cavalheiresco:
 Os Doze de Inglaterra
 Episódios Bélicos:
 Batalha de Ourique
 Batalha do Salado
 Batalha de Aljubarrota
O Gênero Épico
 Episódios Líricos:
 A Fermosíssima Maria
 Morte de Inês de Castro
 Despedida do Restelo
 Episódios Naturalistas:
 Fogo de Santelmo e Tromba Marítima
 Escorbuto
 Tempestade
O Gênero Épico

 Episódios Simbólicos:
 Velho do Restelo

 Adamastor

 Ilha dos Amores


Obrigado pela atenção
e bom dia a todos e
todas!

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