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BRASIL
COLÔNIA
Introdução
Compreender o “sistema colonial” significa destrinchar as relações esta-
belecidas entre Portugal e suas possessões na América. Em um primeiro
momento relegado a segundo plano, em função da importância eco-
nômica da carreira das Índias, o território português na América viria a
receber investimentos da Coroa a partir de 1530, com o início do processo
de ocupação do território, que também visava combater as invasões
empreendidas por outras nacionalidades.
Neste capítulo, você vai estudar as diferentes interpretações sobre o
chamado colonialismo e sua relação com as práticas mercantilistas dos
Estados europeus. Conhecerá as iniciativas da coroa portuguesa em
relação ao território americano logo após ao “descobrimento”. E, por fim,
analisará a presença de franceses e holandeses no território de Portugal
na América e seus intentos de colonização.
1 A colonização e o mercantilismo
Antes de iniciarmos a discussão sobre o que foi o colonialismo e sua relação
com as práticas mercantilistas, é necessário fazer referência a um intenso
debate historiográfico desenvolvido no Brasil e em Portugal nas últimas dé-
2 A formação do sistema colonial
Assim, a economia colonial não tinha dinâmica própria, e seu destino de-
pendia dos humores do mercado europeu. Outra consequência seria a ine-
xistência de um mercado interno ou ainda de produções mercantis in loco
voltadas para o abastecimento da América. Estas atividades não podiam
existir, pois colocariam em perigo o sentido da colonização. Quando tais
lavouras de abastecimento ou currais surgiam, isto se dava em razão dos
interesses das atividades exportadoras. E, consequentemente, as produções
mercantis ligadas ao consumo interno estavam também subordinadas à
lógica das flutuações do sistema econômico maior ao qual pertencia aquele
imenso canavial.
[...] começou-se a demonstrar que a economia era mais do que uma planta-
tion exportadora, existia um circuito de mercados internos disseminados
pela América. Mesmo nas regiões até então vistas como açucareiras, como
o Recôncavo Baiano, observou-se a existência de áreas dedicadas à lavoura
mercantil de alimentos. O conjunto desses resultados colocou dúvidas sobre
uma série de hipóteses a respeito da dependência.
[...] é inegável que o mundo colonial teve um papel decisivo neste cenário,
promovendo a transferência de riquezas das colônias para as metrópoles. No
caso de Portugal, o excedente sob a forma de remessas líquidas ou créditos
consignados na balança comercial sustentou os tesouros públicos, alimentou
a formação da dívida pública, abasteceu os cofres dos particulares envolvi-
dos da rede mercantil operando nas águas e territórios do império, além de
ter se transformado num mercado consumidor seguro para as manufaturas
portuguesas.
A formação do sistema colonial 5
Os franceses
Existem relatos sobre a presença de navegadores franceses no litoral da América
portuguesa logo após o “descobrimento”. Havia um interesse muito grande da
França em explorar o território americano, bem como um descontentamento
com a divisão do Novo Mundo entre Espanha e Portugal, desde o Tratado de
Tordesilhas. Segundo a historiadora Laura de Mello e Souza (2001, p. 64):
talvez não seja exagerado dizer terem sido os franceses que decidiram a
sorte das terras achadas por Cabral. Não fosse sua presença constante no
litoral durante todo o primeiro quartel do século, e não fosse, muito depois,
em 1555, o seu empenho em fundar uma colônia na baía de Guanabara e
talvez o interesse português pelo Atlântico Sul ficasse adormecido por
mais tempo.
Os holandeses
Os holandeses possuíam acordos econômico-comerciais com Portugal, sendo
os responsáveis pelo refino do açúcar produzido nas colônias portuguesas e
pela comercialização do produto na Europa. Além disso, companhias privadas
auxiliavam luso-brasileiros na instalação de engenhos de açúcar na colônia
portuguesa na América e participavam do transporte de africanos escravizados
para o território português.
Essa situação perdurou até 1580, e, durante o período da União Ibérica, a
coroa espanhola dificultou as operações holandesas de refino e comercialização,
bloqueando os portos portugueses aos holandeses. A Espanha e a Holanda
eram rivais em assuntos comerciais, diplomáticos e políticos.
Leituras recomendadas
KNAUSS, P. No rascunho do Novo Mundo: os espaços e os personagens da França
Antártica. História (São Paulo), v. 27, n. 1, p. 143–153, 2008.
PALAZZO, C. L. Entre mitos, utopias e razão: os olhares franceses sobre o Brasil (séculos
XVI a XVIII). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009.
SCHWARCZ, L. M. Ouvir, ver, ouvir dizer: relatos franceses sobre o Brasil. São Paulo:
Companhia das Letras, 2008.
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