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AVALIAÇÃ

O 01 História
do Brasil II

Curso: Licenciatura em História


Professora: Daniela Paiva Yabeta de Moraes
Data: 23 de outubro de 2023
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__________ Orientações para a prova:

1) Proibido plagiar – Para mais esclarecimentos, consulte a Cartilha da Universidade


FederalFluminense (UFF): http://www.noticias.uff.br/arquivos/cartilha-sobre-plagio-
academico.pdf

2) Cada resposta deverá ter no mínio 800 e no máximo 1.500 palavras.

3) Redação – As respostas devem ser redigidas de maneira objetiva, mantendo a


linguagemadequada ao estudo. Fonte Times New Roman, tamanho 12, espaço 1,5
linha em todo texto. Margens laterais, superiores e inferiores de 3,0 cm cada. Não
utilizar nota de rodapé. Citar os autores no corpo do texto.

4) Prova é um documento. Coloque seu nome e data.

4) Não enviar em PDF.

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QUESTÕES

1 - Explique o conceito de “interiorização da metrópole” - (pontos: 3,5). - DIAS,


Maria Odila Leite da Silva. A interiorização da metrópole e outros estudos. Alameda,
2005.

2 – Explique a relação dos africanos livres com o tráfico transatlântico de


africanos escravizados (pontos: 3,5). - MAMIGONIAN, Beatriz. A proibição do tráfico
atlântico e a manutenção da escravidão. In: Keila Grinberg; Ricardo Salles. (Org.).
Coleção Brasil Imperial. 1ed.Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, v. 1, p. 207-
233.
3 – Explique a relação da Insurreição Praieira com a elite local (PE) e nacional
(RJ) - (pontos: 3,0). - DE CARVALHO, Marcus Joaquim Maciel; CÂMARA, Bruno
Augusto Dornelas. A insurreição Praieira. Almanack braziliense, 2008, n. 8, p. 5-38.

Questão 1

O processo de emancipação do Brasil sob o


domínio da coroa portuguesa é bem complexo,
devemos estabelecer alguns pontos, Era
Napoleônica, Família Real Portuguesa e Revolução
do Porto.
Napoleão Bonaparte tinha a grande objetivo
de dominar a Inglaterra e triunfar sob a Europa toda,
o Imperador francês não tinha sucesso em dominar a
ilha britânica, então desenvolveu um método para
capturar a ilha, com o objetivo de boicotar o
comércio inglês, o Imperador francês estabeleceu o
fechamento de todos os portos europeus para se
beneficiar estrategicamente e desestabilizar a
Inglaterra, entretanto Portugal não seguiu as ordens
e Napoleão resolve invadir o território Português
localizado na Europa.
Em 1808, com a invasão das tropas
napoleônicas em Portugal, a família real portuguesa
se viu ameaçada sob os olhares de Napoleão
Bonaparte, a família real que estava sob a liderança
do Príncipe Regente Dom João IV, se viu obrigada a
transferir-se para a colônia que estava localizada na
América. Claro que os portugueses viam a colônia
como uma salvação para a continuação do Império
português. Também por conta da expansão do
pensamento positivista após a revolução francesa no
estado de Portugal, a família já desenvolvia um
plano de uma segunda casa.
``Dom Rodrigo de Souza Coutinho tinha o novo
Império do
Brasil como a tábua de salvação do reino;
acreditava poder
reequilibrar a vida econômica de Portugal por meio
de uma
política econômica puramente comercial e
financeira.´´
Com a chegada da família na província do
Rio de Janeiro está tornaria a capital da colônia e
posteriormente do Império do Brasil, a presença da
corte portuguesa no Brasil impulsionou a
modernização da infraestrutura, incluindo a criação
de instituições acadêmicas, culturais e
administrativas. Durante sua estadia no Brasil, Dom
João tomou uma série de medidas que beneficiaram
o país, como a abertura dos portos estimulando às
nações amigas a criarem rotas comerciais com o
Brasil, que estimulou o comércio e a economia
brasileira.
Em 1815, o Brasil foi elevado a categoria de
Reino Unido a Portugal, Brasil e Algarves, em um
ato que reconhecia a importância do Brasil dentro do
império português. Esse reconhecimento
desencadeou ainda mais um centralismo na capital
da colônia, gerando uma dependência sob uma
pequena região que movimentava a economia da
elite da época. No entanto, em 1821 com a revolução
do porto que destonavam com ideias liberais que
surgiram durante o Iluminismo e a Revolução
Francesa. Os revolucionários desejavam estabelecer
um sistema político baseado na separação de
poderes, na igualdade perante a lei e em direitos
individuais. Com o medo de perder Portugal essas
mudanças políticas na Europa que levaram à
exigência de que Dom João VI retornasse a Portugal.
Ele atendeu a essa demanda e partiu do
Brasil, deixando seu filho Dom Pedro como regente.
A volta de Dom João VI e a tentativa de recolonizar
o Brasil criaram descontentamento entre muitos
brasileiros que haviam se acostumado a uma maior
autonomia e liberdade sob o governo de Dom João
VI. No entanto, seu filho, Dom Pedro I, que estava
no Brasil, desempenhou um papel fundamental no
processo de independência. Em 1822, diante da
pressão de Portugal para que o Brasil voltasse a ser
uma colônia, Dom Pedro I proclamou a
independência do Brasil em 7 de setembro de 1822,
tornando-se o imperador do novo país. Isso marcou
o início do Império do Brasil.
Seu reinado foi marcado por uma série de
desafios políticos e conflitos. Uma das questões
mais significativas durante seu governo foi o debate
sobre o grau de centralização do poder. O
centralismo de Dom Pedro I se manifestou em sua
tentativa de manter um governo mais centralizado e
em sua autoridade pessoal como imperador.
Portanto, a vinda da família imperial para o
Brasil, durante o período napoleônico, a revolução
do porto, podem ser vistas como os evento-chave
que marcaram o início da interiorização da
metrópole portuguesa, contribuindo para as
mudanças políticas, econômicas e culturais que
moldaram o Brasil ao longo do século XIX.
Sendo assim surge o conceito de
``interiorização da metrópole´´ por Maria Odila da
Silva, publicado em 2005, que examina as
transformações sociais e econômicas urbanas que
ocorreram no Brasil nos séculos XIX, onde a autora
destaca o processo de interiorização da metrópole,
que é uma ideia-chave em sua análise. A ``metrópole
´´ a que Maria se refere é o Rio de Janeiro, nesse
contexto, ela destaca o processo de transferência da
corte portuguesa até a capital da colônia localizada
na América.
Maria Odila Leite da Silva é uma renomada
historiadora brasileira, conhecida por sua
contribuição significativa para o estudo da história
do Brasil. Suas pesquisas abrangem diversos
períodos e temas da história brasileira, destacando-se
pelo compromisso com uma abordagem crítica e
uma análise cuidadosa das estruturas sociais,
econômicas e políticas que moldaram o país ao
longo dos séculos.

Referencia: DIAS, Maria Odila Leite da Silva. A interiorização da metrópole e outros


estudos. Alameda, 2005.

Questão 2
A sociedade colonial portuguesa na América
era hierarquizada e baseada em diferentes camadas
sociais. No topo da hierarquia estavam os colonos
portugueses e seus descendentes, que ocupavam
posições de poder político e econômico. Abaixo
destes, estavam os mestiços e os negros alforriados
(pessoas anteriormente escravizadas que obtiveram
sua liberdade). No patamar mais baixo da sociedade
colonial estavam os escravos africanos, que eram
considerados propriedade e forçados a trabalhar nas
plantações, em outras atividades econômicas.

A economia colonial portuguesa na América


dependia em grande parte da produção de
commodities, como açúcar, tabaco, que eram
cultivados ou extraídos com o trabalho escravo. A
escravidão desempenhou um papel fundamental na
construção da riqueza do império português na
América, mas também resultou em condições de
vida extremamente precárias para os escravos, que
eram frequentemente sujeitos a tratamento brutal e
desumano.

A vinda da família imperial portuguesa para


o Brasil em 1808, devido à invasão das tropas
napoleônicas em Portugal, trouxe mudanças
significativas para o Brasil e para o comércio de
escravizados na época. Com a presença da corte no
Rio de Janeiro, o Brasil experimentou um período de
abertura econômica e transformações políticas,
sociais e culturais. No entanto, o comércio de
escravizados não foi imediatamente interrompido ou
desencorajado devido à chegada da família real.

Durante o início do século XIX, o tráfico de


escravizados continuou ativo no Brasil, apesar das
pressões e das campanhas abolicionistas
internacionais, incluindo as da Grã-Bretanha. A Grã-
Bretanha foi uma das nações líderes no movimento
abolicionista e, através do Ato de Abolição do
Comércio de Escravizados (Slave Trade Act) de
1807, proibiu o tráfico transatlântico de escravizados
para suas colônias. No entanto, isso não impediu que
o tráfico continuasse em outras regiões, incluindo o
Brasil.

Em 1822, o Brasil conquistou sua


independência de Portugal e se tornou um império
sob o governo de Dom Pedro I. Nesse período
inicial, a escravidão já era uma instituição
profundamente enraizada na sociedade brasileira, e a
economia do país dependia fortemente do trabalho
escravo nas plantações de café, cana-de-açúcar,
algodão e outras atividades agrícolas. Como
resultado, muitos proprietários de terras e setores da
elite brasileira tinham um interesse direto na
manutenção da escravidão, a questão da escravidão e
do tráfico de escravos desempenhou um papel
significativo no reinado de Dom Pedro.

A campanha abolicionista ganhou força ao


longo do século XIX, tanto no Brasil quanto
internacionalmente. Pressões internacionais, como
as leis britânicas para reprimir o tráfico de
escravizados e o esforço diplomático de nações
abolicionistas, eventualmente levaram o Brasil a
adotar medidas para restringir o tráfico de
escravizados.

No entanto, havia pressões internacionais


para o fim do tráfico de escravos. O tráfico negreiro
transatlântico havia sido proibido pela Inglaterra em
1807 como já citado e posteriormente pela maioria
das potências europeias. O governo brasileiro estava
sob pressão para seguir essa tendência, e isso levou à
assinatura do Tratado de 23 de novembro de 1826
com a Inglaterra, que previa o compromisso do
Brasil em acabar com o tráfico negreiro.

O tratado foi assinado em 23 de novembro de


1826 e entrou em vigor em março de 1830. Ele
proibia o comércio internacional de escravos,
tornando-o ilegal. No entanto, o Brasil continuou a
receber escravos ilegalmente, o que levou à
assinatura de tratados adicionais e leis no país para
tentar coibir o tráfico de escravos.

A Lei de 7 de novembro de 1831, é um


exemplo disso. Essa lei proibia o tráfico de escravos
para o Brasil, declarava livres os escravos que
chegassem ao território nacional após a data de sua
promulgação e impunha penas severas para quem
participasse do tráfico de escravos. No entanto, a
aplicação efetiva dessas proibições e a erradicação
do tráfico ilegal de escravos foram desafios
expressivos, e o comércio ilegal de escravos
continuou por muitos anos.
A questão da escravidão e do tráfico de
escravos continuaria a ser um tema importante na
política brasileira ao longo do Império, culminando
na promulgação da Lei Eusébio de Queirós em 1850,
que efetivamente proibiu o tráfico de escravos para o
Brasil. Além de proibir a importação de escravos, a
lei também estabeleceu que os filhos de escravos
nascidos após a sua promulgação seriam
considerados livres (daí o nome "do Ventre Livre").

A competência para o julgamento de casos


relacionados à lei ficou a cargo da Auditoria da
Marinha, , e isso visava a evitar que navios negreiros
continuassem a trazer escravos para o Brasil de
forma clandestina, Beatriz cita em seu livro a
seguinte fala:

``Aos poucos, apenas os senhores mais ricos,


as regiões mais dinâmicas e as atividades mais
lucrativas tem acesso à compra de africanos novos.
O Vale do Paraíba, região cafeeira em expansão
desde as primeiras décadas do século, absorve boa
parte dos escravos ilegais importados através do
Rio de Janeiro.´´

Com a promulgação da lei o preço dos


escravos passou a subir e os proprietários de
escravos passaram a considerar seus escravos como
um investimento mais valioso. Isso os incentivou a
manter escravos por mais tempo em vez de conceder
alforrias.

O encarecimento da alforria também levou a


transformações nas negociações entre senhores e
escravos. Os senhores poderiam exigir quantias
ainda maiores para conceder a liberdade, o que
tornava o processo de alforria menos acessível.

Contudo, Beatriz M. faz referência em sua


obra á Sidney Chalhoub para afirmar sua pesquisa, e
traz a problematização que ocorreu com a
continuidade do tráfico com os africanos livres:
“Para Sidney Chalhoub a continuação do
tráfico contribuiu para a precarização da liberdade,
particularmente depois de 1817”.

Como resultado, as alforrias gratuitas se


tornaram mais comuns, onde os senhores concediam
a liberdade de forma voluntária, sem pagamento, em
circunstâncias especiais. Isso poderia ocorrer por
diversos motivos, como recompensar um escravo
por serviços excepcionais ou por razões
humanitárias.

Essa continuação do tráfico contribuiu para a


precarização da liberdade, o que significa que
mesmo pessoas que eram livres estavam em
constante risco de serem capturadas e reduzidas à
escravidão, muitas vezes sob pretexto de dívidas ou
devido à falta de documentação adequada. Isso
gerou insegurança para muitos afro-brasileiros
livres, que viviam com o temor de serem novamente
escravizados.

A argumentação de Sidney Chalhoub e a


pesquisa de Beatriz M. destacam como a
persistência do tráfico de africanos livres e as
brechas legais na aplicação das leis antitráfico
continuaram a afetar a vida das pessoas negras no
Brasil mesmo após a proibição oficial. Esses temas
são cruciais para entender a complexidade da
história da escravidão e da liberdade no país, bem
como as lutas que a população negra enfrentou para
conquistar seus direitos e garantir sua liberdade.

Referencia: MAMIGONIAN, Beatriz. A proibição do tráfico atlântico e a manutenção


da escravidão. In: Keila Grinberg; Ricardo Salles. (Org.). Coleção Brasil Imperial.
1ed.Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009, v. 1, p. 207-233.

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