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Compilação apontamentos Renascimento e Barroco em


Portugal
História da Arte do Renascimento e do Barroco em Portugal (Universidade Nova de
Lisboa)

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Renascimento e Barroco em Portugal

Renascimento e Barroco em Portugal

17 de Fevereiro

Cronologia

c1400 - c1500 - c1600

Interesse: bloco do século XV e XVI

Gótico, Renascimento e Maneirismo: seculos XV e XVI

De que forma a história da arte portuguesa participa neste esquema geral? E um


tanto redutor e por isso não participa em todos os sectores. Entender num plano
mais genérico e num concreto das diferentes áreas de estudo.

Entender a continuidade do gótico, ciclo desta estética conotada com a idade media.
Esta arte prevalece em todo o seculo XV. Em PT como na generalidade do continente
europeu e marcado pelo gótico. Prossegue no seculo XVI, em particular no primeiro
terço. Aquilo que se tem designado como gótico tardio, late gotic. Exemplo cidade de
Nuremberga. e um foco do renascimento alemão. Grande Albrech Durer. Manteve
relações estritas com figuras ligadas a coroa portuguesa. Durer ofereceu alguns dos
seus quadros a agentes portugueses. E esta a origem do quadro "Sao Jeronimo" que
se encontra no MNAA.

Ponto final do ciclo do Gótico? Difícil arrumar numa data certeira.


Estabelecer cerca de 1530, uma baliza cronológica que pode servir como terminus
aproximado do gótico. Há uma mudança percecionada pelas pessoas que a vivem e
instala nesta data uma outra situação que e a do Renascimento.

Há que ter em atenção nesta passagem certos aspectos. Por um lado, há uma
situação particular que tem lugar entre o final do seculo XV e 1530 que e um notável
florescimento de uma arquitectura que foi denominada por Arquitectura Manuelina.

Ao longo do século XV se verificou algumas das primeiras aproximações a arte do


renascimento. Por iniciativa de alguns encomendantes há obras que têm lugar
próximo ao renascimento italiano e pintura do norte da europa que interessou ao
nosso pais n seculo XV e XVI.

Diferença esta no facto de a partir de 1530 se estabelecer hegemónica a estética do


renascimento.

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No século XV e início de XVI Portugal tem dois vectores de ligação:


1. Contactos com Itália pela importância que a P Itálica tinha em relação a outros
países da europa. Papa regressa a Roma e reconstitui-se a cabeça da cristandade. O
peso institucional que a igreja tem significa que havia uma grande carga de
burocracia eclesiástica com Portugal.
2. Polo do norte da Europa, Flandes. Estabelecem-se ligações de carácter dinástico:
Filha de D.João I, D.Isabel casa com o Duque da Borgonha, o que dá uma ligação da
casa real portuguesa a casa borgonhesa. Existe também a importância das relações
comerciais. Produtos que o reino de Portugal coloca no mercado no norte da Europa,
conjugam-se com os produtos originários da expansão marítima.
Feitoria de Bruges: instalação de embaixada e interposto comercial. No século XVI
Bruges entra em decadência e a feitoria portuguesa transfere-se para Antuérpia.

Bruges e Antuérpia sendo dois pólos de exportação de produtos portugueses ia ao


encontro de dois centros artísticos.

Portugueses descobrem na Ilha da Madeira as potencialidades da produção do


açúcar que é directamente exportado para a Antuérpia. Daí que senhores
portugueses comprassem pinturas paras a igrejas e para as capelas tumulares. ex.: Os
Trípticos. É assim que a ilha da Madeira se enche de pintura flamenga, no museu do
Funchal e no interior das próprias igrejas.

3. Pólo da Península Ibérica: canal determinante nas relações de conflito, diplomacia


e cultural. Estética mudéjar marcante na época de D.Manuel. Acrescenta a
pluralidade de correntes. Temos o gótico tardio, o mudéjarismo e aproximações
pontuais ao renascimento italiano.

Isto num percurso histórico que há que ter em consideração: monarquia Portuguesa
que vive a superação vitoriosa de 1383-85 (que leva ao inicio da dinastia de Avis),
transita com o início da expansão e com esta realidade enriquecerá o seu campo
artístico.
1415 Começa a ligação com o norte de Africa.
1460 Data da morte de Infante D.Henrique. Monarquia do século XV estabelece
Reinado de D.Duarte.
1495 Morre D.João II em Alvor. Sucede D.Manuel I.
1498 Vasco da Gama chega a India.
Época de D.Manuel marcada pelo grande esplendor da monarquia. Êxito do processo
da expansão portuguesa. D.Manuel serve-se da arte como um dos instrumentos da
afirmação da monarquia portuguesa. Época de grande prosperidade e manifestação
de poder. Afirmação pública internacional são as embaixadas. A grande e mais
conhecida é a embaixada ao papa. Roma é um centro internacional. Envia um
elefante e esse envio tem um grande impacto em Roma. Romanos têm um grande
impacto desde as guerras púnicas.

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D.João V faz uma grande embaixada a Roma: desfile com coches, etc... Voltou a
tornar o rei de Portugal muito prestigiado.

Capítulo do renascimento coloca dificuldade no terminus em Portugal.


Renascimento: época histórica; em concreto na história da cultura e sobretudo na
cultura literária

Figuras do renascimento ou maneirismo em Portugal: Literatura é Camões e na arte e


teoria da arte é Francisco da Holanda.

Renascimento de um período curto que em 1550-1560 dá lugar ao Maneirismo.


Maneirismo integra diferentes situações. Problematização do maneirismo
italianizante reflete-se em toda a Europa e está combinado com outras coisas.
Categoria que incorpora vários planos.
Esta designação foi introduzida na historiografia portuguesa na década de 60/70 com
Jorge Pais da Silva ao referir o maneirismo na Arquitectura.

Antes este período era profundamente mais amado, menorizado e incompreendido.


Porque aqui em 1580 dá-se a perda da independência e associação da coroa
Portuguesa à Coroa Espanhola. Época filipina considerada como decadente. Assim
não o é e muito menos no campo artístico.

Na época de D.João III temos um período renascentista: arquitectura, pintura,


escultura, artes decorativas. O reinado de D.João III é marcado pela afirmação do
humanismo na cultura portuguesa. Corresponde a viragem da época de D.João III. É o
grande florescimento. Reforma da Universidade e o Colégio das Artes.

Neste período há uma sombra sobre a Europa: o movimento da reforma protestante


e a resposta do lado católico e concilio de Trento nos anos finais de D.João III, vão
suscitar um embate ideológico e cultural. Visão da cultura humanista com
implicações artísticas. Visão estruturadora de uma definição ortodoxa do catolicismo,
concilio de Trento impõe uma outra perspectiva cultural com implicações artísticas.

Reino português mantem-se fiel a Roma e esse aspecto conduz a várias alterações
artísticas. Vários autores falam numa arte tridentina - contra reforma. Esta arte
representa um aspecto que é ingrediente do maneirismo. No caso português no
domínio da arquitectura, assume uma feição particular conhecida como
"Arquitectura Chã", termo por George Kubler. Esta arquitectura distingue do
maneirismo mas de alguma forma se associa a ele na medida que o maneirismo
significa uma continuidade do renascimento. Muitos autores chamam a esta a
arquitectura ao classicismo, "filipino" ou seja:
-Corrente Classicista
-Corrente chã.

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Esta situação vai continuar pelo seculo XVII fora.

Estes termos são categorias da história da arte e da história da cultura quer nacional
quer internacional.
19 Fev
2. As formulações e aproximações a arte renascentista no seculo XV. O significado
dos Painés de S.Vicente e os equívocos da Polémica.

Século XV: Período em que continua a florescer a arte gótica e que se revela o gosto
estético e dominante. Esse gótico do seculo XV reveste várias tonalidades. Aqui
temos uma simultaneidade de orientações. Veja-se o impacto do estaleiro da Batalha
face ao modelo do gótico perpendicular inglês que conflui a tradição mendicante
dessa arquitectura. Isto mostra como o gótico cobre várias sensibilidades que lhe
estão inerentes.
Problema: determinados contactos, sobretudo com a Itália, e (mundo do norte da
europa) que viabilizaram as primeiras aproximações a arte do renascimento. Ora,
neste período gótico aquilo que se pode falar de renascimento tem a ver com
aberturas a este modelo artístico e cultural que tem circunstâncias muito
embrionárias, viram a refletir-se na cultura artística e nas realizações que tem lugar
neste momento.

Contactos com a Itália reportam-se a um modelo cultura no Quatrocento,


impregnado das referências da antiguidade clássica (arte "ao romano", expressão
que reporta a uma determinada linguagem decorativa de inspiração clássica e que
por isso mesmo surgia de um modo dissonante relativamente ao gótico). e de uma
cultura artística que supor uma disciplina mental, que só no seculo XVI vira a ser
assumida ... E por ultimo a uma linguagem artística relacionada com a corrente da
cultura humanista na medida que em larga medida contraposta a cultura de tradição
medieval que e o universo da Escolástica, ocasionara um confronto que terá
expressão artística.

Os agentes que promovem estes contactos são figuras do alto clero que por razoes
variadas viajam ate Itália ou percorrem o mundo mediterrâneo e alguns artistas que
na orbita destas personagens tem a possibilidade de exercer actividade dentro destas
orientações.
Decorrer um fenómeno que intercambio de obras que constituirá modelos do
renascimento e que chegará a alguns círculos da sociedade portuguesa.

Infante D.Pedro Duque de Coimbra (pai de D.Beatriz)

PDV artístico: meados do seculo XV vamos deparar com talvez o primeiro sintoma
limitado de um reflexo desta aproximação e do modo como estas sugestões pontuais
podem ser incorporadas pela realidade Portuguesa.
D.Afonso, 4 Conde de Ourém e 1 Marques de Valença, filho bastardo do primeiro

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duque de Braganca, neto de D.João I, uma figura de grande relevo. Teve uma estadia
em Itália relativamente longa em Florença e Siena e justamente e faz com que certos
elementos do gosto italianizante se tenham transferido para suas terras. Ao seu
serviço esteve um artista italiano discípulo de Michellozzo. Paço de Ourem e o
Castelo de Porto Mós.
Castelo de Ourem: algumas novidades se instalam.

Casamento da princesa D.Leonor com o Imperador do Imperio Romano Germânico.


Pintura em Siena dá conta deste acontecimento. É uma pintura do final do seculo XV
que transmite o aparato e faustoso. É neste círculo de relações que se inscreve o
Conde de Ourém.

Com o arquitecto italiano introduz transformações e um modelo de estrutura


defensiva. Conhecimento que se ia desenvolvendo no meio da arquitectura civil,
militar e engenharia.
Vãos segundo o modelo gótico mas na forma/concepção geral se reflete essa imagem
da arquitectura militar da Itália do Quatrocento. Esta arquitectura promovida pelo
Conde de Ourem estende-se a outros espaços entre os quais a cripta de Ourem e que
se valoriza com a imponência do túmulo jacente afirmando o seu estatuto nobre.

Meados do século XV, volta de 1450 e as afinidades entre os dois edifícios são
grandes.
Porto de Mós: Formas compactas entre as
torres e o corpo da construção apontam
para um modelo gótico revelando uma
multiplicidade de anotações decorativas:
arco contracurvado...
Apontamentos de carácter plasticizante:
pilastra, fuste canelado com o terço inferior
interrompido e assinalado, pequenos
apontamentos de carácter
renascentista/classicizante adaptado ao
caracter do gótico.
Encomenda de uma escultura de terracota
vidrada à oficina de Luca della Robbia, são
medalhões, um tipo de aquisição que no
século XV e depois XVI possibilitou
exportação destes modelos. D.Manuel faz
uma encomenda para o Palácio da
Bacalhôa, Convento da Madredeus. A
primeira encomenda desta natureza talvez destinada a igreja da colegiada de Ourem
é de 1473 e de 7 caixas.
Arquitecto Italiano incorpora algumas tendências do renascimento toscano.

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Encomenda portuguesa em Itália


Pleno renascimento florentino. Primeiro
quartel do seculo XV: Capela funerária do
cardeal D.Jaime na Igreja de San Miniato al
Monte Tondo, Florença. Capela de
configuração cubica com uma cúpula dentro
das normas que caracterizam o 1 renascimento.
Estamos em meados do seculo. Há a
participação de vários artistas e há sobretudo
uma combinação estreita entre a arquitectura
e a escultura.
Cardeal D.Jaime é filho do Infante D.Pedro,
Duque de Coimbra que faleceu na batalha de
Alfarrobeira. D.Jaime é encaminhado para a
carreira eclesiástica que vai te vertiginosa
ascensão ate cardeal. No entanto faleceu muito
jovem. E aparentado com a família real
portuguesa, é sobrinho de D.Isabel Duquesa de Borgonha. Isso tudo explica o aparato
deste monumento funerário com linguagem mais avançada do renascimento. O
modelo do túmulo é uma combinação entre estrutura algo paganizante e o ideal de
sepultura crista rodeado por anjos e virgem com o menino num medalhão. Esta
encomenda reflete as ligações de agentes portugueses em Itália e a forte articulação
deles com Florença e seus artistas.

Bíblia dos Jerónimos, frontispício do volume II, do livro de Josué: notável obra de
iluminura de Florença do século XV de uma das oficinas de Iluminuras. Aqui esta
patente ...

A corte de D.João II tinha contactos estreitos com Lorenzo di Medici e com a Florença
da liderança politica e artística desse período. Inclusive D.João II e D.Leonor fazem
mecenato artístico e encomendas de carácter eclesiástico o que supõe que esses
contactos são potenciados em Roma, cidade que na segunda metade do século XV se
vai assumindo como capital artística. Cardeal Alpedrinha, e uma figura notável e que
morreu centenário. Homem que se exilou em Roma porque teve desavenças no
início do reinado de D.João II. Estabelece-se em Roma e comporta-se como um
cardeal do renascimento. Foi sepultado numa capela funerária em ...
A sua figura constituiu uma ligação entre Lisboa e Roma e daí vieram muitas obras do
estrangeiro.

Estruturas hospitalares

Hospital termal das caldas da Rainha, 1488


Hospital real de todos os santos, Lisboa, 1492

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Edifícios hospitalares são uma novidade. Concepção de um edifício de alguma


dimensão ligado a essa finalidade (cura e cuidados médicos) é renascentista e o
hospital é uma das tipologias que o primeiro renascimento desenvolve. O hospital
promove uma forma racionalizada da organização do espaço, estrutura rectangular
com pátio interior e corredores direcionados à enfermaria. Os primeiros hospitais
fora da península itálica vão ter lugar primeiro em Portugal e depois em Espanha.
Estrutura serviu de referência aos grandes hospitais em Espanha.

Andrea Sansovino foi contratado para executar encomendas em Portugal. Contudo


não há rasto das supostas obras em Portugal? Vatelli argumentou que todas as obras
renascentistas seriam de Sansovino, versão desmentida pelos historiadores
portugueses. Vasari diz que Sansovino foi enviado a Portugal por Lorenzo o Magnifico
e que terá realizado obras de arquitectura e escultura. Esteve 9 anos em Portugal.
Sabemos efetivamente que Sansovino esteve em Portugal por 9 anos enviado por
Medici. Contrato de 1492 estipula as considerações em que Sansovino esteve em
Portugal. Acompanha o final da época de D.João II e o inicio de D.Manuel

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24 de Fevereiro

2.Formulacoes ...

Mecenato do Conde de Ourem adensa um pouco mais na época de D.João II.

Sugestões italianizantes enquadradas no quadro do gótico enraizado em território


português.

Algumas das iniciativas do domínio artístico sob a sua responsabilidade adensa a


aproximação aos desenvolvimentos da Itália e em particular da cidade de Florença
governada por Lorenzo di Medici. Canais diplomáticos entre a corte de João II e
Florença. Há iniciativas de caracter religioso. Note-se o empadário que D.Leonor
encomenda para uma igreja de Florença. O projecto do hospital de Todos os Santos.
A vinda de Andrea Sansovino: comprovação e estadia decorre de se tratar da
chamada de um artista cujo perfil profissional e estético se inscreve na plenitude do
renascimento. Forma-se ao momento triunfante do 1º Renascimento e é um produto
bem representativo de todo o percurso Quattrocento florentino. Formação que
abrange a arquitectura e escultura. Conhecimento da arquitectura militar (próximos
da engenharia).

Desenho de Andrea Sansovino do projecto de um túmulo que nada tem a ver com a
tumularia portuguesa de derivação gótica. Relacionado com a sua estadia em
Portugal. Inscreve da tumulária renascentista de inspiração aniquilante, referência
um tanto pagã associada às referências cristãs. Incorpora referências arqueológicas
retiradas do exame directo de antigos relevos com que os artistas se confrontavam.

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Esta divergência estética e artística está


relacionada com um outro aspecto que há
que ter em conta que se prende com as
orientações da cultura do tempo. Esta arte
é ligada ao pensamento humanista, às
referências da grande cultura do
humanismo, solidamente estruturada em
Florença (origens ainda no século XIV),
evidentemente não tem a mesma
expressão em Portugal. E exactamente
nesta época, de João II, que temos
chamado Portugal do humanista, Cataldo
Siculo. Foi contratado para desempenhar
tarefas várias entre as quais de carácter
educativo. Tudo isto representa um tactear
de aproximações que não são
suficientemente consistentes. Não
sabemos para quem se destinava.
1. Poderia ser para o Infante D.Afonso,
herdeiro de D.João II; D.João II. Estética e
cultura que se confronta com o panorama
português e o choque é evidente.
2. Descoberta de uma referência à presença de Sansovino em Portugal, em Sintra,
num códice existente na biblioteca publica de Veneza, Marciana. O autor refere-se a
um dispositivo de engenharia muito elaborado que teve notícia de ter sido
construído por Sansovino em Sintra. Reproduz o engenho. Instrumento de serração,
movido a energia hidráulica aplicado ao corte da pedra. Isto reforçou o
conhecimento de Sansovino em Portugal.

Sansovino só por si não era capaz de desenvolver significativamente a transição para


a arte do renascimento. A difusão faz-se pontualmente e diversificadamente. A
grande excepção a acontecer nesta época (reinados de D.João II e D.Manuel) na
Europa num pais longe da Península Itálica acontece na Hungria. Húngaros estão na
fronteira com os Otomanos que os irá engolir no século XVI.

Rei da Hungria, Matias Corvino, da monarquia de S.Estevão. Capital na cidade de


Buda, hoje Budapeste. Colina no lado sul onde estava instalado do palácio real.
Matias Corvino desenvolve um capítulo de desenvolvimento do renascimento muito
ligado por via diplomática, artística e matrimonial com Itália. Programa todo feito em
termos do Renascimento. (semelhante ao reinado de D.Manuel) Desenvolvimento do
livro impresso. Contexto não teve sequencia (pela ocupação otomana). Artistas
italianos na Lombardia.

Andrea Sansovino, Baptismo de Cristo, depois

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de 1502, Baptistério de Florenca. Realiza depois do regresso a Portugal.

--Pintura--
Acervo da pintura portuguesa é residual. São escassos os objectos.

Panorama da Pintura:
Relativamente ao século XV e primeira metade, dispomos de um conhecimento
fragmentado de pintores activos em Portugal (italianos e portugueses?). São
pequenas anotações biográficas e profissionais. Havia produção pictórica mural,
retábulos de pintura sob madeira, pintura de formato
reduzido, a iluminura, tapeçaria e vitral. Nestes dois são os
pintores que fornecem os cartões e modelos. Relações
com Itália são interessantes na primeira metade do século
XV. Artistas portugueses activos na Itália central durante a
primeira metade.

Álvaro Pires de Évora, Nossa Senhora com o Menino e


Anjos, Braunschweig, Alemanha, 1434 / Nossa Senhora
com o Menino e Anjos, Igreja de Santa Croce in
Fossabanda, Pisa, 1415-1423.

No activo em Volterra, Siena e Pisa entre 1411 e 1434.


Assina algumas das suas obras, o que permite atribuições
seguras e algumas referências. Obra decorre apenas em
Itália e nada se sabe sobre o processo de formação.
Referências são italianas e góticas. Assina alguns dos
painéis em português pois o que seria de espera era
assinar em latim ou com o nome italianizado.
Ciclo da pintura gótica da Toscana e bem gótica. Tríptico
destinado a igrejas. Trabalha muito para igrejas
franciscanas (pintor da ordem?). Iconografia corrente mariana. Predileção por fundos
dourados de tradição bizantina. Recorda a pintura de Siena. Esta pintura, por ser de
um pintor mediano, fez com que várias das suas obras tivessem ingressado no
mercado artístico e algumas das suas pinturas fossem adquiridas por colecionadores
europeus e norte americanos: Polónia, Budapeste, Alemanha.

Sentido de composição muito apurado: não é perspectiva empírica mas existe o


sentido de simetria e marcação do eixo central. Recorte da base do trono. Há um
certo orgulho. Necessidade de exprimir... Obras assinadas: colocadas de uma maneira
dissimulada. Ideia de que na idade media as obras eram anónimas e que no
renascimento já o são é errada. Álvaro Pires tem um carácter de ostentação, em que
coloca a assinatura na base do trono. Assinatura num fundo claro. Combina na base

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do manto, que tem uma combinação abstracta onde mostra toda a sua maturidade.
Afirmação muito forte e que torna Álvaro Pires interessante. Mostra o intercâmbio
em que pintores portugueses poderiam fazer carreira em Itália.

João Gonçalves, O Claustro das Laranjas, Badia de Florença (estética renascentista)

Pequeno núcleo beneditino no centro de Florença. Ciclo de pintura mural com


episódios da vida S.Bento.
1. Autoria deste ciclo nunca foi muito
clara para os historiadores italianos.
Durante décadas a fio a autoria foi
atribuída ao mestre do claustro das
laranjeiras. Na década de 60', Eduardo
Borges Nunes esteve meses largos
percorrendo os arquivos de Florença
para a sua tese de doutoramento. Estava
interessado em fazer a biografia do Prior
deste convento, D.Frei Gomes. Arquivo
registava muitos nomes portugueses.
Acompanhou-se por muitos portugueses. Estavam documentadas todas as
informações para a execução desta obra: pigmentos, materiais, ajudantes... Refere-se
a "Giovanni da Gonçalvo". Trata-se uma italianização do apelido Gonçalves. Pintor
ligado ao contexto do 1º Renascimento de Florença. Este era próximo de Fra Angelico,
em determinadas coisas, como está próximo de Uccello noutras. Tratamento da
perspectiva geométrica, sentido da geometrização do espaço que é valorizado por
motivos geométricos (pano suspenso no varão horizontal). Trata-se de uma
reinvenção dos pintores ao longo da historia da arte. Antes de João Goncalves, só
Giotto tinha usado o pormenor do pano no varão. Existe na Florença da decada de 30
um pintor português que está sintonizado com a corrente do 1º Renascimento.
Sensibilidade a luz. Graduação dos brancos que convertem o objecto numa solução
pictórica. Pincelada solta e rápida.

Desenho a pena e tinta-da-china sobre papel (séc. XVII) copia de retrato da infanta
D.Isabel realizado em Portugal, entre Janeiro e Fevereiro de 1429, por Jan van Eyck.
Arquivo Nacional da Torre do Tombo.

Livros de Horas: há um contacto muito estreito que


se consubstanciou com a deslocação a Portugal de
Jan van Eyck. Embaixada de van Eyck vem a Portugal
entre 1428/1429. Funções diplomáticas e artísticas.
Enviado Portugal para tratar das tratadísticas
diplomáticas do casamento e para fazer o retracto da
futura esposa, a princesa D.Isabel. Perderam-se os
originais. Temos as cópias. Van Eyck esteve alguns

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meses. No meio da embaixada, vai a Santiago de Compostela. Presença trabalhando


na corte teve impacto no meio portugues.

Virgem com o Menino, Filipe o Bom, Carlos o Temerário e D.Isabel, c. 1445,


desenho oitocentista, Museu Nacional de Arte Nacional. Painel que se encontrava
na Batalha. Van der Wayden.

RGPT 26 de Fev
José de Figueiredo definiu convencionalmente o nome do painel:
-Painel do Infante
-Painel do Arcebispo
-Painel dos Cavaleiros
-painel da reliquia
-Painel dos pescadores
-Painel dos Frades

1925: Publicação de José Saraiva (pai de José Armando de Saraiva). Critica as


considerações tecidas por José de Figueiredo. Promove um outro modelo explicativo
onde centra atenção a Infante Santo, D.Fernando irmão de D.Henrique e D.duarte,
filho de D.João I. Promovido a Santo. Propõe uma autoria diferente. Encontra na
bota um GY e identifica Gonçalves Yanes assinalado na época de D.João I até
D.Afonso V.

Qual o sentido da pintura?


Âmbito da pintura do século XV, Flandres e Itália. Está mais próximo em certos
aspectos da pintura Flamenga e não se confunde com a pintura Italiana.
Houve uma escola de pintura portuguesa. Revela-se aqui e em mais duas ou três
obras. Sentido do realismo, esse que no Nuno Gonçalves acessível no retrato. É uma
reunião de retratos. Cada um funciona numa individualidade perfeita. Nessa imensa
galeria de retratos, verificamos que todo o espaço é ocupado pela figura humana.

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O pavimento tem grelha e está perspectiva. É a única indução espacial.


O fundo é ocupado pela figura humana.
Retrato com densidade psicológica única. Portugueses profundos.
Figuras do plano recuado estão mais proximas e as do primeiro plano estão em
maior destaque. Temos aqui toda a sociedade portuguesa representada.
Realismo transmite ao tratamento das vestes. Graduação de cores.

Documento da chancelaria: Nuno Goncalves é nominado pintor régio em 1450.


Estatuto profissional, alguém próximo da corte e figura em destaque.

1470: carta de quitação em que Goncalves aparece referenciado como pintor régio e
como cavaleiro. O que para um pintor é uma distinção de enorme valia.

Tem uma carreira ascendente.


1471: aparece a pintar umas obras na cidade de Lisboa substituindo um outro pintor.

A última referência é indirecta. Fala-se dele como já falecido num documento de


1492. A propósito de uma propriedade que tinha.

Conclui-se que temos um arco temporal de referências entre 1450 e 1499. O que é
uma situação frequente para artistas desta época como para os depois. Podemos
balizar por documentação de arquivo ou alusões nas próprias obras, um período de
tempo. Deixa em interrogação quanto ao período de formação. Em 1450 está em
plena maturidade profissional. Nada sabemos sobre a sua formação. Podendo intuir
alguma coisa mediante a consideração da sua escrita pictórica.
Proximidade aos valores da pintura flamenga. Por outro lado uma certa proximidade
à alguma pintura do sul de França, Catalunha. Renascimento Mediterrânico.

Renascimento Mediterrânico:
1. Como situar esta pintura no âmbito da pintura europeia do seculo XV?
2. Como avaliar as relações que a criação artística portuguesa estabelece com
panorama europeu? (pergunta de teste, só pode!)
3. Modo como esta pintura se relaciona com os fragmentos escassos de outras obras
suas contemporâneas e as relações também entre ela e as outras oficinas e mestres
actuantes contemporaneamente no país.
4. Qual o significado e a integração das pinturas no seu núcleo original e deque
maneira esse núcleo representada as tendências dominantes da pintura portuguesa
desse tempo.
Resposta: investigação laboratorial.

Não se pode confiar nos relatos que possam surgir pós século XV ou mesmo do
próprio século XV. Muitos relatos são posteriores com conhecimentos contaminados
pelos autores da época. Muitas descrições são já de reinados posteriores.
Passados anos, chegou-se a um impasse quanto à documentação de arquivo.

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Os documentos excepcionais que apareceram estão dentro da própria obra. Em HA a


primeira fonte é a própria obra, objecto artístico. É a partir das obras que temos um
acréscimo do conhecimento.
Análises laboratoriais vêm acrescentar uma metodologia de leitura das obras.
1. Procura das estruturas subjacentes a pintura, o 'desenho subjacente'. Para se
chegar a essas camadas mais profundas da pintura necessita-se de análises
laboratoriais. Raio-X permitem penetrar nas camadas mais fundas revelando certos
processos de execução que as oficinas realizavam e que eram diferentes.
Desvantagens: Raio X penetra até profundidade X; quando encontra chumbo, o raio x
não passa essa barreira.
Análise raio x revelou estruturas subjacentes.

2. Infravermelhos penetram mais longe e dão um conhecimento das estruturas


subjacentes mais detalhadas.

O que veio realmente revolucionar este conhecimento só ocorreu em termos mais


próximos. Era já usada em pintura francesa, belga e flamenga. Reflectografia por
infravermelhos. Esse processo consistia no levantamento de sectorial de todo o
conjunto das pinturas. E uma fotografia demorada de sectores, que eram
transportados para um monitor, permite ao fim de algum tempo reconstituir o
conjunto da imagem, penetrando muito mais do que as técnicas anteriores.

Estudos impulsionado por João Couto, antigo director do museu.

Foi com a reflectografia que pela primeira vez se revelou o desenho subjacente.
Podemos olhar os paneis como surgem e conhecer todo o processo criativo, o Nuno
Gonçalves subjacente. E um duplo dos painéis.

Catalogo, 'Nuno Goncalves Novos documentos'

Estudo do suporte pictórico


1. Sabemos que é a madeira. Questão tem a ver com o conhecimento da madeira. A
madeira permite um dado tipo de datação. Esta madeira vem do norte da europa.
Houve uma relação com o norte da europa. Hansa era uma aliança de cidades e que
comercializava produtos que eram encaminhados para Portugal. Vinha muita
madeira de qualidade especialmente aplicada na pintura. E madeira do Báltico. A
essa madeira pode ser aplicado o estudo cronológico que permite estabelecer uma
datação.
Dendrocronologia: consiste em determinar o ano do abate da árvore. Resultados
apontam o ano de abate para 1445. Depois haviam intervalos de secagem que
poderiam durar mais que uma década. Estudos dirigidos por Peter Klein.

2. Estudo dos pigmentos e dos ligantes que aglutinam os pigmentos. Da sua natureza
e constituição. Análises químicas. É um campo em marcha. Programas que se estão a

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realizar têm a ver com a Iluminura. Na pintura tem de ser feito. Preparo da superfície
da madeira. É um preparo muito fino, uma camada muito fina. (Luciano Freire)

Houve um desenho preparatório feito num suporte qualquer que esquematizava os


pormenores. Há depois o desenho sob o suporte comprometido. Acontece na pintura
mural, em madeira a tempera ou a óleo. Desenho pode ser mais esquemático ou
pormenorizado. Tem um lado convencional. Zonas a tracejado podem indicar
determinada cor. Para além de tudo isto, os arrependimentos, os ajustes e
refazimentos. Modificações que ocorrem na modificação da obra. Importância disto
pode ser de duas naturezas:
1. Alteração por razoes iconográficas a pedido do encomendante ou pessoa
responsável. Ideológicas.
2. Razão meramente estilística. Pintor introduz a modificação.

Dois Painéis: um que perdeu uma tábua e outro que se encontra inteiro. Martírio de
S.Vicente ou S.André? Cruz em aspa designa S.André. Tratamento do nu num registo
religioso. Registo cromático desprovido da vibração dos painéis centrais. Há uma
gradação de cinzentos.
Poderia fazer parte das várias fiadas que compunham o retábulo de S.Vicente.

Não temos em Portugal nenhum retábulo do século XV in loco.


Reconstituição conjectural do Retábulo por Dagoberto L.Markl

Painéis de outros santos. Configura um dado tipo de figuração próprio de Nuno


Goncalves.
Revela alterações o que nos podem indicar a presença de várias mãos.
Revela o panorama arcaizante da pintura Portuguesa do seculo XV.
Santa Joana de Aveiro.

Houve paisagismo na pintura portuguesa do século XV.

Tapeçaria portuguesa que acaba em Pastrana. Tecida na Flandres. O que conta é o


cartão dado ao artista.

Panorama de fundo e de uma pintura arcaizante, composto por mestres regionais.


Apoio em gravuras que vêm de fora.
Maestá.
Pensamento simbólico da idade media.

Chão axadrezado e fundos estilísticos floreados a ouro.

Nuno Goncalves, Pedro Flor, Colecção de Pintores Portugueses, Publico,

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10 de Marco

3. As orientações da arquitectura quinhentista e o triunfo do Renascimento na


época de D.João III. Os modelos e a cultura arquitectónica 'ao romano'

Exposição, 'O renascimento mediterrânico', 2001, apresentada em Madrid e Valencia.


Comissionariado por Mauro Natale.

Ao romano, expressão na linguagem do seculo XVI, registada na documentação de


uma forma recorrente, o vocabulário do classicismo, alude aos motivos de inspiração
clássica que fazem o seu aparecimento justamente neste período, nos alvores do
século XVI. Dai que nas fontes documentais, seja em contractos, crónicas ou outros
textos, a referência ao romano, comporte uma consciência estética da linguagem
clássica, signifique a consideração do modelo de inspiração antiga que vai fazendo a
sua aparição num contexto dominantemente gótico.
Ao tratarmos do surgimento e desenvolvimento do renascimento na arquitectura,
defrontamos, no caso do nosso país, com uma conjuntura histórica e estética muito
rica e complexa. Essa conjuntura é a da época de D.Manuel e dos inícios do período
de D.João III. É preciso que fique esclarecido os diferentes reinados e períodos dos
diferentes reis. Eles não significam compartimentos estanques. O tempo de vida e
governação é tão somente uma referência que deve estar presente.

O surgimento da nova estética insere-se na época de D.Manuel e que vai envolver os


primeiros 30 anos do século XVI. É justamente a partir de 1530 que iremos assinalar
uma viragem consistente para a arquitectura do renascimento, uma definição
totalizante e desse modo de uma nova cultura que essa arquitectura envolve.

Antes disso, a questão da arquitectura ao romano ou as alusões dos valores do


renascimento surgem em pequenos pontos mas integrados num âmbito que é em
larga medida tributário do gótico final e que não propicia a afirmação de uma
arquitectura renascentista enquanto tal. Na época de D.Manuel não existe uma
definição total e acabada de uma arquitectura renascentista.
Constitui uma especificidade da história artística portuguesa. No caso português,
prende-se com uma serie de factores invulgares.

A proposta estética de Andrea Sansovino não tem possibilidade de se afirmar. Não


existe um facto de ele ter permanecido alguns anos em Portugal, não existe por
impulso dessa presente uma viragem no sentido do renascimento. Estas viragens não
decorrem do impulso de uma pessoa singular. Tem de existir um envolvimento mais
vasto e substancial. O renascimento está muito ligado ao humanismo da cultura
literária. Os dois constituem uma frente comum sobre o pdv cultural e estético. O

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enraizamento de uma cultura humanista não se dera ainda na sociedade portuguesa.


Só virá a acontecer na época de D.João III ligada a outras circunstâncias.

Toda uma estratégia que vinha da época de D.João II tinha tido o seu sucesso com
D.Manuel com a ida para a Índia. A constituição do estado da Índia e de um império
oriental converte o rei de Portugal num dos mais importantes soberanos da europa
cristã. A atmosfera que se vive é de triunfo e prosperidade. A cidade de Lisboa é uma
das grandes cidades no tecido das relações comerciais e económicas na europa do
tempo. Desígnio imperial que a coroa de D.Manuel pretende deixar explícito.
Para além da cultura greco-romana, há uma outra cultura que decorre do
alargamento de horizontes: é a expansão do império. Prática marítima. Tem um
reflexo mesmo nos outros que não viajam. Lisboa é uma cidade exótica de objectos,
animais e artefactos. Aura exótica é sentida até pelos estrangeiros que transitam.

Presença de Sansovino não foi determinante numa viragem estética;


Na época de D.Manuel a cultura humanista ainda não tinha alcançado o volume e
expressão que só no reinado seguinte viria a adquirir.
Há todo um outro lado muito importante que decorre na prática das navegações, da
náutica e do conhecimento de todos os outros horizontes geográficos.

Tudo isto coincide com um enorme surto arquitectónico que é acompanhado por
várias intervenções urbanísticas. Essa actividade arquitectónica é em larga medida
produto de encomendas régias, impulso directo da coroa com incidência no plano
religioso dentro de todo um condicionalismo e por outro lado também, dentro de
uma expressão civil que vai a par com os modelos da arquitectura religiosa. Todo este
enorme impulso na construção passa a margem da arquitectura renascentista. Temos
o florescimento da arquitectura Manuelina. Constitui um capítulo à parte pela sua
extensão e número.
Existe uma definição estilística que corresponde à arquitectura manuelina.

O que é?
É uma expressão do gótico tardio, corresponde a um derradeira explosão magnífica e
imperial do gótico final. É ao mesmo tempo um resultado da combinação de
diferentes correntes. Uma dessas componentes que contribui e a arquitectura
mudéjar. Gosto marcadamente peninsular de inspiração islâmica, de assimilação de
modelos e padrões de enorme requinte de corte, que se transmite a arquitectura
civil e a religiosa. Ai temos uma das vertentes mais significativas desse conjunto que
constitui o manuelino.

Pdv do renascimento, o florescimento manuelino apresenta pontos significativos.


Prende-se com diferentes tópicos:
-Desenvolvimento que se verifica na época de D.Manuel no plano do urbanismo da
cidade de Lisboa. Comporta aspectos de modernidade que poderão ser vistos à luz
do renascimento, sem que nessa política tenhamos uma transposição.

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-Introdução descontinua pontual de aspectos meramente decorativos inspirados na


antiguidade clássica que se vão inscrevendo em alguns edifícios e por uma via que ira,
mais tarde, conduzir a arquitectura do renascimento.
- Arquitectura militar pela importância que esta vai revestindo. Reino poderoso tem
responsabilidades de defesa. Arquitectura militar é um sector da maior importância.

Veneza é uma potencial rival a Roma.


Contactos de D.Manuel com a Roma no renascimento são estreitos. Veja-se a
embaixada a Roma. Mostra como os canais entre Roma e Lisboa eram estreitos por
onde circulavam muitas ideias e informação, e que possibilitou todo um
desenvolvimento cultural.

Combinação entre arquitectura, urbanismo e território. Urbanismo enquanto


organização e imagem da cidade. O que visualmente reflecte. O Urbanismo está
ligado à arquitectura.

O que acontece na época Manuelina?


Muitas das reformas foram devastadas no terramoto de 1755.
Política de reforma do urbanismo e moderna e está para alem daquilo que foram as
realizações do urbanismo medieval. Grande parte dos estudos de património foi feita
por Hélder Carita.
Emerge uma distinção entre urbanismo medieval e urbanismo moderno. Esta
modernidade consiste sobretudo na definição de uma concepção de um modelo
abstracto da cidade, organizado segundo módulos geométricos que uma
racionalidade total que impõe uma uniformização dos sectores então construídos de
novo segundo um principio em que prevalece a imagem do poder régio, em que
prevalece uma expressão hegemónica da coroa. Este urbanismo liga-se a uma
concepção moderna do estado, a uma concepção estruturada e hierarquizada do
estado que impõe dados princípios por via legislativa, e que faz com que os mesmos
sejam concretizados na prática.

Envolve o desenvolvimento de várias artérias, uma delas que ligava o Rossio ao


Terreiro do paço, estabelecendo-se como um grande eixo de circulação que vinha da
idade media. Uma definição de grandes eixos. Uma legislação que obrigava que os
prédios obedecessem a princípios de proporcionalidade tendencialmente uniformes.
Temos aqui uma arquitectura de programa. Neste contexto liga-se o início do Bairro
Alto. Foi o arquitecto Hélder Carita que fez recuar, cronologicamente, a data da
concepção inicial do futuro bairro alto, que se inicia um processo de ordenamento
urbano segundo uma quadrícula geométrica numa área fora dos muros da cidade.
Está encostado à muralha ocidental da cidade. Ideia de modernidade aproximada aos
aspectos do renascimento. Adquire um sentido pós-medieval.
Racionalização programática dos espaços já abertos ou criando novos espaços
urbanísticos como é o caso do Bairro Alto.

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Aspectos que inauguram a modernidade e que estão ligados a toda uma cultura dos
descobrimentos e da prática náutica. Envolve o sentido da proporção matemática,
todo um conjunto de saberes que vão ser convergentes
com a arquitectura.
Imagem: Iluminura Manuelina do códice de D.Manuel.
Cronica de D.Afonso Henriques. Inicios do século XVI.

Fólio de um livro de Horas dito de D.Manuel do museu


de arte antiga. Este livro foi estudado por Dagoberto
Markl que provou que não poderia ter sido de D.Manuel.
Abertura de uma rua que tem sido interpretada como a
rua nova de El-Rei. Representa o funeral de D.Manuel.

Principais centros são o Paco da Ribeira…

Atrás desta legislação está António Carneiro que é o


inspirador desta legislação. Surge não como um urbanista, mas desenvolve com
empenho esta vertente da política régia.

Polimorfismo da Arquitectura Manuelina. Nestas, a possibilidade de integração de


registos decorativos de inspiração ... onde fazer o seu aparecimento.

Mosteiro dos Jerónimos


1. Campanha inicial corresponde ao projecto de Diogo Boitaca
2. Segunda campanha dirigida por João de Castilho em que se verifica um salto
monumentalizante. Esta campanha promove a mobilidade de imensos construtores.
Esta segunda campanha vai a par da introdução do renascimento consciente na
escultura. Na escultura decorativa temos o Nicolau Chantterene entre 1516 e 1517
no portal Ocidental.
Esta segunda campanha vai suscitar uma ampla difusão de elementos de sugestões
de motivos de inspiração clássica transportados por uma via essencialmente
decorativa e que foi muito marcante em Espanha, trazida pelos Biscainhos, numa
linguagem que recebeu um nome plateresco.
Plateresco: tipo de decoração que recorda a decoração dos ourives.
Modelos circulares com figuras de perfil, quimeras, signos do zodíaco. Noutros
registos de inspiração clássica.
Espacialidade genuinamente gótica. Realização da igreja salão. Sentido terminal da
fusão do espaço gótico. Formulação compósita.
Na segunda metade do século XVI recebe a capela renascentista.

João de Castilho será um dos grandes mestres do renascimento.

Claustro: a sobreposição das duas campanhas de obras e determinante. Castilho


acrescenta o balcão e tabelas com profusão de um vocabulário clássico. É o tal

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polimorfismo manuelino.

Arquitectura Militar
1. Necessidade de construir fortalezas no norte de Africa e India.
2. Vertiginosa evolução e transformação desta arquitectura. Esta porque, a própria
tecnologia bélica, ela própria está nesse processo de aceleração. Técnicos e
guerreiros são mais sábios e mais bem pagos. Evolução da artilharia. Poder do fogo
de artilharia foi crescendo e juntou-se a parte naval.

Italianos são os grandes especialistas.

A torre de Belém o processo que esta a acontecer: a velha torre de menagem e o


baluarte adaptado, baixo, poligonal com as bocas-de-fogo, a guerra e a defesa do tejo.
Configuração geométrica.
Lado palaciano exprime-se com uma loggia. Um apontamento renascentista.

Castelo de Vila Viçosa dos Duques de Bragança. Muito próximo de um desenho de


uma fortaleza de Da Vinci. Percebido por J.Bury. esta estrutura incorpora evocações
da arquitectura clássica.

Época de D.João III: Castelo de Évora Monte. c. 1530, Diogo e Francisco de Arruda.
Tributário de experiências arquitectónicas de inspiração italianizante.

12 de Marco

Desenvolvimentos da arquitectura do renascimento. Incide na época de D.João III.


Só nesta época, a arquitectura adquire toda uma expressão estruturada e articulada
em sintonia com toda uma prática de fundo.
Antes temos a explosão da arquitectura manuelina, onde o classicismo que se pode
vislumbrar por via decorativa e difuso mas ainda não estrutural como viria a ser a
partir de 1530.

Nesta trajetória há que ter em conta a inclusão de registos e aspectos presentes em


boa parte da arquitectura manuelina. Ter em consideração o capítulo da arquitectura
militar em medida que a arquitectura militar vai acompanhar o processo histórico da
arquitectura portuguesa nas suas diferentes idades. A importância é que não estando
estilisticamente comprometida com o cânone clássico, esta arquitectura militar
comporta um campo muito vasto de experiencias. Uma possibilidade muito versátil
sobretudo na definição dos volumes e planos. Experimentalismo resultante da sua
finalidade específica, do modo de fazer a guerra e tosa a tecnologia envolvente que
se relaciona com este tipo de construções. Podendo em algumas circunstâncias
influenciar os restantes domínios da arquitectura religiosa e civil. Arquitectura militar
pode influenciar pelos seus experimentalismos os outros sectores da área da
construção.

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Este facto está também associado a toda uma formulação cultural da arquitectura
que o renascimento irá consolidar. Muitos arquitectos fazem arquitectura religiosa,
civil e militar.
Os responsáveis pelos projectos são funcionários da coroa, ao serviço das ordens
religiosas e nobreza. Corresponde a uma categorização profissional.

As décadas de 30 e 40 correspondem a um produto muito rico de realizações.


Formula projectos e realizações que entram no domínio do renascimento. O
desenvolvimento destas realizações processa-se de diferentes focos e de modo
simultâneo. Em alguns casos são independentes uns dos outros. Isto contribui para
que tenhamos por vezes edifícios de caracter singular. Edifícios cuja orgânica e
estrutura constituem casos únicos no panorama global destas realizações. Ao
contrário do que sucede repetidamente ao longo da época moderna, não são
tipologias arquitectónicas que iremos encontrar embora tenhamos o problema das
tipologias mais para a frente. Não é tanto a definição das tipologias arquitectónicas
mas é em muitos casos edifícios de configuração única. Casos singulares que vão
surgir com um carácter experimentalista.

Claustro da Manga, 1530-1535, Edifício que ocupava a quadra de um claustro que


se constrói na Sta. Cruz de Coimbra. Existe documentação.
1. Este dispositivo constituía a parte central
do claustro. O claustro era maior, fechado e a
configuração inicial era muito diferente. Com
as modificações apos a extinção das ordens
religiosas 1834, os mosteiros masculinos
tiveram o seu encerramento automático.
2. Encomenda prende-se com um facto que
ocorre em 1527. Dá-se em Sta Cruz de
Coimbra uma reforma institucional. Rei
D.João III promoveu várias reformas. As
instituições têm um peso religioso e politico.
Já deste D.Manuel a coroa estava dentro dos problemas de Sta cruz (ordem dos
cónegos regrantes de S.Agostinho). Sta cruz e fundada antes de D.Afonso Henriques
se afirmar como rei de Portugal 1331. Teve sempre uma forte ligação económica,
politica, simbólica e cultural com a coroa.

Essa reforma é dirigida por Frei Brás de Barros, homem de currículo brilhante. Figura
apetrechada em termos culturais e administrativos para promover uma restruturação
do modo de funcionamento desta comunidade. Ao mesmo tempo estabelecer uma
reforma de caracter cultural. Acrescenta uma revitalização na esfera do ensino.
(Colégios que lhe estavam ligados)
Em 1527 D.João III reformula todo o funcionamento de Sta cruz. Como expressão
dessa reformulação há todo um conjunto de projectos arquitectónicos.
Sta cruz tinha uma imprensa própria.

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Desses projectos acrescentou-se um outro claustro, o Claustro da Manga,


ligeiramente maior que começa a ser construído em 1530.
Estrutura que se apresenta definido a planta centralizada, tópico das construções do
renascimento.
Estrutura em cruz grega com os quatro
braços iguais e a colocação de cinco
estruturas circulares. Uma estrutura
central - tholos - aberto com colunas
sustentando uma cúpula e quatro
estruturas circulares com uma
configuração que lembra a arquitectura
militar. Estruturas ligam-se por passagens
sob os tanques de água e por arcos
muito semelhantes a arcobotantes. Estes
quatro cubelos que se relacionam com o
templete central são assumidamente capelas. No interior tinham ret ábulos de
escultura em relevo. A temática e alusiva aos santos do deserto. Início da vida
monástica no oriente.

O que significa? Toda a formulação é totalmente erudita. Erudição de pvd religioso.


Prende-se com as directrizes da reforma de Frei Brás de barros e toda a reformulação
que estava ocorrendo em Sta cruz.
A simbólica da água combinada com as capelas isoladas está associada à referência
aos quatro rios do paraíso. Da mesma maneira que a temática das quatro capelas
assume uma relação de uma vida eremítica que se pretende introduzir com a
reforma.
Princípio de meditação e devoção.

Essa arquitectura de expressão erudita remete para um modelo de formulação


erudita do renascimento que e a estrutura centralizada e o pequeno templo.
Pequeno templete de Bramante.

Grande figura que esta por trás da parte arquitectónica e escultórica é João de Ruão.
Normando escultor e arquitecto que se radica em Coimbra por volta de 1528.
Proveniente da Rouen. Morre em 1580. Tem uma formação como artista do
renascimento. Processa-se em Franca. Incorpora os modelos do renascimento
italiano por via francesa. E um homem a margem das práticas da arquitectura e
decoração manuelina. Dá-se um encontro entro um jovem artista e as orientações
pretendidas por frei Brás de barros.
Há numa parte do renascimento português na arquitectura que se constitui, nasce e
é promovido, por artistas como Rua que assume simultaneamente as duas
habilitações profissionais.

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Dupla condição de arquitecto e escultor era frequente, nomeadamente, no


renascimento de Florença. Ruão trás essa formação. Como Chanterenne traria, mas
este é mais escultor.
Transferência da universidade de Lisboa para Coimbra a 1537, dez após a reforma do
Frei Brás de Barros. Universidade moderna segundo os padrões da universidade do
renascimento. Constitui o segundo impulso para a arquitectura renascentista.

Colégio das artes: artes do trivium. Professores são de fora. Portugueses que estavam
a leccionar no exterior voltam a Portugal.

Primeiro impulso: construção do claustro da Manga


Segundo: transferência da universidade. Rua da sofia, universitária, vão-se construir
numerosos colégios das ordens religiosas onde se instalam os estudantes e
professores ligados à universidade. É uma ideia de Frei Brás e Barros. Pensamento
esclarecido em termos de planeamento urbano e organização arquitectónica. Na alta
existem outros colégios.

Terceiro impulso: encomendas de bispos. Importante na medida em que a Se


constitui num outro pólo de grande prestigio da cidade. Existiu confronto entre Sta
Cruz e a diocese de Coimbra. Porque Sta cruz ficou isenta, desde o inicio, da
subordinação ao bispo. Sta cruz dependia apenas do papa em Roma. Rivalidades
institucionais são também artísticas.
À volta de 1530 temos o portal lateral, Porta Especiosa, encomenda do bispo D.Jorge
de Almeida. Homem que vive muito tempo, atravessa os reinados de D.João II,
D.Manuel e D.João III. Estudou em Itália, residiu na corte pontifícia. Homem
informado de gosto artístico. Converte a Sé num pólo de encomendas
importantíssimo que envolve arte gótica, mudéjar e do renascimento. Estamos no
início da década de 30.
Obra de enorme apuro erudito na concepção e na
execução.

Porta Especiosa, porque? Num dos cerimoniais há


uma evocação da virgem em que é exaltada de
forma especiosa. Porta é dedicada à virgem.
Estrutura renascentista com uma divisão em três
andares. Tratamento com decoração ao romano
que expressão triunfalista.
Modelos são inspirados na arte do renascimento.
D.Jorge serve-se dos artistas João de Ruão que se
ocupou da parte escultórica com escultura de
relevo. Tradicionalmente atribuía-se a João de Ruão
o projecto. Compromisso entre arquitectura e
escultura. Recentemente Maria de Lurdes Craveiro
levanta a possibilidade de o projecto ser de Nicolau

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de Chanterene.

Vasco Fernandes, cristo em casa de marta, c. 1535, Museu Grão Vasco, Viseu

Viseu é um caso fechado em si próprio pois da têm um desenvolvimento da


arquitectura do renascimento numa cidade de um passado medieval. Surge D. Miguel
da Silva que se comporta em Viseu como um mecenas do renascimento italiano.
Significa que o renascimento em Viseu é independente das ordens religiosas e do rei.

D. Miguel da Silva era o mais italiano de todos estes eclesiásticos. Tinha vindo a
desenvolver toda a sua carreira em Roma. Em Roma é embaixador de D.Manuel.
assume em Roma uma série de relações e amizades ao mais alto nível. Amigo pessoal
dos Médici e de Baltazar Castiglione.

É dado a D.Miguel da Silva o bispado de Viseu e trás um arquitecto italiano chamado


Frascesco Cremonese, um dos responsáveis por um dos sectores da construção de
S.Pedro de Roma.

17 de Marco

Vasco Fernandes, Cristo em Casa de Marta, c. 1535, Museu de Grão Vasco, Viseu

Ao romano supõe um modelo cultural a partir das referências da cultura humanista


essencialmente nos círculos ligados à corte. É nesses ciclo da governação que vai sair
importante reforma da universidade de Coimbra que é idealizada à luz dos conceitos
da cultura humanista que de variados outros aspectos, alguns deles relacionados
com as reformas que a coroa assume como um problema urgente a dar respostas. A
importante reforma de Santa Cruz de Coimbra onde temos uma constatação desta
ligação entre a reforma institucional e ... arquitetónicos.

Este renascimento da época de D.João III nos anos 30, 40 e 50, o que importa realçar
o seu carácter multipolar: vários pólos de criação que se definem em simultâneo e
por vezes independentes um dos outros. Desses pólos temos de contar com a cidade
de Lisboa onde o estatuto de capital e a sua relação com a corte permite entender
que assim tivesse acontecido, o foco de Coimbra que já mencionámos nas suas
formulações iniciais; o foco de Tomar que é outro dos pólos extremamente
significativo do desenvolvimento desta arquitectura do renascimento. Dentro desta
geografia diversificada, a cidade de Viseu por impulso do bispo D. Miguel da Silva,
uma das personalidades mais representativas do Renascimento; cidade de Évora por
efeito da presença frequente da corte. Évora tem um estatuto capital pela presença
continuada da corte. Évora é um importante foco de pintura e arquitectura do
Renascimento.

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Também no norte surgem alguns focos de significado. Também no sul surgem alguns
focos de menor intensidade.

Cidade de Viseu, pólo que teve uma importância apreciável e uma certa projeção
regional. Relaciona-se com o bispo de Viseu D.Miguel da Sila.
Tem um percurso biográfico interessante na medida em que se assume com um dos
grandes prelados do Renascimento influente na cidade de Roma. Formado em Paris e
Siena a nível universitário. Paris é um dos centros frequentados por grande parte dos
estudantes portugueses. Assume ainda na época de D.Manuel o estatuto de
embaixador permanente em Roma que ocupa entre 1515 e 1525. Esse estatuto é
muito elevado e prestigioso. Representa a monarquia manuelina. Nessas condições D.
Miguel da Silva tem um relacionamento ao mais alto nível que, pelo seu próprio
perfil cultural, o vai transformar num homem do renascimento à italiana.
Relaciona-se com as famílias de Roma, Médicis e Farnese entre outros; e amigo
pessoal do próximo papa. É feito bispo de Viseu. Essa circunstância permite o
desenvolvimento do pólo criativo de Viseu.

Auto retrato inserido numa das obras de Vasco Fernandes, um grande pintor de
Viseu e que na década de 30 assume uma expressão renascentista. Esta pintura
documenta cerca de 1535. Figura de primeiro plano é uma citação de uma das
gravuras de Dürer 'Alegoria da Melancolia'.

Teoria de vida de D. Miguel da Silva em Roma permitia proximidade dos grandes


círculos.

Pormenor da planta de Roma, de António Tempestra.

Nesse período como embaixador em Roma, D. Miguel da Silva esteve relacionado


com alguns projectos da presença portuguesa em Roma, são mal conhecidos.

Tentativa de D.Manuel para adquirir em Roma um palácio para habitação


permanente para os embaixadores portugueses. Projectado por Bramante. Enorme
palácio dos tribunais. Nunca foi realmente concluído. Percebe-se o alto envasamento
típico do segundo renascimento, do século XVI. Situar-se-ia não muito longe do
palácio de D. Miguel da Silva.
Mostra até que ponto o interesse por Roma existia e como se transporta depois para
a época de D.João III.

Projectos que conduzem ao desenvolvimento de pólos de criação renascentista.

Claustro da Sé de Viseu, Francesco da Cremona, 1526-32.

Ao seu serviço dispõe de um arquitecto que trás de Roma: Francesco da Cremona.


(Francisco Cremones) Profissional que estava ao activo em Roma a trabalhar no

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estaleiro da construção da basílica de S.Pedro. É um dos responsáveis por um dos


sectores das obras de S.Pedro. Não é um autor da basílica, 'apenas' foi dos
responsáveis pela empreitada de um dos pilares da construção.
Distinção entre o autor intelectual do projecto e o executor que é o empreiteiro. Tem
subordinado assim outros escultores e canteiros, mas segue o projecto que lhe é
apresentado.
1. Na tradição medieval, associada ao gótico e à cultura subjacente ao gótico, não
temos ainda o arquitecto. Temos sim o mestre-de-obras. Porque é esse mestre da
obra que é projecta, desenha que e a concebe e muitas vezes ou quase sempre, é
esse mesmo mestre que a executa. Ex. Mosteiro da Batalha, grande obra promovida
pela coroa, te um profundo significado ideológico. Exerce grande influência por todo
o país. Num edifício como a Batalha o mestre concebe e traça, a figura do
empreiteiro é também a figura do mestre. Tudo concentrado na mesma figura.
Execução onde encontramos grupos de trabalhadores que formam as campanhas
construtivas. Esses grupos tendem a circular. É dessa circulação que se divulgam os
modelos arquitectónicos.
2. Alteração consiste no seguinte: o renascimento coloca o acento tónico no aspecto
intelectual do projecto. Projecto enquanto formulação mental. Havendo uma
transposição dessa formulação mental para a execução do desenho que permite
depois a viabilidade da construção do edifício. O estatuto do criador assume um
patamar diferente daquele que a idade média tinha conhecido. Equivalente a todo
um trabalho de natureza intelectual que se distingue de trabalho manual que esta...
Emergência do criador e empreiteiro que executa aquilo que lhe é transmitido. A
partir do século XVI é fundamental.
Diogo de Castilho sendo arquitecto continuou a ser empreiteiro as suas obras. É
necessário fazer sempre a avaliação concreta sobre cada edifício e cada obra.

Noção de arquitecto: noção renascentista. Palavra é neologismo vindo do italiano


com antecedentes gregos. Neste sentido do projecto e dimensão intelectual, tem
uma noção moderna, que aparece associada a concepção artística do renascimento.

D. Miguel da Silva introduz reformas na Sé de Viseu. Fazem-se sob o signo do


renascimento trazido directamente de Roma. Exprime-se no claustro e na residência
do próprio D. Miguel da Silva no parque do Fontelo (muito muito alterado). É
independente do que estava a acontecer em Coimbra. Modelo erudito do
renascimento.
Definição da ordem arquitectónica. A clarificação das ordens na arquitectura não é
muito evidente. Sistema de proporções em relação aos outros elementos da coluna.
Os capitéis não introduzem uma definição de uma ordem arquitectónica canónica. O
que existe é como que uma especulação em volta do modelo das ordens canónicas.
Aspecto sensível da história da arquitectura.
Francesco Cremonese reflecte uma interpretação do clássico mas que não é uma
discussão inteiramente canónica. Essa definição é uma questão que virá numa fase
mais adiantada do renascimento e da definição do classicismo. É uma obra única. Um

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caso único.

Pátio: ligado a uma construção de carácter civil. Uma das cortes de Urbino.
Zona da Foz, no Porto. Bispo de Viseu tem tutela sob essas propriedades. Vai
executar um programa. É dos mais eruditos do panorama português. Mas esse grau
de erudição acabou por comprometer a construção desse edifício. Foi redescoberto
nos anos 70.
Redescoberto pelo professor Rafael Moreira. Existiam ainda vestígios da primitiva
igreja. Corpo da nave não tem cobertura e subsiste só a zona da capela-mor.

Estrutura de um edifício de três


naves, submetido a um elaborado
trabalho de proporções de
geometria que converte da
organização deste espaço.
Capela-mor poligonal.
Morfologia arquitectónica de
inspiração clássica.
A igreja de S.João da Foz. No
século XVII e após cair no
esquecimento, é engolida no
castelo que se constrói.
Janelas laterais do exterior: emolduramento vem dos modelos da Roma clássica, das
inscrições da tábua anciática que encontramos na Roma antiga e em locais onde
subsistem fragmentos importantes da época romana. Emolduramento conhecido.
Conhecimento arqueológico que só os meios restritos do humanismo poderiam
apreciar.

Capela de S.Miguel do Anjo, num farol da Foz. Surge epigrafia em latim e em grego.
Resgatado nos anos 70 quando se percebeu que ali existiu um importante capítulo da
arquitectura renascentista portuguesa.

D. Miguel da Silva incompabiliza-se com D.João III. D.Miguel da Silva foi nomeado
Cardeal pelo papa, contudo, Condição de Cardeal estava condicionada aos membros
da famílias real. Sentindo-se mal em Portugal, D.Miguel parte para Roma.
Francesco Cremonese provavelmente permaneceu em Portugal.

Convento de Cristo de Tomar. Constitui um importante centro de influência da


arquitectura do renascimento. As circunstâncias decorrem da encomenda. Ordem de
Cristo estava praticamente integrada na coroa desde o reinado de D.Manuel. Ordem
de Cristo vai ser reformulada por D.João III. Consistiu em tornar os membros da
ordem de Cristo, não cavaleiros, mas frades. Esta mudança do funcionamento da
comunidade obrigando os freires vivendo uma vida conventual, ocasionou um
projecto de ampliação das estruturas da ordem de cristo.

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O seu responsável é João de Castilho, dos mais importantes arquitectos do


renascimento. Meio-irmão de Diogo de Castilho também grande arquitecto
renascentista da zona de Coimbra.
Esta reforma acrescenta-se ao que já lá esta, uma sequência cronológica. Temos
primeiro nos séculos XII e XIII a Charola dos Templários; segunda fase de ampliação
deste núcleo dos templários, feita já pela ordem de Cristo quando o mestre da
Ordem de Cristo é o Infante D.Henrique. Acrescenta os dois claustros. Corresponde
ao gótico do século XV (cemitério e da lavagem). Terceira fase é a de D.Manuel
consiste na justaposição de um corpo de uma igreja, a antiga rotunda dos templários.
Quando se construiu a janela manuelina da sala do capítulo. Dois responsáveis: são
eles o arquitecto manuelino Diogo de Arruda (Manuelino) e outro que vem do norte
que é João de Castilho. Originários da Biscainha onde há uma grande tradição de
pedreiros. É ainda um João de Castilho gótico. Tal como Diogo, vai passar para o
renascimento.
Acrescenta-se a quarta fase, a de D.João III. Ampliação renascentista em resultado da
acção de D.João III. É chefe D....

Tomar tem ainda uma outra fase, na época de Filipe II.

Claustro de S. Bárbara, dos Filipes,


das Hospedaria, da Micha, dos
Corvos. Juntou-se uma casa do
capítulo inacabada.
Claustro principal de João de
Castilho dura 30 anos. É derrubado
e feito um novo claustro envolvendo
o do Castilho que é obra de Diogo
de Torralva.

19 de Março

Depois de ter trabalhado em Tomar em 1515 é chamado para trabalhar nos


Jerónimos.

4ª Fase: Renascentista. Esta fase é ocasionada pela reforma que se desenvolve aqui
por parte de D.João III tendo como executor um monge dos Jerónimos chamado Frei
António de Lisboa. Essa reforma faz-se em 1529. Uma parte da população na ordem
de Cristo é obrigada a fazer vida conventual. De acordo com a regra de S.Bento. Essa
modificação implica a existência de instalações adequada à finalidade prevista. A
ordem de S. Jerónimo tem de acolher uma quantidade significativa.
Nesse acrescentamento existe um investimento bastante assinalado. Dirige recursos
e interesse pessoal do próprio rei. Há um acompanhamento na definição das próprias
estruturas que está bem documentado e conhecido. Este aspecto do interesse de
D.João III corresponde a uma manifestação que se enquadra no espirito do

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renascimento. Corresponde ao modelo de interesse do renascimento. Na medida em


que a arquitectura se vai converter numa referência central da própria cultura. Vai
surgir como um dos pilares da visão do mundo e das conceções da arquitectura do
renascimento em sentido lato.

A ampliação é assegurada por João de Castilho que já tinha aqui estado no tempo de
D.Manuel e enviado para os Jerónimos. Vai regressar agora a Tomar com um projecto
de grande magnitude, de definição plenamente renascentista. Passa aqui toda uma
definição que inaugura o modelo renascentista. Isto acontece um tanto em paralelo
com a obra do seu irmão, Diogo de Castilho que está activo sobretudo em Coimbra.
Duas personagens que são chave da arquitectura do século XVI.

Sugestão do modelo de Tomar, tem sido relacionada com as estruturas da


arquitectura hospitalar do renascimento. Aquilo que prevalece é uma organização
geométrica do espaço que procura distribuir e acomodar um elevado número de
pessoas segundo um conjunto de eixos estruturais. Esse modelo genérico é
transposto para aqui com finalidade de distribuir de modo funcional e harmónico as
diferentes funções afectadas a uma comunidade desta natureza. Acomoda as celas
dos frades, dependências. O claustro principal combina as áreas de maior espaço
com as dependências. Claustro da hospedaria assim porque esta especificidade é
importante no edifício. Uma das funções dos grandes mosteiros é a da hospedagem.
Visão de obra de caridade por parte das ordens religiosas. Assim também
percecionado pelo rei e grandes senhores. Esta estrutura de acolhimento está
prevista. Questões burocráticas relacionadas com a ordem de cristo faziam ser
necessário este serviço de hospedaria.
Existe uma cisterna sobre um dos claustros. Aqui foi construído um aqueduto no
tempo de Filipe II. Abastecimento de água. Passa assim o convento a dispor de duas
formas de abastecimento: as águas conduzidas no aqueduto e às águas da chuva.

Claustro românico, gótico - manuelino - renascentista, Barroco..

Esta cronologia coincide com diferentes tipologias, desenvolvendo-se em paralelo ou


simultâneo. Refletem toda uma diversidade fórmulas criadas pelos arquitectos do
século XVI, no modo como eles manipulam o código clássico e ao mesmo tempo,
também, do modo como isso é discutido pela tratadística. Esta questão das várias
tipologias tem vindo a ser estudada.
Importância do convento de cristo de Tomar está no facto de aqui terem sido criadas
diferentes tipologias do claustro renascentista que irão servir de modelo a variadas
construções a outros pontos do país. Funciona como um paradigma de algumas
soluções arquitectónicas do século XVI. Nota: a par de Tomar, em Coimbra,
sobretudo com os claustros dos colégios universitários, teremos também a mesma
situação, isto é, vão surgir ai modelos que vão funcionar como paradigma dos
claustros quinhentistas do país inteiro. São praticamente quase todos de Diogo de
Castilho.

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Claustro de Santa Bárbara, Convento de Cristo, Tomar


Arquitectura que não vai ter continuidade. Ligação do espaço pelas colunas.

Claustro principal desaba e é reconstruido por Diogo de Torralva já na década de 50.

Claustro inicial de Castilho apresenta-se como uma magnífica composição do


renascimento. Organiza-se segundo quatro tramos que no respectivo alçado se
organiza em dois andares ambos com dois vãos. A relação entre os diversos
elementos é de profunda harmonia e proporcionalidade.

Claustro da Hospedaria, Convento de Cristo, Tomar, João de Castilho, 1541


Foi uma das soluções que teve repercussão na arquitectura quinhentista ao longo do
século XVI. Há uma certa analogia com o claustro anterior. Temos em cada tramo
duas aberturas, mas aqui há uma diferença importante: aberturas semicirculares em
baixo e aberturas rectas em cima, isto é, aberturas rematadas por um entablamento
corrido de configuração rectilinea.

Claustro da Micha, Convento de Cristo, Tomar, João de Castilho


Tem por baixo uma enorme cisterna. A mesma solução que se encontra nas
fortalezas.
Piso superior é coberto.
O claustro da Micha liga a três salas importantes, de que se vê o extremo da parece
cimeira. São salas cuja finalidade tem sido discutida, mas são salas representativas do
teor erudito renascentista. Temos uma das mais eruditas alusões aos princípios
vitruvianos que estava em circulação e que será uma das bases teóricas. Tetrastilo:
quatro colunas.
Combina a janela serliana que o Diogo de Torralva viria a aplicar. Formulações do
modelo do clássico.

Atrium da casa romana.

Claustro das Necessárias, Convento de Cristo, Tomar


Zona funcional. Essa funcionalidade exprime-se pelo carácter despojado.
Cozinhas, zonas de funcionalidade especializada. Estão ligadas ao refeitório. No andar
de baixo a zona do celeiro, adega e todas as reservas.

Refeitório, Convento de Cristo Tomar, João de Castilho, c. 1535.


Estrutura repetida nos corredores das celas: abóbada de berço dividida em caixotões.
Grelha geométrica que nada tem a ver com o gótico. Dispõe de dois púlpitos.

Corredores são os grandes eixos com respectivas celas, onde se renova esse teor
mais austero. As zonas de maior nobreza simbólica têm uma valorização
arquitectónica. Essa valorização existe aqui. Capela de grande trabalho de relevo

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escultórico.

Ermida da Conceição, Tomar,


João de Castilho, 1547
Localizada nas imediações do
convento, na montanha. Obra
de grande erudição.
1. Recorda uma série de
referências da arquitectura do
primeiro renascimento. Reflete
algumas sugestões do segundo
renascimento. Recorda também
ideias que circulavam na
tratadística e podem recordar também algumas soluções da antiguidade tardia, em
volta de Roma. Cruzamento de referências indirectas.
2. Pulo geométrico do projecto e da sua concretização. Há um elaborado
desenvolvimento de relações proporcional que define o edifício. Um geometrismo
elaborado.
3. Acrescenta-se uma ostensiva explicitação da herança clássica. Há uma
componente arqueológica, transposição dos motivos do antigo para uma construção
moderna. Verifica-se nas proporções dos elementos da fachada.
Janela perspectivada: é muito escavada e funciona como a pirâmide visual de Alberti.
Três naves divididas por colunas de uma ordem vagamente coríntia, assentes num
entablamento. Coberturas abobadadas independentes. Três capelas da cabeceira.
Projecto de Castilho c.1539-1540. Ficou suspenso porque a sua finalidade era
enigmática.
Rafael Moreira avança a possibilidade de estar ermida ter sido intervencionada por
D.João III para aqui vir a ser sepultado. Não se concretizou. Edifício funerário que
evoca a Antiguidade. Junto de Tomar que é o seu grande centro. D.João III estava na
primeira fase imbuído do espirito do humanismo. Na segunda fase, o peso da cultura
da contra reforma, vinha tornar uma estrutura paga leva ao recuou de aqui se fazer
sepultar. Deixa em suspenso este edifício. Citações de carácter funerário no interior.

Colégios de arquitectura religiosa comprometida com o carácter escolar.

26 Marco

Mosteiro da Serra do Pilar, Vila Nova de Gaia, Diogo de Castilho

Castilhos vindos da Biscaia estão muito ligados à cidade do Porto. Diogo teve
residência na cidade do Porto, porém Coimbra era o seu centro profissional.

O mosteiro é de os Cónegos regrantes de S.Agostinho, os mesmos para quem

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trabalha em Coimbra.

Tónica será o círculo.


1. Circunferência relativa a nave da igreja
2. Circunferência relativa ao claustro.

Usufrui de uma boa localização, não só da


vista que se abre, mas para quem o rio olha
em direcção à construção.
Teve algumas modificações. A estrutura
arquitectónica conserva-se. O surpreendente
é o claustro circular. Medido em termo da
integração proporcional do todo que
configura o mosteiro. Definição das ordens
arquitectónicas: jónica é a escolhida no
desenvolvimento desta colunata elegante.
Existe aqui um pormenor a ter em atenção.
Zona superior do claustro: entablamento,
arquitrave e cornija e sob tudo isso, um
rendilhado. Todo o friso que ornamenta a
zona superior e já de ma fase mais avançada, talvez dos finais do seculo XVI inicio de
XVII. Trata-se de um vocabulário maneirista que se divulga na época filipina vindo da
Flandres.
Na época filipina a ligação com a Flandres processa-se por vários canais. Não
esquecer que as relações de Portugal com a Flandres vêm da idade Media. Estreita
ligação sobretudo na época de D.Manuel I. Essa ligação continuada pela flandres
persiste. Está expresso neste maneirismo nórdico vindo de Antuérpia.

Évora
Uma das cidades mais importantes do reino de Portugal no século XVI, expressão
cultural e importância politica e social, expressa pela presença frequente da corte.
Esta vocação da cidade de Évora para acolher a corte continua durante o reinado de
D.João III.
Lisboa foi sacudida por um violento sismo na época de D.João III. Também os surtos
de peste levam à corte a permanecer fora da cidade.
Évora chegou a funcionar como capital alternativa durante este período. Pintura e
também escultura; cultura literária. Aspectos que decorrem do patrocínio régio e
encomenda eclesiástica. Ordens religiosas e sectores da nobreza. Século XVI
corresponde a um ciclo artístico, na continuação do século XVI, época de D.João II e
D.Manuel. Veja-se a construção do convento de S.Francisco ligado ao paço real. Era
um vastíssimo complexo que ligava os dois edifícios.

D.João III prossegue tudo isso num contexto em que Évora se exprime numa cultura
onde se procura engradecer as relações entre a cidade actual e o seu passado da

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antiguidade clássica. Évora enaltece a sua herança clássica, até porque a cidade
conserva muitos vestígios visíveis do seu passado romano. Portanto há um passado
arqueologicamente reconhecível. Em Coimbra também encontramos essa relação
apesar de não estar tao presente.

André de Resende era um arqueólogo, estudioso das antiguidades da época clássica,


que são minuciosamente examinadas com um espirito de rigor e objectividade que
decorre do elevado conhecimento da língua latina e conhecimento do quotidiano das
cidades da época medieval.
É na sua época que se inscrevem estudos dos vestígios da cultura romana. É vista
como uma época de referência para a cultura humanista.
André de Resende é um dos mestres de Francisco da Holanda. Filho de um
iluminador e de origem dos países baixos; trabalha na corte. Essa ligação ao André de
Resende é fundamental. Escreve um livro sobre a Évora da época romana. Chegando
a entrar em polémica com o D.Miguel, bispo de Coimbra.

Estas referências são decisivas para as várias realizações; uma delas é o aqueduto.
Tipo de equipamento arquitectónico que envolve uma engenharia ligada à hidráulica.
Tinham sido construídos no mundo romano. Regressam à actualidade na aurora da
época moderna, no renascimento. Há em Coimbra e Tomar. Mas há outro de
D.Manuel I e D.Joao III.

Francisco de Holanda propõe a D.Sebastião a construção de um aqueduto que não se


concretizou porque a edificação só viria a ter lugar com os recursos financeiros de
D.João III. Essa obra tem significado em temos europeus.

Em evocação, o aqueduto reveste o sentido de um sinal da antiguidade da cidade, da


sua ligação a uma ideia do mundo antigo da velha Évora romana e que é agora
reactualizado pelos arquitectos de D.João III. Tem uma expressão monumentalizada.

Zona de distribuição da mãe de água feita dentro da cidade com toda uma tecnologia
da distribuição de água muito eficaz e monumentalizada dentro da cidade.
Como é concebida? Não é muito grande, é toda ela vitruviana, uma interpretação do
templo tetrastilo do tempo. Ordem toscana pois e funcional, trata-se de um edifcio
utilitário destinado aos edifícios. Começa por ter um embasamento - o podium -
sobre o qual se colocam as colunas; os intercolúnios estão fechados porque há essa
função utilitária da estrutura; entablamento clássico com arquitrave. Transposição do
modelo vitruviano, a mais erudita arquitectura que só era entendida em círculos
eruditos.

Igreja e convento da Nossa Senhora da


Graça, Évora, Miguel de Arruda e Nicolau
Chanterenne, 1532-40
Possível local para D.João III se fazer

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sepultar.
Autoria é complicada, este é um dos diversos eventos de uma certa dificuldade com
que a historiografia portuguesa se tem confrontado.
Chanterenne e Ruão são os principais escultores do renascimento.
A Chanterenne está atribuída a parte escultórica do edifício, poderá ter havido uma
troca de ideias entre Miguel de Arruda (conjectura).
Só nos últimos 20, 30 anos, começou a ser conhecida. Pertence à família de
arquitectos dos Arrudas. São quase que sinonimo da arte manuelina: Diogo de
Arruda (Tomar) e Francisco de Arruda (Belém). Miguel de Arruda está por estudar e
dos contributos, decorre a convicção de que foi uma das personalidades mais
importantes da época de D.João III.

O nome de Miguel de Arruda tem sido associado a este projecto.


Claustro renascentista e a fachada.
Claustro, 1540: Esta zona pertence ao exército; é a messe dos oficiais de Évora. É um
núcleo primoroso, com afinidades com os claustros de Tomar. Cada uma das quadras
divididas em tramos, cada tramo combinando aberturas semicirculares com
aberturas rectas no andar superior. Relação proporcional de 3:2. Três aberturas em
baixo para 2 em cima.
Fachada, 1532-40; organização em dois andares. Inferior constituído por uma
colunata com entablamento; expressão perfeitamente clássica; no andar superior
uma conjugação de duas escalas diferentes. Temos uma escala mais ampla onde um
tímpano triangular coroa toda a fachada; justaposto ao plano dessa mesma fachada,
um tímpano triangular mas de escala mais reduzida assentando em duas colunas. Há
uma sobreposição de dois tímpanos de escalas diferentes. Esta sobreposição é uma
coisa que apenas encontramos na cidade de Veneza realizada por Andrea Palladio.
Patente na igreja de S.Jorge de Veneza que é mais tardia. Pensou-se a igreja da Graça
estivesse ligada a Veneza, mas esta última é tardia. Pensa-se que a igreja da Graça
seja mais antiga.

Supõe-se que este projecto seja igualmente inventivo no modo como articula os
aspectos do vocabulário clássico com uma atenção especial em relação aos aspectos
arqueológicos.
Sobreposição das ordens toscana e jónica.
A fachada incorpora elementos escultóricos: quatro figuras gigantescas que
correspondem a um discurso iconográfico de exaltação da monarquia portuguesa e
da dimensão imperial do reino português da época de D.João III. Essa exaltação
confirma-se numa inscrição que corre no friso do entablamento e que imita a
epigrafia romana.
Todos os elementos se dispõem em função da
perspectiva.

Igreja do Bom Jesus de Valverde, Évora.


Miguel de Arruda (Manuel Pires, parte

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conventual), 1544.
Pensou-se que era mais tardio e durante muito tempo o edifício foi atribuído a
Manuel Pires. Supõe-se que foi responsável pela parte conventual.
Dificilmente do exterior se adivinha o interior. Surpreende pelo traçado e organização
interna do recinto da igreja.
Edifício minúsculo. Quase como que uma arquitectura experimental. Edifício
implantado numa área muito reduzida. O espaço comprime-se até ao limite do
possível. A essa observação acrescenta-se um erudito e completo de geometria
construtiva. A relação entre os vários compartimentos deste espaço. Kubler chegou a
identificar a medida do módulo. Unidade de medida, o quadrado, serve de base a
todo o conjunto. Visto por Kubler.
Planta de cruz grega com os quatro braços iguais, relação entre duas figuras
geométricas: o octógono e o quadrado. Cada um dos elementos da cruz é definido
por um octógono e na ligação de cada um, temos quadrados que estabelecem as
zonas de passagem. Esta estrutura geométrica confere um efeito surpreendente. Por
último, em altimetria desenvolve o esquema serliano: abertura central semicircular.
Pertence à universidade. Tudo organizado segundo os planos de perspectiva. Cada
um dos tramos, perspecticamente contém os outros. Originalmente existiam três
pinturas: no altar-mor e nas capelas laterais. Pinturas de Gregório Lopes.

Paço de Salvaterra de Mago, Miguel de Arruda, 1547

Núcleo do paço de Salvaterra de Magos. Aqui o


paço foi muito alterado; a capela mantém-se.
Encontramos os elementos próprios da
gramática do renascimento: uso cada vez mas
canónico das colunas ordem toscana;

Segunda metade do reinado de D.João III, surge


outra figura que contribui com construções de
arquitectura eclesiástica e de encomenda régia: Diogo de Torralva. Há obras que são
seguramente da sua autoria e outras são atribuídas.

Ermida de Santo Amaro, Alcântara,


numa zona que era periférica. Ermida
de peregrinação. Reencontramos a
planta circular que Diogo de Torralva
ensaia. Galilé para os peregrinos que
se dirigiam à capela. Círculo
correspondente à nave; circulo da
capela-mor. Zona da galilé é bastante
ampla de tal modo que a área da galilé
é superior à área da capela, o que se
explica pela função de peregrinação.

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Grande obra de Torralva é o claustro principal de Tomar, que era do Castilho e foi
demolido. Obra chave de Torralva é das grandes obras da arquitectura europeia do
século XVI. Constitui mediante a aplicação do motivo serliano; desdobrada em
escalas diferentes. Escala mais reduzida em cima e mais ampla em baixo.
Desencontro de escala é a chave deste complexo desenho.
Planta é a construção os tramos onde o motivo serliano está patente.
Sobreposição das obras arquitectónicas.

Gravuras do tratado de Serlio

Torralva usa geometria reconhecível. Combinação: quadrados e retângulos nas obras


dele.

Em Lisboa: parte do claustro dos Jerónimos onde actua a seguir ao João de Castilho.
Claustro da Madredeus.

Quinta da Bacalhoa, Azeitão,


Diogo de Torralva, c. 1540
Edifício do final de século XV
com uma intervenção
renascentista expressiva.
Núcleos expressivos da
arquitectura da primeira
metade do século XVI.

Estrutura destinada ao
mercado e aos açougues (onde
se vendia carne) da cidade de
Beja. Esta é uma estrutura tipicamente italiana, reproduz o tipo de mercados
cobertos; equipamento urbano que a visão laica do renascimento promove.
Interpretação vitruviana. Hoje faz parte da igreja da Misericórdia de Beja. Por baixo
está um templo romano; Beja tem uma riquíssima herança patrimonial romana.

2 de Abril

Escultura do século XVI

Escultura quinhentista vista de um modo esquemático compreende três momentos:


ciclo da escultura gótica; escultura renascentista; escultura maneirista.
Há sobreposições cronológicas visíveis na transição do gótico para o renascimento,
na medida em que o gótico vindo do século XVI tende a perdurar ao longo da época
de D.Manuel e um pouco mais, a par das primeiras realizações do renascimento que
são pontuais, precisas decorrentes de encomendas de grande nível e exigência,

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saídas da coroa e depois das principais instituições religiosas e alguns sectores da


nobreza.

Envolvendo tudo isto temos a questão das importações. Muita escultura e importada:
no norte da europa - flamenga, Antuérpia, mas também de outros centros como
Malines - de onde se deslocam escultores para trabalhar em Portugal; ao mesmo
tempo da Itália onde as encomendas de terracota policromada dos Della Robbia.
Encomendas de D.Leonor para a Madredeus e de D.Manuel na sequência de
encomendas que já tinham acontecimento no seculo XV, do conde de Ourém.

O capítulo de renascimento é impulsionado pela chamada de escultures vindos de


fora que não são italianos mas franceses. O primeiro e Nicolau Chanterenne, cujo
nome é francês e é este que a documentação portuguesa chama Nicolau Cantereno.
Filipe Hodart. Estas três personalidades são determinantes para a definição das
principais vias renascentistas e depois ao longo de D.João III.

Nicolau Chanterenne, presença em Portugal desde 1516 ate a sua morte em 1551. A
primeira metade do período quinhentista. A formação constitui ainda hoje um
capítulo em aberto. Vale do Loire no noroeste de França é uma região que onde
decorre um primeiro capítulo do renascimento francês, influenciado pelos modelos
italianos com expressão francesa muito própria. Pedro Dias e ouros admitem que
Chanterenne poderá ter tido contacto com o renascimento de Lombardia. No início
da década de 1510 está a trabalhar em Santiago de Compostela. Executa a decoração
de uma serie de figuras de vulto pleno na igreja inserida no Hospital Real mandado
construir pelos reis católicos em Santiago de Compostela. Localizado ao lado da
catedral. É muito semelhante ao que vai fazer nos Jerónimos. Servida de Pedra de
Ançã. Blocos extraídos, transportados pelos Mondego, perto havia vários portos.
Terá acedido a relacionamentos com os agentes dos reis de Portugal e em Coimbra. É
captado para o principal estaleiro de obra, a par de Tomar, que e o Mosteiro dos
Jerónimos.

A carreira ira desenvolver-se em volta de obras régias e institutos religiosos e


encomendas de grande vulto. Localizando-se a sua actividade num primeiro capítulo
em Coimbra. Vai fixar-se em Coimbra até o início da década de 30. Apos esse ciclo de
Coimbra há um outro que ocorre em Sintra. Trabalha no mosteiro da Pena.
Finalmente transfere para Évora onde ao longo dos anos 30 e 40 decorre a sua
segunda fase.

Em Lisboa entre 1517-1520 ocupa-se do Portal Axial dos Jerónimos. Importante


trabalho de escultura no retábulo lateral onde estão activos nomes de pedreiro e
escultores. Sabe-se através das folhas de pagamento. Decoração platerescas. É uma
coisa de João de Castilho com numerosos ajudantes e escultores estrangeiros
ocupados com o portal. Neste momento a procura excede a oferta.
Programa sensível, envolve os retratos régios num esquema compositivo que não é

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original. As figuras dos patrocinados com respectivo santo colocadas nas ombreias do
portal e um esquema que encontramos na borgonha, na Cartuxa de Chanpmol.
Portal manuelino, dois nichos com coroamentos góticos, grupos escultóricos assentes
em mísulas e coruchéus coroando o conjunto. Alguma decoração ao antigo vai aqui
surgindo. Nas extremidades há as pilastras e sobre elas, urnas. Elementos ao romano.

Da mão de Chanterene temos três coisas:


-Retrato de D.Manuel com S.Jerónimo
-Retrato de D.Maria com S.João Baptista
-Anunciação, Adoração do Menino, Adoração dos Magos.
Depreende-se com a iconografia propria do mosteiro de Belém, exaltação da
monarquia, da figura e D.Manuel e o designo imperial da monarquia portuguesa.

Definição de retrato: particularidade de sabermos, numa passagem da crónica de


D.Manuel de Damião de Gois, que o retrato foi tirado do natural. Significa que a obra
foi executada tendo em consideração o modelo vivo. Nesta época não seria muito
credível que D.Manuel estivesse horas em pose.

Chanterenne é enviado a Coimbra para trabalhar em obras régias. Vai trabalhar no


túmulo de D.Afonso Henriques em Santa Cruz. Neste momento, época de D.Manuel,
Santa Cruz está em transição e reformulação arquitectónica pela mão de Boitaca.
Santa Cruz é um lugar de relevância simbólica porque aí estão sepultados D.Afonso
Herinques e D.Sancho primeiro.
Realização de dois túmulos monumentais para os reis fundadores.
Acrescenta outra nota de profundo significado politico, estético e cultural que só os
túmulos dos seus antepassados. O modelo é um onde o renascimento ou concepção
renascentista prevalece combinada com coisas que vêm de trás.
O lugar do túmulo de D.Afonso Henriques não é o inicial. Profusão de estatuaria
arcaizante ainda gótica onde participam vários escultores, entre eles um anónimo
designado como Mestre do Túmulo dos Reis.
Chanterenne é responsável pelos jacentes. Temos D.Afonso Henriques e D.Sancho I.
Escultura heróica, de desígnio heroico. São apresentados quase como Condotieri. É
nesse prisma heróico que são vistos uma consciência anatómica total. Estes corpos
comportam uma coerência da estrutura anatómica dirigida ao nosso olhar das
armaduras e que se transmitem ao tratamento dos rostos.
Haverá um sobressalto entre os escultores portugueses, entre eles Diogo Pires o
Moço que ira seguir as novidades de Nicolau Chanterenne.

Púlpito da Igreja de Santa Cruz, 1522


Época manuelina é muito rica em púlpitos. Este atinge uma grande
de complexidade artística que é supremo. E o mais elaborado de
todo este período com um plano iconográfico que não é simples.
Colocados os doutores da igreja. Destaque S.Jerónimo. A decoração
é renascentista num revestimento total da superfície. Uma sugestão

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do renascimento de Génova, Milão, Cartuxa de Pavia.


Exterior
Também trabalha. Intervenção de Chanterenne combinada com uma intervenção
Joao de Ruão mais tarde. Portal arranca em 1523.

Claustro de Santa Cruz


Composições em alto-relevo dos todos
das galerias do claustro. Ao fundo há
uma marcação de 4 altares que eram
aqui colocados com uma função
devocional. Os monges utilizavam o
claustro para o cerimonial que
envolvia desfiles e um culto a que
estes relevos serviam de apoio. A
pedra está muito desgastada. Estrago
deve-se ao facto de a pedra de Ança
se desfazer ao longo das décadas.
Temas: paixão de Cristo, Cristo transportando a cruz.
Arte erudita e a confirmar o facto de serem baseadas em gravuras de Albrecht Dürer.
Chegavam até nós através da feitoria de Antuérpia. Representam uma linguagem
avançada do renascimento.

Retábulo principal do Mosteiro de S.Marcos, Tentúgal.


Nicolau Chanterene, 1523
Patrocinado pela família dos Silvas que vem do XV e
atravessam o XVI desempenhando funções importantes.
Estão aqui sepultados, é o panteão.
Retábulo de Chanterene onde os patronos estão
presentes no retrato. Temos o encomendante e a sua
mulher com os santos patronos, S.Jerónimo e S.João
Baptista (?). Fazem-se retratar da mesma maneira que o
rei. Ao centro uma composição muito densa da
composição de cristo; na predela vários episódios da
vida de S.Jerónimo. Ao alto o nicho central e muito
profundo. A cobertura está dividida em caixotões. A
escultura serviu de banco de ensaio.
Abóbodas são de Diogo de Castilho ainda gótico.

Na altura em que executa estas realizações, Chanterene vê cada vez mais consolidado
o seu prestigio. É chamado novamente à corte. No final dos anos 20, encerra este
ciclo de Coimbra para vir trabalhar junto da corte em Sintra. Episódio curto de Sintra.

Retábulo da capela do mosteiro da Pena em Sintra.


Depois do final das ordens e integrada na obra do palácio da Pena.

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Chanterene usa o alabastro, muito comum na escultura inglesa.


Chanterene é um artista do renascimento, é um
cortesão. É dentro da arte portuguesa do século
XVI um artista cortesão, está próximo do rei. Não
é o pobre artista da condição medieval. Homem
de cultura e que tinha amizades com a elite do
tempo. A sua obra não é assim tao numerosa
porque trabalhava quando era necessário.

7 de abril
Ruão instala-se em Coimbra em 1528/1530.
Trabalha para condes de Menezes para
Cantanhede, trabalha a escultura arquitectónica
e retábulos. Pedra de Ançã.
Tal como Chanterene tinha uma dupla
competência profissional. A sua importância como arquitecto não pode ser
esquecida. O lado escultor prevalece à obra de arquitectura.
No início da sua radicação em Coimbra é chamado a participar em projectos
chave da conjuntura que se inicia na cidade.
-Santa Cruz
-Universidade (mais tarde)

Santa Cruz: participação como arquitecto corresponde á reforma institucional que se


estava a viver, de Frei Brás de Braga. Reformulou-se o funcionamento disciplina e
promoveu-se uma espiritualidade renovada.

Colégio das Artes: iniciativa de D.João III pensada em articulação com o processo da
transferência da universidade.
Estrutura de ensino preparatório para Universidade. Trivium: gramática, rectórica…
reformulada em termos da cultura do humanismo.
Peso de Erasmo de Roterdão (abertura de intercomunicação entre os vários pólos de
saber).
Reorganização do ensino das universidades do norte.

Colégio Trilimgue: equivalente a uma faculdade, direcionado para o estudo do latim,


grego e hebraico. Campo da filologia.

Pela Universidade Luvain passou Damião de Góis. Modelo da nova estrutura.


Na reforma de D.João III pretende instalar algo assim.
Escola tinha grande nível de exigência. Chama professores portugueses que
ensinavam fora + professores estrangeiros.

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Inovação: assumia uma tónica dominantemente laica; distingui do modelo da


universidade medieval fundada com base na escolástica. Integra estudantes não
clérigos,

Nesta altura o reino de Portugal tinha cerca de um milhão de habitantes. Contando a


rede do japão ao Brasil. Estamos a entrar no absolutismo régio.

Cresce a necessidade de pessoal qualificado: técnicos para navegação, técnicos de


construção militar, burocráticos.

Rede de pessoal eclesiástico: solicitações são enormes e modernização da


universidade impõe-se como forma de dar resposta às necessidades.
A universidade dará resposta até certo ponto. Saberes: direito; teologia; medicina
(periférica). Respondia pelo lado da administração civil e religiosa, excluindo parte
cientifica e tecnológica, dinâmica. É área de saber alimentado pela experiência das
navegações.
• Saberes científicos e tecnológicos eram administrados à margem, centradas
em Lisboa junto da corte. D.João de Castro, pedro Nunes. Não integra a
reforma da universidade. Respondiam à parte da náutica. Mais tarde
relaciona-se com arquitectura. Arquitectura + matemática. Ensino faz-se
nestas instituições.

Colégio das Artes: preparara para lado administrativo. Está assente no ensino das
línguas. Muitos dos estatutos não estão ligados à ordem religiosa. Novo!!
• Modelo arquitetónico deve reflectir o carácter das exigências da instituição.
Dar resposta às necessidades.
Ideia de instalar o Colégio das artes junto de Santa Cruz. Pois este tinha sido uma das
principais “escolas” do país. Santa Cruz anexa a si dois colégios vindos da idade
Média.
• Aproveitar estruturas já existentes para erguer o edifício. Projecto é dirigido
por professor “o principal” (assim que nos colégios de França se dirigia ao
“director”). André de Gouveia. Precisa de um colégio laico. O arquitecto é
João de Ruão acabado de chegar a Coimbra.
• Carta de André de Gouveia a rei D.João III queixando-se de João de Castilho e
Miguel de Arruda – arquitectos do rei. Estes assessoravam o rei. Queixa-se
que os planos que tinha enviado deveriam ser alterados (planos de João de
Ruão). Os arquitectos em Portugal só sabem fazer colégios para
monges/frades.
Gouveia morre no ano seguinte e é colocado para última instância.

Este capítulo é virtual porque nada existe. O colégio é entregue à companhia de


Jesus em 1555. Ocupa as instalações onde já tinha trabalhado Diogo de Castilho.

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Companhia de Jesus vai transferir até ao início do século XIX. Neste século é o caos.
Edifícios são deturpados de tal forma que o Colégio das artes deixou de ser visível.
Vários estudos foram feitos naquela área.

Nos últimos 20 anos tem-se tentado compreender o edifício no seu original. A


Europa edifícios deste já não existem. “Pátio da Inquisição”. Já existe bibliografia
com propostas de reconstituição.
Este tipo de edifícios tem pátio (conotação laica) e não claustro.
O problema é que André de Gouveia queria pátio e arquitectos só conheciam
claustro.

Percurso da carreira de João de Ruão.


• 1ª fase: 1550, renascentista. introduz todo o classicismo serene e luminosa
que recorda da escultura de Florença. Assimila por via francesa este modelo
italiano.
• 2ª fase: maneirista.

Em ambas a circunstância de ter oficina, como colaboradora e muito trabalho faz


com que alguns sejam da mão de colaborador e de se
desenvolver uma produção que copia Ruão.
Não chega a Lisboa, Porto ou Santarém.

Mais importantes. Retábulo Nossa senhora


Misericórdia, da capela da Varziela, dos Meneses que
tinham também encomendado o portal da igreja da
Atalaia.
-Harmonia e serenidade. Chegada do renascimento
erudito na composição, geometrização; tratamento
da pedra; elegância da forma, doçura de rostos. Estes
valores transmitem-se a retábulos devocionais e
escultura funerária.

Associação a João de Castilho, Túmulo de D.Luis da


Silveira, Góis. Incluir a figura ajoelhada e não em
jacente (muito raro). Capela João de Castilho. Cantoneiras: inscrevem medalhões
vazados; marcação da heráldica própria da família.

A deposição no túmulo, Santa


Cruz, 1530, João de Ruão
Brancura da pedra de Ançã, não foi
muito delapidada.
Tema é conhecido mas a fórmula
iconográfica é muito nova em
Portugal. Ruão trás esta figura e dá

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uma execução magnifica. Em Portugal é única.


Cristo deposto no túmulo; corpo está envolvido em mortalha, corpo não tem peso:
idealização total que se confirma nas atitudes das santas mulheres. Dor conformada;
serenidade que se transmite.

Geometria que se percebe. Circuito compositivo.

• Numa fase mais avançada, Ruão vai trabalhar no grande retábulo da Sé de


Guarda, 1553. Início do processo da segunda fase (maneirista). Esta
designação é duvidosa. Surge neste período um envolvimento maneirista
(Pedro Dias).
Ocupa toda a capela-mor da Sé de Guarda. Três andares mais predela com três
corpos verticais. Apoiada em seis pilares.
Em relação aos anos anteriores, há uma evolução no tratamento dos grupos
escultóricos.

Capela de Tesoureiro, destinada ao Convento


dos Dominicanos, Coimbra, Rua da Sofia.
Situava-se no lado esquerdo. Centro comercial.
Colateral direita fastfood com cobertura de João
de Ruão. Instalada no Museu de Machado
Castro.
Retábulo maneirista. Desencontro da escala
entre andar inferior e andar superior.

Obra-prima da segunda fase: Capela do


santíssimo sacramento na Sé Velha.
Encomenda do Bispo D.João Soares, 1566. Tinha
estado no Concilio de Trento. Exaltação do culto
do Santíssimo Sacramento. Imagem do Cristo
que se instala no sacrário. Tema ligado á
linguagem tridentina.
Escala grandiosa; individualidade do
tratamento. Obra marcante.

Ruão morre em 1580. Os anos subsequentes


não são famosos. Tomé Velho será talvez o
melhor discípulo. Alonga no tempo os processos de Ruão. É um continuador.
• Capela de São Teotónio. Figura do Santo num envolvimento maneirista.
• Retábulo da Misericórdia de Tentúgal. Estamos a viver nos século XVI, XVII e
XVIII as misericórdias. A presença é muito forte, sociologia da encomenda.
Manto aberto onde se alberga toda a humanidade.
Tema: a visitação (Virgem vai visitar a prima Santa Isabel).
Percebe-se o prolongamento de Ruão.

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5. A pintura e os principais centros de produção na primeira metade do seculo XVI.


Hegemonias estilísticas e padrões de gosto entre a Flandres e a Itália.

Conceito de primitivos: termos que pode induzir em confusão,

Primitivo: processo inicial da pintura que se encaminha ao renascimento no seculo


XV. Pintura que desenvolve as formulações iniciais da problemática renascentista. É
uma designação imprecisa e flutuante.
No início do seculo XX há a noção da pintura dos primitivos ligados aos seculos XIV e
XV. Primitivos franceses, da Catalunha, castelhanos...

Caso português: o termo primitivo português vai assumir uma grande projeção
pública no ano de 1940 porque nesse ano tem lugar uma importante exposição de
pintura do século XV e XVI no MNAA.
-Essa exposição integrava-se num contexto de grande significado: ano de 1940 tem
lugar em Belém a exposição do mundo português. Em que se procede as chamadas
"Grandes Comemorações nacionais": restauração portuguesa e constituição do reino
de Portugal. Processo de exaltação do estado novo. Havia condições por parte do
poder politico de promover essas cerimónias.
-Outras iniciativas entre as quais se inscreveu a exposição de pintura antiga, também
num momento em que o museu é valorizado. Bloco em frente do jardim é construído
nessa época. Não faz parte da exposição do mundo português.
-Comissário foi Reynaldo dos Santos. Bibliografia extensa. Pioneiro no tratamento de
muitos temas. Grande prática internacional. Conhecia os museus e centros de
história da arte. Presidente da Academia de Belas Artes. Perto do poder. Figura que
reuniu uma parcela de intervenção importantíssima. Além de historiador da arte era
médico e foi professor catedrático da faculdade de medicina.
-"Primitivos portugueses". 1910-1940 , trinta anos de investigação e restauro de
algumas obras que permitia fazer um primeiro balanço da pintura deste período.
Criação de um catálogo que fizesse entrar na europa o conhecimento
correspondente a pintura portuguesa. Essa importância da exposição.

Neste conceito de primitivos portugueses, Reynaldo dos Santos na introdução precisa


o âmbito cronológico da designação de primitivos portugueses. Definem um arco
cronológico de 1450-1550. Antes de 1450 e um vazio, só faz sentido começar a falara
partir de 1450 e há uma produção intensa até 1550. Noção de primitivos é a pintura
do século XV.

A exposição teve um catálogo que foi uma peça importante. 2 Edição em 1957.

Exposição "Primitivos" Portugueses 1450-1555, "O século de Nuno Gonçalves", 2010


Representou no nosso o tempo um balanço sobre a evolução da historiografia da
pintura ao logo da investigação. Dá conta das diferentes modalidades do
entendimento do problema. Não significa que olhemos este período sob esta
designação simplista.

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Renascimento e Barroco em Portugal

"Exbhition of portuguese art 800-1800", 1950, Londres, Royal Academy of Arts


Grande projeção da arte portuguesa e em particular dos painéis.

Termo primitivos continua a ser utilizado mas a operatividade esta esbatida. Procura
caracteriza de um modo mais restrito correntes estética e culturais que atravessam a
pintura do final da idade média e do início do XVI.
-Temos o gótico
-Renascimento
-E no meio temos os primitivos e mais adiante
-O maneirismo

Entre gótico e renascimento desenvolvimentos paralelos mas as rupturas não são


claras. A que os primitivos corresponde? Ambiguidade acrescida por
internacionalmente ainda alguns historiadores usarem este termo.
Como entender?
1. Vitor Serrão aborda do seculo XVI sob um designação genérica de "renascimento e
maneirismo" de um modo muito genérico.
2. Dalila Rodrigues abarca as balizas cronológicas da exposição dos primitivos,
simplesmente não individualiza sob uma denominação estética precisa. Seculo de
excepção porque se produziu muito e de forma brilhante.

Em suma:
1. entendimento de um percurso histórico na pintura que vai ao encontro da
definição renascentista que tem um a definição maneirista mas que não pode ser
caracterizado em absoluta e totalidade por estes dois conceitos. Há uma situação
renascentista e uma maneirista.
2. Termo teve utilidade histórica em 1940 e a designação nos dias de hoje é um tanto
residual. Em homenagem a uma historia da ate do passado porque a noção de
primitivos e tradicionalmente arrumada para o seculo XV e não é útil quando
avançamos para o seculo XVI.

O que acontece entre 1500 a c. 1550, época D.Manuel e D.João III.


O que sucede no domínio da pintura é avassalador. Nos anos de finais de D.João II e
da vida de Nuno Gonçalves o panorama na pintura parece não terem sido fecundos.
Há como que uma aparente diminuição das dinâmicas criativas. O grande ponto é
Nuno Gonçalves não ter deixado herdeiros/discípulos. Sabemos que actividade
pictórica continuou dirigida para pintura sob madeira. É o caudal dominante. Depois
a pintura mural - dos factores mais arcaizantes - , a que se acrescenta a pintura sob
códices - a iluminura. Terá na época de D.Manuel um grande florescimento. Podemos
associar ainda o vitral - não é um capítulo marcante - e a tapeçaria.

Importa a pintura sob madeira, pintura parietal e pintura sob códices.

1. A partir de 1500 toda esta produção vai crescer exponencialmente. Este dado deve
ser sintonizado em todos os domínios da actividade artística.

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2. Na pintura verifica-se o mesmo problema já detectado na escultura: desequilíbrio


entre a produção e a procura. Essas solicitações são correspondidas mediante a
importação - sequência de obras importadas que vão pontuar este período - e a
vinda e fixação de pintores flamengos.

3. Actividade também de artistas portugueses. A pintura não morreu em Portugal.


Eclipse deve-se a perda de muita pintura. Mas podemos dizer com segurança que
apos a morte de Nuno Gonçalves não há nenhuma personalidade dominante. A
produção portugueses tem a personalidade do pintor régio português Jorge Afonso,
que representa a continuidade da pintura portuguesa, a par dos flamengos que se
instalam cá e a par da pintura que vinha por importação para espaços religiosos.

Aquilo que se supõe ser a obra de Jorge Afonso revela na verdade um artista de
grandes possibilidades, mestre com linguagem amadurecida e capacidade de
expressão monumental apreciável mas que nada tem a ver com Nuno Gonçalves.
Entramos nas lacunas e questões.
Jorge Afonso será a geração seguinte mas nada tem a ver com Nuno Gonçalves.

Disto tudo avultam duas coisas concretas:


1. Importância da cidade de Lisboa como capital artística. Há uma hegemonia da
cidade.
2. Constituem/se a margem dela ouros pólos artísticos no campo da pintura. São por
vezes muito arcaizantes e noutros não tanto porque recebem a visita de artistas de
fora. São eles Évora, não com artistas eborenses mas com gente que tem de fora - na
escultura tinha sido o mesmo; Coimbra onde os pintores são arcaizantes, com
presença de gente de fora; Viseu com Vasco Fernandes, contemporâneo de Jorge
Afonso, começa o percurso logo após 1500.

Pintura produzida ao longo de grande parte do seculo XVI, processo em que temos a
organização da actividade concentrada no mestre da oficina com os seus ajudantes o
que significa que estas obras em regra quase sempre vão produto de várias mãos. A
mão do mestre define o teor, perfil estilístico da pintura. As diferentes sensibilidades
precisas são definidas pela mão do mestre. Há muitos colaboradores o que causa por
vezes dificuldades em matéria de autorias. Por outro lado há que perceber que
algumas encomendas associavam varias oficinas trabalhando em conjunto. Isso era
designado nos contratos do tempo como "pintura em parceria" em que se
associavam arias oficinas. Quer dizer que embora. Há aqui um processo em que
diferentes mãos se cruzam quer no interior da mesma oficina, quer em resultado do
trabalho de várias oficinas. Leva a um problema de identificação das autorias.

Retábulo da Se de Évora

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Renascimento e Barroco em Portugal

23 Abril

Pintura sobre madeira; pintura importada; realizada por mestres; pintura de


importação estrangeiros.

Modelos para a arte portuguesa


1. Flandes
2. Itália

Esses dois focos constituírem as duas grandes culturas de referência. Não são
estanques, e tem contacto entre si. Acontece que no caso português se verifica de
um modo atento:
1. Acentuação da preferência pelos modelos flamengos. Coincide com a época de
D.Manuel e também com os primeiros anos do reinado de D.João III. Ocorre um
aprofundamento do gosto flamengo. Isso é marcante na pintura e também na
escultura. "Flamengalização" do gosto da época de D.Manuel. Tanto na pintura
praticada pelos flamengos como pelos portugueses nas oficinas de Lisboa, capital
artística e principal centro de produção pictórica.
2. Deslocação para o referente Italiano ocorre no reinado de D.João III, torna-se
sensível nas décadas de 50 e 60 a par... de modo abrangente da própria história de
Portugal.
A combinação da corrente humanista com uma consciência mais profunda com os
valores ao romano, ie, da antiguidade romana. Essa combinação estimula um olhar
mais dirigido para o lado italiano sem que isto signifique o abandono das referências
flamengas. Também flandres sofre um processo de italianização.

Em suma: ocorre na pintura portuguesa na primeira metade do século XVI um


florescimento continuado e sustentado - não abranda e é sustentado porque tem
capacidade de resposta ás encomendas que são feitas.

Subjacentes a tudo isto estão circunstâncias da história portuguesa:


1. Importância do movimento da "Devotio moderna' que tem um impacto grande
para além de Portugal. Trata-se de uma atitude religiosa que valoriza a relação intima
e pessoal com Deus e com a esfera divina, desvalorizando os aspectos formais,
meramente exteriores da devoção, essa é a atitude básica subjacente que tem
origem na zona dos países baixos no século XIV com desenvolvimento no século XV
onde a arte tem uma enorme importância na medida em que há toda uma produção
de imagens. Veja-se a produção dos livros de horas. A devotio moderna comporta
uma tónica muito individualista na atitude devocional. Nessas condições a imagens
reproduzindo os passos da vida de Cristo e da Virgem serve de suporte. Esse aspecto
que se liga a textos que tiveram circulação em Portugal, e estimula algumas das
encomendas artísticas de referência no contexto manuelino.
Figura exemplar é rainha D.Leonor.

Galeria de retratos é um factor que irá estimular a produção, mais para meados da

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Renascimento e Barroco em Portugal

segunda metade do século XVI., Favorece uma conjuntura que tem na pintura um
campo de execuções são vastíssima.

Realizações são fundamentalmente pintura, podemos supor que as encomendas de


pintura resultem, até, de algum espirito de economia. Dentro de espirito de
encomenda procurava-se algo mais em conta.
Por isso os retábulos são de pintura. Temos o retábulo das Sés de Évora, Viseu,
Lamego, Funchal, Coimbra. Lisboa não necessitou de mexer na decoração da Sé.
Funcionou como um dos campos de realização muito sensíveis na época manuelina.
2. Acrescentam-se encomendas de carácter civil, são da coroa, quase tudo isso
desaparecido pela viragem do terramoto, ou talvez antes.

Palácio do Limoeiro. Conotação de prisão para pequena criminalidade. É hoje o


instituto de estudos jurídicos.

Conjunto de pintura da Sala dos Brasões do Palácio de Sintra.

Retábulo executado para a capela-mor da catedral de Évora, simplesmente essa


capela foi demolida no tempo de D.João V quando a dispensa do próprio rei se fez
uma intervenção na catedral. Em lugar construiu-se uma outra capela barroca, a
actual. Por isso o retábulo foi desmontado, os painéis conservados no Paço Episcopal.
Até á actualidade. Houve dúvidas já no século XX sobre a fisionomia do retábulo.
Intervenção de restauro que acompanhou a reformulação do museu de Évora.
Em resultado dos estudos hoje o retábulo está assim exposto.

O mesmo terá acontecido com os vários retábulos de pintura. Foram desmontados e


falta em muitos casos muitas das unidades.

Excepção é o retábulo da Sé do Funchal. Temos o retábulo tal como se apresentava


no 1º terço do século XVI. Carece de uma intervenção laboratorial.

Retábulo de Évora
-Notável
-Havia uma predela, painéis de formato rectangular mais pequenos que se
inscreviam na base da estrutura.
-Organizado em três andares sobrepostos e 4 fiadas verticais e um painel rectangular
de formato maior.
-formulação de talha dourada que preenchia a parede fundeira da capela-mor.
-Pintura de mestres flamengos. Levanta questões de autoria. A dimensão de autorias.
É um problema: determinar a autoria das obras. Sabemos que é pintura flamenga
pela própria obra cujas formas pictóricas denotam a formulação flamenga.
-eixo geográfico entre Gand e Bruges, mestre a trabalhar em 1500 e que tiveram de
se adaptar á natureza da encomenda. Pintura tem uma escala superior aos formatos
recorrentes na flandres.
-Virgem exalta em glória, o maior painel.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Exprime época de apoteose que o bispo celebra, atmosfera geral do reino de


Portugal

Intensidade cromática balançada pela quantidade de cores brancas; há uma sintonia


cromática intensa que transfigurava os interiores.

Retábulo da Igreja de Madre Deus, época da rainha D.Leonor


Ligada à Devotio Moderna. Convento é um local importante de encomenda.
Encomendam obras ao mais destacado representante da pintura de Antuérpia é
Quintino Maisys (?)
É um políptico, está no MNAA.
Tema: sete dores da Virgem. Este é o painel central

Quintino Maisys nunca esteve em Portugal mas recebeu alunos portugueses e teve
muitas obras encomendadas por D.Leonor.

Tríptico encomendado para Santa Clara a Velha

Fons Vitae, Colijn de Coter, 1518. Igreja da Misericórdia do Porto. Oficina de Bruxelas,
Bernard Van Orley? (1491-1542), 1518-1521. Discussão quanto à autoria.

São Jerónimo, Albrecht Dürer, 1521, MNAA. Conotação


com a pintura humanista. Chega a Portugal entre a
amizade de Dürer e o feitor da feitoria portuguesa na
Antuérpia.

Triptico de Sé Funchal, São Paulo e Santo André, atrib.


Joos Van Cleve, c. 1520, Museu de Arte Sacra do Funchal.
Açúcar transportado para Antuérpia. Em volta vinham
muitas pinturas que povoavam as igrejas na época e que
hoje, muitas delas, se encontram no museu

28 Abril

Encomenda régia de pintura flamenga

Quitino Maisys trabalha para Coimbra. É da sua oficina o retábulo do convento de


Santa Clara a Velha em Coimbra.

Painel da Igreja de Misericórdia do Porto

São Jerónimo, Albrecht Dürer, 1521, MNAA

Tríptico de São Pedro, São Paulo e Santa André

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Renascimento e Barroco em Portugal

"Descida da cruz", painel do retábulo da Sé de Viseu,


Vasco Fernandes e Francisco Henriques, 1501-106,
Museu Grão Vasco
Nome flamengo aportuguesado.

"Descida da cruz",
painel do retábulo de
S.Francisco de Évora,
Francisco Henriques,
1508-11, MNAA,
Lisboa

Por alusões
documentais sobre
ele, podemos perceber
que foi uma personalidade fundamental na
definição das orientações da arte manuelina.
Figura fundamental de uma obra que todavia se
estende num período curto de tempo. Morre em
1518 vítima de peste.
Havia viajado até Flandres para recrutar pintores
para aumentar a sua oficina. Cm formação
identifica a sua, que entendessem as suas
referências de trabalho. Companheiros devem
ter também perecido.
Actividade de Francisco Henriques teve ter
começado em cima de 1500. Deve estar
identificada a intervenção extensa na igreja de S. Francisco de Évora, ligada ao paço
real. Edifício integrado no âmbito da corte e por consequência nas encomendas.
Francisco Henriques e colaboradores ocupam-se da execução de um grande
retábulo. Situa-se na capela-mor.
Supõe-se que fosse composto por 16 painéis que hoje estão distribuídos pelo MNAA
(11) e Alpiarça, Casa dos Catutos (4).

Afinidade iconográfica compositiva de concepção de entendimento geral da


iconografia. Contemporâneo é o retábulo da Sé de Viseu, hoje no Museu Grão Vasco.
Apresenta dificuldades quanto a autoria porque nesse retábulo de Viseu a
intervenção de diferentes mãos. Há variados pintores muito diversificados
trabalhando em simultâneo.
No caso de Viseu podemos concluir que dessas várias mãos, muito provavelmente
participou Francisco Henriques. O início de actividade de Francisco Henriques deve
ter começado por Viseu em associação com variados outros pintores, entre os quais
o grande representante da escola de Viseu, o Vasco Fernandes.
Irregularidade diferencia da uniformidade do retábulo de S. Francisco de Évora.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Ponto revelador da aproximação das duas peças.

Encomenda de uma peça de mais uma catedral que é a de Viseu onde Francisco
Henriques faz todo o seu aparecimento; sequência do trabalho de Francisco
centrada na igreja de S.Francisco.

Évora tem dois círculos de pintura:


Pintura da Sé
Retabulo executado por este mestre radicado em Portugal na igreja associada ao
palácio real.

Painel, MNAA
Tema significativo. Painel incorporava o retábulo de 16
painéis da capela-mor de S.Francisco de Évora. Trata-se
de uma cena de martírio, o martírio dos santos
mártires de Marrocos. É um tema franciscano dai ser
escolhido para uma igreja franciscana.
História prende-se com idade média portuguesa, não é
uma história de martírio de santos divulgado
internacionalmente. Mostra que Francisco Henriques é
capa de produzir uma iconografia fora das receitas
tradicionais flamengas. Ele tem de criar uma fórmula
própria.

Em que consiste?
Grupo de 5 franciscanos que no início da ordem
franciscana partem para Marrocos para pregar e
converter essas populações. Exista da parte
Marroquina uma intransigência quanto a alternativas religiosas. São presos e
mortos. Este facto impressionou alguns sectores em Portugal. Parte dos despojos
destes mártires são recolhidos em Santa Cruz de Coimbra. Este culto é muito
centrado e Portugal, popular e seguido na zoa centro do países em Santa Cruz e culto
muito promovido pelos franciscanos. Dai a justificação de este tema aparecer na
pintura do tempo. Facto destes polípticos se estruturarem em volta de determinados
temas. Ex. Tema da infância de Cristo, da paixão de Cristo. Este políptico contempla
temas franciscanos.
Criação absoluta de Francisco Henriques pois não tem antecedentes flamengos.
Reserva para o centro da ação a decapitação do ultimo santo. Momento crucial da
acção. Acção violenta revela-se pelo recorte da espada/cimitarra que percebemos
terrivelmente afiada que vai desferir o golpe fatal. O grupo do terrível miramolim
(autoridade local que condenara os frades a mortes e assiste a morte).
Insistência do vermelho tem dimensão simbólica. Sangue pontua mancha no
primeiro plano. Temos cinzentos, tonalidades pardas.
Pequeno registo de papoila alentejana. Temos uma anotação local nesta combinação
entre realismo e simbolismo.

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Colocação de casa flamenga no fundo da composição. Isto não existe no Alentejo.


São citações subalternas.

Predela do políptico de Évora, MNAA


Exploração do reportório bem conhecido da ultima ceia
Dispositivo vem da pintura portuguesa do sec XV.
Um dos discípulos palitando os dentes com uma faca. A partir do seculo XVI circulam
os manuais de boa conduta.

30 de Abril
4. A consciência do clássico na escultura e a intervenção dos escultores franceses.
Os focos de Coimbra, Lisboa e Évora do Renascimento ao Maneirismo.
O século XVI, também na escultura, ainda inclui uma produção substancial ligada ao
gótico. Temos um capítulo gótico, que vem da época quatrocentista e perlonga pela
época de D.Manuel e depois pelo maneirismo.

Expressão falsa e perigosa pois pode induzir em erros. Períodos podem ser
individualizados mas existem simultaneidades.

O gótico do 1ºterço do século XVI é contemporâneo do ciclo renascentista.

Túmulo de D.Diogo de Azambuja (atri.)


Diogo Pires, O Moço, Convento da Nossa
Senhora dos Anjos, Montemor-o-Velho.
Diogo Pires, o Moço: distingue de um
outro que trabalha antes (pai ou tio?).
Escultor cuja carreira decorre na época de
D.Manuel.
Pequena igreja em Montemor-o-Velho.
Este túmulo instituído no interior da
capela funerária. D.Diogo de Azambuja
tem protecção na época de D.João
II/D.Manuel. Ligado à
expansão/navegações. Dirigiu um projecto
capital: a instalação da fortaleza de S.Jorge
da Mina.
É um local, fortaleza fundada pelos
portugueses, numa zona reactivamente
próxima dos focos de recolha do ouro.
Com interferência português é canalizado
para a costa.
Portugueses têm uma fonte de abastecimento fundamental. À época de D.João II.

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Renascimento e Barroco em Portugal

A carência de ouro era um problema da Europa nos finais do século XVI/final da


idade média. A Europa tinha uma grande carência de moedas de ouro. Ouro era
relativamente pouco. Quem conseguisse chegar à fonte de abastecimento tinha
meios que fortaleciam o poder económico.
S.Jorge da Mina é zona onde os portugueses tinham o exclusivo da navegação.
(1480) Era urgente instalar um interposto fortificado pois poderia ser sujeito a
ataques de inimigos. É a partir daqui que aflui ouro e a coroa portuguesa passa a ter
recursos apreciáveis de ouro. Isto altera-se muito no século XVI pois esta questão
dos metais preciosos é modificada com a descoberta do continente americano.
Aztecas e Incas detinham toneladas enormes do ouro que os europeus procuravam.
Usavam o ouro no seu quotidiano.
Peru e Bolívia também tinham imensa prata. Desempenha papel importante a partir
do século XVI. Divisa com o comércio da Ásia.

Diogo de Azambuja dirige construção da fortaleza e instalação desse interposto. Vai


acabar mais tarde quando os portugueses são desalojados pelos holandeses. S.Jorge
da Mini seria perdida para os holandeses já no século XVI.

Antes da descoberta da América, Colombo estava interessado nos conhecimentos


náuticos dos portugueses. Que não estavam ao dispor de todos. Um dos objectivos
de Colombo foi conhecer S.Jorge da Mina.

Diogo de Arruda faz-se sepultar num túmulo dentro da tradição da tumulária do


século XV, influxo originário do mosteiro da Batalha.
-Arco polilobado com florões; jacente na tampa do túmulo muito idealizado;
representação de africanos ocupando-se da extracção do ouro. Reflete a acção de
matou a vida de Diogo de Azambuja.

Escultura arquitectónica: adossada/integrada com a


arquitectura.
Tumulária: representativo no declínio da Idade
Média; imagens devocionais; pias baptismais e pais
e água benta. As primeiras têm uma expressão
maior.

Pia baptismal da autoria de Diogo Pires, O Moço;


Mosteiro de Leça do Balio, Matosinhos.
Igreja ligada aos hospitalários. Análise: na base estão
encastradas figuras fantásticas, crocodilos, Afloração
de um universo exótico que os descobrimentos
traziam.

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Anjo Heráldico, Diogo Pires, o Moço, Museu Nacional Machado


de Castro
Primeiras duas décadas do século XVI. Tipicamente manuelino;
inscreve-se na imagem da exaltação da coroa de D.Manuel. Do
desígnio imperial de que a arte manuelina desenvolve até ao
limite. Encontramos esse discurso complexo na igreja e claustro
dos Jerónimos.
-O anjo é uma das personificações deste discursos vasto que atá
para lá das artes visuais. Combina-se com texto de natureza
variada, chega a uma figura tão interessante como Gil Vicente.
-Anjo heráldico é colocado no cimo das capelas. Existem múltiplos.
Ostenta as armas de Portugal, a esfera armilar.

Escultura em Pedra Aquelas que contam em todo este Portugal


Escultura Madeira
Escultura Barro (mais minoritária)

Diogo Pires, O Velho, trabalha a escultura de Pedra. A escultura de madeira sofre um


acréscimo qualitativo graças à chegada de escultores do norte da europa: alemães,
flamengos.

Retábulo da Sé Velha de Coimbra:


encomenda de D.Jorge de Almeida da
época de D.Manuel. Tem noção dam
importância da encomenda artística. É
recorrente. D.Jorge de Almeida tanto
encomenda gótico como renascimento.
-Escultura de madeira dourada e
policromada. Pintura recente sob
policromia mais antiga. Enorme
estrutura retabular, espaço imenso
agrupando diferentes unidades
figurativas com a Assunção da Virgem;
prelada: Evangelista, Deus sumptuoso
do gótico final. Escala acima do natural.

A cor tem uma grande importância:


revestimento dourado (folha de ouro)
origina cintilação da luz, sustentada por
uma coloração adequada em que o
fundo azul e os registos vermelhos,
verdes e amarelos combinam de uma forma eficaz.

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Outra das grandes encomendas foi o de uma série de azulejos que vêm de Sevilha
para decorar o interior da Sé. Azulejo mudéjar. Revestimento foi depois levantado
no início do século XX. Restam apenas fragmentos. Na capela-mor persistem muitos
desses azulejos sob o retábulo. Tem ainda azulejos. Combinatória casual, que vai ter
grande sucesso no barroco português. Relação deslumbrante entre azulejo e talha
dourada. Surge configurada nesta experiência do gótico final.
-Predela: (aplica-se à pintura e à escultura). Evangelistas e episódios que
acrescentam sentido de narratividade a esta escultura.
-Autores: flamengos que se radicam em Portugal numa época em que os
pagamentos avolumavam: Olivier De Gand; Jean D’Ypres.
Trabalham também em Tomar. Olivier é responsável pelas esculturas de madeira
policromada da Charola de Tomar. Realizou também o cadeiral do coro do convento
de Cristo (destruído pelos franceses nas invasões napoleónicas) corresponde ao
cadeiral do Mosteiro de Alcobaça (destruído pelos mesmos).
Fernão Munhoz: Charola de Tomar. Atribui-se ele S.João com a Virgem desmaiada
nos braços (tema corrente). Provavelmente este grupo estaria destinado ao cadeiral
pois a colocação na Charola não encaixa totalmente.

Grande capacidade expressiva de expressar emoções: S.João triste e Virgem


desfalecida nos seus braços.
Este gosto gótico é preliminar ao renascimento.
Temos a arte escultórica importante. De pequenos retábulos (Antuérpia). Figura da
Virgem e ocasionalmente dos santos. Imagens de Malines.
Cidade Flamenga. Era um dos centros produtores em grandes quantidades.
Pequenas esculturas transportáveis. Produzidas para a península ibérica.
Identificam-se estilisticamente pelo tratamento do rosto: testa alta, geometrização
dos olhos, da forma do rosto, do cabelo. Destinadas também aos oratórios privados.
Ao longo dos séculos foram sendo desfiguradas.
Imagens de Malines são sempre de madeira. Podem ser repolicromadas e
embrulhadas em paramentos do século XVIII;

Virgem com o Menino e S.João


Baptista, Andrea della Robbia, Museu
Nacional de Arte Antiga, proveniência:
Conceição de Beja.
Importação de Itália. Nucleo della
Robbia. Família de várias gerações de
Florença. Em Portugal as encomendas
de D.Manuel e D.Leonor são muito
importantes. Encomendas para
Jerónimos e Madredeus. Tinham já
havido encomendas para o Conde de
Ourém, mas perderam-se.

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Esculturas de medalhões e escultura de corpo inteiro.


Dos Jerónimos vê-se um S.Jerónimo no altar do lado esquerdo. A encomenda de
D.Manuel foi sumptuosa. Também o sacrário de Madre Deus em terracota
policromada (peça della Robbia).

Capitulo do renascimento da escultura começa ainda em tempo de D.Manuel.

Portal Axial dos Jerónimos, Chanterenne (Nicolau Chantereno).

5 de Maio

Gregório Lopes

Carreira em Tomar, dispomos de arquivo que identifica a presença do artista.


Momento culminante da sua carreira.

Foi igualmente pintor régio de D.Manuel e D.João III. Trata-se de um pintor da corte,
principais oficinas de Lisboa, muito chegado as grades encomendas, uma das quais a
encomenda do tribunal da relação de Lisboa.

Há que assinalar que são os laços de parentesco que estes mestres desenvolvem
entre si. Gregório Lopes era genro que Jorge Afonso. Acrescenta relações de caracter
familiar muito comuns e que se estendem aos escultores e arquitectos. Este ponto e
relevante pois deve ser valorizado porque representa, por um lado, uma persistência
da tradição medieval, a criação de laços de parentesco entre os artistas e nalguns
casos os filhos herdarem o ofício dos pais. Há dinastias de arquitectos desde os
Arrudas e depois os Lopes. Laços familiares podem implicar a continuidade do ofício
dentro da mesma família e implicam o casamento de um jovem discípulo com a filha
do mestre. Confere coesão familiar que perdura. Sistema corporativo medieval.
Introduz nos artistas uma mentalidade de corporação bastante marcada. Panorama
começa a modificar-se no contexto humanista do seculo XVI.

Regime das parcerias


Consistia na articulação definida por contrato entre dois ou mais pintores na
concretização de um projecto ou de um programa. Este facto explica o caracter
colectivo que a pintura reveste e a presença de várias mãos

Gregório Lopes encontra-se no centro desta constelação e por este facto participou
em várias parcerias, algumas documentais e outras em que percebemos que tem
colaboradores.
Parceria dos Mestres de Ferreirim: associação de 3 importantes pintores na execução
de um serie de retábulos para a igreja do convento de Ferreirim, um pequeno
convento na zona de Lamego. Nessa parceria temos um documento da parceria e
simultaneamente a parte substancial das pinturas.
Estes mestres de Ferreirim são Cristóvão de Figueiredo, Gregório Lopes e Garcia

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Renascimento e Barroco em Portugal

Fernandes. Samos que estes pintores integraram essa parceria mas discriminar o que
cada um fez, é complicado!

Gregório Lopes como personalidade central ente os diferentes titulares das oficinas
de Lisboa e com uma obra de grande repercussão para diferentes pontos do país.

Gregório Lopes, "Fuga para o Egipto" ou


Retábulo do Paraiso, MNAA
Autoria não tem qualquer suporte
documental. Apenas por atribuição às
características estilísticas.
Iconografia mariana com o tema da fuga
para o Egipto. Todo um gosto flamengo que
percorre a pintura portuguesa e que se
transmite às soluções formais. A virgem com
o menino num burrinho, José, certos
detalhes decorativos que vêm dos apócrifos.
Menino e Maria seguram um cestinho de
vime o que corresponde ao quotidiano
português. Articulação de diferentes planos
onde surgem rochedos, casario, fortaleza,
céu luminoso. Há uma explanação lírica de
algo que está para além da história sagrada.
Rosto com detalhe estilístico que é o
tratamento dos olhos volumosos.

Retábulos incluíam predelas de formato


retângulo alongado. Tipo destes anos
20/30. Predelas pertencem a Gregório
Lopes, dão-nos uma fórmula corrente.
Varias santas aparecem com os
respectivos atributos. Relação pictórica
entre as figuras e o fundo. Importância
das arquitecturas equivale a marcação do
recorte das figuras no campo pictórico.

"Adoração dos Magos" durante muito


tempo estava identificada como mestre
de São Bento. Grande confusão de
atribuição! Vieram do mosteiro de S.
Bento em Lisboa.
Construção do Mosteiro São Bento é
posterior à pintura!! Estava lá depositada
depois da extinção das ordens religiosas.
Provem da igreja do convento de

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Renascimento e Barroco em Portugal

S.Francisco em Lisboa. Pintura estava na capela do Salvador. Corresponde hoje à


Faculdade de Belas Artes, Governo Civil, Policia e Museu do Chiado.
Gregório Lopes associado a Jorge Leal, citado da documentação como parceiro de
Gregório Lopes. Nada mais se sabe. É impossível saber mais sobre esse pintor.
-Pintura sumptuária. Tema de conotação aristocrática, muito frequentemente
decorre das encomendas da coroa e neste caso acrescenta um pormenor que é as
figuras do fundo serem retratos. Não sabemos de quem. Mas revela como o retrato
de encomendas é integrado na representação sacra, toda ela de altíssimo apuro pelo
gosto dos pormenores da indumentárias, adereços, ourivesarias.

Mago vem do persa Magus que significa que tem uma conotação de sacerdote,
alguém que lida com saberes avançados. É toda uma cristianização mítica que se
combinou com a cidade de Colonia e que pela sua simbólica das oferendas ao
menino - ouro, incenso e mirra.

Há uma transladação dos referendos flamengos que não desaparece mas que segue
o passo ao referendo italiano. Motivo ao romano, motivo ao antigo. Exprime-se de
modo sensível em Tomar onde sabemos que Gregório Lopes estes e intervém a
segunda metade da década de 30:
Na execução de uma serie de paneis para a charola do convento de cristo
Núcleo que executa para a Charola e num retábulo hoje desmontado na Igreja de
João Baptista.

Martírio de S. Sebastião: museu de arte antiga.


Ocupa o eixo central da composição, geometria própria do classicismo. Esse eixo
combina-se com duas figuras de cada lado. Princípio de correspondência simétricas
dos aldoses que estão alvejando S. Sebastião. Arma é uma besta cuja pontaria é
surpreendente. Besteiro parece que esta a apontar para o archeiro.
Edifício circular parece inclinado. Há figuras em planos carregando as armas.
O Santo está rodeado dos carrascos que o iam cravando de setas.
Cenário urbano: casario que se abre numa praça.
Em suma estes dados tornam esta pintura um tanto estranha por estes aparentes
desacertos, por uma irracionalidade na construção compositiva. Esse facto levou a
que uma parte da historiografia portuguesa, da década de 60, procurasse ver aqui os

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primeiros sintomas do maneirismo (Jorge Pais da Silva)


Esta visão crítica sofreu uma atualização pelo professor Joaquim Caetano. Entende
que estas deformações têm de levar em linha de conta, o facto de hoje no museu
estarmos a olhar esta pintura de um ponto de vista errada. Não foram feitas para
serem vistas de frente mas sim de lado. Visão lateralizada.
Nota: quando olhamos para a pintura do seculo XV e XVI vemos ao nível do nosso
olhar coisas que foram pensadas para serem colocadas no alto. Velho principio.
Considerações de natureza óptica.

Segundo núcleo: Igreja de S. João Baptista de Tomar, fundamentalmente Manuelina


mas que já existia séculos antes.
Formato vertical possibilita o adensamento ...
Anotações do pescoço gorando. Todas as figuras sumptuosamente vestidas.
Novamente a importância dos fundos. Criação do universo visual.
Dois terços correspondem ao tema e o terço superior é introduzido pelo efeito
pictórico das alabardas. Marcações rectilintas funcionam como uma distancia do
espectador. Revela construção palaciana num portal com toda a gramatica própria do
renascimento. Temos uma galeria que é um terraço sustentado por colunas clássicas.
Exprime uma visão palaciana de grande aparato soberbo do paço da ribeira.

Uma fase da vida de Gregório Lopes


Ocupa-se de um grande retábulo da igreja de Santos o Novo, hoje MNAA. É uma obra
onde vamos deparando com uma enfatização dos elementos anteriores. Um dos
aspetos reside na cor, já deformada. Há marcações de amarelo que são muito
próprios dele. Soldado encadeado pela ressurreição de Cristo. Figura derrotada pela
luz. OS amarelos combinados com a intensidade dos vermelhos contrastam com os
tons escuros. Pontua na entrada do sepulcro. Sepulcro de construção clássica.
Significa uma noção do renascimento. Historia crista inserida no tempo. Na
antiguidade romana ocorre a história sagrada.

Museu de Évora, 1544


Final de Gregório Lopes revela um certo cansaço ou esgotamento das formas. Pintura
originárias do Bom Jesus de Valverde (estrutura circular)
Resulta daqui um certo esgotamento como que um encerra de uma obra fulgurante e
influente. Houve muitos imitadores de Gregório Lopes.

Mestre do "inferno"
Líder do inferno é um índio
brasileiro. Chave iconológica
são os textos da época.
Trabalhos de Dagoberto Markl,
mas também Gil Vicente. É
mina de informação das classes
sociais do seculo XVI. Envolto
de crítica social. Tem uma

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Renascimento e Barroco em Portugal

explicitação das alegorias do universo religioso. No centro do caldeirão estão os


frades.
O nú já seria impossível depois da década de 1530.
Avarento engole moedas de ouro, fogareiro.
Tem ligações com o Bosch e com a pintura flamenga.
Formas compósitas, horrificas de pesadelo. Grotesco tem uma marcação cromática.

Retábulo de Santa Auta. Relíquias de Santa Auta e das onze mil virgens.

Sugestões de Gregório Lopes, de Figueiredo.


Painel de fundo com as virgens martirizadas.
Esta composição era rectangular.
D. Fernando II promoveu e financiou o restauro do retábulo na Alemanha. Fizeram
um enquadramento renascentista com dois medalhões de figuras de perfil. Quadro
foi alvo de acrescentos no seculo XVI que passam despercebidos.
O portal do convento Madredeus foi refeio apos terramoto. Claustro do Torralva nas
vésperas de Tomar.

Frontispício do Livro do Armeiro-Mor, João du Cros, 1509, Arquivo Nacional da


Torre do Tombo
A Genealogia do Infante D. Fernando de Portugal, António de Holanda e Simão

7 de Maio

6. A arquitetura chã e o classicismo no tempo de D. Sebastião e Filipe I. A


importância e a repercussão da arquitectura militar.

1. Assistindo a continuidade do capítulo renascentista com o prosseguimento da


utilização do código clássico...
2. A emergência de uma outra expressão arquitectónica designada como estilo chão
e que se combina com a vertente clássica. Aspecto constitui uma especificidade

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Renascimento e Barroco em Portugal

portuguesa que configura uma dimensão nacional... situação da corrente da


arquitectura chã passa para no seculo XVII e vai perdurar no período filipino.

Claustro principal do convento de Cristo em Tomar projectado por Diogo Torralva e


iniciado após a morte de D.João III.

Período de menoridade regido por D.Catarina avó de S. Sebastião.

Exprimir a complexidade máxima em termos de erudição e estrutural da arquitectura


renascentista portuguesa.
Ponderação dos modelos divulgados e discutidos pela tratadística da arquitectura.
Diogo de Torralva aplica os princípios do tratado de Serlio de firma criativa.

O modo como o claustro principal do convento de Cristo tem sido encarado pela
historiografia tem perplexidades.
- Nos anos 60 surgiu uma revisão criativa encabeça pelo historiador Jorge papais da
Silva, da FLUN. Intervenção foi importante na medida em que procurou introduzir o
conceito de maneirismo no panorama da arte do seculo XVI e particular na
arquitectura. Antes era um conceito sem grande acolhimento até ao momento. Teve
circulação na década de 20 e a 30 nomeadamente na pintura. Anos 60 o maneirismo
é alargado à arquitectura.
Determinadas obras de Diogo de Torralva são vistas como expressão do maneirismo.
Na gênese desta abordagem estava a valorização de determinados aspectos
evidentes, de natureza conflitual ou de natureza entendida como anticlássica.
Simultânea da de de escalas diferenciadas. Estruturas contrapostas a vãos de
reduzida expressão. Um desencontro inusitado de escalas de natureza diferente.
Estes e outros aspectos representariam uma atitude de questiona cão das normas
clássicas que deveriam ser remetidas para no ciclo de definição maneirista e não
renascentista. Esse foi o entendimento da historiografia nos anos 60.

No entanto e praticamente a seguir nos trabalhos de Pais da Silva, surge um outro


contributo da historiografia da arquitectura dos seculo XVI e XVII de George Kubler.
Especializou no estudo da arquitectura ibérica, estende à arquitectura portuguesa.
Em 74 publica um trabalho metodologicamente revolucionário para o entendimento
da arquitectura dos seculos XVI e XVII. "Portugueses plain arquitecture between
spacies and diamonds." arquitectura portuguesa chã (coisa simples, despojada)
Plain=chã, sentido de adjectivo. Adjectivo para aplicar à especificidade da
arquitectura portuguesa. Terminologia que vem do séc. XVI. Neste seculo era mais
corrente a utilização de 'chão' com sentido de adjectivo, sentido de coisa simples,
pouco elaborada, sóbria,

1521: é a baliza de prosperidade que Portugal conhece_______ 1707 ( inicio reinado


D. João V)
Estabelece as duas balizas que significam duas épocas de riqueza e duas épocas que
Kubler faz coincidir com dois modelos arquitectónico de grande aparato. Época de

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Renascimento e Barroco em Portugal

D.Manuel estaria reflectida na arquitectura manuelina e D.João V estaria reflectido


no barroco.
Nesta curva tem um sentido depressivo que coincidiria com um modelo
arquitectónico onde prevalece uma nota austera, uma feição e um gosto de marcada
sobriedade que define como tendência chã.

Importância metodológica muito grande medida em que os pressupostos


metodológicos de Kubler são distintos da generalidade que tinha tratado este tema.
Tema integra numa corrente neo-formalista na histórica da arte: atenta às estruturas
formais da arquitectura, combina essa abordagem formalista com toda a conjuntura
envolvente que sustenta que integra as sequências formais e estilística da
arquitectura em estudo. Nesta visão neo-formalista, Kubler prescinde da
conceptualização tradicional consagrando a generalidade da historiografia em que
temos a sequência de Renascimento, Maneirismo, Barroco, Rococó. Sequência
avaliada para o processo europeu, isso não significa que num espaço mais distrito
essa sequência seja válida. A metodologia esta especialmente preocupada em usar
utensílios que permitam entender a concreta área de estudo a que aprofunda.

Avançar com um estudo do conceito de protótipo e série. Protótipos são cabeças de


serie que suscitam replicas que de multiplicam. Estas séries são múltiplas. É esta
gralha de análise que se vai aplicar ao estudo da arquitectura portuguesa,
individualizando protótipos e sequências, edifico que constituírem família que se
prolongam ao lingo do XVI e XVII.
O que individualiza é a tendência chã que caracteriza a arquitectura chã. É individual,
não tem nada de ponto de vista nacionalista.

- Nesse percurso de dois seculos, dessa arquitectura chã que se compreende em


função deste circulo deprimido da economia portuguesa, no pluralismo que a
constitui, constituem-se referências culturais diversificadas.
Incorporação dos códigos do classicismo. Comporta e se transmite por via da
tratadística, mas por via de referências como o caso dos modelos do maneirismo
flamengo, sobretudo de Antuérpia que em certo momento vão incidir na
arquitectura portuguesa e se combinam com o restante, criando uma multiplicidade
de situações.

Denominador é a arquitectura chã


Numerador: varias tendências que se somam.
Class+PAL+man.
-----------------
Arq chã

Rompeu com uma visão mais rotineira que vingava na historiografia vigente.

O seu livro foi traduzido tardiamente. Veio alterar o modo de ver as coisas,

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Renascimento e Barroco em Portugal

Situação actual
1. Ideias de Kubler embora valorizadas foram alteradas por novos contributos. Teoria
que permanecem em parte validas mas que têm sido modificadas em alguns
aspectos.
2. Ao contributo de Kubler vieram juntar-se linhas de pesquisa entre as quais
consistiu na consideração da arquitectura militar em todo este contexto.
Kubler não trata especialmente a arquitectura militar. Os principais contributos foi a
valorização da arquitectura militar e o entendimento que esse domínio implicou na
definição dessa arquitectura chã. Neste há que assinalar o contributo do professor
Rafael Moreira. Representando momento pós-Kubler. Com ele passamos a entender
que a arquitectura militar funcionou como facto estrutural em vários aspectos desta
arquitectura.

O maneirismo como período estilístico foi banido do vocabulário crítico de uma parte
substancial dos historiadores da arquitectura. Usando amplamente renascimento ou
classicismo para classificar esta sequência com base nas normas clássicas ao lingo do
seculo XVI. Por conseguinte temos essa tendência muito clara nos trabalhos dos
professor Rafael Moreira. Vol II 'arte em Portugal', círculo de leitores. O capítulo
sobre arquitectura do seculo XVI o autor evita o termo maneirismo. Como depois
para a época dos filipes, Miguel Saromeiro (?) evita o termo maneirismo

O que esta a acontecer e se tornara mais evidente na segunda metade do seculo XVI
é a importância da escolarização da arquitectura e transmissão do ensino em esfera
reduzidas de muito ligadas ao poder em à coroa. Nesta sequência a primeira obra.
Aceitar é o tratado de Vitrúvio. Cópia de Vitrúvio trazida para Portugal em 1488.
Vitrúvio foi conhecido durante a idade média. Simplesmente é segmentado. O texto
completo dos 10 livros tinha-se perdido.

Importância: texto vai ser encontrado na sua totalidade, humanistas estão


empenhados em percorrer as bibliotecas dos antigos mosteiros. Descoberto da
biblioteca do mosteiro Da sangalho. Maior dimensão porque entretanto é inventada
a empresa. O texto de Vitrúvio vai ser impresso em livro. Estas edições tinham uma
limitação. O tratado na antiguidade clássica era ilustrado. Essas ilustrações
perderam-se. Aquilo que persistiu foi copiar linha a linha, folio a fólio os dez livros,
deixando a imagem. O tratado do Vitrúvio não tem imagem. Básico para entender
que cujo o texto do Vitrúvio não é acompanhado de imagem, houve ao longo destes
seculos propostas de ilustrações que vários arquitectos foram introduzindo no texto
de Vitrúvio. Texto aparece em latim e ha a tradução para as línguas nacionais. Dessas
edições.
'De architectura livro decce', Marcus Vitruvius Pólio, Como (no. Itália),1521,
traduzido, comentado e ilustrado por Cesare Cesariano.
Por circular em Portugal colocou a possibilidade da tradução para português. Edução
de 1541 deve-se a um matemático Pedro Nunes. Não foi publicada em livro, circulou
manuscrita mas não foi aplicada em livro. Perdeu-se.
Vitrúvio passará a ser fonte da esfera científica para arquitectos.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Segundo texto importante é "medidas del romano" dialogo em que se divulgam


muitas das Ideias de Vitrúvio. Autoria de Diogo del sagredo, Toledo, 1526. Foram
depois editadas em Lisboa em 1541.

Leon Baptista Alberti, "DE Aediticatoria". 1512 de Paris. Muito circulou. Sabendo que
houve uma tradução portuguesa deste tratado. Perdeu-se. Foi realizado por André de
Resende.

Tratado de arquitectura de Serlio, livro III e IV.

Livro IV expõe a teoria das ordens arquitetónicas e determinante. O que melhor


define o classicismo no seculo XVI é a consciência das ordens arquitetónicas.
Combina imagem que prevalece sobre o texto. É dos textos teóricos que mais
influência teve na arte portuguesa nos seculos XVI, XVII e XVIII.

Tratado de Francisco Vialpando, traduz para castelhano o tratado de Serlio.

Segunda metade do seculo XVI junta-se:


Tratado de Pietro Cataneo
Tratado de Vignola, das cinco ordens arquitetónicas.

14 Maio

Vertente classicista estruturada na vertente italianizante. António Rodrigues esteve


em Itália.

Capela das Onze Mil Virgens, António Rodrigues, Alcácer do Sal


Professor Rafael Moreira procurou individualizar a obra de António Rodrigues.
Concentra-se na área de Lisboa, a sul. Nela se evidencia esta capela, das Onze Mil
Virgens anexa ao Convento de Santo António, Alcácer do Sal.
Capela combina-se com a estrutura pré-existente da igreja.
Encomendante: Embaixador D.Pedro de Mascarenhas. Pelas suas ligações com a
Itália, o recorte clássico erudito e tratadística da construção, esta de acordo com o
seu encomendante. Ligação entre capela e corpo da igreja se faz mediante estrutura
serliana. Toda a organização deste espaço decorre de módulos geométricos bem
definidos e de uma criteriosa organização dos modelos componentes.

Igreja Santa Maria da Graça de Setúbal, hoje Sé, é também atribuída a António
Rodrigues, como a igreja matriz S.Pedro de Palmela.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Capela mor do
Mosteiro dos
Jerónimos
Sequência de
diferentes blocos é
reveladora do trajecto
desta arquitectura.
1. Fase manuelina com
campanha inicial de
Diogo Boitaca e a
segunda que
monumentaliza o
edifício pela mão de
João de Castilho.
Junta-se um terceiro
capítulo que consiste
na intervenção de Diogo de Torralva que termina o claustro e trabalha no coro alto.
Quarto momento da responsabilidade do arquitecto Jerónimo de Ruão, quem traça a
capela-mor.

Filho de João de Ruão. Nasceu em Coimbra. Faz a carreira na corte e enfileira nesta
corrente de arquitectos de topo ligados à tratadística. Abertos a uma sensibilidade
despojada própria da arquitectura chã.

Capela-mor: decorre na época de D. Sebastião. Existia inicialmente uma capela-mor


bem mas modesta. A intenção de D. Manuel se fazer sepultar em campa rasa, com
as suas esposas e respectivos infantes, modificou-se com a construção da
capela-mor.

A transferência de Tomar para os Jerónimos resulta de uma arrumação ideológica


em termos da contra reforma já dominante nesta segunda metade do século XVI por
parte do poder real.

Assim temos uma estrutura com uma volumetria muito superior à que lá estava e
com um traçado completamente. Esse classicismo é todo ele tratadístico. Temos a
sobreposição das ordens arquitectónicas. Estrutura constituída por dois tramos
rectangulares e uma abside semicircular. A particularidade é que esta faz parte da
própria arquitectura. Estrutura arquitectónica com sobreposição das ordens e
dividido em 2 andares, define o formato do retábulo. Sacrário foi já colocado após a
Restauração.
Nos dois tramos temos a abertura de arcossólios onde são colocados os túmulos dos
reis. Em cima temos aberturas amplas que promovem a entrada abundante de luz.
Janelas são perspectivadas, isto é, são escavadas que introduzem uma orientação
perspectiva. Implicações na distribuição da luz.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Material é mármore.
Dispositivo é inovador.

Exterior tem um tratamento totalmente diferente. O arranjo deste sector contrasta


com a carga ornamental do sector manuelino. Sucede que estamos perante a outra
vertente da arquitectura deste período, a que Kubler chama "arquitectura chã".
Forma de paralelepípedo muito evidenciada na sua limpidez estrutural para a qual
contribui a ausência de ornamentação. Paredes lisas com volumes lisos, aberturas
são formas geométricas puras, desprovidas de ornamentação. Potencia o
tratamento da zona superior com uma balaustrada antecedida de uma cornija ... ao
cimo dois volumes cilíndricos lembra guaritas da arquitectura militar. Neste contexto
serve apenas para se coroar o remate da escadaria.
Há em tomar em cada um os 4 ângulos do claustro uma escadaria helicoidal que
desemboca nos terraços.
Aberturas da fachada servem de luz as escadas de acesso às guaritas.

Concluindo: do lado da corrente classicista da tratadística surgem encomendas


sumptuárias ligadas à corte em que arquitecto como Jerónimo de Ruão combinam
esse aspecto erudita da arquitectura com o despojamento da arquitectura. e que
neste caso surge associado.
Acrescenta-se o aditamento que Jerónimo de Ruão faz às capelas do transepto.
Reverse a sequência de aberturas de arcossólios destinados a receber os infantes.
Estrutura clássica com aditamentos bem seculo XVI avançado. Esta estrutura servirá
de modelo a realizações funerárias mais avançadas no tempo.

Segunda grande realização de Jerónimo de


Ruão é Igreja da Luz de Carnide, 1575, Lisboa
Este local tinha uma pré-existência medieval.
Na parte da cripta da igreja existia uma fonte
milagrosa. No seculo XVI esse local teve o
patrocínio de infanta D.Maria, filha de
D.Manuel. Uma das mulheres mais cultas do
seu tempo. Personagem com enorme
património que tornou complicado o seu
casamento. Contactos diplomáticos para o
casamento de D. Maria acabou com o não
casamento da infanta. Institui como lugar de
sepultura esta igreja que patrocina e é
finalizada já depois da sua morte. Disposições
testamentais foram rigorosamente respeitadas.
A igreja caiu parcialmente com o terramoto.
Igreja para todos os efeitos começa a partir do
transepto. Há afinidades evidentes com o
mosteiro dos Jerónimos. Interior segue um traçado semelhante.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Existência de um
retro-coro.
Passagem de um
lado e outro do altar
dá passagem ao coro
instalado atrás da
capela-mor. Kubler
viu uma alusão às
igrejas de Palladio.
Não é certo, mas é
possível que essas
influencias se
tenham feito sentir.

Arquitectura chã
com despojamento formal vai-se estruturando a partir do período de menoridade de
S. Sebastião e vai organizar-se por diferentes vias que se cruzam entre si. Uma delas
é a dos projectos das três catedrais melhoradas em Portugal: Catedral de
Portalegre, Catedral de Miranda do Douro, Catedral de Leiria.
Há a necessidade de restruturar a organiza da igreja portuguesa. A diocese de
Miranda é instituída bem no norte, Leiria no centro e Portalegre no Alto-Alentejo.
Catedral de Leiria é financiada pelos cónegos regrantes de Coimbra.

Projectos de Miguel de Arruda, muito ligado à génese da Arquitectura Chã. Também


a figura de Diogo Alves.

Catedrais são edifícios de 3 naves, amplos, despojados onde se verifica uma


persistência do abóbodamento embora tratado de outra maneira.

Miranda: fachada
tem expressão
monumental com a
particularidade o
portal. Pórtico
colado à fachada.
Coisa de influência
espanhola. Miranda
do Douro é muito
próxima de
Valladolid. No altar
mor temos um
retábulo de ....
Nesta estrutura as
naves estão à
mesma altura. Modelo da igreja-salão.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Catedral de Leiria: sentido compacto do edifício.


Portais já são pós terramoto. Mantem-se a
estrutura. Leiria foi saqueada pelos exércitos de
Napoleão. Estrutura despojada. Kubler
identificou aqui cálculos proporcionais.
Nesta estrutura as naves estão à mesma altura.
Modelo da igreja-salão.

Catedral de Portalegre: três naves e uma série de


capelas laterais que acabam por funcionar como
naves laterais escondidas. Nesta estrutura as
naves estão à mesma altura. Modelo da
igreja-salão.

Este aspecto das catedrais espelha-se em outras


igrejas, em especial no Alto Alentejo. São
projectos de Miguel de Arruda. São igrejas salão de planta quadrangular ou
rectangular.

Igreja de Santa Maria de


Estremoz
Planta quadrangular. Fachada
ficou incompleta. É muito
despojada. Valores da
sobriedade da arquitetura chã.
Despojamento ornamental. Este
é o modelo das igrejas de planta
quadrangular. Junta-se a esta
tipologia Monsaraz e Olivença.

Igreja da Misericórdia de
Santarém
Igreja Salão, naves à mesma altura. Modelo feito
efectivamente por Miguel de Arruda através de
documentação.

Arquitectura Militar
Década de 40 do seculo XVI. Tecnologia de ponta foi o
projecto de Mazagão. Na sequência disso há toda uma
onda de novas fortificações.

Aspecto sensível é a defesa da costa e das ilhas com


particular significado na capital. Lisboa passa a ser
sensível aos ataques por mar.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Fundamental é a relação entre arquitectura militar e arquitectura civil.

S. Julião da Barra, Oeiras


Teve estrutura defensiva.
Consagra princípios de
ponta. Água é um pólo
decisivo. As cisternas são
muito cuidadas e
protegidas bem fundo. A
estrutura pode facilmente
ser transposta para uma
igreja de 3 naves com
despojamento. Esta
tecnologia vem da
arquitectura romana com
um traço da arquitectura de Bizâncio. Cisterna de Bizâncio, Istambul aproveita
templos.

Forte do Buzio: Santo Lourenço da Cabeça Seca. É


já uma expressão filipina, vem de uma das
principais fortalezas de Roma do seculo XVI, dos
Sangallos, que é o Mausoléu de Adriano.
São Salvador da Baía tem um forte igual bem com
S. Luís do Maranhão.

Igreja do Espirito Santo, Évora


Arquitectura chã. Cruzaram Afonso Alves e
outros. Não é salão porque é nave única. Capelas
laterais intercomunicantes. Capela-mor pouco
profunda.

Igrejas da Companhia de Jesus em associação à


arte chã comungando a austeridade da arte da contrarreforma. Grandes modelos da
arquitectura da companha contribuem para esta arquitectura chã: igreja Santo
Espirito, Igreja de São Roque e Edifício da universidade.

Igreja São Roque.


Fachada foi com Filipe II e após o terramoto
É muito mais animado porque ao longo do seculo XVII e XVIII foi sendo preenchido
por arte barroca. Tem essa definição inicial despojada ainda que algum sinal um
tanto palaciano na composição dos alçados: pilastras. Mas o que domina é aspecto
pratica característico da arquitectura chã. Espaço deveria proporcionar com contacto
com a liturgia.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Igreja de Santo Antão, Évora, Pç do Giraldo


Uma das maiores igrejas do Alentejo.
Planeada por Afonso Alves o mesmo
de S.Roque. Temos os valores próprios
da arquitectura chã. Aconteceu uma
coisa sintomática: contexto da
contrarreforma não anula a cultura
clássica, apenas reduz a cultura
clássica aos seus limites toleráveis.
Existia naquele local um arco do
triunfo romano, no tempo do Cardeal
D.Henrique, para não interferir da
fachada da igreja. Apagaram o sinal
paganizante numa altura em que se valorizava o
clássico.
três naves, igreja salão, planta rectangular, enormes
colunas recordam o espaço da cisterna. Feição
robusta despojada sóbria.

Baedeker

19 Maio

Igrejas da Companhia de Jesus em Portugal, Ilhas e Território Colonial


Lança-se o modelo a partir destas duas igrejas: Igreja do Espirito Santo, Évora, S.
Roque Lisboa, S. Paulo de Braga

Arquitectura na segunda metade do seculo XVI

Afonso Alvares

Grandes despojamento estrutural que reflete uma simplicidade absoluta em termos


de volumetria. Espirito Santo de Évora apercebe o formato paralelepipédico que
constitui o volume da igreja.
Sobriedade absoluta e tratamento das superfícies bem como ausência de carga
decorativa. Valorização da parede rebocada e lisa, enquadrada pelas pilastras na
extremidade do corpo do edifício.
Geometrização total das aberturas reduzidas de grande despojamento estrutural.
Isso é evidente com o modo como a parede é tratada. Por último, alheamento da
gramatica clássica. Ordens arquitectónicas, componente vitruviana é posta de lado.
Integração da gramática clássica é dispensada.
Espaço rectangular com capelas intercomunicantes.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Cobertura com abóboda de berço.


Particularidade da galile
Sacristia coloca-se por detrás da igreja. Esta colocação vai ser bastante corrente no
seculo XVII.

São Roque, Lisboa

Fachada despojada. Existe uma alusão de


tipo clássico. Tratamento do desenho desta
fachada não se reporta às minudências
eruditas dos modelos vitruvianos.
Representação sóbria e despojada.

As igrejas da companhia de Jesus em


Portugal irão repetir sempre o esquema das
3 portas com a central mais elevada e as
laterais mais baixas.
São Roque tem este modelo com uma
cobertura de madeira lisa.
Interior: define pela unificação absoluta do
espaço, único rectangular com as capelas laterais intercomunicantes. Princípios
básicos da organização dos espaços da arquitetura religiosa em Portugal no XVII.
Cinco capelas. Caracterizam-se por serem pouco profundas, são pouco mais que
altares (visível na planta). Irá evoluir numa combinação interessante com o modelo
da capela-mor dos jerônimos. É
um modelo de capela-mor
profunda que se irá integrar nas
igrejas da companhia de jesus.

Colocação das sacristias.

Arquitectura chã embora em São


Roque, a sobriedade se combine
com alguma exuberância
monumental. Espaço rectangular
mas o tratamento das paredes,
alçados constituídos por dois altares (arcadas das igreja se varandas que constituíam
ligação com os colégios).
Privilegia a funcionalidade. É uma arquitectura atenta às funcionalidades a que
atende.
1. Possibilidade de um modo confortável à assembleia na sala poder acompanhar a
liturgia que se desenvolve no altar.
2. Marcação dos púlpitos também a converter estes interiores em auditórios onde a
palavra e sermão (fundamental no barroco da contra reforma) pudesse ser
facilmente captado. Ao serem colocados no cetro da sala, permitem ver e ouvir.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Em Lisboa o colégio da companhia de Jesus era o Colégio de Santo Antão. Dos


maiores edifícios de Lisboa filipina e dos mais importantes edifícios. Hoje está muito
alterado, é onde funciona o Hospital e S.José. Foi construído na sequência destes
edifícios. O seu projecto é da autoria de um sobrinho de Afonso Alvares que se
chama Baltazar Alvares (anotar!!! grande figura do final do XVI e inicio XVII)
Edifício composto pela igreja e pelo colégio Antão. Estrutura está lá inserida no
hospital de São José.
Edifício ficou devoluto quando na época de D.José os jesuítas são expulsos de
Portugal. Os edifícios são edifícios que estavam devolutos. Em Coimbra a igreja
colégio foi convertida em Catedral. Em Lisboa, é colocado apos o Terramoto o
Hospital de Lisboa. Transferiu-se o Hospital de Todos os Santos para S.José. A igreja
foi sobretudo afectada. A fachada só foi demolida no século XIX. A parte de trás
persiste e a sacristia ficou intacta e hoje é visitada. A sacristia é já do XVII adiantado.

Companhia de Jesus tinha um processo de circulação de professores pela europa nos


diferentes colégios. Alguns iam para o Brasil pois lá é possível fazer determinadas
observações astronómicas.

Arquitectura dos colégios está muito ligada à matemática. Domínio da matemática


engloba a própria arquitectura. Estudo conhecidos como "Estudos sobre a esfera".
Em Santo Antão funcionava a aula da esfera. Estudos matemáticos e astronómicos.
Coisas aliciantes.

Arquitectura chã tem desenvolvimento no Alentejo.

Temos igrejas de 3 naves rectangulares ou igrejas quadradas. As rectangulares são as


mais numerosas.

Igreja de Santo Antão, Évora


Igreja paroquial. Igreja de três naves. Cabeceira é pouco profunda. Naves à mesma
altura com colunas robustas mais adequadas a um edifício militar.

Francisco de Holanda, "Da Fábrica que falece à Cidade de Lisboa", 1571


Proposto por Francisco de Holanda ao Rei D. Sebastião. São contidas ideias do
próprio Francisco de Holanda. Historiadores supõem que Francisco de Holanda teria
desenvolvido programas de intervenções para a cidade de Lisboa e para o rei D. João
III. Depois do reinado de D.João III Holanda foi afastado. Tenta no período de D.
Sebastião reconquistar um estatuto. Então reatualiza uma serie de ideias sobre a
cidade de Lisboa. "A Fabrica" (construção) "que falece" (de que carece) "a Cidade de
Lisboa": As construções de que carece a cidade de Lisboa. 1571, neste momento
Camões esta a editar os Lusíadas.

Holanda tinha competências ao nível da arquitectura militar. Faz espionagem em


Itália. Coloca em prática essas competências adquiridas em Itália.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Carência de um palácio real de grandes dimensões. Propõe a colocação junto do


Convento de Madredeus. Um magnífico palácio à italiana, enorme embasamento,
pátio central e vários edifícios. O palácio dispunha o eixo maior paralelo ao rio.
Embasamento com estrutura circular. Rio Tejo era um das grandes vias da cidade de
Lisboa, explorando toda uma fachada até Belém. Por último, na encosta que sobre
suavemente, propunha a construção de um parque. Remete para o capítulo dos
jardins como grande tônica na Itália Maneirista.

Propõe a construção de uma estrutura de forma pagã. É defensável porque se trata


da construção da Capela do Santíssimo Sacramento. Forma circular da forma da
hóstia.
Fixar esta letra caligrafada pois pode acontecer um dia, num acaso, encontrar um
documento inédito de Francisco de Holanda.

O período dos últimos 20 anos do seculo XVI é enquadrado pela união das duas
coroas portuguesa e espanhola. Ascende ao trono de Portugal Filipe II. Herdou-o de
D. Sebastião. Há toda uma controvérsia politica e jurídica quanto. Os anos a seguir à
batalha de Alcácer Quibir procurou adquiriu ...

(pormenor do torreão filipino, painel azulejar com vista do Terreiro do Paço, inícios
do seculo XVIII, Museu da Cidade, Lisboa)

Juan de Herrera acompanha Filipe II e está muito activo em Lisboa. Filipe II é um


apaixonado por arquitectura. É um monarca conhecedor da importância da
arquitectura, tanto por gosto como por estudo. Reflete-se em Lisboa porque esse
gosto faz com que Filipe II estude a arquitectura portuguesa. Visita as grandes
edificações.

Era filho de D.Isabel de Portugal, filha de D.Manuel e irmã de D.João III. A morte da
mãe foi o primeiro trauma de Filipe. Impressionou vivamente toda a corte. O
casamento de estado transformou-se em tórrida e verdadeira paixão. Filipe II foi
casado com Maria Tudor. Foi rei-consorte de Inglaterra. Tem uma ligação muito
estreita com as filhas a quem escreve cartas descrevendo o que vê. O poder de Filipe
II era uma coisa temível. Política concretiza-se em 2 realizações que rematam o
seculo XVI:
1. Acrescento/valorização do palácio da ribeira. Acrescente o torreão oeste que já
não existe. Vai repercutir-se na arquitectura exterior. Juan de Herrera terá tido aqui
uma participação. Filipe Terzi.
Ou seja, nesta época filipina temos Terzi, B. Alvares e Juan de Herrera arquitecto do
Escorial. Tem-se discutido muito o autor deste projecto. Mas é uma estrutura que se
tornou marcante. Tem uma base de arquitectura militar. Salas de grande aparato.
Haveria uma biblioteca e um grande salão. Durou até ao terramoto.
(Terreiro do Paço, Francisco Zuzarte, primeira metade do seculo XVIII, Museu da
Cidade, Lisboa).

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Renascimento e Barroco em Portugal

21 Maio

Seculo XVII e XVIII não sai no teste!!

Ver catálogo da exposição "Encomenda Prodigiosa"


"Ciclo filipino"
Nuno Senos, Tese de Mestrado, AD 1391/A (UNLFCSH) - 59086

Há que registar duas realizações


1. Torreão oeste no Terreiro do Paço
2. Igreja de S.Vicente de Fora.

A localização da Patriarcal corresponde ao hoje Pátio da Galé.

Autoria do Torreão Filipino.


Termos a figura de F. Terzi e Juan
de Herrera, cujo papel de principal
arquitecto ao serviço de Filipe II.
F. Terzio inicia a sua carreira em
época de D. Sebastião. É mais
ligado à esfera militar mas tinha
competência apesar do maior peso
da parte militar. É contrato por
essa via. Acompanha D.Sebastião
na batalha de Alcácer Quibir,
sobrevive, é feito prisioneiro
resgatado. Filipe Tercio foi dos
primeiros a ser resgatado. A
carreira prossegue com
naturalidade.
No passado, na bibliografia de há
décadas, Terzi aparece como a personalidade dominante no cenário da arquitetura
portuguesa.

Podemos concluir que na realidade se criou uma estrutura que marcou a época e
que veio a ter consequências futuras. Podemos observar a construção a desta
estrutura teve em consideração certos antecedentes da arquitectura portuguesa.
Intenção de Filipe II em insinuar um processo de continuidade. Prende-se com raízes
portuguesas: memória da estrutura fortificada. Dispositivo fortificado é retomado.
Também a volumetria recorda a tradição da arquitectura medieval portuguesa,
sobretudo as torres de menagem. Disposição de dois pisos nobres rematados com
frontões semicirculares.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Realização religiosa

Mosteiro de São Vicente


de Fora, Lisboa
Pertence aos cónegos
regrantes de Santo
Agostinho, os mesmos de
Coimbra. O primeiro
edifício foi construído logo
apos a conquista de Lisboa
em 1147. No lugar são
sepultados alguns dos
cruzados que deram apoio.

Edifício romano foi fora da


muralha. É um dos grandes polos da Lisboa medieval e também da ligação à
fundação da nacionalidade, da conquista de Lisboa e sua incorporação no reino de
Portugal. É com isto que Filipe II vai lidar, acrescentando-se o sinal na nova dinastia
por ele representada. Existe um compromisso entre a tradição anterior portuguesa e
a da nova monarquia.

Mosteiro de tradição Filipina. Sinal visível no panorama da cidade. Confere


monumentalidade que acrescenta elemento à silhueta da cidade.
Há uma inserção num espaço rectangular dividido em dois sectores, o da igreja
bastante alongado e o sector monástico com dois claustros e uma sacristia ao meio.
Tudo isto inscrito num rectângulo. A igreja tem um traçado que importa memorizar.
É referência para a arquitectura portuguesa que vem a seguir. Nave comprida com
naves laterais intercomunicantes.
Transepto inscrito e uma capela-mor muito alongada que comporta o rectrocorpo
que aqui também acontece.

Interior: felizmente
conservou-se não
obstante o terramoto
de 1755. Deitou abaixo
a cúpula com zimbório.
Nunca foi reconstruida.
Este modelo é
importante não só das
realizações da época de
Filipe II como vai ser
referência nas épocas
subsequentes.
Autoria envolvida em
alguma perplexidade porque tradicionalmente na bibliografia mais antiga,

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Renascimento e Barroco em Portugal

encontramos o nome de F. Terzi. A essa autoria ,em certo momento, com os


trabalhos de Aires de Carvalho, começou a assinalar-se o nome de J. Herrera. Há
aqui certos aspectos que podem fazer lembrar Herrera, embora este traçado se
afaste de outras obras de Herrera (importante!!).
Veio a acrescenta-se um terceiro nome que começamos a perceber, há certa de
15-20 anos, que é a grande personalidade da arquitectura portuguesa no contexto
filipino. Baltazar Álvares, sobrinho de Afonso Álvares, personalidade dominante da
arquitectura da vertente do estilo chão, tanto pelo lado das fortificações como pelo
lado das igrejas.

Baltazar Alvares provavelmente deve ter sido o autor do projecto sem excluir ideias
dos outros arquitectos.
Esta arquitectura é uma arquitectura marcadamente clássica. Alvares corresponde à
vertente do classicismo que decorre a par da arquitectura chã. Essa cultura
classicista de Alvares foi confirmada em Itália onde permaneceu alguns anos, onde
deve ter contactado com a arquitectura de Roma, Milão e Génova, como também a
parte da tratadística. É o representante de um conhecimento mais aprofundado da
tratadística no panorama português do seu tempo. Produto total e absoluto da
tratadística.

Alessi é um arquitecto marcante do final do seculo XVI em Itália, trabalha no centro


norte de Itália.

Genericamente percebemos que estados diante de um modelo da Contra-Reforma.


Veja-se a cornija muito projectada (próprio de Alvares), traçado da abóboda de
berço dividida em caixotões, (típico de Alvares) que prossegue na capela-mor e
capelas laterais.

Fachada: profundamente Italiana. Filipe II pretende essa monumentalidade. Galilé na


entrada e janelas coroadas por frontões triangulares ou semicirculares. Corrente
clássica de inspiração clássica de um programa invulgar que Alvares interpreta em
associação...

Filipe II e Herrera estudam e valorizam a arquitectura portuguesa.

Concluindo: a obra lança-se em 1582, a marcha da construção vai projectar-se para o


seculo XVII. A conclusão da igreja ocorre em 1629. A parte restante do complexo
ocorre ao longo do seculo XVII. Só termina na época de D.Pedro II. O que faz de
S.Vicente um dos estaleiros mais influentes do sec XVII.

Arquitectura do XVII vai combinar-se ...

Igreja dos Jesuítas de Coimbra é também de Baltazar Álvares. Bem como o Convento
de Santo Antão, hoje Hospital de S.José.

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Renascimento e Barroco em Portugal

As vertentes classicista e chã vão combinar-se no séc XVII.

7. A pintura da "Maniera", a arte áulica e as orientações tridentinas.


Personalidades, formulários e realizações.

Cronologicamente esta "pintura do renascimento" ocupa os anos finais do reinado


de D.João III, D. Sebastião e os reinados dos Filipes II e III.

Pintura comprometida com as questões religiosas. O Concilio de Trent ao legitimar o


uso da imagem contribui para o florescer a produção de pintura católica.
Temos também a vertente da pintura maneirista da arte de corte. Em Portugal
comprometida por a partir de 1580 a corte ser espanhola e residente em Madrid até
1640.

O surgimento do maneirismo da arte portuguesa, os seus estudos são recentes. Este


capítulo até há 40 anos marginalizado e esquecido, é hoje mais bem conhecido.
Entende-se então a partir de meados do seculo XVI e ocorre em estreita ligação com
a aproximação que a cultura e actividade portuguesa vinha desenvolvendo em
relação ao modelo italiano.
Lembremo-nos que apos a pintura flamengas há uma aproximação à cultura italiana.
Prossegue durante a menoridade de D. Sebastião e os reinados dos Filipe III.
Acrescentam-se sugestões do modelo flamengo pois este nunca desaparece do
gosto português.

A aproximação à arte e cultura italiana envolve aspectos de natureza cultura num


âmbito ... Vinculados à cultura humanista. No centro dessa problematização temos
Francisco de Holanda que deve ser relacionado com o desenvolvimento do
maneirismo na pintura. E um dos representantes da ligação entre as duas culturas,
que reformula também em termos teóricos em termos Europeus.
Figura com um pé no renascimento e outro no maneirismo.
1. Discute a arte e a criação artística em termos conceptuais naquilo que essa
discussão dignificava no âmbito da arte europeia e problematização da grande
cultura do humanismo. Integra-se no debate próprio do humanismo. Nessa
componente neo platónica.
2. A obra envolve a procura de uma intervenção na situação portuguesa, na proposta
da integração do gosto que atualiza a cultura artística portuguesa.

Holanda é filho de uma especialista em iluminura holandês chamado António de


Holanda. Nasce em Lisboa em 1517/18 o que significa que é um representante da
época de Luís de Camões. Têm ambos idêntica importância, em domínios distintos.
Por ter nascido filho de um artista de corte, desenvolve toda a sua carreira na corte.
É expressão da vivência na corte e a bibliografia está condicionada por essas
vivências.
Começa por ingressar no ciclo no Infante de D.Fernandes e após a morte deste passa
para o ciclo do infante D.Afonso e Infante D. Luís, ambos irmãos de D.João III. Estes

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cargos altos são acompanhados pela revelação de uma forte vocação para o
desenho, seguramente influenciado pelo pai, e acompanhado por uma cultura
humanista avançado e interesse pelos vestígios arqueológicos que começavam a ser
descobertos e estudados.

Na cidade de Évora onde a corte de instala, estão presentes artistas flamengos e


alguns humanistas que marcam este período, entre eles André de Resende.
Deste ambiente de Évora, Francisco de Holanda adquire uma cultura de base do
humanismo e cultura artística impregnada pelo gosto clássico e antigo.
Holanda tem a oportunidade de fazer a viagem a Itália, decorre de 1538-40.
Contacta com as figuras marcantes da Roma deste período, em especial Miguel
Ângelo e em especial do círculo da Duquesa de Persacra e outros artistas.
Supostamente teve contacto com o próprio Serlio.

Importante: Contacto com o círculo de Miguel Ângelo e dos humanistas da corrente


neoplatónica ao qual se acrescentava Vasari. São estes elementos que ele vai redigir
numa obra escrita e desenhada, iniciada em Itália e de imediato prosseguida em
Portugal aquando do seu regresso.

Essa obra nunca foi publicada. Confina aos manuscritos que deixou, códices de
grande luxo, sem que isso tenha conhecido grande circulação.

"Livro das antigualhas" é sobretudo um caderno de viagem. Importância do aspecto


gráfico. Frontispício é já finalizado depois da morte de D.João III.

Esta na gênese de uma ambiência artística com a qua se prende a prática do


maneirismo.

Em Roma reproduz o Apolo de Belvedere das coleções do palácio de Belvedere.


Pequenos apontamentos da antiguidade clássica. Exemplo de tanque que aproveita
a estrutura de um sarcófago.

"Tecto da Sala Dourada da Domus Aurea". Desenhos beneficiam da notável


capacidade da iluminura, muito diferente do pai.

Alguns dos locais da antiguidade eram procurados para serem estudados, mas
muitos também se perderam. Ligação aos estilos pompeianos. Algumas das coisas
que já desapareceram, estão registadas pelo Holanda.

"Retrato de Miguel Ângelo", Francisco de Holanda,


Antigualhas d'Itália, c. 1540, Biblioteca de S. Lourenço de El
Escorial, Madrid.
Por esta época Miguel Ângelo estava ocupado com o "Juizo
Final". A fidelidade do retrato foi muito contestada.

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"Retrato de Vittoria Collona", Miguel Angelo, British Museum

Igreja de San Silvestre al Quirinale

Carta de Francisco de Holanda a Miguel Ângelo.

26 Maio

Edição de Francisco de Holanda, na bibliografia da cadeira.


Agrega estudos de Vitrúvio e de outros teóricos. Inserido na corrente que olha a
problemática artística numa perspectiva neoplatônica, que combina com um
profundo empenho e entusiasmo no estudo dos códigos do classicismo por via ti
tratado de Vitrúvio. Dai Miguel Ângelo funcionar para Francisco de Holanda, tal
como Rafael de Urbino.
"A tabua dos famosos pintores modernos a que chamam águias", pintores elencados
numa sequência cuja ordenação é extremamente significativa da valorização a que
atribui a cada uma destas figuras. Junta a tabua dos iluminadores e escultores de
mármore. Pintura surge na sua visão como equivalente à... Artística. Termos
pictóricos em busca de um ideal de beleza que de algum modo representa, nos seus
mecanismos de criação, uma atitude equipa ente, à da criação da beleza suprema
pelo próprio Deus. A arte é uma manifestação da beleza absoluta que existe o
domínio das ideias puras, que são uma manifestação do próprio Deus. Esta é uma
das chaves do pensamento platónico. Chave de distinguir o mundo das coisas
sensíveis das coisas inteligíveis. A ordem do sensível, o artista cria esses processos
em busca da perfeição.
À cabeça surgem os toscanos. Os venezianos estão desvalorizados. Esta de acordo
com a perspectiva marcadamente toscana impressa em Holanda. Emerge a marca de
Vasari nos seus livros das biografias.

Componente neoplatônica emerge na literatura.

Holanda participa no processo de introdução do


maneirismo na pintura. Participa na iluminura, muito
influenciado pela vocação do pai. Reúne num códice
com as ilustrações que faz.
"De aetatibus mundi imagines", referencias
neoplatônicas, idades do mundo.
Obra muito moderna ate para os nossos dias.

Complexa rede de referências a ser estudada por


muitos investigadores.

"Criação do mundo: dia 1"

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"Quarto dia: criação dos astros"

Mestre de Abrantes
Autor anonimo de um conjunto de painéis pertencentes à igreja Misericórdia de
Abrantes. Há décadas, este mestre foi relacionado com Gregório Lopes, pensando
ser uma fase final da vida daquele pintor. Hoje sabe-se que certamente será um
discípulo, com uma estética e prática muito próxima de Gregório Lopes.
1. Vai-se introduzindo, sobretudo, nas figuras, colocação das personagens no espaço,
novos rimos compositivos. A implantação da figura no espaço é um tanto inusitada.
Revela toda uma construção rítmica diferente que se vem acrescentar à postura
tradicional e serena das restantes personagens.
2. Alteração da paleta de cores. Gosto por azuis estranhos, vermelho, rosa. Este tipo
de cores é designado pelos especialistas por "cores ácidas". Há uma certa
agressividade neste colorismo.

Diogo de Contreiras, ce. 1550, Igreja matriz de S. Quintino


Durante muito tempo a pintura esteve atribuída a um mestre anônimo, identificado
nas obras existente na igreja de S.Quintino.

"crucifixão" postura do São João, rotação estanha


do corpo com cabeça de perfil, ombros
atravessados, pernas de perfil. Há uma rotação
sinuosa da figura quê introduz o gosto pela linha
ondulante. Citação clara a um modelo
italianizante, a par de uma alteração cromática,
muito sensível em Diogo Contreiras. Tons mais
inusitados, rosas, vermelho vínico, estranheza da
gama cromática. Os formatos decorrem das
estruturas dos retábulos.

"pregação de São João Baptista" ce.1550-1555


Modelo requintado de um italianismo que se vai
transmitindo à pintura portuguesa.

Francisco de Campos, ce.1560, Museu de Arte Sacra de Évora


Pintor de origem flamenga radicado em Évora. Nesta cultura do maneirismo, a
deriva do maneirismo italiano, combina-se em certas circunstâncias no maneirismo
....

"Adoração dos Magos", presentes são simbólicos, o ouro, incenso, mirra. Isso tudo
não é incompatível pelo gosto dos objectos mais humildes da cultura portuguesa.

Temática mitológica, cultura figurativa portuguesa representada pela pintura e


escultura, presa aos programas de conteúdo devocional e religioso. O outro lado
poético desses temas mitológicos que na literatura, em especial Camões, onde a

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fixam e o fio condutor mitológico tem um papel determinante. No caso da pintura é


subalterno.

Paço dos Condes de Basto, 1578, hoje fundação Eugénio de Almeida.

Retratística

Sector de intensa produção na medida em que na arte de corte a produção de


retratos pela ocasião dos casamentos régios, por ocasião de visitas oficiais, a
tratadística tem um peso enorme e é um gênero que se internacionaliza, sujeito à
criação de originais e réplicas. Necessidade de constituição de galerias de retratos.
Corte portuguesa não foge a essa regra. Existiu uma galeria de retratos no Palácio
Real no Terreiro do Paço.

Flamengo António Moro, naturalizado em


Portugal numa curta estadia
prolongando-se em Espanha. A retratística
tinha a finalidade de recortar determinada
pessoa. Ele esteve em Portugal em 1552,
executa os retratos de D.João III e da rainha
Catarina. Configura uma expressão da
retratística oficial de corte que terá grande
reflexo. Infelizmente muito se perdeu da
retratística desta época. Conhecemos
fragmentos de um trágico naufrágio. Estão
no MNAA.

Ilustra o modo como o retrato é usado


naquele momento. Filho de um príncipe
herdeiro de Portugal e D.Joana irmã de Filipe II, filho de Carlos V. O herdeiro morre
deixando a mulher num adiantado estado de gravidez. Daqui que o povo de Portugal
ficasse a aguardar o fim da gravidez. Foi um menino muito desejado. D.Joana ficou
colocada numa situação que não lhe deu grande margem de manobra. Existem
pressões da parte de Madrid para que regressasse. Tinha cumprido missão como
mãe, estava viúva. D.Joana fica como regente do reino aquando da ausência de Filipe
II. Deixa D.Sebastião em Portugal, nunca mais voltando a ver.
Cria o mosteiro das Calças Reales. É um palácio do seculo XV reconvertido em
mosteiro com igreja anexa, típica da contra reforma.
Encomenda artística em Madrid com recheio extraordinário que se manteve intacto,
sobrevivendo ao Napoleão e à Guerra Civil.
Há apenas cerca de 25 anos, as Calças Reações passaram a ser pólo de visitas. Um
espaço monástico conventual do XV, enriquecido no XVI/XVII, sobrevive até ao
século XXI.
Da PDV português é interessante porque foi a partir das Calças Reales que D.João
acompanhou o crescimento do filho.

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Cristóvão de Morais, 1571-74, "Retrato de


D. Sebastião"
Típico retrato maneirista. Maneirismo
áulico, isto é, de corte. Valorização da
figura e dos seus atributos. Recorta-se num
fundo escuro. Já acontecia no Moro e vai
permanecer na retratística do Barroco.
Revela a figura do jovem príncipe vestido
com uma armadura rica e sumptuosa.
Atributo de riqueza suprema. Espada é
atributo do poder militar e civil. Expressão
áulica através da figura do cão, mancha
branca em equilíbrio que pontuam de
branco os dois lados de D.Sebastião.
O pintor captou parte da personalidade do
príncipe. Esta personalidade ambígua. Um dos valores do maneirismo é a
ambiguidade. D.Sebastião era uma figura ambígua, que tem uma carga mítica
enorme. Jovem parte para uma aventura que se revelou desastrosa.

Agustina Bessa Luís? Romance sobre D.Sebastião

Escultura retrato de D.Sebastião em Lagos por João Cutileiro. Toda a escultura do


estado novo é muito acadêmica.

Retrato de senhora eclesiástica, Mestre Desconhecido, 1550-60, MNAA

28 Maio

Podemos entregar as recensões críticas no dia 16 Maio até às 17 ou 18 horas.

Teste

3 questões para escolher duas. Dá uma hora para cada questão. Âmbito alargado
transversal. No nosso estudo deve prevalecer o entendimento das linhas de força da
arte em Portugal até ao maneirismo, seculo XVI, linhas de forma da história artística
portuguesa em termos de renascimento e maneirismo. Questões relevam de uma
aproximação ao modelo do renascimento, o nosso ponto de vista é o renascimento.
Segundo objectivo é o entendimento das problemáticas subjacentes.

Combinados com os dois objectivos existem uma resposta de discurso


fundamentado em factos artísticos: obras, autores, conjuntura, no que sustenta e dá
sentido ao entendimento do percurso da história. Extrair o fundamental.

"Retrato de D.Sebastião" Cristóvão de Morais, 1571-1574, MNAA


Carga mítica que existe não tanto na gênese do retrato propriamente dito,

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Renascimento e Barroco em Portugal

transparece uma certa frieza áulica ao modelo do retrato internacionalizado. Na


pintura tem a ver com a figura de António Moro flamengo que passa por Portugal.
Aura aristocrática própria de uma imagem de poder.

Anne Marie Jordain ? Fala sobre a coleção dos retratos régios que havia no Terreiro
do Paço.

Mestre Desconhecido, tratamento intensamente realista do rosto. Há profunda


diferença com o retrato de Cristóvão de Morais. Aproximação directa com esta
senhora da aristocracia viúva recolhida num convento. Imagem de intensidade.

I percurso da pintura na época de D.Sebastião e época filipina, dirige-se aos modelos


do clássico. Repercute-se numa série de pintura da geração dos "Italianizantes"
segundo Serrão.

António Campelo
A questão do desenho e importante porque
1. É neste período, segunda metade do seculo XVI que nos vamos deparar com
algumas peças gráficas, desenhos recolhidos. O desenho e uma coisa ausente do
património português no seculo XV e primeira metade do XVI.
2. Desenho tem um papel determinante dos mecanismos da criação artística, em
especial desta vertente do maneirismo romano e toscano a que os portugueses
estão próximos, o desenho e uma disciplina fundamental para estes artistas,
enquanto campo de pesquisa já que possibilidade variadas explorações em termos
de estruturação de figuras, é uma área de trabalho preparatório e aprofundamento
das qualidades criativas. É também em muitos casos um registo da obra já realizada,
pois o desenho não é somente preparatório. O desenho tem também implicações de
caracter teórico, ou seja, este filão da arte da Itália central - toscana e romana -
tende a estabelecer uma equivalência entrenó desenho e o conceito abstrato SA
criação artística. Dai que surgia o termo desenho como equivalente à ideia criativa e
dimensão intelectual da criação artística. Liga-se à teoria artística de Holanda e
Vasari e tem contactos com a concepção neoplatônica da criação artística. Há uma
nobilitação do desenho na prática executiva e na ligação com os mecanismos
mentais.

Em resultado faz com que o desenho se torna mais valorizado do que tinha sido
antes. Em forma desiguais, todas as oficinas do seculo XV e XVI produziram desenho,
mas eram desvalorizados. A valorização do desenho como valia estética e uma coisa
que acontece no seculo XVI e em particular no ciclo do maneirismo. Acontece que o
desenho seja objecto de colecionismo. Vasari classificou, ordenou e coleccionou os
desenhos de artistas. Na esteira do Vasari há outros. O desenho tem uma valia
estética que é completamente diferente do que acontecia antes. É um suporte de
circulação de ideias e artistas. Estes artistas da geração do italianizantes, alem de
terem praticado o desenho trocavam desenhos entre si. Infelizmente não são muito
números os desenhos conservados de autores portugueses.

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Antônio Campelo, c. 1560, MNAA


Ilustra a importância do desenho como meio de circulação
de ideias. Possivelmente copiado de uma pintura a fresco.
Tirado de uma pintura de tecto. É um estudo de umas obras
que terá interessado Campelo. Tecnicamente é um desenho
à pena combinado com um trabalho de pincel, aguada, onde
se processa o tratamento de claro-escuro que introduz o
sentido do volume que confere com eficácia a relação de
valores, tanto de claro escuro como das intensidades,
estruturas musculares. Sépia

António Campelo "Adoração dos Pastores", ce.1570, Torres Novas


Decorum é o ajustamento do que se pretende dizer com o que é dito. Adequação da
transmissão dos conteúdos, altamente vigiado pelas ordens jesuítas. Compromete a
expressão artística.

Lourenço Salzedo, ce. 1565, MNAA


Maneirismo caracteriza-se por uja alteração de cor,
desligando-se das cores primárias e trabalhando meias
tonalidades .Trabalha para Rainha Catarina.

Conjunto de pinturas da capela-mor do Mosteiro dos


Jerónimos
Arquitectura de João de Ruão. Vertente classicista da
arquitectura da segunda metade do XVI em que terá
repercussão no XVII. Modelo de capela-mor desenvolvida
em extensão. O retábulo onde a pintura de insere é a
própria estrutura arquitectónica que funciona como
retábulo. Dispositivo rectangular é definido pela
arquitectura. Sobreposição das ordens arquitectónicas. No
seculo XVII o painel central foi removido para a colocação
de um sacrário para celebrar a vitória da batalha do Ameixial.

Cristo morto: disposição transversal, Cristo morto colocado na mortalha.

Os painéis foram alvo de trabalho de limpeza. As pinturas estavam ocultas por


camada de sujidade. O texto pictórico é de uma cromática soberba mas também
pelo caracter sumptuário. Comprova a encomenda em Roma e pigmentos
caríssimos. Catarina patrocínio as encomendas desses materiais. O restauro é
modelar em todo o projecto acompanhado por um estudo de história da arte.
Catalogo esta na bibliografia da cadeira.

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Gaspar Dias, c. 1584, Igreja de São


Roque
Capela de São Roque na mesma igreja. É
uma construção típica no maneirismo,
visão italianizante. A figura de são roque
com o santo protector da peste.
Combinação de dois espaços que se
justapõem de forma súbita. O espaço
mais próximo do espectador onde
ocorre o tema propriamente dito nesse
aparatosa coreografia gestual, elegante e
requintada onde a linearidade
compositiva, arabesco. A perspectiva
adquire uma velocidade súbita. Diretiva
estável próxima do observador e uma
segunda que remete para numa distância dimensão. Este gosto esta dentro da
prática dos maneiristas venezianos e toscanos.

"Prisão de Cristo", 1570-70, MNAA


Encadeamento das três figuras dos soldados que imobilizam Cristo. Um agarra a
túnica pela gola, outro pela manga e outro pelas costas. Combinação da pena e do
pincel. Aguada castanha. Poe vezes nestas pinturas há um branco que confere um
contraste.

À geração dos "italianizantes" segue-se uma segunda vaga de artistas onde os


modelos do maneirismo se combinam com o domínio dos recursos expressivos e
consolidação de uma imagética maneirista.
Alguns dos pintores trabalham em parceria. Esse regime prossegue, acontece porem
que de alguma maneira, essas parcerias estão melhor repartidas em termos de
autoria. As parcerias não convergem na mesma obra à repartição de ...

Francisco Venegas e Diogo Teixeira são artistas que se seguem à geração


italianizante.
Retábulo da igreja da Luz de Carnide, ce.1590
Espaço importante pela arquitectura, escultura e pintura. Autoria de João de ruão.
Revestimento de relevo escultórico maneirista de inspiração flamenga.
Plano época filipina. Retábulo tem a importância de estar intacto. Encomenda da
infanta...
Típico retábulo da contra reforma, com temática densa. Princípio doutrinários,
acentuação do papel da virgem é objecto de revalorização do lado católico.
Dispõe-se de modo simultaneamente didático e triunfalista. Didático porque
identificados os passos da vida da virgem. A sua articulação sintática maneirista. Na
sequência da evolução histórica dos retábulos temos o retábulo maneirista dos finais
do XVI e primeiro terço do XVII de que este é um exemplo elucidativo. Estrutura
inspirada no tratado de Sério, dividido em dois andares estruturados em três fiadas...

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Renascimento e Barroco em Portugal

Colunas de décor maneirista de derivação flamenga.


No último terço do seculo XVII temos a primeira fase do retábulo barroco, todo este
escultórico sem pintura. "Estilo Nacional" domina em Portugal na época de D.Pedro
II, prossegue nos primeiros anos do reinado de D.João V para dar lugar ao "Retábulo
Joanino" todo em talha dourada e largamente inspirado nos modelos do barroco
romano.

Francisco Venegas, Desenho para um tecto não identificado, 1582, MNAA


Pintura de tectos, pintura que compreende a combinação de várias telas de
formatos diferentes. Estudo onde temos o formato circular, rectangular, formato
elíptico. Estes programas são excepcionais, dispendiosos, decorrem com alguma
frequente. Exemplo é a pintura do palácio real de todos os santos que se perdeu.

Francisco Venegas, ce.1580-90, Igreja da


Graça, Lisboa
Madalena arrependida. Valores eróticos
inesperados contra as doutrinas de contra
reforma. Quase que recorda as ninfas de
Camões.

Diogo Teixeira
Trabalha para todo o reino.

"Visitação", 1592, Misericórdia do Porto.

Diogo Teixeira, "incredulidade de S.Tomé",


1595-97, Retábulo do Mosteiro de Arouca. O
retábulo foi desmontado e os painéis estão reunidos no museu do mosteiro.
Cristo executa como que num passo de dança.

Fernão Gomes, "Retrato de Camões", 1570, Coleção particular.


Técnica de sanguínea. Sugere o muito que se perdeu nem relação ao retrato.

Fernão Gomes
Em alguns casos referência pontos da pintura italiana.

Esta pintura entra pelo seculo XVII e é acompanhada da emancipação dos artistas.
Há toda uma dinâmica da produção do conhecimento ....
Pinturas procuram emancipação por uma via oficial que consistia apresentar um
pedido pelo qual se desligavam da estrutura corporativa onde estavam inseridos. Em
Portugal os pintores estavam incorporados na bandeira de São Jorge passando a
agrupar na Irmandade de São Lucas, uma confraria própria onde estão associados,
de natureza inteiramente diferente da estrutura da idade media. Envolve apenas um
núcleo restrito. Estes esquemas do maneirismo projetam-se para as primeiras
décadas do seculo XVII. São confrontados com o proto-barroco.

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Renascimento e Barroco em Portugal

Amaro do Vale, "Coroação da Virgem"

Nos princípios do seculo XVII há alguns pintores notáveis.

Simão Rodrigues, Retábulo da igreja do Colégio do Carmo, ce.1597, Coimbra


Compromisso entre pintura e escultura devocional.

Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão, "A infanta D.Maria dando esmola aos
mendigos"

Esta última parceria está bem documentada. Encontram-se também na Capela da


Universidade

Pedro Nunes, Descida da cruz, 1620, Capela do Esporão, Sé de Évora

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