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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ


CAMPUS XI – SÃO MIGUEL DO GUAMÁ
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA
HISTÓRIA MODERNA I

PLANO DE AULA – ENSINO MÉDIO

I – IDENTIFICAÇÃO:
ESCOLA: Centro de Aprendizagem Desenvolvido e Percepção- CEADEP
PROFESSOR: Mateus Mesquita dos Santos
DISCIPLINA: HISTÓRIA
SÉRIE/CICLO: 2 ° ano
DATA: 29/10/2020
PERÍODO: 135 MINUTOS 3 H.A.

II – OBJETIVOS:

Geral:

Analisar a historiografia sobre a constituição da Modernidade, debater a questão de uma


ruptura entre a Idade Média e o tempo moderno, a partir da secessão criada do século
XV, pelos homens modernos Renascentistas.

Específicos:

• Explicar o significado de “modernidade” e suas lógicas de inclusão e exclusão, com


base em uma concepção europeia.
• Perceber os agentes envolvidos nesse processo de transição para a Modernidade;
• Compreender a problemática envolvida sobre a constituição do tempo moderno na
historiografia;
• Debater o legado e a importância desse novo olhar, e contribuições para herança
do mundo ocidental atual;

III – CONTEÚDO PROGRAMATICO:


UNIDADE I – O mundo moderno
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1
A Modernidade: constituição, rupturas, permanências e significados.

Mateus Mesquita2

A concepção de Modernidade iniciou-se nos meados do século XIV, como afirma Peter
Burke (2008)3, a partir desse período um crescente número de acadêmicos, escritores e
artistas, principalmente na Itália e também em outras regiões da Europa, contrapõem-se
aquilo que denominavam de “Idade das trevas”, compreendido pela Idade média. Esses
novos ares de Modernidade, se dava pelo fato de conseguirem alcançar uma era de
“luzes”, onde o continente europeu passou por diversas transformações ao longo de sua
história, mas só a partir do século XV, criou-se a ideia de um tempo moderno pelas
transformações científica, tecnológica e culturais, que a Europa ocidental chegará.

Para entender a Modernidade, é preciso analisar a visão de mundo que homem moderno
alcançou a partir do século XV, com o Renascimento, em negação ao período da história da
humanidade conhecida e delimitado de Idade Média, séculos IV ao XV. Partindo desse
olhar, poderemos compreender a nova visão de mundo.

Houve uma espécie de pré-conceito criado sobre o período da Idade Média, antecessora da
Idade moderna, como bem colocado pelo autor Hilário Franco (2006), e possível perceber
que influenciados pelo Renascimento, os homens da Modernidade, desprezaram o
período da Idade Média, o mesmo deveria ser esquecido da história, pois para eles, a Idade
média foi um longo tempo de atraso e barbárie e que esses modernos estariam retomando
o progresso humano iniciado. Leia com atenção a citação a seguir, do historiador Hilário
Franco Jr (2006), que explica esse pré-conceito criado pelos Modernos sobre a Idade
média:

Portanto, o sentido básico mantinha-se renascentista: a “Idade


Média” teria sido uma interrupção no progresso humano,
inaugurado pelos gregos e romanos e retomado pelos homens
do século XVI. Ou seja, também para o século XVII os tempos
“medievais” teriam sido de barbárie, ignorância e superstição.
Os protestantes criticavam-nos como época de supremacia da
Igreja Católica. Os homens ligados às poderosas Monarquias
absolutistas lamentavam aquele período de reis fracos, de
fragmentação política. Os burgueses capitalistas desprezavam

1
Texto produzido como recurso para os alunos do 2° do ensino médio, como parte a introdução do estudo a
Era Moderna.
2
Discente do curso de licenciatura em História pela Universidade do Estado do Pará- UEPA, Campus XI.
3
BURKE, Peter. O mito do Renascimento. In: O Renascimento. São Paulo, Nova Alexandria, 2010. pp 09-
16.
3
tais séculos de limitada atividade comercial. Os intelectuais
racionalistas deploravam aquela cultura muito ligada a valores
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espirituais.

Em contrapartida, o historiador Peter Burke (2008) vai desmitificar a ideia do que era o
homem moderno, que foi criado a partir do século XV pelos Renascentistas, o autor
defende que, os homens do Renascimento eram bastante medievais também, seja no
comportamento, nas crenças e ideais, são tanto tradicionais do que se julgavam.

Desse modo, Burke (2008) afirma que o Renascimento foi um mito e certamente deve se
desvincular essa perspectiva de uma visão única e universal da história, somente
contemplando a Europa ocidental, mas abrir horizontes para acontecimentos que no
mesmo período ou antecessor ao Renascimento, de modo que atribua valor igual a diversos
movimentos de maior ou menor importância nas respectivas culturas, defende a ideia
também de Arnold Toynbee, que descobriu renascimentos fora da Europa, e a sua tentativa
de contextualizar o Renascimento na história mundial.

Um outro historiador que pode contribuir é Franco (2006), em sua obra voltada para o
estudo da Idade Média, propõe que, a Idade média foi um período de permanências - No
âmbito do patrimônio dos costumes, herança de câmbio, linguísticas, e religiosas,
permaneceram ao logo dos tempos, inclusive na Modernidade, e a própria constituição do
mundo ocidental atual é herança da Idade Média, ou seja, reforçando essa ideia do mito do
Renascimento. E rupturas, pelas novas concepções científicas, econômicas, políticas e
religiosas iniciadas no século XV, daí em diante historicamente é delimitado o fim desse
período e início do moderno. Mas sobre a periodização há certas questões a serem
discutidas.

Ainda sim, é válido questionar a própria periodização da Idade Moderna, pelas discussões
apresentadas por Jean Delumeau (1994)5a Modernidade que nasce a partir do
Renascimento e vai até o século XVIII, por outrora não deveria haver essa ruptura criada
para separá-la da Idade Média, pois a era moderna além das contradições, não teve tanta
influência, que para o autor é preferível caracterizar o período como uma história longa que
vai do século XIII ao XVII. Esse recorte temporal defendido pelo autor, se dá pela conclusão
de que o Renascimento foi um mito, consequentemente essa separação criada a partir do
século XV pelo Renascentistas, e que se perpetuou ao longo da história, seja um tanto
complexa e errônea no que cabe a questão de periodização para a historiografia.

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In: FRANCO Jr, Hilário. O (pré) conceito de Idade Média; A Idade Média para os renascentistas e
iluministas. In: Idade Média: nascimento do ocidente. 2° ed. e ampl. - - São Paulo: Brasiliense, 2006, p. 36-37.
5
DELUMEAU, J. A Promoção do Ocidente. In: A Civilização do Renascimento, Volume 1. (Lisboa, Estampa,
1994), pp. 19-24.
4
Portanto, O que foi a Modernidade? Os seus significados? Para respondermos tais
questões, como vimos a partir das discussões dos historiadores, foram as novas formas de
situar as relações do homem-natureza, os processos de secularização, laicização, também
o racionalismo e o individualismo, ao nível de ideologias configurou a Modernidade como
uma verdadeira revolução filosófica e científica. Então a era Moderna foi uma promoção do
ocidente, época que a Europa através das modificações materiais e mentais permitiu a
civilização europeia avançar desde os séculos XIII ao XVII. Portanto, a Modernidade é o
espaço-tempo de novas visões de mundo, particularmente em formas diferentes segundo a
época e lugar.

Referências bibliográficas:

BURKE, Peter. O mito do Renascimento. In: O Renascimento. São Paulo, Nova


Alexandria, 2010. pp 09-16.

DELUMEAU, J. A Promoção do Ocidente. In: A Civilização do Renascimento, Volume 1.


(Lisboa, Estampa, 1994), pp. 19-24.

FALCON, Francisco José Calazans. Introdução à História Moderna. In: História Moderna
através de textos. Ademar Marins Marques, Flávio Costa Berutti, Ricardo de Moura Faria
(org.)-10. ed, São Paulo: Contexto, 2003, p. 11-14.

FRANCO Jr, Hilário. O (pré) conceito de Idade Média; A Idade Média para os
renascentistas e iluministas. In: Idade Média: nascimento do ocidente. 2° ed. e ampl. - - São
Paulo: Brasiliense, 2006. p. 29-38.
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IV – METODOLOGIA:

Durante a aula, com o intuito de promover aos alunos o conhecimento da concepção de


Modernidade, a partir do bebate historiográfico acerca das transformações ocorridas no
século XV, e que permitiram esse olhar contemporâneo dos homens daquele tempo
sobre o conceito de Modernidade que os mesmo criaram, a partir das ideologias do
Renascimento, por outra também salientar a questão dessa nova perspectiva de
contemplar o mundo e novas relações estabelecidas, o individualismo, o racionalismo, a
lascisacão e secularização. Como também os significados da Modernidade para o mundo
ocidental atual em que os alunos vivem.
É importante ressaltar que a aula levará em conta o diálogo como ferramenta
educacional e libertadora, nas palavras de Paulo Freire (1987), na relação educador-
educando, o diálogo pode acontecer, também ser problematizador na medida que se
construí de maneira desestruturada, o conhecimento se faz assim, e não de forma
imposta ou uma educação, como de práxis na educação bancária.
Dessa forma, Freire (1987) diz que o diálogo é uma forma pedagógica de alcançar o
conhecimento, pois estes não se faz “A” para “B” ou de “A” sobre “B”, mas “A” com “B” é
nessa perspectiva que podemos construir uma educação autêntica. Também
problematizar diversas questões sobre a historiografia sobre o período Moderno, e as
permanências (heranças) daquele período.

 Divisão do tempo das aulas em momentos:


• 1° momento:

Apresentação do tema, conversa com os alunos sobre o período, e


questionamentos serão feitos para instigar os alunos a se interessarem sobre o
assunto.
• 2° momento:

Explicar de forma analítica o período que atencede a Modernidade, e


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consequentemente a ruptura com a chamada Idade Média.
• 3 ° momento:

Distribuição do texto base, leitura individual e posteriormente em classe de forma


comentada. Também ressaltar alguns pontos importantes do texto para melhor
compressão dos alunos.
• 4° momento:

Permitir uma dinamização de diálogos, onde os alunos expressarão o que lhe


chamaram a atenção, o que entenderam e por fim construir com eles o legado da
Modernidade e construção de uma mapa mental, e como tarefa extra-classe
redigirão um texto argumentativo e dissertativo sobre suas considerações e das
experiências e conceitos que apreenderam sobre a Modernidade.

V- RECURSOS:
• Pincel;
• Quadro branco;
• Caneta;
• Apostila;
• Folhas de papel A4;

VI – AVALIAÇÃO:
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Depois de explorar os antecedentes, as transformações científicas, filosóficas, religiosas e
culturais e uma nova concepção de espaço-tempo a partir da Modernidade, no quarto
momento além da dinamização de diálogos, que por meio destes serão analisados se
alunos conseguiram compreender os objetivos específicos e a importância desse tema.
Como também por meio de um produção coletiva, o professor com o auxílio dos alunos
criarão de maneira sistemática e esquematizado, um mapa mental com os alunos, para
entender os antecedentes, configuração temporal a cerca do período estudado, os
movimentos ideológicos, políticos e culturais, como também heranças e significados de
Modernidade. E para fins de análise individual, será cobrado um texto dissertativo-
argumentativo sobre o tema, onde os mesmo a partir de suas experiências, conceitos e
conhecimentos a partir desta aula redigirão este texto com num máximo trinta linhas, para
conseguir avaliar a escrita, organização de ideias e seus conhecimentos sobre o assunto.

VII– CRONOGRAMA:

Momentos Tempo
1° Momento 20 minutos

2° Momento 30 minutos

3° Momento 40 minutos

4° Momento 40 minutos
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VIII – BIBLIOGRAFIA:
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base. Brasília,
MEC/CONSED/UNDIME, 2017

BURKE, Peter. O mito do Renascimento. In: O Renascimento. São Paulo, Nova


Alexandria, 2010. pp 09-16.
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DELUMEAU, J. A Promoção do Ocidente. In: A Civilização do Renascimento, Volume 1.
(Lisboa, Estampa, 1994), pp. 19-24.

FALCON, Francisco José Calazans. Introdução à História Moderna. In: História


Moderna através de textos. Ademar Marins Marques, Flávio Costa Berutti, Ricardo de
Moura Faria (org.)-10. ed, São Paulo: Contexto, 2003, p. 11-14.

FRANCO Jr, Hilário. O (pré) conceito de Idade Média; A Idade Média para os
renascentistas e iluministas. In: Idade Média: nascimento do ocidente. 2° ed. e ampl. - -
São Paulo: Brasiliense, 2006. p. 29-38.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido, 17°. ed. Editora Paz e terra, Rio de Janeiro,
1987.

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