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17 de Fevereiro
Cronologia
Entender a continuidade do gótico, ciclo desta estética conotada com a idade media.
Esta arte prevalece em todo o seculo XV. Em PT como na generalidade do continente
europeu e marcado pelo gótico. Prossegue no seculo XVI, em particular no primeiro
terço. Aquilo que se tem designado como gótico tardio, late gotic. Exemplo cidade de
Nuremberga. e um foco do renascimento alemão. Grande Albrech Durer. Manteve
relações estritas com figuras ligadas a coroa portuguesa. Durer ofereceu alguns dos
seus quadros a agentes portugueses. E esta a origem do quadro "Sao Jeronimo" que
se encontra no MNAA.
Há que ter em atenção nesta passagem certos aspectos. Por um lado, há uma
situação particular que tem lugar entre o final do seculo XV e 1530 que e um notável
florescimento de uma arquitectura que foi denominada por Arquitectura Manuelina.
Isto num percurso histórico que há que ter em consideração: monarquia Portuguesa
que vive a superação vitoriosa de 1383-85 (que leva ao inicio da dinastia de Avis),
transita com o início da expansão e com esta realidade enriquecerá o seu campo
artístico.
1415 Começa a ligação com o norte de Africa.
1460 Data da morte de Infante D.Henrique. Monarquia do século XV estabelece
Reinado de D.Duarte.
1495 Morre D.João II em Alvor. Sucede D.Manuel I.
1498 Vasco da Gama chega a India.
Época de D.Manuel marcada pelo grande esplendor da monarquia. Êxito do processo
da expansão portuguesa. D.Manuel serve-se da arte como um dos instrumentos da
afirmação da monarquia portuguesa. Época de grande prosperidade e manifestação
de poder. Afirmação pública internacional são as embaixadas. A grande e mais
conhecida é a embaixada ao papa. Roma é um centro internacional. Envia um
elefante e esse envio tem um grande impacto em Roma. Romanos têm um grande
impacto desde as guerras púnicas.
D.João V faz uma grande embaixada a Roma: desfile com coches, etc... Voltou a
tornar o rei de Portugal muito prestigiado.
Reino português mantem-se fiel a Roma e esse aspecto conduz a várias alterações
artísticas. Vários autores falam numa arte tridentina - contra reforma. Esta arte
representa um aspecto que é ingrediente do maneirismo. No caso português no
domínio da arquitectura, assume uma feição particular conhecida como
"Arquitectura Chã", termo por George Kubler. Esta arquitectura distingue do
maneirismo mas de alguma forma se associa a ele na medida que o maneirismo
significa uma continuidade do renascimento. Muitos autores chamam a esta a
arquitectura ao classicismo, "filipino" ou seja:
-Corrente Classicista
-Corrente chã.
Estes termos são categorias da história da arte e da história da cultura quer nacional
quer internacional.
19 Fev
2. As formulações e aproximações a arte renascentista no seculo XV. O significado
dos Painés de S.Vicente e os equívocos da Polémica.
Século XV: Período em que continua a florescer a arte gótica e que se revela o gosto
estético e dominante. Esse gótico do seculo XV reveste várias tonalidades. Aqui
temos uma simultaneidade de orientações. Veja-se o impacto do estaleiro da Batalha
face ao modelo do gótico perpendicular inglês que conflui a tradição mendicante
dessa arquitectura. Isto mostra como o gótico cobre várias sensibilidades que lhe
estão inerentes.
Problema: determinados contactos, sobretudo com a Itália, e (mundo do norte da
europa) que viabilizaram as primeiras aproximações a arte do renascimento. Ora,
neste período gótico aquilo que se pode falar de renascimento tem a ver com
aberturas a este modelo artístico e cultural que tem circunstâncias muito
embrionárias, viram a refletir-se na cultura artística e nas realizações que tem lugar
neste momento.
Os agentes que promovem estes contactos são figuras do alto clero que por razoes
variadas viajam ate Itália ou percorrem o mundo mediterrâneo e alguns artistas que
na orbita destas personagens tem a possibilidade de exercer actividade dentro destas
orientações.
Decorrer um fenómeno que intercambio de obras que constituirá modelos do
renascimento e que chegará a alguns círculos da sociedade portuguesa.
PDV artístico: meados do seculo XV vamos deparar com talvez o primeiro sintoma
limitado de um reflexo desta aproximação e do modo como estas sugestões pontuais
podem ser incorporadas pela realidade Portuguesa.
D.Afonso, 4 Conde de Ourém e 1 Marques de Valença, filho bastardo do primeiro
duque de Braganca, neto de D.João I, uma figura de grande relevo. Teve uma estadia
em Itália relativamente longa em Florença e Siena e justamente e faz com que certos
elementos do gosto italianizante se tenham transferido para suas terras. Ao seu
serviço esteve um artista italiano discípulo de Michellozzo. Paço de Ourem e o
Castelo de Porto Mós.
Castelo de Ourem: algumas novidades se instalam.
Meados do século XV, volta de 1450 e as afinidades entre os dois edifícios são
grandes.
Porto de Mós: Formas compactas entre as
torres e o corpo da construção apontam
para um modelo gótico revelando uma
multiplicidade de anotações decorativas:
arco contracurvado...
Apontamentos de carácter plasticizante:
pilastra, fuste canelado com o terço inferior
interrompido e assinalado, pequenos
apontamentos de carácter
renascentista/classicizante adaptado ao
caracter do gótico.
Encomenda de uma escultura de terracota
vidrada à oficina de Luca della Robbia, são
medalhões, um tipo de aquisição que no
século XV e depois XVI possibilitou
exportação destes modelos. D.Manuel faz
uma encomenda para o Palácio da
Bacalhôa, Convento da Madredeus. A
primeira encomenda desta natureza talvez destinada a igreja da colegiada de Ourem
é de 1473 e de 7 caixas.
Arquitecto Italiano incorpora algumas tendências do renascimento toscano.
Bíblia dos Jerónimos, frontispício do volume II, do livro de Josué: notável obra de
iluminura de Florença do século XV de uma das oficinas de Iluminuras. Aqui esta
patente ...
A corte de D.João II tinha contactos estreitos com Lorenzo di Medici e com a Florença
da liderança politica e artística desse período. Inclusive D.João II e D.Leonor fazem
mecenato artístico e encomendas de carácter eclesiástico o que supõe que esses
contactos são potenciados em Roma, cidade que na segunda metade do século XV se
vai assumindo como capital artística. Cardeal Alpedrinha, e uma figura notável e que
morreu centenário. Homem que se exilou em Roma porque teve desavenças no
início do reinado de D.João II. Estabelece-se em Roma e comporta-se como um
cardeal do renascimento. Foi sepultado numa capela funerária em ...
A sua figura constituiu uma ligação entre Lisboa e Roma e daí vieram muitas obras do
estrangeiro.
Estruturas hospitalares
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24 de Fevereiro
2.Formulacoes ...
Desenho de Andrea Sansovino do projecto de um túmulo que nada tem a ver com a
tumularia portuguesa de derivação gótica. Relacionado com a sua estadia em
Portugal. Inscreve da tumulária renascentista de inspiração aniquilante, referência
um tanto pagã associada às referências cristãs. Incorpora referências arqueológicas
retiradas do exame directo de antigos relevos com que os artistas se confrontavam.
--Pintura--
Acervo da pintura portuguesa é residual. São escassos os objectos.
Panorama da Pintura:
Relativamente ao século XV e primeira metade, dispomos de um conhecimento
fragmentado de pintores activos em Portugal (italianos e portugueses?). São
pequenas anotações biográficas e profissionais. Havia produção pictórica mural,
retábulos de pintura sob madeira, pintura de formato
reduzido, a iluminura, tapeçaria e vitral. Nestes dois são os
pintores que fornecem os cartões e modelos. Relações
com Itália são interessantes na primeira metade do século
XV. Artistas portugueses activos na Itália central durante a
primeira metade.
do manto, que tem uma combinação abstracta onde mostra toda a sua maturidade.
Afirmação muito forte e que torna Álvaro Pires interessante. Mostra o intercâmbio
em que pintores portugueses poderiam fazer carreira em Itália.
Desenho a pena e tinta-da-china sobre papel (séc. XVII) copia de retrato da infanta
D.Isabel realizado em Portugal, entre Janeiro e Fevereiro de 1429, por Jan van Eyck.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo.
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RGPT 26 de Fev
José de Figueiredo definiu convencionalmente o nome do painel:
-Painel do Infante
-Painel do Arcebispo
-Painel dos Cavaleiros
-painel da reliquia
-Painel dos pescadores
-Painel dos Frades
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1470: carta de quitação em que Goncalves aparece referenciado como pintor régio e
como cavaleiro. O que para um pintor é uma distinção de enorme valia.
Conclui-se que temos um arco temporal de referências entre 1450 e 1499. O que é
uma situação frequente para artistas desta época como para os depois. Podemos
balizar por documentação de arquivo ou alusões nas próprias obras, um período de
tempo. Deixa em interrogação quanto ao período de formação. Em 1450 está em
plena maturidade profissional. Nada sabemos sobre a sua formação. Podendo intuir
alguma coisa mediante a consideração da sua escrita pictórica.
Proximidade aos valores da pintura flamenga. Por outro lado uma certa proximidade
à alguma pintura do sul de França, Catalunha. Renascimento Mediterrânico.
Renascimento Mediterrânico:
1. Como situar esta pintura no âmbito da pintura europeia do seculo XV?
2. Como avaliar as relações que a criação artística portuguesa estabelece com
panorama europeu? (pergunta de teste, só pode!)
3. Modo como esta pintura se relaciona com os fragmentos escassos de outras obras
suas contemporâneas e as relações também entre ela e as outras oficinas e mestres
actuantes contemporaneamente no país.
4. Qual o significado e a integração das pinturas no seu núcleo original e deque
maneira esse núcleo representada as tendências dominantes da pintura portuguesa
desse tempo.
Resposta: investigação laboratorial.
Não se pode confiar nos relatos que possam surgir pós século XV ou mesmo do
próprio século XV. Muitos relatos são posteriores com conhecimentos contaminados
pelos autores da época. Muitas descrições são já de reinados posteriores.
Passados anos, chegou-se a um impasse quanto à documentação de arquivo.
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Foi com a reflectografia que pela primeira vez se revelou o desenho subjacente.
Podemos olhar os paneis como surgem e conhecer todo o processo criativo, o Nuno
Gonçalves subjacente. E um duplo dos painéis.
2. Estudo dos pigmentos e dos ligantes que aglutinam os pigmentos. Da sua natureza
e constituição. Análises químicas. É um campo em marcha. Programas que se estão a
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realizar têm a ver com a Iluminura. Na pintura tem de ser feito. Preparo da superfície
da madeira. É um preparo muito fino, uma camada muito fina. (Luciano Freire)
Dois Painéis: um que perdeu uma tábua e outro que se encontra inteiro. Martírio de
S.Vicente ou S.André? Cruz em aspa designa S.André. Tratamento do nu num registo
religioso. Registo cromático desprovido da vibração dos painéis centrais. Há uma
gradação de cinzentos.
Poderia fazer parte das várias fiadas que compunham o retábulo de S.Vicente.
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10 de Marco
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Toda uma estratégia que vinha da época de D.João II tinha tido o seu sucesso com
D.Manuel com a ida para a Índia. A constituição do estado da Índia e de um império
oriental converte o rei de Portugal num dos mais importantes soberanos da europa
cristã. A atmosfera que se vive é de triunfo e prosperidade. A cidade de Lisboa é uma
das grandes cidades no tecido das relações comerciais e económicas na europa do
tempo. Desígnio imperial que a coroa de D.Manuel pretende deixar explícito.
Para além da cultura greco-romana, há uma outra cultura que decorre do
alargamento de horizontes: é a expansão do império. Prática marítima. Tem um
reflexo mesmo nos outros que não viajam. Lisboa é uma cidade exótica de objectos,
animais e artefactos. Aura exótica é sentida até pelos estrangeiros que transitam.
Tudo isto coincide com um enorme surto arquitectónico que é acompanhado por
várias intervenções urbanísticas. Essa actividade arquitectónica é em larga medida
produto de encomendas régias, impulso directo da coroa com incidência no plano
religioso dentro de todo um condicionalismo e por outro lado também, dentro de
uma expressão civil que vai a par com os modelos da arquitectura religiosa. Todo este
enorme impulso na construção passa a margem da arquitectura renascentista. Temos
o florescimento da arquitectura Manuelina. Constitui um capítulo à parte pela sua
extensão e número.
Existe uma definição estilística que corresponde à arquitectura manuelina.
O que é?
É uma expressão do gótico tardio, corresponde a um derradeira explosão magnífica e
imperial do gótico final. É ao mesmo tempo um resultado da combinação de
diferentes correntes. Uma dessas componentes que contribui e a arquitectura
mudéjar. Gosto marcadamente peninsular de inspiração islâmica, de assimilação de
modelos e padrões de enorme requinte de corte, que se transmite a arquitectura
civil e a religiosa. Ai temos uma das vertentes mais significativas desse conjunto que
constitui o manuelino.
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Aspectos que inauguram a modernidade e que estão ligados a toda uma cultura dos
descobrimentos e da prática náutica. Envolve o sentido da proporção matemática,
todo um conjunto de saberes que vão ser convergentes
com a arquitectura.
Imagem: Iluminura Manuelina do códice de D.Manuel.
Cronica de D.Afonso Henriques. Inicios do século XVI.
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polimorfismo manuelino.
Arquitectura Militar
1. Necessidade de construir fortalezas no norte de Africa e India.
2. Vertiginosa evolução e transformação desta arquitectura. Esta porque, a própria
tecnologia bélica, ela própria está nesse processo de aceleração. Técnicos e
guerreiros são mais sábios e mais bem pagos. Evolução da artilharia. Poder do fogo
de artilharia foi crescendo e juntou-se a parte naval.
Época de D.João III: Castelo de Évora Monte. c. 1530, Diogo e Francisco de Arruda.
Tributário de experiências arquitectónicas de inspiração italianizante.
12 de Marco
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Este facto está também associado a toda uma formulação cultural da arquitectura
que o renascimento irá consolidar. Muitos arquitectos fazem arquitectura religiosa,
civil e militar.
Os responsáveis pelos projectos são funcionários da coroa, ao serviço das ordens
religiosas e nobreza. Corresponde a uma categorização profissional.
Essa reforma é dirigida por Frei Brás de Barros, homem de currículo brilhante. Figura
apetrechada em termos culturais e administrativos para promover uma restruturação
do modo de funcionamento desta comunidade. Ao mesmo tempo estabelecer uma
reforma de caracter cultural. Acrescenta uma revitalização na esfera do ensino.
(Colégios que lhe estavam ligados)
Em 1527 D.João III reformula todo o funcionamento de Sta cruz. Como expressão
dessa reformulação há todo um conjunto de projectos arquitectónicos.
Sta cruz tinha uma imprensa própria.
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Grande figura que esta por trás da parte arquitectónica e escultórica é João de Ruão.
Normando escultor e arquitecto que se radica em Coimbra por volta de 1528.
Proveniente da Rouen. Morre em 1580. Tem uma formação como artista do
renascimento. Processa-se em Franca. Incorpora os modelos do renascimento
italiano por via francesa. E um homem a margem das práticas da arquitectura e
decoração manuelina. Dá-se um encontro entro um jovem artista e as orientações
pretendidas por frei Brás de barros.
Há numa parte do renascimento português na arquitectura que se constitui, nasce e
é promovido, por artistas como Rua que assume simultaneamente as duas
habilitações profissionais.
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Colégio das artes: artes do trivium. Professores são de fora. Portugueses que estavam
a leccionar no exterior voltam a Portugal.
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de Chanterene.
Vasco Fernandes, cristo em casa de marta, c. 1535, Museu Grão Vasco, Viseu
D. Miguel da Silva era o mais italiano de todos estes eclesiásticos. Tinha vindo a
desenvolver toda a sua carreira em Roma. Em Roma é embaixador de D.Manuel.
assume em Roma uma série de relações e amizades ao mais alto nível. Amigo pessoal
dos Médici e de Baltazar Castiglione.
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Vasco Fernandes, Cristo em Casa de Marta, c. 1535, Museu de Grão Vasco, Viseu
Este renascimento da época de D.João III nos anos 30, 40 e 50, o que importa realçar
o seu carácter multipolar: vários pólos de criação que se definem em simultâneo e
por vezes independentes um dos outros. Desses pólos temos de contar com a cidade
de Lisboa onde o estatuto de capital e a sua relação com a corte permite entender
que assim tivesse acontecido, o foco de Coimbra que já mencionámos nas suas
formulações iniciais; o foco de Tomar que é outro dos pólos extremamente
significativo do desenvolvimento desta arquitectura do renascimento. Dentro desta
geografia diversificada, a cidade de Viseu por impulso do bispo D. Miguel da Silva,
uma das personalidades mais representativas do Renascimento; cidade de Évora por
efeito da presença frequente da corte. Évora tem um estatuto capital pela presença
continuada da corte. Évora é um importante foco de pintura e arquitectura do
Renascimento.
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Também no norte surgem alguns focos de significado. Também no sul surgem alguns
focos de menor intensidade.
Cidade de Viseu, pólo que teve uma importância apreciável e uma certa projeção
regional. Relaciona-se com o bispo de Viseu D.Miguel da Sila.
Tem um percurso biográfico interessante na medida em que se assume com um dos
grandes prelados do Renascimento influente na cidade de Roma. Formado em Paris e
Siena a nível universitário. Paris é um dos centros frequentados por grande parte dos
estudantes portugueses. Assume ainda na época de D.Manuel o estatuto de
embaixador permanente em Roma que ocupa entre 1515 e 1525. Esse estatuto é
muito elevado e prestigioso. Representa a monarquia manuelina. Nessas condições D.
Miguel da Silva tem um relacionamento ao mais alto nível que, pelo seu próprio
perfil cultural, o vai transformar num homem do renascimento à italiana.
Relaciona-se com as famílias de Roma, Médicis e Farnese entre outros; e amigo
pessoal do próximo papa. É feito bispo de Viseu. Essa circunstância permite o
desenvolvimento do pólo criativo de Viseu.
Auto retrato inserido numa das obras de Vasco Fernandes, um grande pintor de
Viseu e que na década de 30 assume uma expressão renascentista. Esta pintura
documenta cerca de 1535. Figura de primeiro plano é uma citação de uma das
gravuras de Dürer 'Alegoria da Melancolia'.
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caso único.
Pátio: ligado a uma construção de carácter civil. Uma das cortes de Urbino.
Zona da Foz, no Porto. Bispo de Viseu tem tutela sob essas propriedades. Vai
executar um programa. É dos mais eruditos do panorama português. Mas esse grau
de erudição acabou por comprometer a construção desse edifício. Foi redescoberto
nos anos 70.
Redescoberto pelo professor Rafael Moreira. Existiam ainda vestígios da primitiva
igreja. Corpo da nave não tem cobertura e subsiste só a zona da capela-mor.
Capela de S.Miguel do Anjo, num farol da Foz. Surge epigrafia em latim e em grego.
Resgatado nos anos 70 quando se percebeu que ali existiu um importante capítulo da
arquitectura renascentista portuguesa.
D. Miguel da Silva incompabiliza-se com D.João III. D.Miguel da Silva foi nomeado
Cardeal pelo papa, contudo, Condição de Cardeal estava condicionada aos membros
da famílias real. Sentindo-se mal em Portugal, D.Miguel parte para Roma.
Francesco Cremonese provavelmente permaneceu em Portugal.
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19 de Março
4ª Fase: Renascentista. Esta fase é ocasionada pela reforma que se desenvolve aqui
por parte de D.João III tendo como executor um monge dos Jerónimos chamado Frei
António de Lisboa. Essa reforma faz-se em 1529. Uma parte da população na ordem
de Cristo é obrigada a fazer vida conventual. De acordo com a regra de S.Bento. Essa
modificação implica a existência de instalações adequada à finalidade prevista. A
ordem de S. Jerónimo tem de acolher uma quantidade significativa.
Nesse acrescentamento existe um investimento bastante assinalado. Dirige recursos
e interesse pessoal do próprio rei. Há um acompanhamento na definição das próprias
estruturas que está bem documentado e conhecido. Este aspecto do interesse de
D.João III corresponde a uma manifestação que se enquadra no espirito do
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A ampliação é assegurada por João de Castilho que já tinha aqui estado no tempo de
D.Manuel e enviado para os Jerónimos. Vai regressar agora a Tomar com um projecto
de grande magnitude, de definição plenamente renascentista. Passa aqui toda uma
definição que inaugura o modelo renascentista. Isto acontece um tanto em paralelo
com a obra do seu irmão, Diogo de Castilho que está activo sobretudo em Coimbra.
Duas personagens que são chave da arquitectura do século XVI.
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Corredores são os grandes eixos com respectivas celas, onde se renova esse teor
mais austero. As zonas de maior nobreza simbólica têm uma valorização
arquitectónica. Essa valorização existe aqui. Capela de grande trabalho de relevo
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escultórico.
26 Marco
Castilhos vindos da Biscaia estão muito ligados à cidade do Porto. Diogo teve
residência na cidade do Porto, porém Coimbra era o seu centro profissional.
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trabalha em Coimbra.
Évora
Uma das cidades mais importantes do reino de Portugal no século XVI, expressão
cultural e importância politica e social, expressa pela presença frequente da corte.
Esta vocação da cidade de Évora para acolher a corte continua durante o reinado de
D.João III.
Lisboa foi sacudida por um violento sismo na época de D.João III. Também os surtos
de peste levam à corte a permanecer fora da cidade.
Évora chegou a funcionar como capital alternativa durante este período. Pintura e
também escultura; cultura literária. Aspectos que decorrem do patrocínio régio e
encomenda eclesiástica. Ordens religiosas e sectores da nobreza. Século XVI
corresponde a um ciclo artístico, na continuação do século XVI, época de D.João II e
D.Manuel. Veja-se a construção do convento de S.Francisco ligado ao paço real. Era
um vastíssimo complexo que ligava os dois edifícios.
D.João III prossegue tudo isso num contexto em que Évora se exprime numa cultura
onde se procura engradecer as relações entre a cidade actual e o seu passado da
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antiguidade clássica. Évora enaltece a sua herança clássica, até porque a cidade
conserva muitos vestígios visíveis do seu passado romano. Portanto há um passado
arqueologicamente reconhecível. Em Coimbra também encontramos essa relação
apesar de não estar tao presente.
Estas referências são decisivas para as várias realizações; uma delas é o aqueduto.
Tipo de equipamento arquitectónico que envolve uma engenharia ligada à hidráulica.
Tinham sido construídos no mundo romano. Regressam à actualidade na aurora da
época moderna, no renascimento. Há em Coimbra e Tomar. Mas há outro de
D.Manuel I e D.Joao III.
Zona de distribuição da mãe de água feita dentro da cidade com toda uma tecnologia
da distribuição de água muito eficaz e monumentalizada dentro da cidade.
Como é concebida? Não é muito grande, é toda ela vitruviana, uma interpretação do
templo tetrastilo do tempo. Ordem toscana pois e funcional, trata-se de um edifcio
utilitário destinado aos edifícios. Começa por ter um embasamento - o podium -
sobre o qual se colocam as colunas; os intercolúnios estão fechados porque há essa
função utilitária da estrutura; entablamento clássico com arquitrave. Transposição do
modelo vitruviano, a mais erudita arquitectura que só era entendida em círculos
eruditos.
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sepultar.
Autoria é complicada, este é um dos diversos eventos de uma certa dificuldade com
que a historiografia portuguesa se tem confrontado.
Chanterenne e Ruão são os principais escultores do renascimento.
A Chanterenne está atribuída a parte escultórica do edifício, poderá ter havido uma
troca de ideias entre Miguel de Arruda (conjectura).
Só nos últimos 20, 30 anos, começou a ser conhecida. Pertence à família de
arquitectos dos Arrudas. São quase que sinonimo da arte manuelina: Diogo de
Arruda (Tomar) e Francisco de Arruda (Belém). Miguel de Arruda está por estudar e
dos contributos, decorre a convicção de que foi uma das personalidades mais
importantes da época de D.João III.
Supõe-se que este projecto seja igualmente inventivo no modo como articula os
aspectos do vocabulário clássico com uma atenção especial em relação aos aspectos
arqueológicos.
Sobreposição das ordens toscana e jónica.
A fachada incorpora elementos escultóricos: quatro figuras gigantescas que
correspondem a um discurso iconográfico de exaltação da monarquia portuguesa e
da dimensão imperial do reino português da época de D.João III. Essa exaltação
confirma-se numa inscrição que corre no friso do entablamento e que imita a
epigrafia romana.
Todos os elementos se dispõem em função da
perspectiva.
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conventual), 1544.
Pensou-se que era mais tardio e durante muito tempo o edifício foi atribuído a
Manuel Pires. Supõe-se que foi responsável pela parte conventual.
Dificilmente do exterior se adivinha o interior. Surpreende pelo traçado e organização
interna do recinto da igreja.
Edifício minúsculo. Quase como que uma arquitectura experimental. Edifício
implantado numa área muito reduzida. O espaço comprime-se até ao limite do
possível. A essa observação acrescenta-se um erudito e completo de geometria
construtiva. A relação entre os vários compartimentos deste espaço. Kubler chegou a
identificar a medida do módulo. Unidade de medida, o quadrado, serve de base a
todo o conjunto. Visto por Kubler.
Planta de cruz grega com os quatro braços iguais, relação entre duas figuras
geométricas: o octógono e o quadrado. Cada um dos elementos da cruz é definido
por um octógono e na ligação de cada um, temos quadrados que estabelecem as
zonas de passagem. Esta estrutura geométrica confere um efeito surpreendente. Por
último, em altimetria desenvolve o esquema serliano: abertura central semicircular.
Pertence à universidade. Tudo organizado segundo os planos de perspectiva. Cada
um dos tramos, perspecticamente contém os outros. Originalmente existiam três
pinturas: no altar-mor e nas capelas laterais. Pinturas de Gregório Lopes.
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Grande obra de Torralva é o claustro principal de Tomar, que era do Castilho e foi
demolido. Obra chave de Torralva é das grandes obras da arquitectura europeia do
século XVI. Constitui mediante a aplicação do motivo serliano; desdobrada em
escalas diferentes. Escala mais reduzida em cima e mais ampla em baixo.
Desencontro de escala é a chave deste complexo desenho.
Planta é a construção os tramos onde o motivo serliano está patente.
Sobreposição das obras arquitectónicas.
Em Lisboa: parte do claustro dos Jerónimos onde actua a seguir ao João de Castilho.
Claustro da Madredeus.
Estrutura destinada ao
mercado e aos açougues (onde
se vendia carne) da cidade de
Beja. Esta é uma estrutura tipicamente italiana, reproduz o tipo de mercados
cobertos; equipamento urbano que a visão laica do renascimento promove.
Interpretação vitruviana. Hoje faz parte da igreja da Misericórdia de Beja. Por baixo
está um templo romano; Beja tem uma riquíssima herança patrimonial romana.
2 de Abril
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Envolvendo tudo isto temos a questão das importações. Muita escultura e importada:
no norte da europa - flamenga, Antuérpia, mas também de outros centros como
Malines - de onde se deslocam escultores para trabalhar em Portugal; ao mesmo
tempo da Itália onde as encomendas de terracota policromada dos Della Robbia.
Encomendas de D.Leonor para a Madredeus e de D.Manuel na sequência de
encomendas que já tinham acontecimento no seculo XV, do conde de Ourém.
Nicolau Chanterenne, presença em Portugal desde 1516 ate a sua morte em 1551. A
primeira metade do período quinhentista. A formação constitui ainda hoje um
capítulo em aberto. Vale do Loire no noroeste de França é uma região que onde
decorre um primeiro capítulo do renascimento francês, influenciado pelos modelos
italianos com expressão francesa muito própria. Pedro Dias e ouros admitem que
Chanterenne poderá ter tido contacto com o renascimento de Lombardia. No início
da década de 1510 está a trabalhar em Santiago de Compostela. Executa a decoração
de uma serie de figuras de vulto pleno na igreja inserida no Hospital Real mandado
construir pelos reis católicos em Santiago de Compostela. Localizado ao lado da
catedral. É muito semelhante ao que vai fazer nos Jerónimos. Servida de Pedra de
Ançã. Blocos extraídos, transportados pelos Mondego, perto havia vários portos.
Terá acedido a relacionamentos com os agentes dos reis de Portugal e em Coimbra. É
captado para o principal estaleiro de obra, a par de Tomar, que e o Mosteiro dos
Jerónimos.
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original. As figuras dos patrocinados com respectivo santo colocadas nas ombreias do
portal e um esquema que encontramos na borgonha, na Cartuxa de Chanpmol.
Portal manuelino, dois nichos com coroamentos góticos, grupos escultóricos assentes
em mísulas e coruchéus coroando o conjunto. Alguma decoração ao antigo vai aqui
surgindo. Nas extremidades há as pilastras e sobre elas, urnas. Elementos ao romano.
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Na altura em que executa estas realizações, Chanterene vê cada vez mais consolidado
o seu prestigio. É chamado novamente à corte. No final dos anos 20, encerra este
ciclo de Coimbra para vir trabalhar junto da corte em Sintra. Episódio curto de Sintra.
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7 de abril
Ruão instala-se em Coimbra em 1528/1530.
Trabalha para condes de Menezes para
Cantanhede, trabalha a escultura arquitectónica
e retábulos. Pedra de Ançã.
Tal como Chanterene tinha uma dupla
competência profissional. A sua importância como arquitecto não pode ser
esquecida. O lado escultor prevalece à obra de arquitectura.
No início da sua radicação em Coimbra é chamado a participar em projectos
chave da conjuntura que se inicia na cidade.
-Santa Cruz
-Universidade (mais tarde)
Colégio das Artes: iniciativa de D.João III pensada em articulação com o processo da
transferência da universidade.
Estrutura de ensino preparatório para Universidade. Trivium: gramática, rectórica…
reformulada em termos da cultura do humanismo.
Peso de Erasmo de Roterdão (abertura de intercomunicação entre os vários pólos de
saber).
Reorganização do ensino das universidades do norte.
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Colégio das Artes: preparara para lado administrativo. Está assente no ensino das
línguas. Muitos dos estatutos não estão ligados à ordem religiosa. Novo!!
• Modelo arquitetónico deve reflectir o carácter das exigências da instituição.
Dar resposta às necessidades.
Ideia de instalar o Colégio das artes junto de Santa Cruz. Pois este tinha sido uma das
principais “escolas” do país. Santa Cruz anexa a si dois colégios vindos da idade
Média.
• Aproveitar estruturas já existentes para erguer o edifício. Projecto é dirigido
por professor “o principal” (assim que nos colégios de França se dirigia ao
“director”). André de Gouveia. Precisa de um colégio laico. O arquitecto é
João de Ruão acabado de chegar a Coimbra.
• Carta de André de Gouveia a rei D.João III queixando-se de João de Castilho e
Miguel de Arruda – arquitectos do rei. Estes assessoravam o rei. Queixa-se
que os planos que tinha enviado deveriam ser alterados (planos de João de
Ruão). Os arquitectos em Portugal só sabem fazer colégios para
monges/frades.
Gouveia morre no ano seguinte e é colocado para última instância.
40
Companhia de Jesus vai transferir até ao início do século XIX. Neste século é o caos.
Edifícios são deturpados de tal forma que o Colégio das artes deixou de ser visível.
Vários estudos foram feitos naquela área.
41
42
Caso português: o termo primitivo português vai assumir uma grande projeção
pública no ano de 1940 porque nesse ano tem lugar uma importante exposição de
pintura do século XV e XVI no MNAA.
-Essa exposição integrava-se num contexto de grande significado: ano de 1940 tem
lugar em Belém a exposição do mundo português. Em que se procede as chamadas
"Grandes Comemorações nacionais": restauração portuguesa e constituição do reino
de Portugal. Processo de exaltação do estado novo. Havia condições por parte do
poder politico de promover essas cerimónias.
-Outras iniciativas entre as quais se inscreveu a exposição de pintura antiga, também
num momento em que o museu é valorizado. Bloco em frente do jardim é construído
nessa época. Não faz parte da exposição do mundo português.
-Comissário foi Reynaldo dos Santos. Bibliografia extensa. Pioneiro no tratamento de
muitos temas. Grande prática internacional. Conhecia os museus e centros de
história da arte. Presidente da Academia de Belas Artes. Perto do poder. Figura que
reuniu uma parcela de intervenção importantíssima. Além de historiador da arte era
médico e foi professor catedrático da faculdade de medicina.
-"Primitivos portugueses". 1910-1940 , trinta anos de investigação e restauro de
algumas obras que permitia fazer um primeiro balanço da pintura deste período.
Criação de um catálogo que fizesse entrar na europa o conhecimento
correspondente a pintura portuguesa. Essa importância da exposição.
A exposição teve um catálogo que foi uma peça importante. 2 Edição em 1957.
43
Termo primitivos continua a ser utilizado mas a operatividade esta esbatida. Procura
caracteriza de um modo mais restrito correntes estética e culturais que atravessam a
pintura do final da idade média e do início do XVI.
-Temos o gótico
-Renascimento
-E no meio temos os primitivos e mais adiante
-O maneirismo
Em suma:
1. entendimento de um percurso histórico na pintura que vai ao encontro da
definição renascentista que tem um a definição maneirista mas que não pode ser
caracterizado em absoluta e totalidade por estes dois conceitos. Há uma situação
renascentista e uma maneirista.
2. Termo teve utilidade histórica em 1940 e a designação nos dias de hoje é um tanto
residual. Em homenagem a uma historia da ate do passado porque a noção de
primitivos e tradicionalmente arrumada para o seculo XV e não é útil quando
avançamos para o seculo XVI.
1. A partir de 1500 toda esta produção vai crescer exponencialmente. Este dado deve
ser sintonizado em todos os domínios da actividade artística.
44
Aquilo que se supõe ser a obra de Jorge Afonso revela na verdade um artista de
grandes possibilidades, mestre com linguagem amadurecida e capacidade de
expressão monumental apreciável mas que nada tem a ver com Nuno Gonçalves.
Entramos nas lacunas e questões.
Jorge Afonso será a geração seguinte mas nada tem a ver com Nuno Gonçalves.
Pintura produzida ao longo de grande parte do seculo XVI, processo em que temos a
organização da actividade concentrada no mestre da oficina com os seus ajudantes o
que significa que estas obras em regra quase sempre vão produto de várias mãos. A
mão do mestre define o teor, perfil estilístico da pintura. As diferentes sensibilidades
precisas são definidas pela mão do mestre. Há muitos colaboradores o que causa por
vezes dificuldades em matéria de autorias. Por outro lado há que perceber que
algumas encomendas associavam varias oficinas trabalhando em conjunto. Isso era
designado nos contratos do tempo como "pintura em parceria" em que se
associavam arias oficinas. Quer dizer que embora. Há aqui um processo em que
diferentes mãos se cruzam quer no interior da mesma oficina, quer em resultado do
trabalho de várias oficinas. Leva a um problema de identificação das autorias.
Retábulo da Se de Évora
45
23 Abril
Esses dois focos constituírem as duas grandes culturas de referência. Não são
estanques, e tem contacto entre si. Acontece que no caso português se verifica de
um modo atento:
1. Acentuação da preferência pelos modelos flamengos. Coincide com a época de
D.Manuel e também com os primeiros anos do reinado de D.João III. Ocorre um
aprofundamento do gosto flamengo. Isso é marcante na pintura e também na
escultura. "Flamengalização" do gosto da época de D.Manuel. Tanto na pintura
praticada pelos flamengos como pelos portugueses nas oficinas de Lisboa, capital
artística e principal centro de produção pictórica.
2. Deslocação para o referente Italiano ocorre no reinado de D.João III, torna-se
sensível nas décadas de 50 e 60 a par... de modo abrangente da própria história de
Portugal.
A combinação da corrente humanista com uma consciência mais profunda com os
valores ao romano, ie, da antiguidade romana. Essa combinação estimula um olhar
mais dirigido para o lado italiano sem que isto signifique o abandono das referências
flamengas. Também flandres sofre um processo de italianização.
Galeria de retratos é um factor que irá estimular a produção, mais para meados da
46
segunda metade do século XVI., Favorece uma conjuntura que tem na pintura um
campo de execuções são vastíssima.
Retábulo de Évora
-Notável
-Havia uma predela, painéis de formato rectangular mais pequenos que se
inscreviam na base da estrutura.
-Organizado em três andares sobrepostos e 4 fiadas verticais e um painel rectangular
de formato maior.
-formulação de talha dourada que preenchia a parede fundeira da capela-mor.
-Pintura de mestres flamengos. Levanta questões de autoria. A dimensão de autorias.
É um problema: determinar a autoria das obras. Sabemos que é pintura flamenga
pela própria obra cujas formas pictóricas denotam a formulação flamenga.
-eixo geográfico entre Gand e Bruges, mestre a trabalhar em 1500 e que tiveram de
se adaptar á natureza da encomenda. Pintura tem uma escala superior aos formatos
recorrentes na flandres.
-Virgem exalta em glória, o maior painel.
47
Quintino Maisys nunca esteve em Portugal mas recebeu alunos portugueses e teve
muitas obras encomendadas por D.Leonor.
Fons Vitae, Colijn de Coter, 1518. Igreja da Misericórdia do Porto. Oficina de Bruxelas,
Bernard Van Orley? (1491-1542), 1518-1521. Discussão quanto à autoria.
28 Abril
48
"Descida da cruz",
painel do retábulo de
S.Francisco de Évora,
Francisco Henriques,
1508-11, MNAA,
Lisboa
Por alusões
documentais sobre
ele, podemos perceber
que foi uma personalidade fundamental na
definição das orientações da arte manuelina.
Figura fundamental de uma obra que todavia se
estende num período curto de tempo. Morre em
1518 vítima de peste.
Havia viajado até Flandres para recrutar pintores
para aumentar a sua oficina. Cm formação
identifica a sua, que entendessem as suas
referências de trabalho. Companheiros devem
ter também perecido.
Actividade de Francisco Henriques teve ter
começado em cima de 1500. Deve estar
identificada a intervenção extensa na igreja de S. Francisco de Évora, ligada ao paço
real. Edifício integrado no âmbito da corte e por consequência nas encomendas.
Francisco Henriques e colaboradores ocupam-se da execução de um grande
retábulo. Situa-se na capela-mor.
Supõe-se que fosse composto por 16 painéis que hoje estão distribuídos pelo MNAA
(11) e Alpiarça, Casa dos Catutos (4).
49
Encomenda de uma peça de mais uma catedral que é a de Viseu onde Francisco
Henriques faz todo o seu aparecimento; sequência do trabalho de Francisco
centrada na igreja de S.Francisco.
Painel, MNAA
Tema significativo. Painel incorporava o retábulo de 16
painéis da capela-mor de S.Francisco de Évora. Trata-se
de uma cena de martírio, o martírio dos santos
mártires de Marrocos. É um tema franciscano dai ser
escolhido para uma igreja franciscana.
História prende-se com idade média portuguesa, não é
uma história de martírio de santos divulgado
internacionalmente. Mostra que Francisco Henriques é
capa de produzir uma iconografia fora das receitas
tradicionais flamengas. Ele tem de criar uma fórmula
própria.
Em que consiste?
Grupo de 5 franciscanos que no início da ordem
franciscana partem para Marrocos para pregar e
converter essas populações. Exista da parte
Marroquina uma intransigência quanto a alternativas religiosas. São presos e
mortos. Este facto impressionou alguns sectores em Portugal. Parte dos despojos
destes mártires são recolhidos em Santa Cruz de Coimbra. Este culto é muito
centrado e Portugal, popular e seguido na zoa centro do países em Santa Cruz e culto
muito promovido pelos franciscanos. Dai a justificação de este tema aparecer na
pintura do tempo. Facto destes polípticos se estruturarem em volta de determinados
temas. Ex. Tema da infância de Cristo, da paixão de Cristo. Este políptico contempla
temas franciscanos.
Criação absoluta de Francisco Henriques pois não tem antecedentes flamengos.
Reserva para o centro da ação a decapitação do ultimo santo. Momento crucial da
acção. Acção violenta revela-se pelo recorte da espada/cimitarra que percebemos
terrivelmente afiada que vai desferir o golpe fatal. O grupo do terrível miramolim
(autoridade local que condenara os frades a mortes e assiste a morte).
Insistência do vermelho tem dimensão simbólica. Sangue pontua mancha no
primeiro plano. Temos cinzentos, tonalidades pardas.
Pequeno registo de papoila alentejana. Temos uma anotação local nesta combinação
entre realismo e simbolismo.
50
30 de Abril
4. A consciência do clássico na escultura e a intervenção dos escultores franceses.
Os focos de Coimbra, Lisboa e Évora do Renascimento ao Maneirismo.
O século XVI, também na escultura, ainda inclui uma produção substancial ligada ao
gótico. Temos um capítulo gótico, que vem da época quatrocentista e perlonga pela
época de D.Manuel e depois pelo maneirismo.
Expressão falsa e perigosa pois pode induzir em erros. Períodos podem ser
individualizados mas existem simultaneidades.
51
52
53
Outra das grandes encomendas foi o de uma série de azulejos que vêm de Sevilha
para decorar o interior da Sé. Azulejo mudéjar. Revestimento foi depois levantado
no início do século XX. Restam apenas fragmentos. Na capela-mor persistem muitos
desses azulejos sob o retábulo. Tem ainda azulejos. Combinatória casual, que vai ter
grande sucesso no barroco português. Relação deslumbrante entre azulejo e talha
dourada. Surge configurada nesta experiência do gótico final.
-Predela: (aplica-se à pintura e à escultura). Evangelistas e episódios que
acrescentam sentido de narratividade a esta escultura.
-Autores: flamengos que se radicam em Portugal numa época em que os
pagamentos avolumavam: Olivier De Gand; Jean D’Ypres.
Trabalham também em Tomar. Olivier é responsável pelas esculturas de madeira
policromada da Charola de Tomar. Realizou também o cadeiral do coro do convento
de Cristo (destruído pelos franceses nas invasões napoleónicas) corresponde ao
cadeiral do Mosteiro de Alcobaça (destruído pelos mesmos).
Fernão Munhoz: Charola de Tomar. Atribui-se ele S.João com a Virgem desmaiada
nos braços (tema corrente). Provavelmente este grupo estaria destinado ao cadeiral
pois a colocação na Charola não encaixa totalmente.
54
5 de Maio
Gregório Lopes
Foi igualmente pintor régio de D.Manuel e D.João III. Trata-se de um pintor da corte,
principais oficinas de Lisboa, muito chegado as grades encomendas, uma das quais a
encomenda do tribunal da relação de Lisboa.
Há que assinalar que são os laços de parentesco que estes mestres desenvolvem
entre si. Gregório Lopes era genro que Jorge Afonso. Acrescenta relações de caracter
familiar muito comuns e que se estendem aos escultores e arquitectos. Este ponto e
relevante pois deve ser valorizado porque representa, por um lado, uma persistência
da tradição medieval, a criação de laços de parentesco entre os artistas e nalguns
casos os filhos herdarem o ofício dos pais. Há dinastias de arquitectos desde os
Arrudas e depois os Lopes. Laços familiares podem implicar a continuidade do ofício
dentro da mesma família e implicam o casamento de um jovem discípulo com a filha
do mestre. Confere coesão familiar que perdura. Sistema corporativo medieval.
Introduz nos artistas uma mentalidade de corporação bastante marcada. Panorama
começa a modificar-se no contexto humanista do seculo XVI.
Gregório Lopes encontra-se no centro desta constelação e por este facto participou
em várias parcerias, algumas documentais e outras em que percebemos que tem
colaboradores.
Parceria dos Mestres de Ferreirim: associação de 3 importantes pintores na execução
de um serie de retábulos para a igreja do convento de Ferreirim, um pequeno
convento na zona de Lamego. Nessa parceria temos um documento da parceria e
simultaneamente a parte substancial das pinturas.
Estes mestres de Ferreirim são Cristóvão de Figueiredo, Gregório Lopes e Garcia
55
Fernandes. Samos que estes pintores integraram essa parceria mas discriminar o que
cada um fez, é complicado!
Gregório Lopes como personalidade central ente os diferentes titulares das oficinas
de Lisboa e com uma obra de grande repercussão para diferentes pontos do país.
56
Mago vem do persa Magus que significa que tem uma conotação de sacerdote,
alguém que lida com saberes avançados. É toda uma cristianização mítica que se
combinou com a cidade de Colonia e que pela sua simbólica das oferendas ao
menino - ouro, incenso e mirra.
Há uma transladação dos referendos flamengos que não desaparece mas que segue
o passo ao referendo italiano. Motivo ao romano, motivo ao antigo. Exprime-se de
modo sensível em Tomar onde sabemos que Gregório Lopes estes e intervém a
segunda metade da década de 30:
Na execução de uma serie de paneis para a charola do convento de cristo
Núcleo que executa para a Charola e num retábulo hoje desmontado na Igreja de
João Baptista.
57
Mestre do "inferno"
Líder do inferno é um índio
brasileiro. Chave iconológica
são os textos da época.
Trabalhos de Dagoberto Markl,
mas também Gil Vicente. É
mina de informação das classes
sociais do seculo XVI. Envolto
de crítica social. Tem uma
58
Retábulo de Santa Auta. Relíquias de Santa Auta e das onze mil virgens.
7 de Maio
59
O modo como o claustro principal do convento de Cristo tem sido encarado pela
historiografia tem perplexidades.
- Nos anos 60 surgiu uma revisão criativa encabeça pelo historiador Jorge papais da
Silva, da FLUN. Intervenção foi importante na medida em que procurou introduzir o
conceito de maneirismo no panorama da arte do seculo XVI e particular na
arquitectura. Antes era um conceito sem grande acolhimento até ao momento. Teve
circulação na década de 20 e a 30 nomeadamente na pintura. Anos 60 o maneirismo
é alargado à arquitectura.
Determinadas obras de Diogo de Torralva são vistas como expressão do maneirismo.
Na gênese desta abordagem estava a valorização de determinados aspectos
evidentes, de natureza conflitual ou de natureza entendida como anticlássica.
Simultânea da de de escalas diferenciadas. Estruturas contrapostas a vãos de
reduzida expressão. Um desencontro inusitado de escalas de natureza diferente.
Estes e outros aspectos representariam uma atitude de questiona cão das normas
clássicas que deveriam ser remetidas para no ciclo de definição maneirista e não
renascentista. Esse foi o entendimento da historiografia nos anos 60.
60
Rompeu com uma visão mais rotineira que vingava na historiografia vigente.
O seu livro foi traduzido tardiamente. Veio alterar o modo de ver as coisas,
61
Situação actual
1. Ideias de Kubler embora valorizadas foram alteradas por novos contributos. Teoria
que permanecem em parte validas mas que têm sido modificadas em alguns
aspectos.
2. Ao contributo de Kubler vieram juntar-se linhas de pesquisa entre as quais
consistiu na consideração da arquitectura militar em todo este contexto.
Kubler não trata especialmente a arquitectura militar. Os principais contributos foi a
valorização da arquitectura militar e o entendimento que esse domínio implicou na
definição dessa arquitectura chã. Neste há que assinalar o contributo do professor
Rafael Moreira. Representando momento pós-Kubler. Com ele passamos a entender
que a arquitectura militar funcionou como facto estrutural em vários aspectos desta
arquitectura.
O maneirismo como período estilístico foi banido do vocabulário crítico de uma parte
substancial dos historiadores da arquitectura. Usando amplamente renascimento ou
classicismo para classificar esta sequência com base nas normas clássicas ao lingo do
seculo XVI. Por conseguinte temos essa tendência muito clara nos trabalhos dos
professor Rafael Moreira. Vol II 'arte em Portugal', círculo de leitores. O capítulo
sobre arquitectura do seculo XVI o autor evita o termo maneirismo. Como depois
para a época dos filipes, Miguel Saromeiro (?) evita o termo maneirismo
O que esta a acontecer e se tornara mais evidente na segunda metade do seculo XVI
é a importância da escolarização da arquitectura e transmissão do ensino em esfera
reduzidas de muito ligadas ao poder em à coroa. Nesta sequência a primeira obra.
Aceitar é o tratado de Vitrúvio. Cópia de Vitrúvio trazida para Portugal em 1488.
Vitrúvio foi conhecido durante a idade média. Simplesmente é segmentado. O texto
completo dos 10 livros tinha-se perdido.
62
Leon Baptista Alberti, "DE Aediticatoria". 1512 de Paris. Muito circulou. Sabendo que
houve uma tradução portuguesa deste tratado. Perdeu-se. Foi realizado por André de
Resende.
14 Maio
Igreja Santa Maria da Graça de Setúbal, hoje Sé, é também atribuída a António
Rodrigues, como a igreja matriz S.Pedro de Palmela.
63
Capela mor do
Mosteiro dos
Jerónimos
Sequência de
diferentes blocos é
reveladora do trajecto
desta arquitectura.
1. Fase manuelina com
campanha inicial de
Diogo Boitaca e a
segunda que
monumentaliza o
edifício pela mão de
João de Castilho.
Junta-se um terceiro
capítulo que consiste
na intervenção de Diogo de Torralva que termina o claustro e trabalha no coro alto.
Quarto momento da responsabilidade do arquitecto Jerónimo de Ruão, quem traça a
capela-mor.
Filho de João de Ruão. Nasceu em Coimbra. Faz a carreira na corte e enfileira nesta
corrente de arquitectos de topo ligados à tratadística. Abertos a uma sensibilidade
despojada própria da arquitectura chã.
Assim temos uma estrutura com uma volumetria muito superior à que lá estava e
com um traçado completamente. Esse classicismo é todo ele tratadístico. Temos a
sobreposição das ordens arquitectónicas. Estrutura constituída por dois tramos
rectangulares e uma abside semicircular. A particularidade é que esta faz parte da
própria arquitectura. Estrutura arquitectónica com sobreposição das ordens e
dividido em 2 andares, define o formato do retábulo. Sacrário foi já colocado após a
Restauração.
Nos dois tramos temos a abertura de arcossólios onde são colocados os túmulos dos
reis. Em cima temos aberturas amplas que promovem a entrada abundante de luz.
Janelas são perspectivadas, isto é, são escavadas que introduzem uma orientação
perspectiva. Implicações na distribuição da luz.
64
Material é mármore.
Dispositivo é inovador.
65
Existência de um
retro-coro.
Passagem de um
lado e outro do altar
dá passagem ao coro
instalado atrás da
capela-mor. Kubler
viu uma alusão às
igrejas de Palladio.
Não é certo, mas é
possível que essas
influencias se
tenham feito sentir.
Arquitectura chã
com despojamento formal vai-se estruturando a partir do período de menoridade de
S. Sebastião e vai organizar-se por diferentes vias que se cruzam entre si. Uma delas
é a dos projectos das três catedrais melhoradas em Portugal: Catedral de
Portalegre, Catedral de Miranda do Douro, Catedral de Leiria.
Há a necessidade de restruturar a organiza da igreja portuguesa. A diocese de
Miranda é instituída bem no norte, Leiria no centro e Portalegre no Alto-Alentejo.
Catedral de Leiria é financiada pelos cónegos regrantes de Coimbra.
Miranda: fachada
tem expressão
monumental com a
particularidade o
portal. Pórtico
colado à fachada.
Coisa de influência
espanhola. Miranda
do Douro é muito
próxima de
Valladolid. No altar
mor temos um
retábulo de ....
Nesta estrutura as
naves estão à
mesma altura. Modelo da igreja-salão.
66
Igreja da Misericórdia de
Santarém
Igreja Salão, naves à mesma altura. Modelo feito
efectivamente por Miguel de Arruda através de
documentação.
Arquitectura Militar
Década de 40 do seculo XVI. Tecnologia de ponta foi o
projecto de Mazagão. Na sequência disso há toda uma
onda de novas fortificações.
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Baedeker
19 Maio
Afonso Alvares
69
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71
O período dos últimos 20 anos do seculo XVI é enquadrado pela união das duas
coroas portuguesa e espanhola. Ascende ao trono de Portugal Filipe II. Herdou-o de
D. Sebastião. Há toda uma controvérsia politica e jurídica quanto. Os anos a seguir à
batalha de Alcácer Quibir procurou adquiriu ...
(pormenor do torreão filipino, painel azulejar com vista do Terreiro do Paço, inícios
do seculo XVIII, Museu da Cidade, Lisboa)
Era filho de D.Isabel de Portugal, filha de D.Manuel e irmã de D.João III. A morte da
mãe foi o primeiro trauma de Filipe. Impressionou vivamente toda a corte. O
casamento de estado transformou-se em tórrida e verdadeira paixão. Filipe II foi
casado com Maria Tudor. Foi rei-consorte de Inglaterra. Tem uma ligação muito
estreita com as filhas a quem escreve cartas descrevendo o que vê. O poder de Filipe
II era uma coisa temível. Política concretiza-se em 2 realizações que rematam o
seculo XVI:
1. Acrescento/valorização do palácio da ribeira. Acrescente o torreão oeste que já
não existe. Vai repercutir-se na arquitectura exterior. Juan de Herrera terá tido aqui
uma participação. Filipe Terzi.
Ou seja, nesta época filipina temos Terzi, B. Alvares e Juan de Herrera arquitecto do
Escorial. Tem-se discutido muito o autor deste projecto. Mas é uma estrutura que se
tornou marcante. Tem uma base de arquitectura militar. Salas de grande aparato.
Haveria uma biblioteca e um grande salão. Durou até ao terramoto.
(Terreiro do Paço, Francisco Zuzarte, primeira metade do seculo XVIII, Museu da
Cidade, Lisboa).
72
21 Maio
Podemos concluir que na realidade se criou uma estrutura que marcou a época e
que veio a ter consequências futuras. Podemos observar a construção a desta
estrutura teve em consideração certos antecedentes da arquitectura portuguesa.
Intenção de Filipe II em insinuar um processo de continuidade. Prende-se com raízes
portuguesas: memória da estrutura fortificada. Dispositivo fortificado é retomado.
Também a volumetria recorda a tradição da arquitectura medieval portuguesa,
sobretudo as torres de menagem. Disposição de dois pisos nobres rematados com
frontões semicirculares.
73
Realização religiosa
Interior: felizmente
conservou-se não
obstante o terramoto
de 1755. Deitou abaixo
a cúpula com zimbório.
Nunca foi reconstruida.
Este modelo é
importante não só das
realizações da época de
Filipe II como vai ser
referência nas épocas
subsequentes.
Autoria envolvida em
alguma perplexidade porque tradicionalmente na bibliografia mais antiga,
74
Baltazar Alvares provavelmente deve ter sido o autor do projecto sem excluir ideias
dos outros arquitectos.
Esta arquitectura é uma arquitectura marcadamente clássica. Alvares corresponde à
vertente do classicismo que decorre a par da arquitectura chã. Essa cultura
classicista de Alvares foi confirmada em Itália onde permaneceu alguns anos, onde
deve ter contactado com a arquitectura de Roma, Milão e Génova, como também a
parte da tratadística. É o representante de um conhecimento mais aprofundado da
tratadística no panorama português do seu tempo. Produto total e absoluto da
tratadística.
Igreja dos Jesuítas de Coimbra é também de Baltazar Álvares. Bem como o Convento
de Santo Antão, hoje Hospital de S.José.
75
76
cargos altos são acompanhados pela revelação de uma forte vocação para o
desenho, seguramente influenciado pelo pai, e acompanhado por uma cultura
humanista avançado e interesse pelos vestígios arqueológicos que começavam a ser
descobertos e estudados.
Essa obra nunca foi publicada. Confina aos manuscritos que deixou, códices de
grande luxo, sem que isso tenha conhecido grande circulação.
Alguns dos locais da antiguidade eram procurados para serem estudados, mas
muitos também se perderam. Ligação aos estilos pompeianos. Algumas das coisas
que já desapareceram, estão registadas pelo Holanda.
77
26 Maio
78
Mestre de Abrantes
Autor anonimo de um conjunto de painéis pertencentes à igreja Misericórdia de
Abrantes. Há décadas, este mestre foi relacionado com Gregório Lopes, pensando
ser uma fase final da vida daquele pintor. Hoje sabe-se que certamente será um
discípulo, com uma estética e prática muito próxima de Gregório Lopes.
1. Vai-se introduzindo, sobretudo, nas figuras, colocação das personagens no espaço,
novos rimos compositivos. A implantação da figura no espaço é um tanto inusitada.
Revela toda uma construção rítmica diferente que se vem acrescentar à postura
tradicional e serena das restantes personagens.
2. Alteração da paleta de cores. Gosto por azuis estranhos, vermelho, rosa. Este tipo
de cores é designado pelos especialistas por "cores ácidas". Há uma certa
agressividade neste colorismo.
"Adoração dos Magos", presentes são simbólicos, o ouro, incenso, mirra. Isso tudo
não é incompatível pelo gosto dos objectos mais humildes da cultura portuguesa.
79
Retratística
80
28 Maio
Teste
3 questões para escolher duas. Dá uma hora para cada questão. Âmbito alargado
transversal. No nosso estudo deve prevalecer o entendimento das linhas de força da
arte em Portugal até ao maneirismo, seculo XVI, linhas de forma da história artística
portuguesa em termos de renascimento e maneirismo. Questões relevam de uma
aproximação ao modelo do renascimento, o nosso ponto de vista é o renascimento.
Segundo objectivo é o entendimento das problemáticas subjacentes.
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Anne Marie Jordain ? Fala sobre a coleção dos retratos régios que havia no Terreiro
do Paço.
António Campelo
A questão do desenho e importante porque
1. É neste período, segunda metade do seculo XVI que nos vamos deparar com
algumas peças gráficas, desenhos recolhidos. O desenho e uma coisa ausente do
património português no seculo XV e primeira metade do XVI.
2. Desenho tem um papel determinante dos mecanismos da criação artística, em
especial desta vertente do maneirismo romano e toscano a que os portugueses
estão próximos, o desenho e uma disciplina fundamental para estes artistas,
enquanto campo de pesquisa já que possibilidade variadas explorações em termos
de estruturação de figuras, é uma área de trabalho preparatório e aprofundamento
das qualidades criativas. É também em muitos casos um registo da obra já realizada,
pois o desenho não é somente preparatório. O desenho tem também implicações de
caracter teórico, ou seja, este filão da arte da Itália central - toscana e romana -
tende a estabelecer uma equivalência entrenó desenho e o conceito abstrato SA
criação artística. Dai que surgia o termo desenho como equivalente à ideia criativa e
dimensão intelectual da criação artística. Liga-se à teoria artística de Holanda e
Vasari e tem contactos com a concepção neoplatônica da criação artística. Há uma
nobilitação do desenho na prática executiva e na ligação com os mecanismos
mentais.
Em resultado faz com que o desenho se torna mais valorizado do que tinha sido
antes. Em forma desiguais, todas as oficinas do seculo XV e XVI produziram desenho,
mas eram desvalorizados. A valorização do desenho como valia estética e uma coisa
que acontece no seculo XVI e em particular no ciclo do maneirismo. Acontece que o
desenho seja objecto de colecionismo. Vasari classificou, ordenou e coleccionou os
desenhos de artistas. Na esteira do Vasari há outros. O desenho tem uma valia
estética que é completamente diferente do que acontecia antes. É um suporte de
circulação de ideias e artistas. Estes artistas da geração do italianizantes, alem de
terem praticado o desenho trocavam desenhos entre si. Infelizmente não são muito
números os desenhos conservados de autores portugueses.
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84
Diogo Teixeira
Trabalha para todo o reino.
Fernão Gomes
Em alguns casos referência pontos da pintura italiana.
Esta pintura entra pelo seculo XVII e é acompanhada da emancipação dos artistas.
Há toda uma dinâmica da produção do conhecimento ....
Pinturas procuram emancipação por uma via oficial que consistia apresentar um
pedido pelo qual se desligavam da estrutura corporativa onde estavam inseridos. Em
Portugal os pintores estavam incorporados na bandeira de São Jorge passando a
agrupar na Irmandade de São Lucas, uma confraria própria onde estão associados,
de natureza inteiramente diferente da estrutura da idade media. Envolve apenas um
núcleo restrito. Estes esquemas do maneirismo projetam-se para as primeiras
décadas do seculo XVII. São confrontados com o proto-barroco.
85
Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão, "A infanta D.Maria dando esmola aos
mendigos"
86