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A invenção e as primeiras transformações da ideia de idade média

Primeiras menções
1469 “media tempestas” Giovanni Andrea./ 1604 “medium aevum”/ Séc XIV “Tenebrae”
-A idade média para os renascentistas:
Renascimento x Idade Média (oposição)
Para os renascentistas, a ideia estava relacionada com o renascimento, da língua latina e
da arte clássica, em referência à antiguidade romana.
Por isso a idade média era vista como um período de intervalo entre os padrões estéticos
elevados da antiguidade, que os renascentistas quiseram recuperar. Ou seja, trata-se de
uma forma essencialmente pejorativa de caracterização de idade média, visto que valoriza
dois períodos: a Antiguidade e o renascimento.

O século XVII e XVIII, marcados pelo iluminismo, não só reproduziram essa ideia pejorativa
de idade média, como desenvolveram ainda mais. Caracterizaram como um período de
decadência filológica e estética à decadência social.
Para os renascentistas, a idade média tinha sido uma interrupção no progresso humano,
inaugurado pelos gregos e romanos e retomado pelos homens dos século XVI. "Barbárie,
ignorância e superstição” FRANCO, JÚNIOR, Hilário.2001. “Preconceito da idade média”

Idade média para os românticos:


A idade média como origem das nações modernas.
Foi marcada pela nostalgia e romantização da Idade Média. Visão positivada. Importância
da idade média para o nacionalismo. Em síntese, a ideia de idade média criada no século
XIX, rompia com a ideia criada no século xvi e reforçada no século xviii.
A ideia de idade média se move entre os extremos: Negativa e positiva. Pejorativa ou
romantizada.
“A idade média aparece como um espelho deformado. Como o negativo da modernidade”
Qual é a verdadeira idade média?
Apreensões parciais de conteúdos verdadeiros. Existem elementos reais em ambas as
perspectivas de idade média, mas são elementos insuficientes para caracterizar o período
como um todo. E a parcialidade foi exagerada até o limite do absurdo.

O que isso diz com a ideia de idade média dos historiadores do século XX e XXI?
A nossa ideia é uma apreensão parcial da realidade, mas é uma apreensão menos parcial
do que aquelas. Isso é resultado do desenvolvimento científico da história.
O nosso olhar sobre o passado é sempre determinado pela nossa inscrição em um presente
historicamente específico.

Os recortes: Quando foi a Idade Média?


Cronologia tradicional: Do século V ao século XV
Marcos iniciais:
-313: Reconhecimento da liberdade de culto aos cristaos (Édito de Milão)
-392: Cristianismo como religião oficial do império (Édito de Tessalônica)
-476: Deposição do último imperador romano por Odoacro

Marcos finais
-1453: Queda da constantinopla
-1492: Conquista da América e fim da “Reconquista”(granada)
-1517: Início da reforma protestante.

Recortes temporais

Divisões internas:
Primeira idade média-alta idade média- idade média central-baixa idade média

OU

Antiguidade tardia-Alta idade média-Baixa idade média.

OU

Alta idade média (Séc V até o X) -Baixa idade média (Séc X até o XV)

Forma de dividir ainda mais a idade média.

Recortes espaciais

Uma idade média europeia. A história da ideia de idade média e de sua transformação é
determinante.
A forma de pensar na Idade média ela é restrita a Europa ocidental, mas é possível pensar
numa idade média mediterrânea (amplia para uma parte da áfrica e uma parte da ásia)
afro-euroasiatica,
Pensar numa idade média Planetária

O que significa dizer que a ideia de Idade Média foi "inventada" e, posteriormente,
"transformada"? Em quais contextos históricos isso aconteceu? Qual é a importância
desses processos para os historiadores?

Ao afirmar que a ideia de idade média foi inventada, cria-se o pensamento que o
período abordado foi determinado a partir de concepções criadas posteriormente,
contudo, com inúmeras variações, tanto positivas, quanto negativas. Deixando, assim,
parcialmente a falta de comprometimento com a realidade. Algo curioso para
comentar é a utilização do historiador Hilário Franco, que, ao se tratar desse período,
fala de “Preconceito da idade Média”, sabendo que, semanticamente, preconceito é
algo que é concebido antecipadamente, fica, então, evidente que a constituição desse
ideário é inconsistente.
Tratando-se das “transformações”, torna-se fundamental mencionar algo que foi dito
durante a explicação, na qual o professor compara a idade média com um espelho
deformado; com isso, entende-se que essas ideias foram distorcidas pelas distintas
narrativas, com o intuito de beneficiar um discurso de acordo com o contexto
histórico. Dessa maneira, o primeiro juízo criado acerca do tempo medievo, foi no
Renascimento, que reconhecia essa época como uma “interrupção no progresso
humano” (FRANCO, JÚNIOR, Hilário.2001.) estabelecendo um imaginário
insultuoso. Tal linha de raciocínio foi também adotada pelos iluministas,
demonstrando a temporalidade como se fosse uma etapa de decadência social e
crise na história. Em contrapartida, os românticos viam esse período como positivo
e importante, sempre com uma exposição romantizada.
Com isso, surge a questão que, ao meu parecer, é a primordial para o debate: Qual é a
importância desses processos para os historiadores? É fundamental. Existem
inúmeras formas de se conhecer a realidade, que se expressam tanto na arte quanto
na ciência, literatura e outros espaços. O historiador deve receber com modéstia o que
é apresentado, e como na história há disputas de narrativas, é indispensável entender
os processos para as portas para o conhecimento científico se abram. Dessa forma,
tendo um maior comprometimento com a realidade.

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