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RESPOSTAS SOBRE AS SUPOSTAS PERGUNTAS

1)

Le Goff faz parte da terceira geração da Escola/Movimento dos Annales, sendo essa um movimento
que se volta para a Idade Média, os medievalistas. Um historiador da segunda geração influenciou
muito os futuros historiadores, com o conceito de curta, média e longa duração, o medievalista em
questão é Fernand Braudel. E vai ser o conceito de longa duração que Le Goff vai utilizar para
explicar como a Idade Média se alongou até o século XVIII.

Esse conceito de forma geral, fala que na longa duração, dimensões da sociedade como cultura,
religião, tradição, etc., demoram mais para ser alteradas, pois são conceitos que ficam intrínsecos na
mentalidade humana, assim ele cita como a Antiguidade ainda se via presente na Idade Média, em
nesses mesmos aspectos, e do mesmo jeito, conceitos criados na Idade Média ainda ficam presentes
no dito “Renascimento” com “r’ maiúsculo, e na dita Modernidade. Havendo uma ideia de
continuidade do processo social, político e econômico da idade média. De certa forma, a Idade
Média de Le Goff chega até o século XVIII, acabando de vez com o surgimento da indústria, ou seja, a
Revolução Industrial.

2)

De forma resumida, essa lógica de renascimento é indissociável pelo fato de que dentro da Idade
Média acontece dois renascimentos, um no século VII-IX, que foi com Carlos Magno, que começou a
ser traduzido as escrituras e sendo escrito outros textos, assim sendo um período dos livros, e um
outro renascimento no século XII, com um ressurgimento de obras latinas. Assim sendo, o
Renascimento com “r” maiúsculo é um conceito ainda medieval, tendo em vista que ele se vê
presente dentro do período medieval, segundo Le Goff. De certa forma, isso implicar em mudar o
conceito de Idade Média, pois altera a forma como vemos esse período, pois agora dentro dele não
é algo monótono ou morto, mas algo vivo e que contém uma efervescência cultural, mesmo que
reprimida pela igreja.

3)

Para explicar esse trecho, faz-se necessário entender o que é um fato histórico. De maneira geral,
um fato histórico são os acontecimentos, que podem estar presente em documentos, fotos,
construções, etc., sendo assim, o historiador que vai se debruçar sobre isso, pode utilizar desses
fatos para contar uma história da maneira que entender, pois os fatos não escapam das ideias e
visões de mundo de um historiador, afetando a maneira como esses são apresentados. Sendo assim,
Le Goff quer dizer que o mesmo vale para a periodização da história, que não é feita de modo
neutro, um bom exemplo é a periodização que utilizamos até hoje, a de Jakob Burckhardt, que para
enaltecer os acontecimentos do Renascimento, teve de rebaixar a Idade Média, ou seja, existem
questões ideológicas dentro dessa periodização.

Olhando por essa ótica, Le Goff alerta que isso pode ser nocivo para um bom entendimento dos
acontecimentos históricos, pois dá uma ideia errada do que foi esses períodos, além disso, essa
forma pode acabar ignorando certos aspectos de um período, sendo esse o fator pelo qual Le Goff
utilizada do conceito de Fernand Braudel de Longa Duração, para explicar a Idade Média.

4)

Separando a questão em partes, na primeira frase, da página 58, Le Goff diz que a Idade Média só
surge no século 17, definitivamente, pois no século anterior tinha alguns amantes do clássico, daí já
é visível o campo que esses amantes do clássico veem o período medieval, como Petrarca com o
conceito de tenebrae, o bispo Giovanni Andrea com o media tempestes e o Giorgio Vasari, que
popularizou o termo que mais tarde seria utilizado para jogar a idade média definitivamente nas
trevas, o “Renascimento”. No entanto, o século 17 vai ser visto pelos contemporâneos a esse tempo,
como o século que definitivamente vai colocar a Idade Média como obscura, com o Alemão
Christoph Keller. Portanto, o século 16 via a Idade Média como a interrupção do progresso da
humanidade, mas o século 17 vai esses tempos medievais vai ser ainda um período de barbárie,
ignorância e superstições.

Agora com relação a segunda parte, precisamos entender como a essa periodização ficou
instaurada. No século 19, surge um personagem que chamado Jakob Burckhardt, um historiador,
que criou a periodização que usamos até hoje, olhando para o passado e enaltecendo o período que
no mesmo século ficou conhecido como “Renascimento”, ou se ja, a Idade Média e o Renascimento
são duas coisas indissociáveis, pois para um ser maior e melhor, o outro teve de ser rebaixado a um
período medíocre.

5)

Lendo o livro inteiro de Le Goff e tentando compreender as suas ideias sobre a Idade Média, eu
cheguei à conclusão de que sim, a Idade Média é sim criadora, a questão é que do mesmo jeito que
Le Goff aponta que essa questão de criar, de novidade, é algo abominável, sobretudo pelo fato da
igreja, que era a detentora do saber intelectual não gostar desse termo “novitas”.

No entanto, os contemporâneos desse tempo “irracional” vão se utilizar dessa falta de


reconhecimento de algo novo, para justificar o rebaixamento da Idade Média para algo obscuro e
tenebroso, onde só existia a sombra da igreja pairando sobre esse ocidente medieval.

Então para mostrar como a Idade Média era sim criadora, Le Goff parte do ponto de vista para
estudar esse período a própria Idade Média, utilizando de novas técnicas metodológicas e de novas
fontes, como sermões, manuscritos, o livro-códex, etc., colocando na mesa as invenções desse dito
período medíocre.

Para começar, na dimensão intelectual, a Idade Média contém aí dois dos maiores filósofos e
teólogos de seu tempo, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, que no mesmo modo como irão
fazer mais tarde (e novamente) os Renascentistas, irão pegar da Antiguidade greco-romana, filósofos
para elaborar novos pensamentos. Santo Agostinho trás para esse período o pensamento de Platão,
introduzindo conceitos filosóficos e teorias do mesmo, no pensamento cristão, dessa forma, Santo
Agostinho cristianiza o pensamento “pagão” de Platão, assim conseguindo unir a teoria das ideias e
os dois mundos na religião, criando os conceitos de Reino do Céu e Reino da Terra, que são
amplamente utilizados no decorrer não só da Idade Média, mas como também no Renascimento.

Do mesmo modo Tomás de Aquino faz com Aristóteles, cristianizando suas ideias e conceitos
filosóficos para tentar explicar Deus, do mesmo jeito que Agostinho queria (só que esse através da
razão, ou seja, um racionalismo), mas agora de uma forma empirista, ou seja, queria provar que
Deus podia ser visto na natureza, no mundo material, e que era uma forma primaria de conhecer e
entender Deus, mas dizia que era uma forma primitiva, e que para ter um maior aprofundamento,
deveria ler bíblia.

Sem contar também das universidades, que surgiram na Idade Média e que se perpetuam até hoje
no mundo inteiro, utilizando ainda os conceitos de bacharelado e licenciatura que também vieram
desse período medieval. Além disso, existiu uma legitimidade na intelectualidade, pois eram pessoas
que davam aula, ou seja, trabalhavam com isso, assim não estavam cometendo pegado algum, pois
segundo a igreja, o trabalho já era pecado suficiente. Ademais, começou a surgir, segundo Le Goff,
uma visão crítica das Escrituras, criado pela própria exegese, no século XIII.

Agora falando da questão econômica, a idade média também se manteve ativa, de certo nos
primeiros momentos teve uma queda do movimento comercial, mas que no século XII vai surgir uma
profissão chamado mercador-banqueiro, que recebia esse nome pois para exercer a contagem de
moedas, se situava em um balcão, daí vem o nome banco.

O fato de a igreja ser completamente contra os mercadores e o dinheiro, segundo Le Goff, era uma
farsa, que esse fato foi algo imputado pelas Luzes e retomado no século XIX. Do contrário, a igreja
não era contra e nem impedia que os mercadores fizessem dinheiro, mas não tirava o fato de que
isso impediria o seu caminho ao céu. Assim percebe-se que as luzes queriam colocar na figura da
igreja a questão de ser opositora do progresso. Além disso, com o avanço dessas riquezas e
comercio, essa profissão se legitima, assim os clérigos também começavam a se beneficiar desse
dinheiro.
No quesito militar, a Idade Média também é dinâmica, por exemplo quando o Carlos Magno e sua
armada era bem equipada e tinha uma organização de batalha. Ela era composta por cavaleiros,
tropas montadas lutando com lanças, lanças de cavalaria e espadas, e protegidos por uma cota de
malha chamada “hauberk”. Além disso, a formação que era utilizada para combate era
quadrangular.

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