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O Arcadismo e a retomada de

características clássicas

Apresentação
O Arcadismo, como quinta escola literária em Portugal, inicia em 1756 em um contexto de
modificações geradas pelo Iluminismo. É um espírito reformista que toma conta da Europa e que
defende uma visão antropocêntrica e racional de mundo. Como reflexo dessa virada de
pensamento, ocorrem avanços tecnológicos, sociais e científicos em um século chamado de “Século
das Luzes”.

Trata-se, portanto, do século XVIII, período em que a Europa passa por inúmeras agitações. No
campo ideológico, o pensamento que se estabelece é enciclopédico, o qual veio a ser símbolo do
início de uma nova era na história da humanidade por causa dos resquícios que a Revolução
Francesa deixaria para a história.

Esta Unidade de Aprendizagem vai possibilitar uma reflexão sobre o contexto do surgimento da
literatura árcade, de forma a apresentar os gêneros textuais, os autores e as obras desse período.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever as características do contexto em que o Arcadismo surgiu em Portugal.


• Comparar as produções clássica e árcade.
• Identificar os autores e as obras árcades relevantes para o Arcadismo e que são reconhecidos
até hoje.
Desafio
O período árcade apresenta e consolida a produção literária de Portugal, e, para a história da
literatura, traz um dos mais importantes poetas: Bocage.

Dessa forma, você, como aluno da disciplina de Literatura Portuguesa, ficou responsável por
apresentar uma breve fala sobre esse autor em um seminário organizado pelo professor da
disciplina.

Para desenvolver a atividade, pesquise e desenvolva uma breve apresentação das principais
informações sobre o autor no contexto árcade:

a) apresente para o seu público as características que evidenciaram esse autor como o principal
poeta do período árcade, citando os sonetos como sua expressão mais significativa e explicando as
influências da obra do autor nos outros escritores de seu tempo e também na literatura
contemporânea;

b) aborde a presença do clássico e do pré-romântico na obra de Bocage e reflita sobre a influência


do contexto de Portugal e da Europa no lirismo produzido pelo autor.
Infográfico
O Arcadismo foi um movimento literário que introduziu na produção escrita de Portugal marcas
da influência do Iluminismo que se espalhava pela Europa. Todavia, como um movimento anti-
Barroco e com ideais revolucionários, gerou diferentes correntes. Alguns autores aceitaram os
novos ideais; outros os renegaram; outros, ainda, estabeleceram um movimento para combatê-los.

No Infográfico a seguir, você vai conhecer um pouco mais sobre os autores do período.
Aponte a câmera para o
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Conteúdo do livro
As origens do Arcadismo direcionam os olhares para a segunda metade do século XVIII.
Portugal ainda carrega um peso da tradição ideológica fundada em dogmas e princípios imutáveis.
Enquanto isso, pela Europa, se espelha um pensamento de renovação com o Iluminismo.
Portugal não fica parado no tempo e, com alguns esforços, também incorpora, na sequência, o
movimento árcade.

No capítulo O Arcadismo e a retomada de características clássicas, da obra Literatura portuguesa: do


Trovadorismo ao Arcadismo, você verá que, nesse período, as universidades se transformam, os
jesuítas são expulsos e, aos poucos, a escolaridade vai se tornando laica e aberta para as novas
ideias que circulavam pela Europa. Nesse contexto, os autores árcades (e antiárcades) expressam os
seus ideários com base, sobretudo, na busca pelo equilíbrio e no fim das ideias borrocas.

Boa leitura.
LITERATURA
PORTUGUESA: DO
TROVADORISMO AO
ARCADISMO

Nadia Studzinski Estima de Castro


O Arcadismo e a retomada
de características clássicas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever as características do contexto em que o Arcadismo surgiu


em Portugal.
 Comparar as produções clássica e árcade.
 Identificar autores e obras árcades relevantes para o movimento Ar-
cadismo e que se mantêm reconhecidos até hoje.

Introdução
O Arcadismo foi um movimento literário marcado por dissonâncias entre
os autores do seu tempo e por dissidências e ataques. Alguns poetas
do tempo aceitaram esse novo credo literário, ao passo que outros se
opuseram às produções, as atacaram e criaram um movimento de dis-
sidentes. Além disso, essa escola literária de Portugal, em seu momento
de decadência, já enunciava sinais do Romantismo.
Neste capítulo, você estudará alguns elementos relacionados com
o Arcadismo em Portugal, bem como compreenderá o contexto de
surgimento desta que é considerada a quinta escola literária em solo
Ibérico. Para tanto, verá uma breve comparação entre as produções
clássicas e árcades para o entendimento da transição de uma escola para
a outra e das características emergentes em cada uma delas. Por fim,
conhecerá autores e obras desse período, os quais foram fundamentais
para a consolidação do Arcadismo em Portugal.

Arcadismo em Portugal: contexto


O Arcadismo, como quinta escola literária de Portugal, surge em um contexto
de grandes transformações em toda a Europa. Quais, então, são as premissas
2 O Arcadismo e a retomada de características clássicas

que antecedem a consolidação dessa escola? As mudanças na Europa, sobretudo


na França, as quais movimentaram significativamente a segunda metade do
século XVIII.
No campo ideológico, assinala-se como acontecimento de fundamental
relevância a instalação do pensamento enciclopédico de D’Alembert, Diderot
e Voltaire, em 1751 (MOISÉS, 2006). Pontualmente, a publicação do Discours
Préliminaire de l’Encyclopédie, de D’Alembert, marca a virada cultural do
período, uma vez que se tem o início de um processo que culminou na Revo-
lução Francesa, em 1789.

Revolução Francesa
É considerada por muitos como o marco da virada para a chamada Idade Contempo-
rânea, representando a mudança da Idade Moderna para a Idade Contemporânea.
Até o século XVIII, a França vivenciava o absolutismo monárquico, em que Luís XVI
personificava o Estado. Ou seja, ele reunia os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
Os franceses, então, estavam inseridos em um Estado Democrático Constitucional,
mas permaneciam súditos do rei.
Nessa estrutura, coexistiam três estados em que a população se enquadrava: o
primeiro representado pelos bispos do alto clero; o segundo, pela aristocracia francesa
(funções militares e jurídica); e o terceiro, pela burguesia.
O terceiro estado estava, por sua vez, dividido em baixo clero, comerciantes, banqueiros,
empresários, trabalhadores dos meios urbanos e componentes (essa é a maior repre-
sentação da população). Os integrantes desse terceiro estado não estavam satisfeitos,
e, influenciados pelo pensamento iluminista — liberdade e igualdade —, propõem
uma Assembleia Nacional. A Revolução, então, tem início, e, em 14 de julho de 1789, a
Bastilha é tomada. Em seguida, é instituída a Declaração de Direitos do Homem e do
Cidadão, e o monarca sofre as pressões e precisa aceitar as novas resoluções. A Monarquia
Constitucional é estabelecida, a qual se manteve de 1791 a 1792.

Com o Iluminismo francês, é marcada uma nova era na história da huma-


nidade, e, com base no culto das ciências, da razão e do progresso, destaca-se
um grupo de intelectuais por todos os cantos do mundo. Em Portugal, ainda
com o peso de uma tradição ideológica baseada em dogmas e princípios
imutáveis, com marcas medievais, consegue, mesmo assim, acompanhar o
fluxo dessas mudanças (MOISÉS, 2006).
Com o apoio de D. João V (que reinou de 1707–1750) e de Luís Antônio
Verney (1713–1792), as mudanças começam a acontecer. Verney, de ascendência
O Arcadismo e a retomada de características clássicas 3

francesa, depois de graduado em Teologia pela Universidade de Évora, vai


para a Itália para fazer cursos semelhantes nessa área. Ele publica, de forma
anônima, em dois volumes, a obra Verdadeiro Método de Estudar, em 1746.
Nessa publicação, constam 16 cartas em que se propõe a reforma geral do
ensino superior em Portugal, tendo como base as ideais iluministas. Além
do programa ali apresentado, alguns manuais e compêndios são redigidos
com base nessa mesma interpretação de mudança: De Re Logica (1751); De
Re Metaphysica (1753), Gramática Latina (1758) e De Re Physica (1769)
(MOISÉS, 2006).
Com essas publicações, e com o acesso a essas leituras, entra em crise o ensino
religioso e medieval que até então predominava nas escolas de Portugal. Como
consequência, as universidades também passam por transformações. A partir
de 1759, com a expulsão dos jesuítas, a escolaridade aos poucos vai se tornando
laica e aberta às ideias novas que circulavam além dos Pireneus (MOISÉS, 2006).
Tem-se, então, um rompimento de um período que já durava dois séculos, no
qual Portugal se mantinha sob influência espanhola. As consequências dessa
mudança serão percebidas, inclusive, na produção literária do período.
Marquês de Pombal é o nome que movimenta em Portugal medidas para
colocar os portugueses no nível da cultura europeia, sobretudo a francesa,
com os ideários iluministas. A Universidade de Lisboa, com a importação
de professores estrangeiros, passa por uma fase de agitação e um volume de
atividades científicas e filosóficas. Lisboa, então, sofre um terremoto, no ano
de 1755, em que grande parte da cidade fica destruída. Pombal aproveita a
situação para demostrar a sua capacidade de administração e utiliza o momento
para motivar a construção de uma cidade nova, moderna, ampla e “[...] arrojada
para os padrões do tempo [...]” (MOISÉS, 2006, p. 96).
Mesmo com a queda de Pombal, Portugal segue em um clima de agitação
cultural, no qual surge a estética literária do Arcadismo. As primeiras manifes-
tações antibarrocas vêm de longe, principalmente por meio da poesia de Tomás
de Noronha e Diogo Camacho, com notas satíricas contra os exageros barrocos
(MOISÉS, 2006). No Serão Político, de Frei Lucas de Santa Catarina (1704),
também já é possível observar indícios de crítica ao estilo do movimento Barroco.
É em 1756 que se funda a Arcádia Lusitana (símile da Arcádia Romana,
fundada em Roma, em 1690), com a renascença das doutrinas literárias ensi-
nadas pelos antigos, tais como Aristóteles e Horácio. Por iniciativa de Antônio
Dinis da Cruz e Silva, Manuel Nicolau Esteves Negrão e Teotônio Gomes de
Carvalho, consolida-se o Arcadismo em Portugal. É com base no mito da ar-
cádia que se erguem as doutrinas do período, com o objetivo de destruir o mau
gosto (segundo pensamento árcade) que se havia instalado na poesia barroca.
4 O Arcadismo e a retomada de características clássicas

As produções clássicas e árcades: alguns


elementos comparativos
As produções árcades querem romper com o pensamento barroco. Julgam,
portanto, que a poesia barroca corresponde ao desequilíbrio e à decadência
dos valores clássicos e, por isso, querem reestabelecer a supremacia da poesia
clássica. Para esse feito, utilizam uma espécie de viagem no tempo (MOISÉS,
2006), em busca das fontes originárias do Classicismo.
Os árcades desprezam o Barroco e se concentram no século XVI. Desse
período, aceitam o pastoralismo e a poesia de Camões, pois estes coincidem com
o ideal estabelecido por eles. Ultrapassam os séculos medievais, pois consideram
que essa é a razão do esquecimento da literatura clássica, e chegam até a Anti-
guidade Greco-Latina outra vez; o que já haviam feito os autores do Classicismo.
Para os árcades, a mitológica Arcádia concentra um espaço de convívio
com a natureza idílica, onde é possível encontrar a plenitude poética (MOISÉS,
2006). O que havia se instalado com a escola barroca deve ser finalizado, pois
consideravam de mau gosto.

A região da Arcádia fica localizada no sul da Grécia, na Península do Peloponeso, e


sua capital é Trípoli (Figura 1). O nome Arcádia faz referência ao semideus Arcas, filho
de Zeus e da ninfa Callisto.

Figura 1. Arcádia.
Fonte: Wikipedia (2019, documento on-line).
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Portanto, como configuração estética do Arcadismo, merece destaque o


retorno aos clássicos e a imitação dos modelos greco-latinos. Nas produções
literárias, encontra-se o elogio à vida simples, principalmente com culto à
natureza, uma exaltação das virtudes morais, a fuga da cidade para o campo
(a cidade é considerada pelos árcades como foco de elementos ruins e de
corrupção das pessoas) e desprezo do luxo, das riquezas e da ambição, pois
são males que enfraquecem o homem. Assim, elogiam a vida serena, calma,
plácida, bem como elogiam a velhice, em virtude de ser um exemplo do ideal
de tranquilidade da existência.
Os árcades fazem um elogio à espontaneidade primitiva, pré-civilizada,
mas, ao mesmo tempo, idolatram o aproveitar plenamente a vida, em cada
minuto, a partir da contemplação da beleza e da natureza, pressupondo o
epicurismo, filosofia grega que prega a busca por um estado de tranquilidade,
possível no desfrute dos prazeres espirituais comedidos e pela libertação do
medo (MOISÉS, 2006).
Com relação à estrutura literária, seguem os modelos antigos, ou seja,
defendem a separação de gêneros, prezam pelo fim da rima, empregam me-
tros simples, buscam o despojamento do poema e valorizam a mitologia. No
entanto, ao mesmo tempo, procuram aproveitar a orientação racionalista de
teóricos do tempo (MOISÉS, 2006). Para isso, adotam pseudônimos pastoris,
com a intenção de “fingimento” poético, em que se imaginam vivendo em
um mundo habitado por deuses e por ninfas, em um contexto de natureza e
em um tempo utópico.
Portanto, as características da estética arcádica estão relacionadas exclu-
sivamente com a poesia. Quando se trata de Arcadismo, “[...] no sentido de
um corpo de doutrina literária da segunda metade do século XVIII, está-se
pensando apenas em poetas [...]” (MOISÉS, 2006, p. 98), pois as outras produ-
ções da época, como as filosóficas, por exemplo, não estavam enquadradas nos
moldes do Arcadismo. Ou seja, muito se produziu de prosa histórica, filosófica,
pedagógica, entre outras, nesse período, mas fora dos moldes doutrinários
dos arcádicos. Portanto, ao considerar as características do Arcadismo como
marcantes para uma literatura, lembre-se de que se trata da poesia produzida
nesse período.
Agora, é importante refletir sobre a proximidade das produções literárias
do Classicismo e da escola árcade. Os dois movimentos estão marcados por
um retorno aos clássicos, pois, nesses períodos, entendia-se que os moldes de
produção deveriam estar baseados nos clássicos, uma vez que eles represen-
tavam a perfeição artística. Essas duas escolas (Classicismo e Arcadismo),
juntamente com o Barroco, compõem a Era Clássica da literatura portuguesa.
6 O Arcadismo e a retomada de características clássicas

A Era Clássica compreende um período de mudanças históricas, com início


no século XVI e fim na segunda metade do século XVIII, início do século
XIX. Ou seja, o retorno aos clássicos ocorre no Classicismo e no Arcadismo,
mas em contextos históricos e sociais distintos, o que reflete nas produções
literárias de cada uma dessas escolas.
Lembre-se de que, no Classicismo, tem-se a queda do feudalismo, a expansão
marítima e o desenvolvimento do capitalismo. Essa organização permanecerá
até uma nova configuração política, econômica e social, como consequência
da Revolução Francesa, o que reflete na literatura com a organização da escola
árcade e seus ideais listados nos parágrafos antecedentes a este.
O Classicismo emerge, portanto, durante o Renascimento, momento artís-
tico em que a cultura clássica vai ocupando o espaço da cultura medieval. Nesse
momento, a realidade passa a ser interpretada como mais permissiva, com
menor controle da Igreja, e, por conseguinte, o homem começa a ser percebido
como centro de importância. Consequentemente, as produções literárias desse
período inserem adjetivos nos seus escritos, evidenciam a perfeição estética,
destacam a importância das formas e retornam para a mitologia, em busca do
ideal de beleza. Esse período está relacionado com o Renascimento e carrega
resquícios do Humanismo (Reforma Luterana), em que o poder da Igreja será
questionado e o ser humano receberá maior importância; isso serve de base
filosófica para o Renascimento, para o Classicismo e para o Arcadismo.
Camões, como o principal nome do Classicismo, evidencia em seus escritos
as características desse período. Observe, a seguir, um exemplo de redondilha
(CAMÕES, [2010?], documento on-line):

Cantiga
à tenção de Miraguarda
MOTO:
Ver, e mais guardar de ver outro dia, quem o acabaria?
VOLTAS
Da lindeza vossa,
Dama, quem a vê,
impossível é
que guardar-se possa.
Se faz tanta mossa
ver-vos um só dia,
quem se guardaria?
Milhor deve ser
neste aventurar,
O Arcadismo e a retomada de características clássicas 7

ver, e não guardar,


que guardar de ver.
Ver, e defender,
muito bom seria;
mas... quem poderia?

O Arcadismo, ao contrário do Barroco, que é urbano, olha para o campo, é


pastoril, pois a natureza representa o ideal de simplicidade e harmonia. Assim, o
homem busca na natureza o seu equilíbrio; por isso, evidencia-se certo bucolismo
no Arcadismo. Os árcades têm como fonte a Antiguidade e definem a poesia como
cópia da natureza. No entanto, a vivência campestre não ocorre efetivamente, os
pastores árcades apenas estabelecem uma convenção pastoril. Na verdade, eles
estão distantes do campo, mas é nele que os escritores encontram a inspiração para
as produções da época. Para isso, os autores utilizam como recurso os pseudônimos
e sedimentam uma poesia despersonalizada. Assim, desenham um período que
está relacionado com o contexto do Iluminismo, em que já não se aceita mais o
poder divino dos reis, agora é preciso pensar na análise racional, uma vez que a
razão, como sinônimo de verdade, não está mais na crença religiosa.
Observe, a seguir, um exemplo de texto produzido no período árcade e
reflita sobre as semelhanças e diferenças entre o Classicismo e o Arcadismo,
duas escolas que retornam aos moldes clássicos, mas com considerações
diferentes e com objetivos singulares. O texto é de António Dinis da Cruz e
Silva, considerado um dos fundadores da Arcádia Lusitana (SILVA, [200-],
documento on-line):

A FRANCESIA
Ao pé de cada canto, hoje, sem pejo
Se tratam de Monsieur os Portugueses.
Isto, senhor, é moda, e como é moda,
A quisemos seguir, e sobretudo
Mostrar ao mundo que francês sabemos.
De tanto peso pois (lhe volve o Lara)
É, padre jubilado, porventura
O saber o francês, que disso alarde
Fazer quisessem Vossas Reverências?
Por acaso, sem esse sacramento,
Não podiam salvar-se, e serem sábios?
Pois aqui, em segredo, lhe descubro
Que o francês, para mim, o mesmo monta
8 O Arcadismo e a retomada de características clássicas

Que a língua dos selvagens botocudos.


— Não diga, senhor, tal! Que neste tempo
(Ó tempos, ó costumes! diz o padre)
O saber o francês é saber tudo.
É pasmar! ver, senhor, como um pascácio,
De francês com dois dedos, se abalança
Perante os homens doutos e sisudos,
A falar das ciências mais profundas,
Sem que lhe escape a santa teologia,
Alta ciência, aos claustros reservada,
Que tanto fez suar ao grande Sesto,
Aos Bacónios, aos Lélios, e a mim próprio.
Desta audácia, senhor, deste descoco,
Que entre nós sem limite vai lavrando,
Quem mais sente as terríveis consequências
É a nossa portuguesa, casta linguagem,
Que em tantas traduções anda envasada
(Traduções que merecem ser queimadas!)
Em mil termos e frases galicanas.
Ah! Se as marmóreas campas levantando,
Saíssem dos sepulcros, onde jazem
Suas honradas cinzas, os antigos
Lusitanos varões, que com a pena
Ou com a espada e lança, a pátria ornaram,
Os novos idiotismos escutando,
A mesclada dicção, bastardos termos,
Com que enfeitar intentam seus escritos
Estes novos, ridículos autores;
(Como se a bela e fértil língua nossa,
Primogénita filha da latina,
Precisasse de estranhos atavios!)
Súbito, certamente, pensariam
Que nos sertões estavam de Caconda,
Quelimane, Sofala ou Moçambique;
Até que, já por fim desenganados
Que eram em Portugal, que portugueses
Eram também os que costumes, língua,
Por tão estranhos modos afrontaram,
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Segunda vez de pejo morreriam...


Mas eles têm desculpa. A negra fome
Os míseros mortais a mais obriga.
Sem saber o que escrevem, escrevendo
Buscam dela o remédio; e como logram
Os fins de seus intentos, o que escrevem
Seja ou não português, isso que monta?
Quem desculpa não tem, nem a merece,
É quem vedar-lho deve, e não lho veda [...]

Autores e obras árcades


Com relação aos poetas da Arcádia Lusitana, adeptos dessas novas interpreta-
ções literárias, com pouca pretensão lírica, são figuras consideradas menores e
que apenas em situações raras oferecem momentos de interesse para os leitores
(MOISÉS, 2006). Destacam-se alguns nomes: Antônio Dinis da Cruz e Silva,
Pedro Antônio Correia Garção e Domingos dos Reis Quita. Na Nova Arcádia,
destacam-se: Domingos Caldas Barbosa e Padre José Agostinho de Macedo.
Entre os dissidentes, ou seja, aqueles que renegaram a arcádia, estão: Bocage,
Filinto Elísio, José Anastácio da Cunha e Marquesa de Alorna.
À Arcádia Portuense, para além das duas principais arcádias (Arcádia e
Nova Arcádia), junto com a Arcádia Conimbricense, tem-se os Árcades de
Guimarães e a possível Arcádia Ultramarina (com Cláudio Manoel da Costa),
em que se destacam: Teodoro da Silva Maldonado, Paulino Antônio Cabral,
Abade de Jazante e João de Xavier Matos. Outro nome importante é Nicolau
Tolentino de Almeida.
No entanto, o maior poeta português do século XVIII foi Manuel Maria
de Barbosa du Bocage. Na verdade, Bocage pode ser reconhecido em
dois momentos: o que a tradição literária deixou como legado e o que se
fixou por meio de anedotas que raiavam na obscenidade grosseira. O que
mais importa é o que a tradição literária deixou para a história, visto que
ficou como mestre de uma vasta obra poética fracionada em dois setores:
o satírico e o lírico.
O Quadro 1, a seguir, a fim de organizar alguns dos autores e algumas das
obras que representam a escola árcade de Portugal, apresenta informações
mais diretas sobre autores, datas e obras.
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Quadro 1. Representação da escola árcade de Portugal

Autor Pseudônimo Obras Informações

Antônio Dinis Elpino Metamorfoses (doze Tristemente lembrado


da Cruz e Nonacriense composições) por seu papel de juiz
Silva Poesias (6 vols., durante o inquérito na
1731–1799 1807–1817) Inconfidência Mineira
O Hissope (1802)
Pedro Antô- Córidon Obras Poéticas (reuni- Mesclou a influência
nio Correia Erimanteu das postumamente clássica com a qui-
Garção em 1778) nhentista, a francesa e a
1724–1772 Discursos Acadêmicos inglesa. O teatro está em
Teatro Novo primeiro plano em suas
Assembleia ou Partida produções.
Domingos Alcino Micênio Obras poéticas (2 vols., De origem humilde,
dos Reis 1766) barbeiro de profissão, au-
Quita todidata, foi bibliotecário
1728–1770 do Conde de São Lou-
renço e sócio da Arcádia
Lusitana. Destaque para
o bucolismo quinhen-
tista em sua obra.
Domingos Lereno Viola de Lereno (2 vols., Brasileiro, mulato, nas-
Caldas Selinuntino 1798–1826) cido no Rio de Janeiro e
Barbosa falecido em Lisboa, ficou
1740–1800 conhecido pelas suas
composições populares.
Padre José Elmiro Os Burros (1827) Com fama de briguento,
Agostinho de Tangideu A Besta Esfolada travou polêmica poé-
Macedo (1828–1829) tica com Bocage, pois
1761–1831 Motim Literário em utilizava da poesia e do
Forma de Solilóquios (4 folhetim para satirizar.
vols., 1811)
Manuel Maria Elmano Sadino Idílios Marítimos (1791) Maior poeta do século
de Barbosa Rimas (3 vols. 1791, XVIII, mestre na poesia
du Bocage 1799, 1804) pornográfica, com tem-
1765–1805 peramento agressivo, im-
pulsivo e com domínio
da arte da improvisação.
Na poesia lírica, realizou-
-se plenamente.

(Continua)
O Arcadismo e a retomada de características clássicas 11

(Continuação)

Quadro 1. Representação da escola árcade de Portugal

Autor Pseudônimo Obras Informações

Filinto Elísio Padre Francisco Poesias (Paris, 11 vols., Líder do Grupo da


1734–1819 Manuel do 1817–1819) Ribeira das Naus, grupo
Nascimento criado para combater
a Arcádia, foi, além de
poeta, tradutor, e, apesar
de ser clérigo, leu livros
racionalistas franceses
proibidos pela Inquisição.
José Anastá- – Composições Poéticas Considerado um dos
cio da Cunha (poesias reunidas por pré-românticos por-
1744–1787 Inocêncio Francisco da tugueses (sua obra é
Silva, 1839) marcada de um lirismo
romântico, escreveu
poesia e muito sobre
matemática, que era a
área de seu domínio.
Marquesa de Alcipe Obras poéticas (6 vols., Oscila entre o culto
Alorna 1844) dos clássicos e dos
1750–1839 românticos, também
evidencia um caráter
pré-romântico.

Esses são apenas alguns autores e obras e algumas das características que
marcaram cada um deles no contexto do Arcadismo. Os conhecimentos sobre o
período árcade são amplos, portanto, busque sempre questionar as suas leituras
para ampliar o seu domínio do saber. Dessa forma, investigue e desenvolva
a leitura das poesias dos autores do período e identifique as características
apresentadas nestes capítulo.
Lembre-se, fundamentalmente, de que o Arcadismo, como movimento
literário de Portugal, inicia-se no final do século XVII e tem fim em meados
do século XVIII. O movimento desse período ficou conhecido como Arca-
dismo devido às Arcádias, isto é, academias fundadas por poetas, os quais
se reuniam para compor as obras poéticas que, basicamente, rejeitavam os
moldes do Barroco. Esses poetas buscavam inspiração nos pastores da Arcádia
grega. Fisicamente, não se deslocavam até o local, mas a imaginação percorria
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esse caminho, os pseudônimos pastoris eram adotados e as musas serviam de


inspiração para a composição de obras que exaltavam a vida no campo, uma
vez que apenas no campo era possível encontrar beleza, harmonia, felicidade,
etc. Esse período também pode ser denominado Neoclássico, em virtude da
sua “nova” retomada da Antiguidade Clássica, o que já havia ocorrido no
Renascimento. Por fim, lembre-se das características do Arcadismo: bucolismo,
uso de pseudônimos pastoris, exaltação da vida no campo, presença de musas,
politeísmo e referência à mitologia.

CAMÕES, L. V. Redondilhas de Camões. [2010?]. Disponível em: http://www.dominio-


publico.gov.br/download/texto/bv000163.pdf. Acesso em: 1 set. 2019.
MOISÉS, M. A literatura portuguesa. São Paulo: Cultrix, 2006.
SILVA, A. D. C. A francesia. [S. l.]: Escritas.org, [200-]. Disponível em: https://www.escritas.
org/pt/t/48508/a-francesia. Acesso em: 1 set. 2019.
WIKIPEDIA. Arcádia. 2019. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arc%C3%A1dia.
Acesso em: 1 set. 2019.

Leituras recomendadas
CAMPEDELLI, S. Y. Literatura: história & texto 1. São Paulo: Saraiva, 2005.
HAUSER, A. História social da literatura e da arte. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
MOISÉS, M. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo: Cultrix, 2010.
RODRIGUES, I. O.; SANTOS, P. R. A. Literaturas de língua portuguesa: história, sociedade
e cultura. Ilhéus: Editus, 2012.
SARAIVA, A. J.; LOPES, O. História da literatura portuguesa. 6. ed. Porto: Porto, 1996.
SPINA, S. A lírica trovadoresca. São Paulo: EDUSP, 1991.
Dica do professor
Poeta singular, Bocage impregnou os seus escritos com suas experiências de vida. Grosseiro,
obsceno, dramático, sentimental e melancólico, escreveu sonetos de verdadeira amplitude poética.

Nesta Dica do Professor, você vai conhecer um pouco da trajetória de vida do poeta. Considerado
o maior poeta do período árcade, mesmo que, em certo grau, tenha renegado certos ideários do
movimento e feito parte da Nova Arcádia, possibilitou novos olhares para uma produção livre do
enraizamento barroco.

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Exercícios

1) O Arcadismo, como escola literára de Portugal, compreende um retorno às características


clássicas.

Assinale a alternativa correta sobre o contexto de desenvolvimento dessa escola literária em


Portugal:

A) O Arcadismo emerge em um contexto cultural marcado pelo Renascimento na Europa,


permeado por todas as transformações renascentistas e pela ideologia pregada no período.

B) Com ideários predominantes na clareza, na linearidade, na objetividade e na harmonia, com a


exaltação da razão, o Arcadismo não atinge Portugal e não influencia o período árcade em
Portugal.

C) Aos moldes do Classicismo, o Arcadismo retoma os clássicos greco-latinos no sentido de


produções que copiassem o que era considerado como modelo de perfeição e
proporcionalidade.

D) O contexto histórico e social do período árcade em Portugal não evidencia acontecimentos


significativos; mantêm-se resquícios do período anterior e pouco se percebe de modificação
nas produções literárias da época.

E) O Arcadismo é considerado como a quinta escola literária de Portugal, surgindo em um


contexto de grandes transformações em toda a Europa. Um dos principais acontecimentos e
influências foi na Revolução Francesa.

2) Ao longo da história literária de Portugal, alguns nomes recebem destaque pela importância
na divulgação das mudanças e na consolidação de novos ideários.

Entre eles, Luís Antônio Verney (1713-1792) é significativo para a consolidação do


Arcadismo em Portugal. Assinale a alternativa que justifica essa afirmação.

A) Verney trouxe para Portugal ideários renascentistas da Itália e, com o apoio de D. João VI, rei
de Portugal, publicou textos sobre a área de humanas e consolidou o ensino jesuítico em
Portugal, que depois se estendeu por todas as colônias.

B) Verney publicou importantes textos em que salienta os ideários iluministas, trazendo uma
bagagem de conhecimento de fora de Portugal. Reforçou o movimento de crise do ensino
religioso e medieval, gerando uma transição para o ensino laico e aberto para novas ideias.
C) Verney apoiou o rei D. João V e reforçou os ideários medievais nas escolas portuguesas. Seu
principal objetivo era fazer a manutenção o ensino jesuítico e teocêntrico para reforçar o
poder da monarquia, expandindo os idários por onde fosse possível.

D) Verney foi muito influente para consolidar o movimento que defendia a permanência dos
ideários barrocos. Além disso, buscou trabalhar evitando que as ideias iluministas invadissem
o solo ibérico.

E) Com a publicação de 16 cartas, propôs a reforma no ensino português, ou seja, a Igreja


deveria controlar a prática de ensinar, e as ideias novas do Humanismo deveriam ser evitadas
e afastadas dos bancos escolares.

3) O setecentismo, ou Arcadismo, é uma escola literária com características específicas.


Mesmo sendo uma retomada dos clássicos, essa escola apresenta especificidades.

Sobre o movimento árcade em Portugal, assinale a resposta correta.

A) As produções literárias do Classicismo seguem um movimento anti-Borroco. Dessa forma,


buscam nos clássicos o modelo de perfeição poética; portanto, os temas e a forma de
composição são os mesmos do Classicismo português.

B) Distante das ideias do Classicismo, os árcades representavam uma releitura dos moldes
clássicos. A regra deveria ser seguida, os moldes eram rígidos, o sentimentalismo deveria ser
evitado.

C) A intenção de alguns escritores árcades é romper com o pensamento barroco, pois entendem
que a produção dessa escola literária corresponde ao desequilíbrio e à decadência dos valores
clássicos.

D) Todos os autores da escola árcade estiveram alinhados, ou seja, todas as produções literárias
do período tinham musas inspiradoras, os autores utilizavam pseudônimos e aceitavam os
princípios do arcadismo.

E) Bocage, em seus escritos, apresenta as principais características desse movimento. Distante,


portanto, dos românticos e inserido plenamente no movimento árcade, seguiu à risca os
modelos clássicos.

4) O Arcadismo, termo proveniente de Arcádia, nome de uma lendária província grega, serve
de inspiração para os autores árcades portugueses.

Assinale a alternativa que indica corretamente o que representava, para os árcades


portugueses, retornar para essa região imaginária, uma vez que fisicamente não se
deslocavam para essa região, mas a utilizavam como fonte de inspiração.

A) O retorno aos clássicos está na busca da beleza, da natureza e da harmonia entre homem e
natureza. A arcádia lusitana remetia à região grega por esta ser símbolo desses elementos:
paz, tranquilidade, felicidade, contemplação, etc.

B) É no retorno aos clássicos que os autores do Arcadismo encontram inspiração; nas cidades
com desenvolvimento urbano, encontram inspiração para as suas poesias.

C) Nos ideários do movimento do Arcadismo português, o bucolismo é renegado. Busca-se um


equilíbrio apenas possível no desenvolvimento das cidades. A educação se modifica, a
objetividade não tem sentido.

D) O epicurismo como busca por um estado de equilíbrio é visto como utopia pelos árcades; o
medo impera, e só é possível o desfrute dos prazeres espirituais pelo exagero e pelo medo.

E) Os autores árcades adotam pseudônimos pastoris com a intenção de “fingimento” poético; o


objetivo é não identificar quem são os verdadeiros poetas, pois a Inquisição não permitia esse
tipo de produção.

5) Bocage, como principal autor do Arcadismo, ficou reconhecido pelos sonetos escritos. Observe:

Assinale a alternativa que discorre corretamente sobre os sonetos de Bocage:


A) Bocage, em seus sonetos, a exemplo do recorte citado, evita o pessoalismo, busca na
exacerbação dos sentimentos traduzir em palavras o achado exterior dos sofrimentos do
homem.

B) Com a lição do corte do soneto, insere a sua marca nos escritos: o pessoalismo. Caracteriza a
sua poesia por um rebelde libertarismo emocional que muitas vezes é violento e gritante, mas
que em outras situações é calmo e idealista.

C) Bocage é o principal autor da escola árcade por ser adepto do movimento e dos ideários do
movimento. Em seus escritos, reforça a ideia do Arcadismo e renega os dissidentes do
movimento.

D) Entre outros autores, Bocage é o autor símbolo do Arcadismo em Portugal. Distante


completamente do movimento pré-romântico, se consolidava como principal representante
do Arcadismo português.

E) Bocage busca um retorno dos ideários medievais. A beleza, o equilíbrio e a razão apenas são
possíveis em um ideário distante do apresentado pelos gregos e pelos romanos.
Na prática
Bocage merece enorme atenção no estudo do Arcadismo. Com uma singular produção, foi mestre
de um lirismo com base nas suas experiências pessoais. Com uma trajetória de vida marcada pela
decepção, pela tristeza e por amores passageiros, escreveu sonetos que marcaram a história da
literatura, tornando-se, inclusive, um dos três maiores sonetistas da história da literatura do
Portugal.

Na obra poética de Bocage, encontram-se refletidas as experiências pessoais do poeta. Inserido nos
moldes do modelo árcade, ele permite espaço para a presença de seus conflitos internos traduzidos
em sua poética. Seduz os leitores com um tom pessoal, convidando-os a testemunhar sobretudo
sobre seus devaneios amorosos. Dessa forma, já traça indícios do Romantismo, antecipando o
período literário que viria a seguir.

Acesse Na Prática e saiba um pouco mais sobre a significativa produção lírica de Bocage. Visite um
soneto em que se evidencia o sujeito sofredor e outro em que o autor se centra na temática de
amor e morte.

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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

A Revolução Francesa e seu eco


Para conhecer um pouco mais sobre o período histórico em que o Arcadismo se consolida como
escola literária em Portugal, acesse o texto a seguir e aprofunde os seus conhecimentos sobre a
Revolução Francesa e os seus ecos.

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Arcadismo e suas influências


Neste vídeo, a professora Tati Leite apresenta de forma descontraída e descomplicada o período
árcade, também chamado de Neoclassicismo, de modo a compreender suas principais
características e influências. Confira.

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Autores e escritores
É sempre importante pesquisar sobre os autores do período e identificar as produções literárias.
Para isso, acesse o site a seguir e pesquise sobre autores do Arcadismo para ampliar o seu saber.

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