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Arte e
Representação
Barroca
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Renata Tenreiro Bernardo | 2022/2023
Barroco
O termo “barroco” é utilizado recentemente para caracterizar algumas questões artísticas,
no entanto, a palavra já existia, apenas o seu significado foi alterado.
A grafia e o significado moderno do mesmo aparecem pela primeira em Colóquio dos
simples e drogas e causas medicinais da Índia, de 1563, da autoria de Garcia da Orta.
Este vai utilizar a palavra barroco para caracterizar a forma irregular das pérolas
encontradas nesse território.
Garcia da Orta descreve as pérolas como sendo, “uns barrocos mal-afeiçoados e não
redondos”, esta palavra serve para caracterizar uma forma imperfeita, não redonda e mal-
afeiçoada. É a partir da utilização da palavra neste contexto que vemos o termo aplicado
a algo na perspetiva de algo que não é perfeito.
O Barroco é, mais tarde, definido por Rafael Bluteau em 1712, em Vocabulário Português
e Latino, como uma pedra tosca, algo imperfeita e irregular.
No Dicionário da Língua Portuguesa de António de Moraes Silva, em 1789, entra uma
ideia de grande importância, a associação do Barroco à natureza – penedos, rochedos, etc.
–, mais especificamente a um penedo pequeno irregular.
É sobretudo a partir do século XIX que a expressão “Barroco”, com esta nomenclatura
imperfeita, começa a ser relacionada à escultura, à pintura, à arte. Estando sempre a ela
associada um ideia pejorativa.
O Barroco é, no fundo, um género de arte, uma fase de um qualquer momento artístico,
que tal como as pérolas descritas com o mesmo termo por Garcia da Orta, têm um sentido
pejorativo, de imperfeição, posteriormente, é adicionada uma terceira ideia, a da
extravagância.
Adoção Estilística
O mesmo acontecerá na produção escultórica, por exemplo, o que distingue duas
representações de David – uma de autoria de Michelangelo e outra de Bernini –, é a
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Renata Tenreiro Bernardo | 2022/2023
Unidade e Diversidade
O Barroco vai estar ligado e dependente daquilo que são os contextos políticos de cada
região. É um dos movimentos mais longos, e vamos encontrar em todo o mundo aquilo
que é a representação física do Barroco nas suas produções culturais e artísticas, sendo
que vamos encontrar as primeiras mudanças na Itália.
É necessário perceber aquilo que são as especificidades dos territórios, as peculiaridades
que vão dar a diferentes barrocos, temos de perceber que há questões culturais que vão
ser profundamente marcantes.
Existem três modelos diferentes:
• Barroco da Contrarreforma
• Barroco do Absolutismo
• Barroco Protestante
Vai ser testemunhada uma difusão imensa por outros países, como é exemplo o Brasil, a
Índia e até em África, pois trata-se de uma absorção do que acontece na Europa
juntamente com as realidades locais, sobretudo nas artes decorativas.
Barroco da Contrarreforma
Este vai marcar os países católicos, mais precisamente os antigos domínios dos
Habsburgos: Itália, Espanha, Portugal, etc.
É na realidade um movimento cultural que acontece na Europa do século XVI e vai
promover uma rutura entre aquilo que são protestantes e católicos, e é desde logo
considerada uma rutura profunda.
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Adaptação artística.
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Renata Tenreiro Bernardo | 2022/2023
A Reforma conta como protagonistas com: Martinho Lutero, João Calvino e Henrique
VIII.
A Contrarreforma deu-se como resposta a uma reforma iniciada por Martinho de Lutero,
que conduziu a uma cisão efetiva da Europa, que levará a imensas consequências. Esta é
uma resposta da Igreja Católica aos Protestantes, algo de grande importância, pois, a arte
vai ser um verdadeiro instrumento, e é barroca.
• Paulo III (1534-1549)
• Júlio III (1549-1555)
• Paulo IV (1555-1559)
• Pio IV (1559-1565)
Tem uma base teórica no Concílio de Trento sendo a partir daqui que se vão decretar
novas orientações para os católicos, mas também para a expressão artística, o que é visível
no Barroco, sobretudo no século XVII.
Esta é uma arte que nasce como consequência de todas estas mudanças, de uma nova
realidade. Há uma nova visibilidade que se tenta dar à arte, há uma reflexão tendo em
vista os temas, pois a arte deve cativar; estes novos temas vão ao encontro da Igreja, uma
arte que chama à atenção, que causa impressões – vão-se mostrar os martírios das vidas
dos santos –, tendo o propósito de cativar.
O Barroco da Contrarreforma tem um peso imenso neste período, muito ligado às
diretrizes e orientações ligadas ao Concílio de Trento.
Roma vai constituir o grande modelo, o grande exemplo; as diretrizes começam a ser
aplicadas nesta cidade, por ser o palco da cristandade, onde vamos encontrar os exemplos
e matrizes daquilo que é o Barroco da Contrarreforma.
Barroco do Absolutismo
Este vai ser sobretudo marcante em França, mais precisamente na corte de Luís XIV,
sendo que vão ser trabalhadas as novidades sobre aquilo que é o barroco; por exemplo, o
palácio barroco nasce em França, é também a este que vão estar ligados alguns
componentes do retrato, etc.
Vai-nos transportar para novas realidades culturais e artísticas, que aparece a partir de um
período em que o poder dos monarcas se estabelece, que vai dar origem ao Absolutismo,
que se trata da concentração dos poderes numa única figura, a do rei. Esta nova realidade
vai ser fundamental nas culturas do século XVIII, um período marcado pelo luxo,
exuberância e pela riqueza.
O rei é soberano por graça de Deus, uma ideia proveniente da Teologia, ele é a
representação da lei viva, havendo apenas uma entidade acima do mesmo, no entanto é
necessário ter em conta que esta é uma entidade abstrata.
O Barroco do Absolutismo generaliza-se na Europa dos séculos XVII e XVIII, sendo que
Portugal também será um excelente exemplo para este tipo de Barroco, assim como no
da Contrarreforma.
• Luís XIV (1638-1715)
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• D. João V (1689-1750)
A arte é instrumentalizada para estar ao serviço do rei, é a imagem de marca de uma
governação forte, deve-se expor o rei da forma mais evidente, mostrando-se como um
soberano rico, melhor. Esta afirmação de poder vai ser vista nas procissões públicas, nos
palácios, em tudo aquilo que tiver um público e alvo civil.
Barroco Protestante
Estamos perante um realidade artística diferente que se desenvolve mais especificamente
nos Países Baixos (na Holanda) e na Bélgica. O enfoque nestas regiões é o quotidiano,
pois falamos sobretudo de burguesia, de uma arte dirigida a este grupo, que terá um
protagonismo imenso e muito importante, vai haver um consumo artístico que é
completamente diferente daquele que existia até agora.
Este terá um grande impacto na pintura; temos o surgimento de temas de costumes, de
paisagens, as cenas de género, as representação do quotidiano e os interiores domésticos
que serão também explorados.
• O Barroco depende sempre daquilo que é o contexto no qual se desenvolve, pois
são os contextos que definem aquilo a que chamamos estilos.
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Arquitetura Barroca
Quando falamos de arquitetura barroca falamos sobretudo de dois grandes paradigmas,
por um lado temos o paradigma de Itália e pelo outro temos o paradigma de França, o
primeiro é o grande paradigma da arquitetura religiosa, já o segundo diz respeito à
arquitetura civil. Trata-se de dois modelos formais que vão dar origem a realidades muito
diferentes.
Há uma questão fundamental ligada à arquitetura e ao espaço, a vinculação do espectador,
assim como a arquitetura o consegue fazer. De forma que o espectador se sinta veiculado
ao espaço, a arquitetura e o espaço interior podem ser idealizados de forma a captar a
atenção de quem lá está, assim como a convidar à participação de quem se encontra no
interior.
Esta articulação vai fazer-se de diferentes maneiras, pois o espaço interior também se faz
de diferentes maneiras: tendencial complexificação das plantas, por exemplo, as plantas
centralizadas não vão desaparecer, mas vamos encontrar uma tendência para complicar
as planimetrias; havendo também a junção de vários tipos de plantas.
• A Igreja do Gésu é caracterizada pela sua planta em cruz latina, com capelas
laterais intercomunicantes, estas que vão ser as mais usadas ao longo do século
XVII. A zona para acolher os fiéis é cada vez mais ampla, o altar-mor ganha cada
vez mais importância.
• Igreja de San Carlo alle Quatro Fontane
• Igreja de Sant’Ivo alla Sapienza
Um segundo aspeto importante é um que é transversal à arte barroca, a relação
privilegiada das formas curvilíneas, a linha curva, sendo formas mais movimentadas,
aplicando-se a tudo e não apenas à arquitetura. Na arquitetura é evidente nas plantas e nas
próprias fachadas, as linhas curvas dão movimento e dinamismo à arquitetura e permitem
a obtenção de efeitos lumínicos na arquitetura, por vezes são elementos complexos nas
obras dos autores.
Outro aspeto que caracteriza a arquitetura barroca é a atitude anticlássica que várias vezes
aparece, pois, o barroco vai transgredir as regras da Antiguidade, vai segui-las por vezes,
mas muitas mais vezes as irá romper; estas transgressões acontecem nas mais variáveis
maneiras.
• O barroco é uma estética de sensações, mas também de detalhes.
As transgressões são encontradas em momentos da arquitetura, em pilares, em colunas –
estas que nem sempre têm função estrutural, podem ter apenas uma questão decorativa, a
partir desta época passa a haver a utilização dos elementos da arquitetura de forma
ornamental.
Há uma subversão recorrente do classicismo, encontrada em elementos como uma coluna
invertida mais estreita na base e larga na parte superior, muito comum na arquitetura
barroca. As colunas salomónicas são também muito típicas da arquitetura barroca, estas
que diferem das clássicas, pois estavam caracterizadas por serem o mais simples possível.
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O fuste das colunas contorcido, recebe depois ornamentação, um dos elementos que será
aplicado em muitas circunstâncias.
Os frontões também serão alterados, sendo que vamos encontrar frontões interrompidos,
ou que vão ondular, sendo de algum modo alterados de algum classicismo, são elementos
arquitetónicos, mas também decorativos.
Está presente uma busca constante de efeitos, estes que se promovem nos espaços
barrocos acontecem pela importância que os efeitos lumínicos têm nos espaços. A
abertura de janelas acontece de um modo muito criterioso dos espaços, as fachadas da
arquitetura barroca são caracterizadas por terem muitas aberturas, o que terá uma
consequência direta no espaço interior.
Os efeitos ilusórios são também importantes no barroco, este que é caracterizado por ser
o movimento da ilusão onde a teatralidade tem um carácter acentuado, o parecer e não
ser, é algo muito frequente na arte barroca.
Na arquitetura este percebe-se naquilo que é uma desmaterialização dos espaços, pois
deixamos de perceber onde este começa e acaba, o que acontece com o uso de pintura em
trompe l’oeil: uma pintura ilusória que vai ser explora e até avançada. Para a
desmaterialização dos espaços é também utilizado o estuque tendo em vista a utilização
do relevo.
Esta terá relevância em toda a arquitetura barroca, no entanto, manifestada de diferentes
maneiras em diferentes aspetos, em Portugal trata-se da utilização da azulejaria.
Arte Barroca:
•
simbiose de toas as
artes; absoluta Belcomposto consiste na noção de obra de arte total.
harmonia de todas as
expressões artísticas
Quando falamos de arte barroca é quase impossível falar dela no total, pois temos de o
fazer in situ, a questão da dependência de todas as artes é fundamental quando falamos
de barroco.
Esta noção de obra de arte total é uma das principais e grandes características do barroco,
pois trata-se da simbiose de todas as artes, todos os elementos se articulam perfeitamente.
As artes acomodam-se à arquitetura. Esta questão leva-nos à absoluta harmonia de todas
as expressões artísticas, mas que faz com que todas as obras sejam dependentes umas das
outras.
O estilo barroco alarga-
se até à cidade, aos
edifícios e ao espaço O conceito de obra de arte total alarga-se também à cidade, ao conjunto urbano, entender
interior, servindo para
captar a atenção, o barroco passa também por perceber as mudanças que este período vai ter nas cidades.
persuadir o espetador
e demonstrar o poder -
Há um novo conceito de cidade que passa para o edifício e daí para o interior. Estas
religioso ou régio. mudanças servem sempre para captar a atenção, persuadir os espectadores,
independentemente de quem estes sejam; servindo para demonstração de poder, quer seja
religioso ou régio.
A cidade torna-se o
palco para as A cidade é o primeiro palco do barroco, onde tudo se irá desenvolver, onde vão ocorrer
demonstrações de
poder: civil - grandes as demonstrações de poder. É o placo de um espetáculo que pode ser civil, vendo-se
palácios, desfiles
militares; religioso - através dos grandes palácios, desfiles militares, civis, etc., ou religioso, o que se vê
procissões,
manifestações de fé através de procissões, manifestações de fé, etc.
A cidade emerge como mais um símbolo de poder, onde há uma articulação de todas as
partes. Há uma nova articulação do espaço urbano para se atingir estes objetivos, espaços
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A cidade torna-se um
símbolo de poder,
articulando novas
espaços urbanos Renata Tenreiro Bernardo | 2022/2023
públicos e de
exibição de edifícios
muito uniformizados
- com capacidade de públicos para o público, as cidades terão cada vez mais espaços para a exibição do poder,
se tornarem
monumentos edifícios muito uniformizados, que tem a capacidade de criar algo monumental.
• A praça real é um dos elementos fundamentais da cidade barroca.
A cidade barroco
uniformizou a
própria cidade
A cidade barroca tende a uniformizar a imagem da própria cidade, esta que se faz, por
através das fachadas
que delimitavam os
vezes, através das fachadas de forma a regular a imagem das cidades. As fachadas servem
espaços urbanos para delimitar os espaços urbanos.
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Bernini, pela seu apoio papal, utilizava materiais nobres - bronzes, mármores -, sendo
essa a sua imagem de marca
Borromini utilizava materiais menos nobres - estuques - mas que conferiam Renata Tenreiro Bernardo | 2022/2023
grande textura às suas obras
Esta Igreja tem As obras arquitetónicas de Bernini são marcadas por materiais nobres, esta que é uma das
outro de tipo de
qualidade, suas imagens de marca: os bronzes, os mármores, etc., já Borromini utiliza materiais
testemunhada pela
presença de: menos nobres, como são exemplo os estuques.
- pórtico com
linhas curvas;
- brasão papal; A Igreja de Sant’Andrea all Quirinale tem um pórtico com linhas curvas, contém o brasão
- planta
diferenciada. papal e quando olhamos para a planta percebemos que estamos perante um espaço
É um excelente
exemplo da
extraordinário. Aqui também vemos a articulação de várias artes, a articulação entre a
articulação de arquitetura e a escultura; o carácter lúdico percebe-se neste tipo de detalhes,
artes - arquitetura
e escultura -, com
carácter lúdico
diferenciados.
Bernini e
Borromini são
Gian Lorenzo Bernini, nasce em Nápoles em 1598 e morre em Roma no ano de 1680,
duas importantes teve desde cedo reputação mundial, marcada por encomendas internacionais, tendo em
figuras na
imposição do conta que está associado com o círculo de influências no qual se encontrava inserido.
Barroco ainda que
os seus percursos
de vida e Francesco Borromini era uma figura com um temperamento apaixonado e inquieto sem a
profissionais
divirjam imenso quantidade de encomendas e obras associadas a Bernini, no entanto foi um dos criadores
Borromini diferia mais extraordinários do Barroco. Em Roma tem um lugar de segundo plano, não
de Bernini em
imensos aspetos:
ascendendo a fama internacional, e tem uma obra muito menos abundante, com materiais
* audácia - e acessos a meios muito inferiores.
rompimento das
regras clássicas;
utilização da linha
curva e elementos
Este vai deixar algumas obras fundamentais e influentes aquilo que é a arquitetura
ondulantes ocidental no século XVII, é caracterizado:
(dinamismo);
* luz - colocação
estratégicas de • pela audácia, no que diz respeito ao rompimento das regras, essencialmente das
janelas para
causar contrastes; clássicas, ultrapassando Bernini no arrojo; utiliza a linha curva e os elementos
* subversão dos
elementos ondulantes; as suas obras são de dinamismo sem precedentes, parecendo um
clássicos -
frontões, volutas/ escultor na sua arquitetura.
colunas
investidas, quebra • pela luz, um dos melhores exemplos é a sua colocação estratégicas de janelas,
arcos e detalhes.
para causar contrastes de alguma violência.
Borromini foi dos
• pela subversão dos elementos clássicos, através dos frontões, das volutas
principais
influentes da
invertidas, dos quebra arcos, e os detalhes que são fundamentais.
arquitetura
ocidental no
século XVII
O frontão mistilíneo é uma imagem de marca da sua arquitetura.
A sua obra mais Uma das suas obras mais notórias é a Igreja de San Carlo alle Quattro Fontane, esta é
notória foi apenas
construída até à apenas da sua autoria até à cimalha, a parte superior é obra de Bernardo Borromini, seu
cimalha que a
parte superior é da filho, pois trata-se de uma fachada ondulante, sinuosa, dinâmica, articulada com a cidade,
autoria do seu filho
e apresenta uma que se enquadra num cruzamento com quatro fontes (daí a designação).
fachada ondulante,
dinâmica e
articulada com a A escultura parece dialogar com quem passa, e os nichos assumem uma importância
cidade
enorme neste diálogo que parece haver entre as duas partes. A planta da Igreja de Sant’Ivo
é classificada como mistilínea; a Igreja de Sant’Agnese, também de autoria de Francesco
Borromini, está também pautada na representação da cidade.
Duas das grandes representações de Francesco Borromini são classificadas como mistilíneas - com dois tipos de plantas - mas
sempre são enquandradas na representação da cidade.
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Ocorre sobretudo a partir de França no desenvolvimento do barroco romano; vamos procurar olhar para
estes diferentes contextos para entendermos a diversidade, que assenta sempre nos contextos próprios e
realidades específicas de cada território.
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A nobreza torna-
se cada vez mais
A nobreza vai ser cada vez mais dependente do rei, sendo o único limite ao poder do rei
dependente do Deus.
rei, uma figura
que centraliza em
si todos os
poderes - Le Roi
• É na figura do rei que se centralizam todos os poderes: Le Roi Soleil, assim
Soleil chamado pois os raios da sua luz deviam iluminar toda a França.
O Mercantismo -
prática Muito ligado ao Absolutismo está uma prática económica, o Mercantilismo, no qual
económica de
valorização do falamos sempre de uma valorização ao que é nacional. Este modelo económico
que é nacional -
interliga-se ao implementado deve-se ao facto de impedir que saia dinheiro do país, de divisa do país,
Absolutismo
por outro lado fomentar a produção interna evitando comprar ao estrangeiro. Assim, vai
Este modelo
económico reforçar no plano económico aquilo que são os nacionalismos. Esta irá relançar as
impedia a saída
de dinheiro do economias onde se vai desenvolver. as economias são relançadas em conformidade com a formação dos nacionalismos
país, fomentado a
produção interna
e evitando a
A França foi a pioneira na eficácia no implementação destas medidas, na prática vamos
compra ao
estrangeiro
assistir ao surgimento de muitas manufaturas, chegamos até a falar de indústrias próprias.
Colbert, ministro Jean-Baptiste Colbert é o poderoso ministro de Luís XIV, apresentado ao mesmo pelo
de Luís XIV,
desenvolve um Cardeal Mazarin, que contará com um papel importante naquilo que é o mercantilismo
importante papel
na implementação em França. Contribuiu imenso para o desenvolvimento da indústria francesa, assim como
do mercantilismo
francês, levando para o enriquecimento dos cofres do Estado.
ao
desenvolvimento
da indústria Este tipo de barroco só é possível devido aos recursos do país, sendo que será mais
francesa e ao
enriquecimento
próspero consoante a prosperidade do país, é o ministro que vai ser responsável pela
dos cofres do
Estado
criação de algumas das mais importantes manufaturas de França, a nível de porcelanas,
tapeçarias, etc. O Barroco francês só foi possível através dos recursos que o país tinha, sendo ele mais próspero consoante a
prosperidade do país - manufaturas (porcelanas, tapeçarias, etc.)
A corte de Luís XIV
torna-se alvo de Ambiente da corte: aparato, luxo e prestígio
grande interesse
por parte dos
grupos sociais Existe a criação de uma corte à volta de um rei, esta que pretende controlar os grupos
mais elevados que
procuram poder. sociais. Nesta, o rei oferece poder aos mais poderosos de forma a controlá-los, sendo que
A corte cresce
a sua corte é absolutamente fundamental, a grande preocupação do monarca passa pelo
exponencialmente,
tornando-se um
poder.
modelo que
controla e A sua corte vai crescer exponencialmente Luís XIV não tem debaixo da sua tutela as
influencia toda a
sociedade, a nível outras camadas sociais, oferecendo-lhes um modo de vida ativo e sobretudo luxuoso. Esta
político, cultural e
estético (moda) torna-se num modelo que controla e influencia toda a sociedade, não só a política, mas
também na cultura e na moda.
A corte tem, ainda,
influência nos
objetos que
Hierarquia
regulam os
privilégios e os Terá influência nos objetos e em tudo, sendo que regula os privilégios e ordenados
ordenados de cada
uma das figuras da associados a cada uma destas figura, a sua corte é um lugar muito apetecível ao qual se
corte.
A corte é, portanto, pertencer.
um lugar muito
apetecível.
Em diferentes domínio da vida da corte os objetos comportavam-se de acordo com os
Os objetos na corte cenários, um exemplo muito interessante é o do mobiliário (tabourets e ployants). Os
seguiam os cenários
que ocupavam. membros da família real tinham uma cadeira de braços, os nobres muito próximos do rei
Particularmente o
mobiliário:
ficariam em cadeiras, ou outros ficariam em bancos, almofadas e outros sem título
- membro da família hierárquico não teriam sequer lugar na sua corte.
real tinha uma
cadeira com braços;
- nobres próximos
do rei, tinham direito
A arte é o elemento central e a protagonista disto tudo, é aquilo que se vê, com o qual o
a cadeira/bancos rei se pode rodear, assiste-se a uma enorme instrumentalização da arte que serve para
almofadados;
- os sem título
hierárquico não
tinham lugar na
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corte.
Renata Tenreiro Bernardo | 2022/2023
Assiste-se à
instrumentalizaçã
o da arte já que
este serva para exibir o poder do rei, mostrando a riqueza do país. A arte vai ser transformada em função
exibir o poder do
rei, a riqueza do deste ambiente e do cenário, o do espetáculo real que se quer mostrar e a arte vai ser
país e os seus
grandes feitos perfeita para fazer isto, permite exibir a ostentação assim como os grandes feitos do país.
A par do que
acontecia com a A realidade era igual à da Igreja devido ao facto de que ambos pretendiam mostrar o seu
Igreja, as
manifestações
poder, o poder só é perfeito se se manifestar aos olhos de todos, tudo aquilo que são
públicas de poder
eram essenciais.
manifestações públicas de poder são essenciais: o cenário onde tudo isso se exerce é muito
importante.
A arte é, na prática, uma manifestação material do poder, acompanhando os países de
diferentes maneiras.
O estilo oficial
francês está Há uma busca incessante de se procurar uma estética própria, os franceses, ainda hoje,
irrevogavelmente
ligado ao Barroco
dizem que não têm barroco o que há é o classicismo francês que é uma estética sob o
do Absolutismo ponto de vista clássico que nada tem que ver com o barroco que vemos na realidade
que, por
oposição ao
barroco romana,
italiana. Vemos uma espécie de arquitetura clássica, onde a relação com o classicismo é
fazia uso das muito mais evidente, sendo a construção de um estilo próprio, acabando por ser um
curvas mantendo
características de modelo para outras cortes e países.
simetria.
Este movimento artístico que se desenvolve em França vai definir uma espécie de “estilo
oficial” francês que é um período muito ligado ao Barroco do Absolutismo, um dos
períodos mais brilhantes da arte francesa, em oposição ao barroco romano, com as curvas,
com as características pautadas pela simetria, etc.
As academias
serviam para
impor regras,
Academias
dando-se não só
uma centralização O surgimento das academias que tem para nós grande importância pois estas servem para
dos poderes mas
também do gosto. impor regras, há uma centralização dos poderes, mas também do gosto. Há uma
Há uma centralização das academias, estas que irão regular a maneira de fazer as coisa, são
centralização das
academias que instituições que estabelecem as diretrizes da criação artística, sobretudos as das Belas
passam a regular a
maneira de Artes, contaminadas pelo absolutismo e centralismo régio.
fazerem as obras.
Estas instituições - A Manufatura Real dos Móveis da Coroa, Gobelins – Manufatura Real dos Móveis da
Belas Artes -
estabeleciam as Coroa (1667) foi uma das mais importantes manufaturas do caso francês que se dedicou
diretrizes da
criação artística em exclusivo à produção de objetos de luxo, com o propósito de servirem a corte de Luís
Outro grande XIV. Esta gera mão de obra interna, a capacidade de produzir dentro das fronteiras e que
exemplo são as
Manufaturas
terá ecos e consequências futuramente.
criadas que geram
mão de obra
interna e a
Charles Le Brun é o pintor régio de Luís XIV, estes que são normalmente figuras
capacidade de relevantes, vai ser um dos grandes responsáveis por aquilo que vai ser a imagem da
produzir dentro
das fronteiras. produção artística, sendo que a irá gerir de um modo centralizado para que aconteça uma
O pintor régio é um centralização a nível da arte. O que acaba por ocasionar uma enorme uniformidade para
dos grandes
responsáveis para a construção de uma espécie de imagem de marca, sendo que a arte está sempre dirigida
a criação da
imagem da para a figura do rei de forma a exaltá-la3.
produção artística,
centralizando a
arte e criando uma Palácio Barroco
imagem de marca
sempre dirigida
para a figura do rei, No Barroco do Absolutismo há a fixação de um modelo que é o Palácio Barroco, a França
exaltando-o
vai deixar uma série de orientações inquestionáveis. Vemos o palácio como um cenário
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Vamos encontrar os célebres “Ls” entrelaçados, o sol raiado e as flores de lis.
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O Palácio do
Barroco torna-se Renata Tenreiro Bernardo | 2022/2023
um cenário de
exaltação do poder,
sendo objeto de
alterações em
grandes e de poder, como o grande invólucro onde se exerce o poder, vai ser objeto de inúmeras
pequenas cidades
europeias. alterações em grandes cidades europeias ou até em pequenas cidades.
A renovação do
Palácio do Louvre Coloca-se a necessidade de renovar o Palácio do Louvre no reinado de Luís XIV, no seu
fico encarregue a
dois arquitetos reinado e é nestes anos que se equaciona uma alteração numa das fachadas do palácio. É
clássicos que
fizeram alterações
no contexto desta reformulação que se pedem propostas a Bernini, mas é totalmente
nos pavimentos contrário classicismo francês (1666), vê-se a oposição do gosto italiano e do gosto
superiores e
introduzindo uma
escultórica
francês. Permite-nos colocar em confrontação estas duas estéticas, sendo que quem vai
simétrica - vingar é Claude Peralt e Louis Le Vau no ano seguinte, a sua proposta é classicista, numa
colunatas
arquitetura clássica, um pavimentos superior com uma colunata e uma componente
confronto de duas
estéticas: gosto escultórica simétrica.
italiano e o gosto
francês
Versailles
Versailles serve para compreendermos tudo aquilo que é o Barroco do Absolutismo, da
ideia do edificado até para tudo o que o compões internamente e externamente. Este é o
grande paradigma da arte barroca francesa, sendo um exemplo que irá contaminar muitos
outros países e, consequentemente, edifícios.
O palácio é objeto de uma renovação no século XVII, materializando aquilo que é o
barroco no barroco francês e vai fixar um conjunto de modelos que iremos ver replicados
ao longo da Europa.
Versailles foi a obra mais importante do reinado de Luís XIV, representando tudo aquilo
que já havíamos falado, vamos ver França com uma identidade muito própria a nível
artístico, vemos também muito marcado o prestígio político que pretendiam representar.
É a conjuntura que faz deste o grande exemplo do Barroco do Absolutismo, este que é
criado para glorificar a imagem de uma figura.
Este palácio é também um testemunho dos melhores artistas franceses, é aqui que será
inaugurada a vida de corte, pois este é um cenário privilegiado para o exercício do poder
como é também um palco que será replicado por outras cortes.
Vemos o palácio barroco enquanto cenário de poder, assim como os modelos que se
cristalizam a partir deste e que passam para outras cortes, este não vai ao encontro dos
interesses do país, mas sim ao desta monarquia absoluta, pois tudo é feito à volta da figura
do rei: as festas, as cerimónias memoráveis, etc.
• O grande objetivo é glorificar a imagem do rei, o prestígio do rei é mais eficaz
consoante a sua visibilidade.
Modelos
• Palácio Barroco
• Jardim Formal
• Praça Real
Versailles é, na realidade, uma localidade muito próxima de Paris. Luís XIV pretendia
construir o seu cenário fora de Paris, tendo o palácio a sua origem naquilo que era um
antigo pavilhão de caça erguido pelo seu antecessor.
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Renata Tenreiro Bernardo | 2022/2023
Louis Le Vau
É um dos arquitetos que está associado há muito à Casa Real, associado também ao
Palácio do Louvre, é o responsável pela estrutura emblemática essencial do palácio. É o
responsável pela remodelação do pavilhão de caça, que irá retomar uma das ideias de
Bernini para o Palácio do Louvre numa das fachadas do Palácio de Versailles (um piso
térreo maciço, encontrando uma linguagem clássica em vários edifícios).
O palácio é construído numa planta em U, ou seja, tudo se desenvolve em volta de um
pátio central – esta que é uma das suas grandes marcas. Vemos um pátio central em torno
do qual se desenvolvem as alas, todo o palácio se vira para os jardins, toda a vida do
palácio se vira para os jardins, que têm um papel fundamental.
Jules Hardoun-Mansart
É quem concretiza o projeto de Le Vau, sendo responsável pelas principais obras de Luís
XIV, assim como pelo engrandecimentos de muitas coisas que se fazem no edifício. Este
é sobrinho de um arquiteto que cria uma cobertura com o nome de “cobertura mansarda”,
na qual há o aproveitamento dos pisos superiores, que recebe janelas, o que também se
vê em Versailles.
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Charles Le Brun
A pintura pretende destacar através dos temas os feitos heroicos e guerreiros do reinado
de Luís XIV, como são exemplo as obras O Rei Governa e Proteção das Belas Artes,
quase tudo o que está em Versailles foi objeto de gravura, e como estas viajavam de forma
fácil acabaram por influenciar muitas obras.
Uma das características decorativas que mais marca a Galeria é a nobreza e a qualidade
dos materiais, estando destacado um interior marcado por 24 candelabros em prata
maciça, estando atualmente no seu lugar réplicas de madeira. Os lustres dos mesmos são
em cristal da boémia, mostrando o absolutismo neste cenário da corte, tratando-se de um
espaço de representação de poder.
O Palácio Barroco
Todo este ambiente vai provocar uma inequívoca informação daquilo que era a corte,
soberanos de outros países a vão querer imitar, tornando-se uma fisionomia modelo. A
França inventa aquilo que é um modelo construtivo de um palácio barroco, um edifício
marcado pela horizontalidade, pela praça central de acesso, o envolvimento dos seus
jardins e interiores sumptuosos.
Um dos primeiros elementos do palácio barroco a destacar é o vestíbulo, que ganhará
cada vez mais importância no século XVIII. Este é um espaço de receção, o primeiro que
conhecemos quando entramos, é a ligação entre o pátio exterior e o interior do edifício.
É uma espécie de mostruário das glórias da família, das obras de prestígio e por outro
lado, além de ser um espaço de aparato, é também muito importante pois o resto da casa
se organiza em torno do mesmo.
A escadaria, que ali se localiza, é o segundo elemento essencial do palácio barroco,
desenvolvendo-se em vários lanços e têm um papel de aparato e de função social, como
que um carácter de palco, assim como de distribuição da casa. É a partir dali que se
desenvolvem os espaços principais da casa.
O programa de engrandecimento do palácio alargou-se à envolvente, mas também ao
exterior em torno de outras construções que tinham a função de recreio, servindo para
entreter a corte: a Grand Orangerie e o Grand Trianon.
A Grand Orangerie era uma equipamento que servia para abrigar plantas frágeis e
sensíveis, com o objetivo de impressionar os visitantes e que no inverno abrigava mais
de mil árvores exóticas. O Grand Trianon era uma espécie de pequeno palácio fora do
palácio com uma estrutura clássica que servia para quando Luís XIV quisesse descansar
da corte, para o fazer ainda dentro do palácio de Versailles.
Jardim Formal
É planeada a sua envolvente, cerca de oitocentos hectares, uma área imensa onde vamos
encontrar um verdadeiro cenário teatral que servia para a corte se entreter, servindo de
cenário ao palácio e a toda aquela vida de corte.
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• Este já foi objeto de inúmeros estudo, abrigava várias espécies de vida selvagem,
sendo uma estrutura complexa tendo em vista a sua composição.
A fixação de mais um modelo fundamental é lançado a partir do Barroco Francês, este
que é o jardim formal, sendo o seu responsável Andre Le Notre. Este vai ser o arquiteto
convidado para projetar os parques de Versailles a pedido do próprio rei, vai criar um
estilo de jardinagem simétrica e rigorosa, inspirada nos modelos classicistas.
Há uma escala impressionante a nível da proporcionalidade, fixa este modelo de jardim
que ficou conhecido como um jardim “à francesa”, caracterizado pelo geometrismo, pelo
rigor das suas formas e que se vai disseminar pela Europa a outras escalas.
O que o caracteriza é a absoluta submissão da natureza, o domínio da mesma, organizada
em praças e alamedas que se organiza das mais variadas formas que vão ser predefinidas
anteriormente; a vegetação, tudo aquilo que é considerada selvagem haverá apenas em
vasos.
Os pontos de água são muito importantes, sendo que tem que ver com a proliferação de
fontes, bacias e lagos, com componente escultórica sendo que em Versailles é tudo em
grande.
Como já havíamos visto, além do impacto do palácio no seu próprio tempo e no panorama
francês, vemos que o Absolutismo Francês vai levar ao poder que estes acabarão por ter
na pintura e na arquitetura.
Há um outro modelo fundamental, que não tem uma relação direta com a arquitetura, mas
com o novo modo de conceber a cidade; a ideia da grandeza está muito associada ao
Barroco, principalmente ao do Absolutismo, que passará para a cidade e constitui, tal
como a arquitetura e a pintura, um outro modo de persuadir o espectador.
Praça Real
A cidade, nos finais do século XVII e ao longo de todo o século XVIII, vai surgir como
um verdadeiro palco para a representação do poder, sendo que a sua organização é um
tópico muito importante no contexto do Barroco.
Fundamentalmente, no contexto dos desenvolvimentos das cidades europeias,
particularmente a partir de França, a praça assume um papel de relevo, desenhada como
um núcleo urbano absolutamente elementar que agrega os edifícios e que vai, ainda hoje,
ter um papel fundamental na estrutura das cidades.
As praças são planificadas para a obtenção de perspetivas impressionantes, todas as
principais construções organizam-se em torno da praça, vamos perceber que foram muitas
as cidades que foram alvo de renovações urbanas por várias razões (fenómeno que iremos
assistir a partir de França).
Eram praças reais, na maior parte dos casos, que contam com um conjunto de elementos
mais ou menos comuns:
• a frequente relação entre o poder político e o poder religioso através de vários
edifícios: quando falamos de uma praça real falamos de um edifício central
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Barroco em Portugal
Desenvolver-se-á essencialmente em dois momentos-chave muito distintos:
• Uma primeira fase associada à segunda metade do século XVII, o Primeiro
Barroco Português. Esta encontra-se arcada pela Restauração da Independência,
todo um contexto que irá interferir com a produção artística.
• Uma segunda fase, fortíssima com características muito distintas da anterior,
marcada pelo reinado de D. João V, período absolutista, o Barroco Joanino em
Portugal. Esta é mais consolidada e internacional, estando ligada à transição do
século XVII à primeira metade do século XVIII.
Anti-Barroco
Este movimento é pertencente ao século XIX, com nomes como Almeida Garrett e
Alexandre Herculano como seus representantes.
Os primeiros contributos historiográficos do barroco são marcados por uma tónica
depreciativa, a historiografia do barroco é deste século, e a sua má fama é uma constante.
Os artistas que se dedicam a estudar o património artístico português mostram uma ideia
depreciativa.
A arte medieval era aquela que era enaltecida, objeto das atenções, Almeida Garrett faz
apenas referência ao medieval favorecendo tudo o que era gótico. O mesmo se diz de
Alexandre Herculano que tem uma atuação relevante no património português do século
XIX, assumindo a mesma perspetiva, chega a compara o Mosteiro da Batalha ao Palácio
de Mafra.
Nesta visão romântica do século XIX vamos reter uma ideia depreciativa do Barroco por
questões estéticas, neste século encontramos também questões políticas para esta
depreciação. Destas questões temos Antero de Quental e Joaquim de Oliveira Martins que
atacam o barroco, visando-o por questões políticas concretas dado ao período no qual se
desenvolve, o reinado de D. João V (de forma a ilustrar uma ideia política para este
período). O que aqui se condena é a motivação política que esteve por trás do Barroco,
mas também a estética dos edifícios.
Antero de Quental considera que é a partir do século XVII que Portugal entra em
decadência, usando como exemplo a relação entre o Catolicismo e o Absolutismo, por
isso Mafra foi visadíssima, considerando-a o símbolo da decadência desse período em
Portugal (ideia que será repetida por vários autores).
Resignificação
Este movimento é pertencente ao século XX contando com nomes como o de António
José Saraiva e de Ana Hatherly, olham para o Barroco como algo que caracteriza um
período, uma época em várias áreas e não apenas na arte. Ana Hatherly tem um papel
fundamental, sobretudo pelas relações que estabeleceu entre a literatura e as artes
plásticas do Barroco.
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Valorização
É um movimento pertencente ao século XX, contando com nomes como Robert C. Smith
e Germain Bazin, que visava valorizar a produção artística da época, o que acontece nos
meados do século, por autores estrangeiros e não portugueses.
Começa com uma nova valorização da historiografia da arte a ser produzida, sendo
responsáveis pelos primeiros estudos de referência em Portugal, no entanto, são autores
datados. Irão estabelecer uma relação entre a arte em Portugal e a arte no Brasil, estes que
vão dar um contributo muito interessante para as mesmas.
Contextos
Ganham importância no século XX, e no fundo o que valorizam é o contexto no qual a
obra de arte foi produzida.
Existem uma série de valores contextualizantes fundamentais para o barroco português,
sendo uma produção artística marcada pelos valores tridentinos, sendo que o ambiente
cultural é pós-tridentino, ou seja, tudo o que envolve a religião tem de ser pensado.
Há um outro aspeto importante, que é exclusivo a Portugal, que é a questão da
Reconstituição, um contexto muito específico, sendo que a esta se somaram uma série de
conflitos e situações que levaram a condições nefastas a nível do reino.
No podemos esquecer o reinado rico de D. João V, que explicará muitas coisas, em todos
os domínios artísticos. Esta realidade do Barroco em Portugal vai moldar uma vasta
produção, sendo um em que se nota uma grande quantidade de obras, assim como os
interiores e lugares em geral que são reconsiderados.
• A cultura luso-brasileira será um dos grandes contributos do Barroco Português,
sobretudo ao longo do século XVIII.
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O ano de 1717 é a data que está ligada à Basílica de Mafra.
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Este é um corpo retangular marcado pela ondulação dos alçados, uma construção sem
precedentes e continuidade, sendo caracterizada como uma obra única; de planta
centralizada à maneira da tratadística do tempo, marcada pela sobriedade dos materiais.
Estes que são materiais nobres, consistindo em mármores abundantes, o que é raro em
Portugal, sendo maioritariamente polícromos; a cúpula que também constitui a igreja já
é de construção posterior, no entanto mostra a obra de João Antunes.
A Igreja de Santa Engrácia nunca funcionou como igreja, nos finais do século XIX
funcionou como depósito do armamento do exército; em 1910 é declarado Monumento
Nacional; em 1916 é-lhe atribuída a função de Panteão; em 1966 dá-se a finalização das
obras, depois de um hiato de quase 300 anos.
Um outro exemplo da obra de João Antunes, relevante na sua obra, é a Igreja do Senhor
Bom Jesus da Cruz de Barcelos, um outro caso emblemático da sua obra, é um projeto
desenvolvido nos finais da sua vida (1705-1710). É uma igreja lançada pelo Bispo de
Braga, concurso à qual concorrem dois arquitetos que ele acaba por vencer; é uma igreja
de planta centralizada com curvas e inusitada no panorama da arquitetura desta época.
• Uma das marcas mais importantes na sua obra é o detalhe, sendo que os dois
aspetos/particularidades da sua obra são:
o colunas salomónicas, normalmente encontradas nos pórticos; é muito
frequente a adoção desta tipologia de coluna presente em várias obras
como é exemplo a derivação do Baldaquino de S. Pedro, de Bernini, no
Vaticano.
o embutidos marmóreos, encontramo-los em pormenores até, é uma
sinfonia de cor misturado com talha dourada, é uma opção decorativa
morosa, sendo uma base de mármore onde é solecado o desenho e em cada
um são embutidas pequenas peças de mármore; um grande exemplo desta
técnica é o Túmulo de Santa Joana Princesa.
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Entre essas influências está a influência inglesa, a relação entre Portugal e Inglaterra,
sendo uma relação política também, que decorre de uma fortíssima relação de dois países
que foram aliados durante muito tempo.
A partir de 1642 reestabelece-se a relação de amizade entre os dois países, sendo
concedida a liberdade de comércio aos ingleses no domínio de Portugal, existe também
um outro momento fundamental que antecede D. João V, mostrando a reaproximação no
ponto de vista político. Em 1661 dá-se o tratado que une Portugal a Inglaterra contra
Espanha na Guerra da Sucessão.
Estes dois acontecimentos vão fortalecer tendencialmente aquilo que é a predominância
inglesa sobre Portugal, um início de relação que terá imensos ecos naquilo que são as
colónias portuguesas em vários períodos e momentos.
Um terceiro momento-chave é o acordo de casamento entre Carlos II de Inglaterra e D.
Catarina de Bragança que vai estar associado à entrega de algumas cidades portuguesas
nas colónias aos ingleses, que será fundamental para o estreitamento destas relações (esta
que funciona como a entrega do dote).
A questão de uma princesa portuguesa passar a ser rainha de Inglaterra é importante
quando esta regressa a Portugal traz consigo toda uma série de influências, de hábitos e
até peças inglesas, o mesmo aconteceu quando esta foi para Inglaterra, introduzindo o uso
do garfo e também o chá na corte inglesa.
Às portas do reinado de D. João V, um quarto evento que irá reforçar a longa tradição de
relação dos dois países logo nos primeiros anos do século XVII é a assinatura do Tratado
de Methuen, um tratado comercial entre os dois países, assinado como parte da Guerra de
Sucessão de Espanha.
• Manuel Teles da Silva, 3º Marquês de Alegrete
• Pedro II de Portugal
• John Metheun
• Ana de Grã-Bretanha
Em Portugal reinava Pedro II, já em Inglaterra reinava Ana de Grã-Bretanha, sendo que
acaba por ser mediado por um representante de cada país daí o nome do mesmo. Este
destacaria a igualdade de impostos para vinhos portugueses e para vinhos franceses, a
partir da assinatura deste tratado assume-se a igualdade, os vinhos que Portugal importa
para Inglaterra não podem ser taxados.
Os portugueses recebem têxteis manufaturados em Inglaterra, não sendo cobrado de
imposto, isto facilitava o comércio de produtos em Inglaterra e a sua chegada a Portugal,
Portugal compromete-se a receber manufatura inglesa em troca do vinho do Porto. As
trocas comerciais são essenciais e serão desenvolvidas durante o século XVIII e XIX até
à atualidade.
Temos a influência italiana e a francesa, D. João V vai procurar ao longo do seu reinado
aquilo que é o brilho e prestígio daquilo que considera serem os melhores exemplos da
Europa.
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Palácio de Mafra
É a grande realização do rei, o exemplo máximo da arquitetura joanina, e o exemplo que
representa aquilo que pretende emular o modelo romano. É a imagem de marca do
Absolutismo em Portugal, a materialização plena do seu reinado em Portugal.
Tem um impacto que passa por muitas outras áreas para além da arquitetura, como na
escultura e na pintura, mas foi também um estaleiro (estaleiro de obras e arquitetos) que
durou muitos anos e que tem uma grande influência no reinado de D. João V.
Contou com o empenho pessoal do rei, que disponibilizou para Mafra todos os meios às
sua disposição tanto a nível nacional como internacional. É erguido em menos de 20 anos,
tempo record, é uma obra que nasce como uma concretização de um voto do rei, uma
promessa do rei por ocasião do nascimento do seu primeiro filho varão, o que lhe iria
suceder, ergueria em homenagem do facto uma grande igreja, palácio e convento.
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Em 1717 é lançada a primeira pedra de Mafra, o que significa que os esforços do rei e da
coroa estão todos canalizados para Mafra, e nos 15 anos que se seguem tudo se faz
concentrado em Mafra: construção de novas estradas e também todos os recursos
materiais e humanos serão necessários para a finalização da basílica.
Entre 1717 e 1730 o essencial do projeto está feito, tornando-se num dos edifícios que
mais beneficiou de mão-de-obra europeia, Roma está quase toda a trabalhar em Portugal.
Os principais artistas estavam a trabalhar para a Corte Portuguesa, fenómeno que se irá
repetir em outras encomendas e outros tipos de edifícios.
Vai definir um modelo tipológico muito interessante, encontramos a arquitetura do
palácio francês em articulação com aquilo que é a arquitetura religiosa. Encontramos em
Mafra aquilo que é uma ligação/um encontro entre o poder político e o poder religioso,
sendo que é um conjunto de três partes agregadas: o convento, a basílica5 e o palácio.
O palácio é constituído por dois corpos laterais para aquilo que são as áreas palacianas e
que são rematadas nos ângulos por dois torreões6 à maneira de uma arquitetura de defesa
e fortificada. Toda a zona posterior é ocupada pelo Palácio do Príncipe de um lado e o
Palácio da Princesa no outro e, fundindo-se com isto, a área conventual.
Antonio Canevari
Foi um artista italiano que trabalhou para Portugal e em Portugal, aqui permanece entre
1728 e 1732. É-lhe atribuída uma intervenção naquilo que era o Paço da Ribeira (o Paço
5
Esta que é o corpo central, na qual se situa uma galeria que é a Sala da Bênção que se encontrava
voltada para o poder religioso.
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Os Torreões de Mafra baseavam-se no Torreão do Paço do Rei em Lisboa, imagem muito interessante e
popular à época.
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Escultura Barroca
A escultura vai ser particularmente apreciada no contexto do barroco pelo seu carácter
teatral e pela sua tridimensionalidade.
Existe um grande paradigma que incide sobre os contributos de Bernini (Itália):
• Sentido paradigmático do Barroco
• Carácter teatral da escultura, sendo que as esculturas conferem no espaço onde se
localizam
• Uma crescente procura ao real, havendo uma aproximação do natural/real
Expressão
Existe uma tendência para uma expressividade crescente, não existindo no barroco a ideia
de uma obra perfeita. É concebida uma especial atenção à representação dos sentimentos
e do conteúdo psicológico, temos a representação da velhice, assim como todos os outros
valores e sentimentos.
Movimento
O Barroco está marcado por um horror às linhas direitas, passamos a encontrar o
movimento nas obras artísticas com muita frequência; trata-se de obras cada vez mais
dinâmicas, tem um eixo de leitura serpenteado (em zig zag). Conseguimos ver também
movimento nos espanejamentos, pois vão-se descolar dos corpos, esvoaçando, etc.
Uma escultura barroca não é feita para ser vista apenas de frente; os gestos das figuras
também são importantes.
• Eixo compositivo: eixos diagonais; em “s”; serpentina (curva e contracurva –
efeito de torção), projeção ao espectador. São sempre composições assimétricas.
Luz
No barroco é dada primazia ao modo como a luz incide nos objetos; na escultura, destaca-
se a luz através dos tipos de acabamento. Para se chegar aos contrastes de luz e sombra é
frequente que as esculturas tenham superfícies muito desgastadas.
Materiais
No caso italiano há um gosto pela policromia que permite obtenção de efeitos muito
interessantes, marcado pela nobreza dos materiais, imagem de marca, o que mostra
diversidade. A escultura italiana é normalmente de mármore e bronze, materiais
abundantes nestas produções e também em destaque, sendo os dois necessários de
técnicas diferentes, o bronze necessitando de vários intervenientes.
Temas
A diversidade temática e a novidade, assim como o surgimento de algumas temáticas,
será notório, assim como o contexto da escultura propriamente dita. No caso italiano
domina a temática religiosa, sendo que nos encontramos na época da Contrarreforma, e
então há a necessidade de fazer obras novas. A resposta à Contrarreforma passa muito
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pela imagem e a escultura será bastante destacada aqui. Vemos representações específicas
de momentos específicos da vida dos santos, havendo a necessidade de mostrar isto aos
fiéis, o que vai fazer com que as obras se multipliquem e que surgem novas iconografias.
• A cidade tem um papel ativo no Barroco, vemos esculturas na ornamentação das
fachadas e também nas fontes, a relação com a água é muito importante.
Gian Lorenzo Bernini, nascido em Nápoles 1598, acabando por morrer em Roma no
ano de 1680, é o principal representante da escultura em Itália, tendo uma técnica de
maior versatilidade. Este desempana uma influência enorme naquilo que são muitas das
novidades e características que encontramos nos mais variados países.
Vemos representações das cenas e dos momentos com grande tensão, sendo que o que o
barroco representa é o momentos. Bernini é responsável pela fixação de alguns
movimentos fundamentais, fixando padrões que irão ser copiados por toda a Europa.
• Na carreira de Bernini encontramos duas grandes fases.
O que marca este período é a encomenda específica para o Cardeal Scipione Caffarelli-
Borghese, vemos aqui a experimentação de algumas temáticas e composições. É um
período inicial da carreira de Bernini, mas onde ele vai produzir uma das suas maiores no
contexto de toda a sua longa produção.
Casa Borghese
O Rapto de Proserpina (1621-22), esta retrata o rapto de Proserpina (Perséfone) por
Plutão (Hades) em que esta é levada para a profundidade da Terra; o que Bernini faz é
representar o momento de maior tensão, no qual Proserpina tenta soltar-se do seu raptor.
David (1623-24) retrata o momento em que David tenta matar Tobias, Bernini representa
o preciso instante em que David vai arremessar a pedra. Vemos o momento de
concentração na expressão do rosto de David, esta é uma escultura que desafia o
espectador para este andar à volta da mesma, sendo uma das obras que varia em função
dos ângulos.
Apolo e Dafne (1622-25), nesta obra vemos retratado o momento em que Apolo percebe
que a sua amada é Dafne, sendo que esta não quer ficar com ele. Vemos aqui retratado o
momento em que Apolo toca em Dafne e que esta se transforma num loureiro. Esta é uma
escultura extraordinária que deve ser vistas em multíplices de ângulos, permitindo ao
espectador ver os diferentes sentimentos das personagens – um único instante numa
história tão complexa (captação de um momento).
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Ele cria um baldaquino, que era apenas utilizado em procissões, Bernini faz uma
megaestrutura com a forma do mesmo, tudo isto que se encontra no centro. É uma
estrutura com 29 metros de altura, 4 colunas com um grande dossel e uma componente
escultórica imensa.
Temos a introdução das colunas salomónicas que pela primeira vez são empregues e
utilizadas no Baldaquino de S. Pedro, a partir daqui, passam a ser aplicadas nas mais
variadas circunstâncias, como é exemplo, na Igreja de Val-de-Grace, em Paris.
É pedido a Bernini uma solução para a abside da igreja, mais precisamente no sítio onde
o Papa se senta, Bernini propõem fazer uma grande cadeira, a Cátedra, mantada a uma
altura que permitisse a visibilidade do Papa. Por fim, para a Basílica, faz uma escultura
de São Longinus, com cerca de três metros, que tem presente mais uma vez o momento.
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Capela Cornaro
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Capela Altieri
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nos remete para o contacto com os modelos internacionais que encontramos em obras de
Rubens, cuja obra foi objeto de rápida dispersão devido às gravuras (encontrando aqui
várias composições comparativas).
No contexto da sua atividade para o Colégio de S. Bento de Coimbra, vai estar também
associado à Universidade de Coimbra, a sua atividade na mesma está associada à imagem
de Santa Catarina na Capela de S. Miguel, que conta com valores como a volumetria, a
qualidade, a execução, o detalhe, a serenidade do rosto (1691-92).
Também no contexto da Universidade, este será responsável pela execução de uma outra
obra, em pedra calcária, a representação da sabedoria, a figuração de Minerva, rematando
o segundo acesso ao Paço das Escolas. Tratando-se de uma escultura de exterior, está
relativamente danificada, tendo em conta que o calcário da região de Coimbra se degrada
com bastante facilidade, no entanto, mantém os valores e o tratamento escultórico dos
elementos, marcando a sua obra.
Claude Laprade
Nasce em 1682 na cidade francesa de Avignon e acaba por falecer em 1738, em Lisboa.
É um dos mais importantes no campo da escultura, e um dos melhores representantes
daquilo que é a escultura do Barroco em Portugal, do Joanino, no entanto, não se sabe o
porquê de vir para Portugal.
É natural de França, de uma região muito particular, tratando-se de um domínio
pontifício, uma região caracterizada por uma influência italiana fortíssima. Laprade,
apesar de ser francês, é um artista profundamente marcado pela matriz italiana, pois era
uma espécie de região-estado do Vaticano.
Estamos a falar de uma figura que nasce em 1682, vindo para Portugal com cerca de 17
anos, deixa aqui o essencial da sua obra. Encontramo-lo encarregue de encomendas
relevantes no programa artístico português e na sua própria carreira que o irão lançar.
Com apenas 17/18 anos já está associado à Quinta da Vista Alegre, pertencente ao antigo
reitor de Coimbra, D. Manuel de Moura Manuel, mais precisamente ao túmulo deste
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temos também obras de Bellini: dois bustos sobre a porta das capelas e dois anjos orantes
à beira do crucifixo, assim como outras figuras sobre as janelas.
Bellini conta com uma obra marcada pelo mármore, conseguindo-o sempre trabalhar de
melhor forma. Do espólio da Sacristia da Igreja do Antigo Colégio de Santo Antão-o-
Novo sobreviveram apenas as esculturas dos doze apóstolos, que agora decoram a fachada
de um dos hospitais de Lisboa, sendo as primeiras obras documentadas dele.
Numa outra campanha que deixa uma boa parte da sua obra é o Colégio Jesuíta de
Santarém, atualmente a Catedral de Santarém, e que guardará aquilo que era o espólio
dos jesuítas, entre este contamos com as representações de S. Francisco Xavier e S. Inácio
de Loiola. Nestas revela um domínio absoluto dos pormenores, um dos mais importantes
e identitário da sua obra são as bases das esculturas, bases rochosas, irregulares com
carácter mais naturalista.
É também na Sé de Santarém que vai deixar uma das obras mais extraordinárias do
barroco português, um dos contributos mais sólidos da sua carreira, é uma peça excêntrica
daquilo que é a realidade retabulística em Portugal. Trata-se de um retábulo pétreo à
maneira daquilo que é comum nas igrejas romanas, dedicado à Senhora da Boa Morte, ou
seja, uma imagem de Nossa Senhora morta, e encontramos uma escultura retabular
marcada pela Ascensão da Virgem; a nível escultórico vemos aqui o baixo-relevo, que
não terá seguidores em Portugal.
Um terceiro caso, para lá daquilo que é este grupo de autores italianos/estrangeiros
conhecidos em Portugal, é de um enorme desconhecimento. Uma das encomendas mais
significativas é aquela que se dirige à Basílica de Mafra, assistiremos também a
encomendas sucessivas nas mais variadas áreas de remessas de encomendas que chegam
a Portugal vindas de Roma11; é feito um esforço diplomático, havendo um volume de
obras romanas muito grande em Portugal.
No caso específico da Basílica de Mafra, encontramos uma encomenda feita para a galilé
e para as capelas laterais, nesta contamos com obras de:
• Giuseppe Lironi
• Carlo Monaldi
• Giovanni Batttista Maini
• G. Rusconi
Manuel Dias
Terá nascido em 1688, em Oeiras, e morrido no ano de 1755 em Lisboa.
A imaginária em madeira é das mais abundantes no património móvel que têm sempre
uma coisa em comum, o facto de serem anónimas, sobretudo no século XVIII. Os artistas
portugueses têm um lugar absolutamente menorizado e secundarizado no reinado de D.
João V, principalmente marcado pelo prestígio italiano.
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Lisboa Romana e Roma Lusitana.
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Na sua obra vamos encontrar tiques de execução, como é exemplo a posição das mãos
das mulheres: na escultura da Nossa Senhora do Carmo, em Coimbra, e na de Nossa
Senhora da Caridade, que atualmente se encontra no MNAA.
Este é um escultor muito importante no panorama português, sendo o autor do cristo
crucificado que se encontra na Sé de Évora, esta que é uma escultura em madeira, que
evidencia a realidade plástica dos artistas portugueses. Esta é encomendada a este autor
que tem o cognome de “O Pae dos Christos”12.
Em Portugal, a escultura em madeira é menorizada sendo do património móvel mais
maltratado.
José de Almeida
Nasce e morre em Lisboa, terá nascido em 1708 e morrido em 1769.
Tem, desde logo, uma questão associada à sua educação, sendo que foi um dos raríssimos
bolseiros de D. João V em Roma, vai para a cidade italiana com cerca de 10/12 anos,
tendo sido discípulo de Carlo Monaldi, regressando para solo português com cerca de 20
anos formado pelos romanos.
Quando chega a Portugal são-lhe entregues tarefas menores, e será remetido para outro
domínio da encomenda, as Ordens Religiosas. Uma das primeiras obras que vai fazer um
conjunto em madeira, para tomar o lugar de umas encomendas que ainda tardavam em
chegar.
Aquela que é considerada a sua grande encomenda pertence a uma intervenção feita no
Palácio das Necessidades, com as esculturas de São Paulo e de São Camilo de Lélis
(1744-47), onde vemos um domínio imenso no trabalho de mármore, uma qualidade
equivalente a uma escultura italiana destes anos, o que seria de esperar.
Tem subjacente um trabalho de desenho notável, mas, tal como a esmagadora maioria
dos escultores portugueses, é a madeira que vai prevalecer no seu trabalho; é necessário
ter em conta a qualidade da execução das obras.
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Exemplos deste facto são os cristos crucificados que se encontram no Convento do Varatojo em Torres
Vedras e no Convento de São José em Ponta Delgada.
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