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Faculdade de Letras

Universidade de Lisboa

História da Cultura Portuguesa

Docente Vanda Anastácio

Discente: Soraia Santos (161149)

Lisboa

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História da Cultura Portuguesa (Humanismo e Renascimento)

2022

1. Tendo em conta o que estudou, elabore um comentário (com um mínimo de 2 páginas


e um máximo de 4 em Times New Roman, corpo 12, espaço 1,5) no qual relacione as
afirmações seguintes:

A: “Convém não confundir humanismo com Renascimento. Aquele é somente uma das
causas deste, um dos elementos que o integram, e não a sua causa única: paralelamente
ou posteriormente ao descobrimento da Antiguidade Clássica outros elementos vêm
completar o que se designa por Renascimento.” In: Joel SERRÃO, Dicionário de
História de Portugal

B: “A introdução do Humanismo em Portugal é um acontecimento dos finais do século


XV, mais exatamente datável de 1485 em diante. [...] Para mim, o início do Humanismo
em Portugal data da chegada de Cataldo Parísio Sículo ao nosso País em 1485.” A. C.
RAMALHO, “A introdução do Humanismo em Portugal”

Joel Serrão, na sua obra Dicionário de História de Portugal, refere dois conceitos:
Humanismo e Renascimento. E vai mais longe ao afirmar que são dois termos distintos:
Aquele [Humanismo] é somente uma das causas deste [Renascimento], um dos
elementos que o integram, e não a sua causa única: paralelamente ou posteriormente ao
descobrimento da Antiguidade Clássica outros elementos vêm completar o que se
designa por Renascimento.”

Para distinguir estes dois conceitos, temos primeiro de os periodizar, ou seja,


precisamos de dividir o tempo em secções delimitadas para podermos estudar épocas da
História Portuguesa. O Humanismo inicia-se em 1434, na segunda metade do séc. XIX,
mas o termo humanista surge na língua portuguesa em 1540 e começa antes do
Renascimento. Já este segundo conceito inicia-se em 1453, após a conquista de
Constantinopla aos Turcos.

O Humanismo caracteriza-se por abordar as ciências humanas, que se entendem por


ser as línguas, filosofias e letras clássicas, bem como por uma tentativa de ler os textos
da antiguidade à luz do classicismo. Neste período vai se retomar o contacto com a
cultura da Antiguidade. Ao referir filosofia pensamos na mesma no seu modo natural.
As letras, incluem a literatura, filosofia, geografia, tudo o que é de interesse pela cultura
clássica pertence a esta época. No Humanismo pretende-se também adquirir

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conhecimento pela língua grega e o latim, de modo a poder ler-se documentos e textos
na sua língua original. O conhecimento laico ganha peso e pretende-se, por isso, uma
laicização do conhecimento.

Alguns nomes incontornáveis do Humanismo são Dante, que viveu no séc. XVIII, e
Petrarca. O primeiro propõe uma leitura cristianizada daquilo que ele conhecia da
cultura clássica. Não andava há procura de textos antigos, mas, por ser um bom latinista,
conhecia-os. Exemplo disso é a obra Divina Comédia, onde o poeta clássico, Virgílio, é
uma personagem. Já a poesia do segundo, teve um impacto brutal no séc. XV e XVI na
Europa e procede à cristianização do pensamento antigo, há semelhança de Dante, pois
também ele era latinista.

O conceito de Renascimento significa voltar a nascer e foi utilizado no final do


século XIV e durante o século XV. Durante este tempo existiram diversas modificações
radicais na história da civilização e renascia um novo espírito da Antiguidade Clássica,
no sentido em que a comunidade do passado tinha sido abandonada, esquecida, até
mesmo morta, mas agora renascia, em termos de conhecimento científico, filosófico e
de modernidade.

Joel Serrão vai abordar na sua obra todo o processo do Humanismo em Portugal
desde a sua fundação à sua consolidação. Para o autor, é difícil ser preciso na definição
deste período, pois houve humanismos e humanistas, que descobriam a Antiguidade de
diversos aspetos e perspetivas. Nesta época os gramáticos tinham um papel importante
na procura de numerosos textos antigos que seriam interpretados e publicados, sem
necessitarem de glosas ou comentários, pois apenas se estuda diretamente os textos,
pelo gosto de saber ou aprender sobre aquele tema.

O autor não define uma data fixa para a introdução do Humanismo em Portugal,
mas pode-se afirmar que se iniciou na primeira metade do séc. XV, onde começam a
surgir traduções feitas pelos infantes, nomeadamente D. Pedro. Apenas no século
seguinte é que o Humanismo atinge o momento áureo no país, com origens na Itália,
pois foram os alunos que se matricularam nas Universidades italianas, no séc. XV, que
transferiram o seu conhecimento em Portugal, porém é em Paris, na Universidade
Parisiense que se forma a elite do humanismo português.

É nesta época que Joel Serrão nos fala de como se ensinam as Humanidades em
Portugal. Em Coimbra funda-se o Colégio das Artes, onde se ensinam antigos bolseiros

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portugueses que tinham estuado em Paris, mas também os próprios franceses e


escoceses. Nesta escola são ensinadas línguas como Latim, Grego e Hebreu. Em Lisboa
surge a Universidade privada, no Porto o Humanismo foi inexistente, em Braga
regeram-se humanistas de mérito, mas com permanência breve e em Évora,
nomeadamente no paço ducal de Vila Viçosa, ensinou-se durante muitas décadas
Humanidades, curso este que tinha sido criado em 1535 em Sintra, no Convento da
Penha Longa.

Joel Serrão caracteriza o Renascimento como uma reforma, uma nova conceção da
vida e progresso de técnicas. Para consolidar o comentário do autor no início da sua
obra, entendemos que o Humanismo não deve ser confundido com Renascimento, pois
o primeiro serve de instrumento para consolidar o segundo, através do conhecimento de
novas ciências humanas e textos clássicos que podem criar uma nova realidade, um
novo mundo que a sociedade observe como um período de Renascimento.

António da Costa Ramalho, na sua obra Estudos sobre o Século XVI, apresenta uma
data para o Humanismo português, de 1485 a diante, finais do século XV, com a
chegada de Cataldo Parísio Sículo. Ele apresenta vários argumentos que originam o
nome.

“Sículo e Parísio” sugerem uma origem siciliana, com estudos feitos em Paris.
Policiano serviu de intermediário entre o humanista florentino e o rei de Portugal e teve
como discípulos os filhos de João Teixeira. Cataldo não gostava de ser gramático,
preferia ser poeta, historiador ou orador, era mestre de latim, cuja língua ensinou a três
príncipes. É em 1516 que é publicada a Ars Grammatica de Estevão Cavaleiro, obra de
importância para a História do Humanismo em Portugal. Este autor foi mestre de André
de Resende. Antes desse, João Vaz publica a sua obra. O mesmo era latinista com uma
posição moderna e esperava que a sua obra fosse útil. Este autor consultou autores
como Cícero, Lourenço Valla, Agostinho Dati,…

Todos os autores referidos eram latinistas profissionais, mas havia outros homens
cultos no Humanismo. Um humanista recebia e enviava correspondência latina e
despertava o convívio entre amigos. Joel Serrão, relativamente a este tema, refere que
“latinista não é sinónimo de humanista”, pois o saber Latim não implica que o deva
utilizar no Humanismo.

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História da Cultura Portuguesa (Humanismo e Renascimento)

Em suma, Cataldo na sua obra refere vários humanistas, alguns que referi
anteriormente, mas existem mais, que estão presentes na história do Humanismo em
Portugal, desde o século XVI, e que ele próprio foi importante nessa história, pois, para
além de abordar o período humanístico, introduziu o Renascimento em Portugal, onde
até então apenas era praticado na Itália.

2- Faça uma recensão crítica – composta por um resumo das ideias principais e um
breve comentário crítico final – da “Introdução” de António José Saraiva ao volume I da
sua História da Cultura em Portugal intitulado Renascimento e Contra Reforma que se
encontra digitalizado na plataforma moodle. O seu texto deverá ter um mínimo de 2
páginas e não deverá ultrapassar as 4 páginas em Times New Roman, corpo 12, espaço
1,5.

António José Saraiva, inicia a sua obra História da Cultura em Portugal:


Renascimento e Contra Reforma, com uma breve introdução onde vai abordar
diversos tópicos relacionados com o Renascimento. Esse conceito introduz algo
novo na História Ocidental, exemplos disso, é o sistema copérnico, a imprensa, as
experiências de Galileu, entre outros. Esta época corresponde a um período de
desenvolvimento no seio feudal, numa anarquia em que se definem os traços de uma
nova ordem.

Na passagem do séc. XV para o Renascimento, alteram-se as relações que se


tinham desenvolvido e o que era apenas uma tendência passa a ser uma
característica dominante. O Renascimento é uma crise onde se transitam de uma
civilização para outra e existe uma multiplicidade e diversidade de aspetos de várias
regiões e épocas.

O Renascimento ocorre em épocas posteriores, no séc. XIX e XVI na Itália,


França e Península Ibérica, devido à crise da estrutura feudal. Há vários modelos de
Renascimento, mas todos com têm uma característica comum: correspondem à crise
do mundo feudal, através do qual se gera o mundo capitalista. Neste mundo
melhora-se a tipografia, impressão com caracteres metálicos móveis, procuram-se
classes artesanais e desenvolvem-se técnicas culturais.

O conceito de Reforma é o nome dado ao período histórico que surge no


momento de rutura com a Igreja Católica. Por contraposição, a Contra Reforma é o
conjunto de medidas que a Igreja Católica tomou para conter o avanço do

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Protestantismo. A propagação da Reforma acaba com o duelo entre a burguesia e o


feudalismo e observamos várias revoltas contra a Igreja organizada, o clero, o papa
e a doutrina. O triunfo da Reforma deve-se à burguesia, que está interessada em
resolver a questão da igreja tradicional.

A escolástica é um método de pensamento crítico e de aprendizagem, com


origem nas escolas cristãs. O capitalismo transforma a condição social e económica
do artista suscita uma atitude contrária para com os valores tradicionais. Aos
humanistas deve-se uma primeira tentativa de síntese para um novo mundo criado
pelo capitalismo. Eles sugeriram um novo método para utilizar nas escolas, que se
chamou “ensino clássico”, assente no estudo de línguas e leitura de textos da
Antiguidade.

No entanto, os humanistas tinham várias limitações, porque o público do livro


impresso era insuficiente e os homens de letras achavam que o “mecenatismo” podia
ser a solução mais ideal. É aqui que podemos observar uma nova conceção do
mundo em contraste com o mundo medieval. Por exemplo, o teatro medieval é
simbólico, pois as suas personagens representam o bem e o mal, movidos por uma
vontade. Já o teatro do Renascimento, pelo contrário, procura criar relações
recíprocas verdadeiras para desenvolver a ação.

Na realidade, no começo do século XXI, as técnicas são melhoradas a olhos


vistos, nomeadamente a artilharia que se encontra em progresso e permitia aos
portugueses um maior domínio no Oriente. O humanismo encontrava-se a margem
de tudo. Os melhoramentos técnicos resultavam principalmente de pequenos
aperfeiçoamentos artesanais estimulados pelas necessidades da produção e de
adaptação que se faz por um método de aproximações sucessivas, de forma
puramente empírica, experimental.

Mas o Renascimento, para além de ter sido um intervalo sério entre a


mentalidade escolástica e a mentalidade científica, ofereceu também diversos
aspetos e virtudes que não continuaram na época seguinte. Surge o Concílio de
Trento que determina os limites de heresia e doutrina ortodoxa, no pensamento e na
arte e estabelece cânones a que os novos pintores devem sujeitar-se. Para defesa do
Estado, criou-se a Inquisição, que foi estabelecida por iniciativa do rei e dirigida por

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um membro da família real, que tinha como principal objetivo perseguir os cristãos-
novos e criar uma instituição omnipotente que cria um Estado dentro de um Estado.

Em suma, este recurso é bastante pertinente para elucidar os leitores que


pretendem ter uma melhor noção do tema do Renascimento e outros conceitos
abordados. Em contexto académico é também um recurso com linguagem simples e
bem explícita que cativa o aluno a querer ler para ter um melhor conhecimento. A
instituição suporte desta obra, Gradiva, é identificada e qualificada, pois trata-se de
uma editora oficializada com endereços eletrónicos confiáveis para se adquirirem
obras. O autor António José Saraiva é qualificado para escrever esta obra, pois foi
professor e historiador e conhece estes temas de maneira detalhada. Nesta obra
gostei particularmente de as imagens serem bem identificadas e explícitas, com
legenda que leva o leitor a perceber melhor o conceito e a relacionar com os termos
históricos e a matéria. Como leitora, confio nesta informação e acho-a pertinente
para poder utilizar no futuro em diversos contextos.

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