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HUMANISMO/ CLASSICISMO/

QUINHENTISMO
HUMANISMO
O Humanismo é o nome dado a uma corrente filosófica e artística que surgiu no
século XV na Europa.
Na literatura, ele representou o período de transição (escola literária) entre o
Trovadorismo e o Classicismo, bem como da Idade Média para a Idade Moderna.
Note que o termo “Humanismo” abriga diversas concepções. No geral, corresponde
ao conjunto de valores filosóficos, morais e estéticos que focam no ser humano, daí
surge seu nome. Do latim, o termo humanus significa “humano”.
CARACTERÍSTICAS DO HUMANISMO
As principais características do Humanismo são:
Racionalidade
Antropocentrismo
Cientificismo
Modelo Clássico
Valorização do corpo humano e das emoções
Busca da beleza e perfeição
HUMANISMO
O marco inicial do humanismo literário português foi a nomeação de Fernão Lopes
para cronista-mor da Torre do Tombo, em 1418.
O movimento com foco na prosa, poesia e teatro, terminou com a chegada do poeta
Sá de Miranda da Itália em 1527.
Isso porque ele trouxe inspirações literárias baseadas na nova medida chamada de
“dolce stil nuevo” (Doce estilo novo). Esse fato permitiu o início do Classicismo como
escola literária.
AUTORES
O teatro popular, a poesia palaciana e a crônica histórica foram os gêneros mais
explorados durante o período do humanismo em Portugal.
Gil Vicente (1465-1536) foi considerado o pai do teatro português, escrevendo
“Autos” e “Farsas”, dos quais se destacam:
Auto da Visitação (1502)
O Velho da Horta (1512)
Auto da Barca do Inferno (1516)
Farsa de Inês Pereira (1523)
Fernão Lopes (1390-1460) foi o maior representante da prosa historiográfica humanista,
além de fundador da historiografia portuguesa. De suas obras merecem destque:
Crônica de El-Rei D. Pedro I
Crônica de El-Rei D. Fernando
Crônica de El-Rei D. João I
Com destaque para a poesia palaciana, Garcia de Resende (1470-1536) foi o maior
representante com sua obra Cancioneiro Geral (1516).
POESIA PALACIANA
A poesia palaciana foi desenvolvida a partir do século XV dentro do movimento
literário denominado Humanismo.
Recebeu esse nome pois ela era produzida nos palácios e estava destinada aos
nobres. Ou seja, tinham o intuito de entreter os membros da Corte.
Os principais temas explorados pela poesia palaciana eram: costumes da corte,
temas religiosos, satíricos, líricos e heroicos.
A poesia palaciana foi reunida pelo poeta português Garcia Resende (1482-1536)
no “Cancioneiro Geral” (1516). O cancioneiro reunia cerca de 900 produções
poéticas da época.
PROSA HISTORIOGRÁFICA
A prosa historiográfica é um tipo de crônica histórica que teve início na Idade
Média (Trovadorismo) com os Cronicões, atingindo seu apogeu com o movimento
humanista, sobretudo com as obras do escritor português Fernão Lopes.
Vale lembrar que o humanismo foi um movimento artístico e filosófico de transição
entre o trovadorismo e o classicismo, ou ainda, da Idade Média para Idade
Moderna. Ele surgiu na Itália, durante o período do Renascimento.
Sendo assim, o teocentrismo medieval (Deus como centro do mundo) foi aos poucos,
sendo substituído pelo antropocentrismo humanista (homem como centro do mundo).
TEATRO
O teatro vicentino é o nome dado aos textos teatrais produzidos pelo dramaturgo português
Gil Vicente durante o período denominado Humanismo (1434-1527).
O teatro vicentino tem início em 1502, quando ele apresentou sua peça o “Monólogo do
vaqueiro”, também chamado de “Auto da visitação”.
Posto que a maior parte de suas peças possuem teor satírico, vale lembrar uma das mais
célebres frases do dramaturgo: “Rindo se castigam os costumes”.
Lembre-se que o humanismo determina uma fase de transição entre o trovadorismo e o
classicismo. Ou seja, é o momento que marca o fim da Idade Média e o início da Idade
Moderna.
As principais características do humanismo é a valorização do ser humano, com o advento do
pensamento antropocêntrico (homem no centro do mundo) no período renascentista.
HUMANISMO
O Classicismo corresponde a um movimento artístico cultural que ocorreu durante o
período do Renascimento (a partir do século XV) na Europa.
O nome do movimento que marca o fim da Idade Média e o início da Idade
Moderna, faz referência aos modelos clássicos (greco-romano).
No campo da literatura, Classicismo é o nome dado aos estilos literários que
vigoravam no século XVI, na época do Renascimento. Por isso, a produção desse
período também é chamada de Literatura Renascentista.
Na idade Média, período que durou dez séculos (V ao XV), o principal atributo da
sociedade era a religião.
Esse momento esteve marcado pelo teocentrismo, cujo lema eram os dogmas e
preceitos da Igreja Católica, que cada vez mais adquiria fiéis.
Assim, pessoas que estivessem contra ou questionassem esses dogmas, eram
excomungados, além de sofrer alijamento da sociedade, ou em último caso, a morte.
O humanismo, que surgiu a partir do século XV na Europa, começou a questionar
diversas questões uma vez que o cientificismo despontava.
Em Portugal, o Classicismo compreende o período literário do século XVI (entre 1537
e 1580). O marco inicial do movimento foi a chegada do poeta Francisco Sá de
Miranda à Portugal.
Ali, ele se inspirou no humanismo italiano, trazendo uma nova forma de poesia: o
“dolce stil nuevo” (Doce estilo novo).
Esse novo modelo estava baseado na forma fixa do soneto (2 quartetos e 2
tercetos), nos versos decassílabos e na oitava rima.
Além de Sá de Miranda merecem destaque os escritores portugueses classicistas:
•Bernardim Ribeiro (1482-1552), com sua novela “Menina e Moça” (1554);
•António Ferreira (1528-1569), com sua tragédia “A Castro” (1587).
No entanto, foi a partir de Luís de Camões, um dos maiores poetas portugueses e da
literatura mundial, que a literatura portuguesa ganha notoriedade.
Sua grande obra "Os Lusíadas” (1572), é uma epopeia classicista onde ele narra a
viagem de Vasco da Gama às Índias. Ela foi escrita em 10 cantos e está composta
de 8816 versos decassílabos em oitava rima distribuídos em 1120 estrofes.
O Classicismo em Portugal permaneceu até 1580. Esse é o ano da morte de Camões
e também da União das Coroas Ibéricas, aliança estabelecida até 1640 entre
Espanha e Portugal.
CARACTERÍSTICAS
•Antiguidade clássica •Equilíbrio
•Antropocentrismo •Harmonia
•Humanismo •Rigor formal
•Universalismo •Mitologia greco-romana
•Racionalismo •Ideal platônico e de beleza
•Cientificismo
•Paganismo
•Objetividade
AUTORES
Decerto que na literatura portuguesa o autor que recebe destaque é Luís Vaz de
Camões, com sua obra “Os Lusíadas” (1542). Já na Espanha, Miguel de Cervantes
(1547-1616) com sua obra mais notável “Dom Quixote” (1605).
Destacam-se também os escritores humanistas italianos:
•Dante Alighieri 1265-1321), com sua obra mais popular “A Divina Comédia” (1555);
•Francesco Petrarca (1304-1374), pai do humanismo e inventor do soneto;
•Giovanni Boccacio (1313-1375), com sua obra Magma “Decamerão” (1348 e
1353).
QUINHENTISMO
O Quinhentismo representa a primeira manifestação literária no Brasil que também
ficou conhecida como "literatura de informação".
É um período literário que reúne relatos de viagem com características informativas e
descritivas. São textos que descrevem as terras descobertas pelos portugueses no
século XVI, desde a fauna, a flora e o povo.
Vale lembrar que o Quinhentismo brasileiro ocorreu paralelo ao Classicismo
português e o nome do período refere-se a data de início: 1500.
Com a chegada dos portugueses em território brasileiro em 1500, as terras
encontradas foram relatadas pelos escrivães que acompanhavam os navios.
Assim, a literatura de informação foi produzida pelos viajantes no início do século
XVI, no período do Descobrimento do Brasil e das Grandes navegações.
Além disso, os jesuítas, responsáveis por catequizarem os índios, criaram uma nova
categoria de textos que fizeram parte do Quinhentismo: a "literatura de catequese".
Os principais cronistas desse período são: Pero Vaz de Caminha, Pero Magalhães
Gândavo, Padre manuel da Nóbrega e Padre José de Anchieta.
CARACTERÍSTICAS
•Textos descritivos e informativos
•Conquista material e espiritual
•Linguagem simples
•Utilização de adjetivos
•Crônicas de informação ou crônicas de viagem;
•Textos de caráter documental e religioso;
•Uso de uma linguagem simples;
•Descrição e exaltação à terra;
•Uso exagerado de adjetivos e superlativos;
•Literatura pedagógica: poesia didática e teatro pedagógico.
MANIFESTAÇÕES LITERÁRIAS
Literatura de Informação
A Literatura de Informação é representada, em especial, pela Carta de Pero Vaz de
Caminha. Nesse documento em forma de diário, ele relatava o acervo material, a paisagem
e o povo.
Escrita para o rei de Portugal Dom Manuel, Caminha apresenta um relato histórico sobre o
encontro dos portugueses com os indígenas.
Além dele, destacam-se na literatura informativa:
•Pero Lopes de Souza e sua obra Diário de navegação (1530);
•Pero de Magalhães Gândavo e sua obra Tratado da Província do Brasil e História da Província
de Santa Cruz, a que vulgarmente chamamos de Brasil (1576);
•Gabriel Soares de Souza e sua obra Tratado descritivo do Brasil (1587).
Literatura de Catequese
A principal característica da Literatura de Catequese e que a difere da literatura de
informação é que essa foi escrita pelos jesuítas.
Responsáveis pelo processo de catequização dos índios, essa produção é carregada pelos
escritos catequéticos dos padres da Companhia de Jesus. Portanto, todas possuem forte
expressão religiosa e pedagógica refletindo a Contrarreforma Católica.
Sem dúvida, o Padre José de Anchieta foi o principal representante da literatura jesuítica.
Como teve grande aproximação com os índios, produziu uma gramática da língua que era
falada por eles: Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil (1595). Escreveu
também algumas peças de teatro e poemas do qual se destaca Poema à virgem.
Além dele, merecem destaque:
•Padre Manuel da Nóbrega e sua obra Diálogo sobre a conversão do gentio (1557);
•Fernão Cardim com o Tratado das terras e das gentes do Brasil (1583).
AUTORES
Muitos viajantes e jesuítas contribuíram com seus relatos para informar aos que estavam do outro
lado do Atlântico suas impressões acerca da nova terra encontrada.
Por isso, muitos dos textos que compõem a literatura quinhentista, possuem forte pessoalidade, ou
seja, as impressões de cada autor. A obra desse período que mais se destaca é a "Carta de Pero
Vaz de Caminha" ao Rei de Portugal.
Pero Vaz de Caminha (1450-1500)
Escrivão-mor da esquadra liderada por Pedro Álvares Cabral (1468-1520), Pero Vaz de
Caminha, escritor e vereador português, registrou suas primeiras impressões acerca das terras
brasileiras. Fez isso por meio da "Carta de Achamento do Brasil" datada de 1.º de maio de
1500.
A Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita para o Rei de Portugal, D. Manuel, é considerada o
marco inicial da Literatura Brasileira, visto ser o primeiro documento escrito sobre a história do
Brasil.
Seu conteúdo aborda os primeiros contatos dos lusitanos com os indígenas brasileiros, bem como as
informações e impressões sobre a descoberta das novas terras.
José de Anchieta (1534-1597)
José de Anchieta foi historiador, gramático, poeta, teatrólogo e um padre jesuíta
espanhol. No Brasil, ele teve a função de catequizar os índios sendo um defensor
desse povo contra os abusos dos colonizadores portugueses.
Dessa maneira, ele aprendeu a língua tupi e desenvolveu a primeira gramática da
língua indígena, chamada de "Língua Geral".
Suas principais obras são "Arte de gramática da língua mais usada na costa do
Brasil" (1595) e "Poema à virgem".
A obra do Padre José de Anchieta só foi totalmente publicada no Brasil na segunda
metade do século XX.
Pero de Magalhães Gândavo (1540-1580)
Pero de Magalhães foi gramático, professor, historiador e cronista português. Ficou conhecido pelos relatos
que fez sobre a fauna, a flora e a dimensão das terras brasileiras em seu livro "História da província de
Santa Cruz a que vulgarmente chamamos de Brasil".
Além dos animais distintos e das plantas exóticas, ele descreve sobre os povos indígenas e a descoberta do
Brasil por Pedro Álvares Cabral. Outra obra que merece destaque é "O Tratado da Terra do Brasil"
(1576).
Manuel da Nóbrega (1517-1570)
Padre Manuel da Nóbrega foi um jesuíta português e chefe da primeira missão jesuítica à América:
Armada de Tomé de Sousa (1549). Participou da primeira missa realizada no Brasil e da fundação das
cidades de Salvador e Rio de Janeiro.
Seu trabalho no Brasil foi de catequizar os índios e suas obras que merecem destaque são:
•"Informação da Terra do Brasil" (1549);
•"Diálogo sobre a conversão do gentio" (1557);
•"Tratado contra a Antropofagia" (1559).
CARTA
A “Carta de Pero Vaz de Caminha” ou “Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil” foi um
documento escrito pelo escrivão português Pero Vaz de Caminha.
Redigido em 1.º de maio de 1500, em Porto Seguro, Bahia, foi levado para Lisboa sob os cuidados de
Gaspar de Lemos, considerado um dos maiores navegadores de seu tempo.
Apesar de ter sido escrita no século XVI, a Carta foi descoberta muitos anos depois, no século XVIII por José
de Seabra da Silva (1732-1813). Ele era estadista, ministro e guarda-mor da Torre do Tombo.
Sua aparição oficial e acadêmica é obra do filósofo e historiador espanhol Juan Bautista Munoz (1745-
1799).
No Brasil, sua primeira publicação foi em 1817, na obra “Corografia Brasilica”.
Provavelmente, a primeira versão editada no Brasil foi do Padre Manuel Aires de Casal (1754-1821). Ele era
geógrafo, historiador e sacerdote português que viveu boa parte de sua vida em território brasileiro.
Importante notar que a Carta de Caminha é considerada o primeiro documento redigido no Brasil e, por esse
motivo, é o marco literário do País. Ele faz parte da primeira manifestação literária pertencente ao
movimento do Quinhentismo.
COMPOSIÇÃO
Iniciada como um processo epistolar de praxe, a Carta, após desenvolver os
primeiros parágrafos, realizando toda a reverência ao monarca D. Manuel I (1469-
1521), irá continuar como um diário comum.
Sobre sua composição, foi escrita em sete folhas, cada qual dividida em quatro
páginas. Da conotação fonética das marcas ortográficas, vale citar que Caminha
reproduz o estilo de época típico dos textos portugueses até o século XV.
Sua periodização torna o manuscrito um produto organizado e bastante ordenado
cronologicamente.
O escrivão pontua seu texto de modo a provocar um efeito expressivo capaz de
prender a atenção do leitor. Além de garantir que a leitura do manuscrito seja
bastante simples.
CONTEÚDO
Sobre o seu conteúdo, foi uma carta redigida para o rei, de modo a comunicar-lhe o
descobrimento das novas terras.
O deslumbramento dos europeus em relação à descoberta do "Novo Mundo" é bem evidente
nos registros feitos por Caminha. Na Carta ele descreve suas impressões sobre o território que
viria a ser chamado de Brasil.
Ele documenta a composição física à primeira vista do território. Além disso, narra o episódio
do desembarque dos portugueses na praia, o primeiro encontro entre os índios e os
colonizadores e a primeira missa realizada no Brasil.
Curiosidade
O termo “descobrimento” é muito combatido atualmente pelos estudiosos brasileiros. Isso
porque deixa à margem os povos indígenas que habitavam o território no momento da
chegada dos “descobridores”.

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