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Introdução
Como você sabe, “cultura” é uma palavra polissêmica. Em uma abordagem
muito simples, você pode compreendê-la como todo produto fruto do
trabalho humano. Porém, ainda assim, essa definição é insuficiente para
dar conta das manifestações culturais em uma sociedade estratificada,
como a da Roma Antiga. Naquele período, as formas de ser, estar e se
perceber no mundo sofriam mudanças de acordo com as posições e as
perspectivas dos grupos sociais.
Ao longo deste capítulo, você vai verificar a influência do pensamento
grego na formação da cultura romana, estudando como se deram as tro-
cas culturais entre essas duas sociedades. Do ponto de vista religioso, além
de estudar como os romanos lidavam com a religião, você vai conhecer
as relações que se estabeleceram entre o judaísmo e o cristianismo na
Roma Antiga. Por fim, em um recorte da vida cotidiana, a fim de explorar
as culturas erudita e popular, você vai ver algumas manifestações culturais
romanas.
Mas o que seria essa “identidade grega” tão valorada e estimulada pelos
romanos? Para Guarinello (2009), a identidade grega associava-se, de modo
muito direto, ao mundo urbano e ao modo de vida das pessoas nas cidades.
Nesse sentido, destaca-se a existência de conselhos e assembleias populares,
ginásios para exercício físico, templos, oráculos, ritos e divindades associadas
ao panteão grego clássico. Essa identidade foi produzida e reproduzida, em
grande medida, por um saber escolástico, transmitido por escolas presentes
em todas as cidades, cujos luminares eram os oradores e filósofos.
Embora, sob certas circunstâncias, ainda se valorizasse a origem, ou
seja, a ascendência, como fator definidor da helenidade, a identidade grega
perdeu gradativamente qualquer relação com uma identidade propriamente
étnica. Assim, tornou-se uma identidade cultural em sentido restrito, isto
é, fundada no uso correto da língua e no conhecimento dos clássicos. Em
outros termos, era possível tornar-se grego independentemente da origem
e do local de nascimento.
4 Aspectos culturais e políticos da Roma Antiga
O judaísmo
Diferentemente do que acontece no caso do cristianismo, quando se fala em
“judeus”, pode-se fazer referência tanto aos seguidores da religião judaica
como a um povo que surgiu no Oriente Médio. Veja o que afirmam Silva e
Silva (2002, p. 248):
Durante o período imperial, a religião judaica era lícita, mas passou, pos-
teriormente, a ser perseguida. Assim, o povo judeu foi marginalizado, com
uma série de impedimentos, perdendo vários direitos civis. Por isso, durante
o Império Romano, houve diversas guerras com os judeus, que, como você
viu, acabaram vencidos e espalhados por diversas comunidades.
O cristianismo
O cristianismo, segundo Silva (2014), teria sido criado como uma corrente
espiritual oriunda do judaísmo, ambos mantendo contatos estreitos até o
século I d.C. Veja:
Em princípio, o pai de família conduzia a casa. De manhã, ele dava ordens aos escravos
e distribuía as tarefas, enquanto o seu intendente lhe prestava contas. Alguns maridos
deixavam à esposa a direção da casa, pois a julgavam digna disso. Mas outros não
chegavam a tanto. Em síntese, ser mãe de família era uma espécie de “honrosa prisão”.
Contudo, a esposa geralmente possuía riquezas que não passavam para o marido.
Portanto, ela se igualava aos homens em alguns sentidos. Algumas, mais nobres e
mais ricas do que o esposo, recusavam a autoridade dele; outras até desempenhavam
papéis políticos, já que, como herança, recebiam com o patrimônio todas as clientelas
de sua estirpe (VEYNE, 2009).