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Universidade de Lisboa
Lisboa
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História da Cultura Portuguesa (Humanismo e Renascimento)
2022
A: “Convém não confundir humanismo com Renascimento. Aquele é somente uma das
causas deste, um dos elementos que o integram, e não a sua causa única: paralelamente
ou posteriormente ao descobrimento da Antiguidade Clássica outros elementos vêm
completar o que se designa por Renascimento.” In: Joel SERRÃO, Dicionário de
História de Portugal
Joel Serrão, na sua obra Dicionário de História de Portugal, refere dois conceitos:
Humanismo e Renascimento. E vai mais longe ao afirmar que são dois termos distintos:
Aquele [Humanismo] é somente uma das causas deste [Renascimento], um dos
elementos que o integram, e não a sua causa única: paralelamente ou posteriormente ao
descobrimento da Antiguidade Clássica outros elementos vêm completar o que se
designa por Renascimento.”
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conhecimento pela língua grega e o latim, de modo a poder ler-se documentos e textos
na sua língua original. O conhecimento laico ganha peso e pretende-se, por isso, uma
laicização do conhecimento.
Alguns nomes incontornáveis do Humanismo são Dante, que viveu no séc. XVIII, e
Petrarca. O primeiro propõe uma leitura cristianizada daquilo que ele conhecia da
cultura clássica. Não andava há procura de textos antigos, mas, por ser um bom latinista,
conhecia-os. Exemplo disso é a obra Divina Comédia, onde o poeta clássico, Virgílio, é
uma personagem. Já a poesia do segundo, teve um impacto brutal no séc. XV e XVI na
Europa e procede à cristianização do pensamento antigo, há semelhança de Dante, pois
também ele era latinista.
Joel Serrão vai abordar na sua obra todo o processo do Humanismo em Portugal
desde a sua fundação à sua consolidação. Para o autor, é difícil ser preciso na definição
deste período, pois houve humanismos e humanistas, que descobriam a Antiguidade de
diversos aspetos e perspetivas. Nesta época os gramáticos tinham um papel importante
na procura de numerosos textos antigos que seriam interpretados e publicados, sem
necessitarem de glosas ou comentários, pois apenas se estuda diretamente os textos,
pelo gosto de saber ou aprender sobre aquele tema.
O autor não define uma data fixa para a introdução do Humanismo em Portugal,
mas pode-se afirmar que se iniciou na primeira metade do séc. XV, onde começam a
surgir traduções feitas pelos infantes, nomeadamente D. Pedro. Apenas no século
seguinte é que o Humanismo atinge o momento áureo no país, com origens na Itália,
pois foram os alunos que se matricularam nas Universidades italianas, no séc. XV, que
transferiram o seu conhecimento em Portugal, porém é em Paris, na Universidade
Parisiense que se forma a elite do humanismo português.
É nesta época que Joel Serrão nos fala de como se ensinam as Humanidades em
Portugal. Em Coimbra funda-se o Colégio das Artes, onde se ensinam antigos bolseiros
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Joel Serrão caracteriza o Renascimento como uma reforma, uma nova conceção da
vida e progresso de técnicas. Para consolidar o comentário do autor no início da sua
obra, entendemos que o Humanismo não deve ser confundido com Renascimento, pois
o primeiro serve de instrumento para consolidar o segundo, através do conhecimento de
novas ciências humanas e textos clássicos que podem criar uma nova realidade, um
novo mundo que a sociedade observe como um período de Renascimento.
António da Costa Ramalho, na sua obra Estudos sobre o Século XVI, apresenta uma
data para o Humanismo português, de 1485 a diante, finais do século XV, com a
chegada de Cataldo Parísio Sículo. Ele apresenta vários argumentos que originam o
nome.
“Sículo e Parísio” sugerem uma origem siciliana, com estudos feitos em Paris.
Policiano serviu de intermediário entre o humanista florentino e o rei de Portugal e teve
como discípulos os filhos de João Teixeira. Cataldo não gostava de ser gramático,
preferia ser poeta, historiador ou orador, era mestre de latim, cuja língua ensinou a três
príncipes. É em 1516 que é publicada a Ars Grammatica de Estevão Cavaleiro, obra de
importância para a História do Humanismo em Portugal. Este autor foi mestre de André
de Resende. Antes desse, João Vaz publica a sua obra. O mesmo era latinista com uma
posição moderna e esperava que a sua obra fosse útil. Este autor consultou autores
como Cícero, Lourenço Valla, Agostinho Dati,…
Todos os autores referidos eram latinistas profissionais, mas havia outros homens
cultos no Humanismo. Um humanista recebia e enviava correspondência latina e
despertava o convívio entre amigos. Joel Serrão, relativamente a este tema, refere que
“latinista não é sinónimo de humanista”, pois o saber Latim não implica que o deva
utilizar no Humanismo.
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Em suma, Cataldo na sua obra refere vários humanistas, alguns que referi
anteriormente, mas existem mais, que estão presentes na história do Humanismo em
Portugal, desde o século XVI, e que ele próprio foi importante nessa história, pois, para
além de abordar o período humanístico, introduziu o Renascimento em Portugal, onde
até então apenas era praticado na Itália.
2- Faça uma recensão crítica – composta por um resumo das ideias principais e um
breve comentário crítico final – da “Introdução” de António José Saraiva ao volume I da
sua História da Cultura em Portugal intitulado Renascimento e Contra Reforma que se
encontra digitalizado na plataforma moodle. O seu texto deverá ter um mínimo de 2
páginas e não deverá ultrapassar as 4 páginas em Times New Roman, corpo 12, espaço
1,5.
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um membro da família real, que tinha como principal objetivo perseguir os cristãos-
novos e criar uma instituição omnipotente que cria um Estado dentro de um Estado.