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Literatura

A literatura (do latim littera, que significa “letra”) é uma das manifestações artísticas do ser humano, ao
lado da música, dança, teatro, escultura, arquitetura, dentre outras.

Ela representa comunicação, linguagem e criatividade, sendo considerada a arte das palavras.

Trata-se, portanto, de uma manifestação artística, em prosa ou verso, muito antiga que utiliza das
palavras para criar arte, ou seja, a matéria prima da literatura são as palavras, tal qual as tintas é a
matéria prima do pintor.

De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, a literatura é a arte de compor obras
em que a linguagem é usada esteticamente e em que é usada uma língua como meio de expressão.
Também é usado este termo para definir o conjunto das produções literárias de um país, de uma época
ou de um gênero/sector de conhecimento (como a literatura persa, por exemplo) e o conjunto de obras
que tratam sobre uma arte ou uma ciência (literatura desportiva, literatura jurídica, etc.).

Em suma, literatura se traduz como a arte de produzir textos e para isso pode-se usar diferentes tipos de
produções literárias, tais como literatura de romance, literatura de ficção, literatura popular, literatura
de cordel, literatura médica, literatura técnica, literatura portuguesa, poesia, prosa, entre ouros.

Mas é importante que se saiba que não são todos os textos que são literários e nem todos os livros
também, por isso não há como generalizar.

É importante destacar que a origem da escrita não coincide com a origem da literatura. Os textos
sumérios e alguns hieroglíficos egípcios, considerados como os escritos mais antigos dos quais se tenha
registos, não pertencem ao âmbito da literatura

Função da Literatura

A arte literária representa recriações da realidade produzidas de maneira artística, ou seja, que possui
um valor estético, donde o autor utiliza das palavras em seu sentido conotativo (figurado) para oferecer
maior expressividade, subjetividade e sentimentos ao texto.

Dessa forma, a literatura possui um importante papel social e cultural envolvido no contexto em que
fora criada, posto que abarca diversos aspectos de determinada sociedade, dos homens e de suas ações
e, portanto, que provoca sensações e reflexões do leitor. Para o filósofo francês Louis-Gabriel-Ambroise,
Visconde de Bonald: “A literatura é a expressão da sociedade, como a palavra é a expressão do homem.

Gêneros Literários

Gêneros Literários
Os gêneros literários são categorias da literatura que englobam os diversos tipos de textos literários
segundo sua forma e conteúdo.

Tanto o conceito de literatura se modificou ao passar do tempo como o de gênero literário, uma vez que
os gêneros literários, abordado por Aristóteles, eram classificados de três maneiras, semelhante ao que
conhecemos hoje, embora possua diferenças.

De acordo com o esquema proposto por Aristóteles, os gêneros literários eram divididos em: Lírico
(“palavra cantada”), Épico (“palavra narrada”) e Dramático (“palavra representada”).

Atualmente, o gênero épico, que envolvia as narrativas históricas baseado nas lendas e na mitologia, foi
substituído pelo gênero narrativo. Sendo assim, os gêneros literários são classificados em:

Gênero Lírico: possui um caráter sentimental com presença do eu lírico, por exemplo, as poesias, odes e
sonetos.

Gênero Narrativo: possui um caráter narrativo, ou seja, envolve narrador, personagens, tempo e espaço,
por exemplo, os romances, contos e novelas.

Gênero Dramático: possui um caráter teatral, ou seja, são textos para serem encenados, por exemplo,
tragédia, comédia e farsa.

Corrente Literárias

Do Trovadorismo ao Modernismo: resumo dos movimentos literários até o século 20

A literatura foi mudando muito ao longo da história. Por isso, é dividida em movimentos literários de
acordo com cada época. Cada um deles tem características e especificidades de períodos históricos
distintos.

Trovadorismo (1189 – 1418)

O Trovadorismo surgiu em meados do século 11 na região da Occitânia – onde hoje estão França, Itália e
Espanha. Os poemas da época eram feitos para ser cantados, e os artistas eram divididos entre
Trovadores, que eram compositores de origem nobre, e Jograis, que eram servos, muitos deles,
profissionais da música.

As cantigas trovadoras carregam características da Idade Média e muitas foram escritas em galego-
portugués. Elas se dividem em Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo) e Satíricas (Cantigas de
Escárnio e Cantigas de Maldizer).

Nas cantigas de amor, o tema mais desenvolvido é o amor não correspondido no qual o trovador
destaca as qualidades da mulher amada (suserana) e se coloca em posição “inferior”, de vassalo.
Nas cantigas de amigo o eu-lírico é uma mulher, embora os escritores da época fossem homens. Nessas
obras, há a lamentação da dama perante a falta de seu amado, que é chamado de “amigo”.

Nas cantigas de escárnio, por sua vez, há uso de duplo sentido e sátiras indiretas sem citar nomes. Já nas
cantigas de maldizer, há sátiras diretas com uso de palavrões e muitas vezes com o nome da pessoa
criticada.

Os principais autores do Trovadorismo são Ricardo Coração de Leão, Afonso Sanches, Dom Dinis I de
Portugal, João Zorro, Paio Soares de Taveirós, Paio Gomes Charinho, entre outros. As cantigas estão em
compilações de diversos autores, chamadas de cancioneiros. Os principais cancioneiros são o da Ajuda,
o da Vaticana e o da Biblioteca Nacional.

Humanismo (1418-1527)

O Humanismo como movimento literário ocorre no período entre a Idade Média e o início da Idade
Moderna. Em Portugal, foram produzidos três tipos literários no Humanismo: prosa, poesia e teatro. O
movimento é marcado pela ideia de racionalidade, antropocentrismo (o homem no centro de tudo), o
cientificismo, a beleza e a perfeição e a valorização do corpo humano.

Havia a chamada crônica histórica, representada sobretudo por Fernão Lopes. A obra do autor contém
ironia e crítica à sociedade portuguesa. No Humanismo também era comum a poesia palaciana, que
reproduzia a visão de mundo dos nobres. Nessa poesia, o amor é sensual e a mulher deixa de ser tão
idealizada quanto era no Trovadorismo.

Outra grande manifestação do período foi o teatro popular, cujo principal representante é Gil Vicente,
autor de Auto da Barca do Inferno (1516). A obra dele está ligada a valores cristãos, visão maniqueísta
(bem versus mal) e apresenta caráter moralizante. Outros títulos notáveis são Auto da Visitação (1502) e
Farsa de Inês Pereira (1523).

Quinhentismo (1500 – 1601)

O Quinhentismo foi a primeira manifestação literária do Brasil e tem esse nome pelo fato da literatura
nacional ter começado no ano de 1500, época da colonização portuguesa. Por isso, as obras não eram
ligadas ao povo brasileiro, mas aos colonizadores europeus.

Faz parte do Quinhentismo a literatura de informação produzida pelos viajantes portugueses no período
do Descobrimento do Brasil e das Grandes Navegações. Os textos eram simples e adjetivados – a
maioria deles crônicas de viagens, bastante descritivas. Mas também havia literatura de catequese feita
pelos jesuítas, na qual se abordava não só a conquista material, mas também a espiritual.

Destacam-se autores como Pero Vaz de Caminha, que registrou suas primeiras impressões das terras
brasileiras. A Carta a el-Rei Dom Manoel sobre a "descoberta" do Brasil, escrita por ele, foi o primeiro
documento redigido sobre a história do país.
Outros autores do Quinhentismo são o padre jesuíta José de Anchieta (Arte de gramática da língua mais
usada na costa do Brasil , de 1595); o cronista português Pero de Magalhães Gândavo ( O Tratado da
Terra do Brasil, de 1576) e o Padre Manuel da Nóbrega ( Tratado contra a Antropofagia, de 1559).

Classicismo (1527 – 1580)

A estética literária do Classicismo surgiu a partir do movimento cultural do Renascimento. Foi inspirada
no fim do contexto medieval religioso e na retomada de valores clássicos racionais da antiguidade. O
capitalismo começava e a Idade Média acabara, marcando o nascimento da Idade Moderna na Europa.

As Grandes Navegações tinham feito com que o homem do início do século 16 se sentisse orgulhoso e
daí surgiram as ideias de racionalismo e antropocentrismo, noção humanista de que o homem estaria à
frente de tudo, inclusive de Deus.

As características principais do Classicismo são a valorização da cultura greco-romana clássica e a


mitologia pagã, a influência do pensamento humanista, perfeição estética e a procura por um ideal de
beleza proveniente da Antiguidade Clássica.

Luiz Vaz de Camões é o grande nome do Classicismo e seu poema mais conhecido é Os Lusíadas, escrito
em dez cantos, com 1102 estrofes (compostas em oitava-rima e versos decassílabos) e cinco partes.

O herói do poema épico de Camões é o próprio povo português e ele conta a história da viagem de
Vasco da Gama em seu caminho para as Índias. Podemos também destacar os escritores Dante Alighieri,
Petrarca e Boccacio.

Barroco (1601 – 1768)

O Barroco marca uma crise dos valores renascentistas e mostra um mundo no qual há um combate
entre fé e razão. A Igreja havia sido questionada pelas reformas protestantes e o barroco vai em defesa
da religião católica, em um movimento ligado à contrarreforma.

O período é marcado por contradições, sobretudo a do homem que quer a salvação, mas ao mesmo
tempo usufrui dos prazeres mundanos. Destaca-se na literatura os sermões do Padre Antônio Vieira,
um português que ingressou na Companhia de Jesus, cuja obra principal é o Sermão da Sexagésima.

Outro autor essencial no período do barroco foi Gregório de Mattos, conhecido por seus poemas
satíricos, líricos e eróticos. Em suas obras Buscando a Cristo e A Cristo N. S. Crucificado, ele procura
mostrar a insignificância do homem perante ao divino e fala do pecado e da busca pelo perdão.

De Mattos também gostava de criticar a sociedade baiana e, por causa do seu tom crítico e ácido,
ganhou o apelido de “Boca do Inferno”. Um de seus poemas do período criticava um político baiano e é
chamado de A cada canto um grande conselheiro.
Arcadismo (1768 – 1836)

O movimento surge na eclosão da Revolução Industrial e faz contraponto ao desenvolvimento das


máquinas, da indústria e das grandes cidades ao ressaltar a natureza e a atmosfera bucólica. O
arcadismo é bastante idealizado e se opõe à desarmonia do Barroco.

Também conhecido como Neoclassicismo, o Arcadismo resgata princípios da Antiguidade Clássica e


busca sempre a conciliação entre o homem e os elementos da natureza. Os ideais iluministas da
Revolução Francesa, como o racionalismo, também são louvados.

Os poemas são geralmente em forma de soneto (dois quartetos e dois tercetos, normalmente com dez
sílabas poéticas) e há temática bucólica e idealizada sobre o amor (geralmente entre pastores), beleza
estética e viver o momento presente (carpe diem).

Em Portugal, destaca-se António Dinis da Cruz e Silva, autor do poema O Hissope e Odes Pindáricas. No
Brasil, o movimento chega por volta de 1768, marcado pela publicação de Obras, do poeta Cláudio
Manuel da Costa.Também temos como representante do Arcadismo o brasileiro Tomás Antônio
Gonzaga, autor de Marília de Dirceu, Tratado de Direito Natural e Cartas Chilena

Romantismo (1836 – 1881)

O Romantismo nasceu na Europa no final século 18. Já no Brasil, começou a se desenvolver no século
19. Foi a primeira escola a romper com os valores clássicos, provenientes dos séculos 15 e 16.

A escola romântica, burguesa por excelência, abandona o aspecto formal na poesia (verso branco e sem
rima). Entre as características principais do romantismo, em especial na prosa, estão sentimentalismo
intenso, pessimismo, amor platônico, idealismo da mulher amada, fuga da realidade, egocentrismo e
nacionalismo.

Entre os autores principais do Romantismo estão o alemão Johann Wolfgang von Goethe, que publicou
o romance inaugural do movimento (Os sofrimentos do jovem Werther, 1774). Outro autor importante
é o português Almeida Garrett (Viagens na Minha Terra, 1845) e o brasileiro José de Alencar, autor de O
Guarani (1857) e Iracema (1865).

Realismo (1857 – 1922)

O Realismo surge na França, no século 19, como resposta ao sentimentalismo exacerbado do


Romantismo, e mergulha em uma crítica contra a sociedade burguesa. Na época, a Segunda Revolução
Industrial estava no auge e o capitalismo estava em acelerada expansão.
O mundo romântico é substituído pelo desencanto e pela crença no material e no racional. No Realismo
o mais forte e a prosa, as contradições sociais são retratadas e há valorização de uma narrativa lenta,
que acompanha o tempo psicológico, linguagem culta e direta e descrições objetivas.

Tal como aparece na obra de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, o protagonista é
problemático, a mulher não é idealizada e o amor é subordinado a interesses sociais e à manipulação
(um exemplo é a personagem Marcela, que o protagonista diz que amou-lhe “durante quinze meses e
onze contos de réis”).

Outro autor relevante no movimento é Eça de Queiróz, que fazia críticas sociais ao clero e aos pobres e
escreveu O Primo Basílio, A Cidade e as Serras e O Crime do Padre Amaro, representando o Realismo em
Portugal.

Naturalismo (1881 – 1922)

O Naturalismo se desenvolveu sujeito à influência das teorias científicas que dominavam o cenário
europeu a partir da segunda metade do século 19, como Evolucionismo, de Charles Darwin, o
Positivismo, de Auguste Comte.

No Naturalismo se destaca o romance, no qual o narrador trabalha como um cientista, observando


fenômenos sociais e os descrevendo. O comportamento humano aparece dependente do ambiente
social e não há mais a subjetividade valorizada pelo romantismo. O narrador observador discute nas
obras temas como miséria, sexualidade, violência e política.

O Naturalismo teve como marco inicial a publicação, em 1881, de Germinal, de Émile Zola, na Europa.
No Brasil, o maior representante do movimento foi Aluísio Azevedo, que escreveu as obras, O Mulato,
Casa de Pensão e O Cortiço.

Parnasianismo (1882 – 1922)

Ao contrário do que acontece com o Realismo, que teve poucos poetas em seu movimento, mas foi rico
em romancistas, no Parnasianismo ganha destaque a poesia. Esse movimento é também mais uma
reação ao sentimentalismo idealizante do romantismo.

Assim, há valorização do cuidado formal e a expressão moderada dos sentimentos com um vocabulário
elaborado, culto e, muitas vezes, pouco compreensível. Há ainda racionalismo e temática voltada para
assuntos universais.

Ao contrário do que ocorre com o Realismo, os poetas parnasianistas não tratavam temas sociais, mas o
culto da arte pela arte, ou seja, a poesia deveria valer por si mesma, por sua beleza, sem compromisso
social.
O Parnasianismo é fundado na França, no final do século 19, com a publicação de uma antologia poética
pelo nome de Le Parnasse Contemporain (O Parnaso Contemporâneo). No Brasil, o Parnasianismo
começou na mesma época, prolongando-se até a Semana de Arte Moderna, em 1922.

Entre os principais autores brasileiros do movimento estão Alberto de Oliveira (1857-1937), autor de
Canções românticas, Meridionais, e Sonetos e poemas; e Raimundo Correia, que escreveu Primeiros
Sonhos (1879), Sinfonias (1883) e Versos e Versões (1887).

Simbolismo (1880 – 1922)

O Simbolismo surgiu na França, por volta de 1880, e encontrou suporte teórico no Manifesto do
Simbolismo (1886), de Jean Moréas. Durante a Segunda Revolução Industrial, nota-se que o capitalismo
traz retornos desiguais, e essa estética surge como reação ao materialismo e ao cientificismo,
resgatando de certa forma os valores do Romantismo esquecidos pelo Realismo.

Entre as características principais do Simbolismo estão o subjetivismo, interesse pela loucura e mente
humana, linguagem vaga, formas fixas para o poema (em especial o soneto), antimaterialismo,
misticismo, metáforas e sinestesias – confusão de sentidos como "beijo amargo" e "cheiro azul".

Dois livros marcam o Simbolismo no Brasil: Missal (poemas em prosa) e Broquéis, ambos publicados em
1893, e de autoria de João da Cruz e Souza. Além dele, também foi importante o autor Alphonsus de
Guimaraens ( Setenário das dores de Nossa Senhora, Câmara ardente, Dona Mística).

Na França, são representantes do Simbolismo em especial os autores Charles Baudelaire, Arthur


Rimbaud e Paul Verlaine. E em Portugal, Eugênio de Castro, Antônio Nobre e Camilo Pessanha.

Pré-Modernismo (1902-1922)

Embora não seja considerado uma “escola literária”, já que não há uma linha única seguida por um
grupo de autores, a literatura pré-modernista discute os problemas sociais e a realidade cultural do
Brasil. O movimento se desenvolveu na transição da República da Espada para a República das
Oligarquias ou República do café com leite.

O Rio de Janeiro do século 20, em meio a profundas transformações da reforma urbana do prefeito
Pereira Passos, é o pano de fundo do pré-modernismo. Os autores adotam uma postura crítica diante as
desigualdades e problemas da população. Há linguagem formal, mas fica para trás a preocupação
estética e rebuscada, focando-se em temas sociais e políticos.

Entre os autores mais marcantes do pré-modernismo são Euclides da Cunha (Os Sertões,1902), Graça
Aranha (Canaã, 1902), Lima Barreto (O triste fim de Policarpo Quaresma, 1915) e Monteiro Lobato,
autor de As Cidades Mortas, que denuncia a decadência econômica e o dia a dia das cidades cafeeiras.
Modernismo

No Brasil, o Modernismo surgiu a partir da Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu devido ao
Centenário de Independência. Em Portugal, o movimento estreou em 1915, com a publicação da Revista
Orpheu.

O modernismo se divide em três gerações:

Primeira Geração (1922 a 1930): Diretamente afetada pela Semana de Arte Moderna de 1922,
caracteriza-se pelo rompimento com estruturas do passado. É valorizado em especial um
distanciamento ao Parnasianismo, que é ironizado por meio do poema Os Sapos, de Manuel Bandeira.

Outros representantes dessa geração são Mário de Andrade, autor de Macunaíma, e Oswald de
Andrade. Em Portugal, temos Fernando Pessoa, que escreveu a obra Mensagem e criou três
heterônimos, cada um com estilos de escrita particulares. São eles: Alberto Caeiro (Pastor Amoroso,
Poemas Inconjuntos), Ricardo Reis (Prefiro Rosas, Breve o Dia) e Álvaro de Campos (Ode Marítima,
Tabacaria).

Segunda Geração (1930 a 1945): As ideias de 1922 se amadurecem e o Modernismo começa a se


consolidar. Há na poesia uma grande abrangência temática, ganhando destaque autores como Carlos
Drummond de Andrade, autor de Alguma Poesia, de 1930, e Vinícius de Moraes, que publicou seu
primeiro livro de poemas Caminho para a Distância e, em 1936, o poema Ariana, a mulher.

Na prosa, há grandes romances regionalistas, focados em temas sociais, e com linguagem coloquial e
regional. Um exemplo é Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, e os romances de Jorge Amado, o mais
famoso deles, Capitães de Areia (1937), que retrata a vida de meninos abandonados em Salvador.

Terceira Geração (1945 a 1960): Essa fase é considerada bem fragmentada. Trata-se de um período no
qual o movimento perde um pouco a unidade, com várias tendências literárias surgindo ao mesmo
tempo.

Entre os autores mais importantes temos Clarice Lispector, que escrevia principalmente histórias não
lineares com protagonistas femininas. A autora tem uma linguagem profunda por meio da qual escreve
em um cenário de cotidiano momentos de revelação e epifanias pela qual passam suas personagens.

Também há João Guimarães Rosa, autor de Grande Sertão: Veredas ( 1956), e João Cabral de Melo Neto,
que escreveu Morte e Vida Severina ( 1955). Ambos escreveram as obras com traços regionalistas e que
unem poesia e prosa para fazer uma crítica social.
Principais correntes literárias da história Mundial

1) Antiguidade Clássica (séc. X a.C – VI d.C)

Contexto histórico

Período situado no apogeu das civilizações gregas, tendo Atenas e Esparta como expoentes, e da
romana, tanto na república quanto no império.

Temas

Os principais assuntos tratados eram a mitologia, o amor, a beleza, a tragédia, a comédia, a epopeia, a
guerra e a política.

Características

 foco no herói;
 lirismo;
 visão objetiva de mundo;
 influência da oralidade;
 dualidade logos/mythos.

Autores

Homero, Hesíodo, Heródoto, Sófocles, Aristófanes, Virgílio, Ovídio e Horácio.

2) Período medieval (séc. VI-XV)

Contexto histórico

Época situada na Idade Média, tradicionalmente considerada como uma era intermediária entre a
Antiguidade e a Modernidade.

Temas

A temática abordada de forma majoritária versava sobre o cristianismo, o heroísmo, o trovadorismo, a


cavalaria e a honra.
Características

 teocentrismo;
 noção mais coletiva de autoria;
 iluminuras;
 apreço pela tradição;
 dualidade ordem/subversão.

Autores

Dante Alighieri, Geoffrey Chaucer, Chrétien de Troyes e Jacopo de Varazze. Além disso, podemos citar o
impacto das cantigas líricas e satíricas, dos romances de Cavalaria, das canções de Gesta, das
hagiografias e das Sagas Nórdicas.

3) Renascimento (séc. XIV – XVI)

Contexto histórico

Período relacionado ao fim da Idade Média e início da Idade Moderna, que teve nos Grandes
Descobrimentos o seu principal ponto de atenção.

Temas

A literatura renascentista valorizava tópicos como o amor, a bravura, a epopeia e a perfeição estética.

Características

 resgate dos temas da Antiguidade Clássica;


 antropocentrismo;
 humanismo;
 racionalismo;
 sonetos decassílabos;
 rigor da forma;
 línguas vernaculares.

Autores

Boccaccio, Luís de Camões, Miguel de Cervantes, Francesco Petrarca, Gil Vicente e William Shakespeare.
4) Neoclassicismo (séc. XVIII)

Contexto histórico

Iluminismo.

Temas

O neoclassicismo privilegiava temas como o arcadismo, a simplicidade, a harmonia, a natureza e o


cotidiano.

Características

 novo resgate das civilizações clássicas;


 equilíbrio e perfeição;
 condenação ao estilo barroco;
 racionalismo.

Autores

Voltaire, Daniel Defoe, Jonathan Swift, Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga.

5) Romantismo (séc. XVIII-XIX)

Contexto histórico

Revolução Francesa e despertar das nacionalidades.

Temas

Abordando temas como o nacionalismo, o amor, a boemia, a exaltação da natureza e a fuga da


realidade, essa corrente literária ressignificou o que é ser romântico.

Características

 subjetivismo;
 sentimentalismo;
 idealização do amor;
 longo texto em prosa;
 versos livres.

Autores

Lord Byron, José de Alencar, Goethe, Victor Hugo e Camilo Castelo Branco.

6) Realismo (séc. XIX-XX)

Contexto histórico

Capitalismo e Revolução Industrial.

Temas

Os escritores realistas favoreciam o cientificismo, a verdade no cotidiano, o progresso, o positivismo e o


determinismo.

Características

 objetivismo;
 crítica social;
 descritivismo;
 impessoalidade.

Autores

Gustave Flaubert, Machado de Assis, Raul Pompeia, Émile Zola, Eça de Queiroz e Fiódor Dostoiévski.

7) Modernismo (séc. XX)

Contexto histórico

Guerras mundiais e descobertas científicas.

Temas

Inovação, vanguarda, futurismo, cotidiano e identidade.


Características

 rompimento com o classicismo;


 renovação estética;
 liberdade da forma;
 experimentação;
 humor;
 nacionalismo.

Autores

Mário de Andrade, Fernando Pessoa, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Ezra Pound, James Joyce,
T.S.Eliot e Virginia Woolf.

8) Pós-modernismo (séc. XX-XXI)

Contexto histórico

Guerra Fria e contemporaneidade. Das correntes literárias majoritárias, esta é considerada como a
última de repercussão mundial.

Temas

Os autores pós-modernos abordam assuntos como as ideologias, o indivíduo, o consumismo, o realismo


mágico, a psicologia e o regionalismo.

Características

 quebra de paradigmas;
 ceticismo;
 relativismo;
 niilismo;
 desconstrução;
 multiplicidade.

Autores

Zygmunt Bauman, Ferreira Gullar, Décio Pignatari, Michel Foucault, Jorge Borges e Umberto Eco.
Literatura africana

A literatura africana de língua portuguesa possui características específicas e pode ser dividida em três
fases: colonização, pré-independência e pós-independência.

Literatura africana é aquela composta por obras produzidas em países do continente africano, mas a
literatura africana em língua portuguesa possui características específicas de acordo com seu período de
produção. Assim, a primeira obra africana em língua portuguesa — Espontaneidades da minha alma —
foi impressa em 1849.

As obras da literatura africana em língua portuguesa estão inseridas em três períodos distintos:
colonização, pré-independência e pós-independência. E seus autores mais conhecidos são: José
Craveirinha (Moçambique), Noémia de Sousa (Moçambique), Pepetela (Angola), Mia Couto
(Moçambique) e Paulina Chiziane (Moçambique).

Resumo sobre literatura africana

 As obras da literatura africana em língua portuguesa podem ser divididas em três períodos:
colonização, pré-independência e pós-independência.
 O período da colonização é marcado pela alienação cultural.
 O período pré-independência possui obras com discurso anticolonialista.
 O período pós-independência é caracterizado pela valorização da cultura africana.
 Espontaneidades da minha alma, do autor angolano José da Silva Maia Ferreira, foi a primeira
obra africana em língua portuguesa a ser impressa, em 1849.

Características da literatura africana

A literatura africana é ampla, pois diz respeito aos vários países da África. O mais adequado, portanto,
seria dizer “literaturas africanas”. Assim, colocaremos aqui características compartilhadas pelos países
africanos de língua portuguesa, que tiveram uma história muito semelhante de colonização e luta pela
independência. No entanto, devemos lembrar que a literatura de cada um desses países possui também
as suas peculiaridades.

Características da literatura africana no período da colonização

 influências da literatura europeia;


 reprodução da cultura clássica;

 costumes tradicionais da África;


 tensão entre a cultura colonial e a africana;
 alienação cultural;
 rigor formal na poesia.
Características da literatura africana no período pré-independência

 realismo social;
 nacionalismo;
 identidade negra;
 folclorismo;
 discurso anticolonialista;
 elementos modernistas;
 valorização da cultura popular.

Características da literatura africana no período pós-independência

 valorização da cultura africana;


 resgate da ancestralidade;
 presença de idiomas nativos;
 valorização da oralidade;
 questões raciais;
 elementos feministas;
 nacionalismo;

temática da diáspora;

 experimentalismo;
 universalismo.
Principais autores da literatura africana
José da Silva Maia Ferreira (1827-1881) — Angola
Caetano da Costa Alegre (1864-1890) — São Tomé e Príncipe
Antônio de Assis Júnior (1887-1960) — Angola
Jorge Barbosa (1902-1971) — Cabo Verde
Baltasar Lopes (1907-1989) — Cabo Verde
Manuel Lopes (1907-2005) — Cabo Verde
Rui de Noronha (1909-1943) — Moçambique
Oscar Ribas (1909-2004) — Angola

Orlando Mendes (1916-1990) — Moçambique

Castro Soromenho (1919-1968) — Angola


Francisco José Tenreiro (1921-1963) — São Tomé e Príncipe
Agostinho Neto (1922-1979) — Angola
José Craveirinha (1922-2003) — Moçambique
António Jacinto (1924-1991) — Angola
Orlanda Amarílis (1924-2014) — Cabo Verde
Noémia de Sousa (1926-2002) — Moçambique
Alda do Espírito Santo (1926-2010) — São Tomé e Príncipe
Viriato da Cruz (1928-1973) — Angola
Marcelino dos Santos (1929-2020) — Moçambique
Alda Lara (1930-1962) — Angola
Rui Knopfli (1932-1997) — Moçambique
Onésimo Silveira (1935-2021) — Cabo Verde
Luís Bernardo Honwana (1942-) — Moçambique
Filinto de Barros (1942-) — Guiné-Bissau
Boaventura Cardoso (1944-) — Angola
Jorge Viegas (1947-) — Moçambique
David Mestre (1948-1998) — Angola
Ana Paula Tavares (1952-) — Angola
Luís Carlos Patraquim (1953-) — Moçambique
Mia Couto (1955-) — Moçambique
Paulina Chiziane (1955-) — Moçambique
Ungulani Ba Ka Khosa (1957-) — Moçambique
Abdulai Sila (1958-) — Guiné-Bissau
Conceição Lima (1961-) — São Tomé e Príncipe
Suleiman Cassamo (1962-) — Moçambique
Eduardo White (1963-2014) — Moçambique
Principais obras da literatura africana

Espontaneidades da minha alma (1849), de José da Silva Maia Ferreira


Versos (1916), de Caetano da Costa Alegre
Arquipélago (1935), de Jorge Barbosaa
O segredo da morta (1935), de Antônio de Assis Júnior
Ilha de nome santo (1942), de Francisco José Tenreiro
Sonetos (1946), de Rui de Noronha
Chiquinho (1947), de Baltasar Lopes
Terra morta (1949), de Castro Soromenho
Uanga (1951), de Oscar Ribas
O país dos outros (1959), de Rui Knopfli
Os flagelados do vento leste (1960), de Manuel Lopes
Chingufo (1961), de Mário António
Poemas (1961), de Agostinho Neto
Poemas (1961), de António Jacinto
Hora grande (1962), de Onésimo Silveira
Nós matamos o cão-tinhoso (1964), de Luís Bernardo Honwana
Portagem (1966), de Orlando Mendes
A onda (1973), de Manuel Rui

Importância da literatura africana

Como a literatura de qualquer outro país ou continente, a literatura africana também tem a função de
refletir sobre a cultura e a história de seu povo, e fazer um resgate da história de seus antepassados, de
forma a fortalecer uma tradição, a qual reflete a identidade de uma nação.

Os países africanos de língua portuguesa possuem uma literatura que transcende as fronteiras. Isso
porque países como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe
compartilham histórias muito semelhantes, mas também uma língua, a portuguesa.

Nesse sentido, o diálogo se amplia com outros continentes, isto é, Europa e América do Sul, já que a
literatura de Portugal e do Brasil também são produzidas em língua portuguesa. Desse modo, essas
literaturas exercem influência umas sobre as outras e compõem algo maior, pois fazem parte da
literatura em língua portuguesa.

Origens da literatura africana

A literatura africana possui longa tradição oral, portanto, em seus primórdios, era apenas assim que as
histórias eram contadas, sem um registro escrito. Foi por volta do século XVIII que os colonizadores
portugueses começaram a pensar em um sistema educacional nas colônias africanas, o que se
consolidou a partir no século XIX.

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