Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ANTIGA
Introdução
Muitas produções artísticas e culturais são responsáveis pelas imagens
que as pessoas costumam ter em mente ao pensar na História Antiga.
Essas representações estão constantemente interpelando a produção
historiográfica e, por sua vez, a historiografia problematiza as formas
de uso desse passado. Mas, para além da interação entre uma história
acadêmica e uma “história pública”, que outros questionamentos são
possíveis a respeito da História Antiga? Será que todos os povos, de todo
o mundo, se encontraram, ao mesmo tempo, em um momento histórico
chamado “História Antiga”? Quem criou essa nomenclatura e com quais
interesses? Como enfrentar o debate sobre o ensino da História Antiga
e do eurocentrismo?
Neste capítulo, você vai estudar a História Antiga. Você vai ver como
ela surgiu e se consolidou dentro da historiografia. Você também vai
conhecer algumas fontes utilizadas para a escrita da história desse pe-
ríodo. Por fim, vai conhecer alguns autores, brasileiros e estrangeiros,
pesquisadores do período, bem como alguns temas da História Antiga.
A História Antiga foi concebida como o período que vai do surgimento da escrita
(aproximadamente 4000 a.C.) à queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.).
4 História Antiga
Essa situação parece ter especial importância por dois motivos. O primeiro é
a base da crítica à História Antiga. Em termos panfletários, pode-se dizer que
ela não nos serve, que ela é necessariamente imperialista, que ela contribuiu
para a organização de uma identidade periférica na maior parte do planeta,
inclusive no Brasil. Muitos desses argumentos são bastante válidos, mas
sua validade é parcial. A História Antiga vem mudando e essas mudanças
apresentam um forte componente autocrítico. Por exemplo, a perspectiva
racista dos Estudos Clássicos ao longo do século XIX e XX, apresentada
por Martin Bernal (1990), ainda é tema de debate e promoveu uma ampla
reflexão sobre alguns critérios narrativos da História Antiga. O que quero
dizer é que a crítica estabelecida à História Antiga (se ela é importante ou
não para nós) deveria partir de um conhecimento mais profundo do campo.
Sem isso, restam apenas impressões um tanto desatualizadas sobre ela, o
que afeta sensivelmente a qualidade do argumento crítico (FRANCISCO,
2017, p. 55–56).
Além disso, como afirma Francisco (2017), hoje se desenvolve uma cons-
ciência crítica em relação à História Antiga. Atualmente, é mais aceita a
ideia de que não é possível elaborar narrativas em termos exclusivos de uma
herança cultural. Isto é: sabe-se que não existe uma linha direta entre o mundo
contemporâneo e o antigo. O fato de existirem elementos “antigos” presentes
no cotidiano atual não significa que a contemporaneidade seja herdeira dos
gregos e dos romanos; talvez signifique, contudo, que tenha herdado um
projeto moderno europeu que estabeleceu uma trajetória civilizatória a partir
História Antiga 5
https://qrgo.page.link/zDRWf
Você sabe o que é cultura material? Veja o que afirma Meneses (1983, p. 112):
A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando eles exis-
tem. Mas ela pode fazer-se, ela deve fazer-se sem documentos escritos, se
os não houver. [...] Numa palavra, com tudo aquilo que pertence ao homem,
depende do homem, serve o homem, exprime o homem, significa a presença,
a atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem.
Temáticas de pesquisa
Desde a constituição da história enquanto disciplina, no século XIX, houve
interesse na pesquisa e no estudo da Antiguidade. Contudo, o desenvolvimento
dessas investigações foi distinto de acordo com o período histórico e com o
local de produção. Naquela conjuntura, por exemplo, a história do mundo antigo
estava ligada a um pensamento nacional, e houve uma instrumentalização da
Antiguidade para forjar histórias e identidades nacionais. A ideia era buscar as
origens em um passado longínquo glorificado, procurando legitimar práticas
do presente.
Porém, conforme a história da historiografia foi debatendo seus métodos
e suas teorias, bem como a relação que as sociedades desenvolvem com a
história, houve mudanças na forma de pesquisar e estudar a Antiguidade.
Veja o que afirma Silva (2010, p. 99):
Leituras recomendadas
CONHECENDO a arqueologia: escavação. [S. l.: s. n.], 2018. 1 vídeo (3 min). Publi-
cado pelo canal Espaço Arqueologia. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=Kr9sgFn4VXw&t=3s. Acesso em: 20 jun. 2019.
FAVERSANI, F. A história antiga nos cursos de graduação em história no Brasil. Hélade, v.
2, p. 44–50, 2001. Disponível em: http://www.helade.uff.br/Helade_2001_volume2_nu-
mero2_NE.pdf. Acesso em: 20 jun. 2019.
FINLEY, M. O mundo de Ulisses. Lisboa: Presença, 1988.
História Antiga 13